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22.09.2005
(Teórica)
O direito potestativo é o poder jurídico de, por um acto de sua vontade, ou por
um acto de autoridade pública (entidade judicial), produzir efeitos jurídicos que se
impõem à contraparte.
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Direito das Obrigações
AUTONOMIA E PATRIMONIALIDADE
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Direito das Obrigações
Art.º 496º CC: indemnização dos danos não patrimoniais. Este Art.º encontra-se
na parte da responsabilidade não contratual, mas deve aplicar-se por analogia à
responsabilidade contratual.
As obrigações não patrimoniais têm garantia.
28.09.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
RETER:
* deve-se optar por uma concepção ampla da relação obrigacional
complexa;
* a inobservância dos deveres de protecção dá origem a uma
responsabilidade especial entre a contratual e extracontratual;
* regime jurídico desta responsabilidade intermédia.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
29.09.2005
(Teórica)
C. Excepções
1. EXCEPÇÕES:
a. Processuais: fundam-se em razões de direito adjectivo, ou direito
processual: são factos que obstam à apreciação do mérito da acção.
b. Materiais: fundam-se em razões de direito substantivo: concretizam-
se em factos imperativos, modificativos ou extintivos do direito
invocado pelo autor.
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Direito das Obrigações
3. EXCEPÇÕES:
a. Em sentido geral: são os meios indirectos de defesa que podem ser
conhecidos oficiosamente pelo tribunal (pex, nulidade de negócio
jurídico ou caducidade de um direito)
b. Em sentido específico: são os meios indirectos de defesa que têm de ser
invocados (pés, excepções de prescrição que devem ser invocadas para
produzir efeitos).
D. Ónus
E. Expectativas jurídicas
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Direito das Obrigações
Art.º 398º n.º 2 CC: descreve o aspecto funcional dos direitos de crédito.
O texto deste artigo corresponde ao Art.º 1322º do CC italiano (que entrou em
vigor em 1942): os juízes portugueses optaram por uma interpretação restritiva: o nosso
Art.º 398º n.º 2 exige apenas que se esteja perante um interesse sério do credor.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
A.
Obrigações de sujeitos determinados: quando o credor e
devedor estão individualizados no momento da
constituição da relação obrigacional;
Obrigações de sujeitos indeterminados: quando o credor e
devedor não estão individualizados no momento da
constituição da relação obrigacional. Os sujeitos
determinam-se posteriormente.
Art.º 511º CC: sujeito activo indeterminado desde que este seja determinável.
Art.º 459º CC: caso das Finanças Públicas: são casos paradigmáticos de sujeitos
activos indeterminados. O Art.º 511º permite as obrigações de sujeitos activos
indeterminados, mas não de sujeitos indetermináveis.
b.
Obrigações singulares: quando há um só sujeito do lado
activo e um só sujeito do lado passivo: um só credor e um
só devedor.
Obrigações plurais: quando há vários sujeitos do lado
activo e vários sujeitos do lado passivo: vários credores e
vários devedores simultaneamente.
Quando há apenas vários credores é pluralidade activa.
Quando há apenas vários devedores é pluralidade passiva.
Quando há vários credores e vários devedores simultaneamente fala-se de
pluralidade dupla.
06.10.2005
(Teórica)
Obrigações conjuntas:
Parciárias: a prestação é fixada globalmente, mas a cada um dos
sujeitos cabe apenas uma parte do crédito ou débito comuns.
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Direito das Obrigações
Obrigações parciárias
Parciariedade Activa:
3 credores: A B C
1 devedor: D
Prestação (P): 3000 €
Cada um dos credores parciários só lhe pode exigir a parte que lhe cabe = 1000
€ cada um neste caso.
Parciariedade Passiva:
1 credor: A
3 devedores: B C D
P = 3000 €
O credor só pode exigir de cada devedor a parte que lhe cabe: A só pode exigir
de B 1000 €; 1000 € de C e 1000 € de D.
Parciariedade Dupla:
2 credores: A B
3 devedores: C D E
P = 3000 €
Nas obrigações parciárias, a obrigação divide-se pelo número de vínculos
correspondentes ao número de credores multiplicado pelo número de devedores.
REGIME DA SOLIDARIEDADE
Solidariedade Activa:
3 credores: A B C
1 devedor: D
P = 3000 €
Cada um dos credores pode exigir do devedor a prestação integral. Feita a
prestação a um deles, a obrigação extingue-se.
A diferença é que na parciariedade cada um exigia a sua parte (1000 €); aqui,
cada um pode exigir a totalidade (os 3000 €).
Solidariedade Parcial:
1 credor: A
3 devedores: B C D
P = 3000 €
O credor pode exigir a prestação integral de cada um dos devedores.
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Direito das Obrigações
Solidariedade Dupla:
2 credor: A B
3 devedores: C D E
P = 3000 €
Cada um dos credores pode exigir a prestação integral a cada um dos devedores.
Art.º 512 n.º 2 CC: a obrigação não deixa de ser solidária pelo facto dos
devedores responderem de forma diferente.
O alcance desta regra esclarece-se assim: há um acidente de viação: A, devido a
uma falha dos travões, provoca danos numa coisa. Nos termos do Art.º 503º, A é
responsável por ser detentor do automóvel. O produtor é responsável nos termos do D-L
383/89, de 3 de Novembro.
Há uma responsabilidade solidária do produtor e do detentor: Art.º 487º e ... .
Detentor e produtor estão, todavia, obrigados em termos diferentes.
Consideremos os danos em 10000 €. O detentor responde por todos os danos; o
produtor não. O D-L 383/89 consagra uma franquia de 500 €: só responde o produtor
pelos danos em coisas de valor superior a 500 €: o produtor terá o dever de indemnizar
no valor de 9500 €.
Art.º 512º n.º 2: a solidariedade restringe-se à parte comum da responsabilidade:
relativamente aos 9500 €.
Efeitos da solidariedade
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
12.11.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
REGIME DA IMPOSSIBILIDADE
parcial:
o definitiva: dá origem a uma nulidade
parcial do negócio jurídico:
nulidade do negócio jurídico: Art.º
208 n.º 1 + 401º
nulidade parcial: Art.º 292º:
nulidade parcial do negócio não
determina a nulidade de todo o
negócio. Isto excepto se as partes
mencionarem que só concluiriam o
negócio se ele estivesse rodo em
ordem.
o Temporária: em regra, é nulidade parcial:
excepto os casos previsto no Art.º 401º n.º
2
parcial:
o definitiva: Art.º 802º: há lugar à
responsabilidade do devedor.
o temporária: responsabilidade do devedor
fundada na conjunção do Art.º 802º e 804º
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Direito das Obrigações
parcial:
o definitiva: nulidade parcial
o temporária: regime da nulidade parcial =
Art.º 401º n.º 2
Este é o mesmo esquema que o da impossibilidade absoluta, originária objectiva.
13.10.2005
(Teórica)
São 3:
1. possibilidade: possibilidade originária de prestação.
2. licitude: abrange a não contrariedade do acto à lei, à ordem pública e aos
bons costumes
3. determinabilidade: o objecto da relação obrigacional deve ser susceptível
de uma concretização ou individualização.
Duas conclusões:
1. as partes devem designar pelo menos a pessoa que há-de determinar a
prestação.
2. o negócio jurídico deve conter um mínimo de determinação para que o
juízo de equidade do Art.º 400º não se converta num juízo de ...
Art.º 883º CC: o aplicador de direito deve recorrer aos critérios legais de
determinabilidade; se não forem aplicáveis, deverá recorrer a juízos de equidade.
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Direito das Obrigações
constitutivos
modificativos
extintivos
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Direito das Obrigações
RESPONSABILIDADE CIVIL:
Pode ser por factos ilícitos ou por riscos.
Na responsabilidade por factos ilícitos deve-se distinguir:
há sistemas jurídicos baseados no princípio da tipicidade
há sistemas jurídicos baseados no princípio da atipicidade dos
factos ilícitos.
Os que se baseiam no princípio da tipicidade dizem que só há responsabilidade
civil nos casos expressamente previstos na lei: caso do direito inglês.
Os que se baseiam no princípio da atipicidade têm uma cláusula geral capaz de
abranger todos os sistemas de responsabilidade civil: caso do direito francês.
O sistema jurídico alemão procurou um meio termo distinguindo 3 pequenas
cláusulas gerais de responsabilidade civil (nem tão estreitas quanto as do princípio da
tipicidade, nem tão amplas quanto as do princípio da atipicidade:
I. Parágrafo 823º n.º 1: quem violar a vida ...
II. Parágrafo 823º n.º 2: quem violar uma disposição legal de prestação deve
indemnizar os danos
III. Parágrafo 826º: alarga isto aos casos onde se provocam danos de forma
dolosa.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
19.10.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
O Art.º 662º CPC permite que a acção de condenação seja proposta antes da
obrigação ser exigida.
Pex: A e B celebram um contrato onde A promete dar uma coisa a B em 2006.
Por qualquer razão, B tem dúvidas que A irá cumprir.
O Art.º 662º dá a possibilidade de propor já hoje uma acção que condene o
devedor a cumprir: acção de condenação.
No domínio do crédito, as acções de simples apreciação nunca serão propostas.
Neste domínio, a acção que nos interessa é a acção de condenação: Art.º 817º CC.
Nestas acções, o tribunal condena o devedor ao cumprimento. Esta condenação
pode não ser suficiente. O credor exige cumprimento e o devedor recusa-se; pode
também recusar mesmo sendo o tribunal a exigir o cumprimento.
Há meios criados e colocados à disposição do tribunal para forçar o devedor a
cumprir: um desses meios é o previsto no Art.º 829º-A CC: sanção pecuniária
compulsória.
O n.º 4 desse artigo não tem nada a ver com uma sanção pecuniária compulsória:
está aqui por engano.
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Direito das Obrigações
Para obrigações de prestação de coisa, o credor pode exigir que a coisa lhe seja
entregue. O Art.º 828º contempla o caso das obrigações de prestação de facto não
fungível: pode ser realizado pelo devedor ou por terceiros: consiste em conceder ao
credor a faculdade de pretender que a prestação seja efectuada por terceiros.
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Direito das Obrigações
Composto por:
Princípio da responsabilidade ilimitada: Art.º 601º CC: pelo
cumprimento da obrigação respondem todos os bens susceptíveis
de penhora.
Princípio da igualdade: Art.º 604º CC: os credores encontram-se
no mesmo plano e têm o direito de ser pagos proporcionalmente
pelos bens do devedor.
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Direito das Obrigações
Garantia Privada
Realiza-se através de meios de coerção. Há 3 características destes meios:
Têm por função intimidar o devedor para que cumpra
Proporcionam ao credor a possibilidade de obter a satisfação do
seu direito sem intervenção do juiz
Pressupõem a possibilidade de cumprimento.
Destes meios destacam-se:
o Cláusulas gerais
o Excepções de não cumprimento
o Sinal
o Resolução do contrato
20.10.2005
(Teórica)
A garantia das obrigações naturais é muito ténue e decorre do Art.º 403º CC: a
sua interpretação tem de relacionar-se com o Art.º 473º + 476º CC: estes artigos dizem
que se alguém cumpre uma obrigação que não existe, tem o direito de exigir a
restituição do que entregou. “Repetição” significa “pedir de volta”.
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Direito das Obrigações
O Art.º 402º define as obrigações naturais em termos muito amplos. O seu texto
abrange todos os casos em que essas 3 características se reúnem:
Dever da ordem moral ou social
Não judicialmente exigível
Corresponde a um dever de justiça
Isto significa que o conceito de obrigação natural não se circunscreve aos casos
especificamente previstos na lei.
3 casos previstos na lei:
a) Dívida prescrita: deve-se distinção prevista no Art.º 303º CC: a
prescrição só é eficaz se for invocada por aquele a quem proveita. Se o
credor exige o cumprimento de uma dívida prescrita e o devedor não
invoca a prescrição, a obrigação continua a ser civil. Se o devedor
invocar a prescrição da dívida, aqui há uma obrigação natural: só nestes
casos é que é assim.
b) Dívida de jogo e aposta: Art.º 1245º CC: as dívidas de jogo e aposta são
fontes de obrigações naturais.
c) Deveres dos pais compensarem os filhos pelo trabalho prestado: Art.º
1895º CC: o cumprimento deste dever não pode ser judicialmente
exigido: é apenas uma obrigação natural.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
Art.º 403 n.º 1: excepção ao Art.º 476º: assim, supõe-se que quando há
incapacidade do devedor, dolo ou coacção, o Art.º 476º aplica-se.
A aplicação do Art.º 476º conduziria a resultados pouco razoáveis.
Pex: para caso de dolo ou coacção, a consequência é a anulabilidade (invocada
no prazo de 1 ano após data de cessação do vício).
Art.º 482º: no caso de dolo da obrigação natural.
Havendo incapacidade do devedor, dolo ou coacção, o devedor só tem o direito
potestativo de anulação do acto de cumprimento no prazo de 1 ano a partir da data de
cessação do vício.
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Direito das Obrigações
26.10.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
ATRIBUTO DE PREFERÊNCIA/PREVALÊNCIA
Este atributo consiste em o direito real prevalecer sobre qualquer direito sobre
coisa com eficácia relativa, mesmo constituído anteriormente, e prevalecer sobre
qualquer direito sobre a coisa com a eficácia absoluta, constituído posteriormente, desde
que com ele conflitua.
Duas regras diferentes deste atributo:
Um direito real prevalece sobre qualquer outro direito relativo sobre
a coisa, mesmo que constituído anteriormente.
Um direito real prevalece sobre qualquer outro direito sobre a coisa
com eficácia absoluta, desde que constituído posteriormente.
ATRIBUTO DA SEQUELA
Faculdade de o titular perseguir a coisa onde quer que ela se encontre, por
exemplo, reivindicando-a a um terceiro.
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Direito das Obrigações
II. Direitos reais têm como objecto imediato uma coisa; direitos de crédito têm
como objecto imediato uma prestação
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Direito das Obrigações
Art.º 407º CC: alude à figura dos direitos pessoais de gozo (estão entre os
direitos reais e direitos de crédito, não se sabendo bem onde os enquadrar).
Duas indicações do Art.º 407º:
Direitos pessoais de gozo proporcionam ao seu titular uso e
fruição de uma coisa.
Contrapõe os direitos pessoais de gozo e direitos reais de gozo.
Direitos pessoais de gozo: direito do locatário: direito pessoal de gozo sobre a
coisa da casa; contrato de promessa de compra e venda com entrega imediata da coisa: o
promitente comprador tem direito pessoal de gozo sobre a coisa.
A categoria dos direitos pessoais de gozo é controversa: são direitos
obrigacionais (de crédito) ou direitos reais?
Há quem considere que são obrigacionais e há quem ache que são direitos reais.
Também há quem defende que não são nem um nem outro, mas uma categoria de meio
termo.
Quanto aos direitos e deveres da zona periférica, não havia dúvidas quanto à sua
classificação como direitos de crédito.
O problema está na designação dos direitos do núcleo central.
Os critérios para distinguir direitos reais ou de gozo são essencialmente o facto
dos direitos reais serem direitos absolutos e os de crédito serem direitos relativos (I) e o
facto dos direitos reais terem como objecto imediato uma coisa e os direitos de crédito
terem como objecto imediato uma prestação (II). É com base nestes critérios que se
pode dizer se o direito pessoal de gozo propriamente dito é real ou de crédito.
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Direito das Obrigações
Os direitos pessoais de gozo são absolutos e têm como objecto imediato uma
coisa: isto leva a que se considerem como direitos reais.
O problema é que o Art.º 407º fala de direitos pessoais de gozo: p legislador
pretendeu contrapor os direitos pessoais de gozo e reais. Porquê?
Porque os direitos pessoais de gozo e reais de gozo estão subordinados a regimes
diferentes. Diferencia-os para subordinar os direitos pessoais de gozo a um regime
próprio. Os direitos pessoais de gozo são direitos de regime dualista ou misto: nem
subordinam integralmente ao regime dos direitos de crédito, nem ao regime dos direitos
reais.
O intérprete deve apreciar cada um dos aspectos dos dois regimes para
determinar as disposições em causa que se aplicam aos direitos pessoais de gozo.
Entre as disposições legais dos direitos reais aplicáveis aos direitos pessoais de
gozo estão os do Art.º 413º e 1287º CC.
Art.º 413º: as partes devem aluir eficácia real aos contratos de promessa. Deve o
interpretar-se de forma a abranger os direitos pessoais de gozo.
Art.º 1287º: usucapião: pode adquirir-se por usucapião um direitos pessoal de
gozo? Sim: este artigo aplica-se aos direitos pessoais de gozo.
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Direito das Obrigações
27.10.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
Abuso de direito
Mais exigente: pressupõe, para ser
Art.º 483º n.º 1 Art.º 334º aplicado, um excesso manifesto dos
limites da boa fé, bons costumes do
Menos exigente fim social.
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
02.11.2005
(Prática)
CASO
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Direito das Obrigações
com iguais características comercializado, sob outra marca, por B, empresa do mesmo
ramo.
Feitas as necessárias averiguações, veio A a apurar que B tinha insistentemente
assediado um dos seus mais qualificados técnicos, C, para lhe revelar a composição e
processos de fabrico do produto em causa, ao que ele, finalmente, acedeu mediante o
pagamento de avultada importância.
Quem responde e em que termos pela indemnização dos prejuízos sofridos por
A?
A quer indemnização.
Qual o instituto jurídico em que se funda a indemnização?
Responsabilidade extracontratual em relação à empresa B: entre A e B não há
relação contratual (logo, não há responsabilidade contratual).
A = exige indemnização ao técnico C com base na responsabilidade contratual
de C.
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Direito das Obrigações
A - - - - - - -> C
B
Teoria dos efeitos externos das obrigações: entende que o Art.º 483º, quando fala
na violação de direitos de outrem, refere-se, não só aos direitos absolutos, mas também
aos direitos relativos.
Qualquer pessoa que tivesse conhecimento do direito do credor deveria respeitá-
lo sob pena de poder ser responsabilizado perante o credor.
A teoria do efeito externo das obrigações é lógico, pois o terceiro que quisesse
negociar teria de indagar sobre os interesses contratuais dos outros.
Temos dois interesses nesta relação:
interesse do credor em cumprir o contrato
interesse do terceiro de não ser prejudicado na sua actividade por
relações contratuais alheias
A rejeição é suportada pela interpretação de alguns artigos do nosso CC:
Art.º 406º n.º 2: princípio da relatividade dos contratos: só
produzem efeitos em relação às partes. Não se coaduna com a
teoria dos efeitos externos das obrigações.
Art.º 413º e 421º: atribuição de eficácia real aos contratos de
promessa e pactos de preferência respectivamente (normalmente,
estes só têm eficácia obrigacional). A regra será contrária a esta
excepção de eficácia real.
Art.º 495º n.º 3: prevê o direito de indemnização a terceiros em
caso de morte ou lesão corporal. O lesante tem obrigação de
indemnizar a pessoa que recebia alimentos do lesado. Isto é o
efeito externo das obrigações, mas é um caso especial. A regra é
que as obrigações não têm efeito externo: argumento “a contrario
sensu”.
Art.º 794º e 803º n.º 1: “commodum” de substituição. Art.º 794º:
em casos impossibilidade de cumprimento não imputável ao
devedor, o credor pode substituir-se ao devedor e exigir
indemnização ao terceiro: este é um direito exercido em
substituição do devedor: o direito não é dele.
Art.º 1306º: princípio da taxatividade e tipicidade dos direitos
reais. As restrições que estão previstas na lei têm eficácia real em
relação a terceiros: as restrições previstas pelas partes apenas têm
eficácia obrigacional entre as partes.
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Direito das Obrigações
Como se responsabiliza um terceiro que fez com que o contrato não fosse
cumprido?
Através da figura do abuso de direito: referido expressamente no artigo do
anteprojecto de Vaz Serra.
Art.º 334º: preenchidos os seus requisitos, responsabiliza-se o terceiro.
CASO
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Direito das Obrigações
02.11.2005
(Teórica)
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Direito das Obrigações
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Direito das Obrigações
Requisitos do cumprimento:
1º Problema)
O primeiro problema que se coloca é saber quem pode fazer a prestação: Art.º
767º e 768º CC.
A resposta a este problema está no Art.º 767º do CC.
Este artigo contrapõe as prestações fungíveis (que podem ser realizadas por
pessoa diferente do devedor sem prejudicar interesses do credor) e prestações não
fungíveis (aquelas que só podem ser prestadas pelo devedor).
Para as prestações fungíveis, temos o Art.º 767 n.º 1: prestação pode ser
realizada pelo devedor ou terceiro.
Art.º 767º n.º 2: consagra duas excepções à regra da fungibilidade:
Casos de infungibilidade convencional: o credor não pode ser
constrangido a receber de terceiros a prestação quando for
convencionado expressamente que esta deve ser feita pelo
devedor. Deixa claro que o acordado deve ser expresso.
Admite casos de infungibilidade natural: fundada na natureza da
prestação. O credor não pode ser constrangido a receber de
terceiros a prestação quando a substituição do devedor por
terceiros o prejudique.
Art.º 768º - 592º: a sua conjugação leva a concluir que se o terceiro tiver
interesse em realizar a prestação, o credor deve aceitá-la; se não tiver interesse em
realizar a prestação, pode aceitá-la.
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Direito das Obrigações
Se tal não sucede, se o terceiro não pretendeu fazer nenhuma doação ao devedor,
deve-se distinguis as hipóteses:
Há uma sub-rogação legal nos termos do Art.º 592º: se o terceiro tiver
garantido o crédito ou se tiver interesse no cumprimento, fica sub-rogado
no interesse do credor.
Art.º 593º
Pex: entre A e B há um contrato de arrendamento. B decide subarrendar um
quarto a C.
A - - - 100€ - - - B
30 €
C
B deixa de pagar a renda a A: A tem o direito de resolver o contrato de
arrendamento, que implica a caducidade do subcontrato de arrendamento. C tem
interesse em pagar os 100 € de renda a A.
C tem interesse directo em realizar a prestação. Ocorre uma sub-rogação prevista
no Art.º 592º: C fica investido na posição de credor.
Não havendo sub-rogação, pode ocorrer uma cessão de créditos (Art.º
577º) ou sub-rogação voluntária pelo credor ou pelo devedor (Art.º 589º
e 590º).
A---------B
C: por qualquer razão quer realizar a prestação.
Pex: B pode dizer que C paga e cede-lhe os direitos ou paga e sub-roga-lhe
os direitos de A.
2º Problema)
Capacidade do autor da prestação: distingue-se entre os casos onde:
É o próprio devedor que realiza a prestação
É um terceiro que realiza a prestação
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Direito das Obrigações
1º Problema)
A quem pode a prestação ser feita?
O problema é resolvido pelos Art.º 769º e 770º.
O Art.º 769º enuncia a regra que a prestação deve ser feita ao credor ou ao seu
representante.
A prestação feita a terceiros não exonera o devedor: ele fica sujeito a ter de
realizar a prestação duas vezes: “quem paga mal, paga duas vezes”.
Exceptuam-se os casos do Art.º 770º
2º Problema)
Capacidade do credor: Art.º 764º n.º 2: exige a capacidade do credor: deve ser
capaz de receber a prestação.
Cumprimento feito por credor incapaz é inválido e anulável nos termos do Art.º
125º CC.
Anulação tem efeito que o credor restitua o que recebeu e que o devedor
continua obrigado a realizar a prestação.
Excepção: Art.º 764º n.º 2 2ª parte: o credor que deve 10000 € a uma criança de
10 anos: a criança guarda 2000 € para si e dá o resto do dinheiro ao pai. O devedor pode
opor-se ao pedido de anulação em relação aos 8000 €, devendo responder pelos 2000 €
do credor incapaz.
03.11.2005
(Teórica)
Requisitos:
1. Requisitos relativos ao autor da prestação
2. Requisitos relativos ao destinatário da prestação
49
Direito das Obrigações
Este requisito encontra-se no Art.º 768º CC: o devedor deve ter legitimidade
para dispor o objecto da prestação. Se prestar coisa alheia, o cumprimento será nulo.
A invalidade do cumprimento está sujeita a um regime especial.
O credor de boa fé tem o direito de impugnar o cumprimento.
O credor de má fé não tem o direito de impugnar o cumprimento.
O devedor de boa ou má fé só tem direito de impugnar o cumprimento se
oferecer uma nova prestação: Art.º 765º n.º 2.
Lugar da prestação
Regra geral está no Art.º 772º: a prestação deve ser realizada no lugar de
domicílio do devedor.
Há excepções que se aplicam:
1. quanto às obrigações de prestação de coisa móvel: aplica-se o Art.º 773º:
local onde a coisa se encontrar aquando a realização do negócio.
2. quanto às obrigações pecuniárias: aplica-se o Art.º 774º: a prestação deve
realizar-se no lugar de domicílio do credor.
Excepção às obrigações pecuniárias:
Art.º 885º: diz respeito às obrigações de pagamento do preço no
contrato de compra e venda: o preço deve ser pago no lugar de
entrega da coisa vendida.
Art. 1039º: pagamento de aluguer ou renda no contrato de
locação: o pagamento deve ser feito no local de domicílio do
devedor, ou seja, locatário.
Art.º 772º n.º 2: casos de mudança de domicílio do devedor.
Art.º 775º: casos de mudança de domicílio do credor.
Tempo da prestação
50
Direito das Obrigações
Obrigações Puras
Características fundamentais:
a. São a regra por força do Art.º 777º n.º 1 CC: consagra o princípio que as
obrigações são puras.
Havendo obrigações puras, o credor pode exigir a prestação a todo o tempo. O
devedor não tem de tomar ele próprio a iniciativa de oferecer a prestação (o devedor
pode esperar que o credor lhe exija o cumprimento).
O acto pelo qual o credor intima o devedor a cumprir a obrigação é a
interpelação.
Interpelação é a reclamação do cumprimento feita pelo credor ao devedor. É um
acto jurídico em sentido restrito: dentro destes, é um acto quase negocial. Aplicam-se as
disposições relativas aos negócios jurídicos por força do Art.º 295º CC.
A interpelação pode ser: Art.º 805º n.º 1:
Judicial: pode fazer-se através da citação do réu ou notificação
judicial
Extrajudicial: pode fazer-se por qualquer forma: normalmente,
carta registada com aviso de recepção.
As consequências da interpelação: a principal consequência é a constituição do
devedor em mora: fica atrasado no cumprimento.
51
Direito das Obrigações
Art.º 779º: consagra uma presunção de que o prazo foi estabelecido no interesse
do devedor.
INSOLVÊNCIA
Art.º 3º do Código da Insolvência: há dois conceitos:
Aplica-se a todos os sujeitos passivos de insolvência e define-a
como a impossibilidade do devedor cumprir as obrigações
vencidas
Aplica-se às pessoas colectivas e patrimónios autónomos ou
separados: sistema de superioridade manifesta do passivo sobre o
activo avaliado de acordo com as normas contabilísticas
aplicáveis.
DIMINUIÇÃO DE GARANTIAS
Relevantes são as diminuições de garantias especiais das obrigações.
Devemos distinguir consoante diminuição das garantias:
52
Direito das Obrigações
Imputação do Cumprimento
O problema é quando o devedor entrega ao credor uma quantia que não extingue
todas as dívidas que tem para com ele: é a imputação do cumprimento: quais as dívidas
ficarão extintas pelo pagamento de uma certa quantia?
Em relação à imputação do cumprimento, há 3 espécies de imputação:
a. Imputação convencional: por acordo das partes
b. Imputação pelo devedor: Art.º 783º
c. Imputação legal: por determinação da lei
Regime Jurídico
Art.º 786º e 787º
53
Direito das Obrigações
Face às regras gerais do ónus da prova, cabe ao devedor provar que cumpriu. Por
isso, o CC atribui ao devedor a faculdade de exigir quitação (= recibo) para mostrar que
cumpriu.
09.22.2005
(Prática)
Esta obrigação é solidária: significa que o credor pode exigir a qualquer um dos
devedores a totalidade da prestação.
A solidariedade passiva tem duas características:
o o credor pode exigir a totalidade da prestação a qualquer um dos
devedores: Art.º 512º n.º 1
o a realização da prestação por qualquer um dos devedores libera os
demais: Art.º 512º n.º 1
54
Direito das Obrigações
Pluralidade passiva:
o conjunta
parciárias: o credor exige de cada um dos devedores a sua
parte.
solidárias: dá a vantagem do credor poder exigir de cada
um dos devedores a totalidade da dívida.
o disjunta
55
Direito das Obrigações
CASO
D alega a prescrição: temos de fazer uma distinção: nos termos do Art.º 525º,
este é um meio de defesa: invocar a prescrição (521º):
se a dívida tiver prescrito em relação a todos os devedores, nos termos do
Art.º 521º n.º 2, e mesmo assim C pagou, não tem direito de regresso
sobre D (que invoca a prescrição).
Se a dívida tiver prescrito apenas a alguns dos devedores solidários,
aplica-se Art.º 521º n.º 1: aquele que paga pode exigir o direito de
regresso.
09.11.2005
(Teórica)
56
Direito das Obrigações
57
Direito das Obrigações
58
Direito das Obrigações
O regime da mora está no Art.º 804º n.º 1: o devedor responde pelo seu atraso na
prestação. O Art.º 792º n.º 1 exclui essa resposta do devedor quando é por causa não
imputável ao devedor.
Parcial:
Definitiva: Art.º 793º: duas situações:
Ou o credor tem interesse no cumprimento
parcial e exige o que for possível.
Ou o credor não tem interesse no cumprimento
parcial e resolve o contrato
Temporária: 792º + 793º: o devedor terá de +restar tudo
que puder agora, e prestar mais tarde o que puder prestar
mais tarde. O devedor não responde pelas consequências
do atraso.
Efeitos da Impossibilidade
59
Direito das Obrigações
60
Direito das Obrigações
10.11.2005
(Teórica)
O Art.º 799º opta pelo critério da culpa em abstracto: remete para as regras da
responsabilidade: neste caso, é o Art.º 487º n.º 2.
61
Direito das Obrigações
Segundo a teoria da condição sine qua non, seria o vendedor da vaca que pagaria
pelos danos.
62
Direito das Obrigações
A doutrina dominante tem sido criticada: vozes opostas são cada vez mais fortes.
A alternativa a esta doutrina é que em ambos os casos há lugar a indemnização
pelo interesse contratual positivo: os cálculos é que seriam diferentes:
B fica sem piano e recebe 8000
Para a segunda alternativa é que é diferente: entende que B
tem direito à indemnização pelo interesse contratual positivo
que se calcularia nos seguintes termos: B teria indemnização
de todos os prejuízos deduzida da sua prestação.
Prejuízos: 10000
Prestação: 8000
B teria direito a uma indemnização de 2000
63
Direito das Obrigações
Indemnização
Teoria dominante Teoria mais recente
1ª alternativa: 10000 1ª alternativa: 10000
Entre estas duas teorias, deve preferir-se a teoria mais recente: a indemnização
cumulável com a resolução do contrato deve ser uma indemnização pelo interesse
contratual positivo.
3) Commodum de substituição
64
Direito das Obrigações
16.11.2005
(Teórica)
Isto causou problemas: os danos são ou poderiam ser indemnizados duas vezes:
a partir do momento da citação e a partir do momento da sentença.
O STJ pronunciou-se sobre este problema no Ac. n.º 4/2002 de 9 de Maio:
colocou-se a questão de saber se o lesado deveria ou não ser indemnizado duas vezes?
NÃO: a função do dever de indemnizar não é coloca-lo em melhor situação do
que aquela que estaria se não tivesse havido dano, mas sim colocá-lo na mesma situação
que antes.
Colocou-se também a questão de saber se o lesado pode optar pelo cálculo das
indemnizações?
NÃO: não pode optar.
O STJ optou por uma interpretação restritiva dos Art.º 805º n.º 3 e 806º n.º 1.
Sempre que a indemnização pecuniária por facto ilícito ou por risco tiver sido
objecto de cálculo actualizado nos termos do Art.º 566º n.º 2, vence juros de mora por
efeito do Art.º 505º n.º 3 e 806º n.º 1, a partir da decisão actualizada e não a partir da
citação.
65
Direito das Obrigações
O STJ afastou a 2ª parte do n.º 3 do 805º: o STJ diz que só pode aplicar-se este
artigo nos casos onde o juiz, por qualquer razão, não pode atribuir uma indemnização
actualizada nos termos do Art.º 566º n.º 2.
A - - - vende carro - - - B
Devia entregar o carro em 1 de Novembro, mas não foi. Em 10 de Novembro foi
furtado. O efeito normal da perda do veículo seria a extinção da obrigação de A e B
continuaria adstrito ao pagamento do preço.
O Art.º 807º altera isto: a obrigação de A extingue-se por impossibilidade: o
dever de prestar de A converte-se em dever de indemnizar: aplicam-se, assim, as regras
do Art.º 798º e ss.
66
Direito das Obrigações
Cumprimento defeituoso
67
Direito das Obrigações
Estas duas cláusulas são válidas, sendo inválidas para o princípio da exclusão ou
limitação da responsabilidade em caso de dolo ou culpa grave.
Art.º809º: cláusulas pelas quais i credor renuncia aos direitos que lhe são
facultados, onde se inclui o direito à indemnização. O Art.º 809º proíbe todas as
cláusulas de exclusão ou limitação da responsabilidade: quer as por dolo ou por culpa
grave, como as por culpa leve.
Primeiro problema
A lei das Cláusulas Contratuais Gerais não pode permitir algo que, no domínio
dos cláusulas do direito civil, seja proibido.
68
Direito das Obrigações
Quanto à responsabilidade por dolo ou culpa grave pelo devedor, são proibidas;
de culpa leve por actos do devedor são permitidas.
16.11.2005
(Prática)
Nosso caso: é uma obrigação conjunta: a obrigação não resulta nem de contrato
das partes nem da lei (= solidária): logo é parciária.
69
Direito das Obrigações
Nosso caso: pretende extinguir a relação jurídica com eficácia retroactiva. Nos
termos do Art.º 934º, A pode resolver o contrato pois B não pagou duas prestações.
70
Direito das Obrigações
Art.º 763º: a prestação deve ser realizada integralmente e não por partes:
princípio da integralidade.
A eventual recusa de B pode fundamentar-se neste princípio, segundo o qual o
credor não pode ser forçado a receber a prestação por partes e o devedor não pode ser
forçada a efectuar a prestação por partes.
Mas há o princípio da boa fé: Art.º 762º n.º 2: o princípio da integralidade deve
ser harmonizado com o princípio da boa fé, segundo o qual as partes devem adoptar os
comportamentos de contraentes honestos e leais, de forma a facilitar a execução da
prestação pela contraparte.
A recusa de B em receber os 49 sacos: não será uma recusa legítima pois não
tem motivo justificado para isso e essa recusa prejudicaria os interesses de A.
Almeida Costa aplica analogicamente a estes casos o Art.º 802º n.º 2.
Também podemos invocar o abuso de direito do 334º: o credor tem direito a
recusar a prestação, mas não em qualquer circunstância que exceda manifestamente o
princípio da boa fé.
71
Direito das Obrigações
O 592º diz que o terceiro que cumpra a obrigação só fica sub-rogado nos direitos
do credor quando tiver garantido cumprimento, ou quando, por outra causa, estiver
directamente interessado na satisfação do crédito.
D está interessado no pagamento das rendas para evitar a caducidade do
subarrendamento.
Nos termos do Art.º 768º n.º 2 não é lícito ao credor recusar a prestação
efectuada por terceiro. A oposição de C é irrelevante porque pode ser sub-rogado.
D paga as rendas devidas por C e depois temos os efeitos do Art.º 593º: D fica na
posição de credor: relação obrigacional não se extingue: transmite-se!
17.11.2005
(Teórica)
Segundo problema
72
Direito das Obrigações
Art.º 809º + Art.º 800º n.º 2: confirmam o princípio que as cláusulas de exclusão
da responsabilidade por culpa grave do devedor são inválidas e as de exclusão da
responsabilidade por culpa leve são válidas.
CLÁUSULAS PENAIS
Cláusulas penais são uma convenção pela qual o devedor promete ao seu credor
uma prestação para o caso de não cumprir ou de não cumprir perfeitamente a sua
obrigação.
As cláusulas penais podem assumir uma função indemnizat+oria ou uma função
compulsória.
73
Direito das Obrigações
74
Direito das Obrigações
75
Direito das Obrigações
Coloca-se o problema do credor não ter de provar nada: pode o devedor mostrar
ele próprio que não houve dano ou que não há nexo de causalidade adequado entre o
facto os danos?
Pode sim: fazendo esta prova, não há dever de indemnizar.
A solução mais razoável para o problema é relacionar o Art.º 811º n.º 3 com o
Art.º 811º n.º 2.
Art.º 811º n.º 2 parte final: prevê uma convenção sobre o dano excedente. O
Art.º 811º n.º 3 só deverá ser aplicado às cláusulas penais indemnizatórias onde haja
uma convenção sobre a indemnização de dano excedente.
Deve concluir-se que o devedor não pode afastar o dever de pagar a pena
demonstrando a existência de prejuízos inferiores: só deverá ser feito se houver uma
desproporção manifesta.
Há 3 tipos de concursos:
concurso cumulativo: no concurso cumulativo entre dois ou
mais direitos, o titular dos direitos em causa pode exercê-los
todos em simultâneo.
concurso alternativo ou electivo: aqui, o titular dos direitos
deve optar por um ou por outro direito.
76
Direito das Obrigações
23.11.2005
(Teórica)
77
Direito das Obrigações
78
Direito das Obrigações
79
Direito das Obrigações
A Lei das Cláusulas Contratuais Gerais contém o Art.º 19º c): proíbe as
cláusulas penais desproporcionais aos danos a ressarcir.
O Art.º 12º diz que as cláusulas penais desproporcionais ao dano a ressarcir são
nulas.
A validade de uma cláusula penal só pode apreciar-se depois de haver dano de
não cumprimento; só pode haver não cumprimento depois da conclusão do contrato.
A norma geral, a validade de uma norma de um contrato avalia-se no momento
da sua produção. O Art.º 19º c) diz que essa validade se aprecia depois da conclusão do
contrato.
O Art.º 19º c) deve ser interpretado como se fossem cláusulas penais
desproporcionadas aos prejuízos previsíveis. Os danos a ressarcir só podem ser
determinados depois do não cumprimento. Deve haver uma interpretação extensiva do
Art.º 19º c).
ANÁLISE DO SINAL
80
Direito das Obrigações
23.11.2005
(Prática)
DEVEDOR
81
Direito das Obrigações
CREDOR
Quanto a este, interessa o 795º n.º 1: impossibilidade não imputável ao devedor
nem ao credor: o credor fica desobrigado da contraprestação e a obrigação do
empresário pagar o preço extingue-se. Se já pagou, tem direito à restituição nos termos
do enriquecimento se, causa (479º) = 795º n.º 1.
a)
82
Direito das Obrigações
b)
Se tivesse telefonado antes do acidente, haveria impossibilidade superveniente
(mas também objectiva e definitiva).
O contrato era válido: produziria os efeitos do 408º e 409º e 879º.
Contudo, ocorre o acidente e temos uma impossibilidade superveniente.
A é devedor da entrega da coisa: impossibilidade não imputável ao devedor:
790º: a obrigação de entrega da coisa extingue-se.
Quanto á obrigação de entrega da coisa de C: impossibilidade não imputável ao
credor: 796º n.º 1: no caso anterior, tínhamos uma prestação de facto (no cantor de
rock); aqui, temos uma prestação de coisa, e, se essa coisa perece por causa não
imputável nem ao credor nem ao devedor, o risco do perecimento da coisa corre por
conta do adquirente (C).
C não tem de pagar a coisa porque o risco corre por conta dele.
Caso n.º 14: incumprimento das obrigações; realização do fim da prestação por
outra via.
O barco desencalhou quando já B se aproximava do iate: não seria justo que não
se pagasse pelo menos as despesas de deslocação.
Antunes Varela aplica analogicamente o 468º n.º 1 (regime da gestão de
negócios). O credor (A) não tem de pagar o preço estipulado, mas não é justo que o
devedor (B) suporte as despesas do contrato que tinha combinado.
83
Direito das Obrigações
Neste caso, temos um prazo ou termo certo: nos termos do Art.º 805º, o facto da
obrigação não ter sido cumprida no prazo, faz com que tenhamos mora.
Art.º 804º: quando a prestação ainda é possível.
A perda da coisa não é imputável ao devedor: nos termos do Art.º 790º, implica
extinção da obrigação do devedor NADA DISSO: o facto de F estar em mora faz
como que haja uma perpetuação da sua obrigação.
84
Direito das Obrigações
24.11.2005
(Teórica)
1) Art.º 442º n.º 2 : 1ª regra: artigo mal formulado: começa com duas regras
para todos os sinais e continuam com regras para sinais específicos.
O Art.º 442 n.º 2 refere o não cumprimento imputável a uma das partes: sugere a
existência de regras aplicáveis ao sinal confirmatório.
Quando há sinal penitencial, não há propriamente não cumprimento: se o
contrato deixa de vincular não há propriamente não cumprimento.
Coloca-se o problema de saber quais as regras aplicáveis ao sinal penitencial.
85
Direito das Obrigações
Se fosse sinal confirmatório, não faz sentido que através dele posição do credor
saísse prejudicada.
O sinal penitencial e só ele constitui ou pode constituir uma convenção em
contrário da execução específica.
Os regimes jurídicos destes dois sinais são pelo menos diferentes nestes 3
aspectos.
86
Direito das Obrigações
87
Direito das Obrigações
2) inversão do risco: 815º: a mora do credor faz com que o credor fique
onerado quanto ao risco (o risco passa a correr por conta do credor).
Art.º 815º n.º 2: é importante: casos onde o contrato é bilateral.
O credor continua obrigado apagar ao devedor a contraprestação. O direito à
contraprestação do n.º 2 do Art.º 815º tem dois limites:
se o devedor tiver benefício com o não cumprimento
o devedor só fica impossibilitado pela mora do credor
Ver art.º!
88
Direito das Obrigações
30.11.2005
(Teórica)
Obrigação de indemnização: Art.º 562º e ss
89
Direito das Obrigações
1º problema:
Na culpa em concreto (ou em sentido subjectivo), há culpa quando a conduta do
agente é menos cuidadosa que a sua conduta normal ou habitual. O juízo de culpa em
concreto faz-se comparando o cuidado do agente em concreto com um parâmetro
constituído pelo cuidado normal desse agente.
Na culpa em abstracto (ou em sentido objectivo), há culpa quando a conduta do
agente é menos cuidadosa que a conduta de um Homem médio ou normal.
No primeiro caso, comparava-se o agente consigo próprio e no segundo
compara-se com a conduta do Homem médio.
Art.º 487º n.º 2: o CC aceita o critério da culpa em sentido abstracto: a conduta
do agente deve ser comparada com a conduta de um bom pai de família.
Este artigo usa algo que limita o critério do bom pai de família: deve usar o
termo com as circunstâncias em causa. Quando está em causa a apreciação da
responsabilidade de um advogado, deve-se ter como padrão o de um advogado médio, e
assim sucessivamente.
O critério da culpa em abstracto é o mais adequado: por 3 razões:
o critério da culpa em concreto levaria a desajustes: tem em conta a
conduta da própria pessoa, o que levaria a exigir-se muito das pessoas
normalmente muito cuidadosas e menos das pessoas normalmente
descuidadas
o critério da culpa em abstracto é o mais adequado à produção da
confiança dos indivíduos: cada pessoa deve confiar que os outros se
comportarão com o critério de normalidade válido para todos
problema da responsabilidade civil é um problema de danos: quando
alguém causa dano usando cuidado inferior ao normal deve responder
pelos danos
90
Direito das Obrigações
2º problema:
Culpa como deficiência da vontade: há culpa sempre que o agente não se esforce
o suficiente para evitar a produção do facto ilícito.
Culpa como deficiência da conduta: há culpa sempre que o agente não se
comporte como uma pessoa média ou normal.
A culpa como deficiência da vontade exige apenas que o agente se esforce por
cumprir os seus deveres. A culpa como deficiência da conduta exige mais: ou o agente
corrige os seus erros ou o agente não deve intervir no tráfico jurídico.
Princípio do risco: o CC não acolheu este princípio em termos gerais: esta não
escolha está explícita no n.º 2 do Art.º 483º. A responsabilidade do risco só ocorre nos
casos expressamente referidos na lei.
91
Direito das Obrigações
DANO
I.
Dano patrimonial: é o que se traduz numa diminuição ou não aumento do
património
Dano não patrimonial: todo o restante. Este conceito obtém-se por exclusão.
III.
Danos directos: são as consequências imediatas do facto ilícito
Danos indirectos: são as consequências mediatas ou remotas desse facto.
Pex: A parte montra de uma loja de chocolates e crianças aproveitaram isso para
roubar uns chocolates: aqui, há dano directo e indirecto.
V.
Danos presentes: são os que já se verificaram no momento da fixação da
indemnização.
Danos futuros: são aqueles que ainda não se verificaram nessa data ou momento.
Os danos futuros relevam para os Art.º 564º n.º 2 e 565º: compete ao juiz
condenar a indemnizar os danos futuros desde que previsíveis. O juiz tem, assim, duas
hipóteses:
se os danos futuros já forem determinados, o juiz obrigará o
lesante ao pagamento da indemnização
se não forem, o juiz obrigará o lesante ao pagamento de uma
indemnização provisória dentro do quantitativo já fixado
92
Direito das Obrigações
NEXO DE CAUSALIDADE
30.11.2005
(Prática)
93
Direito das Obrigações
Resposta à primeira parte de caso: pode resolver o contrato, nos termos do Art.º
801º n.º 2 por haver não cumprimento definitivo.
2ª parte do caso:
B resolve o contrato e conclui com C outro contrato.
Neste caso, temos uma indemnização:
pelo interesse contratual negativo: visa colocar o lesado na
situação em que estaria se o contrato não tivesse sido
celebrado
pelo interesse contratual positivo: visa colocar o lesado na
situação em que estaria se o contrato tivesse sido cumprido.
Se o contrato tivesse sido cumprido por A, B não teria tido despesas que teve
com C: esta é uma indemnização pelo interesse contratual positivo.
a)
A deve indemnizar B por danos causados pela perda da peça?
Temos aqui uma obrigação com prazo certo não essencial: se a obrigação não for
cumprida no prazo, há mora (804º).
805º n.º 2 a): em mora a partir do prazo do não cumprimento.
Consequências da mora:
94
Direito das Obrigações
b)
Se, na sexta-feira, o contrato já tivesse sido resolvido, B não teria de pagar o
preço a A: pode comprar a peça ao coleccionador sem ter de pagar a peça ao ª
Se não tivesse sido resolvido o contrato, A teria de pagar o preço a B.
c)
1ª hipótese: neste caso, estamos a falar de indemnização pelo não cumprimento
imputável ao devedor: sempre que possível, a indemnização é feita por uma restituição
natural.
95
Direito das Obrigações
07.12.2005
(Teórica)
NEXO DE CAUSALIDADE
A teoria da condição sine qua non diz que causa é igual a condição sine qua
non: causa é toda a condição sem a qual o dano não se verificaria.
O problema que se coloca é determinar como se identificam as condições sine
qua non.
As condições sine qua non identificam-se através de um processo de eliminação
intelectual: o juiz deve questionar-se o que aconteceria se o agente não tivesse feito
nada.
1ª alternativa: se não tivesse intervindo, a acção do agente deve considerar-se
como condição sine qua non.
2ª alternativa: a conduta do agente não é condição sine qua non ...
A Teoria da condição sine qua non foi criticada por expandir demais a
responsabilidade: e foi corrigida pela teoria da causalidade adequada.
96
Direito das Obrigações
A teoria da causalidade adequada parte da ideia que causa e condição sine qua
non são coisas diferentes: o conceito de condição sine qua non é mais amplo e o
conceito de causa é mais restrito. A teoria da causalidade adequada diz que a condição
sine qua non só deve ser tida como causa de um dano se, segundo a sua natureza
geral, se revela apropriada para o provocar.
A teoria da causalidade adequada diferencia dois problemas:
1º problema: problema da condicionalidade: consiste em determinar se o
facto é condição sine qua non do dano.
2º problema: problema da causalidade: determinar se tal condição sine qua
non, pela sua natureza geral, é ou não apropriada à produção de dano.
A formulação negativa é mais ampla por abranger os casos onde o facto não
favorece os riscos de produção do dano, mas os modifica.
As duas formulações conduzem a critérios diferentes de distribuição do ónus da
prova: a positiva coloca a cargo do lesado o ónus da prova da condicionalidade e da
causalidade: deve demonstrar que o facto é condição sine qua non do dano e que o
facto aumenta a causalidade do dano.
A formulação negativa conduz a critério diferente: coloca a cargo do lesado o
ónus da prova da condicionalidade: o lesado deve demonstrar que o facto é condição
sine qua non do dano; o lesante deve demonstrar que o facto, segundo a sua natureza
geral, era de todo indiferente para a produção de um dano: demonstrar que não há
nexo de causalidade.
97
Direito das Obrigações
2. a teoria da causalidade adequada tem duas formulações: por qual das duas
devemos optar?
O Art.º 563º não diz nada a este respeito.
O aplicador de direito tem liberdade de optar pela solução mais correcta:
acredita-se que na responsabilidade por factos ilícitos, deve preferir-se a formulação
negativa da teoria da causalidade adequada. No domínio da responsabilidade pelo risco
(independente da ilicitude e culpa) deve preferir-se a formulação positiva.
98
Direito das Obrigações
incapacitado nem inabilitado). A pessoa só pode celebrar negócio jurídico caso tenha
capacidade negocial nos termos dos Art.º 123º e ss.
Na responsabilidade extracontratual: Art.º 488º
Para uma pessoa se vincular através da produção de um facto ilícito basta ter
capacidade de entender e querer: excepto quando menor de 7 anos.
99
Direito das Obrigações
07.12.2005
(Prática)
Caso n.º 10: cumprimento e não cumprimento; princípio da boa fé; mora do
credor
C pede uma indemnização: pode fundar-se no Art.º 804º n.º 2: mora do devedor.
Foi estipulado prazo para o cumprimento, a prestação ainda é possível, mas não
foi cumprida no prazo estabelecido.
Estamos em caso de responsabilidade contratual e o direito à indemnização
depende do preenchimento dos pressupostos. Se C alegar e provar a existência de danos
em virtude do atraso, tem direito à indemnização por danos moratórios: 804º n.º 1 e 2 +
798º e ss.
805º n.º 2 a): temos uma obrigação com prazo certo: para saber a partir de que
momento está constituído em mora.
100
Direito das Obrigações
a)
Credor pode resolver o contrato nas situações de não cumprimento definitivo
imputável ao devedor: 801º n.º 2.
No dia 16/01, estamos em mora do credor: temos um não cumprimento
imputável ao credor: não é um não cumprimento definitivo.
Requisitos do Art.º 813º devem estar preenchidos para haver mora do credor.
Nosso caso, o credor não realizou os actos de cooperação necessários ao
cumprimento sem motivo justificado: C estava embriagado.
Nosso caso: não temos prazo fixado nem pelo devedor, nem pelo tribunal. A
mora do credor não se converteu em não cumprimento definitivo imputável ao credor.
Se houvesse fixação do prazo e conversão da mora em não cumprimento
definitivo, extinguir-se-ia a obrigação do devedor (790º n.º 1) e o credor não ficaria
desobrigado (795º n.º 2).
b)
Quanto ao direito à cria: B torna-se proprietário da égua no dia 10/01/98: Art.º
408º.
A cria é um fruto natural da égua: 1305º CC: B é proprietário da cria, assim
como é da égua.
101
Direito das Obrigações
B considera ter direito à cria: concluímos que tem razão. B reclama uma
indemnização: até dia 20 tínhamos uma situação de mora do credor; quando morre a
égua, tem impossibilidade definitiva do cumprimento. A indemnização que B reclama
fundamenta-se numa situação de não cumprimento definitiva imputável ao devedor, que
confere o direito à indemnização: 801º n.º 1.
Os requisitos da responsabilidade contratual estão preenchidos: nos termos do
Art.º 799º presume-se a culpa.
14.12.2005
(Teórica)
i. Sistema do Cúmulo
ii. Sistema do Não Cúmulo
1. sistema da acção híbrida
2. sistema da opção
3. sistema da duplicação de acções
O sistema do não cúmulo é defendido pelo Pr. Almeida Costa: invoca para tal
dois argumentos:
relacionado com o princípio da autonomia privada: o direito
das obrigações é dominado por este princípio. O regime da
responsabilidade contratual está mais próximo desta ideia de
autonomia privada e o regime da responsabilidade
extracontratual está mais distantes. O aplicador de direito
deveria preferir o regime da responsabilidade contratual.
considera o regime da responsabilidade contratual adequado à
resolução de todos os problemas de responsabilidade da
ligação existente entre o lesado e o lesante. Os deveres da
correcção destinam-se a garantir a pessoa, património da
contraparte: por isso, o regime da responsabilidade contratual
protege de forma eficaz o lesado.
102
Direito das Obrigações
103
Direito das Obrigações
104
Direito das Obrigações
105
Direito das Obrigações
14.12.2005
(Prática)
a)
Cláusula penal em sentido amplo é a estipulação em que qualquer das partes ou
apenas uma delas se obriga antecipadamente perante a outra a efectuar uma determinada
prestação (normalmente, em dinheiro) para o caso de não cumprimento ou não
cumprimento perfeito de uma obrigação.
Espécies:
cláusulas penais compulsórias: visam compelir o devedor ao
cumprimento e/ou sancionar o não cumprimento.
cláusulas penais indemnizatórias: as partes pretendem fixar
a indemnização no caso de não cumprimento: visam liquidar
de modo invariável a indemnização em caso de não
cumprimento
Como os danos foram inferiores, B recusa-se a pagar mais que esses danos
verificados: esta pretensão de B pode fundar-se no 811º n.º 3 ou no 812º.
106
Direito das Obrigações
Nosso caso: não estão preenchidos os requisitos para aplicação do Art.º 811º n.º
3: deve pagar o valor da cláusula penal.
Se invocar o 812º: a diferença entre o valor dos danos e p valor da cláusula penal
não é significativo: não se aplica o 812º.
B terá de pagar o valor da cláusula penal (5000€) apesar dos danos serem
inferiores (4000€).
b)
O credor não tem de provar os danos, mas tal facto não faz com que o devedor
não possa provar que não houve danos: se o devedor provar que não houve danos, o
credor não pode exigir indemnização.
Tal facto apenas ocorre nas cláusulas penais de fixação prévia da indemnização:
o dano é pressuposto da exigibilidade da indemnização.
Nas cláusulas penais em sentido estrito, a pena substitui a indemnização: netas
cláusulas penais, o credor pode optar pela pena ou pela indemnização.
Danos de 7500€?
(montante dos danos superior ao montante da pena)
811º n.º 2: havendo cláusula penal de fixação prévia, o credor não pode exigir
indemnização pelo dano excedente, excepto se houver convenção sobre o dano
excedente. Se houvesse convenção, o credor poderia optar pelos 7500 € (indemnização)
ou pela pena (5000 €). Como não há convenção, só pode exigir a pena.
c)
Temos uma cláusula exclusivamente compulsivo-sancionatória (onde o credor
pode exigir a pena e a indemnização).
107
Direito das Obrigações
a)
Cláusula penal em sentido estrito: visa compelir o devedor ao cumprimento ao
mesmo tempo que satisfaz os interesses do credor. A pena substitui a indemnização: o
credor pode optar pela pena ou pela indemnização.
b)
...
CP = definição
Temos uma cláusula penal indemnizatória: de fixação prévia da indemnização
(visa liquidar de modo invariável o dano futuro).
O credor não deve alegar nem provar os danos.
811º n.º 2: no caso, não há convenção, podendo concluir do artigo que o credor
só pode exigir 15000 €/mês e não os 30000€.
Só se limita ou exclui indemnização nos casos de culpa leve. Tendo em conta
isto, o 811º n.º 2 deve ser interpretado restritivamente porque a não reparação do
dano excedente confere às cláusulas penais indemnizatórias uma função de limitação da
responsabilidade do devedor: o devedor não vai responder pelo dano excedente.
Podemos aplicar no âmbito das cláusulas penais indemnizatórias o raciocínio
que se aplica às cláusulas penais de limitação ou exclusão da responsabilidade civil.
Almeida Costa diz que se deve aplicar às cláusulas penais os requisitos das
cláusulas de limitação ou exclusão da responsabilidade civil: o credor não pode exigir a
reparação do dano excedente se o devedor tiver actuado com culpa leve.
108
Direito das Obrigações
109
Direito das Obrigações
2º SEMESTRE
01.03.2006
(Teórica)
OBJECTO
Distinção entre:
110
Direito das Obrigações
O credor tem direito de exigir a prestação dos devedores que ainda estão
obrigados, devendo os devedores em relação aos quais se extingue a obrigação
compensar os devedores que continuaram obrigados.
Cada um dos credores não pode exigir uma parte da prestação. Se o regime regra
é o da parciariedade, cada um dos credores não pode exigir apenas uma parte da
prestação integral.
Há 3 soluções:
1. atribuir a cada um dos credores a faculdade de exigir a prestação por
inteiro
2. atribuir a cada um dos credores a faculdade de exigir a prestação por
inteiro para que o devedor a entregue a todos eles (aqui, o devedor só se
livra da obrigação fazendo-a a todos os credores em conjunto)
3. exigir aos credores o ónus de em conjunto reclamarem a prestação
integral
O CC opta pela 2ª solução: Art.º 538º CC: o devedor só se livra da obrigação
fazendo-a a todos os credores em conjunto.
111
Direito das Obrigações
408º CC: diz que a constituição de direitos reais sobre coisa determinada dá-se
por mero efeito do contrato. O problema é saber quando se transfere a propriedade da
coisa e do risco: geralmente, transferem-se em simultâneo.
Em regra, a transferência da propriedade e do risco ocorre no momento da
concentração da obrigação: que é o acto pelo qual a obrigação genérica passa a ser
específica.
112
Direito das Obrigações
Casos em que a escolha cabe ao credor: o CC opta pela Teoria da Escolha, que
se encontra consagrada no 542º CC: quando a escolha é feita pelo credor ela é eficaz
quando chega …: ver Art.º!
02.03.2006
113
Direito das Obrigações
(Teórica)
114
Direito das Obrigações
OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS
São aquelas que, tendo por objecto uma prestação em dinheiro, visam
proporcionar ao credor o valor que as respectivas espécies monetárias possuem
enquanto tais.
Duas notas acerca das obrigações pecuniárias:
o têm por objecto uma prestação em dinheiro. Dinheiro consiste
nas coisas que servem como meio geral de pagamento das
dívidas.
o visam proporcionar ao credor o valor que possuem enquanto tais.
Este segundo aspecto é importante: pex, o caso do coleccionador de notas e
moedas: neste caso, não há uma obrigação pecuniária.
OBRIGAÇÕES DE JUROS
Juros são os frutos civis constituídos por coisas fungíveis que representam o
rendimento de uma obrigação de capital.
559º
559-A 1146º (usura)
115
Direito das Obrigações
Desvios:
116
Direito das Obrigações
117
Direito das Obrigações
DL 446/85
Os contratos de adesão colocavam 2 perigos:
a parte que aceita ou adere não conhece todas as cláusulas
a parte que formula as cláusulas contratuais pode aproveitar para
formular cláusulas mais favoráveis aos seus interesses do que aos
interesses da contra parte.
O legislador português distingue dois tipos de controlo das CCG:
de inclusão: as CCG que o destinatário não conhece são excluídas
do contrato singular
de conteúdo: as CCG abusivas ou excessivas são proibidas e, por
isso, são nulas
08.03.2006
(Teórica)
118
Direito das Obrigações
Quando existir uma cláusula que não respeite o disposto no Art.º 9º n.º 2 a) da
Lei 24/96, ela deve ser excluída do contrato (Art.º 8º a) b) c) d)).
PROIBIÇÕES GERAIS
119
Direito das Obrigações
O Art.º 15º da Lei das CCG deve ser interpretado à luz da directiva. Deve ter-se
em conta a existência ou inexistência de desequilíbrios entre os direitos e deveres das
partes.
O Art.º 3º da directiva 93/13 foi transposto para a lei portuguesa para o Art.º 9º
n.º 2 b) da Lei de Defesa do Consumidor.
A directiva 93/13 e a Lei de Defesa do Consumidor concretizam o princípio da
boa fé do Art.º 16º da lei das CCG através do princípio do desequilíbrio.
PROIBIÇÕES ESPECÍFICAS
Cláusulas proibidas nas relações com consumidores finais: Art.º 18º, 19º, 21º e
22º, 15º e 16º.
O 19º fala em quadro negocial padronizado: significa que as cláusulas devem ser
apreciadas em si próprias e de acordo com os padrões do comércio/sector.
09.03.2006
(Teórica)
Responsabilidade pré-contratual:
a. por ruptura das negociações
b. por celebração de contrato inválido ou ineficaz
c. por celebração de um contrato válido e eficaz em que surgiram
nas negociações danos a indemnizar
Casos onde não chega a celebrar-se um contrato por ruptura das negociações. O
Supremo Tribunal pronunciou-se sobre isto: Ac. de 1981.
120
Direito das Obrigações
Nos casos de nulidade por vício de forma, se uma parte for culpada por isso, há
responsabilidade pré-contratual por celebração de contrato inválido ou ineficaz.
O CC contempla um caso de responsabilidade pré-contratual por celebração de
contrato inválido ou ineficaz no caso de venda de bens alheios: 892º (é nula) e 898º
(indemnização).
121
Direito das Obrigações
Nos casos menos graves, o prazo para desvinculação do contrato seria mais
amplo que nos casos mais graves.
227º n.º 2 CC: deve haver uma redução teleológica da regra deste artigo.
ARTIGO 227º
Consagra a responsabilidade pré-contratual e refere tão só a obrigação de
indemnizar.
Esta obrigação pode calcular-se de duas formas:
1. atendendo ao interesse contratual positivo: danos que o lesado não teria
sofrido se o contrato tivesse sido cumprido.
2. atendendo ao interesse contratual negativo: danos que o lesado não teria
sofrido se o contrato não tivesse sido celebrado.
Determinar se a indemnização deve calcular-se atendendo ao interesse contratual
positivo ou negativo: é um tema controverso. A orientação mais correcta é que a
indemnização deve calcular-se pelo interesse contratual negativo.
Nos casos de responsabilidade pré-contratual por ruptura das negociações, o
dano de confiança corresponde ao interesse contratual negativo.
Quanto à responsabilidade pré-contratual por celebração de contrato invalido ou
ineficaz, não faz sentido impor a obrigação de colocar a outra parte no sentido em que
estaria se o contrato não tivesse sido cumprido.
Nos casos de responsabilidade pré-contratual por celebração de contrato válido
ou eficaz em que surgiram nas negociações danos a indemnizar, é ilógico conciliar o
direito ao cumprimento e o direito à indemnização pelo interesse contratual positivo.
122
Direito das Obrigações
123
Direito das Obrigações
O interesse prático desta classificação tem a ver com o sinalagma: este pode ser:
genético: no momento da conclusão do contrato, a obrigação
assumida por cada um dos contraentes é causa ou razão de ser da
obrigação assumida pelo outro
funcional: as duas obrigações têm de ser cumpridas
simultaneamente e as vicissitudes ocorridas na vida de cada uma
das obrigações repercutem-se na vida da outra.
Consequências:
o do sinalagma genético: relaciona-se com o 401º CC: se, no
contrato bilateral sinalagmático, uma das prestações é impossível,
o contrato é nulo. É nulo para fazer com que nenhuma das
obrigações nasça.
o do sinalagma funcional: são 3 as consequências:
a) enquanto um dos contraentes não cumprir a sua obrigação, o outro pode,
legitimamente, recusar-se e não cumprir a sua: 428º e ss CC: é a
excepção de não cumprimento do contrato.
124
Direito das Obrigações
428º n.º 1 CC: dá uma noção do que seja a excepção do não cumprimento do
contrato: faculdade atribuída a qualquer das partes de um contrato bilateral
sinalagmático em que não haja prazos distintos para o cumprimento de recusar a sua
prestação enquanto a contraparte não efectuar a prestação que lhe cabe ou não oferecer
o seu cumprimento simultâneo.
O 428º enuncia os pressupostos de aplicação da excepção do não cumprimento:
o contrato deve ser bilateral sinalagmático
o inexistência de prazos diferentes para o cumprimento
Quanto a este segundo pressuposto: quando a parte que pretende invocar a
excepção é a parte obrigada a cumprir em primeiro lugar, não faz sentido que invoque a
excepção.
Se a parte for a que está obrigada a cumprir em segundo lugar, já faz sentido que
invoque o 428º.
O 429º comprova que esta interpretação do 428º está correcta.
PRESCRIÇÃO: 430º CC
A (obrig não prescreveu) B (obrig prescreveu)
B pode exigir a obrigação de A, mas A não pode exigir de B. Com o 430º, A tem
a possibilidade de invocar o cumprimento de B.
NOTA: o sinalagma não liga todos os deveres de uma parte a todos os deveres
da outra parte: liga apenas os deveres principais de prestação. Excepto quando os
deveres acessórios de prestação ou de conduta estejam de tal modo ligados aos deveres
principais que, separadamente, não fazem sentido.
125
Direito das Obrigações
15.03.2006
(Prática) (Su)
Caso I
Há duas teses:
Batista Machado: temos de ver se estamos perante uma obrigação
genérica. Só podemos falar em impossibilidade superveniente se
a obrigação é específica. Neste caso, o devedor já não tem de
entregar aquela coisa específica.
Batista Machado entende que só podemos dizer que há impossibilidade
superveniente se a obrigação do devedor já se tinha concentrado em momento anterior
ao acidente.
Neste caso, se a coisa se perdeu, como a obrigação é específica, o devedor não
tem de entregar outra coisa.
541º CC: aqui, no caso concreto, o que interessa é a mora do credor que leva à
concentração da obrigação. O devedor estava apenas obrigado a entregar aquela coisa
específica.
No entanto, aqui, Batista Machado diz que a obrigação só se teria concentrado
tornando-se uma obrigação específica se o devedor tivesse oferecido ao credor os 1000
litros de óleo fuel em separado.
No caso, diz que o camião levava 3000 litros. Assim, não podemos dizer que
houve concentração e não podemos aplicar directamente o 815º CC por falta do
requisito da impossibilidade superveniente.
126
Direito das Obrigações
Mas, segundo este autor, o 815º CC tem subjacente uma ideia fundamental: se a
coisa perecer depois do credor entrar em mora, então o risco transfere-se para o credor.
Então, este terá de pagar o preço da coisa a R. Aplica-se o 815º analogicamente.
Meneses Leitão: tem uma opinião diferente: a mora do credor não
leva à concentração.
O 408º CC diz que a propriedade se transfere por mero efeito do contrato.
Assim, o risco corre por conta do adquirente. Mas o mesmo artigo faz uma ressalva
quanto às obrigações genéricas.
541º: causas de concentração da obrigação.
Meneses Leitão diz que a mora do credor não concentra a obrigação,
continuando a obrigação a ser genérica. Este autor diz que a mora do credor referida no
541º é uma ficção do legislador.
Mesmo que exista mora do credor, o devedor continua a ter uma obrigaçã
genérica. Terá de entregar outros 1000 litros de óleo fuel.
841º CC
O devedor pode livrar-se da obrigação através de consignação em depósito
(1024º e ss CPC). Se não o fizer, continua obrigado a cumprir a obrigação. Embora haja
mora do credor, a obrigação não se concentra porque o 815º CC é uma ficção do
legislador e o devedor continua obrigado a cumprir a prestação.
Caso II
127
Direito das Obrigações
Caso III
a)
A prometeu vender o automóvel antigo de um coleccionador a B. é um bem
alheio. A pensou que como a venda de coisa alheia é nula (892º), então a promessa de
venda de coisa alheia também é nula.
Mas não é assim: 410º. A promessa de venda de coisa alheia é válida. A não teria
razão.
Podemos também pensar que está em causa a venda de bens futuros. A venda de
bens futuros é válida (811º e 893º).
Se ambas as partes sabem que o bem é alheio, então podemos pensar que ambas
as partes quiseram celebrar um contrato de bem futuro. A promessa de venda de bens
futuros é válida.
b)
Há um não cumprimento definitivo do contrato-promessa por parte de A.
C vai ter direito a uma indemnização. Esta vai depender de haver sinal ou não.
No caso concreto, existe sinal. Assim, aplica-se o 442º. O não cumprimento do contrato
é devido ao promitente-vendedor. Assim, o promitente-comprador terá o direito de
exigir o sinal em dobro. No caso concreto, tem o direito a uma indemnização de 10v
000 €.
128
Direito das Obrigações
15.03.2006
(Teórica) (Su)
Contrato-promessa
Requisitos, forma e
substancia do contrato-
promessa
O documento particular terá que ser assinado pela parte que se vincula, no caso de
contrato unilateral ou pelas duas partes no caso de contrato bilateral.
129
Direito das Obrigações
2ª- A nulidade do contrato-promessa bilateral assinado apenas por uma das partes é uma
nulidade parcial e por isso este contrato-promessa pode ser aproveitado nos termos do
instituto da redução do Aº 292 C.C.
O problema é saber se se pode transformas o contrato-promessa em unilateral.
2ª tese
Aº 292- o critério para saber se há redução é a vontade conjectural das partes. Aqui o
ónus é da parte que está interessada em não aproveitar o negócio jurídico. O critério da
redução e da conversão é por isso o mesmo. A diferença está no ónus.
Na redução em caso de dúvida o juiz deve aproveitar o negócio jurídico.
Em tais casos qual tese deve o juiz escolher?
130
Direito das Obrigações
Duas situações:
Aº 410 nº 3 – Pressupostos:
-o contrato-promessa deve dizer respeito a um contrato oneroso;
-o contrato-promessa deve dizer respeito a um contrato oneroso de transmissão ou
constituição de um direito real.
Se o Aº 410 nº 3 não for observado conduz á nulidade atípica que pode ser invocada por
qualquer interessado. Mas o Aº 410 nº 3 contém um desvio pois a nulidade do contrato
só pode ser invocada pela parte que ia transmitir se a parte que promete adquirir tenha
provocado a nulidade.
131
Direito das Obrigações
Efeitos do Contrato-promessa
Aº 410 nº 2 sofre uma derrogação. Em regra, quando o contrato prometido esteja sujeito
a escritura pública o contrato-promessa esta sujeito a documento particular. Mas o Aº
413 não o exige. Caso a lei não exija escritura pública para o contrato prometido não é
necessário escritura pública para a declaração de eficácia real.
O Aº 413 nº 1 impõe a inscrição da promessa no registo. O registo é apenas condição de
oponibilidade a terceiros.
16.03.06
Teórica (Su)
Dá lugar a:
132
Direito das Obrigações
Aº 830- Regra dispositiva. O direito á execução específica pode ser afastado por
convenção das partes. A execução específica só existe se não houver convenção em
contrário. Aº 830 nº 2 não deve aplicar-se ás clausulas penais propriamente ditas.
Aplica-se exclusivamente ás cláusulas penitenciais.
Razão de ser desta interpretação:
- as clausulas penais destinam-se a reforçar a obrigação do devedor , deste modo não
seria razoável que o efeito de uma clausula penal consistisse em enfraquecer tal
vinculação afastando a execução específica.
-O Aº 830 nº 2 fala em sinal. Devemos ter em conta a função do sinal confirmatório e a
do sinal penitencial, já analisados no 1º semestre. O Aº 830 nº 2 deve aplicar-se
exclusivamente ao sinal penitencial. Embora este Aº fale em clausula penal e sinal, ele
não se aplica ás clausulas penais mas apenas ás multas ou clausulas penitenciais e ao
sinal penitencial
2º grupo de casos:
-há casos em que a lei exige formalidades especiais para a conclusão do contrato
prometido.
-há casos em que a celebração de um contrato prometido exige uma declaração de
terceiro.
Aº 1682-A – conjunto de casos em que um determinado acto carece do consentimento
de ambos os cônjuges.
-a lei configura determinados contratos civis como contratos reais quod constitucione.
P.ex. a lei exige acordo de vontades e entrega da coisa. A execução específica é
impossível ou inviável.
No caso de contratos-promessa previstos no A º410 nº 3 e de contratos-promessa com
eficácia real, a execução específica não pode ser afastada por vontade das partes.
O Aº 830 nº 3 assegura o equilíbrio da posição dos dois contraentes.
133
Direito das Obrigações
Principal problema
-casos em que a coisa objecto do contrato prometido é alienada na pendência da acção
de execução específica.
Se a coisa for alienada ou onerada antes da propositura da acção de execução específica
não há problema.
134
Direito das Obrigações
coisa que já não é de A mas que já pertence a C. Em tais casos uma acção de execução
específica é inviável.
135
Direito das Obrigações
-o contraente fiel pode propor acção de execução específica. Esta exige tão só a mora.
Este nº3 causa a impressão que o contraente fiel tem a faculdade de exigir indemnização
quando estiverem preenchidos os requisitos da execução específica.
22.03.2006
(Prática)
Primeiros casos
Caso III
b)
136
Direito das Obrigações
Nosso caso: tem contrato-promessa onde B entrega 5000 €: são um sinal nos
termos do 441º CC. Havendo sinal, nos termos do 830º n.º 1 e n.º 2, há convenção em
contrário e a execução específica fica afastada.
Temos um contrato-promessa com eficácia real e nestes a execução específica é
imperativa: isto é, não pode ser afastada por convenção em contrário.
Casos de 22.03.2006
Caso I
Temos de ver se o contrato-promessa é válido pois foi assinado apenas por uma
das partes.
O contrato-promessa é bilateral quando ambas as partes se obrigam; é unilateral
quando apenas uma das partes se obriga.
Vale o princípio da equiparação: 410º n.º 1: o contrato-promessa deve ser
celebrado por documento particular, assinado pelas partes que se obrigam. Quanto à
forma; segundo o princípio da equiparação, para o contrato-promessa é necessária
escritura pública. Mas há uma excepção ao princípio da equiparação: 410º n.º 2.
137
Direito das Obrigações
Ac. STJ 25.03.1993: diz que o Assento deve ser interpretado segundo a tese da
nulidade parcial do negócio jurídico com possibilidade de redução.
É a tese mais razoável porque as obrigações que resultam do contrato-promessa
são obrigações cindíveis (podemos aproveitar uma parte do negócio). É a tese mais
razoável nos casos onde o contrato-promessa é apenas assinado pelo promitente-
comprador.
Para o promitente-vendedor, a tese mais favorável seria a da nulidade total.
Por outro lado, esta tese é mais conforme com o princípio da boa fé: o 239º
CC consagra a prevalência dos ditames da boa fé contra a vontade hipotética ou
conjectural das partes.
Em relação à forma há mais a dizer: deve obedecer à forma do 410º n.º 3 CC: o
contrato deve, ainda, compreender os 2 requisitos aqui enunciados: reconhecimento da
assinatura do promitente e certificação da licença. Senão há nulidade: mas é uma
nulidade atípica: essa nulidade pode ser invocada sempre pelo promitente-comprador e
não pelo promitente-vendedor. Este só poderá invocar essa nulidade se for causada pelo
promitente-comprador.
A este respeito temos:
Assento STJ n.º 3/95
Assento STJ n.º 15/95
Quanto aos requisitos do 410º n.º 3, o nosso enunciado nada nos diz.
Sabemos que o contrato-promessa é válido, mas que se reduz apenas a um
contrato-promessa unilateral.
A alienou o imóvel a C: que direitos tem o promitente-comprador?
Estes direitos dependem do tipo de contrato-promessa: de eficácia real ou
obrigacional?
138
Direito das Obrigações
Temos de ver se há ou não sinal: se há, aplica-se o 442º; quando não há, aplica-
se o 798º e ss CC.
No nosso caso, houve sinal: mas não houve tradição da coisa: logo, a
indemnização corresponde à restituição do sinal em dobro: seria de 20 000 €.
Caso II
139
Direito das Obrigações
Tendo havido tradição da coisa, nos termos do 755º n.º 1 f), tem direito de
retenção: consiste na faculdade que tem o detentor da coisa de não a entregar enquanto
o promitente-vendedor não pagar a indemnização ao promitente-comprador pelo não
cumprimento.
Caso III
Antunes Varela diz que se B não registou antes de ser proferida e registou a
acção de execução específica, prevalece o direito de C: diz que esta situação é
semelhante às situações de terceiros para efeitos de registo (invalidades triangulares).
Se C registar a sentença antes de B registar a aquisição, prevalece o direito de C.
22.03.2006
(Teórica)
140
Direito das Obrigações
1ª Tese:
a) Mora
Execução específica (830º) + indemnização pelo dano moratório (804º)
ou
Conversão da mora em não cumprimento definitivo (808º)
2ª Tese:
a) Mora
Execução específica (830º) + indemnização pelo dano moratório (804º)
ou
Indemnização pelos danos compensatórios (442º)
a) Mora
Execução específica (830º) + indemnização pelo dano moratório (804º)
ou
Conversão mediata da mora em não cumprimento definitivo (em termos
diferentes do 808º)
141
Direito das Obrigações
c) Recusa de cumprimento
1. execução específica (830º) + indemnização pelos danos moratórios
(804º)
ou
2. nos contratos unilaterais: indemnização pelos danos
compensatórios (442º);
nos contratos bilaterais: resolução do contrato (801º n.º 2) +
indemnização pelos danos compensatórios (442º)
142
Direito das Obrigações
PACTOS DE PREFERÊNCIA
(414º CC)
143
Direito das Obrigações
vende
C----D
144
Direito das Obrigações
Notificação extrajudicial
proposta
Se o notificado para a proposta declara que não que preferir ou nada declara
dentro do prazo fixado:
Renúncia
Caducidade
Se o notificado para a proposta declara que quer preferir dentro do prazo fixado:
aceitação
1ª hipótese: a notificação para preferência e a declaração de preferência
observam ambas a forma exigida para o contrato definitivo
declaração de preferência e conclusão do contrato definitivo
23.03.2006
(Teórica)
145
Direito das Obrigações
Pacto de preferência
146
Direito das Obrigações
d) pode suceder que A notifica B, este diz que quer preferir: A não se
importa e vende a coisa a C
147
Direito das Obrigações
EFEITOS DO CONTRATO
Ter em conta que no nosso sistema jurídico, o contrato tem efeitos obrigacionais
e reais.
Quanto aos efeitos obrigacionais: a ideia fundamental resume-se no princípio da
força vinculativa do contrato. Este projecta-se:
o nas relações entre as partes: concretiza-se em 3 princípios:
princípio da pontualidade (406º n.º 1 CC): o contrato
deve ser pontualmente cumprido
princípio da intangibilidade do conteúdo (406º n.º 1 CC):
o contrato só pode modificar-se por mútuo consentimento
das partes ou por força da lei
princípio da irretractabilidade ou irrevogabilidade do
vínculo (406º n.º 1 CC): o contrato só pode extinguir-se
por mútuo consentimento das partes ou por força da lei
o nas relações com terceiros: o princípio da força vinculativa
concretiza-se no princípio da relatividade do contrato (406º n.º
2): o contrato não produz efeitos em relação a terceiros.
148
Direito das Obrigações
149
Direito das Obrigações
29.03.2006
(Teórica)
Efeitos:
1. relação entre o dono do negócio e o gestor
2. relação entre o dono do negócio e terceiros
150
Direito das Obrigações
Para Antunes Varela, deve ser apreciada a culpa em concreto: o gestor entra na
esfera jurídica de outrem sob o signo da cooperação: para auxiliar o dono do negócio.
Não seria razoável exigir-se ao gestor mais cuidado do que aquele que usa para cuidar
dos seus próprios assuntos e interesses.
Na responsabilidade civil, aplica-se o critério da culpa em abstracto: 487º,
aplicável à responsabilidade contratual.
Na gestão de negócios, aplica-se o critério da culpa em concreto.
Entre responsabilidade civil e gestão de negócios haveria esta diferença.
A tese que diz que a responsabilidade do gestor há-de ser aplicada em concreto é
correcta: há duas restrições:
a. nos casos onde a gestão de negócios corresponde à actividade
profissional do gestor, deve aplicar-se o critério da culpa em abstracto
b. quando a gestão de negócios de uma pessoa faz com que outras se
afastem ou retirem, o gestor deve actuar com a diligência de uma pessoa
média ou normal
151
Direito das Obrigações
2ª hipótese: a aplicação do 1180º e 1181º faz com que se diga que o dono do
negócio, actuando em nome próprio, adquire os direitos e obrigações emergentes da
gestão com duas restrições:
o gestor tem o dever de transferir para o dono do negócio os
direitos adquiridos
o dono do negócio pode substituir-se ao gestor no exercício dos
direitos em causa contra terceiros
Nas relações entre gestor e dono do negócio fala-se de aprovação; aqui, fala-se
de ratificação.
Aprovação consiste num juízo de conformidade da actuação do gestor com o
interesse e vontade do dono do negócio.
152
Direito das Obrigações
153
Direito das Obrigações
30.03.2006
(Teórica)
154
Direito das Obrigações
155
Direito das Obrigações
Repetição do indivíduo:
476º a 478º: 2 casos de repetição do indivíduo:
476º: casos de cumprimento de obrigações objectivamente inexistentes: o
empobrecido paga uma obrigação que não existe
477º/478º: cumprimento de obrigações subjectivamente inexistentes: o
empobrecido paga uma dívida alheia:
Julgando que era uma dívida própria: 477º
Na convicção de estar obrigado a pagá-la: 478º
473 n.º 2: diz que a obrigação de restituir fundada em enriquecimento sem
causa tem por objecto o que foi indevidamente recebido
156
Direito das Obrigações
483º: 3 requisitos:
I. a prestação deve ter-se realizada em vista de um especial resultado futuro
II. o resultado deve corresponder ao conteúdo do negócio
III. o resultado em causa não deve produzir-se
Quando preenchidos os 3 requisitos, o empobrecido tem direito à restituição,
excepto nos casos do 475º CC.
157
Direito das Obrigações
05.04.2006
(Teórica)
Prescrição:
482º: prazo especial
309º: prazo ordinário
158
Direito das Obrigações
12.04.2006
(Prática)
159
Direito das Obrigações
Caso I
Acção de execução específica: com ela pretende-se obter uma sentença que
substitua a declaração negocial do promitente faltoso: 830º.
Requisitos da execução específica:
o que não haja declaração em contrário
o que a execução específica não se oponha á natureza da obrigação
assumida
o que haja não cumprimento do contrato-promessa (que pode ser
sob a forma de mora ou não cumprimento definitivo)
Depois é necessário que não exista convenção em contrário: 830º n.º 1: existe se
houver sinal ou se tiver sido fixada uma pena para o caso de não cumprimento.
O sinal é uma coisa entregue (dinheiro ou outra coisa fungível ou infungível)
por parte de um dos contraentes a outro como prova da seriedade do seu propósito
negocial e garantia do cumprimento (sinal confirmatório) ou como antecipação da
indemnização devida no caso de se arrepender de celebrar o negócio (sinal penitencial).
160
Direito das Obrigações
Se se concluir que os 2000 € não são sinal, não temos obstáculo à execução
específica.
Para quem entende que o direito do locatário é um direito real, entendem que o
407º não é aplicável ao contrato de arrendamento.
Aqueles que entendem que é um direito pessoal de gozo concluem que o 407º se
aplica ao contrato de arrendamento.
Aplicando-se o 407º ao contrato de arrendamento, também se aplicará ao
contrato-promessa de arrendamento, pelo princípio da equiparação ou não?
Andrade Mesquita diz que o 407º refere-se apenas aos direitos pessoais de gozo
em sentido estrito: ao núcleo central dos direitos pessoais de gozo. Quando o 407º diz
que prevalece o direito mais antigo em data, é o direito daquele que, em primeiro lugar,
retira certas utilidades da coisa. Existindo contrato-promessa, o que significa?
161
Direito das Obrigações
No nosso caso, temos de ver se houve ou não tradição da coisa. Como não houve
tradição da coisa, B não pode opor a C a prioridade temporal do seu direito com base no
407º.
Caso II
a)
162
Direito das Obrigações
Apesar do contrato-promessa ser apenas assinado por uma das partes, ficamos
com uma promessa unilateral válida: se A não provar a vontade das partes no sentido da
manutenção do negócio, o promitente-vendedor continua vinculado.
163
Direito das Obrigações
b)
temos um contrato-promessa com eficácia obrigacional: temos de ver se a
alienação da coisa foi na pendência da acção de execução específica. Se assim foi, os
direitos do promitente-comprador vão depender do registo da acção de execução
específica:
Se foi anterior à alienação da coisa de A a C, prevalecem os
direitos de B: do promitente-comprador. Os efeitos da acção de
execução específica retroagem à data do registo da acção de
execução específica
Se foi posterior á alienação da coisa, prevalecem os direitos do
terceiro, ainda que não tenha registado a sua aquisição: resulta do
Acórdão uniformizador de jurisprudência n.º 4/98.
164
Direito das Obrigações
c)
temos um pacto de preferência: pacto pelo qual alguém se obriga, em igualdade
de situações, a escolher determinada pessoa como seu contraente no caso de se decidir a
celebrar determinado negócio.
No caso de A se decidir a vender o apartamento, D terá preferência: 414º e ss.
12.04.2006
(Teórica)
165
Direito das Obrigações
ILICITUDE: 3 elementos:
violação de direitos de outrem: consagrado no 483º CC
violação de disposições legais de protecção: consagrado no
483º CC
abuso de direito: consagrado no 334º CC
166
Direito das Obrigações
167
Direito das Obrigações
168
Direito das Obrigações
169
Direito das Obrigações
493º n.º 1 foi para resolver os casos de cães que entravam na auto-estrada: a
BRISA tem uma coisa móvel em seu poder e, consequentemente, tem um dever de
vigilância.
Há uma tendência moderna para redescobrir as presunções de culpa.
DANO:
o patrimoniais
o não patrimoniais: 496º CC
Há duas teorias:
teoria da causalidade adequada: causa de um dano é só a
condição que segundo a sua natureza geral se revela apropriada
para o produzir: duas formulações:
positiva
negativa (ver apontamentos)
teoria da condição sine qua non (ou da equivalência das
condições): toda a condição sem a qual o dano não se produziria
deve ser considerada como causa do dano.
26.04.2006
(Prática)
Caso n.º 1
170
Direito das Obrigações
Duas posições:
Para a maioria da jurisprudência, o negócio dissimulado é válido se
cumprida a forma: basta que o CCV do imóvel conste de escritura pública e é óbvio que
o preço que lá vai constar não é o preço real: isso não prejudica a sua validade.
Para eles, o único facto que afasta a acção de preferência é não ter eficácia real.
Para o Dr. Horster, o negócio simulado é nulo e o dissimulado também será
nulo por não constar o valor real na escritura pública: o negócio dissimulado será nulo
por falta de forma.
Temos aqui dois argumentos para afastar a acção de preferência:
não tem eficácia real
mesmo que tivesse eficácia real, o titular do direito de preferência não
pode lançar mão da acção de preferência porque não existe um
condicionalismo válido que é necessário para nascer um direito
potestativo de preferência.
Poderá, então, intentar uma acção de nulidade e intentar acção de preferência
quando houver uma venda a um terceiro válida.
171
Direito das Obrigações
Caso n.º 2
a)
Pacto de preferência: contrato unilateral onde uma pessoa se obriga, em
igualdade de circunstâncias, a escolher determinada pessoa como seu contraente caso se
decida a fazer negócio.
J envia a L carta registada com AR comunicando a sua intenção de contratar
com M comunicação para preferência através de notificação extrajudicial.
Quando J não comparece na data estipulada, temos não cumprimento sob forma
de mora: 804º/805º.
b)
A solução seria a mesma porque, havendo comunicação e notificação para
preferência, houve uma obrigação de contratar que é para os dois: é recíproca.
Se fosse L a desinteressar-se, também haveria não cumprimento e também
haveria mora: J poderia lançar mão de uma acção de execução específica por aplicação
analógica do 830º.
Caso n.º 3
172
Direito das Obrigações
No nosso caso, não o sabemos. Por isso deve-se considerar os dois casos.
Vemos considerar que corresponde (até porque para mudar as telhas de uma casa
é preciso saber fazê-lo): por isso, terá direito a remuneração nos termos do 470º.
Mas essa remuneração é um dos efeitos da aprovação do negócio: consiste num
juízo global onde o dono do negócio concorda com a actividade do gestor.
Se o dono do negócio aprovar a gestão, terá de remunerar o gestor: 469º + 470º.
Se o dono do negócio não aprovar a gestão, temos de distinguir se a gestão é:
regular: 468º n.º 1: há remuneração nos mesmos termos que
haveria se houvesse aprovação
irregular: 468º n.º 2: o dono do negócio responde apenas pelas
regras do enriquecimento sem causa.
Ratificação: negócio jurídico unilateral onde alguém chama à sua esfera jurídica
o negócio celebrado por outrem em seu nome sem poderes de representação.
173
Direito das Obrigações
Se a gestão for não representativa, o 471º 2ª parte remete para o mandato sem
representação: 1180º e ss.
26.04.2006
(Teórica)
174
Direito das Obrigações
3. responsabilidade do comissário
Pode consistir em:
responsabilidade por factos ilícitos
responsabilidade pelo risco
responsabilidade por factos lícitos
500º n.º 1 in fine designa este terceiro requisito.
175
Direito das Obrigações
509º: 3 pressupostos:
1. direcção efectiva da instalação: domínio de facto, com ou sem domínio
jurídico, sobre a instalação
2. utilização da instalação no seu próprio interesse
3. relação de causalidade entre o perigo especial da condução ou
distribuição de energia eléctrica ou gás e os danos
176
Direito das Obrigações
177
Direito das Obrigações
178
Direito das Obrigações
27.04.2006
(Teórica)
500º: 3 pressupostos:
1. existência de uma relação de comissão
2. na prática de facto no exercício da função
3. responsabilidade do comissário
179
Direito das Obrigações
180
Direito das Obrigações
181
Direito das Obrigações
Caso dos causadores de danos não terem seguro: 22º e ss do DL 522/85: Fundo
de Garantia Automóvel: o lesado pode pedir-lhe indemnização quando:
o o condutor do veículo causador de danos não é conhecido
o quando o condutor do veículo causador de danos é conhecido,
mas não tem seguro obrigatório
Face ao Art.º 3º, “produto” é qualquer coisa móvel, ainda que incorporada noutra
coisa móvel ou imóvel.
Face ao Art.º 4º, “defeituoso” é quando não oferece q segurança com que
legitimamente se pode contar, tendo em conta todas as circunstâncias, nomeadamente a
sua apresentação, o uso que pode ser feito dele e o momento de entrada em circulação
do produto.
O critério relevante é o critério de segurança.
913º CC também fala em coisas defeituosas: mas o conceito do DL 383/89 e
deste artigo são diferentes:
para o 913º CC, o critério relevante para apreciar um defeito é a
aptidão da coisa para realização do fim a que está destinado
para o DL 383/89, o critério relevante é a segurança do produto.
Estes critérios podem levar a resultados diferentes.
O legislador indicou 3 tipos de circunstâncias relevantes para apreciar o defeito:
apresentação do produto
182
Direito das Obrigações
04.05.2006
(Prática - Professor)
CASO
J, domo de um terreno arenoso perto de um rio, verificou que L tinha daí retirado
500 camionetas de areia, tendo-as vendido por 25 000 €, ainda que o seu valor normal
de mercado fosse apenas 20 000 €.
J vem exigir a L a restituição desse montante, ao que L se opõe alegando que J
não sofreu prejuízos pois a corrente renovou, entretanto, a areia extraída do leito do rio,
depositando outra areia em seu lugar.
183
Direito das Obrigações
CASO
184
Direito das Obrigações
FACTO: conduta controlável ou dominável pela vontade humana. Pode ser por
acção ou por omissão.
No nosso caso, está preenchido.
ILICITUDE: 3 modalidades:
violação de direitos de outrem
violação de disposições legais de protecção
abuso de direito
Logo, em relação a este caso, por não haver ilicitude, não há indemnização dos
empresários por factos ilícitos.
185
Direito das Obrigações
10.05.2006
(Prática – Pr Júlia – 4h)
CASO
Quanto a I
483º e ss: pressupostos:
o facto: acção ou omissão controlável pela vontade humana
o ilicitude: temos 3 modalidades: neste caso é violação de direitos
absolutos de outrem
o nexo de imputação do facto ao lesante: desdobra-se em:
imputabilidade: pressupõe-se que é imputável
culpa: há ou não presunção de culpa?
Na responsabilidade por factos ilícitos, o lesado deve provar a culpa: mas se
houver presunção, esse ónus inverte-se: no nosso caso, temos o 503º n.º 3: presume-se a
culpa de I.
Como não se sabe a causa do acidente, quer dizer que a I não consegui ilidir a
presunção de culpa.
Assento do STJ de 14 de Abril de 1983: sobre este 503º: a primeira parte do 503º
n.º 3 CC estabelece uma presunção de culpa que é aplicável nas relações externas entre
lesante e lesado.
186
Direito das Obrigações
Quanto a J
Requisitos do 500º:
relação de comissão
prática do facto no exercício das funções
responsabilidade do comissário: este requisito está preenchido pois já
vimos que responde nos termos da responsabilidade por factos ilícitos.
Facto praticado no exercício das funções: não basta que tenha sido praticado
por ocasião do exercício das funções.
187
Direito das Obrigações
495º n.º 1: despesas feitas para salvar o lesado também são indemnizáveis,
incluindo despesas com o funeral.
495º n.º 3: têm indemnização aqueles a quem o lesado prestava alimentos.
Em relação ao valor dos danos: 30 000 €: não excede o capital mínimo, logo será
procedente: 508º + Art.º 6º da redacção actual do DL 522/85.
188
Direito das Obrigações
Art.º 9º: em relação aos danos causados em coisa devem estar preenchidos os
requisitos e esses danos só são indemnizáveis no que exceder 500 € (estabelecimento de
uma franquia: os 500 € são suportados pelo lesado).
CASO
a)
Contra F com base na responsabilidade por factos ilícitos: 483º
Contra X com base na responsabilidade do comitente: 500º
189
Direito das Obrigações
Pressupostos do 500º:
relação de comissão: dar definição de “comissão”: preenchido
prática do facto no exercício das funções: preenchido
sobre o comissário deve recair uma obrigação de indemnizar: resulta
da responsabilidade por factos ilícitos do 483º e ss: pressupostos:
- facto voluntário
- ilicitude: violação de direitos absolutos de outrem: direitos de
personalidade
- nexo de imputação:
- imputabilidade
- culpa: presunção do 503º n.º 3 que recai sobre o
comissário efeitos do álcool: houve negligência do
condutor: culpa apreciada nos termos do 487º
- danos: X e F devem indemnizar danos não patrimoniais sofridos
pelo lesado, danos não patrimoniais sofridos pelas pessoas com
direito a indemnização nos termos do 496º n.º 2, despesas para
salvar o lesado (495º n.º 1), despesas com o funeral (495º n.º 1),
pessoas do 495º n.º 3 podem exigir indemnização também.
- nexo de causalidade: apreciado nos termos da teoria da
Causalidade Adequada (563º)
b)
Responsabilidade do detentor nos termos do 503º: domínio da responsabilidade
pelo risco.
Pressupostos do 503º:
direcção efectiva
utilização do veículo no seu próprio interesse (material, económico,
intelectual ou manual e não necessita ser interesse digno de protecção
legal).
danos provenientes do risco: no nosso caso, factores relacionados
com o veículo.
190
Direito das Obrigações
CASO
No caso, temos uma colisão de veículos (506º) que foi causada apenas por um
deles. Neste caso, só é obrigado a indemnizar a pessoa responsável por esse veículo:
506º 2ª parte.
Pressupostos do 503º:
direcção efectiva do veículo
usado no seu próprio interesse
danos resultantes de riscos próprios do veículo
Todos os requisitos estão preenchidos.
191
Direito das Obrigações
A acção deverá ser intentada apenas contra a seguradora nos termos do 29º do
DL 522/85.
CASO
192
Direito das Obrigações
Esta teoria diz que uma condição só é causa de um dano se, segundo a sua
natureza geral, se revela apropriada para o provocar.
Tem duas formulações:
positiva: de TRAEGER: um facto só será causa adequada do dano se,
segundo a sua natureza geral, favorecer a produção desse dano.
negativa: de ENNECCERUS: parte da teoria da equivalência das
condições: em regra, toda a condição sine qua non de um dano deve
ser considerada como sua causa, exceptuam-se os casos em que a
condição, segundo a sua natureza geral, era de todo indiferente para o
surgir daquele dano e só se tornou uma condição desse dano em
virtude de circunstâncias extraordinárias, sendo, portanto, inadequada
para a produção desse dano.
Nos termos do seu Art.º 8º, os danos indemnizáveis são os danos resultantes da
morte.
Existe uma franquia da 500 €.
193
Direito das Obrigações
Sempre que os valores dos danos se situarem dentro dos 600 000 €, a acção deve
ser intentada apenas contra a seguradora: 29º DL 522/85.
11.05.2006
(Prática – Pr. Nuno Oliveira)
CASO
194
Direito das Obrigações
B diz implicitamente que concorda com aquilo que A fez aprovação tácita de
gestão de negócios.
CASO
Considere a hipótese de E não ter podido evitar o acidente por se term partido
os travões da carrinha que era nova e apenas tinha percorrido 100 km.
Pressupostos do 500º:
relação de comissão
prática do facto no exercício das suas funções
sobre o comissário deve recair a obrigação de indemnizar
195
Direito das Obrigações
Direito de regresso entre o comitente e comissário: 500º n.º 3: que remete para o
497º n.º 2:
se há culpa apenas do comissário, o comitente tem direito de exigir o
reembolso de tudo que tenha pago
se há culpa dos dois, a responsabilidade é repartida nos termos do
497º n.º 2
196
Direito das Obrigações
A teoria subjectivista faz com que, no caso concreto, não haja culpa do lesado: o
lesado é inimputável por ter anomalia psíquica. Não há culpa para efeitos do 570º.
Deve preferir-se a teoria subjectivista: não haverá culpa do lesante e não se pode
afastar o dever de indemnizar nos termos do 570º n.º 2.
A teoria subjectivista deve, contudo, ser corrigida pela aplicação do 494º.
Falha de travões
Neste caso, o condutor será responsável?
Consegue ilidir a presunção de culpa: o enunciado diz que não conseguiu evitar
o acidente por causa da falha de travões.
Se não há responsabilidade do comissário nos termos do 483º, também, não
haverá responsabilidade do comitente nos termos do 500º.
Haverá responsabilidade do detentor: responsabilidade da empresa não nos
termos do 500º, mas sim nos termos do 503º.
Pressupostos do 503º:
1. direcção efectiva do veículo: preenchido
2. no seu próprio interesse: preenchido
3. conexão causal entre os danos procedentes dos riscos do próprio veículo:
de 3 tipos:
relacionados com o próprio veículo
197
Direito das Obrigações
198