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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9

11/10/2019 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 172.179 RIO DE JANEIRO

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


AGTE.(S) : MARCELO TINOCO PETRU
ADV.(A/S) : DIOGO LEO MACRUZ CORREA
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSO PENAL. DECISÃO MONOCRÁTICA. INEXISTÊNCIA DE
ARGUMENTAÇÃO APTA A MODIFICÁ-LA. PRISÃO PREVENTIVA.
NECESSIDADE DE GARANTIR A ORDEM PÚBLICA E ASSEGURAR A
INSTRUÇÃO PROCESSUAL. GRAVIDADE CONCRETA DA
CONDUTA. PERICULOSIDADE DO AGENTE. FUNDAMENTAÇÃO
ADEQUADA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. A inexistência de argumentação apta a infirmar o julgamento
monocrática conduz à manutenção da decisão recorrida.
2. Não há ilegalidade flagrante na decisão que decreta a prisão
preventiva com base em elementos concretos aptos a revelar a especial
gravidade da conduta e a periculosidade do agente.
3. Agravo regimental desprovido.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, em sessão virtual de 4 a
10 de outubro de 2019, sob a Presidência da Senhora Ministra Cármen
Lúcia, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas,
por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental,
nos termos do voto do Relator.

Brasília, 11 de outubro de 2019.

Ministro EDSON FACHIN


Relator

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Relatório

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11/10/2019 SEGUNDA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 172.179 RIO DE JANEIRO

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


AGTE.(S) : MARCELO TINOCO PETRU
ADV.(A/S) : DIOGO LEO MACRUZ CORREA
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR): Trata-se de agravo


regimental (eDOC 21) interposto contra decisão que, forte na ausência de
ilegalidade flagrante ou teratologia, negou seguimento ao habeas corpus.
(eDOC 20).

Alega-se, em síntese, que: a) as argumentações contrárias à liberdade


do agravante estão calcadas apenas nas ações de outros acusados no
processo, sem qualquer individualização; b) as informações contidas nos
autos demonstram que o agravante não guarda qualquer laço com
membro de organização criminosa ou que o paciente tenha o “modus
operandi de um miliciano”.

É o relatório.

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AG.REG. NO HABEAS CORPUS 172.179 RIO DE JANEIRO

VOTO

O SENHOR MINISTRO EDSON FACHIN (RELATOR):

1. Na hipótese, a decisão unipessoal, embasada em entendimento


pacificado em ambas as Turmas do STF, enfrentou a ilegalidade
articulada nestes termos:

2. No caso dos autos, a apontada ilegalidade não pode ser


aferida de pronto.

Observo, de início, que o decreto de prisão preventiva


calcou-se de forma satisfatória no risco de reiteração delitiva,
bem como na garantia da ordem pública e da instrução
criminal, especialmente em razão da periculosidade do agente,
que integraria organização criminosa armada (eDOC 12):

“[…]
A liberdade dos acusados coloca em evidente risco a
manutenção da ordem pública, ante a possibilidade
concreta da reiteração das condutas criminosas. Como
destacado pelo Ministério Público, há elementos firmes
que conduzem à conclusão de que, em liberdade,
prosseguirão exercendo seu ofício criminoso,
perpetrando ataques reiterados ao meio social, furtando-
se a aplicação da lei penal. No caso dos autos a
segregação cautelar dos denunciados se faz necessária
para se acautelar o meio social e a própria credibilidade da
justiça, garantindo-se, assim, a ordem pública. Destaca-se,
ainda, a necessidade de se garantir a instrução criminal,
impedindo que venham a intimidar testemunhas, o que
importaria em um grande prejuízo para a produção de

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HC 172179 AGR / RJ

provas em juízo, mormente considerando que as vítimas


da quadrilha são moradores da localidade onde o grupo
criminoso atua diretamente, obrigando-os a se
submeterem a seu julgo, sendo, portanto, ineficaz a
aplicação de qualquer outra medida cautelar alternativa à
prisão para o caso concreto aqui analisado. Em casos como
o presente, o exercício do direito à liberdade esbarra em
um direito maior, que é a finalidade de todo o
ordenamento jurídico, qual seja a paz social. O fato de
haver indícios de que os denunciados aparecem como
integrantes de uma organização criminosa armada
(milícia), cujo objetivo é praticar diversos crimes,
incluindo lesão corporal e ameaças à moradores das
localidades em que o organismo atua, torna aplicável na
espécie o entendimento já firmado pelo Colendo Excelso
Pretório, de que: ´a necessidade de se interromper ou
diminuir a atuação de integrantes de organização
criminosa enquadra-se no conceito de garantia da ordem
pública, constituindo fundamentação cautelar idônea e
suficiente para a prisão preventiva´ (STF - HC 95.024/SP, 1ª
Turma, Rel. Min. Cármem Lúcia, DJe de 20/02/2009).”
(grifei)

O Tribunal de origem, por sua vez, manteve o decreto


preventivo, forte na gravidade concreta do fato e na
periculosidade do agente penal (eDOC 15):

“[…]
O paciente responde por crime gravíssimo, de
acentuada periculosidade, que atormenta e atemoriza a
população, abalando a tranquilidade social, com efetivo
risco à ordem pública, claramente perturbada pelos fatos
aqui discutidos.
[…]
De acordo com os autos, as circunstâncias concretas
do fato delituoso indicam o grau de periculosidade e de

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insensibilidade moral do paciente (em especial de quem


deveria zelar pela segurança da população) e justificam a
prisão cautelar (artigo 282, II, do Código de Processo
Penal), para o resguardo da ordem pública e para garantir
a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei
penal, nos termos autorizados pelo supracitado artigo.
[…]
A atividade de milícias, que proliferaram nas últimas
duas décadas no Estado, sem dúvida alguma,
compromete a ordem pública, pois atinge um número
elevado de pessoas e fomenta a prática de outros delitos
mais graves, razão pela qual já se vislumbra a presença
dos requisitos da custódia cautelar.
Assim, é de rigor que indivíduos surpreendidos
nessa atividade sejam mantidos privados da liberdade
durante o decorrer do processo para a garantia da ordem
pública e da instrução penal, nos termos do art. 312 do
Código de Processo Penal. ” (grifei)

Na mesma linha, o STJ, ao destacar que a condição de


membro de organização criminosa é fundamento apto a
justificar a constrição cautelar (eDOC 16):

“[...]
No caso, o recorrente é acusado de fazer parte, na
condição de Policial Militar, de organização criminosa
composta, em tese, por ao menos 42 pessoas, formada
desde cerca de 2016, com estrutura ordenada e divisão de
tarefas, constituída na forma de milícia e com ampla área
de atuação, abrangendo os bairros de Santa Cruz, Campo
Grande, Cosmos, Paciência e Sepetiba, com ramificações
às regiões de Itaguaí, Nova Iguaçu e Seropédica. Relata-se
a suposta prática, pelo bando, de crimes como
homicídios, extorsões e atos de violência, evidenciando a
periculosidade da organização e justificando a prisão.
De fato, a jurisprudência desta Corte é assente no

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sentido de que se justifica a decretação de prisão de


membros de organização criminosa como forma de
interromper suas atividades. Nesse sentido, confiram-se
alguns precedentes:
[…]
Não se olvide que o recorrente exercia função de
policial militar, de modo que sua conduta, por si só
altamente reprovável, reveste-se de especial gravidade,
uma vez que representa desvirtuamento da atividade de
agente de segurança pública.
[…]
Por fim, as circunstâncias que envolvem o fato
demonstram que outras medidas previstas no art. 319 do
Código de Processo Penal não surtiriam o efeito almejado
para a proteção da ordem pública. O mesmo
entendimento é perfilhado por esta Corte Superior, a
exemplo destes precedentes:
[…]” (grifei)

Pontuo que o habeas corpus, a fim de alcançar o prestígio e


envergadura que lhe foram conferidos constitucionalmente,
consubstancia via afunilada, célere e eminentemente
documental. Nessa ótica, não se presta ao reexame das
premissas fático-probatórias que lastreiam a decisão
vergastada.

Registro, ademais, que, nas hipóteses envolvendo crimes


praticados com especial violência ou grave ameaça a pessoa, o
“ônus argumentativo em relação à periculosidade concreta do agente é
menor.” (HC 121.208, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Rel. p/
Acórdão: Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado
em 19.05.2015).

Isso porque, embora a tipicidade não importe, por si só,


prisão preventiva, é certo que o delito supostamente praticado
interfere no juízo de aferição do cabimento da custódia, forte no

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art. 282 do CPP.

Com efeito, é firme a jurisprudência da Corte que


reconhece a gravidade concreta da conduta como fundamento
razoável da custódia processual, tendo em vista que figura
como circunstância apta a indicar a periculosidade do agente e,
nessa medida, segundo um juízo prospectivo de risco de
reiteração delituosa, pode recomendar a medida gravosa a fim
de acautelar a ordem pública. A esse respeito, não há teratologia
no decreto preventivo.

Logo, conforme acima demonstrado, restou devidamente


justificada a indispensabilidade da segregação preventiva, e,
por consequência, a insuficiência da imposição de medidas
cautelares alternativas, razão pela qual não é o caso de
concessão da ordem.

3. Diante do exposto, nos termos do art. 21, §1°, RISTF,


nego seguimento ao habes corpus.

2. Os argumentos suscitados pelo recorrente são incapazes de


infirmar a decisão combatida.

Como se vê, o magistrado apontou a gravidade dos crimes


imputados, ressaltando a existência de indícios de que o denunciado
integra organização criminosa armada voltada para a prática de diversos
crimes, incluindo lesões corporais, homicídios, extorsões e ameaças a
moradores da localidade onde o grupo criminoso atua.

Essas premissas fáticas utilizadas na formação do convencimento do


Juízo de origem não podem ser revisitadas por esta Suprema Corte.

Repiso que a compreensão das cortes antecedentes refletiu


orientação sedimentada neste Supremo Tribunal Federal de que a
gravidade concreta da conduta delitiva e a periculosidade do agente

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autorizam o acautelamento para garantir a ordem pública e assegurar o


andamento da instrução processual.
Desse modo, a despeito das alegações da parte ora agravante, a
decisão recorrida converge com a jurisprudência desta Turma, razão pela
qual se impõe sua manutenção pelos próprios fundamentos.

3. Ante o exposto, voto pelo desprovimento do agravo regimental.

É como voto.

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Extrato de Ata - 11/10/2019

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SEGUNDA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 172.179


PROCED. : RIO DE JANEIRO
RELATOR : MIN. EDSON FACHIN
AGTE.(S) : MARCELO TINOCO PETRU
ADV.(A/S) : DIOGO LEO MACRUZ CORREA (195750/RJ)
AGDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto do Relator. Segunda Turma, Sessão
Virtual de 4.10.2019 a 10.10.2019.

Composição: Ministros Cármen Lúcia (Presidente), Celso de


Mello, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin.

Ravena Siqueira
Secretária

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