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DIÁLOGOS

ARISTÓTELES E SÃO TOMÁS DE AQUINO
































































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Joaquim Dias Alves- 1953
DIÁLOGOS/ARISTÓTELES E SÃO TOMÁS DE AQUINO
São Paulo/Brasil








ISBN-13:978-1518895555
ISBN-10:1518895557







Copyright ã 2015.
Direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, e por qualquer processo, sem
autorização expressa do Autor e Editor.











SUMÁRIO
SUMÁRIO
Capítulo I
Introdução
Capítulo II
O pensamento de Aristóteles em sua obra Ética a Nicômaco
Capítulo III
O pensamento de São Tomás de Aquino em sua obra Suma Teológica.
Capítulo IV
Síntese dos pensamentos filosóficos.
REFERÊNCIAS















Capítulo I
Introdução

Este trabalho apresenta breve estudo comparativo sobre o livro de Aristóteles
Ético a Nicômaco e Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. Dois grandes
filósofos que, com suas obras contribuem para a formação de qualquer pessoa,
em diferentes áreas, para a sua atuação com ética, justiça, procurando sempre
atender ao bem comum. Como procedimentos metodológicos, adotou-se a
pesquisa bibliográfica, estudo comparativo e reflexão sobre os materiais
coletados. A pesquisa teve como referencial teórico: NASCIMENTO (2003);
REALE (2007);SCIACCA (1996); Para Aristóteles, a Ética é uma virtude que
nasce do hábito. O filósofo coloca a virtude como mediana e suas concepções
sobre o hábito e a prudência na ética. Na visão de Aristóteles, as ciências
práticas devem guiar o homem em busca da felicidade (eudaimonia), uma vez
que este bem é buscado em si mesmo, não em vista de outra coisa como
acontece com o poder, a gloria, o prazer. O tratado das virtudes de Santo Tomás
de Aquino tem como objetivo esclarecer qual a finalidade do homem em suas
ações. Nesse tratado, ele diferencia virtudes morais das virtudes intelectuais.
Conforme o filósofo, as virtudes intelectuais aperfeiçoam o intelecto prático e
especulativo. Já as virtudes morais aperfeiçoam a potência apetitiva. Essas duas
virtudes são essenciais para o aperfeiçoamento do homem. Santo Tomás define
como principais as virtudes morais, juntamente com a virtude intelectual da
Prudência, que exigem a retidão do apetite. Entretanto, não bastam ao homem
somente os princípios naturais pelos quais o homem consegue agir bem de
acordo com suas possibilidades.
Palavras-chave: Ética; Prudência; virtudes; desenvolvimento humano
Capítulo II
O pensamento de Aristóteles em sua obra Ética a
Nicômaco

Aristóteles, grande filósofo grego, nascido na cidade de Estagira-


Macedônia, reconhecido pelos escritos políticos, morais, retóricas, metafísicos,
físicos, poéticos e lógicos. Mudou-se para Atenas para completar sua educação
na Academia de Platão, aos 17 anos e, então, começa a desenvolver seu
pensamento filosófico e sua visão sobre a ética.

Para Aristóteles, a Ética e uma virtude que nasce do hábito, da prática e


esse pensamento pode ser evidenciado no livro Ética a Nicômaco, escrito em
homenagem a seu filho Nicômaco. Obra essa considerada a mais importante
sobre tal tema.

O livro Ética a Nicômaco, apresenta-se em 10 livros nos quais


Aristóteles expõe seus pontos de vistas teleológicos e eudaimonista, isto é, a
teoria da finalidade e a doutrina da qual a felicidade é o objetivo da vida. O
filosofo coloca a virtude como mediana e suas concepções sobre o hábito e a
prudência ética.

Na visão de Aristóteles, as ciências praticas devem guiar o homem em


busca da felicidade (eudaimonia), uma vez que este bem é buscado em sim
mesmo, não em vista de outra coisa como acontece com o poder, a gloria, o
prazer. Mas que vem a ser o bem? O bem sempre é uma virtude, uma excelência,
que se revela por meio de uma vida perfeitamente realizável.

É importante destacar que a vida virtuosa não cai do céu, como um


presente dos deuses. É preciso um esforço do sujeito em buscá-la, na medida em
que o homem deve saber lidar com as paixões que impedem com que a razão
alcance a virtude.

Aristóteles, com sua visão de ética, em Ética a Nicômaco, ensina a fazer


o bem, até que essa atitude se torne um hábito e, assim, a pessoa torna-se
virtuosa. Diferente da política que tem dimensão social, a ética refere-se ao
indivíduo e Aristóteles é o primeiro a dividir tais conceitos.

No primeiro livro o autor trata do objeto do agir humano que seria o


bem. A partir da prática do bem que se alcança a felicidade, o fim.

A felicidade nada mais é que uma atividade virtuosa da alma, ela não é
tida pela posse de bens materiais, mas no desenvolvimento e ação de bons
valores internos.

Sobre virtude, Aristóteles apresenta uma divisão entre virtudes


intelectuais -as que podem ser ensinadas e aprendidas -e as virtudes morais,
aquelas adquiridas com o hábito: "tornamo-nos justos praticando atos justos."

Aristóteles chama-nos a atenção para que excessos ou falhas de virtudes


podem ser prejudiciais e, defende a virtude como caracterização mediana: não
pode haver falta e nem sobra, tem-se que procurar a mediana correta, o
equilíbrio.

Para melhor compreensão inferimos aqui a concepção médica do tempo


de Aristóteles de que o homem é composto por dois elementos: (1) quatro
elementos: terra, fogo, ar e água, cada um deles correspondendo a quatro
qualidades: quente, frio, seco e úmido; (2) quatro "sucos" ou humores (sangue,
fleuma, bílis amarela e bílis negra). O modo como operamos, isto é, o nosso
temperamento, o caráter (éthos), depende do modo como esses elementos e esses
humores se misturam. Assim, é que nasceram os quatro tipos de temperamentos
conhecidos pela psicologia moderna, mas já retratados pelo Hipócrates:
sanguíneo, o fleumático, o colérico e o melancólico[1].

Ora, em cada tipo de temperamento predomina desejos diferentes, uma


vez que os objetos que causam prazer são buscados de modo diferentes. Assim,
há vícios em que a fleumático cairia mais, como há virtudes que lhe são mais
fáceis de viver; do mesmo modo que acontece com os demais tipos de
temperamentos. Contudo, e importante destacar que em todos eles há a presença
dos vícios e das virtudes e os primeiros originam-se ou da falta ou do excesso de
tendências a determinados prazeres, como veremos lago a seguir por meio da
tabela dos vícios e virtudes (CHAUÍ,2008):

Vício por Vício por


Virtude
excesso deficiência
Coragem Temeridade Covardia

Temperança Libertinagem Insensibilidade

Prodigalidade Esbanjamento Avareza

Magnificência Vulgaridade Vileza

Respeito próprio Vaidade Modéstia

Prudência Ambição Moleza

Gentileza Irascibilidade Indiferença

Veracidade Orgulho Descrédito próprio

Agudeza de espírito Zombaria Rusticidade

Amizade Condescendência Enfado

Justa indignação Inveja Malevolência


Como podemos observar, a virtude é o meio termo, o justo-meio entre
os dois vícios: excesso e deficiência. Com efeito, nos afirma Aristóteles[2]:
A virtude é uma disposição constante para agir de um modo deliberado
consistindo numa medida relativa a nós, racionalmente determinada e tal
como seria determinada pelo homem prudente.

Quando Aristóteles afirma que consiste numa medida relativa a nós, ele
está exatamente pontuando que a ética não pode ser universal, pois depende de
cada caráter, de cada temperamento. Isso não significa que estamos relativizando
a ética, mas apenas a circunscrevendo no âmbito de cada indivíduo com suas
peculiaridades. Por essa razão dizemos anteriormente que a ética é a ciência do
possível e não do universal como a metafísica.

A virtude só se conquista pelo habito, ou seja, por meio de uma


disposição que faz com que o homem possa por meio da razão encontrar um
ponto de equilíbrio em suas ações e não por meio da contemplação. Assim, se
você quiser ser honesto deve fazer atos de honestidade, se quiser ser sincero
deve fazer atos que envolvam sinceridade, pois não há um manual que ensine a
ser honesto ou sincero. Nas palavras de Aristóteles[3]:
Adquirimos as virtudes graças a uma atitude anterior, como também
acontece nas outras artes. As coisas que devemos aprender antes de
fazê-las são as que aprendemos fazendo-as. Por exemplo, chega-se a ser
construtor, construindo, o tocador de lira, tocando. Da mesma maneira,
realizando ações justas, nos tornamos justos, realizando ações
temperadas, nos tornamos temperantes, realizando ações corajosas nos
tornamos corajosos.

Com relação ao ato moral, o autor também apresenta uma diferenciação


entre ações voluntárias, em que o indivíduo escolhe em praticá-las ou não e
ações involuntárias, as não escolhidas, as que ocorrem por compulsão e
ignorância.

Nas virtudes morais, a mediana aristotélica, a virtude, se faz muito


presente. Entre diferentes virtudes tidas como meio-termo entre seus excessos e
suas deficiências estão: A coragem como meio-termo entre o medo e a
confiança; a temperança, entre os prazeres e as dores; a liberalidade, entre a
prodigalidade e a avareza; a magnificência, entre a vulgaridade e a mesquinhez;
o justo-orgulho, meio-termo entre a honra e a desonra, a calma, entre o irascível
e o pacato.

No livro V, Aristóteles, de acordo com a análise de CUNHA (2002,


p.3):
Insere-se num estudo sobre a virtude. Tendo Aristóteles concebido a
virtude como um termo médio, um estar no meio, entre exagerados
vícios, mister era de indagar, logo a partida, de que extremados vícios
seria a justiça e meio, constituindo, assim, uma virtude.
O Estagirita não responde imediatamente à questão, brindando-nos com
um longo, mas esclarecedor percurso. O nosso autor explica, no final de
1133 b, numa aplicação da sua teoria geral da virtude que pode parecer
excessivamente formal, que a justiça é o termo médio entre o cometer a
injustiça e o ser vítima dela...

CUNHA (2002, p.3), continua sua exposição, fazendo uma relação do


que Aristóteles dizia com a realidade de nossos dias:
Talvez possa haver outra relação, outra tríade: no mundo de hoje é muito
mais claro que a Justiça está entre dois exageros. Por exemplo (e
permitam-me exemplos que, embora os creia objetivos, poderão, no
nosso mundo ideologizado, parecer pro domo): a justiça não é acepção
de pessoas, como ensina Santo Tomás, o que representa o termo médio
(e ética e juridicamente superior) quer à discriminação positiva.
(Disponível: http://www.hottopos.com/videtur14/paulo2.htm. Acesso:
24/05/2015).

A virtude completa na visão de Aristóteles é a justiça, pois é exercida


sobre si e sobre o próximo. E o homem somente é tido como justo quando age de
maneira voluntária, pois exerceu a justiça por sua vontade sem coerção:
Ao situar a sua análise no plano das virtudes, certamente este contexto
lhe inspirou uma fórmula muito fecunda: a que considera ser a Justiça o
hábito ou costume que habilita os homens a fazer coisas justas. E
estamos em crer que é aqui que reside mais remotamente a fonte dessa
imortal síntese da Justiça, cunhada por Ulpiano e que o Digesto
imortalizou: lustitiae stconstans ef perpetua volunfas iussu um cuique
tribuendi (D. 1, 1, 1, pr.). A concepção da justiça como uma constante e
perpetua vontade pode ser, no plano filogenético ou da civilização ou da
espécie. o que o habitus e no plano ontogenético, da pessoa ou do
indivíduo (Disponível: http://www.hottopos.com/videtur14/paulo2.htm.
Acesso: 24/0512015).

Segundo CUNHA (2002, p.3), na visão da jus filosófica, afirma que o


livro V da ética ao Nicômaco é muito importante para estudiosos e profissionais
da área do Direito, por:
... ser se não o primeiro (livro), pelo menos do primeiros a fornecer a
chave para alguns dos mais importantes problemas do Direito de
sempre. E certamente foi neste livro que os Romanos se teriam ido
inspirar para cunhar com rigor teórico a sua arte jurídica autónoma (
Disponível: http://www.hottopos.com/videtur14/paulo2.htm. Acesso:
26/05/2015).

Na obra de Aristóteles, também é citada outro tipo de virtudes com


relação ao intelectual: a ciência, a arte, a prudência, a inteligência e a sabedoria,
são as chamadas virtudes dianoéticas.

A ciência refere-se aos fatos, a arte e aplicada na criação, a prudência se


baseia na razão, a inteligência e a sabedoria propicia a reflexão.

Em outras palavras, diferentemente das virtudes éticas, as dianoéticas


são disposições da alma que leva o homem para o plano da contemplação
teorética, para a contemplação da verdade. Nas palavras de Aristóteles[4] temos:
As disposições em virtude da qual a alma possui a verdade, quer
afirmando, quer negando, são em número de cinco: a arte, o
conhecimento científico, a sabedoria pratica, a sabedoria filosófica e a
razão intuitiva.

Podemos dividir essas virtudes em duas grandes esferas: (1) a esfera da


arte científica: (2) esfera da parte calculativa.

Na esfera científica temos: a ciência, responsável por conhecer objetos


sublimes e imutáveis; a razão intuitiva é aquela que só eleva dos fatos
particulares a uma verdade universal (indução); sabedoria filosófica e aquela que
dosa a ciência e a razão intuitiva. Esse tipo de conhecimento constituí o mais
elevado, pois leva o agente a contemplação do divino.

Na esfera acumulativa da alma: a arte e a sabedoria pratica. Por arte


entendemos a disposição da alma de acordo com uma regra verdadeira. Em
outras palavras, relaciona-se com a ação de um agente externo que usa meios
para atingir os fins.

Por fim resta a sabedoria prática, que nada mais é do que a prudência.
Graças a essa virtude o homem pode agir com respeito aos bens humanos. É
graças à prudência que o individuo é capaz de experimentar o justo.

Todas essas formas de virtudes têm por objetivo levar o homem a


contemplação do verdadeiro prazer que consiste não na satisfação imediata dos
desejos, mas na atualização daquilo que é de melhor em cada órgão ou operação
da alma. Ser pleno é atualizar o máximo da potência de ser e de agir das
múltiplas dimensões a vida humana. O prazer por excelência será a
contemplação do divino.

Aristóteles pensa que a sabedoria deve ser sempre utilizada para o bem
e essa prática que leva a felicidade e critica o indivíduo que critica os indivíduos
que não a utiliza para esse fim. O homem, nessa visão, só chegara a esse objetiva
se utilizar as virtudes e não os vícios.

A amizade também é um assunto abordado na obra, são apresentados


traços de um ponto de vista meio egoísta por ela exigir reciprocidade. A amizade
pode ser descrita o amor do homem por si mesmo, e esse "si mesmo' inclui os
amigos, pois estes são tidos corno os outros, “eus”: Trazendo, desse modo, a
amizade como virtude fundamental, que com a força dos amigos pode-se
alcançar a felicidade e evitar erros, tornando o homem bom. A felicidade esta
relacionada com o bem-estar, com a interação entre razão, moral e a vida ideal.

O prazer de não possuir vícios, isto é, de ser virtuoso, bom, faz da


pessoa um homem feliz, sábio e, portanto, completo.

A riqueza da Ética a Nicômaco reside no ensinamento sobre o agir


humano.

Aristóteles traz de uma forma objetiva, clara e fácil de ser interpretada,


as relações entre os indivíduos e destes com a sociedade. Ele constrói um legado
ético que pode ser utilizado como um verdadeiro manual para a valorização das
virtudes e como podemos usá-las para nos tornar pessoas boas a procura da
felicidade. Sendo, desse modo, importante para construção do pensamento
humano, podendo ser lido por qualquer pessoa que se preocupe com seu
melhoramento e desenvolvimento ético.

O mesmo podem falar com relação à obra de Santo Tomás de Aquino


em Suma Teológica, um tratado teológico, que qualquer ser humano, atuante em
diferentes áreas, encontrará nesse tratada, também conhecimentos básicos para o
desenvolvimento humano e ético.

De acordo com CUNHA (2002, p.2):


Do ponto de vista de um jurista interessado na filosofia do Direito,
busca-se muito menos o problema da felicidade humana pelas virtudes
(e a sua determinação e explanação, bem como as suas relações, e destas
com os vícios) que a questão da determinação do que seja o justo e o
injusto jurídicos.
O que sucede com o texto de Aristóteles, como alias o que virá a ocorrer
com Santa Tomás, é, para nos, deveras interessante: e que não sendo
nem um nem outro juristas, tendo vivido aliás ambos em períodos de
não Direito, isto é, sendo o primeiro anterior à autonomização
epistemológica do saber jurídico, e tendo vivido o segundo em época em
que tal especificidade se havia de algum modo perdido, há s8culos já,
revelam-se um e outro dos principais responsáveis pela teoria do "ius
redigere in artem",sendo um e outro pais do chamado Isolie rung
juridico.
Ou seja: se deve ter saído o Direito do caldo de cultura amalgamado de
várias racionalidades e várias normatividades - eles contribuíram para
que claramente se recortasse das diferentes ordens sociais normativas,
da política e de outras formas de comando e organização.
Possuem ambos uma intuição essencial: da necessidade de separar uma
área da atividade humana inegavelmente do domínio da função soberana
e mágica da tri-funcionalidade indo-europeia, apartala da álea fugaz
imutável dos ventos políticos, purificá-la das preocupações
transcendentes da religião, e determiná-la com uma racionalidade
própria (embora não essencialmente contraditória) at8 frente à ética e a
moral. (Disponível:
http://www.hottopos.com/videtur14/pauIo2.htm.Acesso: 29/05/2015).





Capítulo III
O pensamento de São Tomás de Aquino em sua obra
Suma Teológica.

O tratado das virtudes de Tomás de Aquino tem como objetivo


esclarecer qual a finalidade do homem em suas práticas, ações. Nesse tratado,
ele diferencia virtudes morais que aperfeiçoam a potência apetitiva das virtudes
intelectuais que aperfeiçoam o intelecto especulativo e pratico. Tais virtudes, na
visão do autor, são necessárias para o aperfeiçoamento do homem.

Santo Tomás afirma que as virtudes morais e a virtude da Prudência


(virtude intelectual) são as principais e todas essas exigem a retidão do apetite.
Entretanto, não bastam ao homem somente os princípios naturais pelos quais o
homem consegue agir bem de acordo com suas possibilidades. Conforme Santo
Tomas, os princípios naturais não são suficientes para o homem praticar ações do
bem com suas possibilidades, mas é preciso que Ihes sejam dados por Deus
alguns princípios pelos quais ele se ordene a bem-aventurança sobrenatural que
são transmitidas somente pela revelação divina, por meio da sagrada escritura.

Assim como Aristóteles, Santo Tomás faz distinção das atividades da


inteligência em três categorias[5]: a sabedoria, onde a inteligência se desenvolve
e por meio dessa a pessoa se capacita para emitir julgamento definitivo e
universal sobre os fatos e mais outros dois hábitos que são considerados partes
potenciais da sabedoria: a ciência que aperfeiçoa os múltiplos processos da
inteligência e o intelecto que habilita a pessoa a fazer um bom uso dos primeiros
princípios.

O que marca a diferença entre virtudes intelectuais práticas e


intelectuais é o objeto: a arte se ocupa do objeto no domínio da produção, a
prudência no domínio da ação.

Em seu artigo 3, Santo Tomás classifica a arte como "a razão reta de
fazer algumas obras", isto e, um hábito operativo, de produção e se identifica
como um hábito especulativo, por tornar a obra boa por meio da capacidade do
bem agir e não por meio do aperfeiçoamento do apetite.

A arte se diferencia da prudência, por se ocupar do contingente da ação


e, como vimos acima, e uma virtude especial, justamente por ter como objeto "a
totalidade da conduta da vida e o fim último da vida humana", e é considerada
tanto uma virtude intelectual como moral, pois "não faz somente essa faculdade
agir bem, como também o exercício, já que diz respeito ao apetite, por lhe
pressupor a retidão" (a.4).

Como já mencionado anteriormente, segundo Santo Tomás, não basta a


pessoa os princípios naturais pelos quais ela consegue agir bem de acordo com
suas possibilidades, para ordená-la a bem aventurança:
É necessário, pois que Ihes sejam acrescentados por Deus certos
princípios pelos quais ele se ordene a bem-aventurança sobrenatural, tal
como está ordenado ao fim que lhe é conatural por princípios naturais
que, porém, não excluem o auxilia divino. Ora, esses princípios se
chamam virtudes teologais primeiro por terem Deus como objeto, no
sentido que nos orientam retamente para ele; depois por serem
infundidos só por Deus; e, finalmente, porque essas virtudes são
transmitidas unicamente pela revelação divina, na sagrada escritura
(Aquino, Tomas de. Suma Teológica. Iª llª e, v.lV, Q. 62,a. I. São Paulo:
Loyola, 2004).

Santo Tomás, seguindo a tradição, vincula a noção de virtude a de


felicidade que depende da prática da própria virtude. Entretanto, Santo Tomas
não deixa de lado a contribuição e importância da revelação cristã. A essência
desta síntese original, surgiu o primeiro tratado, propriamente, sobre a virtude da
prudência. A essência da antropologia de Santo Tomás está na compreensão de
que o homem possui um ato de ser próprio, pela alma, mas não se constitui
exclusivamente pela alma.
Desse modo, destacar uma doutrina das virtudes meramente
intelectualista pareceria inconsistente, assim como propor um rompimento entre
estas virtudes e as morais. Pela própria compreensão do que seja o homem, é
necessário uma unidade entre todas as faculdades humanas com o objetivo de
conduzi-lo a seu termo. Por isso, e necessária uma virtude que transite entre
essas faculdades, que reflita sua constituição metafísica, que é a prudência que,
por sua vez, revela a totalidade do homem. Por essa razão, a prudência será
considerada a virtude do bem viver. Essa virtude que e, intelectual e moral ao
mesmo tempo conduz o homem em toda sua unidade à conquista da felicidade.

A prudência é uma virtude intelectual por sua sede, uma vez que o
homem, como ser racional, precisa ser guiado pelo que tem de superior, como
intuiu Aristóteles. Entretanto, é também uma virtude moral devido ao seu objeta
material que e o mesmo das virtudes morais, a ação.

A mesma direção destas duas dimensões do homem demonstrar-se-á tão


necessária que as virtudes unicamente morais não existirão sem a presença da
prudência e esta, por sua vez, não existirá sem aquelas. Porem, por a prudência
estar numa posição superior, a razão será a mãe das demais, pois ela guia a ação
humana a luz da verdade, "rectarafio agibilium". Portanto, a prudência não é
somente virtude imprescindível para o bem viver, mas para um viver plenamente
humano.

Na doutrina de Santo Tomás de Aquino, a centralidade da prudência


para a vida humana encontra-se tão enraizada, que mesmo quando se dedica as
virtudes inerentes, aquelas que levam em consideração o fim absoluto, isto é,
Deus, e por isso, são tomadas como verdadeiras virtudes, evidenciara a
necessidade da ligação das virtudes teologias com virtudes morais, cujo elo
último é a prudência.

A palavra Caridade em nossa sociedade é de certo modo uma distorção


da proposta bíblica apresentada por Santo Tomas na Suma Teológica. O artigo 1°
da questão 23 a caridade é definida como um tipo de amizade do homem para
com Deus que nos torna partícipes de sua bem-aventurança, E o amor, palavra
que se aproxima mais da definição de Caridade dada por Santo Tomás, é o que
se funda nessa comunhão de Deus e o homem. A Caridade é também uma
virtude, assim como as demais virtudes teológicas, por estar relacionada a Deus,
e também é uma virtude especial: o objeto próprio do amor de caridade e o bem
divino, e, por isso, um amor especial.

De acordo com Santo Tomás, no artigo 7°, sem a Caridade não há


verdadeira virtude.

No artigo 6°, Tomás define assim a caridade:


... entre as virtudes teologais será mais excelente aquela que mais
alcançar a Deus. Ora, a fé e a esperança alcançam Deus na medida em
que recebemos dele ou o conhecimento da verdade ou a passe do bem.
Mas a caridade alcança Deus para que nele permaneça e não para que
dele recebamos algo (Aquino, Tomas de. Suma Teológica. IIª Illª e, v.V,
Q. 23,a. 6. São Paulo: Loyola, 2004).

Portanto, Santo Tomás considera que as virtudes teologais (as que


consistem em alcançar a Deus, que é a regra primeira), são mais excelentes que
as virtudes morais e intelectuais (as que consistem em alcançar a razão humana).
E importante destacar que Santo Tomás, no tratado da caridade, ressalta a
excelência dessa virtude em relação as demais, mas considera também a virtude
da Prudência como excelência diante das virtudes morais:
Daí resulta que a caridade é mais excelente que a fé e a esperança e, por
conseguinte, que todas as outras virtudes. Assim também a prudência,
que alcança a razão em si mesma, e também mais excelente que as
outras virtudes morais, as quais alcançam a razão na medida em que a
prudência se constitui corno meio termo nas operações ou paixões
humanas." (Aquino, Tomas de. Suma Teológica. IIª Illª e, v.V, Q. 23,a. 6.
São Paulo: Loyola, 2004).

De acordo com Carlos Nascimento[6] o léxico prudência tem sido


vítima de desqualificação, isto é, desgastada, assim como apalavra virtude e a
palavra moral. O autor chama-nos a atenção para uma critica realizada por A.
Gauthiera respeito da construção de Santo Tomás com relação a virtude da
prudência corno uma "desfiguração" da phrónesis-prudência de Aristóteles.

Porém, destaca que a phrónesis-prudência foi o centro da análise da


prática por Aristóteles e foi colocada por Santo Tomás em lugar bem diferente e,
apesar de apresentar em alguns pontos oposição a concepção dada por
Aristóteles, esta não é reduzida a uma "rotina moral". Na IIª parte da Suma
Teológica, Santo Tomás em 56 artigos, divididos em 9 questões, são destinados
ao esclarecimento e fundamentação da virtude da Prudência que tem como
função alcançar a razão em si mesma, e fazer com que esta alcance também o
meio temo nas operações ou paixões humanas.
Assim também a prudência, que alcança a razão em si mesma, é também
mais excelente que as outras virtudes morais, as quais alcançam a razão
na medida em que a prudência se constitui como meio temo nas
operações ou paixões humanas." (Aquino, Tomas de. Suma Teológica.
IIª Illª e, v.V, Q. 23,a. 6. São Paulo: Loyola, 2004).

A função da prudência na ética proposta por Santo Tomás de Aquino


ocupa um lugar importante dentro da sua concepção ética. Em seu tratado da
Prudência, Santo Tomás afirma na questão 47, artigo 1º que "a prudência reside
propriamente na razão" e que e próprio da prudência conhecer o futuro,
considerando coisas presentes e futuras.

Cabe, portanto, à pessoa prudente dar o apoio na ordenação ou


impedimento das coisas que precisam ser feitas no presente e seu mérito está no
fato dessa aplicação contingente, que é a finalidade da razão prática.
Capítulo IV
Síntese dos pensamentos filosóficos.

Ambos os pensadores viveram em épocas diferentes e de certo modo


vieram da nobreza, mas com desígnios diferentes, Aristóteles foi estudar na
escola de Platão, e São Tomás entrou para a ordem religiosa, onde se tornou
monge.

Pois bem, a posição o pensamento de Aristóteles estão condicionados a


pontos de vistas teleológicos e endaimonista, onde a principal busca e a
felicidade na vida.

Para São Tomás de Aquino que estudou as virtudes, seu objetivo foi
esclarecer qual a finalidade do homem em suas ações.

A principal diferença entre esses pensadores é de que para Aristóteles


há um homem racional, e para São Tomás homem é criação de Deus.
REFERÊNCIAS

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TORRELL, Jean-Pierre. Iniciação a Santo Tomás de Aquino -Sua Pessoa e Sua
Obra. 2ed. São Paulo: Loyola, 2004.
VAZ, H. C. de Lima. Escritos de Filosofia IV: Introdução a Ética Filosófica 1.
São Paulo: Loyola, 2002.




































AUTOR

Joaquim Dias Alves, professor universitário, escritor. Especialista em
Direito Processual Penal pela EPM - Escola Paulista da Magistratura; Direito
Penal e Direito Processual Penal pela Faculdade Damasio; Direito Processual
Civil pela Faculdade Damasio; Mestrando em Direito Processual Penal pela
PUC/SP; docente lecionou na Unianchieta; Unianhanguera; e PUC/SP, as
seguintes disciplinas: Teoria Geral do Estado; Introdução ao Direito e Direito
Constitucional; atualmente é docente na Academia de Policia Civil de São Paulo
em várias disciplinas.






[1] Para saber mais sobre a teoria dos humores sugerimos a seguinte leitura disponível em:
http://books.scielo.org/id/8kf92/pdf/rezende-9788561673635-05.pdf
[2] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, II.
[3] Idem
[4] ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco, Livro VI, 3.
[5] Nota de rodapé da Suma, v. IV, q. 57, a.2 Edições Loyola, p. 117.
[6] NASCIMENTO, Carlos A. Ribeiro do. A Prudência Segundo Tomás de Aquino. Revista Síntese Nova
fase. Belo Horizonte, v.20 n. 62, pp. 365-385, 1993.

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