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Educação. Estamos aqui para reverenciar essa política pública que é a base para as
demais. Estamos aqui para centrar nossas convicções na construção de um processo
educativo que não exclua ninguém.
Peço licença para valer-me da semântica de três palavras que me conferem voz para
expressar o que sinto neste dia.
A primeira palavra é gratidão. Gratidão a Deus, Autor da Vida. Vida que se embala em
paradoxos, em face da liberdade humana. Bondade e perversidade, verdade e mentira,
indiferença e compaixão.
Gratidão à minha família, berço que lapidou o meu caráter. Minha mãe me ensinou a ser
correto e meu pai me mostrou um amor sem economias.
Gratidão aos meus professores, que semearam em mim o desejo de ser professor por
toda a vida.
Gratidão ao governador Franco Montoro, que, um dia, me viu falando em uma Igreja
em Bananal, cidade do interior paulista, e me abriu as janelas das possibilidades.
Gratidão aos meus escritores amados da Academia Paulista de Letras, que acabaram de
me eleger seu presidente. Lygia Fagundes Telles, a menina Lygia de tantas personagens
e enredos, o príncipe dos poetas Paulo Bomfim, o pensador da ética José Renato Nalini,
permitam-me, em seus nomes, expressar o quanto sou grato, eu, o caçula daquela casa,
aprendendo a compreender o tempo e o seu senhorio.
Gratidão ao prefeito Fernando Haddad. Prezado prefeito, que honra ser o seu secretário,
que honra trabalhar sob o seu comando. Nós nos conhecemos quando o senhor era
secretário-executivo do MEC e eu, presidente do Conselho Nacional dos Secretários de
Educação. Trabalhamos juntos. E o fruto está aí. O Fundeb ampliou o conceito da
educação que não exclui ninguém.
A segunda palavra é respeito. A palavra respeito, de origem latina, significa "olhar outra
vez". Algo que merece um segundo olhar é digno de respeito. Olhos de ver porque
atentos e porque comprometidos com quem se vê. Respeito as crianças que estão nas
escolas e as que ainda não estão. Em minha gestão, tivemos a mais baixa taxa de evasão
escolar da história.
No ensino fundamental, passamos de 2.9% para 1.6%, sendo que nas séries iniciais
chegamos a 0.4%. Índices impressionantes para uma rede da complexidade do Estado
de São Paulo. No Ensino Médio, passamos de 8.3% para 5.6%. Melhoramos em todos
os índices de qualidade: Saresp e Ideb. No ano de 2007, que mediu o ano de 2006, o
último em que estive na secretaria, cumprimos as metas do Ideb. Construímos 500
escolas em tempo integral e um projeto inovador, o “Escola da Família", atendendo
milhões de pessoas que iam às escolas conviver e aprender nos finais de semana. Esse
programa, premiado pela ONU, reduziu em até 80% o índice de violência escolar.
Criamos o “Bolsa-mestrado” para os professores, o “Caminho das Artes” levando
cinema, teatro e música para o cotidiano de professores e alunos.
Prezado prefeito, gostaria de dizer ao senhor que vamos resolver o problema de vagas
nas nossas creches para que nenhuma criança fique esquecida. Sei o quanto já foi feito e
o quanto precisamos fazer. Mas sei dos entraves burocráticos. O que posso prometer é
que não descansarei enquanto uma criança estiver desassistida. Cuidar e educar é um
binômio indissociável na construção da identidade humana.
Respeito as mães que trabalham, os pais que querem o melhor para os seus filhos e é
por isso que temos de perseguir a melhoria da qualidade do ensino. É inadmissível
convivermos com realidades educacionais em que crianças vão para a escola e não
aprendem. Se a cultura da repetência em exagero era danosa, a cultura dos que passam
de ano sem nada saber também o é. Ambas excluem os alunos. Uma escola acolhedora
deve cumprir o seu papel constitucional de formar a pessoa, de prepará-la para a vida,
para o exercício da cidadania e para o mercado de trabalho.
As escolas precisam ser um centro gerador de uma cultura de paz no seu entorno.
Gratidão, respeito, generosidade. Confesso que, como gosto das palavras, gostaria de
falar um pouco mais. Mas deixemos que o nosso trabalho diário, convicto da
oportunidade e da responsabilidade que assumimos, fale por nós.
“São Paulo, comoção da minha vida”, dizia Mário de Andrade. A cidade que nos
amedronta e nos apaixona. Não. Não somos medrosos. Se fôssemos, não estaríamos
aqui. Apaixonados, sim. É o que nos move.