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Cascavel
2019
2. RESUMO:
O presente projeto de pesquisa tem como foco o histórico e a interface entre a educação
universitária , a Educação do Campo, e a integração latino-americana no processo de
constituição de duas experiências educacionais populares do campo, a Escola Latino
Americana de Agroecologia no Brasil, e o Instituto Agroecológico Latino Americano
Guarani no Paraguai. Assume-se como objeto de estudo o processo de integração latino-
americana desenvolvido a partir destas duas escolas universitárias dos camponeses, que
engajadas aos movimentos Sociais Populares latino-americanos, buscam construir um
processo integracionista baseado na solidariedade de classe, visando a construção de um
projeto popular latino-americano, que busca romper com as relações de dominação do
modelo agroexportador e de saque das riquezas naturais hegemonizado pelo
agronegócio. Para perseguir o objetivo, a pesquisa será alicerçada numa análise
documental, revisão bibliográfica na perspectiva de historicizar o objeto em questão e
que versam acerca da geopolítica e a integração latino-americana em contexto, assim
como será utilizado pesquisa de campo, por meio de diário de campo, entrevistas com os
sujeitos envolvidos. A partir desse caminho pretende-se chegar a uma compreensão do
processo de integração na perspectiva contra-hegemônica, seus limites e desafios no
processo de construção das escolas de agroecologia referenciadas, principalmente no
marco dos avanços e recuos no contexto de governos neoliberais constituídos no último
período.
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Brasil – IALA Amazônico e ELAA, Paraguai – IALA Guarani, Colômbia – IALA Maria Cano, Chile – IALA
Semeadoras de Esperança, Nicarágua – IALA Mesoamerica, Venezuela – IALA Paulo Freire, Haiti – IALA Haiti.
Agroecológico Latino-americano Paulo Freire (IALA Paulo Freire). Estas são as duas
experiências pioneiras da rede de IALAs. O IALA Guarani se soma a esse processo em
2008 com a eleição de Fernando Lugo para a presidência da Republica do Paraguai, que
no ato de sua posse também assinou uma carta de intenções entre a República
Bolivariana da Venezuela e a Republica do Paraguai, em que uma das ações previstas foi
à criação de um Instituto de Agroecologia.
O grande desafio que assumem as organizações que se propõem a construir estas
escolas latino-americanas, é construir concretamente a integração camponesa, a partir da
capacitação técnico-científica e de um projeto popular que se articula nas diversas regiões
e países latino-americanos. As bandeiras que unificam essa luta pela aquisição de
ferramentas para esta construção social são:
4. JUSTIFICATIVA
Uma das questões determinantes para organização dos cursos sob o regime de
alternância é a própria origem do sujeito camponês, para o qual os cursos estão
propostos. O regime de alternância é condição para que o camponês, trabalhador do
campo acesse a Educação Universitária, sem ter que se desvincular do campo, nem de
sua comunidade, para exercer seu direito à educação, nesse caso em nível universitário.
Foi no contexto de avanço de governos progressistas na América Latina, que
possibilitou a VC propor a criação da ELAA e do IALA Guarani. Neste contexto de luta, foi
colocado em pauta a necessidade da efetivação de cursos de graduação para a formação
de tecnólogos e engenheiros em agroecologia. Assim sendo, a formação destes
educadores do campo tem um vínculo concreto com a luta e a resistência dos povos
trabalhadores do campo pela garantia de sua existência. A integração que vem sendo
desenvolvida através destas escolas de agroecologia, que se concretizam a partir do
esforço dos movimentos sociais, do intercâmbio e da solidariedade internacionalista da
classe trabalhadora, deixa claro a intencionalidade e disposição de construir uma
proposição pedagógica no processo integracionista latino-americano.
É a partir dessa realidade que se busca construir ações que estejam no marco da
luta internacionalista. “Assim como o capital exerce seu domínio em nível mundial, a
nossa luta tem que ser internacionalista, anti-imperialista, em defesa da soberania dos
povos” (ENFF, Guararema - outubro de 2007, p. 33). As experiências que pretendemos
analisar, se inserem no contexto de disputa de projetos de classe com conteúdos
antagônicos, estão na direção contrária dos projetos que defendem uma integração como
processo de incorporação de novos mercados.
Estas experiências se fundamentam na problemática latino-americana sobre o
direito a terra, as revoluções agrárias, as lutas rurais como resultado das históricas
reivindicações camponesas e indígenas as quais se integram, atualmente, nos
enfrentamentos aos processos agroindustriais capitalistas. Colocam no centro do debate
a questão da soberania alimentar, como um assunto fundamental para toda a sociedade,
pois a saúde humana está diretamente relacionada à alimentação, “Los seres humanos
necesitamos alimentos, nutritivos, saludables y en una cantidad adecuada” para viver
(IALA Guarani p. 40). A escassez ou baixa qualidade dos alimentos coloca em risco a
saúde e a reprodução humana. O sistema hegemônico atualmente, que domina a
produção, distribuição, e o consumo tem proliferado uma quantidade cada vez maior de
alimentos que não cumprem com os requisitos nutricionais. Por que no sistema capitalista
as necessidades humanas adotam a forma mercantil. No capitalismo não se produz
segundo a necessidade da população, o alimento é transformado em uma mercadoria
como as demais.
A presente proposta de pesquisa toma fôlego a partir da inserção prático teórica
deste pesquisador na implementação de experiências de Educação do Campo e de
integração latino-americana, por meio da participação em processos formativos na rede
de Institutos Agroecológicos Latino Americanos (IALAs), em especial no Paraguai. A partir
de 2009, isso tem se materializado na proposição e no processo de acompanhamento à
constituição político pedagógica do IALA Guarani e do Curso de Engenharia em
Agroecologia no Paraguai.
As escolas de agroecologia se tornaram objeto de estudo sistemático, para este
pesquisador, em 2012 com o processo de pesquisa e a elaboração do trabalho de
dissertação de Mestrado em Educação 4, sob o título: “A Integração Latino-americana nas
Escolas Latino-americanas de Agroecologia da Cloc-Via Campesina no Brasil e
Venezuela” (CAMPOS, 2014).
Vale ressaltar também, que desde a inserção política na luta dos MSP’sdoC,
especificamente a do MST, assume-se a condição de sujeito do processo pesquisado.
Este posicionamento e convicção política parte do pressuposto de que é necessário
ultrapassar a leitura de uma pretensa neutralidade científica frente aos desafios que o real
nos impõe. Deste modo, afirma-se que a postura política assumida, assim como, a
definição do presente objeto de pesquisa, se ancoram na objetividade da vida, na
inserção nos processos formativos forjados a partir da vinculação orgânica deste
pesquisador às lutas sociais da classe trabalhadora.
5. Objetivos
Nos termos de Villetti Zuck, “há outro projeto de integração que se inscreve no
pensamento bolivariano e que quer dar um conteúdo de justiça social à integração” (2011,
p.15). Que prima pelos princípios da solidariedade, a complementaridade e a cooperação.
Segundo Bossi:
8. Cronograma de execução
Análise do material de
pesquisa
Exame de proficiência
em língua estrangeira
Participação em
eventos científicos
Redação da tese
Realização do exame
de qualificação
Reescrita conforme
sugestões da banca
de qualificação
Defesa da tese
Redação e entrega do
texto final da tese
9. Referências
ALMEIDA, Benedita; ANTONIO, Clésio Acilino; ZANELLA, José Luiz (org.). Educação do
Campo: um projeto de formação de educadores em debate. Cascavel: EDUNIOESTE,
2008.
BOSSI, Fernando Ramón. Intervenção no Fórum da III Cimeira dos Povos. Mar del
Plata, 03/Novembro/2005. Tradução de José Paulo Gascão. O original encontra-se em:
<https://resistir.info/venezuela/alba_bossi.html>
VIA CAMPESINA. Protocolo de intenciones que hacen entre sí: la Vía Campesina, el
gobierno de la República Bolivariana de Venezuela, el gobierno Del Estado de
Paraná e instituciones de enseñanza del Brasil e de Venezuela. Tapes/ - RS, janeiro
de 2005 (mimeo).