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Unidade III

Unidade III
7 A MATEMÁTICA NOS SÉCULOS XVI A XX E A ESCOLA BRASILEIRA

7.1 A matemática nos séculos XVI a XVIII

Como visto no capítulo anterior, para se entender como esse período foi importante para a ciência
e a matemática, foi preciso analisar o panorama cultural dessa época, ou seja, como os séculos, com
seus avanços políticos, econômicos e sociais criaram as condições para que a sociedade estivesse em um
formato tal que propiciasse as condições necessárias às novas mudanças.

Os trabalhos de Scipione del Ferro, Tartaglia e Cardano, por exemplo, iniciaram o estudo dos números
complexos, que surgiram inicialmente no estudo da resolução de equações de terceiro grau.

François Viète (1540‑1603)

Eves comenta que o maior matemático francês do século XVI foi um advogado, membro
do parlamento provincial da Bretanha, e que dedicava a maior parte de seu tempo de lazer à
matemática. Segundo Boyer, Viète foi membro do conselho do rei, servindo primeiro sob Henrique
III e depois sob Henrique IV.

Viéte serviu a D. Henrique de Navarra durante a guerra. Nesta ocasião, ele teve tanto sucesso ao
decifrar as mensagens em códigos dos inimigos que os espanhóis o acusaram de ter pacto com o
demônio. Eves afirma que sua vasta obra compreende trabalhos de trigonometria, álgebra e geometria.

Em 1579, Viète escreveu Canon mathematicus seu ad triangula, em que há contribuições notáveis
à trigonometria. Foi o primeiro livro na Europa ocidental a desenvolver sistematicamente métodos para
a resolução de triângulos planos e esféricos com o auxílio de seis funções trigonométricas. Viète foi
um dos matemáticos que muito contribuiu com o desenvolvimento da simbologia algébrica, aplicando
a álgebra à trigonometria e à geometria. Eves aponta que o mais famoso trabalho de Viète no qual o
simbolismo algébrico é notadamente trabalhado é In artem.

Boyer constata que uma das mais importantes contribuições de Viète no campo da álgebra foi
a introdução de uma convenção muito simples e que chegou muito perto das ideias modernas:
o estudioso usou uma vogal para representar uma quantidade supostamente desconhecida ou
indeterminada e uma consoante para representar a grandeza ou os números supostos conhecidos
ou dados. Ele distinguia claramente parâmetro de incógnita. Na aritmética, ainda defendia o uso de
frações decimais em vez de sexagesimais.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Viète sugeriu novas formas de resolução das cúbicas. Seu método consistia em reduzi‑las à
forma padrão x3 + 3ax = b e introduzir uma nova quantidade desconhecida y relacionada com x
pela equação y² + xy = a. A equação cúbica em x era transformada em uma equação quadrática em
y2. Ele estudou algumas das relações entre raízes e coeficiente de uma equação, mas não avançou
mais por se recusar a aceitar a existência de coeficientes ou raízes negativos, ou seja, ele só admitia
a existência de raízes positivas. Coube a Albert Girard, em 1629, enunciar claramente as relações
entre raízes e coeficientes, pois ele admitiu raízes negativas e imaginárias em Invention nouvelle
en l’álgébre.

Boyer indica que Girard percebia que as raízes negativas são orientadas em sentido oposto ao dos
números positivos, antecipando assim a ideia de reta numérica. Parece que se deve também a ele a
percepção de que uma equação pode ter tantas raízes quanto indica seu grau.

A invenção dos logaritmos

O desenvolvimento da astronomia, da navegação, do comércio e da engenharia e as múltiplas


guerras demandaram resoluções matemáticas que possibilitassem cálculos rápidos e eficientes.
Segundo Eves, quatro invenções vieram atender sucessivamente a essas demandas crescentes:
a notação indo‑arábica, as frações decimais, os logaritmos e os modernos computadores. O
terceiro desses dispositivos, os logaritmos, foram inventados por John Napier, perto do início do
século XVII.

John Napier (1550‑1617) e Henry Briggs (1561‑1631)

De acordo com informações de Eves, Napier era escocês, descendente de uma família nobre
e viveu a maior parte de sua vida na majestosa propriedade da família, nas proximidades de
Edimburgo, Escócia.

Durante algum tempo, Napier esteve envolvido com controvérsias políticas e com o combate
ao catolicismo. Além de gostar do estudo da matemática, apreciava fazer previsões sobre o final do
mundo e sobre máquinas infernais de guerra – que acabaram por se concretizar na Primeira Guerra
Mundial sob a forma de metralhadora, submarino e tanque de guerra.

Segundo Eves, o legado do estudioso à matemática foram: a) os logaritmos; b) um dispositivo


mnemônico, conhecido como regra das partes circulares , usado para reproduzir fórmulas
usadas na resolução de triângulos esféricos; c) pelo menos duas fórmulas trigonométricas de
um grupo de quatro conhecidas como analogias de Napier , úteis na resolução de triângulos
esféricos obliquângulos; e d) a criação de um instrumento conhecido como barras de Napier
ou ossos de Napier , usados para efetuar mecanicamente multiplicações, divisões e extração de
raízes quadradas.

5
Luis Carlos Prestes foi militar e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro.

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Figura 46–Bastões de Napier

Boyer considera que a invenção dos logaritmos deve datar aproximadamente de 1594. Essa
estimativa se deve ao fato de ele ter afirmado que trabalhou na invenção dos logaritmos durante
20 anos antes de publicar seus resultados. Napier procurou uma relação de correspondência entre as
sequências de potências sucessivas de um dado número (como na Arithmetica integra de Stifel e nas
obras de Arquimedes):

Em tais sequências, era evidente que as somas e as diferenças dos


índices das potências correspondiam a produtos e quocientes das
próprias potências; mas uma sequência de potências inteiras de uma
base, tal como dois, não podia ser usada para computações porque
as grandes lacunas entre termos sucessivos tornavam a interpolação
demasiado imprecisa. (...) Dr. John Craig, médico de James VI, da Escócia,
falou‑lhe no uso da prostaférese na Dinamarca (...) em computações
no observatório; e a informação sobre isto encorajou Napier a redobrar
seus esforços e finalmente a publicar em 1614 o Mirifi Logarithmorum
Canonis descriptio (uma descrição da maravilhosa regra dos logaritmos)
(BOYER, 2003, p. 213‑214).

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Figura 47 – Mirifi Logarithmorum Canonis descriptio, de John Napier

Eves aponta que essa obra de Napier contém uma tábua que fornece os logaritmos dos senos
de ângulos para minutos sucessivos de arco. A obra despertou interesse imediato, tanto que, no ano
seguinte à sua publicação, Henry Briggs (1561‑1631), professor de geometria do Gresham College de
Londres e, posteriormente, professor de Oxford, viajou até Edimburgo para que ambos discutissem sobre
o material publicado. Nessa visita, ambos chegaram à conclusão de que as tábuas seriam mais úteis
se fossem alteradas de modo que o logaritmo de 1 fosse 0 e o logaritmo de 10 fosse uma potência
conveniente de 10. Nasceram assim os logaritmos briggsianos ou comuns, utilizados atualmente. Esses
logaritmos, essencialmente de base 10, mostraram‑se superiores em cálculos numéricos pelo fato de
nosso sistema de numeração ser decimal. Eves conclui que, para outro sistema de numeração de base b
e para propósitos computacionais, tábuas de logaritmos de base b seriam mais convenientes.

Eves ainda acrescenta que Briggs publicou Arithmetica logarithmica em 1624 e que a obra
continha uma tábua de logaritmos comuns com 14 casas decimais, dos números de 1 a 20.000 e de
90.000 a 100.000. A lacuna foi preenchida com a ajuda de Adriaen Vlacq (1600‑1660), um livreiro e
editor holandês.

Edmund Gunter (1581‑1626), um dos colegas de Briggs, publicou em 1620 uma tábua de logaritmos
comuns de senos e tangentes de ângulos para intervalos de um minuto de arco, com sete casas
decimais. Eves afirma que foi Gunter o inventor dos termos cosseno e co‑tangente. Por fim, Briggs e
Vlacq publicaram quatro tábuas de logaritmos fundamentais, apenas superadas recentemente quando,
em 1924 e em 1949, foram publicadas extensas tábuas de 20 casas decimais.

Eves coloca que a palavra logaritmo significa “número de razão” e foi adotada por Napier
depois de ele ter usado inicialmente a expressão “número artificial”. Briggs introduziu a palavra
mantissa, que significava inicialmente “adição” ou “contrapeso” e que, no século XVI, passou a

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significar “apêndice”. Briggs sugeriu também o termo característica, que chegou a ser usado por
Vlacq. As primeiras tábuas de logaritmos comuns apresentavam tanto a característica quanto a
mantissa. Somente no século XVIII a forma de apresentação atual de só se imprimir a mantissa
teve início.

Eves ressalva, por fim, que a invenção de Napier foi amplamente divulgada na astronomia. O único
rival em relação às ideias de Napier foi Jobst Bürgi (1552‑1632), na Suíça. Bürgi publicou seu trabalho
seis anos depois de Napier, mas a abordagem de Napier era geométrica e a de Bürgi, algébrica.

Observação

Atualmente, o logaritmo é considerado universalmente como um


expoente. Assim, Eves considera que, se n = bx, então x é o logaritmo
de n na base b. No entanto, os logaritmos foram inventados antes de se
usarem expoentes.

Figura 48 – Ábaco de Napier

A primeira tábua de logaritmos foi publicada por Napier em 1614. Para ilustrar o funcionamento da
tábua, utilizaremos, como exemplo, um logaritmo de base 2, porém, é preciso salientar que o método se
aplica a qualquer base.

Saiba mais

Atualmente, os estudantes, acostumados ao uso de calculadoras, poderão


entender melhor o funcionamento de uma tábua de logaritmos acessando a
página <http://www.somatematica.com.br/emedio/tablog.php>. Acesso em:
18 maio 2011.

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Exemplo: Ao consultar o site Somatemática (GRUPO, s. d.), obtém‑se os valores da tabela


abaixo. A primeira coluna é uma progressão geométrica da base 2 e a segunda coluna, seus
valores correspondentes.

Número Potências na base 2


2 1,0000
3 1,5850

4 2,0000
5 2,3219
6 2,5850
7 2,8074
8 3,0000
9 3,1699
10 3,3219
. .

. .

. .
16 2,0000

Observe que, se considerarmos os valores exatos da primeira coluna (para facilitar visualização),
obtém‑se:

Número Potências na base 2


2=2 1
1,0000
4 = 22 2,0000
8 = 23 3,0000
16 = 2 4
4,0000

Para exemplificar o cálculo do produto usando a tabela acima, temos que, para se obter o produto
de 2 por 8, escrevemos esses números em potências de base 2. A seguir, somamos os expoentes e
procuramos o resultado na coluna da tabela.

Assim:

2 = 21 e 8 = 23

A soma dos expoentes resulta 4.

A partir do exemplo, é possível notar que a ideia genial de transformar produto em somas permitiu
a aplicação de logaritmos em cálculos de várias áreas.

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Geometria analítica, Descartes e O Discurso do Método

Como foi descrito no início deste capítulo, a Europa nesse período histórico estava envolvida em
guerras que destruíam cidades, empobreciam as sociedades e modificavam a forma de viver e de pensar,
levando à consolidação do Estado moderno. Eves indica que é nesse contexto que Desargues e Pascal
abriram um novo campo, a geometria projetiva, e Descartes e Fermat conceberam as ideias da geometria
analítica moderna. A geometria projetiva é um ramo da geometria e a geometria analítica moderna é
um método.

(...) esse novo e poderoso método de enfrentar problemas geométricos.


A essência da ideia, quando aplicada ao plano, lembre‑se, consiste em
estabelecer uma correspondência entre pontos do plano e pares ordenados
de números reais, viabilizando assim uma correspondência entre curvas do
plano e equações em duas variáveis, de maneira tal que para cada curva
do plano está associada uma equação bem definida f (x,y) = 0 e para cada
equação dessas está associada uma curva (ou conjunto de pontos) bem
definida do plano. Estabelece‑se, além disso, uma correspondência entre as
propriedades algébricas e analíticas da equação f(x,y) = 0 e as propriedades
geométricas da curva associada. Transfere‑se assim, de maneira inteligente,
a tarefa de provar um teorema em geometria para a de provar um teorema
correspondente em álgebra ou análise (EVES, 2004, p. 382).

Lembrete

A essência real desse campo reside na transferência de uma investigação


geométrica para uma investigação algébrica correspondente.

René Descartes (1596‑1650) era de família nobre e estudou 16 anos com os jesuítas. Eves aponta
que, a partir de 1617, Descartes iniciou uma carreira militar de vários anos, servindo sob as ordens
de Maurício de Orange e, após abandonar a vida militar, passou quatro ou cinco anos viajando pela
Alemanha, Dinamarca, Holanda, Suíça e Itália. Viveu dois anos em Paris, local em que voltou aos seus
estudos de filosofia e matemática. Depois desse período, mudou‑se para a Holanda, onde viveu cerca de
20 anos consagrando‑se inteiramente aos seus estudos. Em 1649, foi para a Suécia a convite da rainha
Cristina e, poucos meses depois, morreu em decorrência de uma infecção pulmonar.

Eves informa que Descartes produziu sua obra durante o intervalo de tempo em que viveu na
Holanda. Nos quatro primeiros anos, ele escreveu para o jornal Le Monde sobre a descrição física do
Universo, que acabou sendo abandonada quando Galileu foi condenado pela Igreja.

O tratado filosófico sobre a ciência universal Discours de la méthode pour bien conduire sa raison
et chercher la verité dans les sciences (discurso do método para bem conduzir sua razão e procurar a
verdade nas ciências) foi a obra que o tornou mais conhecido. Nessa obra, publicada em 1637, ele lança
as bases do racionalismo. Três apêndices acompanharam esse tratado: La dioptrique, Les météores e La
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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

géométrie, sendo que as contribuições à geometria analítica aparecem no último apêndice. Em 1641, ele
publicou um trabalho intitulado Meditationes e, em 1644, lançou o Principia philosophiae.

No entanto, Eves observa que o apêndice La géométrie não é um desenvolvimento sistemático do


método analítico e, portanto, obriga o leitor a construir o método por si mesmo a partir de algumas
informações. O livro é de difícil leitura e, por esse motivo, uma tradução latina da obra com notas
explanatórias de F. de Beaune e editada e comentada por Frans van Schooten teve ampla circulação.
Somente após um século ou mais o assunto adquiriu a forma atual. No sentido técnico de hoje, as
palavras coordenadas, abscissa e ordenada foram contribuições de Leibniz em 1692.

Segundo Boyer, em La géométrie Descartes mostrou que percebia que as propriedades de uma curva
tais como sua área ou a direção de sua tangente ficam bem determinadas quando é dado uma equação
em duas incógnitas, contudo, o estudioso não explorou completamente essa percepção. Curiosamente,
Descartes não estabelecia em sua obra um sistema de coordenadas a fim de localizar pontos nem as
pensava como pares de números. Assim, o sintagma “produto cartesiano” é um anacronismo.

Pierre de Fermat (1601?‑1665)

Boyer pontua que Fermat tinha muita capacidade matemática, porém, não era matemático
profissional. Ele estudou Direito em Toulouse, onde serviu no parlamento local primeiramente como
advogado e, num momento seguinte, como conselheiro. Ele estudava matemática por lazer e, por
essa razão, se dedicou a estudar obras da Antiguidade com base nos tratados clássicos preservados.
Ele se propôs a reconstruir a obra Lugares planos de Apolônio com base em alusões contidas na
Coleção Matemática de Papus. Dessa forma, ele descobriu em 1636 o princípio fundamental da
geometria analítica:

Sempre que numa equação final encontram‑se duas quantidades incógnitas,


temos um lugar, a extremidade de uma delas descrevendo uma linha, reta
ou curva (BOYER, 2003, p. 238).

Em seu estudo, Fermat começou com a equação linear, escolheu um sistema de coordenadas
arbitrário e obteve o gráfico – uma semi‑reta –, uma vez que, como Descartes, ele não usava abscissas
negativas. Eves observa que aparecem no tratado de Fermat a equação geral da reta e da circunferência
e uma discussão sobre hipérboles, elipses e parábolas. Em 1637, Fermat terminou um novo estudo sobre
tangentes e quadraduras no qual definiu muitas novas curvas analiticamente.

Observação

Descartes partia de um lugar geométrico e então encontrava sua equação;


Fermat partia da equação e então estudava o lugar correspondente.

Eves ainda informa que, dentre as variadas contribuições de Fermat à matemática, a mais importante
é a fundação da moderna teoria dos números.
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Unidade III

Blaise Pascal (1623‑1662)

Blaise Pascal nasceu na província francesa de Auvergne e, no curto espaço de tempo que foi sua
vida, escreveu seu nome na história da matemática. Quando menino, era considerado pelo pai como
muito frágil fisicamente e, portanto, inapto para o estudo de matemática.

Eves conta que, no entanto, isso estimulou a curiosidade de Pascal, que perguntou ao seu preceptor
sobre geometria. Aquele teve como resposta que a geometria era o estudo de figuras exatas e das
propriedades de suas diferentes partes. Através de dobraduras em papel, Pascal descobriu por conta
própria muitas das propriedades das figuras geométricas. Em particular, descobriu que a soma dos
ângulos de um triângulo é igual a um ângulo raso. Quando seu pai notou suas habilidades, deu‑lhe um
exemplar de Os Elementos, de Euclides, que Pascal dominou rapidamente.

Aos 16 anos, o jovem teórico escreveu um trabalho sobre secções cônicas que Descartes duvidou
ser o trabalho de um adolescente e atribuiu a autoria da obra ao pai de Pascal. Esse trabalho se perdeu,
porém, também foi visto por Leibniz. Entre seus 18 e 19 anos, o jovem ainda inventou o que pode ser
considerada a primeira máquina de calcular, isso para ajudar o pai nas funções de fiscal do governo.

Eves afirma que, na física, Pascal deixou como resultado seu princípio da hidrodinâmica.

A partir de 1647, Pascal dedicou‑se apenas à aritmética. Ele desenvolveu em parceria com Fermat a
teoria das probabilidades, a fórmula de geometria do acaso, o triângulo de Pascal e o tratado sobre as
potências numéricas.

O triângulo de Pascal

O Traité du triangle arithmétique, de Pascal, foi escrito em 1653, mas só foi publicado em 1665. Eves explica
que Pascal construía seu triângulo aritmético conforme a figura abaixo. Nele, qualquer elemento (da segunda
linha em diante) é obtido como soma de todos os elementos da linha precedente situados exatamente acima
ou à esquerda do elemento desejado. Assim, na quarta linha, obtém‑se 35 = 15 + 10 + 6 +3 +1.

Figura 49 – Triângulo de Pascal, no manuscrito original

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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Uma das maiores contribuições de Pascal se deu no campo das probabilidades. Segundo Eves, até o
início do século XVI não havia existido nenhum tratamento matemático da probabilidade, isso até que
alguns matemáticos italianos tentaram avaliar as possibilidades em alguns jogos de azar.

Fermat trocou correspondências com Blaise Pascal sobre o problema dos pontos e ambos chegaram
a uma mesma resposta por caminhos diferentes. Essa correspondência entre os dois estudiosos lançou
os fundamentos da moderna teoria das probabilidades.

Eves informa ainda que o último trabalho de Pascal foi sobre a cicloide, a curva descrita por um
ponto da circunferência em um círculo conforme este se desloca ao longo de uma reta sem escorregar.

2πα
P

α
P

C
círculo rodante cicloide

Figura 50 – Cicloide

Descoberta e desenvolvimento do Cálculo (Newton e Leibniz)

Eves considera que a realização mais notável do século XVII foi a invenção do cálculo por Isaac
Newton e Gottfried Wilhelm Leibniz, já ao final do mesmo século. Com eles, a matemática criativa
passou a um plano superior e a história da matemática elementar essencialmente terminou. O
desenvolvimento histórico do cálculo não corresponde à ordem normalmente utilizada em cursos e
livros didáticos. Primeiramente, surgiu o cálculo integral e só muito tempo depois o cálculo diferencial.
Apenas posteriormente verificou‑se que a integração e a diferenciação estão relacionadas.

Isaac Newton (1642 –1727)

Eves relata que Isaac Newton nasceu na aldeia de Woolsthorpe no Natal de 1642, ano da morte
de Galileu. Filho de um proprietário rural, Newton deveria ter seguido a mesma profissão do pai se,
desde pequeno, não fosse extremamente inventivo. Aos 18 anos, ingressou no Trinity College, em
Cambridge. Durante sua graduação, leu Os Elementos, de Euclides (obra que considerou muito óbvia),
e La Géometrie, de Descartes (considerada difícil por Newton). Leu também os trabalhos de Kepler,
Viète e a Arithmetica infinitorum, de Wallis. Em pouco tempo, Newton começou a produzir sua própria
matemática, inicialmente descobrindo o teorema do binômio generalizado e, em seguida, o método dos
fluxos – denominação dada por ele ao cálculo diferencial. Durante o período compreendido pelo final do
verão de 1665 até o final do verão de 1667, salvo por um pequeno período de reabertura, a Universidade
esteve fechada em decorrência de uma epidemia de febre bubônica.

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Unidade III

Em 1667, Newton retornou a Cambridge e, por dois anos, pesquisou sobre ótica. Em 1669, ele
iniciou um período de 18 anos de docência na universidade. Em 1687, o teórico publicou Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica, um tratado com novos conceitos em física e astronomia. Era a primeira
sistematização completa da dinâmica e uma formulação completa do movimento (terrestre e celeste).
Eves avalia que a repercursão da obra na Europa foi imediata e impressionante. Boyer, por sua vez,
constata que o tratado científico foi o mais admirado de todos os tempos.

Boyer acresce que, na primeira edição de Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, Newton
reconheceu que Leibniz estava de posse de um método semelhante ao seu, contudo, na terceira
edição, em 1726 – após amarga disputa entre aderentes dos dois cientistas quanto à independência
e prioridade da descoberta do cálculo –, Newton omitiu as referências aos cálculos de Leibniz.
No entanto, a descobreta de Leibniz foi independente da de Newton e, além disso, aquele havia
publicado suas descobertas anteriormente, em 1684, na Acta Eruditorum, uma espécie de periódico
científico mensal.

Eves indica que, em 1692, Newton foi acometido de uma forma de distúrbio mental e suas pesquisas
em matemática praticamente cessaram. Em 1703, o estudioso foi eleito presidente da Royal Society e
reeleito até sua morte. Em 1705, Newton recebeu o título de cavaleiro e faleceu em 1727, aos 84 anos
de idade. Seu corpo foi enterrado na abadia de Westminster.

Gottfried Wilhenm Leibniz (1646 – 1716)

Segundo Boyer, Leibniz nasceu em Leipzig. Com apenas 15 anos, entrou na universidade e, com 17,
obteve o grau de bacharel. Ele estudou teologia, direito, filosofia e matemática e, aos 20 anos, já poderia
receber o grau de doutor em direito, mas este lhe foi recusado em razão de sua pouca idade. Por essa
razão, ele ingressou na Universidade de Altdorf, em Nüremberg, onde obteve seu grau de doutor. Ele não
quis seguir a carreira docente e preferiu seguir a carreira diplomática.

Eves aponta que foi em uma missão diplomática a Paris que Leibniz teve aulas de matemática com
Huygens e, antes de deixar a cidade, já havia descoberto o teorema fundamental do cálculo, desenvolvido
grande parte de sua notação para o assunto e estabelecido fórmulas elementares de diferenciação.

Em seguida, o teórico assumiu um serviço público em Hanover que lhe proporcionava tempo para
seus estudos prediletos. Ele foi fundador e editor‑chefe de uma revista denominada Acta eruditorum. Em
1700, ele criou a Academia de Ciências de Berlim e, posteriormente, se empenhou em criar academias
semelhantes em Dresden, Viena e São Petersburgo.

Em suas pesquisas, Leibniz formulou as principais propriedades da adição, multiplicação e negação


lógicas e ainda considerou a classe vazia e a inclusão de classes.

De acordo com Eves, o estudioso inventou seu cálculo entre 1673 e 1676 e, em 1675, usou pela
primeira vez o símbolo de Integral como é empregado atualmente (utilizando a primeira letra da palavra
latina summa, que significa soma). Seu objetivo era indicar uma soma de indivisíveis. Algumas semanas
depois, Leibniz já escrevia diferenciais e derivadas como elas são atualmente, do mesmo modo como já fazia
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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

também com as integrais. Seu primeiro artigo sobre cálculo diferencial só apareceu em 1684 e a forma da
derivada enésima do produto de duas funções é geralmente conhecida hoje por regra de Leibniz.

Leonhard Euler (1707‑1783)

Boyer afirma que Leonhard Euler foi o mais importante matemático nascido na Suíça. Seu pai era
ministro religioso e desejava que o filho seguisse o mesmo caminho. Assim, Euler estudou teologia na
Universidade de Basileia, na Suíça, e lá aprendeu matemática com um dos mais famosos professores de
sua época: Johann Bernoulli.

Eves aponta que, a partir da convivência com seu professor Bernoulli, Euler conheceu dois de seus
filhos: Nicolaus e Daniel Bernoulli, que foram fundamentais em sua carreira. Então com apenas 20 anos,
eles o indicaram para trabalhar na Academia de São Petersburgo.

Com o retorno de Daniel ao seu país, Euler se tornou chefe da seção de matemática da Academia.
Posteriormente, ele aceitou um convite do rei da Prússia, Frederico, o Grande, para chefiar a seção de
matemática de Berlim e lá permaneceu por 25 anos. Em 1766, retornou à Academia de São Petersburgo,
onde trabalhou os 17 anos seguintes. Euler morreu subitamente com 76 anos de idade.

Além de matemática, Euler estudou línguas orientais, medicina, física, botânica, química e astronomia.

Eves ainda informa que o estudioso passou os últimos 17 anos de sua vida completamente cego,
no entanto, isso não o impediu de continuar produzindo até o final de sua vida com a ajuda de um
secretário. Euler publicou 530 trabalhos durante a vida e, ao morrer, deixou diversos manuscritos que
enriqueceram as publicações da Academia de Ciências de São Petersburgo durante 47 anos.

Euler implantou as seguintes notações utilizadas em matemática:

• f(x) para funções;

• e para base dos logaritmos naturalis;

• i para a unidade imaginária;

• Σ para somatória;

• dn y para derivadas de grau n etc.

São devidas a Euler as seguintes fórmulas:

eix = cos x + isenx

Se x = π, então: eix + 1 = 0

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Unidade III

A equação diferencial em que os expoentes indicam a ordem da derivada é conhecida como equação
diferencial de Euler:

xny(n) + a1xn–1y(n–1) + ... + any(0) = f(x)

Um momento de reflexão para o futuro professor

Como foi analisado anteriormente, surgiram importantes descobertas na área da matemática nesse
período. Porém, como destaca Ávila (2006), não havia ainda uma fundamentação adequada para o
cálculo. A mais importante das tentativas de que se tem notícia para modificar essa situação foi a de
Lagrange, ao final do século XVIII, com o estudo de séries de funções.

É preciso entender as razões históricas dessa época. No século XVIII, não havia ainda muita motivação
para o estudo desses fundamentos. O autor analisa que os matemáticos desse tempo estavam mais
empenhados em desenvolver novas técnicas e usá‑las na formulação e solução de problemas aplicados
em mecânica, hidrodinâmica, elasticidade, acústica, balística, ótica, transmissão de calor e mecânica
celeste. Portanto, não havia preocupação em separar a análise matemática e a física matemática. A
preocupação com rigor, nesse momento, não fazia sentido porque os resultados empíricos faziam o
papel de teste de valor desses métodos.

Ávila ainda constata que, em meados do século XVIII, surgiu um dos problemas que se tornou o
mais fértil no desenvolvimento da análise no século seguinte: em seu estudo da corda vibrante, Daniel
Bernoulli colocava a questão de, dado o perfil inicial da corda, expressar a função como série de senos.
A fundamentação teórica existente de funções e noção de continuidade não apresentava generalidade
suficiente para dar conta do problema. Ávila observa que os matemáticos de então lidavam com funções
desenvolvidas em séries do tipo particular – as séries de potências –, como se fossem “polinômios
infinitos”, e derivavam e integravam tais séries termo a termo. Com o estudo de Bernoulli, essa situação
se tornou desconfortável porque, diferentemente das “séries bem comportadas” com as quais os
matemáticos estavam envolvidos, as séries do teórico eram trigonométricas. Essas questões, por fim, só
foram esclarecidas na metade do século XIX.

Situação-problema: Pelo exposto, percebe‑se que as noções de função e continuidade foram um


fator importante. O futuro professor de ensino médio deve se preocupar com o desenvolvimento inicial
das construções desses conceitos.

No entanto, a noção de continuidade que é desenvolvida no cálculo dado no ensino superior é


difícil para estudantes de ensino médio. Mas isso não deve constituir em desculpa para não se iniciar
corretamente esse estudo.

Como a definição que deu certo e frutificou foi a definição local de continuidade, ou seja, aquela
em que as funções são consideradas contínuas em intervalos, a sugestão de Ávila é empenhar‑se
em desenvolver essa noção contida na visualização geométrica de não ruptura do gráfico da função
definida num intervalo. Segundo o autor, aqui reside a concepção mais rudimentar e visual do conceito
de continuidade.
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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Partindo dessa concepção, como o gráfico a seguir deveria ser analisado com alunos de Ensino
Médio? Observe que, nesse momento, não há a necessidade de os alunos conhecerem a lei da função a
partir da qual o gráfico é apresentado.
y

1
x
–6 –5 –4 –3 –2 –1 1 2 3 4 5 6
–1

–2

–3

–4

7.2 A matemática nos séculos XIX e XX

Panorama cultural

Eves resume as condições globais que propiciaram alterações profundas na cultura e na sociedade
humanas em todo o mundo em duas grandes revoluções: a Revolução Agrícola do terceiro milênio a.C.
e a Revolução Industrial no século XIX d.C. Por esse motivo, retomaremos o que foi desenvolvido nos
tópicos anteriores intitulados e, com o auxílio do que foi desenvolvido em Bernardes (2009), procuraremos
entender essas condições.

Segundo Hobsbawm (2003), ao final do século XVIII e início do XIX a Inglaterra possuía uma economia
forte e um Estado suficientemente agressivo para conquistar o mercado de seus competidores. Os
britânicos virtualmente eliminaram do mundo não europeu todos os rivais, exceto, até certo ponto, os
jovens Estados Unidos da América. Além disso, a Inglaterra possuía uma indústria ajustada à Revolução
Industrial pioneira sob condições capitalistas e uma conjuntura econômica que permitia que se lançasse
à indústria algodoeira e à expansão colonial.

No entanto, apesar de toda a agressividade britânica no setor algodoeiro, Hobsbawm (Ibidem)


observa que, depois de 1815, houve uma redução na margem de lucros. Em primeiro lugar, isso se deu
porque a Revolução Industrial e a competição provocaram uma queda dramática e constante no preço
dos artigos acabados, porém, isso não ocorreu em vários custos de produção. Em segundo lugar, depois
de 1815 a situação geral dos preços era de deflação, ou seja, os lucros, longe de um impulso extra,

125
Unidade III

sofriam um leve retrocesso. Houve ainda uma redução nos salários, contudo, havia um limite fisiológico
nessas reduções, caso contrário, os trabalhadores morreriam de fome, como de fato ocorreu com 500
mil tecelões manuais.

Em tempos de crise da acumulação de capital, a vida de alguns não é prioridade. Contudo, não
apenas a vida do trabalhador individual estava em jogo: surgiu a figura da centralização de capitais e,
nesse processo, cada capitalista “mata” muitos outros.

Marx aponta que, paralelamente a isso, desenvolve‑se a forma de cooperativa do processo de


trabalho em escala sempre crescente, a aplicação técnica da ciência, a exploração planejada da terra, a
transformação dos meios de trabalho em meios utilizáveis apenas coletivamente, a economia de todos os
meios de produção mediante uso de um trabalho social combinado e o entrelaçamento de todos os povos
na rede do mercado mundial e, com tudo isso, tem‑se o caráter internacional do regime capitalista.

Assim, essa crise criou uma enorme pressão para que a indústria se mecanizasse, isto é, baixasse os
custos através da redução do emprego de mão de obra e, simultaneamente, se voltasse a uma perspectiva
mundial para seus negócios. A acumulação de capital passa a ser acompanhada simultaneamente por
sua concentração e sua centralização.

O advento da grande indústria, ou seja, dessa forma superior do trabalho social combinado, deu
à acumulação dos corpos sãos uma eficácia de produção num grau exponencialmente mais elevado
do que qualquer outro modo de produção anterior. Em relação à formação da força de trabalho com
habilidades para participar das nascentes formas de divisão técnica do trabalho necessárias à grande
indústria, tem‑se a constituição de uma escola que, lentamente, se torna obrigatória para a maioria da
população. O conhecimento das bases mínimas de escrita, leitura e cálculo passa a ser necessário para
uma grande massa de trabalhadores se inserir na produção industrial. A educação escolar das séries
iniciais que, além do aprendizado da disciplina e da obediência, passa a incluir um mínimo de saber
técnico, vai ao longo do tempo sendo englobada nas leis dos países pelo mundo todo como educação
obrigatória. Em 1864, na Inglaterra, a Lei Fabril instituiu como obrigatória a instrução escolar para
crianças trabalhadoras.

Constituído de classes médias que não tinham o mesmo gosto por extravagâncias e luxos das
sociedades aristocráticas e feudais, o principal público investidor necessitava de novos investimentos
lucrativos. Além de economizarem, as classes médias eram virtualmente livres de impostos. Como
bem observa Hobsbawm (2003), foi por isso que as primeiras duas gerações da Revolução Industrial
acumularam renda tão rapidamente e em tão grandes quantidades que excediam todas as possibilidades
disponíveis de gasto e investimento. Essa acumulação ocorreu em meio a uma população faminta cuja
fome era o reverso daquela acumulação (Ibidem, p. 75).

As indústrias existentes tinham se tornado demasiadamente baratas para absorver mais do que uma
fração do excedente disponível para investimento. A aplicação estrangeira foi uma possibilidade óbvia. Os
velhos governos, desgastados pela guerra, e os novos governos desejavam o crédito disponibilizado pelos
investidores ingleses. No entanto, o retorno do capital investido no exterior nos booms especulativos
de 1825 e 1835‑7 foi decepcionante porque muitos governos não pagavam de acordo com o que fora
126
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

estabelecido por ocasião dos empréstimos. Assim, os investidores passaram a desejar soluções domésticas
que estariam mais sujeitas ao controle.

Hobsbawm (2003) constata que, em uma feliz conjuntura, as indústrias de bens de capital estimularam
a construção de ferrovias. A mineralogia, por exemplo, necessitava não só de máquinas a vapor de grande
potência e em grande quantidade, mas também de meios de transporte eficientes para a extração no
interior das minas e distribuição da produção. Dessa forma, o capital encontrou as ferrovias, que não
podiam ser construídas tão rapidamente e em tão larga escala sem grandes investimentos.

A primeira das modernas ferrovias foi a ligação entre o campo de carvão de Durham e o litoral
(StocktonDarlington, 1825). Mal as ferrovias tinham provado ser tecnicamente viáveis e lucrativas na
Inglaterra (por volta de 1825‑30) e já existiam planos para a construção de ferrovias em outros países.
Como a instalação de ferrovias necessitava de imensa quantidade de ferro e aço, maquinaria pesada,
mão de obra e investimento de capital, essa passou a ser a demanda necessária às indústrias de bens de
capital para se transformarem tão profundamente quanto a indústria algodoeira.

Dessa forma, os investidores aplicavam seu dinheiro em certas empresas que beneficiavam a
industrialização e, assim, construiu‑se a primeira economia industrial de vulto. Marx sintetiza bem a
mudança de perspectiva que sofreu o sistema comercial quando as relações capitalistas do período
manufatureiro foram encaminhadas para um período industrial naqueles países que, sobre essa base,
irão se tornar imperialistas:

Hoje em dia, a supremacia industrial traz consigo a supremacia comercial.


No período manufatureiro propriamente dito, é, ao contrário, a supremacia
comercial que dá o predomínio industrial. Daí o papel preponderante que o
sistema comercial desempenhava então. Era o “deus estranho” que se colocava
sobre o altar ao lado dos velhos ídolos da Europa e que, um belo dia, com um
empurrão e um chute, jogou‑os todos por terra (MARX, 1985, p. 288).

Esse é o modelo do capitalismo nos países ditos centrais do sistema capitalista. Em termos gerais, a
Inglaterra forneceu o modelo para as ferrovias e fábricas, um explosivo modelo econômico que rompeu
com as estruturas tradicionais do mundo não europeu, entretanto, Hobsbawm (2003) esclarece que foi
a França que desenvolveu a política liberal e radical‑democrática que acompanharia o modelo.

A junção desses dois “modelos”, própria de países imperialistas como a Inglaterra em torno da
segunda metade do século XIX, criou diferentes perspectivas econômicas para sociedades não europeias,
inclusive para a sociedade brasileira, porém, essas perspectivas quase sempre foram utópicas.

Carl Friedrich Gauss (1777‑1855)

Eves aponta que o alemão Gauss é considerado universalmente como um dos maiores matemáticos
de todos os tempos e, por esse motivo, foi apelidado de “príncipe da matemática”. Foi um menino
prodígio: conta‑se que, aos três anos de idade, detectou um erro aritmético no cálculo do pagamento
de funcionários no borrador de seu pai.
127
Unidade III

Gauss nasceu em Brunswick, Alemanha. Seu pai era trabalhador braçal e não dava muito valor à
educação, entretanto, sua mãe, embora inculta, estimulava seu filho nos estudos.

Tanto Eves quanto Boyer contam a seguinte história sobre Gauss, quando este estava com dez anos
de idade e frequentando a escola primária: para manter a turma ocupada, o professor de Gauss passou
como tarefa somar todos os números de um a cem, com instruções para que cada um colocasse sua
ardósia sobre a mesa logo que completasse a tarefa. Quase que imediatamente, Gauss escreveu em
sua lousa o resultado: 5050. A única resposta correta na sala foi a dele e não havia nenhum cálculo
auxiliar: Carl havia calculado mentalmente a soma da progressão aritmética 1 + 2 + 3 +... + 99 + 100,
observando que 100 + 1 = 101, 99 + 2 = 101 e assim por diante. Com cinquenta pares possíveis dessa
maneira, a soma era o resultado da operação 50 x 101 = 5050.

Assim, Gauss foi encaminhado por seus professores ao duque de Brunswick, que financiou seus
estudos e pesquisas. Eves informa que o jovem entrou no colégio de Brunswick com 15 anos e na
Universidade de Göttingen, com 18 anos de idade, em 1795. Em 1796, fez uma incrível descoberta:
como construir, usando apenas régua e compasso, um polígono regular de 17 lados. Isso significa dizer
que ele conseguiu dividir a circunferência em 17 partes iguais para, nela, inscrever o polígono regular,
feito esse que era tentado pelos matemáticos desde a Grécia. Boyer afirma que Gauss comemorou o
resultado iniciando um diário em que anotou muitas de suas descobertas nos 18 anos seguintes.

Eves aponta que, da mesma maneira que Newton, Gauss era lento para publicar seus resultados e,
assim, muitas questões de prioridade foram levantadas. Ou seja, nem sempre é possível ter certeza sobre
quem obteve um determinado resultado primeiro. Esse diário só se tornou público após a morte de Gauss,
em 1898, quando a Sociedade Real da cidade de Göttingem o recebeu emprestado de um dos netos do
matemático. O diário contém 146 registros de descobertas e cálculos. Boyer observa que, entre esses registros,
estão vários teoremas estabelecidos por matemáticos anteriores, como Euler e Lagrange, os quais Gauss
redescobriu e, ainda, outros teoremas acompanhados de demonstrações completamente novas. Entre as
descobertas mais significativas de seu tempo de estudante, estão a prova da lei de reciprocidade quadrática
da teoria dos números e o desenvolvimento do método de determinação dos mínimos quadrados.

De acordo com Eves, com apenas 20 anos Gauss escreveu sua tese de doutorado na Universidade
de Helmsädt, apresentando a primeira demonstração plenamente aceitável do teorema fundamental da
álgebra. Com 24 anos, ele publicou sua obra unitária mais importante, Disquisitiones arithmeticae, um
trabalho fundamental na moderna teoria dos números.

Boyer demarca que o livro Disquisitiones é organizado em sete seções, sendo que nas quatro primeiras
ele reformula de modo mais compacto a teoria dos números do século XVIII, discutindo os conceitos de
congruência e de classes de restos. A quinta seção é dedicada à teoria das formas quadráticas binárias.
Na seção de número seis, há diversas aplicações práticas e, na última seção, o que inicialmente mais
chamou a atenção foi a resolução da equação ciclotômica geral de grau primo.

Boyer aponta que as Disquisitiones Arithmeticae de Gauss ficaram esquecidas até o fim dos anos
1820, quando os estudos de C. G. Jacobi (1804‑1851) e P. G. Dirichlet (1805‑1859) trabalharam com
algumas das consequências mais profundas que derivaram dessa obra.
128
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Além de grande estudioso da matemática, Gauss foi também um grande estudioso de física e astronomia.
Foi a astronomia, por exemplo, que lhe trouxe fama imediata, segundo informações de Boyer. Gauss calculou
a órbita do planeta Ceres, que havia sido recentemente descoberto por Giuseppe Piazzi (1746‑1826), diretor
do observatório de Palermo, e que, sendo um planeta longínquo e pequeno, os astrônomos não conseguiam
localizar exatamente. Para tanto, ele desenvolveu um esquema conhecido como método de Gauss, que ainda é
usado para acompanhar satélites. A determinação da órbita de Ceres tornou Gauss famoso internacionalmente.
Ele foi diretor do observatório de Göttingen e se dedicou muito a estudos do campo magnético da Terra. Como
astrônomo, teve um importante colaborador, o físico e astrônomo Heinrich Wilhelm Webers (1758‑1840), e
as últimas publicações de Gauss foram, em sua maioria, relativas à astronomia.

O início do cálculo diferencial

Boyer informa que, em 1827, Gauss iniciou um novo ramo da geometria denominado de geometria
diferencial. No entanto, esse trabalho pertence mais à análise do que propriamente ao campo tradicional
da geometria. Genericamente, a geometria usual se interessa pela totalidade de um diagrama ou figura,
ao passo que a geometria diferencial se concentra nas propriedades de uma curva ou superfície na
vizinhança imediata de um ponto.

Gauss estendeu a obra de Huygens e Clairaut sobre a curvatura de uma curva plana ou reversa, definindo
a curvatura de uma superfície num ponto – a curvatura gaussiana ou curvatura total. Foi a partir desse
trabalho que Bernhard Riemann e geômetras posteriores transformaram a geometria diferencial.

Segundo Boyer, um importante trabalho de Gauss foi publicado pela Sociedade Göttingen em 1812.
Nele, há a representação geométrica de Gauss para os números complexos. A importância desse artigo
residiu em abrir caminho para a extensão da teoria dos números do corpo dos números reais para o dos
números complexos.

Augustin‑Louis Cauchy (1789‑1857)

Ávila afirma que, no século XVIII, sobretudo no estudo de séries infinitas, surgiram métodos que
produziam resultados contraditórios ou absurdos na matemática. Isso gerou nos matemáticos uma
atitude crítica em relação aos conceitos matemáticos básicos. Iniciada por Gauss e Lagrange, a
revisão crítica dos fundamentos da matemática teve como consequência o desenvolvimento do rigor
matemático, que foi uma das características marcantes da matemática no século XIX e, nessa questão,
uma das figuras principais foi o francês Cauchy.

Boyer relata que Cauchy nasceu no ano da Revolução Francesa e foi filho de pais instruídos. Ele
estudou na École Polytecnique, de Paris, e trabalhou como engenheiro até 1813, quando decidiu
abandonar a engenharia civil em favor da ciência pura e aceitou um cargo de professor na escola
Politécnica, de acordo com dados de Eves.

Segundo Ávila, apesar de seus inegáveis méritos e influência no desenvolvimento da análise


matemática, Cauchy foi beneficiado pelas posições que ocupava e por trabalhar no importante centro
europeu que era Paris.
129
Unidade III

Ávila ainda afirma que a demonstração que Cauchy publicou do teorema do valor intermediário
no texto de seu Cours d’Analyse não passa de uma simples justificativa baseada na visualização
geométrica. De acordo com o autor, por volta de 1820 Cauchy definiu a Integral em termos de
soma, mas esse estudo foi muito incompleto. No entanto, a partir dessa época, intensificaram‑se as
investigações sobre os fundamentos do cálculo, levando ao desenvolvimento da análise matemática
e da teoria das funções.

Bernhard Riemann (1826 – 1866)

Filho de um pastor luterano, Bernhard Riemann nasceu em 1826, numa aldeia de Hanover.
Estudou na Universidade de Berlim e posteriormente na de Göttingen, escola em que foi professor.
Também foi em Göttingen que o teórico obteve seu doutorado com a brilhante tese no campo das
funções complexas.

Ávila aponta que, por volta de 1854, Riemann realizou um estudo aprofundado da Integral e
como nunca fora empreendido antes. Em decorrência, as somas usadas na definição de Integral são
denominadas somas de Riemann e a própria Integral é chamada de Integral de Riemann.

Ávila ainda constata que Riemann trabalhou com o intento de criar uma teoria que unificasse
os fenômenos óticos, elétricos e magnéticos. Seus esforços não foram de todo felizes, mas indicaram
um caminho. O grande físico e matemático escocês James Clerk Maxwell descobriu as equações do
eletromagnetismo com a unificação que Riemann imaginara.

Riemann morreu de tuberculose antes de completar 40 anos.

Resumidamente, no período histórico compreendido nesta unidade, a matemática se transformou


enormemente e, como foi visto na unidade anterior, no século XVI houve o início do uso dos números
complexos, fundamentais no desenvolvimento do eletromagnetismo (EVES, 2004).

No século XVII, o desenvolvimento da astronomia, da navegação, do comércio e da engenharia


demandou cálculos matemáticos, o que fez com que a pesquisa voltasse a ser intensamente incentivada.
Uma das preocupações centrais passou a ser um método de simplificação de cálculos rápido e eficiente.
Para responder a essa necessidade, vieram atender sucessivamente essas crescentes demandas a notação
indo‑arábica, as frações decimais, os logaritmos e os modernos computadores.

A geometria analítica moderna foi desenvolvida por Descartes e Fermat estabeleceu os fundamentos
da moderna teoria dos números. Huygens contribuiu de forma importante com a teoria das probabilidades.
Ao final do século XVII, em decorrência do desenvolvimento criado pelos matemáticos do próprio século,
o cálculo infinitesimal e o integral são construídos por Newton e Leibniz.

Na matemática, mudaram‑se os próprios fundamentos e desenvolveu‑se o conceito de rigor


matemático. Gauss forneceu uma explicação geométrica para os números complexos e contribuiu em
praticamente todos os ramos da matemática, especialmente na teoria dos números. Por fim, com as
contribuições de Cauchy o campo da análise matemática se desenvolveu enormemente.
130
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

O século XIX

O século XIX é extremamente profícuo em matemática, pois nele ocorreu a Revolução Industrial, que
provocou uma enorme mudança no modo de produção humana e na vida econômica e social.

Surgiu também no século XIX a geometria diferencial. Abel demonstrou que é impossível determinar
uma fórmula genérica para a resolução de equações de quinto grau e foram desenvolvidos por Hamilton
os quatérnios. No campo da geometria, ocorreu uma verdadeira revolução com o desenvolvimento
das geometrias não euclidianas, tais como a hiperbólica e a elíptica. No final do século, apareceu a
teoria dos conjuntos com Cantor, Dedekind e Bolzano e o desenvolvimento dessa teoria provocou novas
reformulações na matemática, principalmente a partir das contribuições de De Morgan, Peano e Jonh
Venn. Boole construiu uma lógica matemática estruturada em conjuntos e isso levou a uma evolução
também no campo da teoria das probabilidades.

No século XIX, houve também grandes mudanças no campo da aritmética e da álgebra. A resolução
de equações algébricas de grau maior ou igual a quatro por fórmulas com radicais era um dos problemas
que ocupava os matemáticos na época. Esse problema surgiu por ser conhecido que esse tipo de solução
existia para equações algébricas tanto de segundo quanto de terceiro graus. Lagrange e Vandermonde
haviam iniciado estudos tentando determinar soluções com radicais para as equações algébricas de
quarto grau, mas nada conseguiram. Coube ao jovem matemático Niels Henrik Abel resolver o problema,
ao provar que é impossível resolver por radicais equações de grau maior ou igual a quatro.

A partir de estudos iniciados por Évariste Galois, surgiu a teoria dos grupos, que impulsionou a
teoria dos números e originou a álgebra moderna. O próprio conceito de álgebra mudou e surgiu então
a álgebra não comutativa. Estabeleceu‑se, assim, uma distinção entre a álgebra linear – dos espaços
vetoriais e transformações lineares – e a álgebra dos conjuntos – das estruturas, tais como os grupos,
anéis e corpos.

No final do século, Peano apresentou contribuições na aritmetização da análise, que havia sido
iniciada por Cauchy e Bolzano, axiomatizando a maior parte da matemática.

As geometrias não euclidianas abriram novas possibilidades para a ciência do século XX. Pelo fato de
o universo ser curvo, Albert Einstein usou as ideias da geometria elíptica de Riemann em sua teoria da
relatividade. Einstein considerou o universo com quatro dimensões, e não três (o tempo seria a quarta
dimensão). Nesse contexto, as geodésias são as retas do espaço‑tempo.

Assim, as geometrias não euclidianas são de grande valia em diversos campos, tais como a física
atômica, a óptica, a ondulatória e nos estudos de grandes distâncias.

William Rowan Hamilton

No início do século XIX, parecia inconcebível que pudesse haver uma álgebra diferente da comum e
da aritmética. Eves cita como exemplo a dificuldade que os matemáticos da época tinham em imaginar
uma álgebra em que a lei comutativa da multiplicação não se aplicasse.
131
Unidade III

Hamilton contava a história de que a ideia de abandonar a lei comutativa


da multiplicação ocorreu‑lhe num átimo, após quinze anos de cogitações
infrutíferas, enquanto caminhava com a esposa ao longo do Royal Canal
perto de Dublin, pouco antes de escurecer. Essa ideia tão pouco ortodoxa
impressionou‑o tanto que pegou seu canivete e com ele cravou a parte
fundamental da tábua de multiplicação dos quatérnios numa das pedras da
Ponte Broughm. Hoje uma placa engastada de pedra da ponte conta‑nos a
história. Dessa forma perpetua‑se um dos grandes momentos da matemática
(EVES, 2004, p. 551).

Here as he walked by on the 16th of October 1843 Sir William


Rowan Hamilton in a flash of genius discovered the fundamental
formula for quaternion multiplication
i2 = j2 = k2 = ijk = –1
and cut it in a stone of this bridge.
Figura 51

Tradução livre: Aqui estava caminhando em 16 de outubro de 1843 Sir William Rowan Hamilton
quando, em um lampejo de genialidade, descobriu a fórmula fundamental para a multiplicação dos
quatérnios i2 = j2 = k2 = ijk = –1 e a cravou em uma pedra desta ponte.

Assim, Eves observa que pode‑se escrever o quatérnio (a, b, c, d) do seguinte modo:

a + bi + cj + dk

Quando se representa dois quatérnios como no modo anterior, eles podem ser multiplicados
como polinômios em i, j e k e o produto resultante pode ser colocado na mesma forma por meio
da tábua de multiplicação:

Tabela 1

x 1 I J k
1 1 I J k
i I ‑i K ‑j
j J ‑k ‑1 i
k K J ‑i ‑1

Niels Henrik Abel (1802‑1829) e Évariste Galois (1811-1832)

Eves esclarece que, na história da matemática, às vezes se associam nomes aos pares. Niels Henrik
Abel e Évariste Galois constituem um exemplo dessa associação, não por nacionalidade ou por interesse
matemático comum, mas por suas mortes prematuras e pelo material que cada um legou às gerações
futuras de matemáticos.
132
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

• Niels Henrik Abel (1802‑1829)

Abel nasceu em 1802, em Findö, na Noruega, onde seu pai era pastor religioso. Tanto Eves quanto
Boyer comentam que, quando estudante, Abel acreditou ter conseguido a solução algébrica
geral das equações quínticas, mas, em 1824, publicou o artigo “Sobre a resolução algébrica de
equações”, no qual chegou à conclusão oposta: provou que não existia a possibilidade de haver
fórmula geral expressa em operações algébricas explícitas sobre os coeficientes de uma equação
polinomial e para as raízes da equação com grau maior do que quatro. Por conta desse trabalho,
Abel ganhou uma bolsa que lhe permitiu viajar para a Alemanha, a Itália e a França. Eves observa
que, durante esse período, Abel escreveu vários artigos em diversas áreas da matemática, como a
área de convergência de séries finitas, a de integrais abelianas e de funções elípticas.

As pesquisas de Abel no campo das funções elípticas se deram em excitante e amigável competição
com Carl Cristov Jacobi. Ambos publicavam suas descobertas na recém‑fundada publicação
Journal für die reine und angewandte Mathematik (mais conhecida como Journal de Crelle).

Eves aponta que, no campo da análise encontra‑se a equação integral de Abel e o teorema de
Abel sobre a soma de integrais das funções algébricas que leva às funções abelianas. Em séries
infinitas, há o teste de convergência de Abel e o teorema de Abel sobre séries de potências. Os
grupos comutativos da álgebra abstrata são denominados atualmente de grupos abelianos.

Abel morreu de tuberculose e subnutrição em Froland, na Noruega, aos 26 anos de idade, sem
saber que a Universidade de Berlim lhe enviara um convite de trabalho, que chegou tardiamente.
No entanto, Eves comenta que o estudioso deixou um material de valor extraordinário para ser
trabalhado por matemáticos de gerações futuras. Quando indagado sobre a fórmula para avançar tão
rapidamente aos primeiros escalões, Abel respondeu: “Estudando os mestres, e não seus discípulos”.

• Évariste Galois (1811‑1832)

Eves constata que a vida desse matemático foi mais curta e mais trágica que a de Abel. Évariste
Galois nasceu em 1811, perto de Paris. Seu talento por matemática surgiu pouco tempo depois
de completar 15 anos. Por duas vezes, ele tentou entrar na Escola Politécnica, mas seu preparo
para cumprir determinadas formalidades o reprovou. Por outro lado, faltou aos examinadores a
perspicácia para perceber seu gênio.

Um grande golpe em sua vida foi o suicídio do pai. Em 1829, Galois entrou na escola normal para
ser professor. No entanto, envolveu‑se em agitações da Revolução de 1830 e, em decorrência
disso, foi expulso da escola e preso. Pouco tempo depois de sua libertação, em 1832, então com
22 anos incompletos, uma manobra envolvendo um caso amoroso levou‑o a um duelo à pistola,
no qual foi morto.

Galois dominou os grandes textos de matemática de seu tempo, como os de autoria de Legendre,
Jacobi e Abel. Com 17 anos de idade, obteve resultados importantes, mas dois de seus trabalhos
enviados à Academia de Ciências se extraviaram. O valor de sua obra é decorrente do estudo de
133
Unidade III

grandes matemáticos a partir de descobertas não publicadas, porém, indicadas em um “testamento


científico” escrito pelo estudioso na noite anterior à sua morte.

Eves comenta que várias das memórias e manuscritos de Galois encontrados entre seus papéis após
sua morte foram publicados por Joseph Liouville (1809‑1882) em 1846, em seu Journal de Mathématique.

O estudo de grupos começou com Galois: ele foi pioneiro no uso da palavra “grupo” em seu sentido
técnico a partir de 1830 e essa noção foi um fator de grande importância para a ascensão da álgebra
abstrata no século XX.

Carl Cristov Jacobi (1804‑1851) e Peter Gustav Lejeune Dirichlet (1805‑1859)

Como foi visto nos tópicos anteriores, a Alemanha estava em plena ascensão no período histórico do
qual estamos tratando e, segundo Eves, Carl Cristov Jacobi e Peter Gustav Lejeune foram dois eminentes
matemáticos que participaram dessa fase.

Eves informa que Jacobi era descendente de judeus e nasceu em Potsdam, em 1804. Estudou na
Universidade de Berlim e obteve seu doutorado em 1825. Foi professor em Königsberg, mas renunciou
e transferiu‑se para Berlim, onde viveu até sua morte prematura, em 1851.

Além de pesquisador, Jacobi foi o maior professor de sua geração. Como já mencionado anteriormente,
ele e Abel participaram independente e simultaneamente de pesquisas referentes às funções elípticas.
Jacobi e Cauchy, por sua vez, ainda contribuíram para a teoria dos determinantes e aquele foi o
responsável pela aceitação da palavra determinante, conceito este que mais tarde seria conhecido pela
designação jacobiano.

O estudioso contribuiu também para a teoria dos números e das equações diferenciais tanto ordinárias
como parciais, para o cálculo de variações e em problemas de dinâmica. Jabobi foi um homem generoso
na apreciação do trabalho de seus contemporâneos.

Dirichlet nasceu em Düren, em 1805, e exerceu o magistério em Breslau e Berlim. Foi aluno de Gauss e,
com a morte do mestre, foi convidado a sucedê‑lo em Göttingen. Eves aponta que a morte prematura de
Dirichlet o impediu de concretizar o projeto que tinha de terminar os trabalhos incompletos de Gauss.

Como era proficiente em alemão e francês, o estudioso foi um elo entre os matemáticos das duas
nações. Eves informa que a realização mais celebrada de Dirichlet foi a generalização do conceito
de função, mas ele também colaborou com a teoria dos números a partir da aplicação de métodos
infinitesimais.

O século XX

No final do século XIX, havia um intenso intercâmbio de ideias matemáticas por meio de
encontros internacionais de matemáticos e pela fundação de sociedades matemáticas com reuniões
periódicas e publicações sistemáticas. São exemplos dessas sociedades a London Mathematical
134
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Society, a Société Mathématique de France e o Circolo Matematico di Palermo. Essa facilidade de


contato com as mais revolucionárias teorias e descobertas fez com que ocorresse um novo impulso
de desenvolvimento matemático.

No início do século XX, o alemão David Hilbert (1862‑1943) era um dos matemáticos que participava
de congressos, estava ciente das questões que ocupavam os principais centros ligados à área e conhecia
o método axiomático. Ele estava impregnado pela atitude crítica e revisionista dos fundamentos da
matemática e empreendeu a tarefa de revisar Os Elementos, de Euclides, pelo método axiomático.

Desse modo, ele percebeu que existiam falhas lógicas, hipóteses implícitas e definições sem sentido
na obra de Euclides. Ele analisou e reescreveu toda a geometria plana euclidiana agregando todas as
descobertas posteriores ao autor grego. Em vez dos cinco axiomas e cinco postulados de Euclides, Hilbert
formulou 21 axiomas, sendo oito deles de incidência, quatro sobre ordem, cinco sobre congruência, três
sobre continuidade e o último intitulado Postulado das Paralelas.

Em 1901, Hilbert publicou o livro Grundlagen der Geometrie (fundamentos da geometria), no qual ele
apresenta essa geometria, que expõe a maior reforma da geometria plana euclidiana, nela incorporando
a axiomatização e a teoria dos conjuntos.

Dez anos depois, surgiu Principia Mathematica, de Bertrand Russel e Alfred Whitehead, desenvolvendo
de forma axiomática os fundamentos da aritmética e, também, lançando as bases para o desenvolvimento
da álgebra abstrata.

A partir de estudos sobre o Principia Mathematica, o austríaco Kurt Gödel demonstrou


que, mesmo num sistema lógico de aritmética como o de Russel‑Whitehead, existem teoremas
indemonstráveis e existem enunciados sobre os quais não se pode dizer se são verdadeiros ou
falsos. Por extensão, Gödel argumentou que existem teoremas na matemática dos quais não se
pode demonstrar a veracidade e que, também, por absurdo, não se pode provar a não validade. A
partir dessa declaração, Kurt Gödel eliminou a certeza matemática e levou um novo olhar sobre
esse campo de estudo.

Ainda nas primeiras décadas do século, desenvolve‑se intensamente a análise funcional, com novas
teorias, e a topologia, que se desenvolve sobretudo pelas contribuições de matemáticos americanos. O cálculo
diferencial é utilizado por Albert Einstein (1879‑1955) para a resolução de suas equações gravitacionais, o
que estimula o estudo da geometria diferencial.

A matemática no século XX se torna cada vez mais abstrata e passível de compreensão apenas para
iniciados, ultrapassando os limites de um curso de história da matemática para iniciantes. Pode‑se dizer
que a física moderna é matemática aplicada e os computadores permitem desenvolvimentos antes
sequer imaginados.

Depois da Segunda Guerra Mundial, aparece a teoria dos fractais e a dos jogos. Fractal, do latim
fractus, significa fracionado ou quebrado, e esse elemento foi assim denominado em 1975 por Benoit
Mandelbrot. No entanto, tais assuntos haviam sido estudados por matemáticos anteriores, especialmente
135
Unidade III

entre 1857 e 1913. Os mais conhecidos hoje são: o floco de neve de Koch, o conjunto de Cantor, a curva de
Peano, o triângulo de Sierpinski, o conjunto de Julia e o conjunto de Mandelbrot.

Em 1977, o americano Robert Stetson Shaw criou a teoria do caos.

Georg Ferdinand Ludwig Philip Cantor (1845‑1918) e Jules Henri Poincaré (1854–1912)

Esses dois matemáticos se situam parte no século XIX, parte no século XX. Eles exerceram influência
considerável em uma área muito extensa da matemática dos tempos atuais.

Segundo Eves, Georg Ferdinand Ludwig Philip Cantor, filho de pais dinamarqueses, nasceu em São
Petersburgo, Rússia, em 1845. Em 1846, sua família mudou‑se para Frankfurt, Alemanha. Cantor estudou
em Zurique, em Göttigen e em Berlim. De 1869 a 1905, o estudioso trabalhou na Universidade de Halle
e morreu em 1918, em um hospital para doentes mentais.

Inicialmente, seu interesse em matemática esteve voltado para a teoria dos números, equações
indeterminadas e séries trigonométricas. Eves informa que, em 1874, Cantor começou seu revolucionário
trabalho em teoria dos números e do infinito.

Jules Henri Poincaré nasceu em Nancy, França, em 1854. Era um escritor talentoso, combinando
lucidez de comunicação e estilo. A excelência literária de seus escritos populares deu a ele a honra mais
alta que um escritor francês pode alcançar: foi eleito membro da seção literária do Institut francês.

Deficiências lógicas de Os Elementos, de Euclides

Segundo Eves, o exame dos fundamentos e da estrutura lógica da matemática constitui grande
parte do trabalho desenvolvido nessa ciência no século XX. Em decorrência dessa nova postura, surgiu
a axiomática, isto é, o estudo dos sistemas de postulados e suas propriedades.

A obra Os Elementos, de Euclides, passou pelo crivo da axiomática e apresentou muitos


defeitos lógicos. A geometria euclidiana, plana e espacial, ganhou nova fundamentação a partir
de novos postulados.

Axiomática

O desenvolvimento da axiomática se deve ao esforço das pesquisas modernas visando encontrar um


conjunto de postulados aceitável para a geometria euclidiana e ao esforço da descoberta de geometrias
não euclidianas igualmente consistentes.

David Hilbert (1862‑1943)

David Hilbert nasceu em Königsberg, na Prússia Oriental. Segundo Boyer, ele era figura constante
nos congressos internacionais de matemática. Hilbert estudou na Universidade de Königsberg durante
quase toda sua formação acadêmica, tendo ficado afastado dela apenas durante um semestre, cursado
136
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

na Universidade de Heidelberg. Muito da pesquisa que o estudioso realizou em Königsberg aplicava


métodos de teoria das funções de Riemann a problemas de álgebras, especialmente funções algébricas.
Hilbert mudou‑se para Zurique em 1892 e lá passou o resto de sua vida. Ele realizou importantes
contribuições à teoria dos números algébricos e dos corpos numéricos.

A matemática moderna e Bourbaki

• A matemática moderna

Eves afirma que as duas características principais da matemática do século XX — a ênfase na


abstração e a preocupação crescente com a análise das estruturas e modelos subjacentes —
chamaram a atenção dos interessados no ensino de matemática. Vários deles acharam importante
adaptar tais características ao ensino e, dessa forma, nasceu a matemática moderna.

A matemática moderna se inicia com uma introdução elementar à teoria dos conjuntos e prossegue
com uma utilização persistente de suas notações e fundamentos. Eves constata que a matemática
moderna também enfatiza as estruturas matemáticas subjacentes. Assim, na álgebra elementar as
leis básicas da álgebra (comutativa, associativa, distributiva e outras) são valorizadas de forma a
constituir as diversas estruturas algébricas.

• Bourbaki

Nicolas Bourbaki é um nome fictício dado a um grupo de matemáticos, quase exclusivamente franceses,
que tem sido associado desde 1939 a uma série de obras matemáticas da mais alta abrangência.

Eves assegura que o nome Nicolas Bourbaki começou a aparecer inicialmente em algumas notas e
artigos publicados nos Comptes Rendus da Academia de Ciências da França e em outros veículos.
Depois disso, apareceu em volumes de uma grande obra que é escrita permanentemente, Éléments
de mathématique, cujo objetivo é veicular toda a matemática válida.

Boyer comenta que a apresentação do assunto por Bourbaki é caracterizada por uma adesão
sem concessões ao tratamento axiomático e a uma forma secamente abstrata e geral que retrata
claramente a estrutura lógica de seu pensamento.

Observação

Uma norma seria seguida regularmente pelo grupo sob o nome de Nicolas
Bourbaki: o jubilamento compulsório dos membros aos 50 anos de idade.

Um momento de reflexão para o futuro professor

Durante este texto, foi construída a possibilidade de a história da matemática ser um catalisador para outras
atividades no processo de ensino‑aprendizagem. Em verdade, toda a sua história é permeada por questões
137
Unidade III

referentes à memória (esquecimentos, lapsos, civilizações destruídas etc.); às compreensões em relação ao par
“poder e saber”; e à forma de construção do saber, que deságua em concepções como a do grupo Bourbaki,
em que a “matemática que vale a pena” é só aquela que “é caracterizada por uma adesão sem concessões ao
tratamento axiomático”, e a do grupo da educação matemática (como nos mostram alguns artigos indicados no
texto), que coloca em dúvida as razões de uma postura positivista como a aqui presente.

Saiba mais

Em um contexto tal austero, a sugestão de leitura é necessária e mais amena:


KUBRUSLY, R. S. Uma viagem informal ao texto de Gödel. In: CARVALHO, E. A.;
MENDONÇA, T. (orgs.) Ensaios de Complexidade 2. Porto Alegre: Sulina, 2004.
Disponível em <http://www.im.ufrj.br/dmm/projeto/diversos/godel.html>.
Acesso em: 16 abr. 2011.

Evolução da ciência e as filosofias da matemática

Neste tópico, serão analisadas as formas que constituem a teoria do conhecimento na Idade Moderna
e na Idade Contemporânea.

• O racionalismo cartesiano

Ghiraldelli Jr. (2003) observa que Descartes, Rousseau e Kant afirmam que o homem deve exercer
a condição de sujeito autêntico, pois, se consegue tal façanha, ou seja, se participa dessa instância
chamada subjetividade autêntica, o homem se coloca no real e fica com a verdade.

Quando discorre sobre Descartes, Ghiraldelli Jr. inicia sua preleção com o título “Descartes e o
sujeito epistemológico”. Como já esclarecido neste texto, René Descartes produziu o Discurso do
Método e ele produziu também Meditações Metafísicas. Segundo Ghiraldelli Jr., ambas as obras
expressam a tendência de preocupação com o problema das “bases sólidas do conhecimento”.

Aranha & Martins (1999) colocam que o ponto de partida de Descartes é a busca de uma verdade
primeira que não apresenta espaço para a dúvida. Assim, a dúvida é convertida em método. O
início, portanto, é a dúvida sobre as afirmações do senso comum, dos argumentos de autoridade,
do testemunho dos sentidos, das informações, da consciência, das verdades deduzidas pelo
raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do próprio corpo.

Ghiraldelli Jr. afirma que o que Descartes deseja, segundo sua própria expressão, é um “ponto
arquimediano”, uma verdade indubitável para dedutivamente construir as ciências. Para o filósofo,
o princípio era: “Penso, logo existo”.

Aranha & Martins ilustram que, a partir da intuição primeira (a existência do ser que pensa), as ideias claras
e distintas são as gerais, que não derivam do particular e já se encontram no espírito, como instrumentos
138
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

de fundamentação para apreensão de outras verdades. São as ideias inatas, não no sentido que o ser
humano tenha nascido com elas, mas no sentido de que elas tenham se originado na capacidade de
pensar. A verdadeira ciência se perfaz no espírito. A capacidade de atingir verdades universais e eternas
está no ser humano, isto é, como conclui Ghiraldelli Jr., para Descartes o saber e as ciências como saber
verdadeiro passam a estar assentados no eu, isto é, em um sujeito que se caracteriza por possuir um
núcleo não contingente e que, portanto, está além das vicissitudes da história: o cogito.

Ghiraldelli Jr. observa também que Rousseau, por sua vez, acredita em outro tipo de subjetividade: se, para
Descartes, a evidência é algo exclusivamente intelectual, Rousseau coloca a evidência na dependência do
que entende ser a “sinceridade do coração”. Portanto, a verdade só encontra porto seguro no sujeito moral,
na medida em que ela é avaliada por uma subjetividade que nada mais é do que uma consciência moral
organizada à base dos sentimentos. Ou seja, Rousseau moraliza o sujeito epistemológico.

Ghiraldelli Jr. ainda aponta que Immanuel Kant (1724‑1804) fez o trabalho da crítica da razão na
medida em que investigou as condições de possibilidade do aparato cognitivo subjetivo. Para ele,
tempo e espaço não são dados dos sentidos, mas condições a priori para que qualquer coisa possa
ser um objeto percebido. Ou seja, Kant subjetiva o espaço e o tempo: eles se tornam lentes sem as
quais o mundo não pode ser percebido pelo sujeito.

• O empirismo

Aranha & Martins esclarecem que a palavra empirismo vem do grego empeiria, que significa
“experiência”. Ao contrário do racionalismo, o empirismo enfatiza o papel da experiência sensível
no processo de conhecimento. A experiência é fundamental e o trabalho da razão é posterior e
está subordinado a ela. Os empiristas questionam o caráter absoluto da verdade, uma vez que o
conhecimento parte de uma realidade em transformação constante, sendo, portanto, tudo relativo ao
espaço, ao tempo e ao humano. São empiristas Francis Bacon (1561‑1626), John Locke (1632‑1704)
e Scot David Hume (1711‑1776).

Para Ghiraldelli Jr., Scot David Hume é um dos representantes máximos do empirismo e resume
seu método à seguinte tarefa:

O que se quer é averiguar se sentenças fornecem proposições analíticas,


sintéticas ou simples non sense. Isso deve revelar o quadro do que se pode
confiar e do que não se pode considerar relevante. A primeira pergunta do
método objetiva saber se um enunciado dado é analítico; para tanto, o que
se observa é se sua negação gera uma autocontradição. Não sendo analítico,
a segunda pergunta é se o enunciado é sintético; para saber, deve ser notado
se tal enunciado possui uma ideia que remete ao empírico, à experiência.
Em caso positivo, tal ideia, segundo Hume, está na mente humana como
uma impressão – uma impressão sensível, um dado inicial exterior que
impressionou os sentidos por meio do contato com um determinado objeto
do mundo empírico, “exterior”. Se um enunciado não é nem analítico nem
sintético, é um simples non sense (GHIRALDELLI Jr., 2003, p. 59‑60).
139
Unidade III

Assim, conclui Ghiraldelli Jr., Hume é um dos primeiros a questionar a ideia moderna de sujeito
ao dizer que “não há nenhuma ideia tal como a de eu”. O que existe, para ele, são as coleções de
percepções das mais diferentes ordens, como quente e frio, dor e prazer, escuro e claro etc. Essas
sensações, sentimentos e experiências ocorrem em um fluxo, não se coagulando em nenhum eu.

• Positivismo

Como já analisado neste texto, a Revolução Industrial do século XVIII demonstrou a eficácia do novo saber
inaugurado pela ciência moderna no século anterior. Aranha & Martins acrescentam que ciência e técnica
tornaram‑se aliadas, provocando modificações no ambiente humano nunca antes suspeitadas. A exaltação
desse novo saber e desse novo poder leva à concepção de cientificismo, segundo a qual a ciência é o único
conhecimento possível e o método das ciências da natureza é considerado o único válido e deve, portanto,
ser estendido a todos os campos da indagação e atividade humanas. Nesse cenário, desenvolveu‑se no
século XIX o pensamento positivista, cujo principal representante é August Comte (1798‑1857).

Filosofias da matemática

Eves observa que, atualmente, são consideradas três as principais filosofias da matemática: a logicista,
cujas figuras centrais são Russel e Whitehead; a escola intuicionista, liderada por Brouwer; e a escola
formalista, cujo desenvolvimento se deve a Hilbert.

• Logicismo

Eves explica que a tese do logicismo é a de que a matemática é um ramo da lógica. Assim, ao invés
de ser apenas um instrumento da matemática, a lógica passa a ser considerada como a geradora
da matemática. Todos os conceitos dessa área do conhecimento têm de ser formulados nos termos
dos conceitos lógicos e todos os teoremas matemáticos têm de ser desenvolvidos como teoremas
da lógica. Essa visão ilustra, consequentemente, a tênue distinção entre matemática e lógica.

• Intuicionismo

Eves esclarece que a tese do intuicionismo é a de que a matemática tem de ser desenvolvida
apenas por métodos construtivos finitos sobre a sequência dos números naturais dada de forma
intuitiva. Essa escola nasceu com o matemático holandês L. E. J. Brouwer.

• Formalismo

A tese do formalismo é a de que a matemática é essencialmente o estudo dos sistemas simbólicos formais.
Sua base não está plantada na lógica, mas apenas em uma coleção de sinais ou símbolos pré‑lógicos.

Albert Einstein (1879‑1955)

O mais célebre cientista do século XX, Albert Einstein nasceu na Alemanha em uma família judaica
não observante. Quando Einstein tinha um ano de idade, a família se mudou para Munique.
140
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Einstein cursou o ensino superior na ETH, em Zurique, onde mais tarde foi docente.

Entre 1909 e 1913, Einstein lecionou em Berna, Zurique e Praga. Voltou à Alemanha em 1914,
pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial. Participou de um projeto de pesquisa na Academia
Prussiana de Ciências, ao mesmo tempo em que ocupou uma cadeira na Universidade de Berlim. O
cientista também assumiu a direção do Instituto Wilhelm de Física, também em Berlim.

Inicialmente, Einstein apresentou sua teoria da relatividade geral em uma série de conferências e
somente no ano seguinte a publicou na obra Fundamento Geral da Teoria da Relatividade. Em 1919, sua
teoria foi comprovada em experiência realizada durante um eclipse solar. Em 1921, Einstein ganhou o
Prêmio Nobel de Física e foi indicado para integrar a Organização de Cooperação Intelectual da Liga das
Nações. No mesmo ano, publicou Sobre a teoria da relatividade especial e geral.

Devido ao fato de Hitler ter chegado ao poder na Alemanha, em outubro de 1933 o cientista partiu para
os Estados Unidos, onde passou a integrar o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton.

Einstein não teve participação no Projeto Manhattan que, em 1941, visava o desenvolvimento da
bomba atômica pelos americanos. Em 1945, ele renunciou ao cargo de diretor do Instituto de Estudos
Avançados da Universidade de Princeton, no entanto, continuou a trabalhar na instituição. Einstein
morreu em 18 de abril de 1955, em Princeton, Nova Jersey, aos 76 anos (UOL, s. d.).

8 ESCOLA BRASILEIRA: OS GRANDES MATEMÁTICOS DO PAÍS

Levantamento histórico‑crítico sobre a escola brasileira

Ao apresentar a trajetória do ensino de matemática na escola brasileira do período colonial até o


início da década de 1990, Barbosa (1992) fez uma incursão pelo quadro institucional escolar brasileiro
ao investigar as variações da legislação que o rege e o reflexo desta nas grades curriculares. Embora sua
análise da educação tenha sido desenvolvida com ênfase apenas no viés de uma possível discriminação
social, em Cunha (1981) o levantamento da legislação é mais detalhado por ser focado apenas no
período que abrange o Estado Novo (1937‑1945) até a década de 1970.

A leitura desses levantamentos permite identificar na própria legislação e nos próprios termos
fixados pelo Estado (e não em textos cujos autores “possam ser contestados”) a preocupação histórica
com a formação e a educação de membros das classes privilegiadas.

Observação
Barbosa aponta a Revolução de 1930 como responsável por importantes
mudanças no cenário da Educação, com a criação de novos órgãos
administrativos como o Ministério da Educação e Saúde Pública (Decreto nº
19.402, de 14 de novembro de 1930). O autor observa ainda que o sistema
educacional era até então de domínio de uma classe privilegiada através de um
sistema de ensino visando à formação de uma elite para as escolas superiores.
141
Unidade III

A possibilidade de leitura talvez seja a mesma aventada por Foucault (1988) em relação ao dispositivo
da sexualidade: um possível racismo dinâmico, da expansão, ou seja, a busca por parte das classes
dominantes da garantia da força, da perenidade, da proliferação secular do corpo pela organização
de dispositivos para a perpetuação da condição de condutores das massas, tudo isso através de uma
preparação educacional privilegiada.

Um indicativo dessa situação é o recorte feito por Cunha na Lei Orgânica do Ensino Secundário, de 1942:

O ensino secundário se destina à preparação das individualidades condutoras,


isto é, dos homens que deverão assumir as responsabilidades maiores da
sociedade e da nação, dos homens portadores das concepções e atitudes
espirituais que é preciso difundir nas massas, que é preciso tornar habituais
entre o povo (CUNHA, 1981, p. 237).

É possível também relacionar as muitas variações ocorridas na legislação com a existência de


movimentos externos ao sistema de ensino, isto é, a existência de necessidades estratégicas decorrentes
de repercussões sociais, econômicas e políticas. Assim como ocorreu na história da sexualidade, a
existência de conflitos e urgências econômicas determinaram essas variações. Em Barbosa:

Os grandes movimentos de renovação e reconstrução foram propiciados


pelas repercussões sociais, econômicas e políticas que se irradiaram por
todos os continentes – inclusive no campo educacional, onde surgiram
novas doutrinas–causadas pela Primeira Guerra Mundial, sendo que de 1915
a 1919, verifica‑se o maior surto industrial na economia brasileira, motivado
pela paralisação do comércio internacional (BARBOSA, 1992, p. 76).

A partir do descobrimento, durante 250 anos a educação no Brasil coube predominantemente aos
jesuítas. Em 1750, em decorrência da subida do Marquês de Pombal ao poder, em Portugal, os jesuítas
foram expulsos e o controle da educação escolar passou para o Estado português. Embora essa tenha
sido efetivamente a primeira reforma educacional brasileira, o foco permaneceu nas classes privilegiadas,
pois as aulas régias criadas foram de latim, grego e retórica.

Apesar de o Manifesto Republicano de 1870 ter clamado por uma transformação política através da
educação, foi somente no final do século XIX que a educação popular passou a ter alguma importância,
com a criação do primeiro grupo escolar.

Barbosa (1992) constata que foram as influências internas e externas decorrentes da Primeira Guerra
Mundial a razão da existência de uma época de grandes debates no parlamento e na imprensa marcados
pelo Congresso Brasileiro de Instrução Secundária e Superior, em 1922, e pela fundação da Associação
Brasileira de Educação (ABE), em 1924.

Segundo Silva (2003), esses grandes debates ocorreram porque a década de 1920 constituiu um
período da história do país no qual uma parte expressiva da intelectualidade brasileira se mobilizara
em movimentos para conscientizar a nação da necessidade de solução dos grandes problemas da
142
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

época em determinados campos, a saber: economia, política, educação, saúde pública, saneamento
básico, emprego, moradia, entre outros. Na visão de Silva, a década de 1920 foi de preparação para os
acontecimentos que emergiram no país a partir da década de 1930, uma vez que a Associação Brasileira
de Educação (ABE) começou a promover cursos de extensão e conferências sobre temas diversos para
professores. Além disso, a ABE passou a estimular seus membros a publicarem nos jornais da cidade
artigos expositivos versando sobre temas educacionais e científicos dedicados ao leitor leigo.

Ainda segundo Silva, a Associação Brasileira de Educação (ABE) congregou vários intelectuais
brasileiros, dentre eles alguns professores da Escola Politécnica do Rio de Janeiro e, talvez em decorrência
disso, tenha se iniciado no Brasil o que o autor denominou de “segundo período de desenvolvimento
da matemática superior”, a partir da década de 1930. Esse novo período foi marcado pela fundação
da Universidade de São Paulo (USP), em 1934, com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). A
USP foi fundada pelo governo paulista e com localização em São Paulo. Essa nova unidade de ensino
tinha por finalidade desenvolver um tipo de ensino superior diferente do ensino profissionalizante das
grandes escolas até então existentes. O objetivo era formar profissionais ligados ao magistério e à
pesquisa científica básica e com atuação nas áreas das ciências exatas, humanas e biológicas, dentre
outras. Era o início de um novo ciclo do ensino e desenvolvimento da matemática superior fora das
escolas de engenharia.

Silva ainda afirma que, antes da década de 1930, havia alguns matemáticos brasileiros preocupados com
a pesquisa, entre eles estavam Otto de Alencar Silva, M. Amoroso Costa, Lélio Gama e Theodoro Ramos.

Porém, um novo fôlego em relação à importância da pesquisa surgiu com a USP. O autor argumenta
que, apesar de ser uma instituição pertencente à elite paulista, ela foi concebida com a filosofia própria
de preocupação com a pesquisa científica. O curso de matemática da USP contou desde o início com a
colaboração de matemáticos italianos e instituiu na comunidade matemática brasileira a cultura de fazer
pesquisa científica continuada e considerar a importância para a comunidade matemática internacional
dos resultados obtidos nos estudos realizados.

Ainda na década de 1930, na cidade do Rio de Janeiro, vários educadores liderados por Anísio
Teixeira (1900‑1971) fundaram a Universidade do Distrito Federal (UDF), em 1935. Silva aponta que essa
instituição era constituída de faculdades voltadas para o ensino e para a pesquisa básica continuada. A
Faculdade de Ciências era responsável pelo ensino de matemática. No entanto, ela foi extinta em 1939
para ser criada a Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), da Universidade do Brasil.

Os membros da comunidade matemática brasileira passaram a se congregar em associações de


âmbito local ou nacional, bem como a criar periódicos especializados na área com o objetivo de criar
espaço de publicação para pesquisas em matemática. Silva observa, além disso, que havia preocupação
por parte dos professores de matemática em formar discípulos em suas áreas de pesquisas e, para isso,
eles realizavam seminários de formação com alunos.

Alguns membros da comunidade matemática brasileira se envolveram no projeto de publicar e divulgar


no país bons livros didáticos sobre matemática, escritos por matemáticos brasileiros ou estrangeiros. O
objetivo era iniciar uma bibliografia sobre matemática em língua portuguesa.
143
Unidade III

Assim como os processos externos das grandes guerras, os processos internos como a Revolução de
1930, o Estado Novo e o fim do Estado Novo determinaram mudanças na Legislação.

Grande (1998) ressalta que o final do século XIX até 1930 representou o período áureo do chamado
“ciclo do café”. O café, sobretudo, consolidou a hegemonia política e econômica do centro‑sul,
transformando‑o na região brasileira na qual o capitalismo foi pioneiro e mais acentuado. Apesar da
queda do preço internacional do café, decorrente do crack da Bolsa de Nova York (1929), o governo
federal empenhou‑se em uma política de valorização do produto até 1946. Barbosa observa que esse
cenário de grandes transformações abalou o sistema educacional, que até então era domínio das classes
privilegiadas. Porém, a reforma instituída por Francisco Campos (primeiro ministro do Ministério da
Educação e Saúde Pública), embora tenha atingido a estrutura do ensino por ter sido a primeira a ser
imposta a todo território nacional, continuou a privilegiar a educação para a elite. Tal evidência residia
principalmente nos conteúdos dos programas relativos ao ensino secundário.

Barbosa ainda aponta que as reformas parciais no ensino secundário, denominadas Leis Orgânicas do Ensino
(o conjunto ficou conhecido por Reforma Capanema), foram decretadas no período de 1942 a 1946. Segundo
Grande, a queda dos preços do principal produto de exportação – o café – e a Segunda Guerra Mundial geraram
o desenvolvimento de indústrias nacionais (Usina de Volta Redonda, Cia. Siderúrgica Nacional e Cia. Vale do Rio
Doce são exemplos da indústria pesada instalada), alterando a hegemonia das oligarquias do Centro‑Sul. Barbosa
ainda acrescenta que o então Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, passou a defender a criação de
escolas técnicas profissionalizantes destinadas a construir um “exército de trabalho”. Foram executados, então,
entre outros, os Decretos‑Leis Senai (Decreto nº 4.048, de 22 de janeiro de 1942), Industrial (Decreto nº 4.073, de
30 de janeiro de 1942) e Senac (Decreto nº 8.621 e nº 8.622, de 10 de janeiro de 1946).

Barbosa aponta que a Constituição de 1946 estabelecia que a União deveria legislar sobre as diretrizes e
bases da educação nacional. No entanto, o projeto subscrito pelo então Ministro da Educação e Saúde, Clemente
Mariani, em 1948, foi transformado em lei somente 13 anos depois, a 20 de dezembro de 1961: a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (LDBEN), sob o nº 4.024/61. A principal característica da LDBEN nº 4.024/61 era a
descentralização, ou seja, cada Estado passaria a ser responsável por seu sistema educacional.

Com o surto industrial e à medida que o trabalho fabril tornava‑se mais complexo, surgiu a necessidade
de trabalhadores alfabetizados e que dominassem as operações aritméticas mais elementares. Não por
acaso, a universalização da educação escolar e a possibilidade de acesso à escola para a maioria da
população iniciou‑se justamente com a Constituição de 1946, que determinava que o ensino primário,
de quatro anos de duração, era obrigatório a todos.

O ensino médio era, até então, na sua maioria, delegado às instituições de iniciativa privada, caracterizando
seu caráter altamente seletivo. Montou‑se, também nessa época, um tipo especial de escola secundária com
o objetivo de qualificação para os quadros médios no trabalho industrial. No entanto, Cunha constata que as
escolas secundárias frequentadas por jovens da classe dominante e das camadas médias continuavam com
currículos centrados nos estudos literários, base para o ingresso nos cursos superiores.

Em meio a esse cenário, Silva aponta que a partir da década de 1940 as sociedades científicas de
matemática foram fundadas. A primeira delas foi a Sociedade de Matemática de São Paulo (SMSP), criada em
144
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

1945 dentro da USP e extinta em 1969. No mesmo ano, foi fundada a Sociedade Brasileira de Matemática
(SBM). A terceira sociedade a ser fundada foi a Sociedade de Matemática e Física do Rio Grande do Sul, em
1947. A quarta foi a Sociedade Paranaense de Matemática, criada na cidade de Curitiba, em 1953. Em 1978,
foi criada a Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC). Por fim, na década de
1980 foi fundada a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), que tem por objetivo congregar
profissionais da matemática e está voltada para os profissionais da área de educação matemática.

Silva indica que outro fato importante ocorrido na década de 1940 foi o início de cursos de pós‑graduação
em matemática na USP. O decreto n° 12.511, de 21 de janeiro de 1942, do interventor federal no Estado de
São Paulo, reorganizou a FFCL da USP e instituiu a concessão do grau de doutor por aquela faculdade. Para
o caso da matemática, foi instituído o grau de doutor em ciências. O autor cita um dos artigos do decreto,
no qual fica explicitado que a concessão de grau de doutor era feita de outra forma:

Art. 64
1o Será conferido o diploma de doutor ao bacharel que defender tese de notável
valor, depois de dois anos, pelo menos, de estudos sob a orientação do professor
catedrático da disciplina sobre que versarem os seus trabalhos, e for aprovado
no exame de duas disciplinas subsidiárias da mesma secção ou secção afim.

2o Será concedido o título de doutor igualmente a todos os aprovados em


concurso catedrático (SILVA, 2003, p. 143).

Nessa fase, denominada pelo autor de “primeira fase de doutoramentos na USP”, foram poucos os
que obtiveram o doutorado em matemática, segundo a listagem de Silva:

Quadro 5

Ano Professor Instituição


1944 Omar Catunda Concurso de cátedra na FFCL
1951 Benedito Castrucci Concurso de cátedra na FFCL
1943 Concurso de cátedra na Politécnica
Candido Lima da Silva Dias
1951 Concurso de cátedra na FFCL
1950 Luiz Henrique Jacy Monteiro Grau de doutor pela FFCL
1950 Elza Furtado Gomide Grau de doutor pela FFCL
1950 Grau de doutor pela FFCL
Edison Farah
1954 Concurso de cátedra na FFCL
1950 João Batista Castanho Grau de doutor pela FFCL
1951 Fernando Furquim de Almeida Concurso de cátedra na FFCL
1952 Chaim Samuel Hönig Grau de doutor pela FFCL
1956 Domingos Pisanelli Grau de doutor pela FFCL
1957 Nelson Onuchic Grau de doutor pela FFCL
1958 Carlos Benjamin de Lyra Grau de doutor pela FFCL

(SILVA, 2003, p. 143‑144)

145
Unidade III

É interessante comentar que, entre os primeiros doutorados, estava a professora Elza Furtado Gomide,
graduada em matemática pela FFCL da USP. Ela foi a primeira brasileira a obter o grau de doutora em
ciências (matemática) em uma instituição do país.

Saiba mais

O artigo a seguir mostra a participação das mulheres na história da matemática:

FERNANDES M. C. V.; VASCONCELOS, M. B. F. A História de Mulheres no


Campo da Matemática. VI Encontro Paraibano de Educação Matemática,
Monteiro, Paraíba, de 09 a 11 nov. 2010. Disponível em: <http://www.
sbempb.com.br/anais/arquivos/trabalhos/CC-12058626.pdf>. Acesso em
03 jun. 2011.

Durante a década de 1940, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, foram contratados
matemáticos estrangeiros para lecionar em vários Estados. Com a chegada à USP desses matemáticos
estrangeiros, os alunos de São Paulo tomaram contato com as principais correntes de desenvolvimento
da matemática na época.

Silva denomina de “segunda fase de doutoramentos na USP” o período após 1952. O decreto estadual
n° 21.780, de 15 de outubro de 1952, instituiu novo regimento de doutoramento na FFCL da USP.

O primeiro artigo, citado por Silva:

Será conferido o diploma de doutor:

a) a todos os candidatos aprovados em concurso para Professor Catedrático


nos termos do Art. 64, parágrafo segundo do Regulamento da Faculdade de
Filosofia; e

b) aos bacharéis que forem aprovados em defesa de tese, depois de, pelo
menos, dois anos de estudos sob a orientação do docente da disciplina
escolhida, e em exame de duas disciplinas subsidiárias da mesma secção,
ou de secção afim, ou das matérias do concurso de Especialização que fizer
(SILVA, 2003, p. 144).

Para o caso da matemática, o decreto estabelecia que seria conferido o título de doutor em ciências.

É dessa segunda fase Ofélia Teresa Alas, graduada em matemática pela FFCL da USP em 1968 e
a segunda brasileira a obter o grau de doutora em matemática. A partir da década de 1950, a Escola
de Engenharia de São Carlos da USP instituiu programas de pós‑graduação em matemática e, assim,
obtiveram o grau de doutor:
146
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Quadro 6

Ano Professor
1959 Gilberto Francisco Loibel
1959 Rubens G. Lintz
1963 Ubiratan D’Ambrosio
1968 Odelar Leite Linhares

(SILVA, 2003, p. 145)

Silva indica ainda que, em 1952, foi fundado o Instituto de matemática Pura e Aplicada (Impa), na
cidade do Rio de Janeiro, como um órgão do CNPq e tendo como pesquisadores os professores Leopoldo
Nachbin, Maurício Matos Peixoto, Maria Laura Mousinho L. Lopes, Carlos Benjamin de Lyra, José Leite
Lopes e Paulo Ribenboim. O primeiro diretor do Impa foi o professor Lélio I. Gama.

No final da década de 1950, algumas instituições de ensino sediadas no eixo Rio de Janeiro/São Paulo já
tinham implantado bons programas de graduação (bacharelado) em matemática. O Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA) criou programas de pós‑graduação stricto sensu em matemática e, em 1956, começou a
funcionar na cidade de Rio Claro o Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.

Cunha constata que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1961, confirmou a
obrigatoriedade do ensino primário da Constituição de 1946, mas a restringiu ao especificar a
obrigatoriedade a crianças com mais de sete anos de idade.

O Golpe Militar de 1964 determinou profundas mudanças no cenário da educação nacional. Cunha
observa que, após as manifestações de descontentamento de 1968, uma série de atos oficiais expressou
a nova política educacional. O Decreto‑Lei nº 477, de 26 de fevereiro de 1969, é um exemplo importante
da regulação instituída pelo Regime Militar. Este decreto atribuía às autoridades educacionais o poder
de desligar e suspender (por três anos) estudantes envolvidos em atividades consideradas subversivas,
isto é, perigosas para a segurança nacional. Funcionários e professores, caso fossem relacionados a tais
atividades, eram impedidos de trabalhar no ensino superior brasileiro durante cinco anos.

A Constituição de 1969 delimitou a obrigatoriedade do ensino primário para a população de sete a 14 anos6,
embora o ensino primário continuasse a ter quatro anos de duração. Posteriormente, a Lei nº 5.692/71 estendeu
o período de obrigatoriedade e gratuidade escolar – garantida pelo governo – para oito anos, ao especificar a
ligação entre idade e grau de ensino (o ensino primário corresponderia ao ensino de primeiro grau).

Segundo Silva, a partir da década de 1960 houve um substancial incremento na oferta e na


demanda de cursos de graduação em matemática em quase todo o país. Faltavam professores de
matemática nas escolas secundárias, bem como nas universidades. Departamentos de matemática de
várias universidades contratavam, além de graduados em matemática, engenheiros (civil, mecânico,
químico, agrônomo, florestal etc.) que desejassem ser professores da área. Universidades sediadas no
eixo Rio de Janeiro/São Paulo e a Universidade de Brasília foram mais cuidadosas em suas contratações
de professores de matemática.
147
Unidade III

A partir do que foi exposto, é possível notar como os acontecimentos da história (e os desdobramentos
aos quais a educação e o processo de ensino estiveram e permanecem sujeitos) sempre estiveram
relacionados a alguma circunstância: existe uma razão, ou seja, houve necessidades estratégicas e não
necessariamente apenas interesses.

Cunha informa que um importante documento é o relatório do grupo de trabalho que foi formado
pelo MEC (Ministério de Educação e Cultura) em julho de 1968. Sua importância deriva das consequências
decorrentes das recomendações implícitas para o ensino superior e, também, para o ensino médio
(principalmente pela sua profissionalização surgida como lei, mais tarde, em 1971).

O ensino de pós‑graduação foi institucionalizado pela Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968,


chamada Lei da Reforma Universitária. Os objetivos atribuídos a essa modalidade de ensino eram os de
formar professores para suprir o ensino superior (de graduação) em grande expansão; formar pessoal de
alta qualificação para as empresas públicas e privadas e para a burocracia governamental; e, finalmente,
estimular estudos e pesquisas que servissem ao desenvolvimento do país.

No entanto, como observa Cunha a partir de um recorte feito da obra Reforma Universitária:
relatório do grupo de trabalho, é possível perceber nos textos oficiais proposições mais ou menos
veladas a respeito de outro objetivo da pós‑graduação: “manutenção da alta cultura que permanece
privilégio de alguns”. Em contraposição à marca de raridade (mestre e doutor) concedida pelo ensino
de pós‑graduação, nota‑se, no mesmo texto, a fragmentação do grau acadêmico de graduação
através da criação das denominadas “licenciaturas curtas”. Esses cursos correspondiam a uma parcela
da habilitação que o curso completo conferia e visavam suprir a carência de profissionais no ensino
de primeiro grau, isso em decorrência da modificação introduzida pela Lei de Diretrizes e Bases de
1971 (Lei nº 5.692/71).

Em razão dessa modificação na legislação no início da década de 1970, foi iniciado por parte do
governo federal um forte programa de incentivo financeiro para alunos de pós‑graduação e para jovens
docentes que desejassem complementar sua formação acadêmica. Silva ilustra que, a partir daí, jovens
docentes de várias instituições de ensino do país se interessaram por cursos de mestrado e/ou doutorado
em matemática. Ainda nesse período, o governo instituiu o regime de trabalho para docentes em tempo
integral e dedicação exclusiva, embora o tenha feito de modo restrito.

Medidas com o objetivo de suprir as deficiências do ensino regular foram adotadas no decorrer da
história de forma a atingir um grande número de pessoas através do uso de novas tecnologias. Exemplos
históricos foram o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral, criado pela Lei n.º 5.370, de 15 de
dezembro de 1967), o Projeto Minerva e as televisões educativas. Dispositivos que evidenciam maneiras
de destinar ensinos distintos para grupos distintos.

(...) tendo em vista as dificuldades que o sistema educacional encontra para o


atendimento das necessidades de todos aqueles que têm direito à educação
através das metas educacionais, estabeleceu a Lei n.º 5.692, de 11 de agosto
de 1971, em seu artigo 24, § 2º, que o rádio e a televisão, o ensino por
correspondência e os outros meios de comunicação serão usados para alcançar

148
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

um número maior de alunos” (Programa Nacional de Telecomunicações, Plano


Nacional de Tecnologias Educacionais, apud CUNHA, 1981, p. 255).

No sentido menos amplo da educação, a qualificação como conceito de empregabilidade não é um


mero instrumento utilizado na camuflagem dos processos de exclusão, mas é também utilizada como linha
de demarcação, elemento diferenciador no processo de criação de frações de classes e categorias.

O ensino da matemática, particularmente, permite um bom entendimento dessa questão quando o


foco é o embate entre dois grupos identificados por matemáticos e educadores matemáticos. A matemática
pensada como prática científica, através de sua linguagem e forma de comunicação, detém‑se a grupos
restritos e em modos específicos e cifrados de ação. A linguagem da pesquisa em educação, tanto quanto
a linguagem de pesquisa em matemática, não é uma forma corriqueira de comunicação. Ou seja, é viável
a desconfiança da existência de um mecanismo que produz o saber (pesquisa em educação) com foco nos
mecanismos de poder, mas, ao mesmo tempo, utilizam‑se desse saber para criar demarcações no interior
da categoria. É uma forma de luta pelo poder do qual se quer apoderar.

Silva aponta uma situação que ilustra bem o que foi dito acima: o fato de o Instituto Tecnológico
de Aeronáutica (ITA), não subordinado ao Ministério da Educação (MEC), ter sido a primeira instituição
brasileira a oferecer um programa de mestrado em matemática, física e engenharias aeronáutica,
eletrônica e mecânica, em 1961.

Saiba mais

Vale a pena ler o artigo indicado a seguir, resultado da posição de quatro


autores:

MIGUEL, A.; GARNICA, A. V. M.; IGLIORI, S. B. C.; D’AMBRÓSIO, U. A


educação matemática: breve histórico, ações implementadas e questões
sobre sua disciplinarização. In: Revista Brasileira de Educação, Rio de
Janeiro, n. 27, set. a dez. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rbedu/n27/n27a05.pdf>. Acesso em 02 jun. 2011.

Resumo

O estudante deve ter notado que esta última unidade é diferente das
outras – as demais são muito mais extensas e apresentam um tratamento
mais minucioso. Essa construção foi intencional. Inúmeros trabalhos
acadêmicos atestam que, atualmente, há uma valorização muito grande
do tempo presente e consequente desvalorização do passado, como se uma
cultura não devesse nada a ele. Ou seja, neste texto, buscou-se amenizar a
realidade de os acontecimentos mais recentes serem disseminados de uma

149
Unidade III

forma mais rápida ao priorizar um foco mais no passado, em particular nas


épocas que se constituíram como berço do conhecimento matemático que
foi produzido no decorrer da história da humanidade.

Uma situação que ilustra o atual descompromisso com a história da


antiguidade foi o ocorrido em uma apresentação feita pelo professor que
foi meu orientador no mestrado e doutorado. Na ocasião, ele comentava
um texto de Jorge L. Borges – autor argentino que defendia infinitas
possibilidades de reescrita de textos literários antigos. Nesse texto, sobre o
qual o professor tecia comentários, o Minotauro da mitologia grega era um
personagem que olhava o mundo a partir de seu castelo – o labirinto. Em
certo momento, ele notou que repentinamente havia um certo desconforto
na plateia e, então, perguntou aos presentes se todos conheciam o
personagem em questão. A resposta da maioria foi negativa.

Desse episódio surgiu a linha de construção deste texto sobre história da


matemática. Durante o curso de licenciatura em matemática, o estudante
terá muito mais acesso ao que foi construído em termos de conhecimento
matemático nos últimos séculos e terá apenas dois momentos em que terá
contato com os primórdios da história da matemática: nesta disciplina,
História da Matemática, e em Teoria dos Números.

Exercícios

Questão 1. O conhecimento de história da matemática é um instrumento facilitador e


fundamental para o aprendizado dessa ciência. A respeito da matemática nos séculos XVI e XVII,
têm-se as seguintes afirmativas:

I – No século XVI aconteceu o início do uso dos números complexos que foram fundamentais no
desenvolvimento do eletromagnetismo.

II – No século XVII há um deslocamento da atividade matemática da Itália para a França e a


Inglaterra. O desenvolvimento da astronomia, da navegação, do comércio e da engenharia demandou
cálculos matemáticos, o que fez com que a pesquisa voltasse a ser intensamente incentivada. Uma
das preocupações centrais passou a ser um método de simplificação de cálculos rápido e eficiente.
Para responder a essa necessidade, quatro invenções vieram atender sucessivamente essas demandas
crescentes: a notação indo-arábica, as frações decimais, os logaritmos e os modernos computadores.
O terceiro desses dispositivos, o logaritmo, foi inventado por Bhaskara perto do início do século XVII.

III – A partir do século XVII, Gauss forneceu uma explicação geométrica para os números complexos,
contribuiu em praticamente todos os ramos da matemática – especialmente na teoria dos números – e
desenvolveu enormemente o campo da análise matemática com Cauchy.

150
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

Assinale a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s):

A) I.

B) I e II.

C) I e III.

D) II e III.

E) I, II e III.

Resposta correta: alternativa C.

Análise das afirmativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: mesmo que no século XVI realmente tenha ocorrido o início do uso dos números
complexos que foram fundamentais no desenvolvimento do eletromagnetismo, a afirmativa I não é a
única correta dentre as três afirmativas expostas.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: a afirmativa II é incorreta, já que, no século XVII, houve um deslocamento da atividade


matemática da Itália para a França e a Inglaterra. O desenvolvimento da astronomia, da navegação, do
comércio e da engenharia demandou cálculos matemáticos, o que fez com que a pesquisa voltasse a
ser intensamente incentivada. Uma das preocupações centrais passou a ser um método de simplificação
de cálculos rápido e eficiente. Para responder a essa necessidade, quatro invenções vieram atender
sucessivamente essas demandas crescentes: a notação indo-arábica, as frações decimais, os logaritmos
e os modernos computadores. O terceiro desses dispositivos, o logaritmo, foi inventado perto do início
do século XVII por John Napier, e não por Bhaskara.

C) Alternativa correta.

Justificativa: ambas as afirmativas I e III estão corretas. Na afirmativa III, a informação exposta corretamente
é a de que, a partir do século XVII, Gauss forneceu uma explicação geométrica para os números complexos e
contribuiu em praticamente todos os ramos da matemática – especialmente na teoria dos números –, e, além
disso, desenvolveu enormemente o campo da análise matemática com Cauchy.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: como explicitado nas justificativas anteriores, a afirmativa II está errada e sua presença
na alternativa D a invalida.
151
Unidade III

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: como explicitado nas justificativas anteriores, a afirmativa II está errada e sua presença
na alternativa E a invalida.

Questão 2. “Blaise Pascal nasceu na província francesa de Auvergne em 19 de julho de 1623 e foi um
prodígio matemático. A princípio, seu pai, que também tinha inclinação para essa ciência, não lhe deu acesso
a livros de matemática para que desenvolvesse outros interesses, mas, aos 12 anos, o menino mostrou muito
talento para a geometria e, a partir daí, sua inclinação passou a ser encorajada pelo pai. Aos 14 anos, Pascal
já participava de uma reunião semanal com matemáticos franceses e, aos 16, escreveu um trabalho sobre
secções cônicas tão completo que Descartes preferiu acreditar que fosse de autoria de seu pai. Entre os 18 e os
19 anos, Pascal inventou a primeira máquina de calcular. Aos 20, aplicou seu talento à física, pois se interessou
pelo trabalho de Torricelli sobre pressão atmosférica, deixando como resultado o Princípio de Pascal sobre a
lei das pressões num líquido, que foi publicado em 1653 no seu Tratado do equilíbrio dos líquidos. Em 1650,
por estar com a saúde debilitada, Pascal resolveu abandonar suas pesquisas e se dedicar à contemplação
religiosa. Porém, três anos mais tarde, ele retornou à matemática. Nesse período, escreveu Traité du Triangle
Arithmétique, conduziu diversas experiências sobre a pressão dos fluidos e, juntamente com Fermat, lançou
os fundamentos da teoria da probabilidade. O Traité du Triangle Arithmétique foi escrito em 1653, mas só foi
publicado em 1665. Ao construir seu “triângulo aritmético”, Pascal expôs que qualquer elemento é a soma
de todos os elementos da linha anterior situados exatamente acima ou à esquerda do elemento desejado”
(Disponível em <http://www.ime.usp.br/~leo/imatica/historia/pascal.html>. Acesso em 15 abr. 2011).

O triângulo de Pascal está representado a seguir:

1 1 1 1 1 ...

1 2 3 4 5 ...

1 3 6 10 15 ...

1 a 10 20 35 ...

1 5 b 35 c ...

De acordo com a lógica de construção do triângulo de Pascal, os valores de a, b e c são, respectivamente:

A) 2, 15 e 24.

B) 4, 15 e 69.

C) 2, 15 e 70.

D) 4, 15 e 70.

E) 4, 15 e 69.

Resolução desta questão na Plataforma.


152
FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

BERNARDES, M. R. Machado de pedra encontrado no Sítio Santa Clara, município de Engenheiro


Beltrão. 2011. 1 fotografia.

Figura 2

PEÑA_ESCRITA_FUENCALIENTE_(CIUDAD_REAL).JPG. Largura: 462 pixels. Altura: 402 pixels. 76


KB. Formato: JPEG. Disponível em <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pe%C3%B1a_Escrita_
Fuencaliente_(Ciudad_Real).jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 3

BABYLONIAN_NUMERALS.JPG. Largura: 500 pixels. Altura: 324 pixels. 29 KB. Formato: JPEG. Disponível
em <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Babylonian_numerals.jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 4

NUBI_T~1.PNG. Largura: 400 pixels. Altura: 831 pixels. 134 KB. Formato: PNG. Disponível em <http://
upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/57/Nubi%C3%AB_tegenwoordig.png?uselang=pt-br>.
Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 5

EGYPT-HIEROGLYPHS.JPG. Largura: 337 pixels. Altura: 480 pixels. 39 KB. Formato: JPEG. Disponível em
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Egypt-Hieroglyphs.jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 6

PAPYRUS_ANI_CURS_HIERO.JPG. Largura: 592 pixels. Altura: 695 pixels. 143 KB. Formato: JPEG.
Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Papyrus_Ani_curs_hiero.jpg>. Acesso em: 28
mar. 2011.

Figura 7

SHABTISPURCHASEDOCUMENT-BRITISHMUSEUM-AUGUST21-08.JPG. Largura: 2.541 pixels.


Altura: 1.746 pixels. 3,72 MB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.
org/wiki/File:ShabtisPurchaseDocument-BritishMuseum-August21-08.jpg>. Acesso em 28
mar. 2011

Figura 8

ROSETTA STONE IN BRITISH MUSEUM.JPG. Largura: 1.000 pixels. Altura: 1.202 pixels. 484 KB. Formato:
JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rosetta_Stone_in_British_Museum.
jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.
153
Figura 9

420PX-ROSETTA_STONE._(1874)_-_TIMEA.JPG. Largura: 718 pixels. Altura: 1.024 pixels. 80 KB.


Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rosetta_Stone._(1874)_-
_TIMEA.jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 10

DA AUTORA.

Figura 11

DA AUTORA.

Figura 12

DA AUTORA.

Figura 13

DA AUTORA.

Figura 14

RHIND_MATHEMATICAL_PAPYRUS.JPG. Largura: 578 pixels. Altura: 363 pixels. 58 KB. Formato: JPEG.
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d9/Rhind_Mathematical_Papyrus.
jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 15

MESOPOTAMIA.PNG. Largura: 450 pixels. Altura: 364 pixels. 198 KB. Formato: PNG. Disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/9a/Mesopotamia.PNG>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 16

BABYLONIAN_NUMERALS.JPG. Largura: 500 pixels. Altura: 324 pixels. 29 KB. Formato: JPEG. Disponível
em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Babylonian_numerals.jpg>. Acesso em: 10 mai. 2011.

Figura 17

PLIMPTON_322.JPG. Largura: 907 pixels. Altura: 629 pixels. 293 KB. Formato: JPEG. Disponível em:
<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c2/Plimpton_322.jpg>. Acesso em: 28 mar. 2011.

Figura 18

BERNARDES, M. R. Objeto de decoração reproduzindo momento de reflexão de um membro de uma


horda primitiva. 2011. 1 fotografia.
154
Figura 19

EU_LOCATION_GRE.PNG. Largura: 1.600 pixels. Altura: 1.200 pixels. 470 KB. Formato: PNG. Disponível
em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/19/EU_location_GRE.png>. Acesso em: 28
mar. 2011.

Figura 20

TALES_DE_MILETO_TT.JPG. Largura: 720 pixels. Altura: 540 pixels. 29 KB. Formato: JPEG. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tales_de_Mileto_TT.jpg>. Acesso em: 05 abr. 2011.

Figura 21

THALES_THEOREM_1.PNG‎. Largura: 583 pixels. Altura: 575 pixels. 27 KB. Formato: PNG. Disponível
em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thales_theorem_1.png>. Acesso em: 30 mar. 2011.

Figura 22

THALES THEOREM 6.PNG. Largura: 800 pixels. Altura: 496 pixels. 59 KB. Formato: PNG. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Thales_theorem_6.png>. Acesso em: 30 mar. 2011.

Figura 23

PYTHAGORAS ADVOCATING VEGETARIANISM (1618-20); PETER PAUL RUBENS.JPG. Largura: 1.506


pixels. Altura: 1.062 pixels. 239 KB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/
wiki/File:Pythagoras_advocating_vegetarianism_(1618-20);_Peter_Paul_Rubens.jpg>. Acesso em: 30
mar. 2011.

Figura 24

VITRUVIAN.JPG. Largura: 949 pixels. Altura: 1.300 pixels. 203 KB. Formato: JPEG. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Vitruvian.jpg>. Acesso em: 05 abr. 2011.
Figura 25

JOCONDE.GIF. Largura: 500 pixels. Altura: 801 pixels. 69 KB. Formato: GIF. Disponível em: <http://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Joconde.gif>. Acesso em: 05 abr. 2011.

Figura 26

DIAGRAM_OF_PYTHAGORAS_THEOREM.PNG. Largura: 544 pixels. Altura: 279 pixels. 11 KB. Formato:


PNG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Diagram_of_Pythagoras_Theorem.
png>. Acesso em: 30 mar. 2011.

Figura 27

YBC7289-BW.JPG. Largura: 338 pixels. Altura: 315 pixels. 20 KB. Formato: JPEG. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ybc7289-bw.jpg>. Acesso em: 30 mar. 2011.
155
Figura 28

SOLIDOS_PLATONICOS.JPG. Largura: 508 pixels. Altura: 366 pixels. 16,6 KB. Montagem feita pela
autora. Figuras disponíveis em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/Platonic_solid>. Acesso em: 10
maio 2011.

Figura 29

PACIOLI.JPG. Largura: 643 pixels. Altura: 537 pixels. 131 KB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Pacioli.jpg>. Acesso em: 06 abr. 2011.

Figura 30

TRISEC~1.PNG. Largura: 938 pixels. Altura: 642 pixels. 70 KB. Formato. PNG. Disponível em: <http://
upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/67/Trisec%C3%A7ao.png>. Acesso em: 10 maio 2011.

Figura 31

ARCHIMEDES_LEVER_%28SMALL%29.JPG. Largura: 640 pixels. Altura: 427 pixels. 116 KB. Formato:
JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Archimedes_lever_(Small).jpg>. Acesso
em: 07 abr. 2011.

Figura 32

626PX-COMIC_HISTORY_OF_ROME_P_186_ARCHIMEDES_TAKING_A_WARM_BATH.JPG. Largura: 561


pixels. Altura: 537 pixels. 499 KB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Comic_History_of_Rome_p_186_Archimedes_taking_a_Warm_Bath.jpg>. Acesso em: 07 abr.
2011.

Figura 33

426PX-ARCHIMEDES_SPHERE_AND_CYLINDER.SVG.PNG. Largura: 426 pixels. Altura: 461 pixels. 62


KB. Formato: PNG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Archimedes_sphere_and_
cylinder.svg>. Acesso em: 07 abr. 2011.

Figura 34

669PX-ARCHIMEDE_BAIN.JPG. Largura: 2.231 pixels. Altura: 1.998 pixels. 1,49 MB. Formato: JPEG.
Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Archimede_bain.jpg>. Acesso em: 07 abr.
2011.

Figura 35

750PX-ARCHIMEDES_PI.SVG.PNG. Largura: 750 pixels. Altura: 250 pixels. 48 KB. Formato: PNG.
Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Archimedes_pi.svg>. Acesso em: 09 abr. 2011.
156
Figura 36

ARCHIMEDES_SCREW.JPG. Largura: 350 pixels. Altura: 234 pixels. 63 KB. Formato: JPEG. Disponível
em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Archimedes_screw.JPG>. Acesso em: 09 abr. 2011.

Figura 37

450PX-IMG_1729_GEMAAL_MET_SCHROEF_VAN_ARCHIMEDES_BIJ_KINDERDIJK.JPG. Largura: 2.304


pixels. Altura: 3.072 pixels. 2,78 MB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:IMG_1729_Gemaal_met_schroef_van_Archimedes_bij_Kinderdijk.JPG>. Acesso em: 09 abr. 2011.

Figura 38

800PX-FISCHTREPPE_SCHLOSS_LAER.JPG. Largura: 2.576 pixels. Altura: 1.932 pixels. 1,55 MB.


Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Fischtreppe_Schloss_Laer.
jpg>. Acesso em: 09 abr. 2011.

Figura 39

INDIAN_SUBCONTINENT_CIA.PNG. Largura: 1.656 pixels. Altura: 2.124 pixels. 909 KB. Formato: PNG. Disponível
em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Indian_subcontinent_CIA.png>. Acesso em: 10 abr. 2011.

Figura 40

BAKHSHALI_NUMERALS_1.JPG. Largura: 1.955 pixels. Altura: 295 pixels. 372 KB. Formato: JPEG.
Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/64/Bakhshali_numerals_1.jpg>.
Acesso em: 10 abr. 2011.

Figura 41

AGE_OF_CALIPHS.PNG‎. Largura: 676 pixels. Altura: 346 pixels. 97 KB. Formato: PNG. Disponível em:
<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Age_of_Caliphs.png>. Acesso em: 10 abr. 2011.

Figura 42

506PX-BRÚJULA_AZIMUTAL_ESPAÑOLA_S.XVIII_(M.A.N._MADRID)_01.JPG. Largura: 2.009 pixels.


Altura: 2.382 pixels. 1,84 MB. Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:
Br%C3%BAjula_azimutal_espa%C3%B1ola_s.XVIII_(M.A.N._Madrid)_01.jpg>. Acesso em: 11 abr. 2011.

Figura 43

400PX-HANDTIEGELPRESSE_VON_1811.JPG. Largura: 2.304 pixels. Altura: 3.456 pixels. 1,03 MB.


Formato: JPEG. Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Handtiegelpresse_von_1811.
jpg>. Acesso em: 11 abr. 2011.
157
Figura 44

564PX-LEONARDO_POLYHEDRA.PNG. Largura: 1.000 pixels. Altura: 1.063 pixels. 363 KB. Formato: PNG.
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Figura 49

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