Sei sulla pagina 1di 8

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DOS PAVIMENTOS PERMEÁVEIS

NA REDUÇÃO DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

Paulo Roberto de Araújo, Carlos E. M. Tucci e Joel A. Goldenfum


Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS - Porto Alegre – RS

RESUMO: A utilização dos pavimentos permeáveis aumento da vazão, que é o aumento das su-
em áreas urbanas visa: reduzir a vazão drenada perfícies impermeáveis.
superficialmente, melhorar a qualidade da água e A tendência moderna na área de drena-
contribuir para o aumento da recarga de água gem urbana, é a busca da manutenção das
subterrânea. condições de pré-desenvolvimento atuando na
Neste estudo foi avaliada a eficiência dos fonte da geração do mesmo. Para tanto deve-
pavimentos permeáveis na redução do escoa- se utilizar de dispositivos de acréscimo de
mento superficial, através de simulações experi- infiltração e do aumento de retardo do escoa-
mentais, comparando o escoamento gerado em mento.
diversos tipos de pavimento e no solo compacta- Um tipo de dispositivo utilizado com este
do. Foram efetuados experimentos utilizando fim é o pavimento permeável, que é capaz de
simulador de chuva em módulos de 1 m2, para reduzir volumes de escoamento superficial e
quatro diferentes tipos de coberturas urbanas: (a) vazões de pico a níveis iguais ou até inferiores
terreno existente; (b) superfícies semi- aos observados antes da urbanização, redu-
permeáveis; (c) superfícies impermeáveis; (d) e ção do impacto da qualidade da água e dos
superfícies permeáveis. sedimentos.
A análise comparativa entre os pavimentos Neste estudo é apresentada a instalação
permeáveis e os outros tipos de pavimentos per- experimental e as simulações utilizadas com o
mitiu avaliar a redução no escoamento superficial objetivo de analisar a eficiência de pavimentos
gerado e fornecer elementos para escolha desta permeáveis na redução de escoamento super-
solução em diferentes projetos de áreas urbanas, ficial, em comparação com solo compactado e
tais como estacionamentos e passeios de áreas também com pavimentos impermeáveis e
públicas e privadas. semi-permeáveis.

I NTRODUÇÃO PAVIMENTO PERMEÁVEL

A ocupação urbana através de áreas Pavimento Permeável é um dispositivo


impermeáveis como telhados, passeios, ruas, de infiltração onde o escoamento superficial é
estacionamentos, passeios e outros altera as desviado através de uma superfície permeável
características de volume e qualidade do ciclo para dentro de um reservatório de pedras lo-
hidrológico. calizado sob a superfície do terreno (Urbonas
O resultado destas superfícies tem sido e Stahre, 1993). Segundo Schueller (1987), os
o aumento das enchentes urbanas e a degra- pavimentos permeáveis são compostos por
dação da qualidade das águas pluviais. duas camadas de agregados (uma agregado
A drenagem urbana tem sido desenvol- fino ou médio e outra de agregado graúdo)
vida com o princípio de drenar a água das mais a camada do pavimento permeável pro-
precipitações o mais rápido possível para ju- priamente dito.
sante. Desta forma as enchentes aumentam O escoamento infiltra rapidamente na
de magnitude produzindo aumento da fre- capa ou revestimento poroso (espessura de 5
qüência e magnitude das enchentes. Este au- a 10 cm), passa por um filtro de agregado de
mento traz consigo o acréscimo da produção 1,25 cm de diâmetro e espessura de aproxi-
de lixo e a deteriorização da qualidade da madamente 2,5 cm e vai para uma câmara ou
água. reservatório de pedras mais profundo com
As ações públicas para as soluções des- agregados de 3,8 a 7,6 cm de diâmetro. A
ses problemas no Brasil estão voltadas, na capa de revestimento permeável somente age
maioria das vezes, somente para as medidas como um conduto rápido para o escoamento
estruturais. As soluções geralmente encontra- chegar ao reservatório de pedras. O escoa-
das por parte do poder público têm sido as mento, neste reservatório, poderá então ser
redes de drenagem, que simplesmente trans- infiltrado para o subsolo ou ser coletado por
ferem a inundação de um ponto para outro a tubos de drenagem e transportado para uma
jusante na bacia sem que se avaliem os reais saída. Assim, a capacidade de armazena-
benefícios da obra. Estas ações de visão local mento dos pavimentos porosos é determinada
atuam sobre o efeito e não sobre as causas do pela profundidade do reservatório de pedras

1
subterrâneo (mais o escoamento perdido por
infiltração para o subsolo). DIMENSIONAMENTO DO PAVIMENTO
Urbonas e Stahre (1993) classificam os PERMEÁVEL
pavimentos permeáveis basicamente em três
tipos: Equações: O dimensionamento envolve a deter-
minação do volume drenado pela superfície ou
• pavimento de asfalto poroso; por outra contribuinte que escoe para a área do
• pavimento de concreto poroso; pavimento. A precipitação é obtida com base no
• pavimento de blocos de concreto vazado tempo de retorno escolhido e da curva Intensida-
preenchido com material granular, como de, duração e freqüência do local.
areia ou vegetação rasteira, como grama. Para o dimensionamento de um sistema de
infiltração total (sem tubos de drenagem na parte
A camada superior dos pavimentos poro- superior do reservatório), o reservatório de pedras
sos (asfalto ou concreto) é construída de forma deve ser grande o suficiente para acomodar o
similar aos pavimentos convencionais, mas com a volume do escoamento de uma chuva de projeto
retirada da fração da areia fina da mistura dos menos o volume de escoamento que é infiltrado
agregados do pavimento. durante a chuva. O volume de escoamento su-
Os blocos de concreto vazados são colo- perficial gerado pela precipitação pode ser esti-
cados acima de uma camada de base granular mado através de:
(areia). Filtros geotêxteis são colocados sob a
camada de areia fina para prevenir a migração da Vr = (ip + c – ie) . td (1)
areia fina para a camada granular.
Urbonas e Stahre (1993) mencionam onde Vr é o volume de chuva a ser retido pelo
que não existem limitações para o uso do pa- reservatório(em mm), ip é a intensidade máxima
vimento permeável, exceto quando a água não da chuva de projeto (em mm/h), ie é a taxa de
pode infiltrar para dentro do subsolo devido a infiltração do solo (em mm/h), td é o tempo de
baixa permeabilidade do solo ou nível alto do duração da chuva (em horas) e c um fator de
lençol freático for alto, ou ainda se houver uma contribuição de áreas externas ao pavimento
camada impermeável que não permita a infil- permeável e pode ser estimada pela equação
tração. Neste caso o pavimento permeável seguinte
poderá ser utilizado como um poço de deten-
ção, utilizando para isso uma membrana im- i p .Ac
permeável entre o reservatório e solo existen- c= (2)
Ap
te. O sistema de drenagem com tubos perfura-
dos espaçados de 3 a 8m deve completar este
onde Ac é área externa de contribuição para o
dispositivo nesta situação. O sistema deverá
pavimento permeável e Ap é área de pavimento
prever o esgotamento do volume num período
permeável.
de 6 a 12 horas.
A profundidade do reservatório de pedras
A utilização dos pavimentos permeáveis,
do pavimento permeável é determinado por
em um contexto geral, pode proporcionar uma
redução dos volumes escoados e do tempo de
Vr
resposta da bacia para condições similares às H= (3)
condições de pré-desenvolvimento e até mes- f
mo, dependendo das características do sub-
solo, condições melhores que as de pré- onde H é a profundidade do reservatório de pe-
desenvolvimento, desde que seja utilizado dras (em mm) e f é a porosidade do material.
racionalmente, respeitando seus limites físi- A porosidade pode ser determinada pela
cos, e desde que seja conservado periodica- equação
V + VG
mente (trimestralmente) com uma manutenção f= L (4)
preventiva, evitando assim o seu entupimento. VT
As principais limitações destes dispositi-
vo podem ser: onde: VL é o volume de líquidos, VG é o volume
de vazios e VT é o volume total da amostra.
• quando a água drenada é fortemente
contaminada, haverá impacto sobre o Estimativa dos parâmetros: Os pavimentos
lençol freático e o escoamento subterrâ- permeáveis somente são viáveis para taxa de
neo; infiltração superior a 7 mm/h. Para a sua estimati-
• falta de controle na construção e ma- va deve-se realizar uma sondagem a uma pro-
nutenção que podem entupir os disposi- fundidade de 0,6 a 1,2 m abaixo do nível inferior
tivos tornando ineficiente. do reservatório de pedras a fim de verificar o tipo
de solo existente (já que tipos de solos com um
percentual superior a 30% de argila ou 40% de

2
silte e argila combinados não são bons candida- No lado que recebe o fluxo do escoamento su-
tos para este tipo de dispositivo). A camada im- perficial há pequenos furos (que devem estar
permeável ou o nivel do freático no período chu- posicionados ao nível do terreno) pelos quais a
voso deve estar pelo 1,2 m abaixo do pavimento. água atinge uma calha coletora que reúne todo o
Para determinar a profundidade do reser- fluxo e o remete, por um tubo, à cuba de um liní-
vatório de pedras, é necessário selecionar o tipo grafo.
de material a ser utilizado no mesmo. Schuller
(1987) recomenda o uso de brita 3 ou 4 no reser- SUPERFÍCIES ESTUDADAS
vatório de pedras.
Foram feitos alguns ensaios de porosidade As superfícies escolhidas para execução
para uma brita 3 (comercial) e chegou-se a valo- dos ensaios de simulação de chuva foram:
res de porosidade da ordem de 40 a 50%. Desta
forma com os valores de porosidade e volume de • Solo compactado com declividade de 1
água a reter pode-se estimar a profundidade do a3%;
reservatório de pedras. Aconselha-se, por ques- • Pavimentos impermeáveis : uma par-
tões práticas, utilizar profundidade mínimas do cela de concreto convencional de ci-
reservatório de pedras de 15 cm. mento, areia e brita, com declividade
de 4% ;
INSTALAÇÃO EXPERIMENTAL • Pavimentos semi-permeáveis: uma
parcela de superfície com pedras re-
O experimento, efetuado na área do gulares de granito com juntas de
Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da areia, conhecidas por paralelepípedos,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul com declividade de 4 %; e outra par-
(UFRGS), consistiu na simulação de chuvas cela revestida com pedras de concreto
sobre diferentes tipos de superfície. industrializado tipo “pavi S” igualmente
As simulações de chuva têm por objetivo com juntas de areia , conhecida por
determinar as leis de infiltração e o escoa- blocket, com declividade de 2%;
mento superficial na escala pontual para rela- • Pavimentos permeáveis: uma parcela
cioná-la posteriormente com a dinâmica da de blocos de concreto com orifícios
água em parcelas e bacias maiores. Elas for- verticais preenchidos com material
necem um melhor conhecimento dos proces- granular (areia) com declividade de 2
sos básicos da produção de escoamento em % e uma parcela de concreto poroso
diversas situações, no espaço e no tempo, com declividade de 2%..
permitindo comparar a eficácia do uso dos
pavimentos permeáveis em relação a outros Solo Compactado
tipos de coberturas na redução do volume de
água de um escoamento superficial gerado por A parcela de solo compactado (figura 1) foi
um determinado evento de chuva . instalada sobre uma antiga rua de chão batido
O simulador de chuvas utilizado nas simu- (que hoje se encontra desativada), executada em
lações foi o aparelho concebido por Asseline e um corte do terreno natural há mais de 40 anos
Valentin (1978). Silveira e Chevallier (1991), este atrás.
simulador tem a capacidade de gerar precipita- A simulação no solo compactado foi
ções com intensidades variáveis sobre uma par- efetuada para se ter um parâmetro das condi-
cela alvo de 1 m2. ções de pré-urbanização do local de testes. O
A água é bombeada a uma vazão cons- terreno escolhido provavelmente tenha as su-
tante até um aspersor fixado a um braço, cujo as condições naturais de infiltração modifica-
movimento pendular define a intensidade da chu- das, em função de já ter tido um pré-
va aspergida sobre a parcela de 1 m2. O disposi- adensamento por motivo do tráfego que existiu
tivo de aspersão é fixado no topo de uma torre no passado. Este fato coincide com uma situa-
metálica de aproximadamente 4 m de altura. As ção generalizada que ocorre nas áreas urba-
quatro faces laterais da torre são cobertas com nas onde o solo natural é alterado, sofrendo
tecido resistente para minimizar o efeito do vento uma compactação mecânica natural, além de
sobre o jato do aspersor. O circuito hidráulico é misturas com outros materiais de diferentes
composto de uma bomba elétrica e um tonel granulometrias.
d’água, que alimenta o aspersor através de um A parcela de solo compactado tinha de-
conjunto de mangueiras. Dois manômetros, um clividade variando de 1 a 3% (declividade mé-
colocado logo a jusante da bomba elétrica e outro dia de 2%). A superfície apresentava-se co-
no alto da torre, servem para controlar a pressão, berta boa parte por vegetação rasteira típica
que deve ser constante e compatível com a vazão da região. O solo é argiloso até a profundidade
do aspersor. Para realizar as medições na par- de 70 cm segundo classificação USDA (Cau-
2
cela de 1m , esta é isolada por um quadro metáli- duro e Dorfman, 1990). Após esta profundida-
co vazado cravado na superfície a ser avaliada. de o solo está classificado como franco con-
forme USDA.
3
Pavimento Impermeável Pavimento Permeável

Foi necessário efetuar-se simulações de Foram utilizadas duas superfícies de pavi-


chuva sobre uma parcela impermeável para se ter mentos permeáveis: blocos de concreto industria-
um parâmetro de comparação de locais total- lizados e vazados do tipo “S” e uma parcela de
mente impermeabilizados como passeios e esta- concreto poroso.
cionamentos de “shoppings centers” e supermer- No dimensionamento do reservatório de
cados. A superfície escolhida para representar a pedras foi utilizado o sistema de infiltração total,
parcela impermeável foi o pavimento de concreto onde a única maneira da água sair do reservató-
de cimento, areia e brita (figura 3), devido ao fato rio de pedras é através da infiltração para o sub-
de tal superfície ser muito utilizada nos locais solo. Foi adotada chuva de duração de 10 min,
citados anteriormente e por ser de fácil execução. com período de retorno de 5 anos. Utilizando-se a
O pavimento de concreto foi construído em curva IDF do Posto Redenção, na cidade de
um módulo de dimensões 3,00 x 3,00m e espes- Porto Alegre (Goldenfum et al., 1990), obtém-se a
sura entre 10 e 12 cm, sendo isolada uma parcela intensidade máxima de chuva igual a 111,9 mm/h,
de 1 m2 através de um quadro metálico chumba- estimando-se, portanto, o volume a ser retido pelo
do no pavimento. A construção foi efetuada de reservatório em 17,5 mm. Sendo a porosidade da
modo que o pavimento ficasse no mesmo nível da brita 3 igual a 46%, obteve-se uma altura de re-
rua. servatório de 37,3mm. Esta profundidade é baixa
por que foi utilizada uma chuva com período de
Pavimentos Semi-Permeáveis retorno relativamente pequeno e por não haver
áreas de contribuição externas para o pavimento
Foram utilizados dois tipos de pavimentos permeável. Como seria impossível a execução de
semi-permeáveis: blocos de concreto industriali- uma camada de brita com esta espessura, já que
zado do tipo ‘Pavi S’ (blockets) e paralelepípedos a própria dimensão da brita ultrapassaria aquela
de granito (figura 3). A escolha destes pavimentos altura, resolveu-se adotar uma profundidade de
ocorreu em função de que tais superfícies são 150 mm, correspondente à mínima espessura
muito utilizadas na região da grande Porto Alegre verificada em projetos semelhantes.
e por apresentarem uma boa taxa de infiltração
de água por suas juntas de areia. Blocos Vazados: O módulo de blocos vazados
Os pavimentos de blocos de concreto e de foi construído para que a superfície pronta ficas-
paralelepípedos já existiam na área experimental, se no mesmo nível da superfície e que os blocos
construídos para experimentos anteriores, sendo ficassem confinados lateralmente. A escavação
que a escavação de cada superfície foi feita de foi executada em uma área de 2,0x2,0m, com
modo que a superfície ficasse no mesmo nível da profundidade de 20 cm. No centro desta foi no-
rua e que as pedras ficassem confinadas lateral- vamente escavado no terreno uma abertura com
mente (Genz, 1994). área de 1,0x1,0 e espessura de 15 cm, com a
As pedras interiores na parcela de 1m2 de função de futuramente ser o reservatório de pe-
paralelepípedo têm um tamanho médio de dras dos pavimentos permeáveis. O solo, na base
13x18cm, em 7 linhas paralelas à face coletora. da abertura, não foi compactado para evitar uma
As juntas têm uma largura média de 1cm e perfa- redução na capacidade de infiltração do terreno.
zem 6 linhas contínuas, paralelas a face coletora, Na base da abertura de 1,0x1,0 foi colocado um
com 6 juntas por cada linha de pedra. Já as pe- filtro geotêxtil com a finalidade de separar o agre-
2 gado graúdo do solo e assim evitar a migração do
dras interiores da parcela de 1m de blocos de
concreto industrializados formam nove linhas no solo para o reservatório de pedras, quando este
sentido paralelo à face coletora, possibilitando 8 estiver na condição de enchimento. O vão de
linhas de junta, com cinco juntas por linha de 1,0x1,0 m foi preenchido com brita 3 de granito
pedra. As juntas têm uma espessura média de até o topo, perfazendo uma espessura final de
4mm. agregado igual a 15cm. Após a compactação
Antes de começar as simulações foi neces- manual do agregado, novamente foi colocado um
sário executar uma limpeza em ambas as super- tecido geotêxtil sobre a camada de agregado com
fícies, pois apresentavam-se cobertas por vege- a finalidade de prevenir a migração da areia mé-
tação rasteira do tipo capim. Esta vegetação indi- dia da camada superior para dentro do reservató-
ca a presença de matéria orgânica e sedimentos rio de pedras. Uma camada de 10 cm de areia
mais finos nas juntas de areia dos pavimentos e média foi colocada sobre todo o módulo de
possivelmente este material possa a vir reduzir a 2,00x2,00. Por fim, os blocos vazados foram as-
taxa de infiltração destas superfícies devido ao sentados sobre a areia e as juntas e os orifícios
entupimento causado por esta partículas. Esta dos blocos de concreto foram preenchidos com
situação, mais uma vez, coincide com uma situa- areia. A declividade final da parcela ficou em 2%.
ção generalizada que ocorre estes tipos de pavi-
mentos onde as partículas são carreadas para as
juntas e o entupimento é inevitável.
4
Solo Compactado Paralelepípedos Blocos de Concreto

Concreto Blocos Vazados Concreto Poroso


Figura 3 - Pavimentos simulados
da é importante, especialmente em climas secos
Tabela 1 – Característica dos concretos sem finos e com ocorrência de vento devido as pequenas
para agregado de 9,5 a 19 mm. (McIntosh, Botton espessuras da pasta de cimento (Neville, 1982).
e Muir,1956 apud Neville, 1982) A construção foi semelhante à dos blocos
vazados com a única diferença no revestimento
Relação Relação Massa Resistência
superficial, que foi o concreto poroso com espes-
Cimento Água Específica a sura de 15cm.
3
/agregado /cimento (Kg/m ) Compressão
SIMULAÇÃO DAS SUPERFÍCIES
em volu- em mas- 28 dias -
me sa MPa Foram efetuadas simulações da chuva de
projeto (duração de 10 min, período de retorno de
1:6 0,38 2020 14 5 anos e intensidade de 111,9 mm/h) sobre as
1:7 0,40 1970 12 parcelas de solo compactado, pavimento imper-
1:8 0,41 1940 10 meável (concreto), pavimentos semi-permeáveis
(blocos de concreto e paralelepípedos) e pavi-
1 : 10 0,45 1870 7 mento permeável (blocos de concreto vazados).
O resumo dos resultados das simulações podem
ser observados na tabela 2.
Concreto poroso : O pavimento de concreto O coeficiente de escoamento é obtido pela
poroso (também denominado concreto sem finos) razão entre a chuva e o escoamento totais. A
foi executado seguindo o traço 1:6 da tabela 1, umidade do solo antes da simulação de chuva foi
com brita 1 (comercial) de granito. O concreto calculada a partir da calibração da curva de umi-
sem finos deve ser pouco adensável e a vibração dade em relação à contagem de sonda de nêu-
só pode ser aplicada por períodos muito curtos, trons e está referenciado à profundidade de 50
caso contrário a pasta de cimento poderá escor- cm.
rer para o fundo. Também não se recomenda o Os escoamentos foram discretizados em
adensamento com soquetes pois podem resultar intervalos de 30 segundos e, por apresentarem
massas específicas localizadas elevadas. Para o grande variabilidade em decorrência desta dis-
concreto sem finos não existem ensaios de tra- cretização, passaram por um filtro de média mó-
balhabilidade de concretos; somente é possível vel dos 3 primeiros elementos. Em função deste
avaliar visualmente se a camada de revestimento filtro os hidrogramas começam a decair antes dos
das partículas é adequada. Os concretos sem 10 minutos (tempo de duração da simulação). A
finos têm baixo valor de coesão; por isso as for- figura 2 apresenta os escoamentos superficiais
mas devem ser mantidas até que se tenha des- observados nas simulações.
envolvido uma resistência suficiente. A cura úmi-
5
Tabela 2 – Resultados das simulações de chuva nas superfícies simuladas
Solo Com- Concreto Bloco de Paralelepípedo Bloco
pactado Concreto Vazados
DATA 03/06/98 28/10/98 29/07/98 13/10/98 27/01/99

Hora Início 14:06 15:15 15:20 11:20 10:08

Intensidade simulada (mm/h) 112 110 116 110 110

Chuva total (mm) 18,66 18,33 19,33 18,33 18,33

Escoamento total (mm) 12,32 17,45 15,00 10,99 0,5

Coeficiente de escoamento 0,66 0,95 0,78 0,60 0,03

Umidade inicial do solo 32,81 32,73 32,71 32,72 32,24


3 3
(cm /cm )

120
Esc. Sup. (mm/h)

100

80

60

40

20

0
- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

-20
Tempo (min.)
Solo Compac. Blockets Paralelepípedos Concreto Bloc. Vazados Conc. Poroso

Figura 2 –Escoamento superficial observado nas diversas superfícies ensaiadas

Nas simulações no módulo de concreto coletora não dar conta da vazão e também pelo
observou-se escoamento superficial imediata- armazenamento de água nas irregularidades na
mente após o início da chuva. O coeficiente de superfície do concreto. Este resultado reforça a
escoamento neste pavimento foi 44 % superior ao necessidade de utilização de dispositivos de re-
da simulação no solo compactado. Este coefici- dução do escoamento superficial, uma vez que o
ente mostra que praticamente toda a chuva gerou excesso gerado em áreas cobertas com este tipo
o escoamento coletado na cuba do linígrafo. A de pavimento (ou outros pavimentos impermeá-
diferença (5%) entre os volumes precipitado e veis) contribui diretamente para o crescimento
escoado se deu devido à parcela de água que das cheias urbanas.
fica retida no quadro metálico e a uma pequena Nas simulações nas superfícies semi-
absorção no concreto, não sendo registrada pelo permeáveis o escoamento superficial também
linígrafo. Ao término da simulação, o tempo de começa imediatamente após o início da chuva,
esvaziamento foi maior que o das outras superfí- mas os volumes gerados são inferiores aos do
cies, devido ao acúmulo de água dentro do qua- concreto. Na simulação no módulo de paralelepí-
dro metálico em função do tubo que saía da face pedos, o coeficiente de escoamento é, inclusive,
6
menor do que o observado no solo compactado: positivos altamente recomendados para o con-
nos blocos de concreto observou-se coeficiente trole dos volumes escoados. Levando em conta
de escoamento 22 % superior ao do solo com- seu baixo poder de suporte e problemas de ma-
pactado; nos paralelepípedos foi registrado coefi- nutenção, recomenda-se que estes pavimentos
ciente de escoamento 11 % menor que o do solo sejam utilizados em calçadas e em estaciona-
compactado. Pode-se concluir que, embora não mentos para veículos leves em áreas de “sho-
haja garantia de manutenção das condições de pping centers” e grandes supermercados.
pré-desenvolvimento, há uma significativa redu-
ção em comparação com o escoamento gerado
em superfícies impermeáveis. Seu uso em áreas ANÁLISE DO CUSTO
urbanas, embora possa acarretar aumento de
escoamento superficial em relação a áreas ainda O custo obtido para a implantação de cada
não ocupadas, pode contribuir para o controle da pavimento pode ser visto na tabela 2. Todos os
geração de escoamento superficial quando insta- componentes de material e mão-de-obra foram
lados em substituição a pavimentos impermeá- retirados de REGISUL (1999). Nos custos de
veis. mão-de-obra foram incluídos todos os custos
É importante ressaltar que observou-se um indiretos gastos com encargos sociais.
volume de escoamento gerado no pavimento de
paralelepípedo bastante inferior ao dos blocos de Tabela 2 Custo de implantação dos pavimen-
concreto. As possíveis causas para tal diferença tos
são:
Tipo de pavimento Custo unitário
(m 2)
• a área da junta da parcela de blocos de
Blocos de concreto 10,10
concreto é menor do que a de paralelepí-
Paralelepípedo 16,74
pedos, o que se traduz em menor capaci-
Concreto impermeável 13,14
dade de infiltração. Os blocos de concreto
Blocos vazados 18,22
têm uma junta de aproximadamente 4
Concreto poroso 19,06
mm, perfazendo uma área média de jun-
tas de 5% da área da parcela, enquanto
que o pavimento de paralelepípedos têm
uma junta de aproximadamente 10 mm, O uso de pavimentos permeáveis elimina a
correspondendo a uma área média de necessidade de caixas de captação e tubos de
10% da área da parcela; condução da água pois o dispositivo praticamente
não gera escoamento.
• o pavimento de paralelepípedo é mais ir-
Além dos custos de implantação dos
regular que o dos blocos de concreto
pavimentos permeáveis existe o custo de ma-
possuindo mais depressões nas juntas e
nutenção que consiste na limpeza dos poros
tendo, consequentemente, mais capaci-
dos pavimentos porosos (concreto poroso)
dade de retenção de água;
com jatos d’água e máquinas de aspiração de
• é possível ter ocorrido algum vazamento
sedimentos e poeiras. Estes custos não foram
de água através das laterais do quadro
estimados devido à inexistência de empresas
metálico da parcela de paralelepípedo, o
especializadas na manutenção deste tipo de
que reduziria o escoamento superficial
dispositivo no país. No entanto, para se ter
medido e, ao se fazer o balanço hídrico
uma idéia o custo médio gasto em um manu-
da parcela, obter-se-ia uma taxa de infil-
tenção nos Estados Unidos é na ordem de 1 a
tração bem maior que a da realidade.
2% do custo de implantação do dispositivo.
Na simulação de chuva nos pavimentos CONCLUSÕES
permeáveis praticamente não ocorreu escoa-
mento superficial. O pequeno escoamento gerado
foi provavelmente devido ao arremate de concreto Nas simulações efetuadas no módulo de
junto à face coletora do quadro metálico. Foram pavimento impermeável praticamente toda chuva
efetuadas três simulações de chuva nos blocos gera escoamento superficial, com acréscimo de
vazados e para as três simulações o resultado foi 44 % no coeficiente de escoamento, em compa-
o mesmo (apenas 0,5 mm de escoamento gera- ração com a simulação no solo compactado,
do). Já na parcela de concreto poroso, nos três mostrando a potencialidade de crescimento das
ensaios realizados na parcela o coeficiente de cheias urbanas em função de uma utilização in-
escoamento não passou de 0,01. Observa-se, tensa deste tipo de cobertura.
portanto, que estes pavimentos não apenas As simulações nas superfícies semi-
mantém as condições originais de geração de permeáveis apresentaram escoamento superficial
escoamento superficial, mas podem reduzir estes inferior ao do concreto: nos blocos de concreto
valores a praticamente zero, dependendo das observa-se crescimento de 22 % no coeficiente
condições antecedentes e da capacidade do re- de escoamento e nos paralelepípedos é registra-
servatório de pedras. Com isto, mostram ser dis- da queda de 11 % neste coeficiente, sempre em
7
comparação com o solo compactado. O seu uso Ambiental. D 180. Dissertação de Mes-
em áreas urbanas pode contribuir para o controle trado.
da geração de escoamento superficial quando GOLDENFUM, J. A., CAMAÑO, B., SILVESTRI-
instalados em substituição a pavimentos imper- NI, J. 1990. Chuvas Intensas em Porto
meáveis. Alegre - Determinação de Curvas I-D-F.
Na simulação de chuva no pavimento per- Porto Alegre: IPH-UFRGS. 26p.
meável praticamente não ocorreu escoamento NEVILLE, A. M. 1982. Properties of Concret.
superficial. Sugere-se, por questões de resistên- (Português). Propriedades do Con-
cia estrutural e de manutenção, que estes pavi- creto. São Paulo: PINI. XVI, 738p. IL.
mentos sejam utilizados em estacionamentos REGISUL discriminada.1999.Listagem discri-
para veículos leves, especialmente em áreas de minada de composições de serviço.
“shopping centers” e grandes supermercados, Porto Alegre. Março.
uma vez que eles mostram ser dispositivos alta- SCHUELLER, T. 1987. Controlling Urban Ru-
mente recomendados para o controle dos volu- noff : A Practical Manual for Planning
mes escoados, apresentando inclusive redução and Designing Urban BMPs.
em comparação com as condições de pré- SILVEIRA, A.L.L. e CHEVALLIER, P. 1991.
desenvolvimento. Primeiros Resultados sobre Infiltração
Neste estudo não foi analisada a capacida- em Solo Cultivado Usando Simulação de
de de redução da carga de poluentes pelo uso de Chuvas (Bacia do rio Potiburu - RS). In
pavimentos permeáveis, mas este também é um SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECUR-
dos grandes benefícios deste tipo de benefício. SOS HÍDRICOS, 9, 1991, Rio de Janei-
As limitações identificadas foram quanto a ro. Anais . Rio de Janeiro: ABRH/APRH.
necessidade de manutenção e o maior custo por 4v. v. 1, p.213-221.
m2. O aumento do custo específico pode ser URBONAS, B. e STAHRE, P. 1993. Stor-
compensado pela redução da drenagem resul- mwater Best Management Practices and
tante da área, já que grande parte do volume se Detention, Prentice Hall, Englewood
infiltrará. Cliffs, New Jersey. 450p.
Deve-se ressaltar também, que o pavi-
mento apresentará uma melhoria importante para
inundações freqüentes e de alto risco, no entanto Analysis of permeable surfaces in overland
quando o reservatório estiver cheio para grandes flow control
volumes de precipitação o pavimento poderá
apresentar uma menor ineficiência do que apre- ABSTRACT
sentada nos experimentos.
Porous pavements are used in urban areas
AGRADECIMENTOS in order to reduce the overland flow as well as to
improve the water quality and groundwater re-
Agradecemos o suporte financeiro provido charge recovery
através dos projetos de pesquisa “Avaliação e In this paper is presented evaluation of
controle dos impactos ambientais decorrentes da the porous pavements efficiency in the reduc-
urbanização” (PRONEX - MCT, CNPq, FINEP) e tion of overland flow by experimental simula-
2
“Controle de cheias devido a urbanização” (RE- tion using a rainfall simulator over 1 m par-
COPE/REHIDRO - Subrede 3 - MCT, FINEP). cels, with five different types of urban soil
Agradecemos, também, o auxílio prestado na pavements: (a) natural soil; (b) concrete
execução dos experimentos pelo bolsista de inici- pavement; (c) granite stones; (d)concrete S-
ação científica André Mitto e pelos hidrotécnicos shaped blocks; e) and concrete garden blocks.
Paulo Édson Marques e Luiz Gregório Raupp. The results showed that the porous
pavements had a small overland flow as com-
parison to the other surfaces.
REFERÊNCIAS

ASSELINE , J. e VALENTIN , C. 1978. Cons-


truction et mise au point d’un infiltròme-
tre à aspersion. Cah. ORSTOM, série
Hydrology, Paris, V. 15, n. 4, p321-350.
CAUDURO, F.A., DORFMAN, R. 1990. Manual
de ensaios de laboratório e de campo
para irrigação e drenagem. Porto Alegre:
PRONI: IPH/UFRGS. 216p.
GENZ, F. 1994. Parâmetros para a previsão e
controle de cheias urbanas. Porto Ale-
gre: UFRGS - Curso de Pós-Graduação
em Recursos Hídricos e Saneamento
8

Potrebbero piacerti anche