Sei sulla pagina 1di 34

Língua Portuguesa Texto poético

Não há machado que corte


A raiz ao pensamento
Não há morte para o vento
Não há morte

Se ao morrer o coração
Morresse a luz que lhe é querida
Sem razão seria a vida
Sem razão

Nada apaga a luz que vive


Num amor num pensamento
Porque é livre como o vento
Porque é livre

(LIVRE- Carlos Oliveira)


1. Lê atentamente o poema.
1.1 Que sentido conotativo podem ter as expressões:
a) “machado”____________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
b) “vento”______________________________________________________________________

1.2 Diz, justificando, qual te parece ser o assunto central do poema


______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Repara agora na rima do poema.
2.1 Apresenta o esquema rimático da primeira estrofe.______________________________________
2.1 Identifica, quanto à disposição, o tipo de rima presente nessa estrofe.________________________
3- Qual o recurso expressivo predominante neste poema?________________________________
4- Elabora a análise morfológica das palavras sublinhadas.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
5. Análise sintáctica (entre parênteses o número dos versos):
Palavras da frase Funções sintácticas
SUJEITO DE “HÁ” (1)
AO PENSAMENTO (2)
C. DIRECTO DE “CORTE” (1)
LIVRE (11)
SEM RAZÃO (7)

6. Substitui por pronomes pessoais as expressões sublinhadas:


a) Dar-vos-ão a notícia._____________________________________________________________
b) Não nos deram a notícia.__________________________________________________________
c) Deram-lhes a notícia.____________________________________________________________
d) Deram-lhe a notícia._____________________________________________________________
e) Darão a notícia ao Pedro._________________________________________________________
7- Indica as figuras de estilo presentes nos seguintes excertos de poetas portugueses.
"Árida palma
Tem seu licor;
Tem, como a alma
Tem seu amor;” (João de Deus)
________________________________________________

Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso..." (F. Pessoa)


______________________________________________________
"Fios de sol escorriam de uma azinheira, perto da estrada" (Vergílio
Ferreira)
_______________________________________________________
"Entretanto, Lisboa arrojava-se aos meus pés." (Eça de Queirós)

"Em vós, ó coisas grandes, banais, úteis, inúteis


Ó coisas todas modernas" (F. Pessoa)
___________________________________________________________
6. Substitui por pronomes pessoais as expressões sublinhadas:
a) Dar-vos-ão a notícia._____________________________________________________________
b) Não nos deram a notícia.__________________________________________________________
c) Deram-lhes a notícia.____________________________________________________________
d) Deram-lhe a notícia._____________________________________________________________
e) Darão a notícia ao Pedro._________________________________________________________
O que é a poesia? Não há definição objectiva dela, mas a poesia é, talvez, a expressão de sentimentos, emocões e sentidos do
poeta em relação àquilo que o rodeia ou pelo que toma como tema, revelada numa forma escrita, cuja sonoridade e estrutura,
muitas vezes se assemelha a um cântico, a um apelo, etc.
Analisando-a no plano fónico, a poesia não é uma linguagem comum que serve somente para significar. Consegue criar um
conjunto de sons agradáveis e melodiosos através da rima, do ritmo e de várias figuras de estilo como a repetição que é
frequentemente utilizada.
A poesia consegue tornar visível algo abstracto como os sentimentos, em realidades quase palpáveis.
Uma das formas mais representativas da poesia é o lirismo que não é mais do que a expressão do "eu".
Aí, o poeta fala do que sente; revela-nos o seu estado de espírito, de um modo que é estranho ao homem em
geral, que muitas vezes é tomado pelos mesmos sentimentos e sensações, mas que não é capaz de os revelar
da mesma forma. Aliás, como o são os sentimentos, a poesia não é regida por um modelo generalizado:
cada poeta tem a sua forma, o seu estilo, o seu método de escrever...
O poeta poderá também apresentar como tema aquilo que o rodeia. Interioriza o que lhe é externo e trata-o
de uma forma sentida, expondo o resultado, de um modo geral, completamente transformado, à sua
maneira: revela um mundo criado por si a partir de um mundo que lhe passa ao lado.
É uma arte; é um dom que só alguns possuem. É conseguir fazer chorar a partir de um motivo para rir. É
tão somente viver poesia.
A Poesia é algo da alma de cada Homem. Não se fixa a regras, nem a fórmulas.
A Poesia é o momento de inspiração, que brota de forma espontânea.

O segredo está, como dizem os versos acima, em que o poeta repara [9] enquanto os outros
apenas vêem...
É uma questão de sensibilidade: na verdade, o poeta não habita um mundo diferente [11],
mas sabe ver - com olhos de admiração - o sentido e a beleza que se encerram na mesma
realidade de cada dia.
Então, pensamos que na poesia podemos ser o que, no nosso mundo humano, não teríamos coragem
de ser. Ou deixar de ser o que para o mundo somos. Ou fazer-nos melhores, ou piores... Amados poetas...
A poesia é espírito... E assim como não é a palavra, também nós (pensamentos e sentimentos) não somos
nossa carne.

A Poesia é a «expressão da imaginação» e é “congénita do homem”, podendo contribuir para o


equilíbrio da mente e da psique e ajudar a construir e a estruturar os domínios do imaginário.
A Poesia remete-nos para a espontaneidade criadora, princípio de todo o conhecimento e
experiência humana.

Análise de Poema “Porque”


Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner
Andersen a qual denuncia as injustiças e desigualdades sociais.O próprio título “Porque” reforça, através
da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Deste modo, parece haver um diálogo entre o sujeito
poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no último
verso das estrofes seguintes. O sujeito poético põe em evidência as virtudes e qualidades do outro,
mostrando um verdadeiro sentimento de admiração, o que nos leva a pensar poder tratar-se de um amigo
íntimo. Deste modo, verifica-se uma atitude muito contrastante em relação aos outros e à pessoa amada,
nomeadamente através da conjunção adversativa “mas”.O sujeito poético denuncia a falsidade, “Porque
os outros se mascaram”, a astúcia “Porque os outros usam a virtude/Para comprar o que não tem perdão” (
o sujeito poético poderá referir—-se à honra, honestidade, etc.), logo é referido o receio que os outros
têm em demonstrar o verdadeiro eu, ao contrário do tu. Os outros são hipócritas ao oferecerem apenas a
aparência.Na segunda estrofe é reforçada a ideia da corrupção, nomeadamente no primeiro e segundo
versos, uma vez que os túmulos caiados significam o disfarce, assim sendo simbolizam os segredos,
dando uma imagem de hipocrisia, onde está mais explicita esta critica é no segundo verso da segunda
estrofe. Deste modo verifica-se que todo o poema é de intervenção social.Enquanto os outros se disfarçam
para esconder os seus defeitos e pecados, o tu confronta as pessoas com a verdade sem medo de
represálias. Assim sendo o tu pode representar aquele que denuncia as injustiças sociais. Na terceira
estrofe verifica-se novamente uma enumeração e oposição de atitudes, logo existe uma crítica ao
oportunismo, “Porque os outros se compram e se vendem” e ao calculismo “ E os seu gestos dão sempre
dividendo”. Verifica-se ainda no terceiro verso da terceira estrofe novamente a astúcia dos outros que
planeiam sempre as suas acções com vista ao lucro. O vocábulo “abrigo” existente no primeiro verso da
quarta estrofe simboliza a dissimulação das acções, visto estas serem feitas às escondidas, a atitude do tu
é contrastante com a dos outros, visto este não planear as suas acções independentemente do resultado. O
tu é corajoso, pois não tem receio de denunciar as injustiças, dai que o verso diga “E tu vais de mãos
dadas com os perigos”O último verso da quarta estrofe reforça a ideia expressa onde os outros planeiam
para atingir lucros ao contrário do tu, este tem uma atitude honesta ao longo de todo o poema. A figura de
estilo mais marcante é a repetição anafórica da conjunção subordinativa causal “porque”, para enumerar
os defeitos dos outros, as antíteses para mostrar as diferenças entre o comportamento dos outros e do tu e
ainda a metáfora “os outros são os túmulos caiados”.
porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtudePara comprar o que não
tem perdãoPorque os outros têm medo mas tu nãoPorque os outros são os túmulos caiadosOnde germina
calada a podridãoPorque os outros se calam mas tu nãoPorque os outros se compram e se vendemE os
seus gestos dão sempre dividendoPorque os outros são hábeis mas tu nãoPorque os outros vão à sombra
dos abrigosE tu vais de mãos dadas com os perigosPorque os outros calculam mas tu não.

O poema “Porque”, é sem dúvida, exemplificativo da injustiça, onde são visíveis as referencias à
solidão e à marginalidade daquele que “luta coerentemente pela justiça com as armas da justiça, dizendo a
verdade e não utilizando a contraviolência.

Poesia é um mundo de emoções que fervilha no interior de cada um. Deixa


despertar essas emoções, partilha-as com os outros e vive com eles esse mundo
de fantasias.

Ler e escrever poesia é uma forma diferente de comunicar, transmitir o que vai
dentro da alma e ver/percepcionar o mundo envolvente.
São como um cristal, Desamparadas, inocentes,
as palavras, leves.
algumas, um punhal, tecidas são de luz
um incêndio. e são a noite.
Outras, E mesmo pálidas
orvalho apenas. verdes paraísos lembram ainda.

Secretas vêm, cheias de memória. Quem as escuta? Quem


Inseguras navegam: as recolhe, assim,
barcos ou beijos, cruéis, desfeitas,
as águas estremecem. nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade,
Coração do Dia
Neste poema, Eugénio de Andrade aborda o tema da reflexão sobre o valor polissémico das palavras.
No primeiro verso, São como cristal, assenta a ênfase da primeira comparação, criando expectativa. As
palavras são definidas como um punhal (remete para agressividade, morte e, sofrimento); como um incêndio
(alude á destruição e purificação; e são como orvalho (refere a suavidade, esperança e acalmia). As palavras
contêm contradições – positividade versus negatividade – Tecidas são de luz/ e são a noite. As palavras têm uma
história secular: atravessam os tempos, recebem novos significados, evoluem, carregam os segredos da história
dos homens e acompanham os seres falantes como instrumento indispensável de comunicação; trazem consigo
um saber muito antigo (Secretas vêm, cheias de memória).
Os versos Inseguras navegam/barcos ou beijos/as águas estremecem, revelam insegurança quer das
palavras, que agitam as pessoas; quer dos barcos, que agitam as águas. No amor, representado pelos beijos,
ninguém fica indiferente às palavras nem aos beijos.
O poeta destaca qualidades para as palavras. As palavras são caracterizadas de desamparadas, porque estão
ao alcance de todos; inocentes, por si próprias não representam qualquer perigo, mas podem ser usadas e
abusadas; leves, quando não têm carga conotativa no texto. Apenas adquirem sentido quando colocadas num
texto, onde se cruzam vários sentidos (Tecidas são de luz). Quando estão fora do texto, são a noite.
O papel do leitor é realçado na última quadra, porque são os leitores que vão abrir as conchas puras, palavras
inseridas em cofres cheios de sentidos. Cada “receptor” recolhe da palavra o significado que quiser, de acordo
com a experiência de vida. As interrogações retóricas “Quem as escuta? Quem/as recolhe, assim, /cruéis,
desfeitas, /nas suas conchas puras?” apelam à releitura das palavras.
As Palavras Literatura Portuguesa
Este texto de Eugénio debruça-se, como já foi referido, sobre o valor polissémico das palavras. No primeiro
verso o sujeito poético visa enfatizar a comparação, recorrendo ao hipérbato, – “São como um cristal, as palavras.”
– colocando-a no início do verso. As palavras são comparadas com um cristal pois estas, tal como os cristais,
possuem várias “faces”, quer isto dizer, podem adquirir vários significados (polissemia). Na primeira estrofe ainda,
as palavras são identificadas como: um punhal o que remete o leitor para a agressividade, morte e
consequentemente dor e sofrimento; um incêndio, o que aponta para a destruição; e finalmente como orvalho
“apenas” que se refere à calma, à suavidade, à brandura. A segunda estrofe inicia-se com uma alusão às
palavras como essenciais e intemporais pois atravessam os tempos e trazem consigo as histórias e os segredos
dos homens; funcionam como elemento essencial na comunicação entre os seres falantes desde a antiguidade. O
resto da estrofe revela a insegurança que os barcos, que agitam as águas, causam assim como as palavras, que
agitam as pessoas causam insegurança; os beijos também fazem estremecer.Na estrofe seguinte as palavras
são caracterizadas como desamparadas, inocentes e leves; todas características com sinais de fragilidade,
ingenuidade pois por si próprias o representam qualquer perigo. No entanto podem ser usadas de várias formas
(até ofensivamente ou maliciosamente, etc.). Na metáfora antitética subsequente o sujeito poético pretende
“avisar” da conotação das palavras. Tecido é algo que reveste portanto as palavras são cobertas com luz (alude à
claridade, transparência) mas no entanto são a noite (refere-se à escuridão, obscuridade). Nos dois versos
seguintes reconhece-se que mesmo que as palavras não sejam intensas, “descoloridas”, ainda assim podem
lembrar-nos locais aprazíveis, “coloridos” por assim dizer.O eu poético acaba o poema com duas interrogações
retóricas onde o papel do leitor é salientado. Na realidade o autor não pretende que se identifiquem os leitores
mas pretende dizer que cada leitor pode interpretar as palavras de diferentes modos e atribuir-lhes um sentido de
acordo com a sua experiência de vida, de foro pessoal; são os leitores que vão receber as palavras nas suas
conchas puras.
Estrutura externa
O poema é constituído por quatro estrofes, duas quintilhas e duas quadras. A maioria dos versos são
soltos/brancos havendo apenas uma rima que é cruzada, pobre e consoante. Divide-se o poema em duas partes:
a primeira que se ocupa das três primeiras estrofes e a segunda que se ocupa da última; uma divisão lógica pois
na primeira parte o “eu” poético limita-se a descrever as palavras e na segunda e última o “eu” interroga os leitores
acerca das palavras também. Quanto à forma icónica o poema revela-se irregular.São usadas algumas figuras de
estilo como a comparação - “São como um cristal, as palavras.” ; metáfora – “Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam (…).”, “Tecidas são de luz”, “ (…) são noite.”; antítese – “Tecidas são de luz e são noite.”;
enumeração – “(…) cruéis, desfeitas (…).”, “Desamparadas, inocente, leves (…)”; interrogações retóricas – Quem
as escuta? Quem as recolhe (…) nas suas conchas puras?”.
Questionário:
1- Explica o significado dos dois primeiros versos do poema “As Palavras”?
2- Em que consiste a aparente contradição presente na primeira estrofe?
3- Atenta na segunda estrofe.
A que são comparadas as palavras?
3.1- Identifica a figura de estilo utilizada.
4- Refere os adjectivos utilizados na terceira estrofe para definir “As palavras”.
4.1- Como explicas essa utilização?
5- Que preocupação manifesta o sujeito poético na última estrofe?
6- Num breve comentário, responde ás interrogações colocadas na última estrofe.
7- Explica o significado das seguintes expressões.
a)“Secretas vêm, cheias de memória”.
b) “verdes paraísos lembram ainda”.
I- Divide e classifica as orações das seguintes frases.
a) Havia uma senhora que tinha um filho muito distraído.
b) O rapaz era distraído mas gostava de ajudar a mãe com dedicação.
c) Pedia-lhe todos os dias que o deixasse ir às compras.
d) Um dia, a mãe fez-lhe a vontade; por isso, deixou-o ir ao supermercado.
e) Logo que entrou na loja, o rapaz encontrou um amigo.
f) O amigo, que era muito falador, nunca mais o largou
g) No fim das compras, quando o rapaz voltou para casa, tinha uma enorme dor de
cabeça.
h) Como o rapaz estava mesmo mal, a mãe teve pena dele.
i) Quando a mãe foi ver os sacos, teve uma grande surpresa.
l)Este espectáculo foi caro, no entanto valeu a pena pois o grupo era óptimo.
m)A professora explicou a lição mas eu não ouvi nada e não consigo fazer o exercício.
.n)Chama-me, se precisares de ajuda.
o). Espero que gostes do presente que te ofereci.
p) Embora não chova, não vamos à praia no Domingo, que ainda está frio.
II- Faz a análise sintáctica das seguintes orações:
1-Oração subordinada da a) 4- Oração subordinante da g)
2- Oração subordinada da b) 5- Oração subordinante da p)
3- Oração subordinante da c)
Frente a frente

Nada podeis contra o amor,


Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,


a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!

Eugénio de Andrade,
As Palavras Interditas

Este poema, com a temática da preocupação com a realidade


social, refere-se ao tempo da ditadura, momento da escrita, anos 50,
dirigindo-se aos opressores: Nada podeis contra o amor … Podeis dar-
nos a morte… isso podeis…
A palavra amor remete para a vida; a cor da folhagem, a carícia da
espuma, e a luz, remetem para os elementos cósmicos, nos quais o
governo não tem poder; e a morte, alude à perda de liberdade.
Na última estrofe o poeta afirma que a morte, por mais vil que seja, é
tão pouco para combater o amor, porque há sempre alguém que
continua, com amor, a defender os mesmos ideias; os ideais não
morrem, persistem no tempo.
Urgentemente

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras


ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,


multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,


e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade,
As Palavras Interditas

A primeira estrofe, único dístico do poema, expressa a urgência de modificar o mundo, de evitar que
ele se afunde na dor, na violência – É urgente o Amor,/É urgente um barco no mar. O Amor a que se apela
no primeiro verso, é um amor com ligações espirituais, ideológicas. Um Barco no mar, invocado no
segundo verso, é visto como um meio de salvação.
O poeta apresenta os símbolos de salvação, os elementos que serão capazes de recriar o amor: um barco
no mar (v. 2); inventar alegria (v. 7); multiplicar os beijos e as searas (v. 8); descobrir rosas e risos e manhãs claras
(v. 9 e 10); permanecer (último verso). Os conceitos que se opõem ao amor são: ódio, que remete para a
ausência de amor; solidão, que significa dor e tristeza; crueldade (v. 4), alude a maldade; lamentos (v. 5),
que remete para a dor; espadas (v. 6), símbolo de morte; silêncio, que significa dor, morte; e luz impura,
que remete para o mal. De facto, a negatividade que envolve este vocabulário serve para destacar a
vantagem da sobreposição do amor, em detrimento destes aspectos negativos que ameaçam o mundo.
O verbo permanecer, no último verso, remete para a perseverança, a continuação da luta para alcançar a
mudança.
Assim, "inventar" e "permanecer" remetem, respectivamente, para a necessidade de voltar a construir a
amizade e a fraternidade, partindo do nada para aí não existir impureza, e para a ideia de persistência,
de luta constante, para que a esperança não se apague e a "luz pura" se imponha "até doer".
A predominância de nomes é enorme: amor, barco, mar, palavras, ódio, solidão, crueldade, lamentos,
espadas, alegria, beijos, searas, rosas, rios, manhãs, ombros e luz. Estes substantivos traduzem a urgência de
modificar o mundo evitar que o negativismo impere, que o mal domine, semear o bom e o bem.
O nome "barco", é símbolo da viagem que permitirá a fuga e a consequente salvação, enquanto
"espadas" indica sentimentos contrários e sugere a guerra, o ódio, a violência; a palavra "silêncio" remete
para o isolamento, a solidão, a falta de comunicação; "rosas" significam beleza, harmonia, amor, pureza e
os "rios" e as "manhãs claras" apontam para a felicidade, a alegria e a paz.
A repetição da palavra urgente, e os verbos inventar, multiplicar e, destruir revelam a intensidade do
apelo à mudança.
A linha temática deste poema é a preocupação com a realidade social. Para o autor o que é
indestrutível pela força de um poder tirânico, é o próprio homem, como ser colectivo, que persiste para
além de toda a repressão. À morte real opõe-se o amor/vida como algo invencível; a morte atinge apenas
o provisório, a parte física, não o que é profundo, como a força dos elementos naturais.
Recursos expressivos:
anáfora e as repetições, a traduzir a insistência do apelo ("É urgente o amor. / É urgente um barco no mar.
/ É urgente destruir certas palavras";"É urgente o amor , é urgente permanecer".); as antíteses, para
apresentar duas realidades distintas e permitir a opção pela mais benéfica para a humanidade ( destruir /
inventar; descobrir / permanecer); as aliterações em "s" e em "r", a sugerirem a reflexão e a preocupação
(destruir certas palavras; lamentos; espadas... solidão; searas; silêncio... urgente; amor; barco; mar...); as
hipérboles, usadas primeiramente como forma de acentuar a destruição e depois para acentuar a
urgência do amor ("É urgente destruir / certas palavras, / ódio, solidão e crueldade, / alguns lamentos, / muitas
espadas"; " É urgente inventar alegria, / multiplicar os beijos, as searas, / é urgente descobrir rosas e rios / e
manhãs claras."); a metáfora, que serve para exprimir o valor simbólico à mensagem ("É urgente um barco no
mar."...)
Concluindo, poder-se-á afirmar que todos os processos usados pelo poeta concorrem para clarificar a
mensagem que o poema encerra: sem amor não há futuro nem harmonia no mundo.

Neste poema ressalta um tom apelativo: o sujeito poético lança um


apelo a toda a humanidade. É logo a partir do título que ele nos atira
um grito urgente em que reclama a harmonia. Esse grito percorre todo o
poema: além da repetição do vocábulo "urgente", os verbos "inventar",
"multiplicar" e "descobrir" sugerem, também, a necessidade de expandir
o amor e contribuem para reforçar a ideia que defende desde o início -
espalhar a harmonia no mundo, começando pelos homens.
Há ainda, outras expressões que remetem para a necessidade de fazer
prevalecer o amor sobre a humanidade: "um barco no mar", a sugerir a
salvação, uma vez que esse sentimento também pode salvar o Homem da
destruição iminente; o mesmo é sugerido pelas expressões "inventar a
alegria", "multiplicar os beijos, as searas", "descobrir rosas e
rios / e manhãs claras" que servem para despertar a vontade de
aumentar a amizade, a felicidade e a fraternidade. A última expressão
simboliza ainda a beleza, a alegria e a presença do outro. O verbo
"permanecer" conota a insistência e a necessidade de se construir um
ambiente fraterno e amigável.
Há, todavia, muitos elementos que sugerem a oposição ao amor e que,
por isso, é preciso destruir, destacando-se o "ódio / solidão e
crueldade / alguns lamentos / muitas espadas", "o silêncio", a "luz
impura". De facto, a negatividade que envolve este vocabulário serve
para destacar a vantagem da sobreposição do amor, em detrimento destes
aspectos negativos que ameaçam o mundo. E se estes vocábulos sugerem o
disfórico, os verbos também adquirem valores opostos. Assim,
"inventar" e "permanecer" remetem, respectivamente, para a necessidade
de voltar a construir a amizade e a fraternidade, partindo do nada
para aí não existir impureza, e para a ideia de persistência, de luta
constante, para que a esperança não se apague e a "luz impura" se
imponha "até doer". Já o verbo "destruir" encerra uma conotação
negativa, embora no contexto se reporte à destruição de todos os
aspectos impeditivos à implantação desse amor, assumindo, deste modo,
um valor positivo.
Há outras palavras que devemos descodificar, porque o seu valor
semântico se associa à mensagem que o sujeito poético pretende
transmitir. O nome "barco", símbolo da viagem que permitirá a fuga e a
consequente salvação, enquanto "espadas" indica sentimentos contrários
e sugere a guerra, o ódio, a violência; a palavra "silêncio" remete
para o isolamento, a solidão, a falta de comunicação; "rosas"
significam beleza, harmonia, amor, pureza e os "rios" e as "manhãs
claras" apontam para a felicidade, a alegria e a paz. Sendo Eugénio de
Andrade um artista da palavra, não é de estranhar que utilize uma
linguagem rica e variada, seleccionando o vocabulário que lhe permite
transmitir o seu apelo e as razões por que o faz. Serve-se, também, de
um conjunto de recursos de estilo que servem a sua intencionalidade: a
anáfora e as repetições, a traduzir a insistência do apelo ("É urgente
o amor. / É urgente um barco no mar. / É urgente destruir certas
palavras";"É urgente o amor , é urgente permanecer".); as antíteses,
para apresentar duas realidades distintas e permitir a opção pela mais
benéfica para a humanidade ( destruir / inventar; descobrir /
permanecer); as aliterações em "s" e em "r", a sugerirem a reflexão e
a preocupação (destruir certas palavras; lamentos; espadas... solidão;
searas; silêncio... urgente; amor; barco; mar...); as hipérboles,
usadas primeiramente como forma de acentuar a destruição e depois para
acentuar a urgência do amor ("É urgente destruir / certas palavras, /
ódio, solidão e crueldade, / alguns lamentos, / muitas espadas"; " É
urgente inventar alegria, / multiplicar os beijos, as searas, / é
urgente descobrir rosas e rios / e manhãs claras."); a metáfora, que
serve para exprimir o valor simbólico à mensagem ("É urgente um barco
no mar."...)
Concluindo, poder-se-á afirmar que todos os processos usados pelo
poeta concorrem para clarificar a mensagem que o poema encerra: sem
amor não há futuro nem harmonia no mundo. O próprio título da obra, de
onde foi tirado este poema, "Até amanhã" conota a esperança e a
persistência da necessidade de inventar e construir o amor.
Porque
Porque os outros se mascaram, mas tu não.
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo, mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados


Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam, mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem


E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis, mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos


E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam, mas tu não.
Sophia de Mello Breyner Andresen

Análise do Poema “Porque”


Este poema está inserido numa das linhas temáticas da poesia de Sophia de Mello Breyner
Andersen a qual denuncia as injustiças e desigualdades sociais . O próprio título “Porque” reforça,
através da anáfora, a ideia desenvolvida ao longo do poema. Deste modo, parece haver um diálogo entre
o sujeito poético e um “tu”, que aparece no primeiro e último versos da primeira estrofe, assim como no
último verso das estrofes seguintes. O sujeito poético põe em evidência as virtudes e qualidades do
outro, mostrando um verdadeiro sentimento de admiração, o que nos leva a pensar poder tratar-se de
um amigo íntimo. Deste modo, verifica-se uma atitude muito contrastante em relação aos outros e à
pessoa amada, nomeadamente através da conjunção adversativa “mas”.O sujeito poético denuncia a
falsidade, “Porque os outros se mascaram”, a astúcia “Porque os outros usam a virtude/Para comprar o
que não tem perdão” ( o sujeito poético poderá referir—-se à honra, honestidade, etc.), logo é referido o
receio que os outros têm em demonstrar o verdadeiro eu, ao contrário do tu. Os outros são hipócritas ao
oferecerem apenas a aparência. Na segunda estrofe é reforçada a ideia da corrupção, nomeadamente no
primeiro e segundo versos, uma vez que os túmulos caiados significam o disfarce, assim sendo,
simbolizam os segredos, dando uma imagem de hipocrisia (limpinhos e brancos por fora, mas sujos e
podres por dentro).
Onde está mais explicita esta critica é no segundo verso da segunda estrofe.
Deste modo verifica-se que todo o poema é de intervenção social. Enquanto os outros se disfarçam
para esconder os seus defeitos e pecados, o tu confronta as pessoas com a verdade, sem medo de
represálias. Assim sendo o tu pode representar aquele que denuncia as injustiças sociais. Na terceira
estrofe verifica-se novamente uma enumeração e oposição de atitudes, logo existe uma crítica ao
oportunismo, “Porque os outros se compram e se vendem” e ao calculismo “ E os seu gestos dão sempre
dividendo”. Verifica-se ainda no terceiro verso da terceira estrofe novamente a astúcia dos outros que
planeiam sempre as suas acções com vista ao lucro. O vocábulo “abrigo” existente no primeiro verso da
quarta estrofe simboliza a dissimulação das acções, visto estas serem feitas às escondidas. A atitude do
tu é contrastante com a dos outros, visto este não planear as suas acções independentemente do
resultado. O tu é corajoso, pois não tem receio de denunciar as injustiças, dai que o verso diga “E tu vais
de mãos dadas com os perigos”O último verso da quarta estrofe reforça a ideia expressa onde os outros
planeiam para atingir lucros ao contrário do tu, este tem uma atitude honesta ao longo de todo o poema.
A figura de estilo mais marcante é a repetição anafórica da conjunção subordinativa causal “porque”,
para enumerar os defeitos dos outros, as antíteses para mostrar as diferenças entre o comportamento
dos outros e do tu e ainda a metáfora “os outros são os túmulos caiados”.
Este poema é constituído por 13 versos agrupados por uma quadra e três tercetos. O esquema rimático é
abaa/caa/dea/ffa, sendo a rima cruzada, emparelhada e um verso branco na quadra; um verso solto e rima
emparelhada no primeiro terceto, três versos brancos na estrofe a seguir e rima interpolada e um verso branco na
última estrofe. De salientar, a repetição anafórica da conjunção subordinada causal «porque» que, ao longo de todo
o poema, serve para comparar o «tu» com os “outros”, sendo que o “eu” poético vê este “tu” como alguém que faz
o que é certo, mas não tem medo de arriscar. O poema desenvolve à volta da distinção que o sujeito poético faz
entre o “tu” e “os outros”.Este poema aborda os problemas da sociedade, uma vez que “os outros” se mascaram
para se esconder, se vendem e se compram porque só assim podem conseguir alguma coisa na vida, são calculistas,
vão à sombra dos abrigos porque têm medo que lhes aconteça alguma coisa. E é assim que o “tu” se destaca. Este
“tu” faz o contrário dos outros porque quer alterar a sociedade, ou então apenas ser diferente e não cometer os
mesmos erros que “os outros” comete(ra)m O sujeito poético admira este “tu” porque ele se destaca, preza este
“tu” pela maneira dele ser, pelas decisões que toma e pelas suas acções , pela sua frontalidade, porque é diferente
de todos os outros.
Este poema estabelece a oposição entre o comportamento colectivo («os outros» ) e o comportamento raro de
quem procura coerência entre palavras e actos.
O poema analisa sobretudo o comportamento da maioria(«os outros» ) , sendo a minoria («tu» ) a dizer não
ao culto da aparência, à falsa virtude, ao medo, à podridão moral disfarçada, à submissão injusta, à degradação de
se comprar e de se vender, ao artifício hábil.
A procura de rigor, de justiça e de verdade é a espinha dorsal da obra de Sophia.
Existe na obra de Sophia toda uma procura de sabedoria de viver, de luta contra o caos, a opressão e a
injustiça.
___________________________________________________________________________
Após a leitura cuidadosa do poema, faz uma analise de acordo com os seguintes itens:
1) a enumeração e a oposição de atitudes

2) a poesia de intervenção social:


a) denúncia da hipocrisia
b) critica a corrupção e injustiça
c) critica ao oportunismo e calculismo
3) as imagens da denuncia:
a) da hipocrisia
b) da dissimulação
4) recursos estilísticos
. Respostas
1)a enumeração e a oposição de atitudes
mascaram/tu não
usam a virtude/não tem perdão
tem medo/tu não
tumulos/caiados
germina/podridão
calam/ tu não
se compram/se vendem
habéis/tu não
sombra dos abrigos/tu de mãos dadas com os perigos
calculam/tu não
2)a poesia de intervenção social:
denúncia da hipocrisia
“se mascaram” e com a virtude compram “o que não tem perdão”,
“são os túmulos caiados”
“vão a sombra dos abrigos”...
b)crítica a corrupção e injustiça
“germina calada a podridão”
“se compram e se vendem”
c)crítica ao oportunismo e calculismo
“os seus gestos dão sempre dividendos”
“são habeis”
“calculam”
3)as imagens da denúncia:
a)da hipocrisia
“os outros se mascaram” (são hipocritas, oferecem a aparencia)
b)da dissimulação
“os outros são os túmulos caiados/onde germina calada a podridão”(são corruptos e injustos, mas
disfarçam)
4)recursos estilísticos
paralelismo sintáctico;
metáfora e sinestesia;
oposições.

pessoas...
RETRATO DE UMA PRINCESA DESCONHECIDA

Para que ela tivesse um pescoço tão fino


Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente


Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino...

Sophia de Mello Breyner Andresen

No poema intitulado Retrato de uma Princesa Desconhecida o tema da escravidão não é ambíguo porque
há uma nítida oposição entre o esplendor da princesa retratada e a paciência da mão de obra escrava.
Além de oposição, há uma relação de necessidade, porque nunca uma princesa pode ser tão bela e tão
isenta de sofrimento e de desgaste se não se realiza o trabalho exaustivo e repetido dos escravos que
sustentam uma sociedade hierarquizada, na qual as classes privilegiadas vivem de ócio e de requinte.
 Sophia rejeita e critica a divisão do mundo em duas grandes classes: os poderosos exploradores e os fracos
explorados.

1.No poema é traçado um retrato físico. Explicita-o.

R: A “princesa” tinha um pescoço fino, os seus pulsos eram finos e frágeis, os seus olhos eram
“frontais e limpos”, andava de costas direitas e de cabeça erguida. Teria a tez clara e cabelos loiros,
pelo que se deduz do verso “Claridade sobre a testa”.

NOTA: Não se esqueçam das aspas sempre que citarem!!!! De igual modo, não elaborem uma
resposta apenas com citações!!! Intercalem o discurso, sim?

1.1. Apesar de predominantemente físico, é possível retirar, desse retrato, um perfil


psicológico. Apresenta esse perfil psicológico, evidenciando os traços físicos dos quais partes.

R: A sua postura, de costas e cabeça erguida, revela uma pessoa orgulhosa, altiva, com grande
segurança, pela frontalidade do olhar (a ideia dos olhos “frontais e limpos” não me parece revelar,
no contexto, a pessoa pura e ingénua que alguns invocaram… o facto é que é poderosa, por isso não
baixa o olhar, nem tem qualquer receio… a vida tem sido generosa para ela…)

2. Para que a retratada tivesse as características apontadas, foi pago um preço social muito
alto. Que preço?
R: Simples!... o preço é a escravatura de muitas outras pessoas, que passaram a vida a servir toda a
ascendência da princesa e a própria.

2.1 Que posição crítica assume o sujeito poético face à questão colocada no poema?
Transcreve a expressão que melhor traduz essa crítica.

R: O sujeito poético mostra-se indignado e a melhor expressão é “Foi um imenso desperdiçar de


gente” (o verbo diz tudo!)

2.2 O poema organiza-se em três partes lógicas. Delimita-as e refere o assunto de cada uma
delas.

R: Os primeiros seis versos constituem a primeira parte na qual é apresentado o retrato físico da
princesa;
A segunda parte é constituída pelos restantes cinco versos da primeira estrofe: aqui é feita a
caracterização daqueles que servem, dos escravos, e dos seus senhores. Na terceira e última parte, o
terceto final, o sujeito poético apresenta a sua opinião pessoal.

3. Identifica a anáfora presente no poema.

R: Existe anáfora na repetição de “para que”, em versos seguintes.

4. Essa anáfora serve-se de uma construção de subordinação.


4.1. Classifica-a.

R: Trata-se de uma subordinada adverbial final.

4.2. Mostra como a ideia expressa por essa subordinação se enquadra na temática do poema.

R: Enquadra-se perfeitamente porque aponta para a finalidade. O trabalho de “gerações de


escravos” teve como finalidade, como resultado, a perfeição, a beleza daquela mulher.
4.3 – Indica outro recurso expressivo predominante ao longo do poema.

5. “Foram necessárias sucessivas gerações de escravos // De corpo dobrado e grossas mãos


pacientes”. Esta caracterização contrasta com a da mulher retratada. Como se manifesta este
contraste e o que revela?

R: O contraste manifesta-se, textualmente, através da oposição do “corpo dobrado” dos escravos


frente à espinha “tão direita” da princesa e da oposição entre as “grossas mãos” e os pulsos da
princesa que tinham “um quebrar de caule”.

6. Atenta no título do poema. Que significado retiras do facto de ser dedicado a uma princesa
“desconhecida”?

R: O mais significativo é que o poema não está dedicado a alguém particular, daí que a sua
mensagem seja dirigida a todas as “princesas”, metáfora dos poderosos. Para que uns sejam
poderosos, tenham conforto e o luxo, haverá sempre quem fique num patamar abaixo: alguém tem
que fazer o trabalho duro.

7. Relaciona a temática explorada neste poema com o poema “Pessoas Sensíveis”, também da
mesma autora e estudado na aula.

R: A temática é a mesma. Este poema trata de uma classe superior que vive à custa dos outros
(como também referi na questão anterior). No “Pessoas Sensíveis” também se fala da exploração
dos mais fracos, para que uma minoria viva bem. Aliás, lembra “Ganharás o pão com o suor do teu
rosto” e não “com o suor do outros”.

Língua Portuguesa

Nome: __________________ Data: _________________ Observação


_____

Lê atentamente o texto poético e, de seguida, responde às questões de forma clara, completa e


correcta, utilizando sempre que possível as tuas próprias palavras.

Noite perdida

Coitado do rouxinol!

Passou a noite ao relento,


do pôr ao nascer do Sol,
sem descansar um momento,
sempre a cantar, sem dormir,
absorto no pensamento
de ver uma rosa a abrir…

Coitado do rouxinol!
Passou a noite ao relento,
do pôr ao nascer do Sol,
sempre a cantar, sem dormir…

Mas o mísero – coitado!


Cantando tão requebrado,
com tal cuidado velou,
que adormeceu de cansado,
e os olhos tristes cerrou
no minuto, no momento
em que ao luar e ao relento
a rosa desabrochou.
Coitado do rouxinol!

Com tal cuidado velou


do nascer ao pôr do Sol,
e tanto, tanto cantou,
a noite inteira ao relento,
que de fadiga e tormento,
sem descansar, sem dormir,
fecha os olhos, perde o alento,
no minuto, no momento
em que a rosa vai abrir…

Coitado do rouxinol!
António Feijó, Bailatas

1.Que figura de estilo está presente neste texto poético? _________________________


______________________________________________________________________

2. Situa a acção deste poema no tempo. ______________________________________


______________________________________________________________________

3. Que aconteceu durante esse período de tempo? ______________________________


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
__________________________________________________
3.1 Indica o que levou a personagem a fazer isso. ______________________________
______________________________________________________________________
3.2. Enquanto esperava o que fazia a personagem? _____________________________
______________________________________________________________________
4. A personagem interveniente não consegue o que desejava. Explica porquê. ________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________
5. Refere os adjectivos que são atribuídos ao rouxinol. __________________________
______________________________________________________________________
6.Explica o título do poema. _______________________________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________
7. Transcreve um verso. __________________________________________________
8. Assinala no texto uma estrofe.
10 . Classifica quando ao número de versos, as três primeiras estrofes.______________
______________________________________________________________________

11. Faz o esquema rimático dessas estrofes. ___________________________________.


______________________________________________________________________
12. Classifica a rima existente nos versos dessas estrofes. ________________________
________________________________________________________________________________
____________________________________________________________
FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA

1. Reescreve as frases seguintes, iniciando-as pelas expressões dadas, tal como no exemplo.

EX: Tudo está preparado para amanhã.


Espero que tudo esteja preparado para amanhã.

A noite estava fresca.


Era melhor que a noite não ________________________.

Em breve, o rouxinol voltará a ficar ao relento.


Se ________________________________________________________.
2. Completa os espaços com os verbos entre parênteses no modo conjuntivo.
2.1. Se o rouxinol ____________ (quiser) ver a rosa desabrochar, terá de ficar acordado toda a
noite.
2.2. Talvez ele ___________(dormir) durante a noite, para poder estar alerta de madrugada.
2.3. Se o rouxinol ___________ (ver) a rosa abrir as suas pétalas, ficaria muito feliz.

3. Faz a análise sintáctica das expressões sublinhadas nas frases abaixo transcritas.
3.1 O rouxinol esperou toda a noite para ver a rosa desabrochar, com muita curiosidade.

 O rouxinol ___________________________________________
 Toda a noite __________________________________________
 Para ver a rosa desabrochar______________________________
 Com muita curiosidade _________________________________
3.2. Passou a noite ao relento, / do pôr ao nascer do Sol.

 Passou a noite ____________________________________
 Ao relento _______________________________________
 Do pôr ao nascer do Sol ____________________________

O poema está organizado em versos, irregulares, ora curtos, ora longos, que criam
ritmo. Para a musicalidade concorrem as aliterações das sibilantes, das vibrantes,
das nasais (“Sem ruído vibram os espaços. / Sobre a areia o tempo poisa”)As
sensações visuais (“brancos”, “redondas”, “leve”), auditivas (“silencioso”, sem
“ruídos”), de movimento (“agitação”, “abrem-se”, “baloiça”, “avança”, “dança”,
“vibram”, “poisa”) criam imagens do fundo do mar, envolto num certo mistério.O 1º
verso da 1ª estrofe refere um espaço (“fundo do mar”) e um sentimento (“brancos
pavores”).A expressão “brancos pavores” é enigmática, dada a associação
inesperada do substantivo abstracto, com uma conotação fortemente negativa, ao
adjectivo “brancos”. Assim, são evocados os dois sentidos da palavra: o denotativo,
enquanto cor predominante no fundo do mar; o conotativo, a sugerir a pureza desse
espaço.
Ainda na primeira estrofe são nomeadas de forma genérica as duas grandes
entidades que habitam no mar – animais e plantas. A metáfora e o paralelismo de
construção nos 2º e 3º versos (“as plantas são animais / os animais são flores”).
Tudo se confunde, reino vegetal e reino animal. Nos dois primeiros versos da 2ª
estrofe é evidente a expressividade dos nomes e dos adjectivos a que esses
elementos surgem associados. Assim, o nome “Mundo silencioso” opera como que
uma síntese da vida no fundo do mar. Uma relação antitética é estabelecida entre o
fundo do mar (“silencioso”) e a sua superfície (“agitação das ondas”) através da
expressividade do adjectivo do primeiro sintagma e do nome do segundo. A
enumeração, que ocupa os restantes versos da estrofe, resulta da especificação do
hiperónimo “animais”, referido na primeira estrofe. Esta numeração salienta a
riqueza e a variedade de seres vivos que habitam esse espaço. A estes seres vivos
surgem associadas acções, depreende-se que a partir das formas verbais utilizadas,
os movimentos dos animais marinhos sejam suaves e silenciosos, ideia sintetizada
no verso final da estrofe “Sem ruídos vibram os espaços”.As conchas (rindo) e a flor
(dança) surgem personificadas. Estas acções humanas traduzem felicidade, bem-
estar e harmonia. Assim, a personificação sugere a vida do fundo do mar como
idealizada e perfeita. A metáfora e a comparação (“sobre a areia o tempo poisa /
leve como um lenço.”) reforçam a ideia da tranquilidade vivida no espaço marítimo,
evidenciando também a ideia de um tempo eterno, imóvel.
À ideia de harmonia, de beleza e de tranquilidade, patentes na segunda estrofe, vai
contrapor-se a ideia da ameaça, retomada na última estância pela conjunção
adversativa (“Mas”), o que confere ao poema uma estrutura circular
Texto
O Fundo do Mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Obra Poética I, Sophia de Mello Breyner Andresen
Grupo I
1. Refere o assunto do poema.
2. Ao longo do texto podemos verificar algumas características do fundo do mar
referidas pelo sujeito poético. Indica-as e comprova-as com exemplos do texto.
3. Explica por palavras tuas o significado da seguinte passagem: “Onde as plantas são
animais / E os animais são flores”.
4. Refere duas figuras de estilo presentes no poema e indica o seu valor expressivo.
5. Com base no texto, refere a posição do sujeito de enunciação face ao cenário
descrito.
6. “Mas por mais bela que seja cada coisa / Tem um monstro em suspenso”. Comenta
a transcrição.
Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus
Ficha de Avaliação Sumativa nº6
Língua Portuguesa 8ºano
Gonçalo Fonseca – Mariana Almeida – Rita Pinto
7. Classifica o poema quanto à sua constituição.
8. Indica o número de sílabas métricas existentes no último verso desta composição
poética.
9. Demonstra os tipos de rima que encontras ao longo do poema.
10. Atribui um tema ao poema.
11. Relaciona o tema sugerido com o título do texto.
Grupo II
1. Analisa sintacticamente as seguintes frases:
a) Caros alunos, convosco partilho esta maravilhosa obra de Sophia de Mello
Breyner.
b) Actualmente, tem-se muito conhecimento devido à pesquisa nos oceanos.
2. Classifica quanto à classe e subclasse as seguintes palavras transcritas da obra:
a) Pavores (1º verso)
b) Onde (2º verso)
c) Agitação (5º verso)
d) Abrem-se (6º verso)
e) Conchas (6º verso)
f) Sobre (10º verso)
g) Belo (13º verso)
h) Suspenso (14º verso)
3. Divide a seguinte frase em orações e classifica-as:
No fundo do mar não só há maravilhas, como também perigos; é um meio encantado,
parece mágico e está repleto de vida.
Grupo III
Escolhe uma das opções referidas:
A – Imagina que estás a passar umas férias no fundo do mar e escreve uma carta a uma
pessoa que te seja especial onde contes o paraíso que lá existe e como te tens sentido.
B – Formula uma notícia (com todos os seus constituintes) que de alguma forma esteja
relacionada com o mar.
Bom trabalho

-Divide e classifica as orações das frases apresentadas.


- Ela desistiu da ideia, visto que se sentiu incapaz de levar a cabo tal tarefa.
Como não tínhamos aula, fomos para a sala de estudo.
Ele começou a gritar como se fosse louco.
Para que tudo esteja pronto a horas, prepara as coisas com antecedência.
Ela compareceu logo que foi chamada.
Se a narradora não tivesse seguido o Búzio, não saberia que ele falava com o mar.
O tempo estava maravilhoso, contudo ela decidiu ficar em casa.
As palavras são tintas por isso os poetas pintam quadros.
Elas não estavam firmes na sua atitude pois tinham fortes dúvidas sobre a validade do projecto.
Caso não haja inspiração o poeta usa a recriação.
Encontramo-nos esta tarde ou então eu telefono-te.
2. Analisa sintacticamente as seguintes frases:
a) Caros alunos, convosco partilho esta maravilhosa obra de Sophia de Mello Breyner.
b) Actualmente, tem-se muito conhecimento devido à pesquisa nos oceanos.
c) O rouxinol esperou toda a noite para ver a rosa desabrochar, com muita curiosidade.
d)O Búzio, velho louco e vagabundo, abriu a cancela do jardim.
e) Matou-o traiçoeiramente.
f)Finalistas do 9º ano, sejam sinceros e trabalhadores ao longo da vida!
g)A esperteza do Rui salvou- lhe a vida.
h) O poeta teve uma célebre conversa com os seus pensamentos.
i) É urgente o amor.
j) “No fundo do mar há brancos pavores…”
3-“Eu, que o tinha seguido de longe, aproximei-me escondida nas ondulações da duna [...]. Não queria
que o Búzio me visse.”
3.1- Indica o tempo e o modo de cada uma das formas verbais sublinhadas nestas frases.

Bucólica

A vida é feita de nadas:


De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;

De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;

De poeira;
De sombra de uma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma mãe que faz uma trança à filha.
Miguel Torga, Diário I

1. O poeta apresenta a sua visão da vida no texto que acabou de ler.


1.1 Para o poeta de que é feita a vida?
1.2. Refira qual o recurso estilístico usado nessas afirmações.
1.3. Qual é, afinal, a visão que o poeta dá da vida? Justifique a sua resposta.
2. Retire do poema dois exemplos da área vocabular da Natureza.
3. Qual a maravilha da vida que seduz o poeta?
4. Explique por palavras suas o sentido dos dois últimos versos do poema.
4.1. Identifique um dos recursos estilísticos aí presentes.
5. Indique o tema do poema. Justifique a sua opção.
6. Refira muito brevemente o assunto do poema.
7 Proceda à análise formal do poema.

E Tudo era Posssível

Na minha juventude antes de ter saído


Da casa de meus pais disposto a viajar
Eu conhecia já o rebentar do mar
Das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de Maio era tudo florido


O rolo das manhãs punha-se a circular
E era só ouvir o sonhador falar
Da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida


E havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança


Entre as coisas e mim havia vizinhança
E tudo era possível era só querer

Ruy Belo

Analise formal

O poema é um soneto, constituído por duas quadras e dois tercetos. Nas quadras, a rima é
interpolada no primeiro e quarto versos e emparelhada nos segundos e terceiro versos. Nos
tercetos, a rima é emparelhada nos dois primeiros versos, e interpolada, rimando o terceiro
verso do primeiro terceto com o último verso do segundo terceto.

Analise temática

 Assunto:

O sujeito poético neste poema fala da sua juventude, transmitindo os seus sentimentos e
mostrando a sua maneira de ver e interpreta o mundo, através das páginas dos livros que
foi lendo ao longo da sua juventude, sendo esta a sua única realidade. O sujeito poético
passou a sua juventude em casa dos pais, e certo dia decidiu viajar, mas já conhecia
muitos outros lugares. O sonho era o “motor” da sua vida.

 Tema:

O tema do poema é sonho, pois o sujeito poético descreve a sua juventude, como tendo
passado o tempo todo a sonhar, expresso pelas seguintes palavras e expressões: “
sonhador”, “Da vida como se ela houvesse acontecido”, “E tudo se passava numa outra
vida”, “Tudo era possível era só querer”.

 Sentimentos expressos pelo sujeito poético:

O sujeito poético, ao descrever a sua juventude, transmite ideia de ser uma pessoa muito
sonhadora, e como, para ele foi a partir desta que ficou a conhecer muitos lugares, sente
saudades desses tempos de criança.

 Expressividade da linguagem:
Neste soneto há um conjunto de figuras de estilo que mostram a tristeza do sujeito
poético. A hipérbole “Eu conhecia já o rebentar do mar / Das páginas dos livros que já
tinha lido”, salienta o facto de o sujeito poético sentir muitas saudades da sua infância.

Síntese das Características Poéticas

Ruy Belo nos seus poemas aborda sobretudo assuntos relacionados com a sua infância e sua
vida actual, contrapondo assim duas perspectivas opostas:

 Infância

 Sonho
 Felicidade
 Realização de tudo o que idealizava
 Facilidade de vida

 Vida actual

 Insatisfação
 Infelicidade
 Desalento
 Falta de inspiração

O primeiro momento está presente nas duas quadras e nos dois primeiros versos do primeiro
terceto. Aí, o eu poético exprime a saudade do tempo em que não havia responsabilidades, ou seja,
um tempo perfeito, pois uma criança não tem noção do tempo, logo existe sempre uma sensação de
felicidade. A metáfora “O rolo das manhãs punha-se a circular”, e o uso do pretérito imperfeito
sugerem a continuidade do tempo, uma espécie de “Carpe Diem”.
Por outro lado, a protecção, ideia patente no espaço da casa e da presença dos pais “Na minha
juventude (…) casa dos meus pais” também privilegiam o tempo d infância. O eu poético refere
ainda o modo como o seu contacto com o mundo se fez através da leitura “Das páginas dos livros
que já tinha lido”, e do sonho produtivo de mundos extraordinários “E era só ouvir o sonhador
falar/da vida como se ela houvesse acontecido”. Assim a infância é marcada pelo poder da
imaginação.

O segundo momento está situado na terceira estrofe, onde o eu poético se questiona, criando,
assim, uma ruptura no tempo “Quando foi isso?”, onde ele acorda e se dá conta que essa realidade
terminou e que é irrecuperável, restando-lhe apenas a lembrança, não no tempo, ideia
patente no uso da negação “eu próprio não o sei dizer”. Na última estrofe, o sujeito de enunciação
toma consciência de que agora não tem “o poder duma criança” mas apenas uma mera recordação.
No segundo verso da primeira quadra, depois de viajar “(…) disposto a viajar”, o eu poético
toma consciência de que cresceu e que esse crescimento trouxe consigo o cargo das
responsabilidades, preocupações, afastando-o da infância.
O sujeito de enunciação toma consciência da passagem do tempo e da impossibilidade de
recuperar o passado, a infância. Encontra-se definitivamente distante, colocando-se assim uma
questão “Quando foi isso?”, mas para qual não tem resposta “Eu próprio não dizer”.

Tal como Ruy Belo, existem outros escritores, como Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, que escrevem
também sobre a infância.
O crescimento traz consigo a noção de responsabilidades e das prioridades, afastando-nos cada vez mais da
infância.
A rima é emparelhada e interpolada.Na primeira quadra, no segundo e terceiro verso, temos rima
rica (viajar e mar). No resto do poema verifica-se rima pobre.
A rima é consoante por todo o soneto
Relativamente á métrica temos uma unidade de versos alexandrinos que vai de encontro com dois
versos de onze sílabas (o 1º de cada terceto).
“E tudo era possível”, um título, que a meu ver, nos remete para o mundo da
fantasia, onde todos os nossos sonhos se tornam realidade, onde tudo brilha e
todos são felizes.
Neste poema, esse mundo mágico é a infância do sujeito poético.
O eu poético faz a distinção do “antes” (a juventude), um período de alegria e
crença no sonho e do “depois” (estado adulto), bem oposto ao “antes”.
O verso “Só sei que tinha o poder duma criança” é, para mim, o que torna este
poema intenso e belo, pois uma criança, sendo um ser pequeno, inocente, frágil e
sensível mostra acreditar na força e magia dos sonhos, transformando a dor e o
sofrimento em felicidade, ao contrário de muitos adultos que não querem, por
comodismo, lutar por aquilo em que acreditam.
GRUPO I
1. Como se caracteriza o sujeito poético na sua juventude?

2. Interpreta os versos 9 e 10.


3. Situa a recordação do poeta no espaço e no tempo. Fundamenta a tua resposta com transcrições
textuais?
4. Interpreta o objectivo da utilização repetida das palavras do título no último verso.

5. Identifica os seguintes recursos estilísticos e explicita o seu uso:

a) duas metáforas;
b) uma hipérbole;
c) uma anáfora;
d) uma personificação.
GRUPO II
1. Explica a formação da palavra “vizinhança” (v. 13).
2. Escreve uma frase utilizando uma homónima de “como” (v. 8).
3. “E era só ouvir o sonhador falar” (v. 7). Cria uma frase em que utilizes uma homónima da palavra
sublinhada.

4. Como podes ver, o poema tem quase ausência de pontuação. Reescreve as duas primeiras estrofes
na tua folha de teste, usando a pontuação que achares correcta.
5 – Divide e classifica as orações que constituem as frases que se seguem:
Ela é inteligente, porém, falta-lhe humor.
____________________________________________________________________
O cão estacou, pois ouviu um assobio.
____________________________________________________________________
Penso, logo existo
___________________________________________________________________
Eles devem ter chegado, porque o cão está a ladrar.
________________________________________________________________________________
Digo-te que o livro é fantástico .
________________________________________________________________________________
Embora ele tenha dinheiro, compra tudo a prestações.
___________________________________________________________________
Ele falou tanto que fiquei cansada de o ouvir.
__________________________________________________________________
Quando ele entrou, ela assustou-se.
__________________________________________________________________
Fiz tudo para que ele se sentisse bem aqui.
__________________________________________________________________
Se fores a Lisboa, compra-me uns postais bonitos. (condicional).
__________________________________________________________________
Dá-me aquele lápis que tem o bico partido.
__________________________________________________________________
Cuba, que é o maior país da América Latina, tem magníficas praias.
__________________________________________________________________
5.1 – Refere a função sintáctica de cada uma das palavras sublinhadas.
6- Tendo em conta a derivação e a composição de palavras, classifica os vocábulos que
se seguem:
a) pernalta ________________________________________________________
b) infelizmente ____________________________________________________
c) embora ________________________________________________________
d) pé-de-cabra _____________________________________________________
e) felizardo _______________________________________________________
7- Completa as frases com uma das opções que te é dada.
a) Nesta loja______________ inglês, francês e alemão.
A. falasse B. fala-se
b) Se ela____________ fazer esse viagem agora, seria muito bom para todos.
A. decide-se B. decidisse
c) Caso o professor de Matemática ______________, nós poderíamos ter mais duas aulas por semana.
A. pudesse B pode-se
d) ___________ falar muito desse assunto, mas ninguém tem uma solução viável.
A. houvesse B ouve-se
e) ___________ o que ___________ ela nunca engordava
A. comesse B come-se
8- 2- Divide e classifica sintacticamente os elementos constitutivos das frases que se
seguem:

a) Domingos, homem honrado, chegou, das Américas, com mulher e filho.

b) Nesta historieta banal, Amância permaneceu solteira.


9- «(…) quando soube que Domingos regressara mas casado(…)compreendeu bem
Amância como esperava avidamente por ele.»

9.1- Na parte sublinhada, divide e classifica as orações.


10- Conjuga a forma verbal «soube» no pretérito mais-que-perfeito do indicativo e no
presente do conjuntivo.
11- Divide e classifica sintacticamente todos os elementos constitutivos das frases que
se seguem:
a) “A aula de hoje foi uma conversa animada…”
b) Os alunos consideraram a aula animada.
c) Os alunos colocavam as dúvidas ao professor.
d) A aula do professor, lição interessante, motivou os alunos para o estudo.

Lê o poema com atenção.


A fermosura desta fresca serra
E a sombra dos verdes castanheiros,
O manso caminhar destes ribeiros,
Donde toda a tristeza se desterra;

O rouco som do mar, a estranha terra,


O esconder do sol pelos outeiros,
O recolher dos gados derradeiros,
Das nuvens pelo ar a branda guerra;

Enfim, tudo o que a rara natureza


Com tanta variedade nos of’rece,
Me está, se não te vejo, magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;


Sem ti, perpetuamente estou passando,
Nas mores alegrias, mor tristeza.
Camões
I – COMPREENSÃO DO TEXTO
1- O sujeito lírico, nas duas quadras, descreve a natureza.
1.1- Refere a função da natureza descrita.
2- O poeta exterioriza o seu estado de espírito.
2.1- Caracteriza-o.
2.2- Justifica a causa desse estado de espírito.
2.3- Menciona os recursos estilísticos presentes na última estrofe e salienta a sua
expressividade.
3- Relê o poema.
3.1- Analisa-o formalmente.
3.2- Segundo a lógica das ideias, divide-o em partes, justificando.
3.4- Identifica o tema e desenvolve o assunto.
II – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA
1- Encontra no poema:
1.1. dois substantivos
1.2. dois adjectivos
1.3. um verbo no gerúndio
1.4. um advérbio de tempo
1.5. um pronome
1.6. a contracção de uma preposição com um artigo
1.7. a contracção de uma preposição com um pronome..

2- Divide e classifica sintacticamente todos os elementos constitutivos das frases que se seguem:
a) “A aula de hoje foi uma conversa animada…”
b) Os alunos consideraram a aula animada.
c) Os alunos colocavam as dúvidas ao professor.
d) A aula do professor, lição interessante, motivou os alunos para o estudo.

3--Põe as seguintes frases no discurso indirecto e faz as alterações necessárias.


A Joana disse:
- Se conseguir o emprego, poderei realizar algumas das coisas com que sempre sonhei.
Bom, o melhor é não me entusiasmar antes do tempo.

1- A autora, quando andava no liceu, lembra-se do nome do café Nicola ou de o ouvir


citar.

1.1- Divide e classifica as orações das frases transcritas.


1.2- Classifica morfologicamente cada uma das palavras sublinhadas.
2- Considera a seguinte frase: «Não sei se Bocage escreveu algumas poesias
sobre as mesas do seu Café, mas é natural que o tenha feito» (ls 3-4).
2.1- Refere a função sintáctica das palavras sublinhadas.

PROPOSTA DE CORRECÇÃO
I
1.1- A natureza aparece, neste poema, com duas conotações diferentes: harmonia com o
poeta
(“A fermosura desta fresca serra”) e conflito com o eu poético (“Sem ti, tudo me enoja e
aborrece”). A natureza só adquirirá pleno sentido com a presença da amada que passa a
ser um elemento decisivo na visão da paisagem.

2.1- O estado de espírito do poeta reveste-se de uma carga de sentimentos que expressam
a saudade, a mágoa, a tristeza, a dor, a solidão e o sofrimento da alma.

2.2- O sujeito poético está triste porque não tem a presença da mulher amada. Sem ela o
mundo que o rodeia não faz sentido, ainda que seja bonito – “Sem ti, tudo me enoja e
aborrece”.

2.3- Os recursos estilísticos presentes no segundo terceto são a anáfora “Sem ti…/ Sem ti”
e a antítese “Nas mores alegrias, mor tristeza”. Estes recursos de estilo têm como objectivo
realçar a importância da presença da mulher amada e manifestar os sentimentos
contraditórios provocados pela sua ausência, pois sem ela o mundo, ainda que belo, não
tem sentido. Ainda se pode aceitar a hipérbole na expressão “perpetuamente”

3.1- Formalmente, este poema é um soneto composto por duas quadras e dois
tercetos. O esquema rimático é o seguinte: abba/abba/cde/dec; a rima é interpolada
(a…a) e emparelhada (bb) nas quadras e os versos dos tercetos têm unicamenete
rima. Os versos, quanto à métrica, são decassilábicos (“Don/de/to/da a/ tris/te/za/
se/ des/ter/ra”). Predomina a rima pobre e consoante.
3.2- Este poema pode dividir-se em duas partes lógicas, desempenhando o advérbio
“enfim” a função de junção das duas partes.
A primeira parte corresponde às duas primeiras quadras e nela se descreve uma
natureza harmoniosa, propícia ao amor, e a segunda parte, que abrange os dois
tercetos, refere a irrelevância da beleza natural sem a mulher amada.
3.3- Este poema denuncia influências da corrente renascentista: o uso do soneto
com verso decassilábico (a sua introdução deve-se a Sá de Miranda), a ausência da
mulher amada
(característica petrarquista) e a presença de uma natureza harmoniosa (locus
amoenus).
3.4- O tema deste soneto é a necessidade da presença da mulher amada para
que a felicidade do sujeito seja possível. Faz-se uma descrição da natureza com a
finalidade de a contrapor com o seu estado de espírito e chega-se à conclusão de
que o valor da natureza só terá sentido com a presença da amada
_____________________________________________________________________________
A fermosura desta fresca serra
Alegria e verdura é vida eterna. Claridade; frescura; águas de cristal, transparentes; suavidade;
amenidade. Sem amor a vida não tem interesse e o poeta não é capaz de viver a vida sem a amada,
não consegue ter alegria.
Tema
Saudade; ausência da amada.

O poema divide-se em duas partes ou momentos

 1ª. parte: 2 quadras - Descrição da Natureza.


 2ª. parte: 2 tercetos - Sentimentos do poeta em relação à ausência da amada.
A primeira parte do texto é constituída por uma descrição que se estrutura numa enumeração de
elementos que constituem a paisagem e que são qualificados (até personificados) ora por adjectivos, ora
por substantivos, ora por orações relativas:

Caracterização
Elementos da paisagem
Adjectivos Substantivos Oração relativa
serra
fresca
castanheiros
verdes
caminhar dos ribeiros fermosura
manso
mar sombra donde toda a tristeza
rouco
terra som se desterra
estranha
esconder do sol pelos outeiros guerra
derradeiros
recolher dos gados
branda
nuvens
 Relacionamento Eu/Natureza patente no poema.
 Na ausência da amada, a Natureza embora bela, não o seduz, sem ela ele não consegue achar
beleza em nada.

Estrutura Formal do Texto e Recursos Estilísticos mais Relevantes

 Personificação: "manso caminhar destes ribeiros", "Das nuvens pelo ar a branda guerra" - Ao
personificar a natureza o Poeta pretende transmitir toda a importância dela na ausência da amada.
 Anáfora: "Sem ti… / Sem ti…" - Esta reiteração expressa a mágoa do poeta.
 Hipérbole: "perpetuamente estou passando,/ Nas mores alegrias, mor tristeza" - Expressa toda a
dor do poeta, ele quer transmitir todo o amor e toda a dor que lhe causa a separação desse amor.
 Antítese: "Nas mores alegrias, mor tristeza" - Expressa toda a amargura que o poeta sente pela
ausência da amada.

O sentimento dominante é sempre o sofrimento e a tristeza


Com saudade da amada, mesmo as grandes alegrias se tornam enormes tristezas—3º estrofe
A ausência da amada produz consequências nefastas que são evidenciadas pelo uso expressivo do
advérbio de tempo:
A) "perpetuamente” (v. 13)
Sem a presença da amada, a natureza é triste—4º estrofe

 Os vocábulos caracterizam a serra como um quadro idílico (harmonioso) são: “fermosura”,


“fresca”, “verdes castanheiros”, “manso caminhar destes ribeiros”, “rouco som do mar”, “estranha
terra” e “esconder do sol”.
 As sensações visuais e auditivas conferem uma sensação de paz, calma, simplicidade, alegria,
tristeza, amor.
 A repetição da palavra “sem ti”,no último terceto serve para intensificar o seu aborrecimento e a
sua tristeza que passa quando não têm a sua amada ao pé dele.
 A natureza apesar de transmitir calma, tranquilidade, “feria-o” quando a sua amada não estava
presente.
 A natureza influencia-o negativamente porque apesar da natureza transmitir calma e tranquilidade,
estava magoando-o.
Nas duas quadras de «A fermosura desta fresca serra» (p. 106), temos uma descrição de uma
paisagem, que é especialmente tranquila. Nos tercetos, o poeta diz que, apesar deste cenário idílico, não
pode aproveitar o momento, porque a sua amada está ausente. (Este contraste entre estado de espírito e
natureza é frequente na lírica de Camões.)

“Sei que a poesia não se explica, a poesia implica, como costuma dizer a
minha
amiga Sophia de Mello Breyner
Talvez o poeta, afinal, não seja muito diferente daquele sujeito que vemos nas tribos
primitivas, de plumas na cabeça, repetindo palavras mágicas enquanto dança e pula ao ritmo
de
um tambor. O poeta é esse feiticeiro. Dança com as palavras ao som de um
ritmo que só
ele entende. Ou é talvez o adivinho. (…)
A poesia é, assim, antes de tudo, uma forma de medição. Uma encantada,
encantatória
e desesperada tentativa de captar a essência do mundo e de, através da
palavra,
“mudar a vida”, como queria Rimbaud.
Texto Poético
1. Lê com atenção o poema seguinte e responde às questões:

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior


Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Áquem e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor


E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!


Por elmo, as manhas de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...


É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Florbela Espanca

a) Diz qual é o tema deste poema.


b) Atenta no verso “E é amar-te, assim, perdidamente”.
A quem se dirige o sujeito poético?

c) Procura explicar o sentido da frase a negro e sublinhada.

d) Que figura de estilo está presente no verso “Morder como quem beija”?

e) Refere a figura de estilo que encontras nos versos “É ter cá dentro um astro que flameja,/É ter garras e
asas de condor!/É ter fome, é ter sede de Infinito!”?

f) Faz o esquema rimático do poema.

Ser Poeta
As três primeiras estrofes definem o poeta num sentido geral, qualquer poeta:

 Inicia-se com uma hipérbole: "Ser poeta é ser mais alto, é ser maior/Do que os homens!" - é ser
maior do que os outros mortais.
 Continua com uma antítese: "Morder como quem beija!/É ser mendigo e dar como quem
seja/Rei do Reino de Aquém e de Além-Dor!" - não ter nada e dar tudo, não ser dono de nada e
tudo possuir.
 Termina com metáforas hiperbólicas: "É ter de mil desejos o esplendor/É não saber sequer que
se deseja!/É ter cá por dentro um astro que flameja,/É ter garras e asas de condor!/É ter fome, é ter
sede de Infinito!/Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim…/É condensar o mundo num só grito!" -
ser iluminado, ser uma ave que voa mais alto que as outras, desejar o infinito, o máximo, o
inantingível, ser protegido pelas manhãs belas e puras.

A última estrofe define já a própria poetisa, num sentido particular: para ela, ser poeta, é amar assim como
ela ama, é fundir-se com o ser amado. "E é amar-te, assim, perdidamente…/É seres alma, e sangue, e vida
em mim/E dizê-lo cantando a toda a gente!"

O advérbio perdidamente define a dimensão desejada do amor: sem limites. Amar alguém é
exclusividade, limite. Logo, a contradição é só aparente.

O sujeito lírico expressa a sua vontade de amar sem limites, sem normas:

 Espaço: aqui… além = em todos os espaços.


 Tempo: presente do indicativo: momento da enunciação.
 Entusiasmo: paixão com que são enunciadas as afirmações.
Ritmo rápido nas quadras, acompanhando a expressão ardente do estado de espírito; ritmo mais lento nos
tercetos, acompanhando a linha reflexiva dos mesmos. Nas quadras: repetições de palavras, exclamações
e interrogações sucessivas, versos sincopados, cesurados; nos tercetos, frase completas e domínio da
subordinação.

Logo na primeira estrofe, percebemos a superioridade decorrente do fato de se ser poeta, pois quando o
sujeito lírico afirma que morde como quem beija, demonstra a capacidade de transformação do bruto e
doloroso em algo singelo e suave – como uma espécie de poder alquímico, que transforma o metal vil em
ouro. Quando são aproximados os sintagmas mendigo e rei, notamos a presença dos arquétipos do
desvalido e do todo-poderoso, que aqui aparecem reformulados, uma vez que aquele – que vive em
miséria – tem o poder de dar o que poderia ser dado apenas por um rei. O seu reino, neste caso, possui a
riqueza da criação e da imaginação, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente – como nos
conhecidos versos pessoanos.

Na segunda estrofe, notamos a plenitude do poeta quando o eu-lírico diz ter o esplendor de mil desejos,
porém sem nem saber ao certo o que é desejado. Este esplendor confere a ele uma transcendência, isto é,
a superação de sua condição humana, vista nas imagens do astro que flameja ou do condor. Além de o
poeta irradiar luz própria, identifica-se com a figura do condor, que tem como principais características o
seu voar mais alto e a sua solidão:

É ter de mil desejos o esplendor


E não ter sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

(Espanca, 2003: 75)

No primeiro terceto deste soneto, é clara a ânsia de se alcançar a plenitude, quando o poeta diz ter fome e
sede de Infinito. Podemos dizer que o ser poeta é viver em constante batalha, e que o elmo – espécie de
capacete utilizado por guerreiros em tempos anteriores – simboliza a arma mais preciosa: a imaginação.
Logo em seguida, verificamos que tal batalha – a da escrita – tem o que é de mais valioso e suave, quando
surgem as imagens do oiro e do cetim:

É ter fome, e ter sede de Infinito!


Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

(Espanca, 2003: 75)

A questão da plenitude é novamente enfocada no último verso da terceira estrofe. Neste caso, há a
presença de uma espécie de grito poético, em que o sujeito lírico afirma que ser poeta é condensar o
mundo num só grito, alcançando, assim, a plenitude da expressão. No último terceto, a assertiva é seres
alma, e sangue, e vida em mim representa a fusão do espírito e do corpo, evidenciando-se a plenitude do
sentir e do viver. Vale ressaltar que a alma pode ter também a conotação do princípio da vida e o sangue o
veículo, sugerindo a totalidade existencial do ser poeta. No verso E dizê-lo cantando a toda a gente!, o eu-
lírico nos faz crer que não basta trazer a síntese do que é abstrato e concreto, e sim transformá-la em
poesia, pois, além de sentir em plenitude e com totalidade, dá conta disso na expressão poética:

E é amar-te, assim, perdidamente…


É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

ditoso

Potrebbero piacerti anche