Sei sulla pagina 1di 12

ARTIGO DE REVISÃO

J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006


REVIEW PAPER

Plaquetas: ainda um alvo terapêutico Primeira submissão em 24/11/05


Última submissão em 11/08/06
Aceito para publicação em 19/08/06
Publicado em 20/10/06

Platelets: still a therapeutical target


Helena Carla Castro1; Bruno Leal Alves Ferreira3; Tammy Nagashima3; Ana Schueler3; Carlos Rueff3; Danielle Camisasca3;
Gisele Moreira3; Glória Scovino3; Luciana Borges3; Maria Leal3; Marilene Filgueira3; Patrícia Paschoal3;
Vagner Bernardo3; Saulo Bourguinhon2; Carlos Rangel Rodrigues4; Dilvani Oliveira Santos2

unitermos resumo
Plaquetas As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos anucleados presentes no sangue e produzidos na medula
Agonistas
óssea a partir dos megacariócitos. O objetivo deste trabalho é rever as bases mecanísticas e moleculares
das plaquetas, revelando sua participação em síndromes importantes e na trombose arterial, além de
Receptor seu potencial como alvo terapêutico para o desenho de novos agentes antitrombóticos.
Trombose arterial

Aspirina

abstract keyy words


Platelets are cytoplasmatic fragments from bone marrow megakaryocytes present on blood. The aim of this Platelets
work is to review the basis of platelet mechanisms, their participation in syndromes and in arterial thrombosis,
Agonists
and its potential as a target for design of antithrombotic agents.
Receptor

Arterial thrombosis

Aspirin

pelas células reticuloendoteliais do baço e do fígado(4, 45, 96).


Introdução
As plaquetas estão diretamente envolvidas em diversas
As plaquetas são fragmentos citoplasmáticos anuclea-
patologias importantes, sejam estas síndromes ou quadros
dos presentes no sangue e produzidos a partir de mega-
cariócitos na medula óssea(45, 55, 96). Do total das plaquetas trombóticos graves como a trombose arterial(27, 35). Neste
presentes no organismo humano, 70% estão presentes na artigo revisaremos as bases dos mecanismos plaquetários
circulação e 30% no baço, permanecendo na circulação de forma a ressaltar essas células como alvos terapêuticos
durante uma média de dez dias, quando são retiradas para o desenho de novos antitrombóticos.

1. Professora-adjunta III do Departamento de Biologia Celular e Molecular do Instituto de Biologia, Centro de Estudos Gerais (CEG) da Universidade Federal Fluminense (UFF); coordenadora do
Laboratório de Antibióticos, Bioquímica e Modelagem Molecular (LABioMol) do Departamento de Biologia Celular e Molecular, Instituto de Biologia, CEG/UFF.
2. Professores-adjunto IV do Departamento de Biologia Celular e Molecular do Instituto de Biologia, CEG/UFF.
3. Alunos dos cursos de pós-graduação em Patologia e em Neuroimunologia da UFF.
4. Professor-adjunto III da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

321
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

Plaquetas: como são?


Apesar de sua aparência simples no esfregaço de sangue
periférico, onde se mostram como fragmentos citoplas-
máticos de aspecto granular, as plaquetas possuem uma
estrutura discóide complexa (Figura 1)(4, 37). Sua estrutura
interna é dividida em quatro zonas:
1. Zona periférica – Essa região inclui as membranas
externa e interna (trilaminar) e estruturas estreitamente as-
sociadas, como o sistema de canais conectados à superfície,
denominado sistema canicular aberto (SCA) (Figura 1)(37).
O SCA é responsável pela troca de moléculas com o meio
externo, na qual ocorre uma significativa liberação de di-
versas moléculas após a ativação das plaquetas (secreção
plaquetária)(37). De acordo com a literatura, tal reação de
liberação do conteúdo dos grânulos ocorre sem lise celular
e com manutenção da integridade da membrana, apesar de
haver mudanças nas suas características(22, 23). A membrana
da plaqueta é rica em glicoproteínas, que servem como
alvos para as reações de adesão, ou como receptores,
desencadeando a ativação plaquetária(41, 113). Na zona peri-
férica se encontram também os fosfolipídios de membrana, Figura 1 – A plaqueta. A: componentes e organização; B: receptores (preto) e
agonistas (cinza)
importantes para a coagulação, visto que proporcionam a
superfície sobre a qual agem e/ou serão ativados alguns
de seus fatores. Esses fosfolipídios servem também como
conjunto de proteínas chaperonas que se ligam e modulam
substrato para produção de ácido araquidônico e conse-
a atividade das proteínas SNARE também atuaria facilitando
qüentemente de tromboxano A2 (TXA2), potente agonista
a fusão membranar(41, 87).
da agregação plaquetária e da vasoconstrição. A membrana
da plaqueta estimulada por sinais da superfície pode gerar 3. Zona de organelas – Essa região consiste basicamente
ainda diversos sinais químicos internos(10, 23, 32). de: a) grânulos alfa, que contêm proteínas adesivas, fator de
von Willebrand (FvW), trombospondina, vitronectina, fator
2. Zona sol-gel – Essa região se encontra abaixo da zona
de crescimento derivado de plaquetas, fator IV plaquetário,
periférica e é composta de: a) citoesqueleto, que fornece
fatores da coagulação (ex: fator XI) e inibidor do ativador
a sustentação para a forma discóide da plaqueta; e b) do
plasminogênio; b) grânulos densos, que contêm trifosfato de
sistema contrátil, que, sob ativação, permite a mudança da
adenosina (ATP), difosfato de adenosina (ADP), serotonina,
forma discóide, o prolongamento de pseudópodos, a con-
cálcio; e c) componentes celulares, tais como lisossomos e mi-
tração interna e a liberação dos constituintes granulares. Os
tocôndria, que além de conter ATP e ADP também participam
grânulos plaquetários contêm entre 30% e 50% do conteú-
dos processos metabólicos da plaqueta e armazenam enzimas
do de proteína total da plaqueta(37). De forma interessante,
e outras moléculas críticas para a função plaquetária(22, 37).
o citoesqueleto parece orientar a centralização dos grânulos
para a liberação do conteúdo através do sistema canicular 4. Sistema membranar – Essa zona inclui o sistema
aberto na zona periférica. Esse evento difere da exocitose tubular denso, onde se encontra concentrado o cálcio,
clássica por células nucleadas, que ocorre diretamente importante para desencadear os eventos contráteis, e os
via fusão de grânulos com a membrana plasmática(77, 103). sistemas enzimáticos, envolvidos na produção de síntese
Apesar da mudança de forma das plaquetas, a literatura de prostaglandinas(37).
tem sugerido que a fusão de membrana seria um evento
crítico também para elas(23, 87). Essa fusão ocorreria através
da atividade de uma maquinaria formada por proteínas da
A plaqueta e o sistema hemostático
superfamília denominada proteínas NEM-sensíveis ligadas O sistema hemostático é intrinsecamente responsável
a receptores protéicos (SNARE)(22, 41, 37). Além disso, um pela manutenção do fluxo sangüíneo e da integridade

322
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

vascular, visto que é capaz de formar um tampão sobre plaqueta(4, 44, 99). Quando a integridade do sistema vascular
uma superfície danificada do endotélio vascular quando é rompida, as plaquetas interagem com os componentes da
este sofre uma injúria. Dessa forma, a hemostasia minimiza matriz extracelular expostos na parede do vaso sangüíneo.
a perda sangüínea e promove a restauração da arquitetura A plaqueta apresenta diversos receptores de adesão, entre
vascular normal (Figura 2)(7, 18, 99). eles o complexo glicoprotéico (glicoproteína [Gp]) Ib-
A literatura tem demonstrado que a formação desse IX-V e GpVI, que a liga respectivamente ao fator de von
tampão é um processo multicelular envolvendo não só as Willebrand (FvW) e ao colágeno, uma proteína importante
plaquetas, mas também outras células sanguíneas, como da matriz extracelular (Figura 1)(2, 41, 44). Essas moléculas
neutrófilos e o próprio endotélio vascular(4, 18, 99). O sistema são consideradas responsáveis pela regulação primária da
hemostático é constituído por: adesão plaquetária(4).
• plaquetas – formam um agregado plaquetário sobre No contato inicial, sob condições de lesão em artérias
o endotélio alterado para iniciar a formação do tampão e/ou pequenas arteríolas, o complexo plaquetário GpIb/
hemostático; V/IX, ou a integrina DIIbE3 em sua conformação ativada,
• fatores de coagulação – pró-enzimas produzidas pelo associado ao colágeno da superfície subendotelial, liga-
fígado que através da cascata de coagulação são ativadas se ao FvW, possibilitando a adesão de outras plaquetas
e resultam na formação de fibrina. Assim ocorre o depósito circulantes na superfície vascular. Assim será formada uma
dos polímeros de fibrina sobre o agregado plaquetário; monocamada de células que cobrirá o tecido exposto
(Figuras 1 e 2)(2, 10, 19, 27, 32, 51, 72, 92-94, 97).
• fatores fibrinolíticos – enzimas que dissolvem o coágulo para
controle de sua extensão, após a cobertura da área lesada; A ligação do FvW à GpIb/V/IX induz a secreção de ADP,
que aumenta a afinidade da integrina DIIbE3 pelo FvW. Esses
• inibidores protéicos – regulam os fatores da coagulação,
eventos aumentam a adesão plaquetária e contribuem para
ajudando a orientar a formação do tampão para a área
a formação posterior de um agregado plaquetário pela
injuriada, prevenindo a propagação anormal;
ligação ao fibrinogênio(5, 10, 32, 51, 59, 66, 70, 72, 114).
• células endoteliais – revestem os vasos sangüíneos e, no
Outro receptor de colágeno é um complexo multiprotéi-
estado normal, contribuem para a manutenção do fluxo
co formado pela GpVI e pelo receptor Fc de cadeia J (FcRJ)
sangüíneo. No estado alterado, o endotélio estimula a
(Figura 1)(19, 30, 31, 67, 105). Estudos apontam esse complexo
agregação plaquetária, a coagulação, a ativação dos ini-
como o principal receptor envolvido na ativação plaquetária
bidores e a fibrinólise. Cabe ressaltar que sob condições
via colágeno(54). A exposição de plaquetas ao colágeno
fisiológicas as plaquetas não interagem com as paredes do
resulta no agrupamento da GpVI, que ativa a fosforilação
vaso, visto que somente mediante uma injúria vascular as
da tirosina do FcRJ(30, 31, 41, 83, 105).
propriedades antitrombóticas do endotélio são alteradas e
as moléculas adesivas do subendotélio são expostas(4, 18, 99). A literatura ainda descreve outros receptores de coláge-
A adesão plaquetária à parede do vaso danificado é a pri- no como o GpIb e o D2E1, este último considerado secundá-
meira etapa da hemostasia que envolve a participação da rio para adesão plaquetária (Figura 1)(5, 41, 66). A sua interação
com o colágeno ativa a plaqueta, é crítica para o processo
de exposição do receptor de fibrinogênio GpIIb/IIIa e para
proporcionar o contato das plaquetas circulantes com aque-
las já aderidas à superfície endotelial(24, 27, 68 ). A integrina D2E1
permite ainda que o colágeno interaja com um segundo
receptor de colágeno (GpVI) que pode ativar a sinalização
dependente de tirosina quinase(32). Vários estudos sugerem
que D21 e GpVI têm papéis complementares, onde D2E1 é
capaz de se ligar ao colágeno antes da ativação plaquetária;
e a GpVI seria necessária para formação do trombo(41, 54).
De forma interessante, a inibição e a depleção da GpVI in
Figura 2 – Participação das plaquetas no processo de hemostasia durante a formação vivo são bem toleradas em camundongos, o que estimulou
do tampão. A: processo de injúria (lesão) com exposição de agonistas plaquetários; o estudo de terapias antitrombóticas direcionadas para o
B: adesão das plaquetas ao subendotélio; C: mudança de forma da plaqueta com
secreção dos grânulos; D: ligação plaqueta/plaqueta; E: depósito da fibrina sobre o
receptor GpVI como novas perspectivas para o tratamento
tampão plaquetário antitrombótico(32, 54).

323
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

Outros receptores de adesão, incluindo o receptor VIIa o tampão iniciado pelo FT não ocorre(68, 76).
de fibronectina D5E1 e o receptor de laminina D6E1 tam- A regulação negativa das plaquetas é essencial para
bém estimulam e sustentam a adesão plaquetária. De prevenir o processo de formação inespecífico de trombo
forma organizada, a ligação do FvW à GpIb estimula denominado trombose. O papel do óxido nítrico e da pros-
a mobilização de cálcio, a ativação das proteinoqui- taciclina no processo de regulação da função plaquetária
nases C e G, fosfoinositídeo 3-quinase e rearranjos do está bem estabelecido, e sua interação com o endotélio
citoesqueleto(47, 56, 64, 66, 70, 72, 103, 112, 114). é descrita na literatura como essencial(8, 49, 85). A ativação
A adesão plaquetária induz uma rápida transdução de plaquetária também pode ser inibida por sinalização, atra-
sinal, desencadeando uma série de eventos (ativação pla- vés da molécula de adesão PECAM-1, também conhecida
quetária, mudanças no citoesqueleto associadas à alteração como CD31(1, 13, 32, 50, 79). Essa molécula estaria relacionada
na conformação, expansão de pseudópodos, contração e à inibição da sinalização quinase-dependente, também
secreção dos conteúdos granulares e ativação de integri- atuando sobre a ativação plaquetária mediada por GpIb e
nas) que sustentarão a adesão e a subseqüente agregação sobre as respostas envolvendo o FcJRIIA(46, 86, 90, 101). Dessa
plaquetária via receptor GpIIb/IIIa (Figuras 1 e 2)(4, 22, 27, 33, forma, as interações entre PECAM-1 e as plaquetas restrin-
103)
. Após a adesão plaquetária, seja induzida pelo colágeno gem o crescimento do trombo através de mecanismos do
ou por outros agonistas, como trombina, fator ativador de tipo feedback negativo(1, 13, 50).
plaquetas (PAF) e ADP, ocorre a secreção dos grânulos e A resposta pró-coagulante é contrabalançada por quatro
a exposição da glicoproteína IIb/IIIa (GpIIb/IIIa)(12, 22, 71, 82) principais sistemas anticoagulantes (antitrombina/hepari-
(Figura 1). O receptor de fibrinogênio GpIIb/IIIa é particu- na, trombomodulina/proteína C/proteína S, fibrinolítico e
larmente importante na interação plaqueta/plaqueta(27, 68, 82). inibidor da via do fator tissular)(61, 68, 84), alguns envolvendo
Ele viabiliza a ligação de fibrinogênio ou FvW entre as diretamente a regulação plaquetária. Entre eles podemos
plaquetas, o que permitirá a formação do agregado pla- citar principalmente o inibidor da via do fator tissular (TFPI),
quetário(26, 33, 41, 82). que depende das plaquetas ou as envolve diretamente. O
Ambas, adesão e agregação plaquetárias, induzem TFPI é uma proteína inibitória do plasma que contém domí-
sinalização intracelular que medeia várias respostas, como nios do tipo Kunitz(84). Na presença do fator Xa, esse inibidor
formação e secreção de serotonina, ADP e TXA2, que ser- forma um complexo quaternário com o fator tissular e o
vem como amplificadores da resposta plaquetária e como fator XIIa, na superfície das plaquetas na célula endotelial. A
agentes pró-trombóticos(32, 71). Essas moléculas reforçam a ativação do TFPI é dependente da geração do fator Xa, ou
vasoconstrição, com a diminuição do fluxo sangüíneo, a ati- seja, da iniciação da coagulação. O TFPI pode ser afetado
vação plaquetária, que aumenta a afinidade das integrinas pela elastase liberada de neutrófilos ativados, sempre que
DIIbE3 e D2E1 facilitando a formação do trombo, e também houver coagulação e inflamação ocorrendo simultanea-
o aumento da adesão plaqueta/plaqueta e plaqueta/parede mente (43, 60, 62). As plaquetas e as células endoteliais são as
vascular(32, 97). fontes primárias de TFPI e o liberam devido à ativação por
Os eventos de vasoconstrição, adesão, secreção e agre- trombina ou outros agonistas, ou devido à administração
gação plaquetária são denominados hemostasia primária, de heparina, quando os níveis de TFPI circulante crescem
enquanto o processo de hemostasia secundária é conhecido de duas a quatro vezes(84).
como coagulação(18, 22, 44, 99).
O fator tecidual (FT) é um dos ativadores da coagula-
ção in vivo que, ao ser expresso por monócitos ou células
Síndromes e patologias relacionadas a
endoteliais após injúria, infecção ou exposição a lipopolis-
plaquetas
sacarídeos/citocinas, forma um complexo ativo com o fator Exames laboratoriais têm sido usados para identificar e
VIIa(9, 61, 76). Esse complexo inicia os eventos de coagulação classificar os defeitos na hemostasia e na função plaque-
de ambas as vias, intrínseca (via de ativação do fator IX) tária(18, 53, 57, 100). Normalmente se utilizam o hemograma
e extrínseca (via de ativação do fator X), culminando na e o coagulograma completos com esfregaço do sangue
conversão da protrombina em trombina. A trombina cliva periférico e a verificação da morfologia das plaquetas,
o fibrinogênio, resultando em polímeros de fibrina que analisando também as séries branca e vermelha do sangue.
rapidamente formam uma rede estável sobre o trombo Outros testes são o tempo de sangramento, teste único in
plaquetário. De forma interessante, na ausência do fator vivo para acessar função plaquetária; e o teste de agregação

324
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

plaquetária, que utiliza uma série de agonistas e o plasma de heparina, mas varia sob baixos níveis de plaqueta e
rico em plaquetas (PRP) do paciente. Os agonistas estimu- hematócrito, se aplicando principalmente à detecção de
lam a agregação, provocando uma mudança de turbidez disfunções plaquetárias intrínsecas, doença de von Wille-
do PRP, que no agregômetro gera uma curva que indica a brand e da ação de agentes antiplaquetários(53). De forma
transmissão de luz por unidade de tempo (Figura 3). O diferente, o Ultegra é um método turbidimétrico que utiliza
padrão obtido usualmente permite diagnosticar e identificar o sangue total e micropartículas de poliestireno contendo
a respectiva deficiência onde a ausência do perfil de agre- fibrinogênio para verificação da capacidade das plaquetas
gação a denota(53, 57, 100). Uma nova versão do agregômetro ativadas de se ligarem ao fibrinogênio. Sua utilização é
recentemente produzida é o Plateletworks (Helena, Beau- especifica para a verificação dos efeitos de antagonistas da
mont, EUA) criado para determinar o nível de agregação GpIIb/IIIa (p. ex.: abciximab, tirofibano ou eptifibatide) e
plaquetária (número de plaquetas e atividade) durante para a monitoração de pacientes em unidades de tratamen-
procedimentos de intervenção cirúrgica cardíaca(53). to intensivo. Ele não é aplicável no caso de uso de drogas,
O PFA-100 (PFA-100, Dade Behring, Marburg, Alema- como aspirina, clopidogrel e ticlopidina, ou para a detecção
nha) e o Ultegra (Accumetrics, San Diego, EUA) também de desordens plaquetárias. Outras metodologias mais caras
têm sido utilizados para a determinação da função pla- também podem ser utilizadas para a detecção de patologias
quetária, visto que eliminam em grande parte os fatores plaquetárias: a citometria de fluxo, a microscopia eletrônica
interferentes observados na agregometria convencional, e a imunoeletroforese(53), por exemplo.
podendo ser realizados de forma fidedigna para identificar Anormalidades no número ou na composição das pla-
corretamente pacientes com resistência a aspirina, clopi- quetas podem iniciar um desequilíbrio nas fases iniciais do
dogrel e inibidores de Gp IIb/IIIa. O analisador da função sistema hemostático, resultando numa tendência a sangra-
plaquetária PFA-100 (Platelet Function Analyzer – PFA-100) mento e no comprometimento da função plaquetária(38, 88).
é um aparelho que verifica a função plaquetária in vitro Entre as síndromes e patologias relacionadas às plaquetas
sob alto fluxo (5.000-6.000s-1), simulando as condições de podemos citar aquelas envolvendo defeitos nos receptores
arteríolas. É um modelo para avaliação rápida e simples da plaquetários, desordens granulares, deficiências de secre-
função plaquetária que utiliza dois agonistas (geralmente ção, anormalidades em fatores plasmáticos que afetam o
colágeno/ADP ou colágeno/epinefrina) e apresenta grandes funcionamento plaquetário e anormalidades na interação
sensibilidade, especificidade e reprodutibilidade. O aparelho plaquetária com fatores de coagulação.
mede o tempo necessário para a formação de um tampão
plaquetário na abertura de uma membrana sintética, per- Defeitos nos receptores plaquetários
mitindo determinar quantitativamente o nível de função Trombastenia de Glanzmann – Caracterizada pela au-
plaquetária. Essa metodologia não é afetada pela presença sência ou diminuição nos receptores GpIIb-IIIa, mas sem
alteração de número, tamanho, forma e tempo de vida de
plaquetas. Essa síndrome apresenta caráter autossômico
recessivo, com histórico familiar de sangramento geralmen-
te negativo. Homens e mulheres podem ser igualmente
afetados, apresentando o tempo de sangramento invaria-
velmente prolongado, com retração do coágulo em nível
fraco ou ausente. Apesar de o processo de adesão às áreas
afetadas do endotélio ser aparentemente normal, estudos
de função plaquetária revelam a agregação somente pe-
rante a ristocetina e mostram deficiência no recrutamento
de outras plaquetas para o tampão hemostático primário.
O tratamento utilizado é a transfusão de plaquetas, sendo
Figura 3 – Ensaios de agregação plaquetária no agregômetro (A) e seu registro
experimental (B). A: plaquetas normais (acima), deficientes ou tratadas com antago- a aloimunização plaquetária uma séria conseqüência desse
nistas plaquetários (abaixo) são testadas com agonistas, como ADP, trombina e ácido procedimento (18, 24, 40, 59, 78, 104, 107).
araquidônico, resultando em diferentes registros; B: registro experimental de um ensaio
no agregômetro utilizando plaquetas normais, mostrando o início do experimento (1), Síndrome de Bernard-Soulier – É caracterizada por
após a adição do agonista, quando ocorre a mudança de forma da plaqueta (shape
change) com posterior secreção dos grânulos (2) e, finalmente ,a agregação plaquetária,
plaquetas maiores, mas em menor número, tempo de
quando ocorre a ligação plaqueta/plaqueta (3) sangramento prolongado e agregação diante da ristocetina

325
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

anormal. Esse quadro se deve a decréscimo ou ausência Síndrome da plaqueta cinza – Caracterizada pela defici-
de receptores para o FvW (GpIb-IX). A doença é autossô- ência de proteínas nos grânulos alfa, que ocorre tanto em
mica recessiva, afeta homens e mulheres igualmente e em plaquetas quanto nos megacariócitos. Entre essas proteínas
geral aparece sem histórico familiar de sangramento. Os estão fator IV plaquetário, E-tromboglobulina, fibrinogênio
sintomas são variáveis e por isso o histórico familiar é um e fator de crescimento derivado da plaqueta. Por causa
guia inadequado para excluir o diagnóstico. O tratamento dessa deficiência, a zona periférica se mostra cinza e larga.
com transfusão plaquetária é utilizado terapeuticamente, Comumente, nos estudos da função plaquetária há uma
podendo também resultar em aloimunização(18, 29, 102). deficiência na agregação induzida por trombina e a trans-
fusão plaquetária pode ser necessária em sangramentos
Desordens granulares severos(75).
São desordens relacionadas a um grupo heterogêneo de Desordem de Quebec – Desordem autossômica domi-
doenças nas quais existe uma anormalidade na capacidade nante que está associada à deficiência da agregação ante
das plaquetas em estocar moléculas dentro dos grânulos(22). a epinefrina. Particularmente, as plaquetas apresentam
Essas doenças podem ser associadas ou não a desordens um defeito na lise do conteúdo protéico dos grânulos alfa
sistêmicas. Entre as desordens de estocagem associadas a e na multimerina D-granular, uma proteína ligada ao fator
desordens sistêmicas podemos citar: V dentro do grânulo, conduzindo a um decréscimo do
Síndrome de Hermansky-Pudlak – Desordem autos- conteúdo desta e de outras proteínas, como o fibrinogênio
sômica recessiva, associada ao albinismo oculocutâneo e e o FvW(75).
caracterizada pelo sangramento desordenado por tempo
prolongado. Os grânulos densos apresentam anormalidades Deficiências de secreção
com ausência de ADP de origem metabólica nas plaquetas. Maior grupo de deficiências do funcionamento das pla-
Estudos das funções plaquetárias mostram agregação defi- quetas, composto de desordens heterogêneas causadas por
ciente diante do colágeno(48, 106, 110). anormalidades na transdução de sinal de membrana, vias
Síndrome de Chediak-Higashi – Rara desordem autossô- metabólicas, nos mecanismos de secreção ou nas estruturas
mica recessiva caracterizada por grânulos grandes e anormais, envolvidas diretamente na secreção do conteúdo granular
mas similares aos encontrados em melanócitos, leucócitos e após a ativação plaquetária(22). Essas deficiências estão asso-
fibroblastos. Está associada ao albinismo oculocutâneo parcial, ciadas ao tempo de sangramento prolongado e a um perfil
com freqüente recorrência de infecções piogênicas e tempo in vitro de agregação anormal diante de ADP, epinefrina e
de sangramento prolongado. Nessa deficiência ocorre um colágeno, com onda secundária ausente ou imperceptível.
decréscimo do número de grânulos densos e agregação Nessa síndrome há um significativo comprometimento na
anormal associada a uma tendência ao sangramento, mas liberação do ADP, apesar de os conteúdos granulares serem
com manutenção do número normal de plaquetas(36). normais. Muitos pacientes com liberação deficiente podem
Síndrome de Wiskott-Aldrich – Rara desordem reces- ser tratados com DDAVP/Stimate®, um análogo sintético
siva relacionada ao cromossomo X e caracterizada por da vasopressina(75).
trombocitopenia com presença de plaquetas menores. Há
sangramento em associação ao funcionamento anormal e Anormalidades em fatores plasmáticos que
queda do número das plaquetas. Em alguns pacientes essa afetam o funcionamento plaquetário
síndrome é descrita como uma deficiência de estocagem. Desordem de von Willebrand – Deficiência na produ-
Pacientes afetados possuem histórico de infecções recor- ção do fator de von Willebrand que provoca sangramento
rentes, eczema em exames físicos e testes laboratoriais que mucocutâneo. A desordem possui uma característica
revelam a ausência de isoemaglutamina e deficiências imu- dominante autossômica que afeta igualmente ambos os
nológicas associadas. O tratamento do sangramento agudo sexos. Entretanto, observa-se que essa patologia pode ser de
consiste em transfusão de plaquetas, sendo o transplante origem congênita ou adquirida, visto que a estenose aórtica,
de medula óssea considerado possível tratamento definitivo bem como quaisquer lesões vasculares que aumentem o
para esses pacientes(15, 63). shear stress da parede dos vasos arteriais, pode levar a um
Entre as desordens de estocagem não-associadas à distúrbio de von Willebrand por fragmentação da estrutura
desordem sistêmica podemos citar: multimérica dessa molécula. Anormalidades no fator VIIIa,

326
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

nos antígenos e na atividade do FvW são observadas na Todas essas patologias envolvem a oclusão vascular com
análise dos fatores da coagulação(21, 74). participação direta das plaquetas (25, 65, 73, 92, 95, 98, 108, 109).
Afibrinogenemia – Rara desordem recessiva autossômi- Define-se como oclusão arterial aguda o bloqueio da
ca, na qual existem níveis de fibrinogênio extremamente passagem do sangue por uma artéria terminal, ocasionando
baixos ou ausentes, e que também pode surgir de forma uma insuficiência sangüínea tissular com perturbações do
adquirida. Em alguns pacientes, o quadro pode estar asso- metabolismo celular nas áreas afetadas. O quadro clínico
ciado a tempo de sangramento prolongado, decréscimo isquêmico poderá ter maiores ou menores conseqüências,
do número de plaquetas e perfil anormal de agregação dependendo da artéria ocluída, da intensidade da isquemia,
plaquetária. A ausência ou severa deficiência de fibrino- do tempo de evolução do quadro isquêmico e da presença
gênio no plasma leva ao comprometimento da interação de circulação colateral de suplência. De acordo com a área
plaqueta/plaqueta(60). comprometida serão determinados o déficit circulatório,
sua viabilidade e o risco de vida do paciente. Devido a esse
risco, a determinação da causa e a desobstrução do vaso
Anormalidades na interação plaquetária com
deverão ser feitas o mais precocemente possível, para que
fatores de coagulação
se obtenha a reversão do quadro e resultados favoráveis
Síndrome de Scott – Nessa síndrome as plaquetas pos-
nas situações específicas(27, 35).
suem uma anormalidade na expressão da fosfatidilserina
No caso da trombose venosa há uma associação tradi-
da membrana plasmática. Sem esse fosfolipídio há um
cional com o coágulo vermelho que apresenta hemácias e
comprometimento da ligação dos complexos de FVa e X e
grande quantidade de fibrina. Esse processo trombótico é
fatores VIIIa e IXa, resultando em uma ativação deficiente
geralmente iniciado pela ativação da cascata de coagulação.
do fator X e da protrombina, bem como uma diminuição
Em contraste, o trombo arterial, aderido a lesões escleró-
da formação de fibrina dependente de plaqueta e da ati-
ticas, é rico em plaquetas, tendo aparência de um trombo
vidade do fator III(21).
branco. Esse conceito simples tem importantes implicações
Existem ainda as doenças congênitas envolvendo terapêuticas. O trombo vermelho é tradicionalmente tratado
várias macrotrombocitopenias, como as síndromes de com anticoagulantes, como a heparina e a warfarina, devido
May-Hegglin, de Fechtner, de Sebastian e de Epstein, que à relação direta com a coagulação; a inibição plaquetária
envolvem mutações no gene MYH9 e que recentemente tem sido o alvo utilizado no tratamento da síndrome coro-
foram consideradas uma única doença com espectro clínico nária aguda causada pelo trombo branco(91, 95).
heterogêneo, variando de uma leve macrotrombocitopenia
Atualmente, muitas drogas têm sido utilizadas como
e presença de inclusões em leucócitos até formas severas agentes antiplaquetários no tratamento da trombose ar-
com perda de audição, catarata e/ou micro-hematúria que terial. O medicamento mais comumente utilizado ainda é
podem levar a falência renal(6).Outras síndromes podem o ácido acetilsalicílico (aspirina), embora se possa também
envolver anormalidades na expressão de glicoproteínas de prescrever outros agentes orais, como ticlopidina, clopidro-
membrana como GpIbE (síndrome velocardiofacial), GpIV gel, ou dipiridamol, ou drogas antiplaquetárias intravenosas,
(anomalia GpIV), GpIa, Ic e IIa (síndrome da insuficiência como abciximab ou eptifibatibe, enquanto o paciente está
mitral) e a calpaína (síndrome da plaqueta Montreal). sob procedimento angioplástico(16, 17, 20, 28). Cada agente
Existem ainda a macrotrombocitopenia hereditária e a afeta as plaquetas de modo diferenciado, podendo apre-
mediterrânea, que ainda necessitam ter sua patogenia sentar efeitos colaterais únicos. Contudo, todos causam
determinada(3, 53). redução em ambos os processos (de adesão plaquetária e
de formação do trombo)(35, 57).
As drogas antiplaquetárias são diferentes dos anticoagu-
Trombose arterial x tratamento
lantes, como a warfarina ou a heparina. Os anticoagulantes
Além das complicações de caráter hereditário, vale res- atuam especificamente sobre os fatores da coagulação e sua
saltar que as plaquetas desempenham papel importante na produção, não afetando diretamente as plaquetas. Portan-
aterogênese e no desenvolvimento das complicações ditas to, se o paciente estiver tomando um anticoagulante, sua
isquêmicas, como a trombose coronária arterial e outras substituição por um outro medicamento com característica
doenças cardiovasculares, como síncope, doença vascular antiplaquetária, como é o caso da aspirina, é extremamente
periférica e quadros relacionados com diabetes mellitus. discutível(57).

327
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

Os agentes antiplaquetários são utilizados para tratar clínica em trombose arterial (doenças arteriais cardíacas e
diversos problemas cardiovasculares. No caso da aspirina, cerebrais), associada a medicamentos para prevenção da
ela pode ser recomendada para prevenir infarto agudo do irritação da mucosa gástrica (por exemplo: drogas inibi-
miocárdio. A aspirina inibe a agregação plaquetária, agindo doras de H2).
de forma preventiva nos eventos trombóticos cardiovas- Os inibidores seletivos da COX2, enzima envolvida
culares, tornando-se o medicamento cardiovascular mais diretamente em processos inflamatórios que são rotinei-
utilizado devido tanto à relação risco/benefício quanto à ramente utilizados para o tratamento de artrite devido à
custo/benefício. A aspirina e outros agentes antiinflama- ausência de toxicidade gástrica, não são substitutos acei-
tórios não-esteroidais (AINES) inibem o metabolismo do táveis para a aspirina em pacientes necessitando de terapia
ácido araquidônico através da inativação da enzima ciclo- antiplaquetária para proteção cardíaca(7). Esses inibidores
xigenase(14, 57) (Figura 4). não atuam sobre a produção de TXA2 e apresentam riscos
Normalmente, o ácido araquidônico, gerado a partir dos cardiovasculares importantes devido a seus efeitos colaterais
fosfolipídios de membrana, tem acesso ao sítio catalítico da sobre o endotélio(39).
cicloxigenase plaquetária (COX-1), sendo convertido em Ao limitar a habilidade das plaquetas de se agregarem,
prostaglandina (PGG2) (Figura 4). Posteriormente a PGG2 as drogas antiplaquetárias ajudam a prevenir a formação
é catalisada a TXA2 pela tromboxano sintase, promoven- de trombos que podem bloquear os vasos sangüíneos e
do vasoconstrição e agregação plaquetária (Figura 4). A levar ao infarto agudo do miocárdio ou ao acidente vascular
aspirina age através da acetilação irreversível do resíduo cerebral (AVC). Em pacientes de alto risco, a aspirina diminui
de serina na posição 530 no interior do canal hidrofóbico, o risco do primeiro infarto agudo do miocárdio em até 20%,
bloqueando assim o acesso do ácido araquidônico ao sítio podendo ainda reduzir o risco de uma recorrência em cerca
catalítico e evitando o metabolismo do mesmo durante o de 30%. Similarmente, um agente antiplaquetário pode
tempo de vida da plaqueta (Figura 4)(11, 14). Outros AINES de reduzir o risco de AVC recorrente ou acidente isquêmico
baixa seletividade são reversíveis, agindo como inibidores transitório, podendo ainda prevenir a oclusão de vasos
competitivos do sítio catalítico da cicloxigenase (COX), que foram previamente desobstruídos com stent. Novas
inibindo a agregação plaquetária somente durante o in- evidências clínicas e experimentais sugerem que agentes
tervalo das doses(7, 14). antiplaquetários, desprezados no tratamento da embolia
O uso da aspirina para prevenção primária em pacien- pulmonar aguda, podem prevenir a iniciação e a propa-
gação do trombo venoso, minimizando as conseqüências
tes de baixo risco continua controverso devido ao risco
adversas fisiológicas da embolia pulmonar aguda(95).
de sangramento gastrintestinal e episódios hemorrágicos,
que podem não compensar os benefícios na prevenção de A resistência à aspirina tem sido descrita na literatura
eventos cardiovasculares raros(81). Contudo, em pacientes e pode ser definida, em termos laboratoriais, como uma
cujo risco estimado para um evento cardiovascular seja ineficiência da aspirina em inibir a produção de TXA2 ou
maior do que 1% ao ano, a terapia com aspirina para pro- função plaquetária dependente de TXA2 (p. ex.: agregação
teção cardiovascular é uma recomendação indicada(7, 57, 111). plaquetária); ou, em termos clínicos, como a ineficiência da
Assim, a utilização da aspirina se tornou rotineira na prática aspirina em prevenir eventos isquêmicos e aterotromboem-
bólicos em pacientes usuários de aspirina(34). No ambiente
hospitalar essa síndrome de não-responsividade à aspirina
refere-se principalmente à ineficiência do tratamento
utilizando a aspirina, já que, apesar de a aspirina reduzir a
trombose arterial (10% a 20%), alguns dos pacientes trata-
dos ainda sofrem pelo menos um evento trombótico arterial
recorrente durante tratamentos de longo prazo(7, 42, 69). Essa
resistência está significativamente associada ao aumento do
risco de infarto do miocárdio, acidente cerebrovascular e
morte em comparações entre pacientes resistentes e aqueles
sensíveis à aspirina (24% vs. 10%)(3).
Figura 4 – A aspirina e seu mecanismo. A: produção de ácido araquidônico e trom-
boxano A2, via metabólica-alvo da aspirina; B: enzima cicloxigenase ligada ao ácido
A resistência à aspirina pode ser resultante de diversos
araquidônico (acima) e à aspirina (abaixo) fatores, incluindo: a) variação na biodisponibilidade da aspi-

328
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

rina; b) disfunção plaquetária; c) polimorfismos; d) interação da trombose intrastent e do baixo rendimento desses
plaquetária com outras células sangüíneas ou moléculas; e) procedimentos(57). Os pesquisadores ainda trabalham no
uso de cigarro; f) excesso de adrenalina resultante de exer- desenvolvimento de testes e kits que avaliem mais facil-
cícios físicos ou estresse mental; h) biossíntese de PGF2D; i) mente as funções plaquetárias e a resposta individual aos
aumento de sensibilidade ao colágeno; e j) interferência de agentes antiplaquetários. Dessa forma, a escolha de um
outros AINEs, verificada em alguns doentes que possuem tratamento com maior eficiência e menor efeito colateral
níveis mais altos de tromboxano urinário, apesar de subme- para um determinado paciente poderá ser realizada com
tidos a altas doses de aspirina(3, 80). O processo de resistência maior precisão(3, 42, 52, 58, 73, 80).
não é exclusivo da aspirina, sendo também descrito para o
clopidogrel, que é uma tienopiridina com mecanismo de
ação totalmente diferente da aspirina, e para inibidores de Conclusão
glicoproteína IIb/IIIa. Apesar de anucleadas, as plaquetas apresentam um
Similar ao tratamento utilizando anticoagulantes, a papel importante no processo de hemostasia, estando di-
terapia antiplaquetária tem requerido monitoramento retamente envolvidas em diversas síndromes e patologias.
de testes sangüíneos, devido principalmente à elevada Assim, a plaqueta, seus receptores e enzimas se tornam
incidência de não-responsividade à aspirina e ao clopido- alvos terapêuticos importantes no desenho de novos me-
grel, bem como à resistência a inibidores de glicoproteína dicamentos para o tratamento de processos patológicos de
IIb/IIIa, que chega a atingir 25% dos pacientes submetidos alta incidência, como a trombose arterial. Portanto, uma
a angioplastia percutânea intraluminal e que contribui compreensão mais abrangente da plaqueta, suas funções,
para o outcome desses stents, participando da gênese sistemas e moléculas ainda se faz necessária.

Referências
1. ALBELDA, S. M. et al. Molecular and cellular properties of PECAM- 10. CANOBBIO, I.; BALDUINI, C.;TORTI, M. Signalling through the
1 (endoCAM/CD31): a novel vascular cell-cell adhesion platelet glycoprotein Ib-V-IX complex. Cell Signal, v. 16, n. 12,
molecule. J Cell Biol, v. 114, n. 5, p. 1059-68, 1991. p. 1329-34, 2004.
2. ALEVRIADOU, B. R. et al. Real-time analysis of shear-dependent 11. CATELLA-LAWSON, F. et al. Cyclo-oxygenase inhibitors and
thrombus formation and its blockade by inhibitors of von the antiplatelet effects of aspirin. N Engl J Med, v. 345, p.
Willebrand-factor binding to platelets. Blood, v. 81, n.5, p. 1809-17, 2001.
1263-66, 1993. 12. CICMIL, M. et al. Collagen, convulxin and thrombin stimulate
3. ALTMAN, R. et al. The antithrombotic profile of aspirin. Aspirin aggregation-independent tyrosine phosphorylation of CD31
resistance, or simply failure? Thromb J, v. 2, p. 1-8, 2004. in platelets. Evidence for the involvement of Src family
4. ANDREWS, R. K.; BERNDT, M. C. Platelet physiology and kinases. J Biol Chem, v. 275, p. 27339-47, 2000.
thrombosis. Thromb Res, v. 114, n. 5, p. 447-53, 2004. 13. CICMIL, M. et al. Platelet endothelial cell adhesion molecule-1
5. ASAZUMA, N. et al. Glycoprotein Ib von Willebrand factor signaling inhibits the activation of human platelets. Blood, v.
interactions activate tyrosine kinases in human platelets. 99, n. 1 p. 137-44, 2002.
Blood, v. 90, n. 12, p. 4789-98, 1997. 14. CLELAND, J. G. Preventing atherosclerotic events with aspirin.
6. BALDUINI, C. L.; IOLASCON, A.; SAVOIA, A. Inherited Br Med J, v. 324, n. 7329, p. 103-5, 2002.
thrombocytopenias from genes to therapy. Haematologica, 15. CUI, S. H. et al. A thiol proteinase inhibitor, E-64-d, corrects
v. 87, n. 8, p. 860-80, 2002. the abnormalities in concanavalin A cap formation and the
7. BATES, E. R.; LAU, W. C. Controversies in antiplatelet therapy lysossomal enzyme activity in leucocytes from patients with
for patients with cardiovascular disease. Circulation, v. 111, Chediak-Higashi syndrome by reversing the down-regulated
n. 7, p. 267-71, 2005. protein kinase C activity. Clin Exp Immunol, v. 125, n. 2, p.
8. BRYAN, R. M. et al. Endothelium-derived hyperpolarizing factor: 283-90, 2001.
a cousin to nitric oxide and prostacyclin. Anesthesiology, v. 16. CURTIN, R.; COX, D.; FITZGERALD, D. Clopidogrel and
102, n. 6, p. 1261-67, 2005. ticlopidine. In: MICHELSON, A. D. Platelets. California:
9. BRYANT, A. E. Biology and pathogenesis of thrombosis and Academic Press, 2002.
procoagulant activity in invasive infections caused by group 17. EISERT, W. G. Dipyridamole. In: MICHELSON, A. D. Platelets.
A Streptococci and Clostridium perfringens. Clin Microbiol Rev, California: Academic Press, 2002.
v. 16, n. 3, p. 451-62, 2003. 18. ERHARDTSEN, E. To general haemostasis: the evidence-based

329
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

route. Pathophysiol Haemost Thromb, v. 32, n. 1, p. 47-52, 39. HAYDEN, M. et al. Aspirin for the primary prevention of
2002. cardiovascular events: a summary of the evidence for the
19. FARNDALE, R. W. et al. The role of collagen in thrombosis and U. S. Preventive Services Task Force. Ann Int Med, v. 136, p.
haemostasis. J Thromb Haemost, v. 2, n. 1, p. 561-73, 2004. 161-72, 2002.
20. FARRÉ, A. L.; CARAMELO, C.; CASADO, S. Nuevos mecanismos 40. HE, S., EKMAN, G. J., HEDNER, U. The effect of platelets on
antiagregantes y vasodilatadores inducidos por la aspirina. fibrin gel structure formed in the presence of recombinant
Nefrología, v. 16, n. 4, p. 315-8, 1995. factor VIIa in hemophilia plasma and in plasma from a patient
21. FAVALORO, E. J. et al. Von Willebrand disease: laboratory with Glanzmann thrombasthenia. J Thromb Haemost, v. 3, n.
aspects of diagnosis and treatment. Haemophilia, v. 10, n. 4, 2, p. 272-9, 2005.
p. 164-8, 2004. 41. HEEMSKERK, J. W. et al. Platelet collagen receptors and
22. FLAUMENHAFT, R. Molecular basis of platelet granule secretion. coagulation. A characteristic platelet response as possible
Arterioscler Thromb Vasc Biol, v. 23, n.7, p. 1152-60, 2003. target for antithrombotic treatment. Trends Cardiovasc Med,
23. FURIE, B. C.; FLAUMENHAFT, R. A journey with platelet P-selectin: v. 15, n. 3, p. 86-92, 2005.
the molecular basis of granulate secretion, signaling and cell 42. HENNECKENS, C. H. et al. Terms and conditions: semantic
adhesion. Thromb Haemost, v. 86, n. 1, p. 214-21, 2001. complexity and aspirin resistance. Circulation, v. 110, p.
24. FURMAN, M. I. et al. Release of soluble CD40L from platelets 1706-8, 2004.
is regulated by glycoprotein IIb/IIIa and actin polymerization. 43. HIGUCHI, D. T. et al. The effect of leukocyte elastase on tissue
J Am Col Card, v. 43, n. 12, p. 2319-25, 2004. factor pathway inhibitor. Blood, v. 79, n. 7, p. 1712-19, 1992.
25. FUSTER, V. et al. The pathogenesis of coronary artery disease 44. ISRAELS, S. J. Platelet function in newborn. In: MICHELSON, A.
and the acute coronary syndromes. N Engl J Med, v. 26, n. D. Platelets. California: Academic Press, 2002.
4, p. 242-50, 1992. 45. ITALIANO, J. E.; HARTWIG, J. H. Megakaryocyte development
26. GAWAZ, M. et al. Ligand binding mediates integrin aIIb3 (platelet and platelet formation. In: MICHELSON, A. D. Platelets.
GP IIb/IIIa) dependent homotypic and heterotypic cell-cell California: Academic Press, 2002.
interactions. J Clin Invest, v. 8, p. 1128-34, 1991. 46. JACKSON, D. E. et al. The protein-tyrosine phosphatase SHP-
27. GAWAZ, M.; NEUMAN, F. J.; SCHÖMIG, A. Evaluation of 2 binds platelet/endothelial cell adhesion molecule-1
platelet membrane glycoproteins in coronary artery disease. (PECAM-1) and forms a distinct signaling complex during
Consequences for diagnosis and therapy. Circulation, v. 99, platelet aggregation. J Biol Chem, v. 272, n. 11, p. 6986-93,
n. 1, p. 1-11, 1999. 1997.
28. GEIGER, J. Inhibitors of platelet signal transduction as anti- 47. JACKSON, S. P. et al. Adhesion receptor activation of
aggregatory drugs. Expert Opin Investig Drugs, v. 10, p. phosphatidylinositol 3-kinase: Von-Willebrand-factor
865-90, 2001. stimulates the cytoskeletal association and activation of
29. GHOSH, K. et al. Co-existence of Bernard Soulier syndrome phosphatidylinositol 3-kinase and Pp60(C-Src) in human
and factor XI deficiency in a family: a unified pathology? platelets. J Bio Chem, v. 269, p. 27093-99, 1994.
Platelets, v. 16, n. 2, p. 85-9, 2005. 48. JELENSKA, M.; KOPEC, M.; BREDDIN, K. On the retraction
30. GIBBINS, J. et al. Tyrosine phosphorilation of the Fc receptor of collagen and fibrin induced by normal, defective and
gamma-chain in collagen-stimulated platelets. J Biol Chem, v. modified platelets. Haemostasis, v. 15, n. 3, p. 169-75, 1985.
271, n. 30, p. 18095-99, 1996. 49. JIN, R. C.,VOETSCH, B., LOSCALZO, J. Endogenous mechanisms
31. GIBBINS, J. M. et al. Glycoprotein VI is the collagen receptor in of inhibition of platelet function. Microcirculation, v. 12, n. 3,
platelets, which underlies tyrosine phosphorilation of the Fc p. 247-58, 2005.
receptor g-chain. FEBS Letters, v. 413, p. 255-59, 1997. 50. JONES, K. L. et al. Platelet endothelial cell adhesion molecule-1
32. GIBBINS, J. M. Platelet adhesion signaling and the regulation of is a negative regulator of platelet-collagen interactions. Blood,
thrombus formation. J Cells Sci, v. 117, p. 3415-25, 2004. v. 98, n. 5, p. 1456-63, 2001.
33. GINSBERG, M. H., LOFTUS, J. C. Platelets integrins. Thromb 51. KASIRER-FRIEDE, A. et al. Signaling through GP Ib-IX-V activates
Haemost, v. 74, p. 352-9, 1995. alpha IIb beta 3 independently of other receptors. Blood, v.
34. GRAEME, J.; HANKEY, J.; EIKELBOOM, W. Aspirin resistance. 103, n. 9, p. 3403-11, 2004.
Lancet, v. 367, 606-17, 2006. 52. KNOEPP, S. M.; LAPOSATA, M. Aspirin resistance: moving
35. GREGG, D.; GLODSCHIMIDT-CLERMONT, P. Platelets and forward with multiple definitions, different assays, and a
cardiovascular disease. Circulation, v. 188, p. 88-90, 2003. clinical imperative. Am J Clin Pathol, v. 123, p. 125-32, 2005.
36. GUNAY-AYGUN, M.; HUIZING, M.; GAHL, W. A. Molecular 53. KOTTKE-MARCHANT, K.; CORCORAN G. Laborator y
defects that affect platelet dense granules. Sem Thromb diagnosis of platelet disorder. Arch Pathol Lab Med, v. 126,
Haemost, v. 30, n. 5, p. 537-47, 2004. n. 1, p. 133-46, 2002.
37. HARTWIG, JH. Platelet structure. In: MICHELSON, A. D. Platelets. 54. KUIJPERS, M. J. E. et al. Complementary roles of platelets
California: Academic Press, 2002. glycoprotein VI and integrin alpha 2 beta 1 in collagen-
38. HATHAWAY, W. E.; GOODNIGHT, S. H. Hereditary platelet induced thrombus formation in flowing whole blood ex
function defects. In: HATHAWAY,W. E.; GOODNIGHT, S. H. vivo. FASEB J, v. 17, p. 372-94, 2003.
(Ed.) Disorders of haemostasis and thrombosis: a clinical guide. 55. LEVIN, J.The evolution of mammalian platelets. In: MICHELSON,
New York: Mc Grew-Hile, Inc. p. 94-102, 1993. A. D. Platelets. California: Academic Press, 2002.

330
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

56. LI, Z. Y. et al. A stimulatory role for cGMP-dependent protein 75. ORANGE, J. S. et al.The Wiskott-Aldrich syndrome. CMLS, v. 61,
kinase in platelet activation. Cell, v. 112, p. 77-86, 2003. n. 18, p. 2361-85, 2004.
57. LIND, S. E. The bleeding time. In: MICHELSON, A. D. Platelets. 76. OSTERUD, B.; BJORKLID, E. The tissue factor pathway in
California: Academic Press, 2002. disseminated intravascular coagulation. Sem Thromb Haemost,
58. LINDEN, M. D. et al. Application of flow cytometry to platelet v. 27, n. 6, p. 605-17, 2001.
disorders. Sem Thromb Hemost, v. 30, n. 5, p. 501-11, 2004. 77. PAINTER, R. G.; GINSBERG, M. H. Centripetal myosin
59. LISMAN, T. et al. Recombinant factor VIIa enhances deposition redistribution in thrombin-stimulated platelets: relationship
of platelets with congenital or acquired alpha IIb beta 3 to platelet factor 4 secretion. Exp Cell Res, v. 155, n. 1, p.
deficiency to endothelial cell matrix and collagen under 198-12, 1984.
conditions of flow via tissue factor-independent thrombin 78. PATEL, D. et al. Dynamics of GPIIb/IIIa-mediated platelet-platelet
generation. Blood, v. 101, n. 5, p. 1864-70, 2003. interactions in platelet adhesion/thrombus formation on
60. LOPEZ, J. A.; DEL CONDE, I.; SHRIMPTON, C. N. Receptors, collagen in vitro as revealed by videomicroscopy. Blood, v.
rafts, and microvesicles in thrombosis and inflammation. J 101, n. 3, p. 929-36, 2003.
Thromb Haemost, v. 3, n. 8, p. 1737-44, 2005. 79. PATIL, S.; NEWMAN, D. K.; NEWMAN, P. J. Platelet endothelial
61. LOSCHE, W. Platelets and tissue factor. Platelets, v. 16, n. 6, p. cell adhesion molecule-1 serves as an inhibitory receptor
313-19, 2005. that modulates platelet responses to collagen. Blood, v. 97,
62. LOUNES, K. C. et al. Fibrinogen Alès: a homozygous case of n. 6, p. 1727-32, 2001.
dysfibrinogenemia (gamma-Asp(330)oVal) characterized 80. PATRONO, C. et al. Drug therapy: low-dose aspirin for the
by a defective fibrin polymerization site «a». Blood, v. 96, n. prevention of atherothrombosis. N Engl J Med, v. 353, p.
10, p. 3473-79, 2000. 2373-83, 2005.
63. MARONE, G. et al. The Wiskott-Aldrich syndrome: studies of 81. PEDERSEN, A. K.; FITZGERALD, G. A. Dose-related kinetics of
platelets, basophils and polymorphonuclear leucocytes. Br J aspirin: presystemic acetylation of platelet cyclooxygenase.
Haematol, v. 62, n. 4, p. 737-45, 1986. N Engl J Med, v. 311, p. 1206-11, 1984.
64. MAZZUCATO, M. et al. Sequential cytoplasmic calcium signals 82. PLOW, E. F.; D’SOUZA, S. E.; GINSBERG, M. H. Ligand binding
in a 2-stage platelet activation process induced by the to GP IIb/IIIa: a status report. Sem Thromb Hemost, v. 18, p.
glycoprotein Ib alpha mechanoreceptor. Blood, v. 100, p. 324-32, 1992.
2793-800, 2002. 83. POOLE, A. et al.The Fc receptor gamma-chain and the tyrosine
65. MICHELSON, A. D. Platelet function testing in cardiovascular kinase Syk are essential for activation of mouse platelets by
diseases. Circulation, v. 110, p. 489-93, 2004. collagen. Eur Mol Biol Org J, v. 16, p. 2333-41, 1997.
66. MILNER, E. P.; ZHENG, Q.; KERMODE, J. C. Ristocetin- 84. PRICE, G. C.; THOMPSON, S. A.; KAM, P. C. Tissue factor and
mediated interaction of human von Willebrand factor with tissue factor pathway inhibitor. Anaesthesia, v. 59, n. 5, p.
platelet glycoprotein Ib evokes a transient calcium signal: 483-92, 2004.
observations with Fura-PE3. J Lab Clin Med, v. 131, n. 2, p. 85. RADMOSKI, M.W.; PALMER, R. M. J.; MONCADA, S. Endogenous
49-62, 1998. nitric oxide inhibits human-platelet adhesion to vascular
67. MOROI, M.; JUNG, S. M. Platelet glycoprotein VI: its structure and endothelium. Lancet, v. 2, n. 8567, p. 1057-58, 1987.
function (FC). Thromb Res, p. 114, n. 4, p. 221-33, 2004. 86. RATHORE, V. et al. PECAM-1 negatively regulates GPIb/V/IX
68. MOSESSON, M.W. Fibrinogen and fibrin structure and functions. signaling in murine platelets. Blood, v. 102, n. 10, p. 3658-64,
J Thromb Haemost, v. 3, n. 8, p. 1894-04, 2005. 2003.
69. MUKHERJEE, D.; NISSEN, S. E.;TOPOL, E. J. Cardiovascular events 87. REED, G. L. Platelet secretory mechanisms. Semin Thromb Hemost,
and COX-2 inhibitors. JAMA, v. 286, p. 2808-13, 2001. v. 30, n. 4, p. 441-50, 2004.
70. MUNDAY, A. D.; BERNDT, M. C .; MITCHELL, C . A. 88. REFFAI, M.A.; LAPOSATA, M. Platelet aggregation. In: MICHELSON,
Phosphoionositide 3-kinase forms a complex with platelet A. D. Platelets. California: Academic Press, 2002.
membrane glycoprotein Ib-IX-V complex and 14-3-3 zeta. 89. REGNAULT, V. et al. Phenotyping the haemostatic system by
Blood, v. 96, n. 2, p. 577-84, 2000. thrombography – potential for the estimation of thrombotic
71. MURUGAPPAN, S.; SHANKAR, H.; KUNAPULI, S. P. Platelet risk. Thromb Res, v. 114, n. 5, p. 539-45, 2004.
receptors for adenine nucleotides and thromboxane A2. 90. RELOU, I. A. M. et al. Platelet endothelial cell adhesion molecule-1
Sem Thromb Hemost, p. 30, n. 4, p. 411-18, 2004. (PECAM-1) inhibits low density lipoprotein-induced signaling
72. NESBIT, W. S. et al. Distinct glycoprotein Ib/V/IX and integrin in platelets. J Bio Chem, v. 278, n. 35, p. 32638-44, 2003.
alpha (Iib) beta (3)-dependent calcium signals cooperatively 91. ROSS, R.The pathogenesis of atherosclerosis: a perspective for
regulate platelet adhesion under flow. J Biol Chem, v. 277, n. the 1990’s. Nature, v. 362, p. 801-9, 1993.
4, p. 2965-72, 2002. 92. RUGGERI, Z. M. Mechanisms initiating platelet thrombus
73. NIESWANDT, B.; AKTAS, B.; MOERS, A. Platelets in formation. Thromb Haemost, v. 78, n. 1. p. 611-16, 1997.
atherothrombosis: lessons from mouse models. J Thromb 93. RUGGERI, Z. M. Platelets in atherothrombosis. Nat Med, v. 8, n.
Haemost, v. 3, n. 8, p. 1725-36, 2005. 11, p. 1227-34, 2002.
74. NURDEN, A. T.; NURDEN, P. Inherited disorders of platelet 94. SAVAGE, B.; SALDIVAR, E.; RUGGERI, Z. M. Initiation of platelet
function. In: MICHELSON, A. D. Platelets. California: Academic adhesion by arrest onto fibrinogen or translocation on von
Press, 2002. Willebrand factor. Cell, v. 84, n. 2, p. 289-97, 1996.

331
CASTRO, H. C. et al. Plaquetas: ainda um alvo terapêutico • J Bras Patol Med Lab • v. 42 • n. 5 • p. 321-332 • outubro 2006

95. SCHAFER, A.; EIGENTHALER, M.; BAUERSACHS, J. Platelet 105. TSUJI, M. et al. A novel association of Fc receptor g-chain with
activation in heart failure. Clin Lab, v. 50, n. 10, p. 559-66, glycoprotein VI and their coexpression as a collagen receptor
2004. in human platelets. J Biol Chem, v. 272, p. 23528-31, 1997.
96. SCHULZE, H.; SHIVDASANI, R.A. Mechanisms of thrombopoiesis. 106. VANHOORELBEKE, K. et al. Occurrence of the Asn45Ser
J Thromb Haemost, v. 3, n. 8, p. 1717-24, 2005. mutation in the GPIX gene in a Belgian patient with Bernard
97. SIXMA, J. J. et al. Platelet adhesion to collagen: an update. Thromb Soulier syndrome. Platelets, v. 12, n. 2, p. 114-20, 2001.
Haemost, v. 78, n. 1, p. 434-38, 1997. 107. WARE, J. Dysfunctional platelet membrane receptors: from
98. SOBIESZCZYK, P.; FISHBEN, M. C.; GOLDHABER, S. Z. Acute humans to mice. Thromb Haemost, v. 92, n. 3, p. 478-85,
pulmonary embolism: don’t ignore the platelet. Circulation, 2004.
v. 106, p. 1748-49, 2002. 108. WARRIER, I.; LUSHER, J. M. Congenital thrombocytopenias.
99. STASSEN, J. M.; ARNOUT, J.; DECKMYN, H. The hemostatic Curr Opin Hematol, v. 2, n. 5, p. 395-401, 1995.
system. Curr Med Chem, v. 11, n. 17, p. 2245-60, 2004. 109. WATALA, C. Blood platelet reactivity and its pharmacological
100. STRUKOVA, S. Blood coagulation-dependent inflammation. modulation in (people with) diabetes mellitus. Curr Pharm
Coagulation-dependent inflammation and inflammation- Des, v. 11, n. 18, p. 2331-65, 2005.
dependent thrombosis. Front Biosci, v. 11, n. 1, p. 59-80, 110. WHITE, B. N.; COX, A. C.; TAYLOR, F. B. J. The procoagulant
2006. effect of platelets on conversion of prothrombin to
101. THAI, L. M. et al. Physical proximity and functional interplay thrombin in nonanticoagulated plasma. J Lab Clin Med, v. 95,
of PECAM-1 with the Fc receptor Fc gamma RIIa on the n. 6, p. 827-41, 1980.
platelet plasma membrane. Blood, v. 102, n. 10, p. 3637-45, 111. WU, K. K.; MATIJEVIC-ALEKSIC, N. Molecular aspects of
2003. thrombosis and antithrombotic drugs. Crit Rev Clin Lab Sci,
102. THOLOULI, E. et al. Acquired Glanzmann’s thrombasthenia v. 42, n. 3, p. 249-77, 2005.
without thrombocytopenia: a severe acquired autoimmune 112. YAP, C. L. et al. Synergistic adhesive interactions and signaling
bleeding disorder. Br J Haematol, v. 127, n. 2, p. 209-13, mechanisms operating between platelet glycoprotein Ib/IX
2004. and integrin alpha (IIB) beta (3). Studies in human platelets
103. TORTI, M. et al. Rap1B and Rap2B translocation to the and transfected Chinese hamster ovary cells. J Biol Chem, v.
cytoskeleton by von Willebrand factor involves Fc gamma 275, p. 41377-88, 2000.
II receptor-mediated protein tyrosine phosphorylation. J Biol 113. YIP, J. et al. Primary platelet adhesion receptors. IUBMB Life, v.
Chem, v. 274, n. 19, p. 13690-97, 1999. 57, n. 2, p. 103-8, 2005.
104. TRUMEL, C. et al. Platelet aggregation induced by the C- 114.YUAN,Y. P. et al.The von Willebrand factor-glycoprotein Ib/V/IX
terminal peptide of thrombospondin-1 requires the docking interaction induces actin polymerization and cytoeskeletal
protein LAT but is largely independent of alphaIIb/beta3. J reorganization in rolling platelets and glycoprotein Ib/V/IX-
Thromb Haemost, v. 1, n. 2, p. 320-9, 2003. transfected cells. J Biol Chem, v. 274, n.51, p. 36241-51, 1999.

Endereço para correspondência


Helena Carla Castro
Laboratório de Antibióticos, Bioquímica e
Modelagem Molecular (LABioMol)
Departamento de Biologia Celular e Molecular,
Instituto de Biologia
CEG – Universidade Federal Fluminense (UFF)
CEP 24001-970 – Niterói-RJ
Tel.: (21) 2629-2294
e-mail: hcastrorangel@vm.uff.br

332

Potrebbero piacerti anche