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NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Em nossa

sociedade, como em grande parte do mundo, existe atualmente uma crise de autoridade da
família. Esta crise tem três graves efeitos: Por um lado, deteriora ao papel da instituição familiar
como núcleo básico da organização social. Por outro, prejudica a formação de crianças e jovens
para uma vida adulta proveitosa. Esta fraqueza formativa, por sua vez, impossibilita aos jovens
de hoje para educar à geração seguinte, isto é, seus próprios filhos, acentuando um progressivo
deterioro em cadeia para a decadência da sociedade. Para evitar esta catástrofe é necessário o
exercício correto do princípio de autoridade. Quando os pais não conseguem marcar limites
claros a seus filhos, deixam de cumprir sua obrigação de transmitir-lhes uma imagem positiva
com perfis bem definidos. Este incumprimento priva aos filhos da orientação que buscam e
necessitam de seus pais e educadores: pontos de referência e modelos de conduta e
aprendizagem. A autoridade paterna cumpre sua função educativa quando é exercida com
carinho, estímulo e paciência. A ausência destes requisitos essenciais a converte em um
autoritarismo cujas consequências são tão perniciosas como a equivocada permissividade que
invadiu tantas sociedades modernas. Correntes de pensamento de diferentes tipos ajudaram a
debilitar a autoridade dos pais. As idéias liberais e materialistas, representadas em grande parte
por Jean Jaques Rousseau, impulsionaram o conceito de que o homem é bom por natureza,
entretanto o processo de socialização o perverte. Incidiram também a aplicação parcial de
aspectos da psicologia, especialmente a insistência em que reprimir às crianças é causa de
traumas posteriores. Este conceito ambientou uma tolerância quase total na conduta das
crianças, contrariando a realidade de que sua formação exige precisamente o oposto. Desde a
mais tenra infância devemos aprender a colocar limites aos filhos. Quando a família não o
consegue, é muito provável que tampouco o corrija a sociedade. 5

12 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Para algumas correntes em psicologia, corrigir aos
filhos é reprimi-los, isto é, criar-lhes traumas. Este conceito que vai contra o sentido comum
ambientou uma permissividade quase total em nossa sociedade contemporânea, que
desorienta aos pais e colabora a que a imaturidade humana se prolongue eternamente. Até as
primeiras décadas do século XX os filhos seguiam padrões de conduta herdados de seus pais, os
quais, por sua vez, os haviam recebido das gerações prévias. Estas normas cobriam desde temas
de comportamento, como o vestuário, a atitude na mesa ou a idade de fumar, até a crucial
formação moral. Sua aplicação não foi inalterável mas adaptada gradualmente às mudanças da
realidade social de uma geração a outra. Este processo educativo foi varrido por idéias e
convulsões sociais que conduziram à atual situação crítica em muitas famílias. As crianças
necessitam e buscam normas, critérios e modelos claros em seus pais. As falhas das famílias
neste campo geram potencialmente transtornos graves de conduta em crianças e jovens, que
podem chegar, em alguns casos, a atitudes anti-sociais. O exercício da autoridade de forma
afirmativa e responsável ajuda decisivamente na educação dos filhos por seus pais dentro
núcleo familiar. A autoridade assertiva ou afirmativa significa a permanente colocação em
prática dos direitos e obrigações mútuas entre pais e filhos, de maneira equilibrada e flexível. 6

13 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE A missão principal da vida é levar adiante à família.
Devem recordar, especialmente os homens, que seus filhos são o principal negócio a atender. É
impossível ser feliz, se se fracassa em levar adiante a família. Se os pais cumprem sua obrigação
de formar a seus filhos, estes percebem clara e proveitosamente os limites de seus direitos e os
alcances de suas obrigações nas diferentes etapas de sua formação e crescimento. Este
equilíbrio se consegue exclusivamente através do exercício paterno da autoridade. A ausência
dela o converte em um barco à deriva. O autoritarismo impõe um contraproducente excesso
repressivo. Mas a autoridade assertiva, ou seja, exercer a autoridade paterna na forma que mais
ajudará ao filho na formação de sua personalidade, não apenas não se opõe à liberdade que
proclamam os partidários da permissividade, mas a alenta e fortalece ao dar-lhe a base sólida
de uma personalidade desenvolvida no bom caminho. O conceito latino de auctoritas significa
sustentar para crescer. Em seu sentido próprio e rigoroso, a autoridade se exerce finalmente em
função da liberdade. A autoridade favorece que a liberdade individual não tolha as liberdades
coletivas nem as de outros indivíduos. Exercida em forma autêntica, é sempre um serviço à
liberdade. Não é um conceito abstrato e isolado. Não é abstrato porque se exerce no que agir
quotidiano. Não é isolado porque apenas pode ser exercida em função da liberdade individual e
coletiva. 7

14 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE A ausência de autoridade paterna converte a criança


em um barco à deriva, já que não se lhe transmite um modelo a imitar, nem se lhe ensina que
as condutas inadequadas devem ser modificadas, melhoradas. A tarefa de educar é talvez a
principal missão que pode ter uma pessoa. Não basta trazer uma criança ao mundo: Há que
educá-los e os primeiros responsáveis deles, ante Deus e ante a sociedade, são os pais. Essa
responsabilidade é indelegável ante ninguém, nem nos colégios, nem no Estado. Por isso, são o
apoio e a esperança dos filhos enquanto lhes vão ensinando a sustentar-se por si próprios, da
mesma forma que a vara ou tutor que se coloca junto a uma árvore recém plantada para
assegurar que cresça direito. Quando se planta uma pequena árvore, tende a crescer para cima,
buscando a luz e integrando-se a seu ambiente. Mas nesse processo de crescimento necessitará
durante certo tempo estar atado a essa vara para que o desenvolvimento em altura seja reto
enquanto afirma cada vez mais suas raízes na terra, alcançando sua máxima potencialidade. 8

15 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Mediante uma educação que conjuga a ternura com
a firmeza, se consegue a ordem e harmonia da personalidade, estimulando as tendências de
integração social ao mesmo tempo que desmotivando as condutas anti-sociais. Se isto acontece
em um nível de vida elementar como a vegetativa, onde não existe a necessidade de locomoção
e discernimento para nutrir-se, crescer e reproduzir-se, a importância dessa vara ou tutor é
muito maior na pessoa, que integra em si própria tanto a vida vegetativa como a vida animal e
intelectual. No caso do ser humano, essa vara de respaldo que guia seu crescimento reto exige
características de adaptabilidade, flexibilidade e firmeza. Ser vara ou tutor equivale ao exercício
da autoridade no caso dos pais, sustentando para evitar desvios ou para corrigi-los se aparecem.
Esta função de autoridade significa sustentar para crescer. Ensinar a crescer é conseguir que os
filhos aprendam a aproveitar as experiências dos pais de maneira favorável e operativa em sua
própria vida, em um clima de liberdade e responsabilidade. 9

16 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Arvore que cresce torta, nunca se endireita. O
exercício da autoridade por parte dos pais, é como tutor que ajuda a árvore recém plantada:
assegura que cresça direito. A operatividade significa para os filhos alcançar uma capacidade de
escolha justa e equilibrada dentro das possibilidades que enfrentarão ao ir crescendo em suas
próprias vidas. Saber optar, escolhendo o bem para suas vidas, é saber ser livres. Na interação
que se estabelece com os filhos, os pais cumprem permanentemente uma ação formativa. Dado
que esse processo é contínuo, se corre o perigo de que a autoridade se desgaste. Este perigo é
mais notório nas mães, que são aquelas que geralmente passam mais tempo com os filhos. A
forma de evitar esse desgaste é o bom exercício da autoridade. Uma forma prática de exercê-la
é através da denominada EP. A EP deve estar presente sempre no processo de formação e
educação de um filho. É um erro esperar que as crianças se tornem ingovernáveis ou que
tenham fracassado os meios de comunicação com eles tentados por outras vias. A autoridade
está na própria natureza do processo educativo. 10
17 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE É um erro esperar a que as crianças tenham se
tornado ingovernáveis..., para corrigi-los. Há que atuar já em sua primeira infância. Esta realidade
é deixada de lado, às vezes, como consequência de um grave erro antropológico de partida, ao
desconhecer a desordem inata que todos temos conosco, que nos conduz frequentemente a não
fazer o que queremos fazer e a fazer aquilo que não queremos fazer. A desordem que existe na
natureza humana facilita com que a inteligência se obscureça e a vontade se enfraqueça,
impedindo que a consciência psicológica consiga seu fim proposto. Se nasce com este germe
de decomposição de tipo anti-social. Isto se percebe especialmente nas crianças menores,
quando mostram explosões de crueldade em seus jogos e intercâmbios com seus pares (como
o caso de outra criança com algum defeito físico) ou com seus próprios pais. 11

18 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Esse germe de decomposição anti-social, se


percebe especialmente nas crianças menores, quando mostram explosões de crueldade em
seus jogos e intercâmbios com companheiros (como o caso de outra criança com algum defeito
físico) ou com seus próprios pais. Estas situações se exemplificam com dois casos reais: Logo
após enfurecer-se com sua mãe, porque não o deixava sair para brincar na rua porque estava
chovendo, uma criança de nove anos pegou uma pedra, e lançou-a de fora de casa contra a
janela da cozinha, onde estava sua mãe. A pedrada estilhaçou um dos vidros, e um dos
fragmentos cortou sua mãe. Ao perceber o que havia ocorrido, correu de volta para casa,
chorando muito e pedindo perdão quase em desespero, enquanto repetia para sua mãe: Te amo,
te amo!. Uma noite, bem tarde, um médico recebeu um telefonema desesperado de um pai, pois
seu filho ameaçava à mãe com uma faca. O ambiente que o médico encontrou era desolador:
quadros, tapetes e até móveis quebrados. Ao menos, não havia sinais de sangue. O filho estava
trancado em seu quarto, soluçando e pedindo perdão. Apesar de que minutos antes havia
encurralado sua mãe com a faca ao pescoço, não deixava de repetir gritando: Mamãe, te amo,
te amo!. 12

19 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Este último caso pode ser o de um garoto drogado
ou com um distúrbio grave de personalidade. Ambos exemplos refletem, talvez em grau extremo,
a presença nas pessoas do germe do amor e do ódio, do bom e do mau, de construir e de
destruir. É, por exemplo, uma constante dentro das famílias com filhos drogados a falta de limites
por parte dos pais na formação inicial da criança. E quando a família não consegue impor limites,
é muito difícil que a sociedade possa fazê-lo mais tarde. A educação é, em grande medida, um
meio para estabelecer a ordem entre as potências encontradas que existem na personalidade
de uma criança. E será o exercício de uma educação firme por parte dos pais (assim como
também dos educadores) o que canalizará dentro da pessoa seus instintos anti-sociais, levando-
os a ser pessoas úteis e que se integrem à sociedade harmonicamente e de uma maneira
positiva. Este exercício adequado da autoridade é facilitado com a aplicação da EP. Em todas
as pessoas encontramos a presença do germe do amor e do ódio; do bom e do mau; de construir
e de destruir. Desconhecer esta desordem inata é um grave erro antropológico. 13

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21 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE O QUE É A EDUCAÇÃO COM


PERSONALIDADE O exercício da EP por parte dos pais significa: Fazer valer eficazmente os
direitos próprios e, ao mesmo tempo, respeitar os direitos dos filhos. Conseguir que os filhos
percebam e entendam a mensagem de seus pais, incluindo seus desejos, interesses e estados
emocionais no processo de comunicação. Tomar decisões sobre o que corresponde fazer com
respeito aos filhos e levá-las a cabo sem mudanças de posição que signifiquem uma claudicação.
Isto implica a responsabilidade de produzir a mensagem que mais ajude à educação de um filho
em uma situação determinada, transmiti-lo na forma adequada, ou seja, com eficácia, tomar
decisões para assegurar seu cumprimento e assumir as consequências desse cumprimento. A
formulação vaga da posição paterna ou o voltar atrás no cumprimento de uma decisão são
negativas no processo educativo. Se a indicação não é clara, compreensível e direta, o filho se
sentirá menos induzido a cumpri-la. Se o pai ou a mãe anunciam uma decisão, mas a seguir
voltam atrás, a criança absorverá a mensagem ineficaz de que tem margem para manipular o
cumprimento, tanto nesse momento como em casos futuros. Todas as pessoas se dividem em
três grupos de acordo com a resposta que dão ante uma situação que envolva alguma forma de
conflito: Inseguros Agressivos Não conseguem fazer valer eficazmente seus direitos,
necessidades e afetos. Valem mais os direitos dos demais. Impõem seus direitos sem ter em
conta os direitos dos demais. Atitude SUBMISSA Atitude DOMINANTE Entre os dois extremos
está a adequada resposta dos pais. 15

22 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE COM PERSONALIDADE Conseguem


fazer valer eficazmente seus direitos, tendo também em conta os direitos dos demais. Dizem o
que pensam. Sabem dizer que não (ASSERTIVO) ATITUDE FLEXÍVEL E FIRME AO MESMO
TEMPO Esta divisão não é categórica mas dinâmica e mutável. Muitas pessoas se verão
refletidas em mais de um desses grupos segundo sejam as situações em que pais e filhos
interatuam. Mas a percepção esquemática destes três níveis de resposta ajudará aos pais a
atuar assertivamente na educação dos filhos mediante o exercício adequado da autoridade. Uma
atitude de submissão insegura ou de domínio agressivo constituem igualmente uma mensagem
ineficaz em matéria de autoridade educativa. Uma atitude assertiva, com firmeza equilibrada e
com a flexibilidade que cada situação requer, constitui a adequada mensagem eficaz. 16
Ninguém nasce sabendo como se educa. É mais fácil capacitar para curar enfermidades, ensinar
matemática ou apagar incêndios, que para educar filhos. Freqüentemente, as modalidades de
uma geração não servem à seguinte. Hoje, é claramente mais difícil que antes.

23 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE O conceito de assertividade se aplica em


forma permanente na relação diária dos pais com os filhos. O diálogo e a compreensão de seus
sentimentos estimulam a melhora em seu comportamento e sua integração social, isto é, a
atitude em sua relação com os demais, dentro e fora do núcleo familiar. Os pais devem ter em
conta que sua função de principais responsáveis pela educação dos filhos implica, em definitiva,
a atitude educativa-assertiva. Os pais devem ser os principais educadores dos filhos. Se estão
ausentes ou não sabem exercer esse direito indelegável, outros, com doutrinas, crenças e
valores diferentes, ocuparão seu lugar. Por exemplo: Há visitas em casa a noite e sua filha de
quatro anos, já sendo tarde, ainda está acordada. Como costuma acontecer, está cansada e
irritável, mas se nega a ir para cama. Você entende que sua filha não queira perder o
entretenimento da visita, mas também compreende que pelo bem dela e o seu próprio a criança
deve ir dormir. Como consegue que vá para a cama? Seus dois filhos se incomodam
continuamente entre si. Discutem, se enfrentam mutuamente e chegam a brigar. Você já
experimentou separá-los, ter conversas com eles em reuniões familiares, entender a razão das
brigas, mas os conflitos continuam. O tema chegou a tornar-se insuportável. Que se pode fazer?
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24 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE A mãe tem um trabalho full time e


necessita que seu filho adolescente colabore com algumas tarefas da casa. Ele se nega e insiste
que odeia fazer o que lhe mandam. A mãe percebe que os companheiros de seu filho não têm
em suas casas responsabilidades desse tipo, mas ela termina o dia muito cansada para fazer
tudo sozinha. Falou com seu filho até a exaustão, entretanto, ele segue negando-se a fazer o
que sua mãe lhe pede. Como conseguir que colabore? Ante situações deste tipo, os pais devem
desenvolver condutas específicas para assegurar que seus filhos os escutem. Existem formas
para manejar mais positivamente as situações conflitivas e fazer entender aos filhos que os pais
representam a autoridade. Isto significa que os filhos devem respeito aos pais porque há entre
ambos um vínculo hierárquico e de amor simultâneo. estilo: Para ajudá-los a compreender, se
lhes podem transmitir mensagens do seguinte Te amo muito como para deixar que se comporte
assim. Seu problema de comportamento deve terminar e estou disposto a fazer o necessário
para que se dê conta de que falo sério. Ante as condutas impróprias dos filhos esta é a
mensagem que os pais devem transmitir. Assim lhes ficará claro que não é uma contradição
amá-los muito e exigir-lhes. 18

25 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE Há que ter em conta que também se


demonstra a autoridade quando se é capaz de estimular e reforçar positivamente as mudanças
problemáticas que vão manifestando e quando se tem a integridade de reconhecer os próprios
erros. Uma dificuldade inegável é que é mais fácil capacitar um homem para curar enfermos,
ensinar matemática ou apagar um incêndio do que para ser um bom pai. Além disso, não se trata
apenas de ser pai como se fosse um generalizado título profissional mas de ser pai de João ou
Paula, de Ricardo ou de Maria, isto é, de crianças que possuem características individuais
próprias e que, por esse motivo, requerem em cada caso um trato paterno individualizado. Como
forma de enfrentar estas dificuldades cremos ser de grande utilidade três capacidades chaves
no exercício da autoridade: - falar claro. - Respaldar as palavras com fatos. - Estabelecer as
regras do jogo. Para a difícil e apaixonante tarefa de ser pais, há muita experiência recolhida,
tanto acadêmica como prática, que ajuda e orienta. Educar é ir adiante, e para isso, há que fazer
o esforço de assistir a cursos e conferências, além de estudar. 19

26 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE Estes três planos de comunicação


constituem a base da EP a ser aplicada de acordo com o modo que se vá desenvolvendo a
formação de cada criança. Educar é assegurar-se que o filho cresça retamente. A retidão supõe
a existência de uma disciplina na pessoa. Nos anos formativos de cada pessoa, esta disciplina
deve ser estabelecida pelos pais, em maior ou menor grau conforme sejam maiores ou menores
os desvios que se produzam no reto crescimento. O ser humano é ao nascer o animal mais
incompleto, mais inacabado, mais frágil e indefeso. Diferente de um bezerro, que pode se separar
da vaca um dia após haver nascido e só tem a necessidade de alimentar-se bem, para o homem
é nefasto isolá-lo de seus progenitores, seja no dia seguinte ao seu nascimento, passado um
mês ou um ano, aos seis ou aos doze anos. Esta insuficiência, este inacabamento do ser
humano, lhe impõe dependência dos demais para desenvolver-se, crescer e cultivar-se
retamente. Necessitará durante a primeira parte de sua vida o apoio afetivo e a orientação
disciplinada do núcleo social básico, que é sua família, para poder funcionar com plenitude tanto
nessa esfera como no entorno mais amplo de toda a sociedade. O alcance deste objetivo lhe
permitirá alcançar sua condição de sujeito social, radicalmente orientado aos demais, aberto aos
demais e interconectado com os demais, mas sem perder sua individualidade que o faz único e
irrepetível. A aplicação da EP, ou seja, o nível necessário de disciplina dentro da educação
assertiva do filho no entorno familiar, reconhece a natureza própria da pessoa: sua ordem e
desordem, sua individualidade e sociabilidade. O exercício adequado da autoridade, sem
exceder-se nem omitir-se, requer um equilíbrio difícil de ser conseguido. Em algumas ocasiões,
pode sentir-se incapaz de exercer a autoridade no nível exato demandado pela situação que
enfrenta seu filho, por obstáculos centrados no excesso de força ou de submissão, ou em não
saber mudar para perceber e atender melhor os direitos de seus filhos. Quando um pai assume
seu papel ou enfrenta uma situação conflitiva com um filho, pode responder de forma muito direta
ou muito forte. Muitos sentem que fracassaram se têm que impor suas decisões pela força para
conseguir que seus filhos lhes dêem ouvidos. Outros foram instruídos por educadores que lhes
asseguram que para conseguir uma boa saúde mental nos filhos devem evitar todo tipo de
atitudes inflexíveis ou autoritárias e encontrar sempre alternativamente uma aproximação
psicológica sem que importe a gravidade das condutas. A busca da aproximação psicológica
como, por exemplo, falar com eles sobre os motivos de sua má conduta, é correta, mas
incompleta, é só um lado da moeda, se não vai acompanhada de uma mensagem clara e precisa
do que os pais esperam das crianças e quais são os meios para consegui-lo. 20

27 O QUE É A EDUCAÇÃO COM PERSONALIDADE Outro obstáculo que costumam encontrar,


para manejar-se adequadamente em situações problemáticas, é que freqüentemente repetem
sobre seus filhos modelos de disciplina que foram ensinados a eles, mas que podem não ser
eficazes para uma geração posterior. É comum observar que as crianças de hoje se comportam
de maneiras diferentes de como o faziam seus pais quando tinham a mesma idade. Isto induz
aos pais a manifestar sua preocupação dizendo ou pensando que eu nunca haveria atuado como
faz meu filho ou meu filho diz coisas que eu jamais pensei. Isto é real; entretanto, acomodar-se
nesta atitude equivale a declarar-se derrotado em um esforço recém começado. É verdade que
educar hoje em dia é mais difícil que antes porque, entre outras razões, o núcleo familiar está
mais ameaçado, intimidado e estorcido. Mas por sua vez, como contrapartida, os canais de
comunicação estão mais abertos. Apenas é necessário saber usá-los para que a água corra mais
clara e cristalina. Os impedimentos costumam conduzir um pai à conclusão frustrante de que
nada pode fazer para melhorar o comportamento inadequado de seus filhos. O que lhe faz falta
é dispor das ferramentas necessárias e da confiança em si próprio para manejar cada situação
com firmeza e flexibilidade, isto é, assertivamente. 21

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29 UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS A EP é um caminho


em três etapas. Os pais que o transmitem no trato quotidiano com seus filhos verificarão que é
um sistema útil para corrigir problemas de conduta de crianças menores. Este livro explica de
forma ordenada e com exemplos da vida real o que os pais devem fazer, assim como o que
devem evitar, para conseguir que os filhos os escutem, aceitem sua mensagem e a cumpram. A
EP se consegue mediante a aplicação de três normas básicas e progressivas de ação. A
primeira, é a adequada comunicação com seus filhos. A segunda, é não ficar em palavras, mas
respaldá-las com fatos cada vez que for necessário. E a última, é fixar clara e firmemente as
regras do jogo, para que cada filho, difícil de corrigir e orientar, saiba sempre a que ater-se e qual
será a consequência se persiste em sua má conduta. Cada um destes temas requer técnicas
simples e outras ações cuja aplicação aumentará a utilidade de um plano de EP para solucionar
as condutas inadequadas das crianças, consolidando a formação de sua personalidade. Nos
capítulos seguintes explicaremos de forma detalhada o que um pai necessita fazer em cada um
dos três campos de ação, que são complementários e podem ser resumidos da seguinte
maneira: 1) Falar claro: Significa a forma mais conveniente de expressar-se para assegurar que
seus filhos o escutem. A comunicação assertiva requer dos pais falar de forma adequada, utilizar
algumas simples técnicas não verbais para reforçar as palavras, saber como manejar as
discussões e a frequente atitude argumentativa das crianças e reconhecer as boas condutas. 2)
Respaldar as palavras com fatos: para todas as crianças, os fatos são mais eloqüentes que as
palavras; porque as demonstram claramente e sem possibilidade alguma de dúvida que você
não se limita a falar mas que também executa as ações corretivas quando é necessário. Estas
ações devem ser planificadas previamente pelos pais, para estarem prontos a responder com
fatos; falando assertivamente a seus filhos, se estes não escutam nem obedecem. 3) Estabelecer
as regras do jogo: Cobre a resposta sistematizada dos pais à conduta inadequada dos filhos
quando a comunicação assertiva e o respaldo de palavras com fatos não foram suficientes. O
estabelecimento antecipado das regras do jogo informa aos filhos, claramente e de antemão,
que tal conduta imprópria específica provocará inevitavelmente tal resposta específica dos pais.
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30 UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS Frente às diversas atitudes e problemas que estabelecem


seus filhos, você tem a sua disposição técnicas simples que o podem orientar adequadamente,
fazendo mais eficaz a tarefa de sua educação. Antes de entrar na explicação detalhada de como
colocar em prática estes três aspectos básicos da EP, é importante advertir sobre seus alcances
e suas limitações. O plano que aqui se detalha foi desenhado para todos aqueles pais que
querem e necessitam desenvolver melhores condutas em seus filhos. Se trata de influir mais
positivamente em seu comportamento antes de que seja tarde. Os três princípios em que se
baseia o plano da EP falar claro, respaldar as palavras com fatos e estabelecer regras de jogo
constituem um programa de ação integrado e global que, para seu maior êxito, convém executar
em três etapas que devem ser seguidas nessa mesma ordem. Esta aplicação ordenada
aumentará seu efeito didático. 24

31 UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS Pelas características da sociedade atual, os filhos estão


expostos a influências externas à família que lhes apresentam modelos e padrões de conduta
diferentes dos que têm seus pais. Isto torna mais dificultosa a tarefa educativa dos pais, mas
também estabelece obstáculos aos próprios filhos para poder crescer. Hoje em dia, por exemplo,
é mais difícil amadurecer como adolescente, que há 20 anos. As ações descritas podem ser
utilizadas de forma isolada em alguma intervenção paterna por uma situação específica.
Ocorrem casos em que os pais se manejam bem dentro de um destes três princípios que, por
modalidade ou características próprias e de seus filhos, utilizam com mais frequência. Por
exemplo, uma mãe de quatro filhos estava com a menor, uma menina de três anos, que se
negava a comer o que havia pedido em um restaurante fast-food. Em determinado momento a
mãe passou um braço sobre os ombros da menina e falando-lhe suavemente, começou a dar-
lhe a comida que a menina recusava até esse momento aceitar. Incentivada pela atitude materna,
começou a comer sem reclamar. Esta mesma mãe, entretanto, freqüentemente se equivoca ao
gritar com seus filhos quando estes a tiram do sério. 25

32 UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS Esta ação foi adequada e de acordo com um plano de EP.
Mas comete um erro quando não segue o mesmo caminho no trato contínuo com os filhos, isto
é, quando não aplica de forma ordenada e contínua as etapas da EP. Conseguir mudanças de
condutas e hábitos não é um processo fácil nem repentino. Inclui múltiplos fatores que por sua
vez se combinam de diferentes maneiras. O objetivo deste material não é impor aos pais normas
rígidas e infalíveis mas apresentar-lhes pontos de referência e apoio na difícil tarefa de educar
aos filhos. Os pais devem ter em conta, ao utilizar as técnicas sugeridas, que sua própria
capacidade de persuasão é a arma mais efetiva para alcançar o nível necessário de
comunicação com seus filhos. O plano de EP foi escrito para pais com filhos menores que não
registrem alterações graves de conduta até seu ingresso à adolescência. A partir do período
adolescente, ainda que o plano continue sendo muito importante, a autoridade dos pais será o
resultado do prestígio que tenham sabido conquistar ante seus filhos. Conseguir mudanças de
condutas e hábitos não é um processo fácil nem repentino. Os pais devem ter em conta que sua
própria capacidade de persuasão e afeto é a arma mais efetiva para obtê-los. Algumas atitudes
paternas revelam que se declararam vencidos muito cedo. Nos casos de crianças com problemas
graves de conduta, a EP também pode ajudar, mas jamais deve substituir a atenção profissional
ou de grupos especializados de orientação e apoio. As condutas graves são as que não se
conseguem modificar com a aplicação do sentido comum e das sugestões contidas neste livro
ou em outros manuais práticos para o assessoramento tanto dos pais como dos demais
educadores de crianças. 26

33 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO O QUE NÃO DEVE SER FEITO Antes que comece a
controlar-se melhor para conduzir a conduta inadequada de seus filhos, é conveniente avaliar a
forma que você responde habitualmente quando estes não o escutam ou o tiram do sério,
levando-o a uma sensação de frustração e impotência. A maioria dos pais não se dão conta de
quão ineficazes são, as vezes, suas reações ante um comportamento indesejável de seus filhos.
Com frequência não percebem que sua maneira de responder estimula aos filhos a manter e até
acentuar uma conduta inconveniente. Tais respostas ineficazes dos pais se agrupam em duas
categorias: Inseguras Hostis ou agressivas Se você é como a maioria dos pais, com segurança
reconhecerá algumas das respostas que apresentamos nos exemplos deste capítulo. 4.1
RESPOSTAS INSEGURAS As respostas inseguras fracassam porque os pais não estabelecem
claramente a seus filhos o que esperam deles e, se o fazem, não estão preparados ou dispostos
a respaldar suas palavras com fatos. Uma resposta é insegura quando não transmite à criança
de forma precisa, facilmente compreensível e firme o que se espera que faça. Quando os pais
agem desta maneira, estão abrindo a porta para que os filhos ignorem suas palavras e até se
aproveitem deles, porque lhes comunicam, mesmo sem darse conta, que não estão falando a
sério ou que carecem da fortaleza requerida para corrigilos. Os exemplos seguintes, de respostas
paternas tipicamente não assertivas frente à conduta indesejada dos filhos, mostram a razão
pela qual este tipo de respostas não funciona. Afirmação ineficaz Mãe: Te pedi que arrumasse
seu quarto, mas ainda não o fez. A criança continua sem cumprir o pedido de sua mãe, ante o
qual esta repete frustrada: Não liga para o que eu falo. 27

34 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO A simples comprovação de uma conduta inadequada da
criança, leva com frequência a que os pais, desconcertados, pretendam averiguar os motivos do
comportamento impróprio. Isto só debilita sua posição, posto que o pequeno não sabe ou não
quer manifestar por que atua desse modo. Se se persevera nesta atitude, em vez de educar se
passa a negociar de igual para igual, o que é inadmissível Este tipo de respostas, além de
evidenciar que muitos pais sentem que é útil fazer ver ao filho que não está se portando
adequadamente, supõem também que as crianças não são conscientes de que estão atuando
mal e que, se o soubessem, parariam com sua conduta inconveniente. Na realidade, a maioria
dos filhos são plenamente conscientes de que estão fazendo algo inadequado. Dizer-lhes
somente o que estão fazendo mal constitui uma mensagem incompleta, porque não transmite de
forma clara e definida o que você realmente quer que façam e quando devem fazê-lo. O pedido
materno para que a criança ordene seu quarto seguido apenas por queixas porque não lhe dá
importância, dilui a instrução e lhe tira força, deixando margem para que o filho a ignore. A
resposta indefinida da mãe converte em ineficaz a comprovação insegura da desobediência do
filho. 28

35 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Perguntas (frequentemente seguem a exemplos como o
anterior) Depois de limitar-se a uma constatação passiva da conduta inadequada da criança,
muitas vezes os pais, cansados ou desconcertados, agravam o caráter frágil de sua atuação:
Por que se comporta mal comigo? ou Por que não liga para o que eu falo?. O pedido paterno
não funciona porque raramente o filho pode ou quer explicar-lhe o motivo de seu comportamento
impróprio, ou a razão pela qual não dá importância. Ante perguntas deste tipo, muitas crianças
limitar-se-ão a balançar os ombros, indicando que não sabem por que se comportam mal ou não
dão importância. A maioria dos pais pensam que se podem determinar a causa da conduta
improcedente de seus filhos, recebendo deles uma explicação, estarão induzindo-lhes a
reconhecer seus erros e deixar de cometê-los. A maioria dos pais pensam, equivocadamente,
que se podem determinar a causa da conduta improcedente de seus filhos, recebendo deles
uma explicação coerente, os estarão induzindo a reconhecer seus erros e a deixar de cometê-
los. A imaturidade psicológica dos filhos os impossibilita para isso. 29

36 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Apesar de que este princípio tem uma base razoável, na
prática as coisas são mais complicadas. As crianças pequenas geralmente não sabem ou não
podem explicar por que se estão portanto de determinada maneira. As respostas inseguras de
seus pais em forma de pergunta, certamente não os ajudarão a compreender ou perceber o
motivo de seu erro. Outro exemplo deste tipo: Criança (ao sair de casa para a de um amigo
vizinho, sem terminar os deveres do colégio): Até logo, mamãe. Mãe (exasperada): Quantas
vezes tenho que dizer-lhe que termine seus deveres?. As indicações em forma de pergunta, não
apenas não transmitem claramente o que se espera dos filhos, mas que também manifestam
falta de convicção, fraqueza ou insegurança por parte de quem as faz. A pergunta da mãe é
insegura porque apenas transmite o desgosto materno sem expressar autoridade ou orientação.
Obviamente ela não espera que seu filho lhe responda necessito que me diga nove vezes, mas
está apenas expressando fraqueza através de sua frustração. A reação assertiva da mãe deve
ser: proibi-lo de sair até que termine os deveres. 30

37 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Uma situação semelhante se dá neste diálogo: Criança
(depois de quebrar uma janela com uma bolada): Papai, o vidro quebrou. Pai (irritado): Você
sabe quanto custa um vidro novo?. É claro que o pai não espera que seu filho lhe informe o preço
do conserto da janela, mas sua reação insegura através da pergunta não chega a transmitir-lhe
a verdadeira mensagem: que um descuido irresponsável em seu comportamento está causando
um prejuízo econômico à família. As perguntas inseguras refletem o fato de que as crianças
sabem como tirar os pais do sério quando estes se mostram incapazes de atuar com firmeza.
Súplica A súplica à criança, pedindo-lhe que seja compreensiva e se apiede do adulto, transmite
uma imagem paterna de fragilidade e debilidade, que induz à desobediência e à desvalorização.
Se perde assim prestígio, autoridade e não se lhes apresenta um modelo atraente para ser
imitado. 31

38 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Mãe: Venha deitar-se. Filho: Não tenho sono. Mãe: É tarde e
eu estou cansada. Por favor, vá se deitar. Filho: Mas não estou cansado. Mãe: Mas eu sim. Por
favor vá dormir. Quando os pais suplicam, estão pedindo a seus filhos que lhes tenham
compaixão. Isto não costuma ser razão suficiente para que deixe de comportar-se de forma
imprópria, porque não compreendem a magnitude do cansaço de um adulto, que é diferente do
deles. Pior ainda, a súplica para que seja compreensivo e se apiede do adulto, lhe transmite uma
imagem paterna de fragilidade e fraqueza que induz à desobediência. Ignorar a desobediência
Igualmente inseguro é dar ao filho uma ordem específica para que se comporte corretamente e
depois fazer-se de desentendido se não obedece. Quando um pai dá uma ordem e o filho não a
cumpre, é indispensável tomar medidas para que seja obedecida. O contrário é como dizer-lhe:
tenho que dar-lhe esta ordem, mas se não me dá importância, não se preocupe porque não lhe
acontecerá nada. Por exemplo: Mãe: Cecília, deixou todo molhado o piso do banheiro. Venha
secá-lo. Cecília: (recostada em um sofá, lendo uma revista): Sim, mamãe, já vou. Mãe (vários
minutos depois): Cecília, te disse que deixasse essa revista e fosse secar o banheiro!. Cecília:
Já vou, já vou, deixe-me terminar de ler!. Passa mais tempo e Cecília no sofá lendo. A mãe a vê
da cozinha, mas, vencida, continua com seu trabalho como se não tivesse percebido que Cecília
não a obedeceu. Quando você tenta disciplinar seus filhos e depois faz a vista grossa, está lhes
ensinando a não o escutar nem lhe dar importância. Se der ordem, assegure-se de que seja
cumprida. Do contrário, enfraquece sua autoridade e reduz a utilidade de sua função educativa.
Alguns pais se sentem incapazes de colocar ordem na conduta de seus filhos ou foram
derrotados em tentativas prévias de fazê-lo, motivo pelo qual optam por ignorar o que devem
corrigir. 32

39 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Dar uma ordem sem verificar que seja cumprida, é como dizer
à criança; tenho que dar-lhe essa ordem..., mas se não obedecer, não se preocupe porque não
lhe acontecerá nada. Proceder assim é minar a educação em suas bases. Por exemplo: Uma
senhora visita a uma amiga cujo filho de doze anos ligou o aparelho de som em seu quarto com
um volume ensurdecedor. Amiga: Como aguenta esse ruído?. Mãe: O que posso fazer? Pedi a
Augusto até me cansar que ouça a música num volume baixo e nunca me dá importância. É
como se falasse com a parede e ele me venceu pelo cansaço. Os exemplos dados, que
constituem apenas algumas das muitas situações similares que se apresentam na relação
quotidiana entre pais e filhos, mostram respostas paternas inseguras que vão desde frases
indiretas e pouco claras até passar por alto o comportamento inconveniente. Estas atitudes dos
pais refletem ignorância de como expressar uma ordem precisa, debilidade em assegurar seu
cumprimento e, finalmente, darse por vencidos. As três linhas mencionadas de atitude paterna
prejudicam aos filhos. 33

40 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO 4.2 RESPOSTAS HOSTIS OU AGRESSIVAS A hostilidade
ou a agressão constituem o segundo tipo de respostas estéreis. Representam uma mistura
equivocada de autoritarismo e exasperação dos pais para conseguir que seus filhos se
comportem de forma adequada. As formas verbais que diminuem aos filhos, transmitem uma
hostilidade ou agressão por parte dos pais, que representam uma mistura equivocada de
autoritarismo e exasperação. Atitudes como estas podem levar inicialmente à submissão e
depois à rebeldia. É uma forma improdutiva e até perigosa de atuar porque não consegue que
um filho entenda as razões pelas quais deve portar-se bem em seu próprio benefício e ignora,
além disso, as necessidades e sentimentos das crianças. A resposta hostil ou agressiva afasta
ao filho porque o faz sentir-se recusado por seu pai. 34

41 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Quanto mais gritar com seu filho, mais transmitirá sua perda
de controle e debilidade, fazendo com que sua mensagem careça de autoridade. As crianças,
com uma capacidade intuitiva extraordinária, captam o descontrole; isto os convida a colocar-se
em uma luta de poderes que obstaculiza o normal processo educativo. Seguem alguns exemplos
de respostas hostis em que os pais costumam cair com frequência. Formas de inferiorizá-los:
Você me deixa louca. Você me deixa doente. Você é um desastre. Você é um sem-vergonha
irresponsável. 35

42 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Quando na comunicação os pais transmitem seus estados
interiores, estão sepultando sua própria imagem, o que incentiva à rebeldia e à desobediência.
Ameaças sem conteúdo: Você vai ver só. Você me pagará por todas de uma só vez. Estas
ameaças muitas vezes acontecem depois de frases paternas como: se continuar comportando-
se mal vou... ou se brigar novamente com seu irmão vou.... Estas frases implicam ignorar a falta
original, atitude incorreta agravada pela ameaça pouco realista de uma forma indefinida e
imprecisa de castigo. As ameaças podem assumir formas diversas, mas observamos que a
maioria das crianças aprendem a uma idade precoce que frases como: se voltar a fazer isso,
vou... não costumam ser levadas a sério pelos pais que as formulam, os quais, na realidade,
terminam por não cumprir o castigo prometido. As crianças aprendem a não dar importância a
mensagens deste tipo e continuam portando-se como acham melhor. As respostas hostis e
agressivas costumam gerar sentimentos negativos entre você e seus filhos, portanto é
importante evitá-las. Quanto mais gritar com seu filho, mais ineficaz será. Os gritos lhe informam
claramente que você perdeu o controle de si próprio e da situação e que ele, em troca, ganhou
terreno. 36

43 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Ante ameaças sem conteúdo, a maioria das crianças
aprendem a uma idade precoce que não devem levá-las a sério, já que são a arma dos pais
fracos, sem recursos e como que tomados por surpresa. Uma idéia primordial é que nada do que
fazem as crianças deve surpreender-nos. Educar é ir adiante. Castigos excessivos Muitas vezes,
os pais se excedem ao castigar seus filhos. Quando se dão conta de que o castigo é
excessivamente severo, muitas vezes têm que voltar atrás, o que também dá a criança uma
mensagem de fraqueza e inconsistência paterna. O castigo consiste sempre em tirar da criança
algo que lhe doa perder ou impor-lhe fazer algo que o contraria. O castigo pensado de antemão
e com tranquilidade pelos pais e proporcional à conduta imprópria que se busca corrigir, é
geralmente útil. Mas muitas vezes é um desabafo em um momento de raiva ou frustração, em
vez de uma medida corretiva bem planificada. 37
44 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Por exemplo: João, de doze anos, tinha ordem de voltar para
sua casa às 8 da noite, mas chegou da casa de seu amigo às 11, quando seus pais já se
preparavam para ir dormir. Seu pai, enfurecido, gritou-lhe que era um vagabundo inútil e que,
exceto para ir ao colégio, não sairia de casa durante um mês. Na mesma semana, a mãe
suspendeu o castigo e comentou com uma amiga: Não o agüentava mais dentro de casa, todo
o tempo incomodando e dizendo que estava aborrecido e eu não sabia o que fazer! Seu pai
também não suportava mais. O castigo deve ter um começo e um final. Quando é excessivo, é
frequente que os pais voltem atrás, passando assim a mensagem de que não é preciso levá-los
a sério por sua própria incoerência. O resultado claro e bem definido deste castigo excessivo,
imposto em um momento de raiva paterno, de forma desordenada e impulsiva, foi que João
chegou à conclusão de que os castigos que lhe impunham seus pais não eram a sério e que não
tinha por que preocupar-se no futuro. 38

45 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Castigos físicos Os puxões de cabelo, beliscões, empurrões
ou golpes são quase sempre resultado de uma explosão paterna impensada, com efeito negativo
sobre a educação da criança. Estes percebem claramente que os gritos fortes, os castigos
extremamente severos que depois não são cumpridos em sua totalidade e os castigos físicos,
indicam que um pai não pode conseguir o comportamento adequado do filho ou que não é capaz
de manter-se firme na demarcação de limites. Costuma ocorrer que um pai que foi incorreto,
submisso e permissivo com seus filhos exploda um dia e descarregue sua frustração com
qualquer uma das muitas formas de agressão física. O que tem um efeito ainda pior, já que
desconcerta ao filho pela oscilação de sua atitude entre extremos igualmente inconvenientes.
Normalmente, a agressão física pode ser uma explosão paterna não meditada, com um efeito
negativo sobre a educação da criança, que o faz sentir-se recusada. Este distanciamento
obstaculiza uma boa comunicação, baseada no afeto, que dá fundamento às chamadas surras
bem dadas. 39

46 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO É importante esclarecer que uma surra bem dada, que foi
pré-avisada como eventual castigo a uma falta de comportamento e que não responde à
explosão descontrolada de um pai mas a um calculado esforço corretivo, costuma ser altamente
eficaz. Mas como regra geral, não convém chegar à agressão física. 40

47 COMUNICAÇÃO EFETIVA ----------------------------------------------------- 5 ------------------------------


------------------- COMUNICAÇÃO EFETIVA As reações e respostas inseguras em que costumam
cair os pais, descritas no capítulo anterior, criam uma barreira prejudicial entre eles e seus filhos,
dificultando o mútuo entendimento familiar e reduzindo as probabilidades de que seus esforços
educativos os ajudem realmente na formação de uma boa personalidade. Explicaremos agora a
forma efetiva de comunicar-se com seus filhos através da EP. Este sistema, que também
desenvolveram muitos outros profissionais e que se utiliza em diferentes países, é a aplicação
constante e coerente de uma mistura de sentido comum, carinho, calma e firmeza para conseguir
que os filhos percebam e entendam sua mensagem e estejam mais dispostos a dar-lhe
importância. Muitas das indicações que encontrará nas páginas seguintes incluem, com certeza,
atitudes paternas que você já utilizou de forma natural, ainda que provavelmente as aplique sem
a ordem sistematizada que as tornam mais produtivas. Para que a EP tenha êxito é necessário
aplicar suas técnicas de forma permanente, sem interrupções, claudicações ou debilidade. Se a
primeira etapa do sistema, ou seja, a comunicação assertiva, basta para melhorar
aceitavelmente a conduta das crianças, não é necessário recorrer às outras etapas mais severas.
Mas se a primeira etapa da EP não é suficiente e um ou mais filhos persistem em condutas más,
deverá recorrer ordenadamente às ações que correspondem à segunda etapa; e a seguir, se
ainda é necessário, às da terceira. Para comunicar-se de uma maneira efetiva com seus filhos
neste primeiro passo da EP, isto é, fazer-lhes entender o que você quer deles para que o
cumpram, necessitará aplicar quatro técnicas chave para assegurar-se que a mensagem seja
clara e penetre. Estas quatro técnicas de comunicação são: Linguagem assertiva adequada
Mensagens sem palavras Manejo das discussões Reconhecimento de boas condutas 5.1
LINGUAGEM ASSERTIVA ADEQUADA A experiência de muitos profissionais ao longo dos anos
mostrou que quando os pais estão dispostos que seus filhos com má conduta se comportem
como é desejável, se dirigem a eles com frases assertivas diretas. Esta atitude é útil e correta e
se reflete em mensagens claras dos pais como, por exemplo: 41
48 COMUNICAÇÃO EFETIVA Quero que arrume seu quarto AGORA MESMO!. Tem
EXATAMENTE CINCO MINUTOS para arrumar o banheiro antes de vir à mesa. Deixe de
incomodar seu irmão AGORA!. Tais mensagens diretas e assertivas não deixam dúvida na mente
de seus filhos sobre o que você quer exatamente que façam e quando. Quando falar com seus
filhos seja concreto. Evite frases vagas e imprecisas como seja bonzinho ou comporte-se como
uma criança de sua idade, que reflitam apenas a expressão de um desejo, mas não transmitem
a instrução precisa de uma mensagem clara, calma e firme. Falar direta e assertivamente não
deixa dúvidas na mente de seus filhos sobre o que você quer exatamente que façam. Isto não
os intimida, mas lhes dá segurança, porque para eles nada é melhor do que ver em seus pais
pessoas com personalidade. 42

49 COMUNICAÇÃO EFETIVA Os casos que se seguem exemplificam esta forma de atuar: Pai
(com calma e firmeza diz ao filho que lhe argumenta que tem vontade de continuar brincando):
Entendo-lhe que queira continuar brincando, mas já é hora de comer e quero que guarde esses
brinquedos em seu lugar IMEDIATAMENTE. Mãe (da sala para sua filha, que está em seu quarto
falando ao telefone): Andréia, já terminou os deveres?. Andréa (de seu quarto): Não, mamãe,
estou falando no telefone com Paula. Mãe (caminha até o quarto de sua filha, se senta a seu
lado na cama e lhe diz de maneira calma e firme): Andréa, quero que desligue JÁ e termine seus
deveres AGORA MESMO. Faltam quinze minutos para servir o jantar. A mãe entra no quarto de
seu filho de sete anos, onde há brinquedos esparramados pelo chão. Mãe: Pedro, o jantar está
quase pronto. Arrume seu quarto A SEGUIR E EM DEZ MINUTOS venha sentar-se à mesa. 5.2
MENSAGENS SEM PALAVRAS Para transmitir à criança sua mensagem assertiva, clara e
inequívoca, é necessário complementar o uso das palavras com a forma adequada de expressá-
las. Se quando você ordena a seu filho que arrume seu quarto, AGORA MESMO!, o faz gritando
e com raiva, lhe mostrará um descontrole autoritário que torna negativo o resultado de sua
mensagem. Para que sua instrução tenha o necessário bom efeito, é tão importante o que diz a
seu filho como a forma que diz. Para conseguir esse melhor resultado e que as palavras
adequadas tenham maior força de comunicação observe os pontos seguintes: Não peça algo
nem dê uma ordem gritando. Fale sempre em tom firme, mas calmo. Transmita sua tranqüilidade
ao dar uma ordem ou instrução, isto comunicará à criança que você controla a situação. Sempre
fale a seus filhos olhando-os nos olhos. O contato visual é fundamental para a comunicação
humana. Olhar às crianças nos olhos, enquanto falamos com elas, aumenta a eficácia de
qualquer mensagem, ao refletir, o olhar, o carinho e a firmeza que há por trás do que um pai está
lhes dizendo. 43

50 COMUNICAÇÃO EFETIVA Um ponto importante: Muitas vezes, a criança, desviará olhar


paterno, baixando a cabeça ou virando-a. Nesse caso, levante suavemente a cabeça de seu filho
ou faça-a girar até que vossos olhos se encontrem. A incidência do olhar em toda forma de inter-
relação humana está representada naquela frase tão comum: os olhos são o espelho da alma,
como se percebe nesta história: Uma atriz filmava em uma ocasião um curto publicitário. O
câmera lhe dizia que a postura, os movimentos, as palavras e o sorriso estavam bem, mas que
os olhos não acompanhavam. Apesar de repetirem as filmagens várias vezes, não se pode
melhorar a produção. O motivo era que a atriz havia se separado de seu marido no dia anterior
e, apesar de que todos os elementos externos de sua atuação eram impecáveis, não conseguia
transmitir a mensagem com seus olhos, que apenas refletiam o impacto de seu problema familiar.
Olhar às crianças nos olhos enquanto lhes fala aumenta a eficácia de qualquer mensagem, ao
refletir o carinho e a firmeza que há por trás do que um pai está dizendo Utilize gestos não
intimidatórios, por exemplo, com suas mãos, para dar maior ênfase e força a suas palavras.
Estes gestos geralmente comunicam à criança que você está falando a sério. Mas tenha sempre
presente a enorme diferença que existe entre o gesto útil que enfatiza e o gesto contraproducente
que intimida. 44

51 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pegar a criança pelo braço com violência para sacudi-lo ou
beliscá-lo ou, inclusive, colocar seu dedo indicador estendido frente a sua cara enquanto lhe dá
uma instrução, debilita a mensagem que você quer transmitir e que quer que seja entendida por
seu filho. Se este o obedece por submissão atemorizada, sua mensagem fracassou. A criança
deve obedecê-lo porque entende que assim deve fazê-lo, não porque está assustada ou
simplesmente para safar-se de uma situação de isolada repreensão paterna. Se a reação da
criança é pensar melhor fazer o que me dizem até que passe o tormento, a mensagem paterna
foi mal expressada. A forma paterna de expressar a mensagem é induzilo à conclusão de que
papai evidentemente fala sério, e deve ter razões para isto e, ainda que não me agrade, melhor
fazer o que me manda. Este importante resultado favorável se consegue estabelecendo um
contato físico que lhe transmita a calma, o carinho e a firmeza do pai ou da mãe, jamais uma
irritação agressiva que apenas o atemoriza ou o induz a uma rebeldia ainda maior. Por exemplo,
se você coloca sua mão sobre o ombro da criança enquanto lhe fala, olhando-a nos olhos,
fortalecerá sua mensagem porque estará transmitindo sua firme sinceridade em ajudá-lo e não
de agredi-lo ou descarregar a própria frustração paterna. EM MUITOS CASOS, A MÃO DE UM
PAI SOBRE O OMBRO DA CRIANÇA TERÁ MAIS PESO E SIGNIFICADO QUE AS PALAVRAS.
Em muitos casos, a mão de um pai sobre o ombro da criança terá mais peso e significado que
as palavras. A calma, o carinho, e a firmeza que lhe transmite o contato físico, o predispõe a
compreender e a aceitar as mensagens paternas. 45

52 COMUNICAÇÃO EFETIVA 5.3 MANEJO DAS DISCUSSÕES Há cinco técnicas ou formas


básicas para manejar as situações que se apresentam quando os filhos, em vez de obedecer
uma ordem paterna, respondem com diferentes tipos de argumentos e tentam estabelecer um
discussão. São técnicas dirigidas a evitar que os pais caiam em uma estéril discussão
argumentativa com seus filhos, quando estes não apresentam razões válidas mas apenas tentam
estabelecer desculpas para ignorar ou obscurecer a ordem paterna. Estas técnicas são
conhecidas por disco riscado, nevoeiro, interrogação negativa, extinção e tempo afastado.
TÉCNICA DO DISCO RISCADO De modo frequente ocorre que quando você quer dizer
simplesmente a seu filho o que deve fazer, o resultado é uma discussão. Por exemplo: Mãe:
Ricardo, por favor, pode recolher seus brinquedos? Estão jogados por todo o quarto. Ricardo:
Por que sempre eu tenho que juntá-los? Alberto nunca os junta. Mãe: Você sempre deixa as
coisas jogadas; ele, não. Ricardo (irritando-se): Sempre implica comigo!. Mãe: (incomodada):
Isso não é verdade. Ricardo: Está sendo injusta. Mãe: Está errado, não sou injusta. Neste caso,
a mãe terminou perguntando-se se era justa ou não e dando-se por vencida em vez de
estabelecer com firmeza o que queria, isto é, que Ricardo recolhesse os brinquedos. Nunca uma
criança poderá vencer-lhe em uma discussão. Para ajudá-la a evitar que seus filhos a levem a
discussões inúteis e, pelo contrário, manter-se em seu objetivo, encontramos um meio útil que
chamamos técnica do disco riscado. O nome reflete o fato de que quando você usa essa técnica,
soa como um disco riscado que continua repetindo sempre o mesmo, uma e outra vez, até que
consegue a penetração e aceitação de sua mensagem. Quando aprender a falar como um disco
riscado será capaz tanto de expressar o que quer como de conseguir que a mensagem penetre.
Ao mesmo tempo, aprenderá a ignorar os esforços de seu filho para desviá-lo do tema e envolvê-
lo em uma discussão que você não poderá ganhar. 46

53 COMUNICAÇÃO EFETIVA Voltando ao exemplo de Ricardo: Mãe: Ricardo, por favor, pode
recolher seus brinquedos? (argumento do que você quer). Estão jogados por todo o quarto.
Ricardo: Por que eu sempre tenho que juntá-los? Alberto nunca os junta. Mãe (com voz
tranqüila): Esse não é o tema. Eu quero que você recolha os brinquedos. (repetição, disco
riscado). Ricardo: (acalmando-se): Está bem, já lhe escutei, já os recolho. O disco riscado Em
geral, os adultos ignoramos que é impossível ganhar uma discussão de uma criança. Para ajudá-
lo a evitar que seus filhos o levem a discussões inúteis, e pelo contrário, manter-se em seu
objetivo, a técnica do disco riscado é um meio muito útil. 47

54 COMUNICAÇÃO EFETIVA Os seguintes, são uma série de diretrizes para o uso do disco
riscado quando seus filhos discutem: - Determinar claramente o que quer que seu filho faça. Por
exemplo: Eu quero que recolha os brinquedos. - Continue repetindo o que você quer quando seu
filho argumenta. Não responda a nenhum de seus argumentos. - Se depois de usar o disco
riscado numa medida razoável seu filho ainda não faz o que você quer, deve estar disposto a
apoiar suas palavras com ações. O exemplo que segue mostra como aplicar esses parâmetros
e integrar os gestos à técnica do disco riscado : Pai (olhando-o nos olhos e com uma mão sobre
seu ombro): Raul, pare de incomodar seu irmão (estabeleceu especificamente o que quer). Raul:
Não é culpa minha, ele que começou. Pai (com firmeza): Esse não é o ponto. Você vai deixar de
incomodar seu irmão (disco riscado). Raul: Por que sempre você só chama minha atenção?. Pai
(calmamente): Raul, você vai deixar de incomodar seu irmão (disco riscado). Se não deixar de
incomodá-lo, ficará de castigo até a hora de deitar-se. Raul: Por que implica comigo?. Pai
(calmamente): Raul, se voltar a incomodar seu irmão estará de castigo até a hora de deitar-se
(disco riscado). TÉCNICA DO NEVOEIRO Busca conseguir que os filhos não os tirem do sério,
fazendo-se de surdos a suas atitudes e argumentos provocativos, cuja finalidade é fazer com
que os pais percam o domínio de si próprios e da situação. Usemos seu nome metaforicamente
pelo fato de isolarse das intenções manipulativas da criança, como acontece quando uma pessoa
ou um barco penetra em um nevoeiro e fica isolado do que o rodeia. Por exemplo: Ricardo: Você
é malvada!. Mãe: (calmamente): Pode ser que para você pareça que sou malvada (nevoeiro).
Ricardo: Sempre zomba de mim. Mãe: Pode ser que você acredite que sempre zombo de você
(nevoeiro). 48

55 COMUNICAÇÃO EFETIVA Essa técnica, combinada com a do disco riscado, favorece, por
um lado, não reagir à crítica do filho e a evitar ser desviado do objetivo. Por outro, conseguir que
responda à ordem. Por exemplo: Mãe: Recolha seus brinquedos. Ricardo: Você é malvada.
Sempre eu tenho que juntá-los. Mãe (com calma): Pode ser que você acredite que sou má
(nevoeiro), mas recolha seus brinquedos (disco riscado). Ricardo: Sempre me perseguindo. Mãe
(com calma): Pode ser que você acredite que eu fico lhe peseguindo (nevoeiro), mas recolha
seus brinquedos (disco riscado). É muito provável que esta mensagem penetre e Ricardo
obedeça. Quando se associa a técnica do nevoeiro à do disco riscado, os filhos ficam sem
argumentos e não se distraem da mensagem que se lhes quer transmitir. Por outra parte, ajuda
aos pais a manter a serenidade e a calma, tão necessárias para formar filhos com personalidade.
49

56 COMUNICAÇÃO EFETIVA TÉCNICA DE INTERROGAÇÃO NEGATIVA Uma resposta hostil


de um filho esconde, às vezes com agressividade, a verdadeira razão de seu descontentamento.
A técnica de interrogação negativa o vai conduzindo gradualmente até chegar ao motivo real da
resposta agressiva inicial. Por exemplo: É o aniversário de Maria. Sua mãe está lhe organizando
a festa, entretanto, Maria mostra uma atitude de crítica negativa. O diálogo se desenvolve da
seguinte forma: Maria: O bolo está maravilhoso. Mãe: O que tem o bolo de maravilhoso?
(interrogação negativa). Maria: Que ficou feio. Mãe: E o que tem para estar feio? (interrogação
negativa). Maria: É que meus colegas vão rir (se chega ao ponto que verdadeiramente afeta à
criança). Mãe: Por que acha que vão rir?. Maria: Sempre zombam de mim e brigam comigo, não
querem brincar comigo. Mãe: E apenas zombam de você?. Maria: Sim. Mãe: Mas às vezes
também devem zombar de outras meninas, não?. Maria: Sim, às vezes sim. Mãe: E não acha
que parece que o fazem para irritá-la e divertir-se um pouco a suas custas?. Maria: Sim, eu me
irrito e deixo de brincar com elas. Mãe: E que poderia fazer para não irritar-se e continuar
brincando?. Maria: Não dar-lhes importância. Mãe: Muito bem, Maria, essa é precisamente a
forma que evitará que riam de você. Lembre-se que quando seus filhos lhe fazem críticas
agressivas estão buscando tirála do sério. Dê respostas que neutralizem a agressão e esta irá
desaparecendo, especialmente se conseguiu levar a criança à verdadeira razão de sua
hostilidade e apresentar-lhe uma solução. 50

57 COMUNICAÇÃO EFETIVA TÉCNICA DE EXTINÇÃO É útil para suprimir ou extinguir uma


determinada conduta indesejada em seu filho. A manutenção dessa conduta dependerá em
grande parte dos resultados que gera. Quando estes aumentam, também aumenta a
probabilidade de que a conduta indesejada volte a produzir-se. O que reforça essa conduta são
as consequências, que são conhecidas como reforçadores. Estes reforçadores podem ser
positivos ou negativos. Os positivos incorporam ou agregam algo ao ambiente da criança que
emitiu a conduta, entanto os negativos tiram algo do ambiente da criança, produto da conduta.
Quando uma conduta deixa de ser reforçada, isto é, quando se eliminam os reforçadores, diminui
sua frequência até desaparecer, extinguindo-se. Uma criança pode estar mantendo uma conduta
inapropriada porque a reforçamos positiva ou negativamente. Técnica da extinção Há um
princípio psicológico que estabelece que todo estímulo que não é respondido, se extingue.
Quando não se responde ante uma reclamação inadequada dos filhos, haverá inicialmente um
explosão de choro para captar a atenção e forjar uma resposta favorável. Logo, esta irá se
extinguindo pouco a pouco. É imprescindível ter fortaleza para não ceder. 51

58 COMUNICAÇÃO EFETIVA Por exemplo: Em um caso de conduta inapropriada, que é


reforçada positivamente, cada vez que o filho de cinco anos começa a chorar e sua mãe lhe dá
uma guloseima para consolá-lo, o estará reforçando positivamente e a conduta de chorar a cada
momento (quando isto ocorre sem razões justificadas) continuará. Em um caso de conduta
inapropriada, que é reforçada negativamente, se obrigamos uma criança que tem medo da
escuridão a dormir com todas as luzes apagadas, o medo à escuridão se manterá. No primeiro
caso, o hábito de chorar injustificadamente deve ser desmotivado, ou seja, deve evitar-se reforça-
lo com alguma forma inapropriada de consolo como uma guloseima ou os braços da mãe, que
incentivará a criança a querer o consolo repetindo seu choro. Ante a não-resposta haverá
inicialmente um aumento do choro para captar mais a atenção, para a seguir ir-se extinguindo
pouco a pouco. No segundo caso, há que buscar um método que realmente ajude a criança a
perder seu medo à escuridão, como deixar aceso um abajur de luz fraca durante algum tempo e
ir observando sua reação gradual até perceber que perdeu o medo. TÉCNICA DO TEMPO
AFASTADO Consiste em cortar o comportamento indesejado de uma criança separando-a do
entorno ou da situação inconveniente onde se produz sua má conduta. Por exemplo, uma criança
pequena atira pedacinhos de pão durante a refeição familiar e seus irmãos riem dele. A mãe
ordena à criança que deixe de fazê-lo, mas o pequeno, incentivado pelas risadas de seus irmãos
que comemoram seu proceder impróprio, continua lançando pedacinhos de pão a torto e a
direito. O mais eficaz será tirá-lo da mesa e levá-lo a comer sozinho, em seu quarto. Dessa
maneira deixará de ser o centro de atenção. Ao separá-lo do ambiente ou das circunstâncias que
incentivavam seu comportamento inadequado, este tende a desaparecer. Se bem que a
aplicação desta técnica não é sempre simples. Há que mostrar-se firme e não deixar-se levar a
discussões ou a seguir seus pseudo-raciocínios, demonstrando-lhe, desta maneira, que quem
dita as regras do jogo é você. Conseguirá marcar os limites e manter uma ordem respeitosa no
lar. As cinco técnicas propostas podem não ser as únicas, mas freqüentemente são as mais úteis
à hora de aplicar a autoridade. Do mesmo modo, podem combinar-se para o manejo de uma
mesma situação. O exemplo que segue combina as táticas de disco riscado, nevoeiro e
interrogação negativa. Este exemplo incorpora o chamado compromisso viável. 52

59 COMUNICAÇÃO EFETIVA Se trata do acordo a que se chega com a criança, cuja


responsabilidade é incentivada ao mostrar-lhe que não se ganha necessariamente em todas as
decisões e que muitas vezes há espaço para um acordo conveniente. Os compromissos não
necessariamente devem satisfazer todas as necessidades e desejos. Técnica tempo afastado
Uma criança atira pedaços de pão durante a refeição familiar e seus irmãos o festejam. A mãe
lhe ordena que deixe de fazê-lo, mas incentivado por seus irmãos, continua com sua proeza. O
mais eficaz será tirá-lo da mesa e levá-lo para comer sozinho em outro lugar, onde ninguém
incentive suas más condutas, e deixe de ser, por sua vez, o motivo do caos familiar. As técnicas
descritas para o manejo adequado das discussões podem ser ensinadas às crianças para que
elas as utilizem na interação com seus irmãos, colegas de jogos e outras pessoas. Exemplo: Pai:
A semana passada você chegou tarde quatro vezes para o jantar. Filho: Não foi culpa minha.
Não podia voltar a tempo. 53

60 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai: Estou seguro de que tem essa sensação porque senão
haveria vindo jantar a tempo. Mas não me importa de quem seja a culpa. A única coisa que quero
é que esteja aqui à hora de jantar (nevoeiro e disco riscado). 54 Filho: Tá bom. Pai: Você me
disse isso a última vez que falamos. Não acredito quando o diz dessa maneira, como se estivesse
tratando de encerrar o assunto e nada mais. Filho: Não, de verdade, não voltará a acontecer.
Pai: Vamos esclarecer as coisas. Explique-me por que tem a sensação de não poder chegar em
casa à hora de jantar (compromisso viável). Filho: Não vai entendê-lo. Pai: Talvez não, mas
tentarei (asserção negativa). Filho: O que acontece é que me dá vergonha de voltar para casa
antes que os outros amigos. Pai: O que lhe envergonha de voltar para casa antes que os outros?
(interrogação negativa). Filho: Que me chame para voltar cedo para casa me faz sentir criança.
Pai: Que há no fato de que lhe chame, mais que lhe faça sentir criança? (interrogação negativa).
Filho: Para os outros, seus pais não os fazem voltar para casa às oito e meia. Pai: É que não
jantam?. Filho: Ah, não sei. Pai: Jantarão mais tarde que nós, ou seus pais não se importam se
seus filhos jantam ou não. Que acha que pode ser?. Filho: Que jantam mais tarde. Pai: Bom,
amanhã, se você for o último a voltar para casa, observe o que dizem os outros quando se vão
(compromisso viável). Filho: Para quê?. Pai: Quero saber a que hora vão jantar os outros
(compromisso viável). Filho: Talvez fiquem até mais tarde. Pai: Não crê que terão fome se já é
tarde?. Filho: Imagino que sim.

61 Pai: E não crê que quando sentem fome preferirão ir para casa jantar?. Filho: Suponho que
sim. Pai: Crê que ficarão ali somente porque você também fica?. Filho: Você acha que eles
também ficam com vergonha?. COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai: Não. Creio que lhe perguntarão
se você está com fome e por que não vai para casa jantar. Filho: Verdade?. Pai: Sim. Você não
sente fome antes de jantar?. Filho: Claro. Pai: E Acha que sentir fome é uma razão para ter
vergonha?. Filho: Não. Pai: Então, que acha de lhes dizer que tem fome e vai para casa comer,
em vez de esperar que eu lhe chame? Assim continuarão achando-o muito criança?
(compromisso viável). Filho: Não. Pai: Acredita que amanhã a noite terá que ser outra vez o
último em chegar a sua casa?. Filho: Não. 5.4 RECONHECIMENTO DAS BOAS CONDUTAS A
assertividade que você demonstrou ao comunicar clara e firmemente a um filho o que quer que
ele faça, deve ser complementada com o reconhecimento da boa conduta. É de grande
importância que quando seu filho o escute e o obedeça, você responda assertivamente com
alguma forma de reconhecimento que o incentivará a perseverar em um bom comportamento. A
medida do equilíbrio com que você deve tratar a seu filho é impor as medidas corretivas ou
disciplinarias que sejam necessárias e a seguir, quando ele corrige e melhora sua conduta, fazer-
lhe perceber sua satisfação pelo resultado. (Não deve descuidar-se o elogio às boas condutas
espontâneas). Para encontrar este equilíbrio lhe sugerimos formular-se a si próprio esse tipo de
perguntas: - Como ajo quando meu filho, habitualmente respondão e argumentativo, agora me
obedece sem objetar cada coisa que lhe peço? 55

62 COMUNICAÇÃO EFETIVA - Como ajo quando agora vem do colégio com boas notas, depois
de um período em que o habitual era que chegasse com qualificações baixas? - Como ajo
quando vejo às crianças brincando de forma tranqüila e sem brigar, quando antes o comum era
que seus jogos terminassem com gritos ou socos? Elogio o que espontaneamente fazem bem
ou me calo porque devo dar por compreendida sua boa conduta? Frequentemente, os pais não
percebem a importância do elogio e outras formas de incentivo quando os filhos se comportam
adequadamente. É importante ter presente que o bom estado emocional das crianças requer que
tenham confiança em si próprios, e para isso ajuda muito o reconhecimento que recebem de
seus pais. Respostas paternas usuais como: Quem bom! ou Que lindo! são assertivas, mas às
vezes são ditas como de passagem, com pouco ênfase e escassa penetração, o qual as torna
insuficientes. Quando seus filhos se comportam de modo adequado, você tem que estar atento
para reforçá-los mediante o reconhecimento. O reforçador demonstrará à criança que você
aprova e aprecia seu melhor comportamento. Não aceite o melhoramento da conduta da criança
como algo natural e compreendido e que, portanto, não requer um reconhecimento especial. Ao
contrário, a demonstração de que você se alegra e aprecia o comportamento adequado
(reforçador) comunicará à criança tanto o carinho como o sentido de justiça de um pai. SEU
FILHO NECESSITA DE SUA ATENÇÃO. SE NÃO A OBTÉM PORTANDO-SE DE FORMA
DESEJÁVEL E POSITIVA, A BUSCARÁ PORTANDO-SE DE FORMA INDESEJÁVEL E
NEGATIVA. O ELOGIO, NA PROPORÇÃO E MOMENTO ADEQUADOS, DEMONSTRA À
CRIANÇA A ATENÇÃO E A PREOCUPAÇÃO PATERNAS E A AJUDA A MANTER-SE NO BOM
CAMINHO. O elogio Os pais assertivos estão sempre atentos ao enorme impacto que podem ter
seus elogios. Os utilizam não apenas para ajudar a fortalecer a auto-estima das crianças mas
também para ensinar-lhes condutas apropriadas. O elogio não deve ser impensado, mas medido,
de acordo com o nível que se queira dar a esse reforçador. Não elogie excessivamente um êxito
pequeno, mas tampouco seja modesto quando a criança deu um passo importante em melhorar
sua conduta. Se um filho melhorou um pouco suas notas no colégio, entretanto ainda não chegou
ao nível requerido, não lhe diga: Que maravilhoso, estão muito bem! mas: Melhorou bastante,
mas ainda lhe falta um pouco. Um pouco mais de esforço e já conseguirá passar de ano. O elogio
ou esforço é o reforçador positivo mais útil com que contamos. Esta utilidade se registra quando
você lhe diz a um filho (sempre que as mereça) coisas como: 56 Que bom que preparou sozinho
todas suas coisas!. Cumprimento-lhe pelo capricho com que fez seus deveres.

63 COMUNICAÇÃO EFETIVA Obrigado pelo muito que me ajudou hoje em casa. Quando elogiar
a seus filhos, lhe convém ter em conta os seguintes parâmetros: Muitas vezes os pais não
percebem a importância do elogio e do incentivo quando os filhos se comportam
adequadamente. É importante ter em conta que o bom estado emocional das crianças requer
que tenham confiança em si próprios. Para conseguir isto, o reconhecimento dos pais ocupa um
papel preponderante. - Diga-lhes especificamente o que é que estão fazendo ou que fizeram que
lhe agrada. - Quando estiver elogiando, assegure-se de caminhar para eles ou de estar muito
próximo, olhando-os nos olhos e, se for adequado, bater suavemente em seu ombro ou em sua
cabeça para aumentar o impacto de sua mensagem. - Quando elogiar a seus filhos evite o
sarcasmo e toda outra forma de comentário negativo. A forma mais rápida de desentusiasmá-
los é diluir os comentários positivos com outros como: 57

64 COMUNICAÇÃO EFETIVA Como limpou bem seu quarto hoje! Já era hora.... Hoje se
comportou tão bem, inacreditável. Este tipo de comentários são, na realidade, uma forma
encoberta de hostilidade e fazem com que as crianças reajam com sentimentos de frustração
para com seus pais. O elogio é umas das ferramentas mais importantes que você pode usar para
fazer saber a seus filhos que você está feliz com eles e que reconhece seu comportamento
adequado. O elogio pode ser reforçado, como explicamos a seguir. - Primeiro: elogie seu filho
por comportar-se bem. Por exemplo: Mãe: Me ajudou muito em casa hoje. Vamos contar ao
papai quando chegar do trabalho, ficará muito contente. - Segundo: elogie seu filho diante de
outro adulto: Por exemplo: Mãe (falando ao pai na presença da criança): Maria me simplificou
muito o trabalho da casa. Não imagina como me ajudou!. - Terceiro: o outro adulto agrada a
criança, reforçando o elogio. Por exemplo: Pai (a Maria): Me alegra muito o que me conta mamãe.
É realmente uma filha muito especial. Junto com os elogios verbais vão as ações não verbais:
uma carícia, um abraço, podem significar tanto ou mais que o: Que bom!. Um sorriso, um gesto,
um toque no ombro, comunicam seu apoio e o reconhecimento de uma conduta apropriada de
seu filho. Dissemos neste capítulo que, quando seus filhos se comportam inapropriadamente, é
necessário que você lhes comunique uma mensagem firme, clara e assertiva de que você quer
que essa conduta se modifique. Sua mensagem deve estar equilibrada por elogios frequentes
quando seus filhos fazem o mais apropriado. Por exemplo: Pai (olhando ao filho nos olhos):
Pedro, não é hora de olhar televisão. Quero que se apronte para o colégio agora mesmo!
(mensagem assertiva). Pedro: Apenas quero ver alguns minutos mais, já está terminando. Pai
(calmamente): Entendo-lhe, mas quero que esteja pronto para o colégio agora mesmo (disco
riscado). Pedro: Mas, papai, por favor.... 58

65 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai (serenamente): Quero que esteja pronto para o colégio agora
mesmo (disco riscado). Pedro: Está bem, já lhe escutei, vou agora mesmo. Quando seus filhos
fazem o que você se propôs, reconheça que estão atuando de forma conveniente e elogie-os:
Cumprimento-lhe pelo seu bom comportamento hoje ou, quanto me alegra que tenha chegado
pontual à hora de jantar!. Reforce positivamente o elogio sempre que possa: Pai: Parabéns pelo
ditado. Temos que mostrar para mamãe. (Dirigindo-se à mãe): Olhe que bem feito o ditado que
José fez. Mãe (ao filho): Estou orgulhosa, eu sei como é difícil não errar nenhuma palavra em
um ditado. 59

67 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS ----------------------------------------------------- 6 ----------


--------------------------------------- RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Quando a comunicação
assertiva descrita no capítulo 5 não dá o resultado que se busca e as crianças continuam
comportando-se inadequadamente, apesar dos esforços dos pais por fazer-lhes entender o que
querem que façam e como devem fazê-lo, chegou o momento de respaldar as palavras com
atos. Ao chegar a este passo, posterior à comunicação assertiva, é necessário que os pais: -
Estejam seguros de que o que exigem a seus filhos é o melhor para eles. Antes de tomar medidas
de caráter disciplinário com as crianças, assegure-se que sua mensagem original, que foi
desobedecida, era correta. Por exemplo, se você ordenou a seu filho que fizesse os deveres de
imediato, deve estar seguro de que era impostergável ou conveniente que os realizasse nesse
momento. Se realmente não era necessário exigir-lhe que os fizesse logo e podia realizá-los
igualmente meia hora depois, permitindo-lhe, por exemplo, que terminasse de ver um programa
de televisão, não agrave seu erro castigandoo por não haver obedecido uma ordem que
inicialmente não esteve bem fundamentada. - Se você antecipa que sua ordem verbal inicial,
mediante a comunicação assertiva, pode chegar a ser ignorada por seu filho, programe com
antecedência as medidas que tomará nesse caso para respaldar com atos suas palavras que
foram ignoradas. As medidas que você impor à criança terão sobre ela consequências positivas
se lhe fazem compreender seu erro, ou negativas se sua mensagem não penetra e continua sem
entender a razão das ações paternas. POR ESTE MOTIVO, NÃO IMPROVISE. SE ANTEVÊ
QUE SUA INSTRUÇÃO ORAL ASSERTIVA PODE CHEGAR A SER DESOBEDECIDA,
PROGRAME ANTECIPADAMENTE COMO A RESPALDARÁ COM ATOS, ESTABELECENDO
AS MEDIDAS CORRETIVAS QUE APLICARÁ E QUE DEVEM SER PROPORCIONAIS À FALTA
PARA QUE TENHAM MAIORES POSSIBILIDADES DE UTILIDADE EFETIVA PARA A
CRIANÇA. Para cumprir este objetivo há três táticas que se deve ter em conta, complementárias
entre si, para assegurar os melhores resultados: Usar ações disciplinárias. Agir assertivamente
quando seus filhos o colocam a prova. Reforçá-los positivamente, através de diferentes formas
de incentivo ou recompensa, quando se comportam de maneira adequada. 61

68 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS É muito importante que os pais tenham tempo para
conversar sobre os filhos e determinar com antecedência como vão respaldar suas palavras com
ações que assegurem o bom comportamento. Quanto mais se preparem, terão mais segurança,
confiança e firmeza. 6.1 AÇÕES DISCIPLINÁRIAS Quando você completou a comunicação
assertiva sobre o que quer que façam, tem que preparar-se para o passo seguinte no caso de
que não obedeçam suas instruções e decidir o que fará se não o escutam e não lhe dão
importância. Determine com antecedência como vai respaldar suas palavras com ações para
assegurar-se que seus filhos sigam o comportamento adequado. 62

69 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Mandá-los-ia a seu quarto por um
determinado período de tempo? Tirar-lhes-ia o privilégio de jogar futebol ou brincar com suas
bonecas? Deixá-los-ia sem sair o fim de semana? A chave é adiantar-se, sem esperar que seus
filhos ignorem sua mensagem e reiterem sua conduta improcedente, para decidir então como vai
atuar. Se educar é dirigir, dirige melhor quem vai adiante, não atrás, dos acontecimentos. Quanto
mais preparados estejam de antemão os pais, para respaldar suas palavras com atos, mais
ajudarão seus filhos a que terminem com suas condutas inadequadas. As medidas disciplinarias
devem consistir em algo que não lhes agrade, mas que não os prejudique nem física nem
psicologicamente. Os seguintes parâmetros o ajudarão a determinar rapidamente as medidas
que pode usar se seus filhos não o escutam. Isolamento Separá-lo de você e de outras pessoas
e colocá-lo em uma situação pouco estimulante ou aborrecedora, tal como estar sentado ou
parado em um lugar pouco atraente da casa, ficar em seu dormitório ou sentar-se em um pátio.
Se tem que impor uma medida disciplinaria simultaneamente a mais de um filho, é preferível que
a cumpram separadamente em lugares diferentes. Quando a penitência incluir um determinado
período de tempo, marque-o com um relógio à vista da criança, para que este saiba quando
termina o castigo que você lhe impôs. É importante assegurar-se que o castigo seja algo que lhe
desagrade. Se você percebe que seu filho não se importa de ficar dentro de seu quarto, mude o
castigo por outra que lhe importe: não ver televisão, não usar o telefone, retirar-lhe um brinquedo.
Retirada de privilégios Significa a retirara temporária de atividades prazeirosas habituais que
podiam realizar até então: comer fora de hora, brincar na rua, ver televisão, falar ao telefone.
Condicionar condutas agradáveis Assegure-se de que cumpram com o que você deseja antes
que eles sejam autorizados a fazer o que querem. Por exemplo: Não poderá sair para brincar
com seus amigos enquanto não tiver ordenado todo seu quarto. 63

70 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Retirada de privilégios Significa a retirada


temporária de atividades prazeirosas habituais que podiam realizar até então. É uma forma
prática de que aprendam a ser responsáveis por seus atos, ao mesmo tempo que captam a
bondade ou maldade dos mesmos. Colocar de castigo É restringi-los a um lugar da casa,
permanecendo dentro desta ou em seu quarto durante um determinado período de tempo. Ação
física Significa dirigir fisicamente seus pequenos para que façam o que você considera mais
conveniente. Como pegá-lo pelo braço suavemente, mas com firmeza e conduzi-lo ao lugar onde
deixou jogado um brinquedo para que o recolha. A ação física deve ser firme, mas suave,
evitando cair no ato agressivo do golpe, da zombaria ou qualquer forma de violência. 64

71 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Deve existir uma proporção lógica entre a conduta
inapropriada e a medida disciplinária. É conveniente apresentar as medidas disciplinárias como
uma escolha das crianças, dando-lhes a opção de encerrar sua má conduta ou enfrentar o
castigo que essa conduta inapropriada requer. Isto forma parte da atitude paterna de apoiar as
palavras com atos. Conduta problema Habitualmente, sua filha de doze anos coloca música com
volume excessivo no aparelho de som de seu quarto. Sua filha de nove anos quebra de propósito
um brinquedo de seu irmão. Seu filho de seis anos deliberadamente esparrama água no piso
quando toma banho. Consequência lógica Tirar-lhe o aparelho de som do quarto durante três
dias. Pegar dinheiro de suas economias para trocar a peça. Retirar-lhe seu próprio brinquedo
semelhante e dar ao irmão. Fazer-lhe secar o piso. Podem escolher portar-se bem ou pagar o
preço de sua conduta improcedente. Por exemplo: Pai: Alberto, não posso permitir que incomode
seu irmão na mesa. Se voltar a fazê-lo outra vez, irá para seu quarto. A escolha é sua. Alberto:
Está bem (mas começa gradualmente a incomodar de novo seu irmão). Pai: Alberto, você voltou
a incomodar a seu irmão, isto significa que escolheu ir par seu quarto sem a sobremesa. Quando
você faz com que seus filhos escolham um conduta disciplinada ou não, está obrigando-os
assertivamente a assumir a responsabilidade de sua própria decisão. No exemplo precedente, a
criança escolhe continuar incomodando seu irmão após a advertência da ação disciplinária.
Portanto, é a criança quem escolheu a opção de ir para seu quarto. Quando você dá a seus filhos
possibilidade de escolha, está dando-lhes a oportunidade de aprender as consequências
naturais de suas ações e os ajuda a aprender que são responsáveis por suas condutas e pelas
consequências das mesmas. A medida disciplinária deve ser executada o mais breve possível,
pois se demora dilui seu efeito corretivo. Quando seus filhos não o escutam, deve comunicar-
lhes imediatamente a conduta disciplinária e fazer com que se cumpra. Por exemplo: Mãe: Pedro,
não é hora de jogar futebol, é hora de arrumar seus brinquedos. 65

72 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Pedro: Mamãe, deixe-me jogar. Mãe: Pedro, já
sabe a regra: não há futebol se antes não arrumar seus brinquedos. Sob à conveniência de que
a ação disciplinária seja cumprida o mais breve possível, há casos em que é preferível adiá-la
para poder aplicá-la sobre algo que seu filho planeja fazer mais tarde, ou no dia seguinte. Por
exemplo: Maria (volta a chegar tarde sem ter avisado a seus pais): Olá, papai. Pai (se senta com
a filha): Maria, disse-lhe que não me agrada que saia sem avisarnos aonde vai. Disse-lhe que se
tornasse a fazer, você estaria escolhendo ficar de castigo. Maria: Mas, papai, perdoe-me. Pai:
Nada de poréns. Sua mãe e eu temos que saber aonde vai. Lamento que não tenha me escutado.
Você escolheu ficar de castigo, portanto amanhã não irá à festa de aniversário de sua amiga. 66
A ação física que acompanha as palavras com atos, dever ser firme e suave, evitando cair na
ação agressiva do golpe, da zombaria ou qualquer forma de violência. Os pais têm o direito e o
dever de atuar desta maneira, transmitindo uma personalidade firme que será ponto de apoio
para o crescimento dos filhos.

73 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Utilize a medida disciplinária cada vez que seu
filho escolher comportar-se inadequadamente. A constância é essencial para demonstrar às
crianças que você respalda as palavras com atos em todos os casos em que se faz necessário.
Nenhuma medida funcionará a menos que seus filhos saibam com clareza e certeza que ante
cada conduta imprópria produzir-se-á sempre uma consequência. Por exemplo: Pai (ao filho que
incomoda continuamente quando a família está conversando): José, está irritando todos nós.
Como já avisei, com sua má conduta você mesmo escolheu ficar em seu quarto até que se
acalme. A criança vai a seu quarto, regressa após alguns minutos e continua incomodando. Pai:
José, não posso permitir que incomode desta forma enquanto estamos falando. Cada vez que
não puder controlar-se, estará escolhendo ir para o seu quarto. Por favor, vá e fique em seu
quarto quinze minutos. Considere a medida disciplinária como um acordo pré-estabelecido em
bons termos. Por essa tendência interior desintegradora e anti-social que temos todos, as
crianças passam por etapas de más condutas como: a mentira, o insulto, a falta de respeito, etc.
Estas podem estar dirigidas com especial agressividade contra os pais, por serem eles seus
principais educadores. Para que este comportamento se modifique é essencial que os pais se
mantenham sempre calmos. Perder a compostura é reduzir a eficácia de toda a ação educativa
paterna. Por exemplo: Filho (irritado): Não quero escutá-lo!. Pai (de maneira calma e firme):
Disse-lhe que não posso permitir que fale assim comigo. Escolheu ficar em seu quarto até que
resolva falar-me de boa maneira. Vá para seu quarto agora mesmo!. Nunca suspenda uma
medida disciplinária Se a medida não funciona, mude-a por outra, mas nunca deixe sem efeito a
ação disciplinária. Se o faz, seu filho nunca acreditará que você fala a sério. Algumas das
medidas que recomendamos nem sempre são eficazes com todas as crianças, por mais
coerentemente que sejam aplicadas. Se você usou uma medida disciplinária de maneira
adequada, mas percebe que o comportamento de seu filho não melhora, experimente outra. 67

74 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Pai: Manuel, quero que brinque sem
fazer barulho, porque não nos deixa ouvir música. Manuel: Está bem, papai (depois de alguns
minutos começa a disparar sua barulhenta metralhadora de plástico). Pai: Manuel, essa pistola
faz muito barulho. Por favor dê-me isso. Manuel: Está bem papai, toma a pistola (começa a
brincar com um instrumento musical que novamente distrai toda a família). Pai: Manuel, esse
instrumento faz muito barulho. Disse-lhe que queremos escutar música e que tem que brincar
em silêncio. Dê-me isso agora mesmo. Apesar de que os pais fossem conseqüentes e lhe tiraram
os brinquedos ruidosos, Manuel continuou impedindo-lhes de escutar música. Será então
necessário para os pais recorrer a uma medida disciplinária diferente como, por exemplo: Pai:
Manuel, pode escolher: ou brinca em silêncio se quiser ficar aqui conosco ou vá brincar em seu
quarto. Perdoar e esquecer Uma vez que seu filho recebeu a medida disciplinária que ele mesmo
escolheu, o assunto fica encerrado. Não acumule rancor ou ressentimento recordando-lhe, em
ocasiões posteriores, seu mau comportamento anterior. Cada situação é nova. Em vez de
recordar-lhe sua má conduta anterior, manifeste sua confiança na capacidade da criança para
melhorá-la de agora em diante. 68 Por exemplo: Pai (entrando no quarto de seu filho): Já passou
a meia hora e acabou-se o castigo. Não me agrada trancar-lhe em seu quarto, mas tenho a
obrigação de ajudar-lhe a aprender como deve comportar-se. Filho: Já sei, mas me agrada fazer
o que eu tenho vontade. Pai: Entendo-lhe, mas estou seguro que vai aprender. Não se esqueça
que eu sempre vou estar aqui para ajudá-lo. 6.2 QUANDO SEUS FILHOS O PÕEM A PROVA
Quando estiver educando seus filhos com medidas disciplinárias por sua conduta inapropriada,
seja prudente e vigilante, porque de modo frequente o colocarão a prova para ver se realmente
fala a sério.

75 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Muitas vezes, põem a prova a decisão disciplinária
dos pais chorando, sendo desafiantes ou tateando até onde podem chegar. Êxito do filho com o
choro Pai (observando como seu filho, que levou ao parque, bate pela segunda vez em outra
criança): Rafael, lhe disse que se voltasse a bater-lhe iria para casa, portanto, venha já!. Filho
(começa a chorar de imediato): Papai, perdoe-me, não voltarei a fazer, mas deixe-me ficar. Pai
(preocupado pelo choro cada vez mais intenso de seu filho): Rafael, acalme-se e pare de chorar,
não é para tanto. Filho (continua chorando): Mas quero ficar aqui. Pai: Está bem, mas deixa de
chorar, não posso agüentá-lo. Com frequência as crianças põem a prova a decisão disciplinária
dos pais, sendo desafiantes ou verificando até onde podem chegar. Isto é normal, e lidar
tranquilamente com esses momentos, levará a que os filhos sejam no dia de amanhã pessoas
livres e responsáveis. 69

76 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Êxito do filho com o desafio: Filha (irritada): Nem
pense que vou lavar louça essa noite. Mãe: Cecília, disse-lhe que se não me ajudasse, ficaria
em seu quarto por meia hora, portanto vá já e fique lá. Filha (furiosa): Não vou!. Mãe: Pois digo
que irá!. A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina sai cinco minutos mais tarde. Filha:
Não vou ficar em meu quarto, não aguento!. Mãe (tensa): Como não? Disse-lhe que ficasse em
seu quarto. Estou farta de suas encenações!. Filha (gritando): Você começou tudo, sempre
implica comigo!. Mãe (em gesto de derrota): Deixe-me sozinha, não aguento mais. Nunca liga
para o que eu digo. Os pais que cedem quando são postos a prova por seus filhos, estão
ensinando-lhes a seguinte lição inassertiva: 70 SE VOCÊ SE IRRITAR OU PROTESTAR O
SUFICIENTE, CONSEGUIRÁ O QUE QUER. Aprendem, portanto, a utilizar variadas formas de
sondagem para conseguir o que querem, seja chorando ou repetindo incansavelmente a conduta
indesejada, discutindo com raciocínios de aparência lógica, brigando ou desafiando porque estão
seguros que, como já ocorreu no passado, os pais finalmente vão ceder. Para manter-se firme
quando o põem a prova e cumprir melhor sua função de ajuda educativa, você necessita
responder assertivamente. Nos dois exemplos anteriores, os pais foram postos a prova por seus
filhos e fracassaram nessa prova. Para que o manejo paterno de ambas situações fosse
assertivo, e conseqüentemente útil em sua formação, o desenvolvimento de cada caso deveria
ter sido o seguinte: Pai (observando como seu filho, que levou ao parque, bate pela segunda vez
em outra criança): Rafael, disse-lhe que se voltasse a bater-lhe iria para casa, portanto, venha
já!. Filho (começa a chorar de imediato): Papai, perdoe-me, não voltarei a fazer, mas deixe-me
ficar. Pai (calmamente): Rafael, entendo que queira ficar, mas voltou a brigar, portanto irá para
casa (disco riscado).

77 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Filho (continua chorando): Mas quero ficar aqui.
Pai (pega-o firmemente por um braço e começa a levá-lo): Rafael, entendo que lhe afete, mas
voltou a fazer o que não devia, portanto irá para casa (disco riscado). Filho (com choro histérico,
se joga na grama): Não, não vou!. Pai: (suspende fortemente ao filho): Rafael, vamos para casa,
ainda que eu tenha que arrastá-lo!. Ceder ante as pressões, caprichos ou mal-humores dos filhos
é transmitir-lhes a mensagem de que não se pode com eles, fazendo-lhes o fraco serviço de
deixá-los à deriva de seus impulsos temperamentais, sem fazer-lhes ver que uma sólida
personalidade se constrói lutando por adquirir virtudes. 71
78 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Manter a calma sem perder a compostura ante os
caprichos dos filhos multiplica a eficácia da educação ao mesmo tempo que lhes transmite um
exemplo atraente de personalidade que lhes servirá para toda a vida. 72 No outro caso: Filha
(irritada): Nem pense que vou lavar a louça esta noite!. Mãe (calmamente): Cecília, disse-lhe que
se não me ajudasse, iria para o seu quarto por meia hora, portanto vá já e fique lá. Filha (furiosa
e desafiante): Não vou!. Mãe (calmamente): Pois digo que irá!.

79 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina
sai cinco minutos depois. Filha: Não vou ficar em meu quarto, não agüento. Mãe (levando-a com
firmeza novamente a seu quarto): Se voltar a sair ficará uma hora, o dobro do tempo. Filha
(irritada, volta a sair de seu quarto quase em seguida): Não vou ficar!. Mãe (olhando-a nos olhos
e marcando bem cada palavra): Cecília, vai ficar em seu quarto uma hora. Se voltar a sair antes
de uma hora, ficará duas horas. Sou eu quem manda, não você. O comportamento paterno não-
assertivo nos primeiros exemplos e assertivo nos dois segundos determinam a diferença entre o
fracasso e o êxito em seu exercício da autoridade, que é essencial para a formação dos filhos.
Quando seus filhos o põem a prova, faça-os saber que você está resolvido a manterse firme. Vá
para seu quarto, não se mova daí ou não me importa quando chore são formas assertivas de dar
uma ordem. Frente aos argumentos ou encenações que utilizam para colocá-lo a prova,
mantenha-se calmo, fale de forma enfática e decidida, marcando bem suas palavras. Se
continuam discutindo, utilize o disco riscado e as demais técnicas que explicamos no capítulo 5.
Existe outro tipo de prova com a qual as crianças tentarão manipulá-lo quando você marca
limites. Diferente dos exemplos anteriores, esta prova difere em que tem menos carga emocional,
apesar de que é, em muitos sentidos, a mais difícil de ser manejada por parte dos pais. Esta
prova que as crianças submetem aos pais é conhecida como: Não me importo, para mim tanto
faz... As crianças utilizam esta manipulação da seguinte maneira: você lhe diz como deve
comportar-se e qual será o castigo se não o fizer, ante o qual, em vez de irritar-se, chorar ou
argumentar, seu filho lhe responde: Não me importo, para mim tanto faz... Uma resposta assim
é difícil de manejar, já que você provavelmente está acostumado a que a reação de seus filhos
seja de medo, desconcerto ou protesto quando lhes impõe uma penitência. Esta resposta de
indiferença pode deixá-lo desconcertado e você perguntará a si próprio: Que vou fazer? Nada
funciona com esta criança. Mas não é assim. Os que utilizam o não me importo... estão
manipulando, porque perceberam que este tipo de resposta habitualmente deixa perplexos aos
pais. As crianças do não me importo... não requerem uma resposta tipo disco riscado mas
necessitam que você atue de acordo ao exemplo seguinte: 73

80 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Mãe: Beatriz, tem que fazer os deveres. Não pode
falar pelo telefone nem ver televisão até que os tenha terminado. Filha: E daí? E o que eu tenho
com isso? Mãe: A escolha é sua. Se não se importa, então hoje não haverá nem televisão nem
telefone. Filha: Mas esta noite passa o programa que mais me agrada...!. Mãe: Mas você disse
que não se importa. De todas maneiras a escolha é sua escolha. Se quer ver o programa,
primeiro termina os deveres. Filha: Bom, está bem, já os faço. Mãe: Me alegra sua escolha, meu
amor. 74 As crianças que utilizam o não me importo, estão manipulando, porque em sua astúcia
infantil perceberam que os pais se descontrolam facilmente, e este tipo de resposta
habitualmente os deixa perplexos. As pessoas que mais se importam com os castigos, prêmios
ou retirada de privilégios, são as crianças.

81 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS São poucas as crianças às quais realmente não
lhes importe que os deixem sem televisão, telefone, videogames ou seus brinquedos preferidos.
Se para você realmente lhe importa o tema, a ele também importará. Se você está disposto a
usar todos os meios apropriados e necessários para influir positivamente em seus filhos a fim de
que eliminem seu comportamento prejudicial, eles perceberão sua determinação e começarão a
preocupar-se pelas consequências que enfrentarão se escolhem atuar inapropriadamente. As
vezes recorrerá ao não me importo... ante a ameaça de um castigo impraticável. Previna esta
situação evitando anunciar-lhe um castigo que não poderá impor-lhe, pois do contrário você fica
confuso e sua autoridade se enfraquece. Por exemplo, uma mãe exasperada porque seu filho
demora para entrar no carro quando foi buscá-lo no clube e continuava falando com seus amigos,
gritou-lhe: Alberto, se não se apressar e entrar de uma vez irá andando para casa. Quando lhe
disse desafiantemente tubo bem, não me importo..., a mãe ficou sem argumento porque não
podia cumprir sua advertência de enviá-lo a pé para casa, era muito longe. Isto é um claro
exemplo do que não deve ser feito. NUNCA ANUNCIE UM CASTIGO OU PENITÊNCIA QUE
NÃO PODERÁ CUMPRIDO. SER Não repita muitas vezes o mesmo castigo, pois cada vez
surtirá menos efeito. Quando um castigo se repete e continua sem produzir o efeito corretivo
buscado, é preferível impor outro mais severo. O sentido comum ditará aos pais quantas vezes
convém repetir o mesmo castigo ou uma das técnicas corretivas aqui descritas. Desta maneira,
os pais têm que se ajudar bastante, atuando em equipe, intervindo um e a seguir o outro, evitando
o desgaste e controlando a eficácia das medidas. Este trabalho em equipe estimula aos pais
para que arrumem o tempo necessário para conversar entre eles sobre os temas educacionais
que estão utilizando. 6.3 REFORÇÁ-LOS POSITIVAMENTE É importantíssimo planejar o que
fará quando seus filhos não o escutam e também planificar como agirá quando lhe dão
importância e reagem favoravelmente. No capítulo anterior destacamos a importância do elogio
para incentivar o bom comportamento de seus filhos. Mas com alguns, especialmente os
menores, apenas o elogio pode não ser suficiente para motivá-los a uma rápida e contínua
melhora de seu comportamento. Com estes é recomendável mudar o elogio por motivações mais
tangíveis, como privilégios ou prêmios especiais. Vejam os exemplos seguintes como referência:
- Privilégios especiais: João, esteve tão bem brincando com tranqüilidade e sem incomodar, que
pode ficar acordado por mais uma hora. 75

82 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS - Prêmios especiais: Rosana, ajudou-me tanto com
a mesa e a cozinha, que convidolhe a tomar um sorvete. Muitos pais se negam a premiar seus
filhos de outra forma que não seja com o elogio por medo de que se habituem ao esquema de
comportar-se bem apenas quando recebem alguma recompensa palpável. 76 Por exemplo: Não
arrumarei o quarto até que prometa ler-me a história. O que me dará se lavar os pratos?. Este
risco não existe se quando recorre aos prêmios você mantém presente que é precisamente você
quem exerce a autoridade e toma as decisões. Se quer deixar que seus filhos escolham os
prêmios que receberão pelos comportamentos convenientes, estabeleça as coisas entre as quais
podem escolher. Se tentam estorqui-lo com respeito aos prêmios, com ameaças e mau
comportamento, não o tolere. Não aceite jamais condições nem ameaças. Você é quem toma as
decisões. A concessão de um prêmio adequado e bem escolhido pelos pais, sem submeter-se à
pressão extorsiva da criança mas outorgado pela autoridade decisória paterna, constitui uma
resposta com reforçadores positivos. Sua resposta deve consistir em algo que as crianças
desejem. Pergunte-se o que seu filho gostaria de ganhar como prêmio. Como resposta que o
motive a continuar com seu bom comportamento, o prêmio deve ser algo que necessite ou
deseje. Alguns se esforçarão muito por receber seu prêmio que além de objetos pode ser:
compartilhar atividades com você como ir ao futebol ou ao cinema, ou assistir um vídeo ou ficar
acordados até mais tarde. Quando utilizar prêmios, reforce o bom comportamento de seus filhos
outorgando-os de imediato. Pode haver casos em que o prêmio seja concedido algum tempo
depois como: te levarei ao futebol comigo no domingo, mas o anúncio, ou seja, a concessão do
prêmio, deve ser feito logo em seguida do bom comportamento. O prêmio imediato aumenta o
impacto da ação positiva do pai... Elogio Filho (termina seus deveres rapidamente e sem
necessidade de que o tenham ordenado): Mamãe, já terminei os deveres. Mãe: Muito bem,
Augusto, parabéns. Me dá uma grande alegria.

83 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Privilégio especial Filho (sem ter sido mandado,
veste o pijama, arruma a roupa que tirou, lava as mãos e escova os dentes): Papai, já estou
pronto para ir deitar. Pai: Jorge, está muito bem que tenha feito tudo sem que tivesse que lembrá-
lo. O que acha de eu lhe contar uma história?. Para a maioria das crianças, o tempo especial
dedicado a algo que lhes produza prazer como: brincar ou que leiam uma história, é o melhor
privilégio que se lhes pode outorgar. Utilize este recurso como reforçador sempre que puder.
Prêmio especial Mãe (depois de um jantar tranquilo, durante o qual seus filhos não discutiram):
Se portaram tão bem que podem pedir sua sobremesa favorita esta noite. Reiteramos a
importância de que o elogio, o privilégio ou o prêmio devem seguir sempre que possível de forma
imediata ao bom comportamento. Muitos pais elogiam seus filhos de noite por sua boa conduta
na manhã ou lhes permitem uma saída extra porque se portaram bem durante a semana. Os
pais cometem muitas vezes o erro de oferecer prêmios a longo prazo. Não é produtivo, por
exemplo, oferecer a uma criança de sete anos um bicicleta nova para o próximo verão ou
prometer-lhe um brinquedo determinado para o Natal quando ainda faltam vários meses. Você
deve reforçar positiva e constantemente a seus filhos quando têm um comportamento
apropriado. Elogiá-los, privilegiá-los ou premiá-los apenas uma a duas vezes não produzirá os
bons resultados que se buscam. Para obter estes resultados, deverá elogiá-los, privilegiá-los ou
premiá-los sucessivamente durante vários dias ou ainda mais tempo, dependendo de cada um
e de seu comportamento. Por exemplo: - Os pais elogiaram sua filha de quatro anos cada vez
que se vestiu sozinha durante toda uma semana. - Os pais elogiaram seu filho de oito anos cada
vez que brincou amigavelmente com sua irmãzinha menor e o premiaram cada dia durante oito
dias permitindolhe escolher sua sobremesa favorita. - Os pais elogiaram seu filho de doze anos
todas as noites durante duas semanas por fazer os deveres bem e por iniciativa própria,
premiando-o ao final desse período com uma pequena soma de dinheiro para ir aos jogos do
parque de diversões. Quanto mais positivo você for com seus filhos, menos terá que marcar os
limites. 77

84 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Para que os prêmios sejam formativos devem ser
escolhidos pelos pais. Se reforça ao bom comportamento dos filhos outorgando-os de imediato,
ao mesmo tempo que se lhes faz ver as consequências boas dos atos que realizam bem. Neste
capítulo dissemos que quando você fala assertivamente, não sendo suficiente, deverá decidir
rapidamente como respaldar suas palavras com atos. E quando seus filhos começam a portar-
se devidamente, esteja alerta para reforçá-los positivamente mediante elogios, privilégios ou
prêmios. 78

85 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Pai (olhando à criança aos olhos):
Tomás, já lhe disse duas vezes que não permito que seja grosseiro com seus amigos. Ou os
trata bem, como se trata aos amigos, ou irão para suas casas. Filho (incomodado): Não quero
que vão embora, eu não estou fazendo nada!. (A criança se distancia irritada e dez minutos
depois começa a chamar seus amigos com nomes debochantes). Pai: Tomás, está incomodando
seus amigos. Escolheu que fossem para suas casas. Estou seguro que amanhã brincará melhor
com eles. (No dia seguinte o pai observa Tomás brincando amigavelmente com as outras
crianças que vieram em sua casa). Pai: Tomás, é assim como devem brincar os amigos, sem
deboches nem brigas. Que tal se comprarmos um sorvete para cada um?. Como resumo da
necessidade de respaldar as palavras com atos, tenha em conta estes pontos: - São os pais que
devem determinar limites equilibrados, mas firmes, quando se trata de disciplinar aos filhos e
quando corresponde elogiá-los ou premiá-los. - Planeje sempre a forma em que respaldará suas
palavras com atos em caso de ser necessário. Quando disser a seus filhos o que você espera
deles, pergunte-se em seguida: O que farei se não me escutam nem me dão importância? Do
contrário, sua reação à desobediência corre o risco de ser tão imediata e irreflexiva quanto
inconveniente. - Decida uma medida disciplinária eficaz. - Ponha sobre a criança a
responsabilidade de enfrentar as consequências de suas ações: se faz tal coisa, será disciplinado
com tal medida. - Seja consequente. Cada vez que a criança se comporta em forma inapropriada,
leve adiante a consequência programada por você, sem voltar atrás, sempre que esteja seguro
de que está fazendo o correto. - Perdoe e esqueça: logo que a criança se disciplinou, o assunto
está encerrado. - Para as crianças é muito importante o contato corporal. Utilize-o. Tanto se
aplica a uma repreensão (por exemplo, quando o encaminha suave, mas firmemente, pelos
ombros) como quando os reforça positivamente (por exemplo: abrace, acaricie, bata palmas). -
Programe o reforço positivo. Quando a criança o escuta e cumpre, recorra ao elogio, ao privilégio
ou ao prêmio proporcional ao bom comportamento de seu filho. 79

86 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Há que aprender a virar a página e não ser
reiterativos: Uma vez que seu filho cumpriu o castigo segundo o estabelecido, o assunto está
encerrado. Assim se transmite a ordem de que na vida se deve começar e recomeçar sempre,
sem desanimar até atingir o que queremos. DOIS OBSTÁCULOS A ENFRENTAR Quando
ambos os pais trabalham, muitas vezes falta tempo para poder refletir sobre as condutas dos
filhos. Frequentemente o cansaço dos pais interfere negativamente. 80

87 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS É comum que as mãe reclamem uma atitude mais
ativa por parte de seus maridos, aos quais, por sua vez, chegam às vezes em casa fatigados por
uma jornada complicada e ansiando um tempo de descanso, ou com vontade de ver o noticiário
da televisão sem que os incomodem. Nestes casos, é importante evitar o confronto entre os
cônjuges, que prejudica sua função de educadores. Se requer, ao contrário, compreensão
carinhosa e paciente da mulher, proporcionando a seu marido um momento de relaxamento e
tranqüilidade para a seguir animá-lo a colaborar no manejo dos problemas com os filhos. Para
tudo referente à educação das crianças, a mulher tem uma capacidade maior de tolerância à
pressão dos problemas e uma intuição superior porque está temperamentalmente preparada
para isso. Seu principal estímulo para ação é o afeto, enquanto que, em geral, os homens tendem
mais ao exercício do raciocínio. Ao homem é mais difícil, por isso necessita de certo período
preparatório desde que chega em casa; porque sabe que os problemas dos filhos, que
compartilhará com sua mulher, exigem um enfoque radicalmente diferente do que utilizou
durante o dia no centro cirúrgico onde operava, ou no escritório, ou na fábrica. 81

88 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Estas situações não ocorrem sempre, mas a
experiência nos mostrou que se apresentam na maioria das famílias. Outro obstáculo a superar
é que freqüentemente os pais, que vêem pouco a seus filhos, pensam erroneamente que, se
durante o tempo que estão com eles se dedicam a corrigi-los, as crianças terminarão perdendo-
lhes o carinho. E não é assim. Eles necessitam ser corrigidos em suas condutas inapropriadas e
estimulados nos hábitos bons, especialmente por aqueles que mais os querem e que são seus
principais educadores. 82

89 ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO ----------------------------------------------------- 7------------


------------------------------------- ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO Reunir-se com seus filhos
para estabelecer as regras complementa o desenvolvimento de um plano sistemático da EP e o
manejo de situações desbordantes que encaramos neste capítulo. Este é um passo de máxima
importância, porque lança aos filhos para o futuro, para como terá que ser no dia de amanhã sua
conduta de adultos, porque é uma maneira prática de ensinar-lhes desde o início que apenas
eles e ninguém além deles serão os responsáveis pelas consequências de seus atos. Hoje em
dia, por uma sociologização do homem, se tende a responsabilizar às estruturas sociais de
nossos males, deixando a responsabilidade individual totalmente em segundo plano. Ao
estabelecer junto com eles as regras de jogo para suas condutas, tanto dentro de casa como
fora dela, se lhes está estabelecendo o germe da responsabilidade própria, intransferível, de
seus atos. Se lhes transmite a idéia de que nosso atos são um prolongamento do eu que todos
temos dentro; que são meus, que são manifestação de minha personalidade e que para tê-la
devo ater-me às consequências de meus atos. Por outra parte, ao estabelecer as regras de jogo
e suas consequências, se lhes está ensinando o exercício do livre-arbítrio e a descobrir a voz da
consciência. Ao chegar o momento de colocar seu plano em ação, o primeiro passo é reunir-se
com seus filhos e colocar claramente sobre a mesa o que você quer e as consequências se não
cumprem. Deverá ser uma conversa séria na qual o pai e a mãe reafirmarão sua autoridade com
relação ao comportamento indesejado. Exija a seu filho uma mudança de conduta e transmita-
lhe a seguinte mensagem: De nenhuma maneira permitirei que brigue com seu irmão
(especifique sempre a conduta que quer melhorar para que a criança saiba com precisão o que
se espera dela). Te amo muito para tolerar que faça coisas indesejáveis e que prejudicarão a
você e a toda família. Parâmetros para uma reunião sobre estabelecimento das regras de jogo:
- Para aumentar a probabilidade de que seu filho o escute, reúna-se com ele quando ambos
estão tranquilos. Não tente falar com a criança depois de uma grande briga ou quando um de
vocês esteja tenso. - A reunião deve ser exclusivamente de um ou ambos pais com a criança
cuja conduta requer melhoramento. Ninguém mais, seja outro irmão ou um avô ou uma
empregada, estará presente. - Se apenas um de seus filhos se comporta mal, não permita que
um irmão intervenha ou se intrometa na conversa. - Estabeleça claramente que é escolha de seu
filho o que acontecerá: João, se não faz de imediato os deveres, ficará em casa o resto do dia e
sem ver televisão. Se isso não funciona, ficará em seu quarto todo o dia. 83

90 ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO - Explique-lhe como fará o acompanhamento de


suas instruções, ainda que você não esteja presente: Tua mãe ou eu telefonaremos todos os
dias às duas para assegurar-nos que chegou do colégio. Quando os dois voltarmos do trabalho,
veremos todos os dias se já fez os deveres. Se não está em casa quando ligamos ou se não fez
os deveres, ficará sem ver televisão o resto do dia. - Coloque seu plano escrito de EP onde todo
o vejam. Após terminar de discuti-lo com seu filho, e estabelecidas as regras do jogo, coloque
uma cópia em um lugar visível da casa, por exemplo, na porta do refrigerador ou do quarto da
criança. Isto agregará um importante impacto visual a suas afirmações verbais e lhe servirá de
recordação de que realmente você fala a sério. Também ajudará aos pais a perseverar no plano.
Em cada folha de papel que você coloque em um lugar visível escreva o nome da criança, os
comportamentos que você exigiu e o que acontecerá se não cumpre: João fará seus deveres
antes de comer. Se escolhe não faze-lo, não poderá ir brincar com Paulo. - Se está usando uma
hierarquia disciplinária, inclua na lista as consequências por hierarquia, por exemplo: Sofia
obedecerá imediatamente. Se escolhe não obedecer: A primeira vez escreverei seu nome na
lousa como advertência. A segunda vez irá para seu quarto por dez minutos. A terceira vez irá
para seu quarto por dez minutos, sem olhar tevê nem brincar com seus irmãos pelo resto do dia.
A quarta vez irá para seu quarto por meia hora e se deitará imediatamente depois de jantar. A
lousa ou folha onde contenha estas anotações será colocada junto com a que registra as regras
do jogo em seu plano disciplinário. - Se você tem problemas com dois ou mais filhos, pode reuni-
los todos ao mesmo tempo, apesar de que sempre é melhor fazê-lo por separado, como sinal de
respeito à individualidade deles. - Assegure-se que não haja distrações quando reunir-se com
um filho. Desligue a televisão ou o rádio, desconecte o telefone ou evite atendê-lo e peça às
demais pessoas da casa que não entrem no quarto onde se faz a reunião. - É importante que os
pais atuem juntos, quando ambos estão disponíveis. Primeiro devem colocar-se de acordo sobre
o que exigir-lhe-ão. A seguir, apresentem o plano ao filho juntos, olhando-o ambos aos olhos ao
falar-lhe. Por exemplo: Mãe: João, estou muito preocupada com o seu comportamento. Não
posso admitir que ande vagabundeando pela vizinhança e metendo-se em confusões ao sair do
colégio. Quero que venha diretamente do colégio para casa sem andar por aí e que em seguida
faça seus deveres. 84

91 ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO É conveniente apresentar as medidas disciplinárias


como uma escolha das crianças, dando-lhes a opção de terminar sua conduta imprópria ou
enfrentar o castigo que essa conduta implica. Pai: Estou de acordo com sua mãe. Se meteu em
muitas confusões depois do colégio. Virá direto para casa e fará os deveres. Nunca expresse
uma opinião contrária à de seu cônjuge diante do filho nestas situações, porque enfraquecerá
fatalmente sua mensagem. Os pais devem acordar de antemão o conteúdo e a forma do
estabelecimento que farão à criança. Nada funcionará se você, como pai, não está disposto a
respaldar suas palavras com atos cada vez que o comportamento de seus filhos o requeira. 85

92 ESTABELECER AS REGRAS DO JOGO Reiteramos que se se é fiel a este princípio


essencial, a mensagem que transmitirá sempre a seu filho é: Te amo demais para permitir que
se comporte de modo inconveniente sem que eu faça algo para ajudá-lo. Os pontos analisados
neste capítulo servem para quando você vê que fracassou no que tentou para melhorar as
condutas impróprias de seus filhos. Ante esta situação estabeleça primeiro um plano sistemático
de EP, a seguir sente-se com seus filhos e estabeleça as regras do jogo. Finalmente, e de grande
importância, é fazer o acompanhamento da conduta, como no exemplo a seguir: Filho (irritado):
Estou cheio de ficar recebendo ordens!. Pai (com calma coloca uma marca vermelha no papel
de disciplina que está pregado na porta da geladeira): Disse-lhe que não deve responder. Esta
é a segunda vez que o faz. Você vá para seu quarto imediatamente. Filho (choramingando): Mas
acabo de estar em meu quarto! O que acontece é que vocês não me querem e não lhes agrada
estar comigo.... Pai (com calma): João, foi escolha sua. Lhe dissemos quando conversamos com
você a noite que não podemos tolerar respostas de mal tom. Portanto, vá para seu quarto
imediatamente. (João se comporta impecavelmente o resto do dia). Pai: Estou muito contente
pela forma como está se comportando. Ganhou outro xis. Quando chegar a cinco, poderá ir
dormir na casa de seu amigo Luis, como você queria. - Tente criar um equilíbrio. Estabeleça
limites firmes e a seguir reforce-os com apoio positivo. 86

93 SITUAÇÕES ATÍPICAS ----------------------------------------------------- 8 ----------------------------------


-------------- SITUAÇÕES ATÍPICAS A aplicação da EP nem sempre terá êxito já que, apesar de
ser muito útil e eficiente, existem situações na quais resultará insuficiente. Estas são cada vez
mais frequentes e você não deve sentir-se culpada ou infeliz se ocorrem em algum de seus filhos.
A experiência demonstrou a eficácia da EP aplicada com ordem, firmeza, e coerência, de acordo
com a forma descrita nos capítulos precedentes. Mas será ineficaz nas circunstâncias em que a
criança sofra de alguma patologia. É importante enfrentar esses casos com a maior rapidez
possível, porque, em geral, costumam alterar toda a dinâmica familiar e, por imitação, filhos
menores saudáveis tenderão a reproduzir as condutas distorcidas de um irmão com problemas
patológicos. Nestas ocasiões verificar-se-á se as condutas patológicas das crianças são
generalizadas em todos os ambientes onde atuam ou se apresentam exclusivamente dentro de
casa ou em forma mais ou menos acentuada nesse e outros entornos. O assessoramento sobre
a dinâmica familiar é, nessas situações, de capital importância, sendo, também, imprescindível
determinar se existem patologias crônicas ou transitórias em algum dos pais. Déficit atencional.
87

94 SITUAÇÕES ATÍPICAS Transtorno atencional com hiperquinésia A primeira causa patológica


na qual a EP não funciona é o chamado (Transtorno Atencional com Hiperquinésia, antes
conhecido como Disfunção Cerebral Mínima. As crianças que sofrem Transtorno Atencional são
dispersas, com dificuldades para manter uma atenção sustentada no que fazem como:
acompanhar a aula no colégio ou concentrar-se nos deveres ou outra função em sua casa.
Geralmente, os pais deverão repetir-lhe uma ordem várias vezes e terão a impressão de que não
os escuta nem lhes presta atenção. Se trata de crianças que agem de forma precipitada e
interrompendo a outras pessoas, a maioria das vezes, sem esperar sua vez nos jogos, em suas
tarefas ou em uma conversação. 88 Déficit atencional com hiperatividade

95 SITUAÇÕES ATÍPICAS Hipercinésia significa movimento excessivo ou hiperatividade. Se


manifesta em que a criança apresenta dificuldades para permanecer sentado ou ser
perseverante. Por exemplo, se levanta constantemente de sua carteira em classe; não termina
uma tarefa, mas começa outra diferente, que provavelmente também deixará inacabada;
freqüentemente perde coisas como: utensílios escolares, brinquedos, peças de vestir, etc. Uma
criança hipercinética também mostra com frequência tendência a praticar atividades físicas
perigosas, sem medir os possíveis riscos. Ainda que muitos deles foram avaliados, mostrando
um ótimo nível de inteligência, o mais provável é que tenham baixas qualificações no colégio,
com rendimento inadequado em classe, más condutas e motivando queixas de seus mestres. O
Transtorno Atencional com Hipercinésia aparece em muitas crianças associado a transtornos de
conduta: dirão mentiras, cometerão atos de roubo, se mostrarão briguentos e com poucos
amigos, assim como desafiantes e respondões frente às figuras de autoridade. Os que
apresentam esta patologia deverão ser levados a consulta com um especialista. Depressão Uma
segunda situação atípica em que a criança provavelmente não responderá à EP, e pela qual é
necessário consultar a um profissional, está conformada pelos episódios de depressão.
Depressão 89

96 SITUAÇÕES ATÍPICAS É difícil de diagnosticar porque a criança não sabe dizer que está
triste. Se manifesta, em geral, em decaimento ou movimento excessivo; agressividade; mal
dormir ou dificuldades para ser despertados na manhã, quando este problema não existia
anteriormente; inapetência ou grande voracidade; choro frequente com dificuldade para explicar
o motivo de sua tristeza. Os que sofrem de depressão também mostram uma diminuição de seu
rendimento escolar e deixam de brincar ou o fazem com menor frequência que o habitual. Se
você observa algum desses sintomas, mesmo que seja apenas um deles, não hesite em
consultar um especialista a fim de ser orientado. Os tratamentos modernos costumam combinar
psicoterapia e medicação com assessoramento familiar. Diferente dos adultos, as respostas são
rápidas e as altas em curto prazo. Ansiedade Em terceiro lugar, deve levar-se em conta a
ansiedade como situação atípica nas crianças. Principalmente porque é uma causa de
sofrimento, mas também porque tampouco responderão à EP. Existem dois tipos de transtornos
de ansiedade: Angústia de Separação e Transtorno por Ansiedade Excessiva. Sob a angústia
de Separação uma criança se nega a separar-se de uma figura protetora (seus pais ou avós, um
irmão maior, uma empregada) e se recusa a ir ao colégio ou cumprir outras obrigações que
impliquem separação física. Pode apresentar dores de cabeça e estômago. Geralmente tem
pesadelos intensos ou medo de ir deitar-se a noite. A outra forma de ansiedade se denomina
Transtorno por Ansiedade Excessiva. Se trata de crianças inseguras e extremamente
preocupadas por seu próprio desempenho no colégio, nos esportes e em sua vida social.
Perguntam constantemente para reafirmar-se a si próprios e os observamos ansiosos em
conseguir aceitação entre as pessoas com as quais convivem. Ambas patologias melhoram
rapidamente com a atenção de um psicoterapeuta infantil bem treinado e assessoramento
familiar. Em resumo, as três situações atípicas mais importantes e conhecidas são: 1) O
TRANSTORNO ATENCIONAL COM HIPERCINÉSIA, em que a criança apresenta um déficit de
atenção com excessivo movimento e condutas que podem chegar a ser bruscas. 2) A
DEPRESSÃO, em que a criança apresenta um retração geral em seu estado de ânimo ou
variações anímicas que não eram habituais previamente. 3) A ANSIEDADE (em suas duas
formas): 90
97 SITUAÇÕES ATÍPICAS A ansiedade de separação, em que a criança não quer separar-se
de uma figura protetora, e para isso recorre a choros, súplicas intensas e apresenta dores, tendo
também pesadelos noturnos e temor a deitar-se. O transtorno por ansiedade excessiva, em que
a criança se manifesta insegura de si própria, fundamentalmente em seu desempenho
acadêmico, esportivo e social. Ansiedade de separação. 91

98 SITUAÇÕES ATÍPICAS Transtorno por ansiedade excessiva. Qualquer destas três situações
atípicas são entidades clínicas que requerem necessariamente uma consulta profissional, já que
se trata de dificuldades de comportamento nas quais a EP, apesar de dever ser aplicada, é
insuficiente. 92

99 FILHOS RESPONSÁVEIS ----------------------------------------------------- 9 -------------------------------


----------------- FILHOS RESPONSÁVEIS Há duas palavras chaves para os pais quando educam
seus filhos: compreensão e firmeza. A compreensão exige, além do vínculo natural de carinho,
o acompanhamento coerente e constante dos problemas que enfrenta uma criança e que
costumam traduzir-se em mal comportamento. A reação espasmódica e irreflexiva de um pai
ante uma conduta inadequada de um filho é no melhor dos casos, ineficaz, e pode chegar a ser
prejudicial. É necessário, em troca, compreender que a desobediência, a irritação e a rebeldia
formam parte de uma personalidade infantil em formação. Sua correção é responsabilidade dos
pais, junto com os educadores nos centros de ensino, exceto nos casos de perturbações de nível
patológico que requerem assistência profissional especializada. Os pais devem procurar
entender por que um filho se porta mal e ajudá-lo a corrigir sua conduta, através de passos
coerentes e consecutivos que incluem a persuasão, a advertência, vias não violentas de castigo
e formas de premiar que incentivem a criança a perseverar no bom caminho. O complemento
fundamental deste acompanhamento compreensivo e constante é a firmeza em sua aplicação.
Sem este ingrediente básico desaparecerá a utilidade do plano da EP que explicamos. Firmeza
significa exercer a autoridade paterna sem interrupção nem claudicações. Um pai que cede por
pena ou desalento ao ver que seu filho não atua ou reage da forma requerida, sob uma medida
corretiva, fracassará em sua responsabilidade educativa. Quando uma medida não surte o efeito
buscado, se recorre à seguinte, de acordo com os passos que detalhamos. Do contrário, a
vacilação ou o desânimo paterno é transmitido ao filho, induzindo-o ao desconcerto ou a
aprofundar suas condutas impróprias. Da combinação permanente e ordenada de compreensão
carinhosa e firmeza corretiva por parte dos pais, dependerá que o plano de EP se converta em
um instrumento útil para criar filhos responsáveis e com uma personalidade sadia. A EP bem
aplicada transmite aos filhos a mensagem de que os pais se preocupam por seu bem estar atual
e futuro e que tudo o que fazem, mesmo o que não agrada às crianças, é para o seu bem. Isto
ajuda os filhos pequenos a desenvolver o controle de suas emoções e a aplicar cada vez mais o
raciocínio em seus atos. A criança orientada neste caminho se dirige a uma adolescência
equilibrada e a uma vida adulta madura. A infância bem orientada pelos pais é o primeiro grande
passo na busca da felicidade ao longo da vida. A felicidade está determinada por um bom manejo
das necessidades e pela abundância de carinho, sabendo discriminar o imprescindível do
supérfluo. 93

100 SITUAÇÕES ATÍPICAS O êxito desta busca depende de que cada pessoa seja orientada
desde seus primeiros anos ao máximo aproveitamento de suas boas qualidades e a renunciar a
desordem que se dá por uma vontade que também tende ao egoísmo e uma inteligência que
também tende a ser superficial. Na aprendizagem de como ser bom e obter êxito, desempenha
um papel decisivo o crescimento reto sob a orientação da vara ou tutor paterno que descrevemos
no começo deste livro. Nessa tarefa difícil, mas essencial de encaminhar à criança a uma vida
de retidão, a EP ajuda aos pais. Mas é apenas um instrumento que lhes é oferecido. Sua utilidade
depende, como com todo instrumento, de que o utilize correta e adequadamente. A
responsabilidade principal recai nos próprios pais. Seu esforço responsável por educar seus
filhos com carinho, constância e firmeza dia após dia é o que produzirá filhos maduros e os
ajudará a ser felizes. 94

101 TERNURA E FIRMEZA COM OS FILHOS ALEXANDER LYFORD-PIKE Seu filho passa
horas em frente à televisão, você observa-o, balança a cabeça, vai e se coloca entre ele e a TV.
Já tentou de várias formas: irritado, compreensivo, brincando e mais uma vez volta a dizerlhe A
que horas irá fazer a tarefa? então seu filho lhe diz que saia de frente, que fará, que daqui a
pouco vai, que hoje não lhe deram nenhuma tarefa, que faça silêncio porque o programa está
muito interessante ou que o deixe em paz. Com caricaturas educativas e cenas quotidianas
extraídas da realidade familiar e escritas em forma de diálogos entre pai ou mãe com os filhos,
Lyford-Pike, exemplifica e a seguir reflete sobre as atitudes tanto dos filhos com os pais como
dos pais para com os filhos. Como ser terno e firme sem ser autoritário nem tampouco
consentidor, em que momento dizer sim ou dizer não, até onde tolerar as más condutas. O pai
ou mãe de família encontrará técnicas, conselhos e um guia que lhes ajudará no ofício diário de
ser pais, na tarefa diária de formar aos filhos. Falar claro, respaldar as palavras com atos e
estabelecer as regras do jogo são os três princípios que fundamentam o sistema proposto pelo
autor: Educação com Personalidade (EP). Das mãos da ternura e da firmeza dos pais às mãos
dos filhos. Foi escrito com a experiência diária da convivência com os filhos, com as crianças,
seja como pai seja como profissional e especialista, mas dirigido aos pais de família. Alexander
Lyford- Pike, destacado médico psiquiatra, é Diretor e fundador do Instituto de Psiquiatria e
Psicologia de Montevidéu; Presidente da Sociedade de Psiquiatria Biológica do Uruguai; Membro
Corresponsal da American Psychiatric Association e Membro Honorário da Associação Argentina
de Transtornos da Ansiedade, além de ser um grande motivador e promotor de grupos de estudo
e trabalho sobre educação e família.

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