A actividade lúdica da criança emerge da sua natural espontaneidade e exprime-
se na acção através de dois conceitos próximos: o brincar e o jogar. Numa perspectiva educacional, o desenvolvimento destes conceitos constitui uma preocupação no campo das políticas educativas e sociais, na medida em que se tem procurado responder às necessidades dos pais, na sua atarefada e moderna vida familiar, e às necessidades das crianças, num contexto de acção educativa e pedagógica. Desta evolução das sociedades, observa-se que o espaço familiar de socialização tem vindo a ser substituído pelo espaço escolar, exigindo-se à escola e aos educadores uma actualização e aprofundamento da sua intervenção, enquanto às crianças se exige uma alteração nos seus quotidianos, com horários cada vez mais longos e mais precoces. E assim, de uma actividade inata e espontânea, e livremente realizada no contexto do seu pequeno mundo, cada vez mais cedo a criança aprende a ser socializada e orientada, por meio de uma acção pedagógica e educativa, passando a agir e a conviver num mundo institucionalizado. É nesta conjugação de factores e necessidades que surgem as chamadas actividades de prolongamento de horário, cuja temática nos conduzirá na realização do presente trabalho. Trata-se de um trabalho a realizar sob o paradigma qualitativo. Será realizado com crianças com idades entre os 3 e os 5 anos, do sexo feminino e masculino, a frequentar os jardins-de-infância do ensino público, numa área geográfica rural do concelho de Celorico de Basto. Utilizar-se-á a observação e a entrevista como instrumentos para a recolha de dados. Tem a pretensão de auscultar as crianças e os técnicos sobre as actividades praticadas pelas crianças nos prolongamentos de horário, analisando a (não) presença da actividade lúdica e a relevância que as crianças e os profissionais responsáveis por este serviço atribuem ao brincar. A metodologia utilizada tem como finalidade conhecer a realidade já existente, de forma a considerarmos a pertinência de uma eventual mudança de acção. De acordo com as características do estudo, optamos em primeiro lugar por perceber as finalidades dos prolongamentos de horário, tendo como referência aquilo que a literatura e a investigação propõem para um espaço desta natureza. A investigação debruça-se também sobre a análise do cumprimento das funções para as quais foi criado – complemento social de apoio à família no prolongamento de horário para além das cinco horas lectivas – e a adequação à idiossincrasia da criança, abordando a importância da fase da educação na infância e o papel do jogo enquanto factor de desenvolvimento da personalidade da criança fazendo a contextualização do brincar. A análise e apresentação dos resultados serão efectuadas a partir da conjugação das diferentes fontes. Ainda que um estudo desta natureza não permita generalizações, reflecte-se sobre a realidade existente indicando os aspectos que, de uma forma geral, precisam de mais atenção, e serão apontadas algumas”pistas” e orientações que porventura manifestem a sua utilidade. Em termos gerais, este estudo relança e reorienta a temática da criança nos tempos modernos e salienta as suas necessidades elementares, enquanto criança.
Palavras-chave: Pré-escolar/educação de infância; prolongamento de horário;