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sociedade, como em grande parte do mundo, existe atualmente uma crise de autoridade da
família. Esta crise tem três graves efeitos: Por um lado, deteriora ao papel da instituição familiar
como núcleo básico da organização social. Por outro, prejudica a formação de crianças e jovens
para uma vida adulta proveitosa. Esta fraqueza formativa, por sua vez, impossibilita aos jovens
de hoje para educar à geração seguinte, isto é, seus próprios filhos, acentuando um progressivo
deterioro em cadeia para a decadência da sociedade. Para evitar esta catástrofe é necessário o
exercício correto do princípio de autoridade. Quando os pais não conseguem marcar limites
claros a seus filhos, deixam de cumprir sua obrigação de transmitir-lhes uma imagem positiva
com perfis bem definidos. Este incumprimento priva aos filhos da orientação que buscam e
necessitam de seus pais e educadores: pontos de referência e modelos de conduta e
aprendizagem. A autoridade paterna cumpre sua função educativa quando é exercida com
carinho, estímulo e paciência. A ausência destes requisitos essenciais a converte em um
autoritarismo cujas consequências são tão perniciosas como a equivocada permissividade que
invadiu tantas sociedades modernas. Correntes de pensamento de diferentes tipos ajudaram a
debilitar a autoridade dos pais. As idéias liberais e materialistas, representadas em grande parte
por Jean Jaques Rousseau, impulsionaram o conceito de que o homem é bom por natureza,
entretanto o processo de socialização o perverte. Incidiram também a aplicação parcial de
aspectos da psicologia, especialmente a insistência em que reprimir às crianças é causa de
traumas posteriores. Este conceito ambientou uma tolerância quase total na conduta das
crianças, contrariando a realidade de que sua formação exige precisamente o oposto. Desde a
mais tenra infância devemos aprender a colocar limites aos filhos. Quando a família não o
consegue, é muito provável que tampouco o corrija a sociedade. 5
12 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Para algumas correntes em psicologia, corrigir aos
filhos é reprimi-los, isto é, criar-lhes traumas. Este conceito que vai contra o sentido comum
ambientou uma permissividade quase total em nossa sociedade contemporânea, que
desorienta aos pais e colabora a que a imaturidade humana se prolongue eternamente. Até as
primeiras décadas do século XX os filhos seguiam padrões de conduta herdados de seus pais, os
quais, por sua vez, os haviam recebido das gerações prévias. Estas normas cobriam desde temas
de comportamento, como o vestuário, a atitude na mesa ou a idade de fumar, até a crucial
formação moral. Sua aplicação não foi inalterável mas adaptada gradualmente às mudanças da
realidade social de uma geração a outra. Este processo educativo foi varrido por idéias e
convulsões sociais que conduziram à atual situação crítica em muitas famílias. As crianças
necessitam e buscam normas, critérios e modelos claros em seus pais. As falhas das famílias
neste campo geram potencialmente transtornos graves de conduta em crianças e jovens, que
podem chegar, em alguns casos, a atitudes anti-sociais. O exercício da autoridade de forma
afirmativa e responsável ajuda decisivamente na educação dos filhos por seus pais dentro
núcleo familiar. A autoridade assertiva ou afirmativa significa a permanente colocação em
prática dos direitos e obrigações mútuas entre pais e filhos, de maneira equilibrada e flexível. 6
13 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE A missão principal da vida é levar adiante à família.
Devem recordar, especialmente os homens, que seus filhos são o principal negócio a atender. É
impossível ser feliz, se se fracassa em levar adiante a família. Se os pais cumprem sua obrigação
de formar a seus filhos, estes percebem clara e proveitosamente os limites de seus direitos e os
alcances de suas obrigações nas diferentes etapas de sua formação e crescimento. Este
equilíbrio se consegue exclusivamente através do exercício paterno da autoridade. A ausência
dela o converte em um barco à deriva. O autoritarismo impõe um contraproducente excesso
repressivo. Mas a autoridade assertiva, ou seja, exercer a autoridade paterna na forma que mais
ajudará ao filho na formação de sua personalidade, não apenas não se opõe à liberdade que
proclamam os partidários da permissividade, mas a alenta e fortalece ao dar-lhe a base sólida
de uma personalidade desenvolvida no bom caminho. O conceito latino de auctoritas significa
sustentar para crescer. Em seu sentido próprio e rigoroso, a autoridade se exerce finalmente em
função da liberdade. A autoridade favorece que a liberdade individual não tolha as liberdades
coletivas nem as de outros indivíduos. Exercida em forma autêntica, é sempre um serviço à
liberdade. Não é um conceito abstrato e isolado. Não é abstrato porque se exerce no que agir
quotidiano. Não é isolado porque apenas pode ser exercida em função da liberdade individual e
coletiva. 7
15 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Mediante uma educação que conjuga a ternura com
a firmeza, se consegue a ordem e harmonia da personalidade, estimulando as tendências de
integração social ao mesmo tempo que desmotivando as condutas anti-sociais. Se isto acontece
em um nível de vida elementar como a vegetativa, onde não existe a necessidade de locomoção
e discernimento para nutrir-se, crescer e reproduzir-se, a importância dessa vara ou tutor é
muito maior na pessoa, que integra em si própria tanto a vida vegetativa como a vida animal e
intelectual. No caso do ser humano, essa vara de respaldo que guia seu crescimento reto exige
características de adaptabilidade, flexibilidade e firmeza. Ser vara ou tutor equivale ao exercício
da autoridade no caso dos pais, sustentando para evitar desvios ou para corrigi-los se aparecem.
Esta função de autoridade significa sustentar para crescer. Ensinar a crescer é conseguir que os
filhos aprendam a aproveitar as experiências dos pais de maneira favorável e operativa em sua
própria vida, em um clima de liberdade e responsabilidade. 9
16 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Arvore que cresce torta, nunca se endireita. O
exercício da autoridade por parte dos pais, é como tutor que ajuda a árvore recém plantada:
assegura que cresça direito. A operatividade significa para os filhos alcançar uma capacidade de
escolha justa e equilibrada dentro das possibilidades que enfrentarão ao ir crescendo em suas
próprias vidas. Saber optar, escolhendo o bem para suas vidas, é saber ser livres. Na interação
que se estabelece com os filhos, os pais cumprem permanentemente uma ação formativa. Dado
que esse processo é contínuo, se corre o perigo de que a autoridade se desgaste. Este perigo é
mais notório nas mães, que são aquelas que geralmente passam mais tempo com os filhos. A
forma de evitar esse desgaste é o bom exercício da autoridade. Uma forma prática de exercê-la
é através da denominada EP. A EP deve estar presente sempre no processo de formação e
educação de um filho. É um erro esperar que as crianças se tornem ingovernáveis ou que
tenham fracassado os meios de comunicação com eles tentados por outras vias. A autoridade
está na própria natureza do processo educativo. 10
17 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE É um erro esperar a que as crianças tenham se
tornado ingovernáveis..., para corrigi-los. Há que atuar já em sua primeira infância. Esta realidade
é deixada de lado, às vezes, como consequência de um grave erro antropológico de partida, ao
desconhecer a desordem inata que todos temos conosco, que nos conduz frequentemente a não
fazer o que queremos fazer e a fazer aquilo que não queremos fazer. A desordem que existe na
natureza humana facilita com que a inteligência se obscureça e a vontade se enfraqueça,
impedindo que a consciência psicológica consiga seu fim proposto. Se nasce com este germe
de decomposição de tipo anti-social. Isto se percebe especialmente nas crianças menores,
quando mostram explosões de crueldade em seus jogos e intercâmbios com seus pares (como
o caso de outra criança com algum defeito físico) ou com seus próprios pais. 11
19 NÃO HÁ EDUCAÇÃO SEM AUTORIDADE Este último caso pode ser o de um garoto drogado
ou com um distúrbio grave de personalidade. Ambos exemplos refletem, talvez em grau extremo,
a presença nas pessoas do germe do amor e do ódio, do bom e do mau, de construir e de
destruir. É, por exemplo, uma constante dentro das famílias com filhos drogados a falta de limites
por parte dos pais na formação inicial da criança. E quando a família não consegue impor limites,
é muito difícil que a sociedade possa fazê-lo mais tarde. A educação é, em grande medida, um
meio para estabelecer a ordem entre as potências encontradas que existem na personalidade
de uma criança. E será o exercício de uma educação firme por parte dos pais (assim como
também dos educadores) o que canalizará dentro da pessoa seus instintos anti-sociais, levando-
os a ser pessoas úteis e que se integrem à sociedade harmonicamente e de uma maneira
positiva. Este exercício adequado da autoridade é facilitado com a aplicação da EP. Em todas
as pessoas encontramos a presença do germe do amor e do ódio; do bom e do mau; de construir
e de destruir. Desconhecer esta desordem inata é um grave erro antropológico. 13
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32 UM CAMINHO EM TRÊS ETAPAS Esta ação foi adequada e de acordo com um plano de EP.
Mas comete um erro quando não segue o mesmo caminho no trato contínuo com os filhos, isto
é, quando não aplica de forma ordenada e contínua as etapas da EP. Conseguir mudanças de
condutas e hábitos não é um processo fácil nem repentino. Inclui múltiplos fatores que por sua
vez se combinam de diferentes maneiras. O objetivo deste material não é impor aos pais normas
rígidas e infalíveis mas apresentar-lhes pontos de referência e apoio na difícil tarefa de educar
aos filhos. Os pais devem ter em conta, ao utilizar as técnicas sugeridas, que sua própria
capacidade de persuasão é a arma mais efetiva para alcançar o nível necessário de
comunicação com seus filhos. O plano de EP foi escrito para pais com filhos menores que não
registrem alterações graves de conduta até seu ingresso à adolescência. A partir do período
adolescente, ainda que o plano continue sendo muito importante, a autoridade dos pais será o
resultado do prestígio que tenham sabido conquistar ante seus filhos. Conseguir mudanças de
condutas e hábitos não é um processo fácil nem repentino. Os pais devem ter em conta que sua
própria capacidade de persuasão e afeto é a arma mais efetiva para obtê-los. Algumas atitudes
paternas revelam que se declararam vencidos muito cedo. Nos casos de crianças com problemas
graves de conduta, a EP também pode ajudar, mas jamais deve substituir a atenção profissional
ou de grupos especializados de orientação e apoio. As condutas graves são as que não se
conseguem modificar com a aplicação do sentido comum e das sugestões contidas neste livro
ou em outros manuais práticos para o assessoramento tanto dos pais como dos demais
educadores de crianças. 26
33 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO O QUE NÃO DEVE SER FEITO Antes que comece a
controlar-se melhor para conduzir a conduta inadequada de seus filhos, é conveniente avaliar a
forma que você responde habitualmente quando estes não o escutam ou o tiram do sério,
levando-o a uma sensação de frustração e impotência. A maioria dos pais não se dão conta de
quão ineficazes são, as vezes, suas reações ante um comportamento indesejável de seus filhos.
Com frequência não percebem que sua maneira de responder estimula aos filhos a manter e até
acentuar uma conduta inconveniente. Tais respostas ineficazes dos pais se agrupam em duas
categorias: Inseguras Hostis ou agressivas Se você é como a maioria dos pais, com segurança
reconhecerá algumas das respostas que apresentamos nos exemplos deste capítulo. 4.1
RESPOSTAS INSEGURAS As respostas inseguras fracassam porque os pais não estabelecem
claramente a seus filhos o que esperam deles e, se o fazem, não estão preparados ou dispostos
a respaldar suas palavras com fatos. Uma resposta é insegura quando não transmite à criança
de forma precisa, facilmente compreensível e firme o que se espera que faça. Quando os pais
agem desta maneira, estão abrindo a porta para que os filhos ignorem suas palavras e até se
aproveitem deles, porque lhes comunicam, mesmo sem darse conta, que não estão falando a
sério ou que carecem da fortaleza requerida para corrigilos. Os exemplos seguintes, de respostas
paternas tipicamente não assertivas frente à conduta indesejada dos filhos, mostram a razão
pela qual este tipo de respostas não funciona. Afirmação ineficaz Mãe: Te pedi que arrumasse
seu quarto, mas ainda não o fez. A criança continua sem cumprir o pedido de sua mãe, ante o
qual esta repete frustrada: Não liga para o que eu falo. 27
34 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO A simples comprovação de uma conduta inadequada da
criança, leva com frequência a que os pais, desconcertados, pretendam averiguar os motivos do
comportamento impróprio. Isto só debilita sua posição, posto que o pequeno não sabe ou não
quer manifestar por que atua desse modo. Se se persevera nesta atitude, em vez de educar se
passa a negociar de igual para igual, o que é inadmissível Este tipo de respostas, além de
evidenciar que muitos pais sentem que é útil fazer ver ao filho que não está se portando
adequadamente, supõem também que as crianças não são conscientes de que estão atuando
mal e que, se o soubessem, parariam com sua conduta inconveniente. Na realidade, a maioria
dos filhos são plenamente conscientes de que estão fazendo algo inadequado. Dizer-lhes
somente o que estão fazendo mal constitui uma mensagem incompleta, porque não transmite de
forma clara e definida o que você realmente quer que façam e quando devem fazê-lo. O pedido
materno para que a criança ordene seu quarto seguido apenas por queixas porque não lhe dá
importância, dilui a instrução e lhe tira força, deixando margem para que o filho a ignore. A
resposta indefinida da mãe converte em ineficaz a comprovação insegura da desobediência do
filho. 28
35 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Perguntas (frequentemente seguem a exemplos como o
anterior) Depois de limitar-se a uma constatação passiva da conduta inadequada da criança,
muitas vezes os pais, cansados ou desconcertados, agravam o caráter frágil de sua atuação:
Por que se comporta mal comigo? ou Por que não liga para o que eu falo?. O pedido paterno
não funciona porque raramente o filho pode ou quer explicar-lhe o motivo de seu comportamento
impróprio, ou a razão pela qual não dá importância. Ante perguntas deste tipo, muitas crianças
limitar-se-ão a balançar os ombros, indicando que não sabem por que se comportam mal ou não
dão importância. A maioria dos pais pensam que se podem determinar a causa da conduta
improcedente de seus filhos, recebendo deles uma explicação, estarão induzindo-lhes a
reconhecer seus erros e deixar de cometê-los. A maioria dos pais pensam, equivocadamente,
que se podem determinar a causa da conduta improcedente de seus filhos, recebendo deles
uma explicação coerente, os estarão induzindo a reconhecer seus erros e a deixar de cometê-
los. A imaturidade psicológica dos filhos os impossibilita para isso. 29
36 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Apesar de que este princípio tem uma base razoável, na
prática as coisas são mais complicadas. As crianças pequenas geralmente não sabem ou não
podem explicar por que se estão portanto de determinada maneira. As respostas inseguras de
seus pais em forma de pergunta, certamente não os ajudarão a compreender ou perceber o
motivo de seu erro. Outro exemplo deste tipo: Criança (ao sair de casa para a de um amigo
vizinho, sem terminar os deveres do colégio): Até logo, mamãe. Mãe (exasperada): Quantas
vezes tenho que dizer-lhe que termine seus deveres?. As indicações em forma de pergunta, não
apenas não transmitem claramente o que se espera dos filhos, mas que também manifestam
falta de convicção, fraqueza ou insegurança por parte de quem as faz. A pergunta da mãe é
insegura porque apenas transmite o desgosto materno sem expressar autoridade ou orientação.
Obviamente ela não espera que seu filho lhe responda necessito que me diga nove vezes, mas
está apenas expressando fraqueza através de sua frustração. A reação assertiva da mãe deve
ser: proibi-lo de sair até que termine os deveres. 30
37 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Uma situação semelhante se dá neste diálogo: Criança
(depois de quebrar uma janela com uma bolada): Papai, o vidro quebrou. Pai (irritado): Você
sabe quanto custa um vidro novo?. É claro que o pai não espera que seu filho lhe informe o preço
do conserto da janela, mas sua reação insegura através da pergunta não chega a transmitir-lhe
a verdadeira mensagem: que um descuido irresponsável em seu comportamento está causando
um prejuízo econômico à família. As perguntas inseguras refletem o fato de que as crianças
sabem como tirar os pais do sério quando estes se mostram incapazes de atuar com firmeza.
Súplica A súplica à criança, pedindo-lhe que seja compreensiva e se apiede do adulto, transmite
uma imagem paterna de fragilidade e debilidade, que induz à desobediência e à desvalorização.
Se perde assim prestígio, autoridade e não se lhes apresenta um modelo atraente para ser
imitado. 31
38 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Mãe: Venha deitar-se. Filho: Não tenho sono. Mãe: É tarde e
eu estou cansada. Por favor, vá se deitar. Filho: Mas não estou cansado. Mãe: Mas eu sim. Por
favor vá dormir. Quando os pais suplicam, estão pedindo a seus filhos que lhes tenham
compaixão. Isto não costuma ser razão suficiente para que deixe de comportar-se de forma
imprópria, porque não compreendem a magnitude do cansaço de um adulto, que é diferente do
deles. Pior ainda, a súplica para que seja compreensivo e se apiede do adulto, lhe transmite uma
imagem paterna de fragilidade e fraqueza que induz à desobediência. Ignorar a desobediência
Igualmente inseguro é dar ao filho uma ordem específica para que se comporte corretamente e
depois fazer-se de desentendido se não obedece. Quando um pai dá uma ordem e o filho não a
cumpre, é indispensável tomar medidas para que seja obedecida. O contrário é como dizer-lhe:
tenho que dar-lhe esta ordem, mas se não me dá importância, não se preocupe porque não lhe
acontecerá nada. Por exemplo: Mãe: Cecília, deixou todo molhado o piso do banheiro. Venha
secá-lo. Cecília: (recostada em um sofá, lendo uma revista): Sim, mamãe, já vou. Mãe (vários
minutos depois): Cecília, te disse que deixasse essa revista e fosse secar o banheiro!. Cecília:
Já vou, já vou, deixe-me terminar de ler!. Passa mais tempo e Cecília no sofá lendo. A mãe a vê
da cozinha, mas, vencida, continua com seu trabalho como se não tivesse percebido que Cecília
não a obedeceu. Quando você tenta disciplinar seus filhos e depois faz a vista grossa, está lhes
ensinando a não o escutar nem lhe dar importância. Se der ordem, assegure-se de que seja
cumprida. Do contrário, enfraquece sua autoridade e reduz a utilidade de sua função educativa.
Alguns pais se sentem incapazes de colocar ordem na conduta de seus filhos ou foram
derrotados em tentativas prévias de fazê-lo, motivo pelo qual optam por ignorar o que devem
corrigir. 32
39 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Dar uma ordem sem verificar que seja cumprida, é como dizer
à criança; tenho que dar-lhe essa ordem..., mas se não obedecer, não se preocupe porque não
lhe acontecerá nada. Proceder assim é minar a educação em suas bases. Por exemplo: Uma
senhora visita a uma amiga cujo filho de doze anos ligou o aparelho de som em seu quarto com
um volume ensurdecedor. Amiga: Como aguenta esse ruído?. Mãe: O que posso fazer? Pedi a
Augusto até me cansar que ouça a música num volume baixo e nunca me dá importância. É
como se falasse com a parede e ele me venceu pelo cansaço. Os exemplos dados, que
constituem apenas algumas das muitas situações similares que se apresentam na relação
quotidiana entre pais e filhos, mostram respostas paternas inseguras que vão desde frases
indiretas e pouco claras até passar por alto o comportamento inconveniente. Estas atitudes dos
pais refletem ignorância de como expressar uma ordem precisa, debilidade em assegurar seu
cumprimento e, finalmente, darse por vencidos. As três linhas mencionadas de atitude paterna
prejudicam aos filhos. 33
40 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO 4.2 RESPOSTAS HOSTIS OU AGRESSIVAS A hostilidade
ou a agressão constituem o segundo tipo de respostas estéreis. Representam uma mistura
equivocada de autoritarismo e exasperação dos pais para conseguir que seus filhos se
comportem de forma adequada. As formas verbais que diminuem aos filhos, transmitem uma
hostilidade ou agressão por parte dos pais, que representam uma mistura equivocada de
autoritarismo e exasperação. Atitudes como estas podem levar inicialmente à submissão e
depois à rebeldia. É uma forma improdutiva e até perigosa de atuar porque não consegue que
um filho entenda as razões pelas quais deve portar-se bem em seu próprio benefício e ignora,
além disso, as necessidades e sentimentos das crianças. A resposta hostil ou agressiva afasta
ao filho porque o faz sentir-se recusado por seu pai. 34
41 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Quanto mais gritar com seu filho, mais transmitirá sua perda
de controle e debilidade, fazendo com que sua mensagem careça de autoridade. As crianças,
com uma capacidade intuitiva extraordinária, captam o descontrole; isto os convida a colocar-se
em uma luta de poderes que obstaculiza o normal processo educativo. Seguem alguns exemplos
de respostas hostis em que os pais costumam cair com frequência. Formas de inferiorizá-los:
Você me deixa louca. Você me deixa doente. Você é um desastre. Você é um sem-vergonha
irresponsável. 35
42 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Quando na comunicação os pais transmitem seus estados
interiores, estão sepultando sua própria imagem, o que incentiva à rebeldia e à desobediência.
Ameaças sem conteúdo: Você vai ver só. Você me pagará por todas de uma só vez. Estas
ameaças muitas vezes acontecem depois de frases paternas como: se continuar comportando-
se mal vou... ou se brigar novamente com seu irmão vou.... Estas frases implicam ignorar a falta
original, atitude incorreta agravada pela ameaça pouco realista de uma forma indefinida e
imprecisa de castigo. As ameaças podem assumir formas diversas, mas observamos que a
maioria das crianças aprendem a uma idade precoce que frases como: se voltar a fazer isso,
vou... não costumam ser levadas a sério pelos pais que as formulam, os quais, na realidade,
terminam por não cumprir o castigo prometido. As crianças aprendem a não dar importância a
mensagens deste tipo e continuam portando-se como acham melhor. As respostas hostis e
agressivas costumam gerar sentimentos negativos entre você e seus filhos, portanto é
importante evitá-las. Quanto mais gritar com seu filho, mais ineficaz será. Os gritos lhe informam
claramente que você perdeu o controle de si próprio e da situação e que ele, em troca, ganhou
terreno. 36
43 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Ante ameaças sem conteúdo, a maioria das crianças
aprendem a uma idade precoce que não devem levá-las a sério, já que são a arma dos pais
fracos, sem recursos e como que tomados por surpresa. Uma idéia primordial é que nada do que
fazem as crianças deve surpreender-nos. Educar é ir adiante. Castigos excessivos Muitas vezes,
os pais se excedem ao castigar seus filhos. Quando se dão conta de que o castigo é
excessivamente severo, muitas vezes têm que voltar atrás, o que também dá a criança uma
mensagem de fraqueza e inconsistência paterna. O castigo consiste sempre em tirar da criança
algo que lhe doa perder ou impor-lhe fazer algo que o contraria. O castigo pensado de antemão
e com tranquilidade pelos pais e proporcional à conduta imprópria que se busca corrigir, é
geralmente útil. Mas muitas vezes é um desabafo em um momento de raiva ou frustração, em
vez de uma medida corretiva bem planificada. 37
44 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Por exemplo: João, de doze anos, tinha ordem de voltar para
sua casa às 8 da noite, mas chegou da casa de seu amigo às 11, quando seus pais já se
preparavam para ir dormir. Seu pai, enfurecido, gritou-lhe que era um vagabundo inútil e que,
exceto para ir ao colégio, não sairia de casa durante um mês. Na mesma semana, a mãe
suspendeu o castigo e comentou com uma amiga: Não o agüentava mais dentro de casa, todo
o tempo incomodando e dizendo que estava aborrecido e eu não sabia o que fazer! Seu pai
também não suportava mais. O castigo deve ter um começo e um final. Quando é excessivo, é
frequente que os pais voltem atrás, passando assim a mensagem de que não é preciso levá-los
a sério por sua própria incoerência. O resultado claro e bem definido deste castigo excessivo,
imposto em um momento de raiva paterno, de forma desordenada e impulsiva, foi que João
chegou à conclusão de que os castigos que lhe impunham seus pais não eram a sério e que não
tinha por que preocupar-se no futuro. 38
45 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO Castigos físicos Os puxões de cabelo, beliscões, empurrões
ou golpes são quase sempre resultado de uma explosão paterna impensada, com efeito negativo
sobre a educação da criança. Estes percebem claramente que os gritos fortes, os castigos
extremamente severos que depois não são cumpridos em sua totalidade e os castigos físicos,
indicam que um pai não pode conseguir o comportamento adequado do filho ou que não é capaz
de manter-se firme na demarcação de limites. Costuma ocorrer que um pai que foi incorreto,
submisso e permissivo com seus filhos exploda um dia e descarregue sua frustração com
qualquer uma das muitas formas de agressão física. O que tem um efeito ainda pior, já que
desconcerta ao filho pela oscilação de sua atitude entre extremos igualmente inconvenientes.
Normalmente, a agressão física pode ser uma explosão paterna não meditada, com um efeito
negativo sobre a educação da criança, que o faz sentir-se recusada. Este distanciamento
obstaculiza uma boa comunicação, baseada no afeto, que dá fundamento às chamadas surras
bem dadas. 39
46 O QUE NÃ0 DEVE SER FEITO É importante esclarecer que uma surra bem dada, que foi
pré-avisada como eventual castigo a uma falta de comportamento e que não responde à
explosão descontrolada de um pai mas a um calculado esforço corretivo, costuma ser altamente
eficaz. Mas como regra geral, não convém chegar à agressão física. 40
49 COMUNICAÇÃO EFETIVA Os casos que se seguem exemplificam esta forma de atuar: Pai
(com calma e firmeza diz ao filho que lhe argumenta que tem vontade de continuar brincando):
Entendo-lhe que queira continuar brincando, mas já é hora de comer e quero que guarde esses
brinquedos em seu lugar IMEDIATAMENTE. Mãe (da sala para sua filha, que está em seu quarto
falando ao telefone): Andréia, já terminou os deveres?. Andréa (de seu quarto): Não, mamãe,
estou falando no telefone com Paula. Mãe (caminha até o quarto de sua filha, se senta a seu
lado na cama e lhe diz de maneira calma e firme): Andréa, quero que desligue JÁ e termine seus
deveres AGORA MESMO. Faltam quinze minutos para servir o jantar. A mãe entra no quarto de
seu filho de sete anos, onde há brinquedos esparramados pelo chão. Mãe: Pedro, o jantar está
quase pronto. Arrume seu quarto A SEGUIR E EM DEZ MINUTOS venha sentar-se à mesa. 5.2
MENSAGENS SEM PALAVRAS Para transmitir à criança sua mensagem assertiva, clara e
inequívoca, é necessário complementar o uso das palavras com a forma adequada de expressá-
las. Se quando você ordena a seu filho que arrume seu quarto, AGORA MESMO!, o faz gritando
e com raiva, lhe mostrará um descontrole autoritário que torna negativo o resultado de sua
mensagem. Para que sua instrução tenha o necessário bom efeito, é tão importante o que diz a
seu filho como a forma que diz. Para conseguir esse melhor resultado e que as palavras
adequadas tenham maior força de comunicação observe os pontos seguintes: Não peça algo
nem dê uma ordem gritando. Fale sempre em tom firme, mas calmo. Transmita sua tranqüilidade
ao dar uma ordem ou instrução, isto comunicará à criança que você controla a situação. Sempre
fale a seus filhos olhando-os nos olhos. O contato visual é fundamental para a comunicação
humana. Olhar às crianças nos olhos, enquanto falamos com elas, aumenta a eficácia de
qualquer mensagem, ao refletir, o olhar, o carinho e a firmeza que há por trás do que um pai está
lhes dizendo. 43
51 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pegar a criança pelo braço com violência para sacudi-lo ou
beliscá-lo ou, inclusive, colocar seu dedo indicador estendido frente a sua cara enquanto lhe dá
uma instrução, debilita a mensagem que você quer transmitir e que quer que seja entendida por
seu filho. Se este o obedece por submissão atemorizada, sua mensagem fracassou. A criança
deve obedecê-lo porque entende que assim deve fazê-lo, não porque está assustada ou
simplesmente para safar-se de uma situação de isolada repreensão paterna. Se a reação da
criança é pensar melhor fazer o que me dizem até que passe o tormento, a mensagem paterna
foi mal expressada. A forma paterna de expressar a mensagem é induzilo à conclusão de que
papai evidentemente fala sério, e deve ter razões para isto e, ainda que não me agrade, melhor
fazer o que me manda. Este importante resultado favorável se consegue estabelecendo um
contato físico que lhe transmita a calma, o carinho e a firmeza do pai ou da mãe, jamais uma
irritação agressiva que apenas o atemoriza ou o induz a uma rebeldia ainda maior. Por exemplo,
se você coloca sua mão sobre o ombro da criança enquanto lhe fala, olhando-a nos olhos,
fortalecerá sua mensagem porque estará transmitindo sua firme sinceridade em ajudá-lo e não
de agredi-lo ou descarregar a própria frustração paterna. EM MUITOS CASOS, A MÃO DE UM
PAI SOBRE O OMBRO DA CRIANÇA TERÁ MAIS PESO E SIGNIFICADO QUE AS PALAVRAS.
Em muitos casos, a mão de um pai sobre o ombro da criança terá mais peso e significado que
as palavras. A calma, o carinho, e a firmeza que lhe transmite o contato físico, o predispõe a
compreender e a aceitar as mensagens paternas. 45
53 COMUNICAÇÃO EFETIVA Voltando ao exemplo de Ricardo: Mãe: Ricardo, por favor, pode
recolher seus brinquedos? (argumento do que você quer). Estão jogados por todo o quarto.
Ricardo: Por que eu sempre tenho que juntá-los? Alberto nunca os junta. Mãe (com voz
tranqüila): Esse não é o tema. Eu quero que você recolha os brinquedos. (repetição, disco
riscado). Ricardo: (acalmando-se): Está bem, já lhe escutei, já os recolho. O disco riscado Em
geral, os adultos ignoramos que é impossível ganhar uma discussão de uma criança. Para ajudá-
lo a evitar que seus filhos o levem a discussões inúteis, e pelo contrário, manter-se em seu
objetivo, a técnica do disco riscado é um meio muito útil. 47
54 COMUNICAÇÃO EFETIVA Os seguintes, são uma série de diretrizes para o uso do disco
riscado quando seus filhos discutem: - Determinar claramente o que quer que seu filho faça. Por
exemplo: Eu quero que recolha os brinquedos. - Continue repetindo o que você quer quando seu
filho argumenta. Não responda a nenhum de seus argumentos. - Se depois de usar o disco
riscado numa medida razoável seu filho ainda não faz o que você quer, deve estar disposto a
apoiar suas palavras com ações. O exemplo que segue mostra como aplicar esses parâmetros
e integrar os gestos à técnica do disco riscado : Pai (olhando-o nos olhos e com uma mão sobre
seu ombro): Raul, pare de incomodar seu irmão (estabeleceu especificamente o que quer). Raul:
Não é culpa minha, ele que começou. Pai (com firmeza): Esse não é o ponto. Você vai deixar de
incomodar seu irmão (disco riscado). Raul: Por que sempre você só chama minha atenção?. Pai
(calmamente): Raul, você vai deixar de incomodar seu irmão (disco riscado). Se não deixar de
incomodá-lo, ficará de castigo até a hora de deitar-se. Raul: Por que implica comigo?. Pai
(calmamente): Raul, se voltar a incomodar seu irmão estará de castigo até a hora de deitar-se
(disco riscado). TÉCNICA DO NEVOEIRO Busca conseguir que os filhos não os tirem do sério,
fazendo-se de surdos a suas atitudes e argumentos provocativos, cuja finalidade é fazer com
que os pais percam o domínio de si próprios e da situação. Usemos seu nome metaforicamente
pelo fato de isolarse das intenções manipulativas da criança, como acontece quando uma pessoa
ou um barco penetra em um nevoeiro e fica isolado do que o rodeia. Por exemplo: Ricardo: Você
é malvada!. Mãe: (calmamente): Pode ser que para você pareça que sou malvada (nevoeiro).
Ricardo: Sempre zomba de mim. Mãe: Pode ser que você acredite que sempre zombo de você
(nevoeiro). 48
55 COMUNICAÇÃO EFETIVA Essa técnica, combinada com a do disco riscado, favorece, por
um lado, não reagir à crítica do filho e a evitar ser desviado do objetivo. Por outro, conseguir que
responda à ordem. Por exemplo: Mãe: Recolha seus brinquedos. Ricardo: Você é malvada.
Sempre eu tenho que juntá-los. Mãe (com calma): Pode ser que você acredite que sou má
(nevoeiro), mas recolha seus brinquedos (disco riscado). Ricardo: Sempre me perseguindo. Mãe
(com calma): Pode ser que você acredite que eu fico lhe peseguindo (nevoeiro), mas recolha
seus brinquedos (disco riscado). É muito provável que esta mensagem penetre e Ricardo
obedeça. Quando se associa a técnica do nevoeiro à do disco riscado, os filhos ficam sem
argumentos e não se distraem da mensagem que se lhes quer transmitir. Por outra parte, ajuda
aos pais a manter a serenidade e a calma, tão necessárias para formar filhos com personalidade.
49
60 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai: Estou seguro de que tem essa sensação porque senão
haveria vindo jantar a tempo. Mas não me importa de quem seja a culpa. A única coisa que quero
é que esteja aqui à hora de jantar (nevoeiro e disco riscado). 54 Filho: Tá bom. Pai: Você me
disse isso a última vez que falamos. Não acredito quando o diz dessa maneira, como se estivesse
tratando de encerrar o assunto e nada mais. Filho: Não, de verdade, não voltará a acontecer.
Pai: Vamos esclarecer as coisas. Explique-me por que tem a sensação de não poder chegar em
casa à hora de jantar (compromisso viável). Filho: Não vai entendê-lo. Pai: Talvez não, mas
tentarei (asserção negativa). Filho: O que acontece é que me dá vergonha de voltar para casa
antes que os outros amigos. Pai: O que lhe envergonha de voltar para casa antes que os outros?
(interrogação negativa). Filho: Que me chame para voltar cedo para casa me faz sentir criança.
Pai: Que há no fato de que lhe chame, mais que lhe faça sentir criança? (interrogação negativa).
Filho: Para os outros, seus pais não os fazem voltar para casa às oito e meia. Pai: É que não
jantam?. Filho: Ah, não sei. Pai: Jantarão mais tarde que nós, ou seus pais não se importam se
seus filhos jantam ou não. Que acha que pode ser?. Filho: Que jantam mais tarde. Pai: Bom,
amanhã, se você for o último a voltar para casa, observe o que dizem os outros quando se vão
(compromisso viável). Filho: Para quê?. Pai: Quero saber a que hora vão jantar os outros
(compromisso viável). Filho: Talvez fiquem até mais tarde. Pai: Não crê que terão fome se já é
tarde?. Filho: Imagino que sim.
61 Pai: E não crê que quando sentem fome preferirão ir para casa jantar?. Filho: Suponho que
sim. Pai: Crê que ficarão ali somente porque você também fica?. Filho: Você acha que eles
também ficam com vergonha?. COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai: Não. Creio que lhe perguntarão
se você está com fome e por que não vai para casa jantar. Filho: Verdade?. Pai: Sim. Você não
sente fome antes de jantar?. Filho: Claro. Pai: E Acha que sentir fome é uma razão para ter
vergonha?. Filho: Não. Pai: Então, que acha de lhes dizer que tem fome e vai para casa comer,
em vez de esperar que eu lhe chame? Assim continuarão achando-o muito criança?
(compromisso viável). Filho: Não. Pai: Acredita que amanhã a noite terá que ser outra vez o
último em chegar a sua casa?. Filho: Não. 5.4 RECONHECIMENTO DAS BOAS CONDUTAS A
assertividade que você demonstrou ao comunicar clara e firmemente a um filho o que quer que
ele faça, deve ser complementada com o reconhecimento da boa conduta. É de grande
importância que quando seu filho o escute e o obedeça, você responda assertivamente com
alguma forma de reconhecimento que o incentivará a perseverar em um bom comportamento. A
medida do equilíbrio com que você deve tratar a seu filho é impor as medidas corretivas ou
disciplinarias que sejam necessárias e a seguir, quando ele corrige e melhora sua conduta, fazer-
lhe perceber sua satisfação pelo resultado. (Não deve descuidar-se o elogio às boas condutas
espontâneas). Para encontrar este equilíbrio lhe sugerimos formular-se a si próprio esse tipo de
perguntas: - Como ajo quando meu filho, habitualmente respondão e argumentativo, agora me
obedece sem objetar cada coisa que lhe peço? 55
62 COMUNICAÇÃO EFETIVA - Como ajo quando agora vem do colégio com boas notas, depois
de um período em que o habitual era que chegasse com qualificações baixas? - Como ajo
quando vejo às crianças brincando de forma tranqüila e sem brigar, quando antes o comum era
que seus jogos terminassem com gritos ou socos? Elogio o que espontaneamente fazem bem
ou me calo porque devo dar por compreendida sua boa conduta? Frequentemente, os pais não
percebem a importância do elogio e outras formas de incentivo quando os filhos se comportam
adequadamente. É importante ter presente que o bom estado emocional das crianças requer que
tenham confiança em si próprios, e para isso ajuda muito o reconhecimento que recebem de
seus pais. Respostas paternas usuais como: Quem bom! ou Que lindo! são assertivas, mas às
vezes são ditas como de passagem, com pouco ênfase e escassa penetração, o qual as torna
insuficientes. Quando seus filhos se comportam de modo adequado, você tem que estar atento
para reforçá-los mediante o reconhecimento. O reforçador demonstrará à criança que você
aprova e aprecia seu melhor comportamento. Não aceite o melhoramento da conduta da criança
como algo natural e compreendido e que, portanto, não requer um reconhecimento especial. Ao
contrário, a demonstração de que você se alegra e aprecia o comportamento adequado
(reforçador) comunicará à criança tanto o carinho como o sentido de justiça de um pai. SEU
FILHO NECESSITA DE SUA ATENÇÃO. SE NÃO A OBTÉM PORTANDO-SE DE FORMA
DESEJÁVEL E POSITIVA, A BUSCARÁ PORTANDO-SE DE FORMA INDESEJÁVEL E
NEGATIVA. O ELOGIO, NA PROPORÇÃO E MOMENTO ADEQUADOS, DEMONSTRA À
CRIANÇA A ATENÇÃO E A PREOCUPAÇÃO PATERNAS E A AJUDA A MANTER-SE NO BOM
CAMINHO. O elogio Os pais assertivos estão sempre atentos ao enorme impacto que podem ter
seus elogios. Os utilizam não apenas para ajudar a fortalecer a auto-estima das crianças mas
também para ensinar-lhes condutas apropriadas. O elogio não deve ser impensado, mas medido,
de acordo com o nível que se queira dar a esse reforçador. Não elogie excessivamente um êxito
pequeno, mas tampouco seja modesto quando a criança deu um passo importante em melhorar
sua conduta. Se um filho melhorou um pouco suas notas no colégio, entretanto ainda não chegou
ao nível requerido, não lhe diga: Que maravilhoso, estão muito bem! mas: Melhorou bastante,
mas ainda lhe falta um pouco. Um pouco mais de esforço e já conseguirá passar de ano. O elogio
ou esforço é o reforçador positivo mais útil com que contamos. Esta utilidade se registra quando
você lhe diz a um filho (sempre que as mereça) coisas como: 56 Que bom que preparou sozinho
todas suas coisas!. Cumprimento-lhe pelo capricho com que fez seus deveres.
63 COMUNICAÇÃO EFETIVA Obrigado pelo muito que me ajudou hoje em casa. Quando elogiar
a seus filhos, lhe convém ter em conta os seguintes parâmetros: Muitas vezes os pais não
percebem a importância do elogio e do incentivo quando os filhos se comportam
adequadamente. É importante ter em conta que o bom estado emocional das crianças requer
que tenham confiança em si próprios. Para conseguir isto, o reconhecimento dos pais ocupa um
papel preponderante. - Diga-lhes especificamente o que é que estão fazendo ou que fizeram que
lhe agrada. - Quando estiver elogiando, assegure-se de caminhar para eles ou de estar muito
próximo, olhando-os nos olhos e, se for adequado, bater suavemente em seu ombro ou em sua
cabeça para aumentar o impacto de sua mensagem. - Quando elogiar a seus filhos evite o
sarcasmo e toda outra forma de comentário negativo. A forma mais rápida de desentusiasmá-
los é diluir os comentários positivos com outros como: 57
64 COMUNICAÇÃO EFETIVA Como limpou bem seu quarto hoje! Já era hora.... Hoje se
comportou tão bem, inacreditável. Este tipo de comentários são, na realidade, uma forma
encoberta de hostilidade e fazem com que as crianças reajam com sentimentos de frustração
para com seus pais. O elogio é umas das ferramentas mais importantes que você pode usar para
fazer saber a seus filhos que você está feliz com eles e que reconhece seu comportamento
adequado. O elogio pode ser reforçado, como explicamos a seguir. - Primeiro: elogie seu filho
por comportar-se bem. Por exemplo: Mãe: Me ajudou muito em casa hoje. Vamos contar ao
papai quando chegar do trabalho, ficará muito contente. - Segundo: elogie seu filho diante de
outro adulto: Por exemplo: Mãe (falando ao pai na presença da criança): Maria me simplificou
muito o trabalho da casa. Não imagina como me ajudou!. - Terceiro: o outro adulto agrada a
criança, reforçando o elogio. Por exemplo: Pai (a Maria): Me alegra muito o que me conta mamãe.
É realmente uma filha muito especial. Junto com os elogios verbais vão as ações não verbais:
uma carícia, um abraço, podem significar tanto ou mais que o: Que bom!. Um sorriso, um gesto,
um toque no ombro, comunicam seu apoio e o reconhecimento de uma conduta apropriada de
seu filho. Dissemos neste capítulo que, quando seus filhos se comportam inapropriadamente, é
necessário que você lhes comunique uma mensagem firme, clara e assertiva de que você quer
que essa conduta se modifique. Sua mensagem deve estar equilibrada por elogios frequentes
quando seus filhos fazem o mais apropriado. Por exemplo: Pai (olhando ao filho nos olhos):
Pedro, não é hora de olhar televisão. Quero que se apronte para o colégio agora mesmo!
(mensagem assertiva). Pedro: Apenas quero ver alguns minutos mais, já está terminando. Pai
(calmamente): Entendo-lhe, mas quero que esteja pronto para o colégio agora mesmo (disco
riscado). Pedro: Mas, papai, por favor.... 58
65 COMUNICAÇÃO EFETIVA Pai (serenamente): Quero que esteja pronto para o colégio agora
mesmo (disco riscado). Pedro: Está bem, já lhe escutei, vou agora mesmo. Quando seus filhos
fazem o que você se propôs, reconheça que estão atuando de forma conveniente e elogie-os:
Cumprimento-lhe pelo seu bom comportamento hoje ou, quanto me alegra que tenha chegado
pontual à hora de jantar!. Reforce positivamente o elogio sempre que possa: Pai: Parabéns pelo
ditado. Temos que mostrar para mamãe. (Dirigindo-se à mãe): Olhe que bem feito o ditado que
José fez. Mãe (ao filho): Estou orgulhosa, eu sei como é difícil não errar nenhuma palavra em
um ditado. 59
68 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS É muito importante que os pais tenham tempo para
conversar sobre os filhos e determinar com antecedência como vão respaldar suas palavras com
ações que assegurem o bom comportamento. Quanto mais se preparem, terão mais segurança,
confiança e firmeza. 6.1 AÇÕES DISCIPLINÁRIAS Quando você completou a comunicação
assertiva sobre o que quer que façam, tem que preparar-se para o passo seguinte no caso de
que não obedeçam suas instruções e decidir o que fará se não o escutam e não lhe dão
importância. Determine com antecedência como vai respaldar suas palavras com ações para
assegurar-se que seus filhos sigam o comportamento adequado. 62
69 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Mandá-los-ia a seu quarto por um
determinado período de tempo? Tirar-lhes-ia o privilégio de jogar futebol ou brincar com suas
bonecas? Deixá-los-ia sem sair o fim de semana? A chave é adiantar-se, sem esperar que seus
filhos ignorem sua mensagem e reiterem sua conduta improcedente, para decidir então como vai
atuar. Se educar é dirigir, dirige melhor quem vai adiante, não atrás, dos acontecimentos. Quanto
mais preparados estejam de antemão os pais, para respaldar suas palavras com atos, mais
ajudarão seus filhos a que terminem com suas condutas inadequadas. As medidas disciplinarias
devem consistir em algo que não lhes agrade, mas que não os prejudique nem física nem
psicologicamente. Os seguintes parâmetros o ajudarão a determinar rapidamente as medidas
que pode usar se seus filhos não o escutam. Isolamento Separá-lo de você e de outras pessoas
e colocá-lo em uma situação pouco estimulante ou aborrecedora, tal como estar sentado ou
parado em um lugar pouco atraente da casa, ficar em seu dormitório ou sentar-se em um pátio.
Se tem que impor uma medida disciplinaria simultaneamente a mais de um filho, é preferível que
a cumpram separadamente em lugares diferentes. Quando a penitência incluir um determinado
período de tempo, marque-o com um relógio à vista da criança, para que este saiba quando
termina o castigo que você lhe impôs. É importante assegurar-se que o castigo seja algo que lhe
desagrade. Se você percebe que seu filho não se importa de ficar dentro de seu quarto, mude o
castigo por outra que lhe importe: não ver televisão, não usar o telefone, retirar-lhe um brinquedo.
Retirada de privilégios Significa a retirara temporária de atividades prazeirosas habituais que
podiam realizar até então: comer fora de hora, brincar na rua, ver televisão, falar ao telefone.
Condicionar condutas agradáveis Assegure-se de que cumpram com o que você deseja antes
que eles sejam autorizados a fazer o que querem. Por exemplo: Não poderá sair para brincar
com seus amigos enquanto não tiver ordenado todo seu quarto. 63
71 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Deve existir uma proporção lógica entre a conduta
inapropriada e a medida disciplinária. É conveniente apresentar as medidas disciplinárias como
uma escolha das crianças, dando-lhes a opção de encerrar sua má conduta ou enfrentar o
castigo que essa conduta inapropriada requer. Isto forma parte da atitude paterna de apoiar as
palavras com atos. Conduta problema Habitualmente, sua filha de doze anos coloca música com
volume excessivo no aparelho de som de seu quarto. Sua filha de nove anos quebra de propósito
um brinquedo de seu irmão. Seu filho de seis anos deliberadamente esparrama água no piso
quando toma banho. Consequência lógica Tirar-lhe o aparelho de som do quarto durante três
dias. Pegar dinheiro de suas economias para trocar a peça. Retirar-lhe seu próprio brinquedo
semelhante e dar ao irmão. Fazer-lhe secar o piso. Podem escolher portar-se bem ou pagar o
preço de sua conduta improcedente. Por exemplo: Pai: Alberto, não posso permitir que incomode
seu irmão na mesa. Se voltar a fazê-lo outra vez, irá para seu quarto. A escolha é sua. Alberto:
Está bem (mas começa gradualmente a incomodar de novo seu irmão). Pai: Alberto, você voltou
a incomodar a seu irmão, isto significa que escolheu ir par seu quarto sem a sobremesa. Quando
você faz com que seus filhos escolham um conduta disciplinada ou não, está obrigando-os
assertivamente a assumir a responsabilidade de sua própria decisão. No exemplo precedente, a
criança escolhe continuar incomodando seu irmão após a advertência da ação disciplinária.
Portanto, é a criança quem escolheu a opção de ir para seu quarto. Quando você dá a seus filhos
possibilidade de escolha, está dando-lhes a oportunidade de aprender as consequências
naturais de suas ações e os ajuda a aprender que são responsáveis por suas condutas e pelas
consequências das mesmas. A medida disciplinária deve ser executada o mais breve possível,
pois se demora dilui seu efeito corretivo. Quando seus filhos não o escutam, deve comunicar-
lhes imediatamente a conduta disciplinária e fazer com que se cumpra. Por exemplo: Mãe: Pedro,
não é hora de jogar futebol, é hora de arrumar seus brinquedos. 65
72 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Pedro: Mamãe, deixe-me jogar. Mãe: Pedro, já
sabe a regra: não há futebol se antes não arrumar seus brinquedos. Sob à conveniência de que
a ação disciplinária seja cumprida o mais breve possível, há casos em que é preferível adiá-la
para poder aplicá-la sobre algo que seu filho planeja fazer mais tarde, ou no dia seguinte. Por
exemplo: Maria (volta a chegar tarde sem ter avisado a seus pais): Olá, papai. Pai (se senta com
a filha): Maria, disse-lhe que não me agrada que saia sem avisarnos aonde vai. Disse-lhe que se
tornasse a fazer, você estaria escolhendo ficar de castigo. Maria: Mas, papai, perdoe-me. Pai:
Nada de poréns. Sua mãe e eu temos que saber aonde vai. Lamento que não tenha me escutado.
Você escolheu ficar de castigo, portanto amanhã não irá à festa de aniversário de sua amiga. 66
A ação física que acompanha as palavras com atos, dever ser firme e suave, evitando cair na
ação agressiva do golpe, da zombaria ou qualquer forma de violência. Os pais têm o direito e o
dever de atuar desta maneira, transmitindo uma personalidade firme que será ponto de apoio
para o crescimento dos filhos.
73 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Utilize a medida disciplinária cada vez que seu
filho escolher comportar-se inadequadamente. A constância é essencial para demonstrar às
crianças que você respalda as palavras com atos em todos os casos em que se faz necessário.
Nenhuma medida funcionará a menos que seus filhos saibam com clareza e certeza que ante
cada conduta imprópria produzir-se-á sempre uma consequência. Por exemplo: Pai (ao filho que
incomoda continuamente quando a família está conversando): José, está irritando todos nós.
Como já avisei, com sua má conduta você mesmo escolheu ficar em seu quarto até que se
acalme. A criança vai a seu quarto, regressa após alguns minutos e continua incomodando. Pai:
José, não posso permitir que incomode desta forma enquanto estamos falando. Cada vez que
não puder controlar-se, estará escolhendo ir para o seu quarto. Por favor, vá e fique em seu
quarto quinze minutos. Considere a medida disciplinária como um acordo pré-estabelecido em
bons termos. Por essa tendência interior desintegradora e anti-social que temos todos, as
crianças passam por etapas de más condutas como: a mentira, o insulto, a falta de respeito, etc.
Estas podem estar dirigidas com especial agressividade contra os pais, por serem eles seus
principais educadores. Para que este comportamento se modifique é essencial que os pais se
mantenham sempre calmos. Perder a compostura é reduzir a eficácia de toda a ação educativa
paterna. Por exemplo: Filho (irritado): Não quero escutá-lo!. Pai (de maneira calma e firme):
Disse-lhe que não posso permitir que fale assim comigo. Escolheu ficar em seu quarto até que
resolva falar-me de boa maneira. Vá para seu quarto agora mesmo!. Nunca suspenda uma
medida disciplinária Se a medida não funciona, mude-a por outra, mas nunca deixe sem efeito a
ação disciplinária. Se o faz, seu filho nunca acreditará que você fala a sério. Algumas das
medidas que recomendamos nem sempre são eficazes com todas as crianças, por mais
coerentemente que sejam aplicadas. Se você usou uma medida disciplinária de maneira
adequada, mas percebe que o comportamento de seu filho não melhora, experimente outra. 67
74 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Pai: Manuel, quero que brinque sem
fazer barulho, porque não nos deixa ouvir música. Manuel: Está bem, papai (depois de alguns
minutos começa a disparar sua barulhenta metralhadora de plástico). Pai: Manuel, essa pistola
faz muito barulho. Por favor dê-me isso. Manuel: Está bem papai, toma a pistola (começa a
brincar com um instrumento musical que novamente distrai toda a família). Pai: Manuel, esse
instrumento faz muito barulho. Disse-lhe que queremos escutar música e que tem que brincar
em silêncio. Dê-me isso agora mesmo. Apesar de que os pais fossem conseqüentes e lhe tiraram
os brinquedos ruidosos, Manuel continuou impedindo-lhes de escutar música. Será então
necessário para os pais recorrer a uma medida disciplinária diferente como, por exemplo: Pai:
Manuel, pode escolher: ou brinca em silêncio se quiser ficar aqui conosco ou vá brincar em seu
quarto. Perdoar e esquecer Uma vez que seu filho recebeu a medida disciplinária que ele mesmo
escolheu, o assunto fica encerrado. Não acumule rancor ou ressentimento recordando-lhe, em
ocasiões posteriores, seu mau comportamento anterior. Cada situação é nova. Em vez de
recordar-lhe sua má conduta anterior, manifeste sua confiança na capacidade da criança para
melhorá-la de agora em diante. 68 Por exemplo: Pai (entrando no quarto de seu filho): Já passou
a meia hora e acabou-se o castigo. Não me agrada trancar-lhe em seu quarto, mas tenho a
obrigação de ajudar-lhe a aprender como deve comportar-se. Filho: Já sei, mas me agrada fazer
o que eu tenho vontade. Pai: Entendo-lhe, mas estou seguro que vai aprender. Não se esqueça
que eu sempre vou estar aqui para ajudá-lo. 6.2 QUANDO SEUS FILHOS O PÕEM A PROVA
Quando estiver educando seus filhos com medidas disciplinárias por sua conduta inapropriada,
seja prudente e vigilante, porque de modo frequente o colocarão a prova para ver se realmente
fala a sério.
75 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Muitas vezes, põem a prova a decisão disciplinária
dos pais chorando, sendo desafiantes ou tateando até onde podem chegar. Êxito do filho com o
choro Pai (observando como seu filho, que levou ao parque, bate pela segunda vez em outra
criança): Rafael, lhe disse que se voltasse a bater-lhe iria para casa, portanto, venha já!. Filho
(começa a chorar de imediato): Papai, perdoe-me, não voltarei a fazer, mas deixe-me ficar. Pai
(preocupado pelo choro cada vez mais intenso de seu filho): Rafael, acalme-se e pare de chorar,
não é para tanto. Filho (continua chorando): Mas quero ficar aqui. Pai: Está bem, mas deixa de
chorar, não posso agüentá-lo. Com frequência as crianças põem a prova a decisão disciplinária
dos pais, sendo desafiantes ou verificando até onde podem chegar. Isto é normal, e lidar
tranquilamente com esses momentos, levará a que os filhos sejam no dia de amanhã pessoas
livres e responsáveis. 69
76 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Êxito do filho com o desafio: Filha (irritada): Nem
pense que vou lavar louça essa noite. Mãe: Cecília, disse-lhe que se não me ajudasse, ficaria
em seu quarto por meia hora, portanto vá já e fique lá. Filha (furiosa): Não vou!. Mãe: Pois digo
que irá!. A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina sai cinco minutos mais tarde. Filha:
Não vou ficar em meu quarto, não aguento!. Mãe (tensa): Como não? Disse-lhe que ficasse em
seu quarto. Estou farta de suas encenações!. Filha (gritando): Você começou tudo, sempre
implica comigo!. Mãe (em gesto de derrota): Deixe-me sozinha, não aguento mais. Nunca liga
para o que eu digo. Os pais que cedem quando são postos a prova por seus filhos, estão
ensinando-lhes a seguinte lição inassertiva: 70 SE VOCÊ SE IRRITAR OU PROTESTAR O
SUFICIENTE, CONSEGUIRÁ O QUE QUER. Aprendem, portanto, a utilizar variadas formas de
sondagem para conseguir o que querem, seja chorando ou repetindo incansavelmente a conduta
indesejada, discutindo com raciocínios de aparência lógica, brigando ou desafiando porque estão
seguros que, como já ocorreu no passado, os pais finalmente vão ceder. Para manter-se firme
quando o põem a prova e cumprir melhor sua função de ajuda educativa, você necessita
responder assertivamente. Nos dois exemplos anteriores, os pais foram postos a prova por seus
filhos e fracassaram nessa prova. Para que o manejo paterno de ambas situações fosse
assertivo, e conseqüentemente útil em sua formação, o desenvolvimento de cada caso deveria
ter sido o seguinte: Pai (observando como seu filho, que levou ao parque, bate pela segunda vez
em outra criança): Rafael, disse-lhe que se voltasse a bater-lhe iria para casa, portanto, venha
já!. Filho (começa a chorar de imediato): Papai, perdoe-me, não voltarei a fazer, mas deixe-me
ficar. Pai (calmamente): Rafael, entendo que queira ficar, mas voltou a brigar, portanto irá para
casa (disco riscado).
77 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Filho (continua chorando): Mas quero ficar aqui.
Pai (pega-o firmemente por um braço e começa a levá-lo): Rafael, entendo que lhe afete, mas
voltou a fazer o que não devia, portanto irá para casa (disco riscado). Filho (com choro histérico,
se joga na grama): Não, não vou!. Pai: (suspende fortemente ao filho): Rafael, vamos para casa,
ainda que eu tenha que arrastá-lo!. Ceder ante as pressões, caprichos ou mal-humores dos filhos
é transmitir-lhes a mensagem de que não se pode com eles, fazendo-lhes o fraco serviço de
deixá-los à deriva de seus impulsos temperamentais, sem fazer-lhes ver que uma sólida
personalidade se constrói lutando por adquirir virtudes. 71
78 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Manter a calma sem perder a compostura ante os
caprichos dos filhos multiplica a eficácia da educação ao mesmo tempo que lhes transmite um
exemplo atraente de personalidade que lhes servirá para toda a vida. 72 No outro caso: Filha
(irritada): Nem pense que vou lavar a louça esta noite!. Mãe (calmamente): Cecília, disse-lhe que
se não me ajudasse, iria para o seu quarto por meia hora, portanto vá já e fique lá. Filha (furiosa
e desafiante): Não vou!. Mãe (calmamente): Pois digo que irá!.
79 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS A mãe leva a sua filha ao quarto, de onde a menina
sai cinco minutos depois. Filha: Não vou ficar em meu quarto, não agüento. Mãe (levando-a com
firmeza novamente a seu quarto): Se voltar a sair ficará uma hora, o dobro do tempo. Filha
(irritada, volta a sair de seu quarto quase em seguida): Não vou ficar!. Mãe (olhando-a nos olhos
e marcando bem cada palavra): Cecília, vai ficar em seu quarto uma hora. Se voltar a sair antes
de uma hora, ficará duas horas. Sou eu quem manda, não você. O comportamento paterno não-
assertivo nos primeiros exemplos e assertivo nos dois segundos determinam a diferença entre o
fracasso e o êxito em seu exercício da autoridade, que é essencial para a formação dos filhos.
Quando seus filhos o põem a prova, faça-os saber que você está resolvido a manterse firme. Vá
para seu quarto, não se mova daí ou não me importa quando chore são formas assertivas de dar
uma ordem. Frente aos argumentos ou encenações que utilizam para colocá-lo a prova,
mantenha-se calmo, fale de forma enfática e decidida, marcando bem suas palavras. Se
continuam discutindo, utilize o disco riscado e as demais técnicas que explicamos no capítulo 5.
Existe outro tipo de prova com a qual as crianças tentarão manipulá-lo quando você marca
limites. Diferente dos exemplos anteriores, esta prova difere em que tem menos carga emocional,
apesar de que é, em muitos sentidos, a mais difícil de ser manejada por parte dos pais. Esta
prova que as crianças submetem aos pais é conhecida como: Não me importo, para mim tanto
faz... As crianças utilizam esta manipulação da seguinte maneira: você lhe diz como deve
comportar-se e qual será o castigo se não o fizer, ante o qual, em vez de irritar-se, chorar ou
argumentar, seu filho lhe responde: Não me importo, para mim tanto faz... Uma resposta assim
é difícil de manejar, já que você provavelmente está acostumado a que a reação de seus filhos
seja de medo, desconcerto ou protesto quando lhes impõe uma penitência. Esta resposta de
indiferença pode deixá-lo desconcertado e você perguntará a si próprio: Que vou fazer? Nada
funciona com esta criança. Mas não é assim. Os que utilizam o não me importo... estão
manipulando, porque perceberam que este tipo de resposta habitualmente deixa perplexos aos
pais. As crianças do não me importo... não requerem uma resposta tipo disco riscado mas
necessitam que você atue de acordo ao exemplo seguinte: 73
80 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Mãe: Beatriz, tem que fazer os deveres. Não pode
falar pelo telefone nem ver televisão até que os tenha terminado. Filha: E daí? E o que eu tenho
com isso? Mãe: A escolha é sua. Se não se importa, então hoje não haverá nem televisão nem
telefone. Filha: Mas esta noite passa o programa que mais me agrada...!. Mãe: Mas você disse
que não se importa. De todas maneiras a escolha é sua escolha. Se quer ver o programa,
primeiro termina os deveres. Filha: Bom, está bem, já os faço. Mãe: Me alegra sua escolha, meu
amor. 74 As crianças que utilizam o não me importo, estão manipulando, porque em sua astúcia
infantil perceberam que os pais se descontrolam facilmente, e este tipo de resposta
habitualmente os deixa perplexos. As pessoas que mais se importam com os castigos, prêmios
ou retirada de privilégios, são as crianças.
81 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS São poucas as crianças às quais realmente não
lhes importe que os deixem sem televisão, telefone, videogames ou seus brinquedos preferidos.
Se para você realmente lhe importa o tema, a ele também importará. Se você está disposto a
usar todos os meios apropriados e necessários para influir positivamente em seus filhos a fim de
que eliminem seu comportamento prejudicial, eles perceberão sua determinação e começarão a
preocupar-se pelas consequências que enfrentarão se escolhem atuar inapropriadamente. As
vezes recorrerá ao não me importo... ante a ameaça de um castigo impraticável. Previna esta
situação evitando anunciar-lhe um castigo que não poderá impor-lhe, pois do contrário você fica
confuso e sua autoridade se enfraquece. Por exemplo, uma mãe exasperada porque seu filho
demora para entrar no carro quando foi buscá-lo no clube e continuava falando com seus amigos,
gritou-lhe: Alberto, se não se apressar e entrar de uma vez irá andando para casa. Quando lhe
disse desafiantemente tubo bem, não me importo..., a mãe ficou sem argumento porque não
podia cumprir sua advertência de enviá-lo a pé para casa, era muito longe. Isto é um claro
exemplo do que não deve ser feito. NUNCA ANUNCIE UM CASTIGO OU PENITÊNCIA QUE
NÃO PODERÁ CUMPRIDO. SER Não repita muitas vezes o mesmo castigo, pois cada vez
surtirá menos efeito. Quando um castigo se repete e continua sem produzir o efeito corretivo
buscado, é preferível impor outro mais severo. O sentido comum ditará aos pais quantas vezes
convém repetir o mesmo castigo ou uma das técnicas corretivas aqui descritas. Desta maneira,
os pais têm que se ajudar bastante, atuando em equipe, intervindo um e a seguir o outro, evitando
o desgaste e controlando a eficácia das medidas. Este trabalho em equipe estimula aos pais
para que arrumem o tempo necessário para conversar entre eles sobre os temas educacionais
que estão utilizando. 6.3 REFORÇÁ-LOS POSITIVAMENTE É importantíssimo planejar o que
fará quando seus filhos não o escutam e também planificar como agirá quando lhe dão
importância e reagem favoravelmente. No capítulo anterior destacamos a importância do elogio
para incentivar o bom comportamento de seus filhos. Mas com alguns, especialmente os
menores, apenas o elogio pode não ser suficiente para motivá-los a uma rápida e contínua
melhora de seu comportamento. Com estes é recomendável mudar o elogio por motivações mais
tangíveis, como privilégios ou prêmios especiais. Vejam os exemplos seguintes como referência:
- Privilégios especiais: João, esteve tão bem brincando com tranqüilidade e sem incomodar, que
pode ficar acordado por mais uma hora. 75
82 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS - Prêmios especiais: Rosana, ajudou-me tanto com
a mesa e a cozinha, que convidolhe a tomar um sorvete. Muitos pais se negam a premiar seus
filhos de outra forma que não seja com o elogio por medo de que se habituem ao esquema de
comportar-se bem apenas quando recebem alguma recompensa palpável. 76 Por exemplo: Não
arrumarei o quarto até que prometa ler-me a história. O que me dará se lavar os pratos?. Este
risco não existe se quando recorre aos prêmios você mantém presente que é precisamente você
quem exerce a autoridade e toma as decisões. Se quer deixar que seus filhos escolham os
prêmios que receberão pelos comportamentos convenientes, estabeleça as coisas entre as quais
podem escolher. Se tentam estorqui-lo com respeito aos prêmios, com ameaças e mau
comportamento, não o tolere. Não aceite jamais condições nem ameaças. Você é quem toma as
decisões. A concessão de um prêmio adequado e bem escolhido pelos pais, sem submeter-se à
pressão extorsiva da criança mas outorgado pela autoridade decisória paterna, constitui uma
resposta com reforçadores positivos. Sua resposta deve consistir em algo que as crianças
desejem. Pergunte-se o que seu filho gostaria de ganhar como prêmio. Como resposta que o
motive a continuar com seu bom comportamento, o prêmio deve ser algo que necessite ou
deseje. Alguns se esforçarão muito por receber seu prêmio que além de objetos pode ser:
compartilhar atividades com você como ir ao futebol ou ao cinema, ou assistir um vídeo ou ficar
acordados até mais tarde. Quando utilizar prêmios, reforce o bom comportamento de seus filhos
outorgando-os de imediato. Pode haver casos em que o prêmio seja concedido algum tempo
depois como: te levarei ao futebol comigo no domingo, mas o anúncio, ou seja, a concessão do
prêmio, deve ser feito logo em seguida do bom comportamento. O prêmio imediato aumenta o
impacto da ação positiva do pai... Elogio Filho (termina seus deveres rapidamente e sem
necessidade de que o tenham ordenado): Mamãe, já terminei os deveres. Mãe: Muito bem,
Augusto, parabéns. Me dá uma grande alegria.
83 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Privilégio especial Filho (sem ter sido mandado,
veste o pijama, arruma a roupa que tirou, lava as mãos e escova os dentes): Papai, já estou
pronto para ir deitar. Pai: Jorge, está muito bem que tenha feito tudo sem que tivesse que lembrá-
lo. O que acha de eu lhe contar uma história?. Para a maioria das crianças, o tempo especial
dedicado a algo que lhes produza prazer como: brincar ou que leiam uma história, é o melhor
privilégio que se lhes pode outorgar. Utilize este recurso como reforçador sempre que puder.
Prêmio especial Mãe (depois de um jantar tranquilo, durante o qual seus filhos não discutiram):
Se portaram tão bem que podem pedir sua sobremesa favorita esta noite. Reiteramos a
importância de que o elogio, o privilégio ou o prêmio devem seguir sempre que possível de forma
imediata ao bom comportamento. Muitos pais elogiam seus filhos de noite por sua boa conduta
na manhã ou lhes permitem uma saída extra porque se portaram bem durante a semana. Os
pais cometem muitas vezes o erro de oferecer prêmios a longo prazo. Não é produtivo, por
exemplo, oferecer a uma criança de sete anos um bicicleta nova para o próximo verão ou
prometer-lhe um brinquedo determinado para o Natal quando ainda faltam vários meses. Você
deve reforçar positiva e constantemente a seus filhos quando têm um comportamento
apropriado. Elogiá-los, privilegiá-los ou premiá-los apenas uma a duas vezes não produzirá os
bons resultados que se buscam. Para obter estes resultados, deverá elogiá-los, privilegiá-los ou
premiá-los sucessivamente durante vários dias ou ainda mais tempo, dependendo de cada um
e de seu comportamento. Por exemplo: - Os pais elogiaram sua filha de quatro anos cada vez
que se vestiu sozinha durante toda uma semana. - Os pais elogiaram seu filho de oito anos cada
vez que brincou amigavelmente com sua irmãzinha menor e o premiaram cada dia durante oito
dias permitindolhe escolher sua sobremesa favorita. - Os pais elogiaram seu filho de doze anos
todas as noites durante duas semanas por fazer os deveres bem e por iniciativa própria,
premiando-o ao final desse período com uma pequena soma de dinheiro para ir aos jogos do
parque de diversões. Quanto mais positivo você for com seus filhos, menos terá que marcar os
limites. 77
84 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Para que os prêmios sejam formativos devem ser
escolhidos pelos pais. Se reforça ao bom comportamento dos filhos outorgando-os de imediato,
ao mesmo tempo que se lhes faz ver as consequências boas dos atos que realizam bem. Neste
capítulo dissemos que quando você fala assertivamente, não sendo suficiente, deverá decidir
rapidamente como respaldar suas palavras com atos. E quando seus filhos começam a portar-
se devidamente, esteja alerta para reforçá-los positivamente mediante elogios, privilégios ou
prêmios. 78
85 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Por exemplo: Pai (olhando à criança aos olhos):
Tomás, já lhe disse duas vezes que não permito que seja grosseiro com seus amigos. Ou os
trata bem, como se trata aos amigos, ou irão para suas casas. Filho (incomodado): Não quero
que vão embora, eu não estou fazendo nada!. (A criança se distancia irritada e dez minutos
depois começa a chamar seus amigos com nomes debochantes). Pai: Tomás, está incomodando
seus amigos. Escolheu que fossem para suas casas. Estou seguro que amanhã brincará melhor
com eles. (No dia seguinte o pai observa Tomás brincando amigavelmente com as outras
crianças que vieram em sua casa). Pai: Tomás, é assim como devem brincar os amigos, sem
deboches nem brigas. Que tal se comprarmos um sorvete para cada um?. Como resumo da
necessidade de respaldar as palavras com atos, tenha em conta estes pontos: - São os pais que
devem determinar limites equilibrados, mas firmes, quando se trata de disciplinar aos filhos e
quando corresponde elogiá-los ou premiá-los. - Planeje sempre a forma em que respaldará suas
palavras com atos em caso de ser necessário. Quando disser a seus filhos o que você espera
deles, pergunte-se em seguida: O que farei se não me escutam nem me dão importância? Do
contrário, sua reação à desobediência corre o risco de ser tão imediata e irreflexiva quanto
inconveniente. - Decida uma medida disciplinária eficaz. - Ponha sobre a criança a
responsabilidade de enfrentar as consequências de suas ações: se faz tal coisa, será disciplinado
com tal medida. - Seja consequente. Cada vez que a criança se comporta em forma inapropriada,
leve adiante a consequência programada por você, sem voltar atrás, sempre que esteja seguro
de que está fazendo o correto. - Perdoe e esqueça: logo que a criança se disciplinou, o assunto
está encerrado. - Para as crianças é muito importante o contato corporal. Utilize-o. Tanto se
aplica a uma repreensão (por exemplo, quando o encaminha suave, mas firmemente, pelos
ombros) como quando os reforça positivamente (por exemplo: abrace, acaricie, bata palmas). -
Programe o reforço positivo. Quando a criança o escuta e cumpre, recorra ao elogio, ao privilégio
ou ao prêmio proporcional ao bom comportamento de seu filho. 79
86 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Há que aprender a virar a página e não ser
reiterativos: Uma vez que seu filho cumpriu o castigo segundo o estabelecido, o assunto está
encerrado. Assim se transmite a ordem de que na vida se deve começar e recomeçar sempre,
sem desanimar até atingir o que queremos. DOIS OBSTÁCULOS A ENFRENTAR Quando
ambos os pais trabalham, muitas vezes falta tempo para poder refletir sobre as condutas dos
filhos. Frequentemente o cansaço dos pais interfere negativamente. 80
87 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS É comum que as mãe reclamem uma atitude mais
ativa por parte de seus maridos, aos quais, por sua vez, chegam às vezes em casa fatigados por
uma jornada complicada e ansiando um tempo de descanso, ou com vontade de ver o noticiário
da televisão sem que os incomodem. Nestes casos, é importante evitar o confronto entre os
cônjuges, que prejudica sua função de educadores. Se requer, ao contrário, compreensão
carinhosa e paciente da mulher, proporcionando a seu marido um momento de relaxamento e
tranqüilidade para a seguir animá-lo a colaborar no manejo dos problemas com os filhos. Para
tudo referente à educação das crianças, a mulher tem uma capacidade maior de tolerância à
pressão dos problemas e uma intuição superior porque está temperamentalmente preparada
para isso. Seu principal estímulo para ação é o afeto, enquanto que, em geral, os homens tendem
mais ao exercício do raciocínio. Ao homem é mais difícil, por isso necessita de certo período
preparatório desde que chega em casa; porque sabe que os problemas dos filhos, que
compartilhará com sua mulher, exigem um enfoque radicalmente diferente do que utilizou
durante o dia no centro cirúrgico onde operava, ou no escritório, ou na fábrica. 81
88 RESPALDAR AS PALAVRAS COM ATOS Estas situações não ocorrem sempre, mas a
experiência nos mostrou que se apresentam na maioria das famílias. Outro obstáculo a superar
é que freqüentemente os pais, que vêem pouco a seus filhos, pensam erroneamente que, se
durante o tempo que estão com eles se dedicam a corrigi-los, as crianças terminarão perdendo-
lhes o carinho. E não é assim. Eles necessitam ser corrigidos em suas condutas inapropriadas e
estimulados nos hábitos bons, especialmente por aqueles que mais os querem e que são seus
principais educadores. 82
96 SITUAÇÕES ATÍPICAS É difícil de diagnosticar porque a criança não sabe dizer que está
triste. Se manifesta, em geral, em decaimento ou movimento excessivo; agressividade; mal
dormir ou dificuldades para ser despertados na manhã, quando este problema não existia
anteriormente; inapetência ou grande voracidade; choro frequente com dificuldade para explicar
o motivo de sua tristeza. Os que sofrem de depressão também mostram uma diminuição de seu
rendimento escolar e deixam de brincar ou o fazem com menor frequência que o habitual. Se
você observa algum desses sintomas, mesmo que seja apenas um deles, não hesite em
consultar um especialista a fim de ser orientado. Os tratamentos modernos costumam combinar
psicoterapia e medicação com assessoramento familiar. Diferente dos adultos, as respostas são
rápidas e as altas em curto prazo. Ansiedade Em terceiro lugar, deve levar-se em conta a
ansiedade como situação atípica nas crianças. Principalmente porque é uma causa de
sofrimento, mas também porque tampouco responderão à EP. Existem dois tipos de transtornos
de ansiedade: Angústia de Separação e Transtorno por Ansiedade Excessiva. Sob a angústia
de Separação uma criança se nega a separar-se de uma figura protetora (seus pais ou avós, um
irmão maior, uma empregada) e se recusa a ir ao colégio ou cumprir outras obrigações que
impliquem separação física. Pode apresentar dores de cabeça e estômago. Geralmente tem
pesadelos intensos ou medo de ir deitar-se a noite. A outra forma de ansiedade se denomina
Transtorno por Ansiedade Excessiva. Se trata de crianças inseguras e extremamente
preocupadas por seu próprio desempenho no colégio, nos esportes e em sua vida social.
Perguntam constantemente para reafirmar-se a si próprios e os observamos ansiosos em
conseguir aceitação entre as pessoas com as quais convivem. Ambas patologias melhoram
rapidamente com a atenção de um psicoterapeuta infantil bem treinado e assessoramento
familiar. Em resumo, as três situações atípicas mais importantes e conhecidas são: 1) O
TRANSTORNO ATENCIONAL COM HIPERCINÉSIA, em que a criança apresenta um déficit de
atenção com excessivo movimento e condutas que podem chegar a ser bruscas. 2) A
DEPRESSÃO, em que a criança apresenta um retração geral em seu estado de ânimo ou
variações anímicas que não eram habituais previamente. 3) A ANSIEDADE (em suas duas
formas): 90
97 SITUAÇÕES ATÍPICAS A ansiedade de separação, em que a criança não quer separar-se
de uma figura protetora, e para isso recorre a choros, súplicas intensas e apresenta dores, tendo
também pesadelos noturnos e temor a deitar-se. O transtorno por ansiedade excessiva, em que
a criança se manifesta insegura de si própria, fundamentalmente em seu desempenho
acadêmico, esportivo e social. Ansiedade de separação. 91
98 SITUAÇÕES ATÍPICAS Transtorno por ansiedade excessiva. Qualquer destas três situações
atípicas são entidades clínicas que requerem necessariamente uma consulta profissional, já que
se trata de dificuldades de comportamento nas quais a EP, apesar de dever ser aplicada, é
insuficiente. 92
100 SITUAÇÕES ATÍPICAS O êxito desta busca depende de que cada pessoa seja orientada
desde seus primeiros anos ao máximo aproveitamento de suas boas qualidades e a renunciar a
desordem que se dá por uma vontade que também tende ao egoísmo e uma inteligência que
também tende a ser superficial. Na aprendizagem de como ser bom e obter êxito, desempenha
um papel decisivo o crescimento reto sob a orientação da vara ou tutor paterno que descrevemos
no começo deste livro. Nessa tarefa difícil, mas essencial de encaminhar à criança a uma vida
de retidão, a EP ajuda aos pais. Mas é apenas um instrumento que lhes é oferecido. Sua utilidade
depende, como com todo instrumento, de que o utilize correta e adequadamente. A
responsabilidade principal recai nos próprios pais. Seu esforço responsável por educar seus
filhos com carinho, constância e firmeza dia após dia é o que produzirá filhos maduros e os
ajudará a ser felizes. 94
101 TERNURA E FIRMEZA COM OS FILHOS ALEXANDER LYFORD-PIKE Seu filho passa
horas em frente à televisão, você observa-o, balança a cabeça, vai e se coloca entre ele e a TV.
Já tentou de várias formas: irritado, compreensivo, brincando e mais uma vez volta a dizerlhe A
que horas irá fazer a tarefa? então seu filho lhe diz que saia de frente, que fará, que daqui a
pouco vai, que hoje não lhe deram nenhuma tarefa, que faça silêncio porque o programa está
muito interessante ou que o deixe em paz. Com caricaturas educativas e cenas quotidianas
extraídas da realidade familiar e escritas em forma de diálogos entre pai ou mãe com os filhos,
Lyford-Pike, exemplifica e a seguir reflete sobre as atitudes tanto dos filhos com os pais como
dos pais para com os filhos. Como ser terno e firme sem ser autoritário nem tampouco
consentidor, em que momento dizer sim ou dizer não, até onde tolerar as más condutas. O pai
ou mãe de família encontrará técnicas, conselhos e um guia que lhes ajudará no ofício diário de
ser pais, na tarefa diária de formar aos filhos. Falar claro, respaldar as palavras com atos e
estabelecer as regras do jogo são os três princípios que fundamentam o sistema proposto pelo
autor: Educação com Personalidade (EP). Das mãos da ternura e da firmeza dos pais às mãos
dos filhos. Foi escrito com a experiência diária da convivência com os filhos, com as crianças,
seja como pai seja como profissional e especialista, mas dirigido aos pais de família. Alexander
Lyford- Pike, destacado médico psiquiatra, é Diretor e fundador do Instituto de Psiquiatria e
Psicologia de Montevidéu; Presidente da Sociedade de Psiquiatria Biológica do Uruguai; Membro
Corresponsal da American Psychiatric Association e Membro Honorário da Associação Argentina
de Transtornos da Ansiedade, além de ser um grande motivador e promotor de grupos de estudo
e trabalho sobre educação e família.