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I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

Pneumonias adquiridas em ambiente hospitalar


RELATORES: CARLOS ALBERTO DE BARROS FRANCO, JORGE PEREIRA, BLANCARD TORRES

INTRODUÇÃO Siglas e abreviaturas utilizadas


PH – Pneumonia hospitalar
A pneumonia hospitalar (PH) é definida como aquela que
PAVM – Pneumonia associada a ventilação mecânica
se instala após 48 a 72 horas de internação, não sendo ATS – American Thoracic Society
produzida por germes previamente incubados no momento LBA – Lavado broncoalveolar
da admissão. 5FC – 5-fluorcitocina
A pneumonia associada a ventilação mecânica (PAVM) é CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças
aquela que se instala após 48 horas de ventilação mecânica, GEB – Gasto energético basal
excluindo os casos de pneumonias como causa da insufi- DSTD – Descontaminação seletiva do trato digestivo
NA – Narizes artificiais
ciência respiratória. Ela apresenta algumas particularidades
HME – Heat and moisture exchangers
em relação à pneumonia hospitalar sem ventilação mecâ- HMEF – Heat and moisture exchanging filters
nica. HCH – Hygroscopic condenser humidifers
As PH são atualmente a segunda ou terceira causa mais HCHF – Hygroscopic condenser humidifying filters
comum de infecção hospitalar, ocorrendo em percentual em SARA – Síndrome da angústia expiratória aguda
torno de 5 a 10 casos por 100 internações. Essa incidência VMIS – Ventilação mandatória intermediária sincronizada
aumenta 6 a 20 vezes, caso o paciente seja ventilado meca- VAC – Volume de ar corrente
nicamente.
A presença de PH aumenta a permanência hospitalar em portância epidemiológica no cenário das pneumonias noso-
7 a 9 dias, o custo da internação em 5.800 dólares por comiais, especialmente quando associadas a ventilação me-
paciente, sendo a mortalidade elevada, em torno de 16 a cânica (PAVM). Em um estudo prospectivo realizado no Ca-
37%, podendo chegar a 70% nos casos determinados por nadá, no qual as técnicas específicas para a identificação
infecção por Pseudomonas aeruginosa. desses microorganismos foram empregadas de forma siste-
Para a condução adequada da PH é fundamental o com- mática em 135 casos de PAVM (incidência: 5,7:1.000), estes
pleto conhecimento de etiologia, patogenia, manifestações estavam envolvidos em apenas 4, 1, 1 e 7 casos, respectiva-
clínicas, métodos diagnósticos, medidas terapêuticas e de mente. Muito embora outros estudos demonstrem partici-
prevenção. Cada um desses itens determina grande desafio pação mais expressiva da Legionella, sua incidência depen-
para a decisão diagnóstica e terapêutica, pois a gravidade de essencialmente de fatores locais, em que é necessária a
do quadro e alta mortalidade exigem decisões terapêuticas geração de aerossóis infectantes a partir de reservatórios de
rápidas. Por outro lado, a escolha de esquema antibiótico água contaminada. A etiologia viral deve ser considerada na
inadequado ou sua utilização em casos de origem não infec- presença de surtos epidêmicos.
ciosa terá conseqüências graves. O uso prévio e indiscriminado de antibióticos está relacio-
nado a maior incidência de infecções por Pseudomonas e
Acinetobacter, diretamente responsáveis por altas taxas de
ETIOLOGIA E FATORES DE RISCO
morbimortalidade.
Cerca de 60% das pneumonias nosocomiais são causa- Em hospedeiros específicos, particularmente em estados
das por patógenos aeróbios gram-negativos, dentre eles Kleb- de imunossupressão pós-transplante, sobretudo quando ex-
siella, Enterobacter, Pseudomonas e Acinetobacter. Dos postos a áreas de reformas e demolições, têm sido registra-
gram-positivos, predomina o Staphylococcus aureus. Na dos surtos, usualmente fatais, de pneumonias por fungos,
ausência de episódio óbvio de aspiração maciça, a incidên- especialmente Aspergillus e Histoplasma.
cia de germes anaeróbios responsabilizando-se por pneu- Em portadores de HIV com grave disfunção do sistema
monias nosocomiais não está estabelecida. A infecção poli- imunológico (CD4 < 200/mm3), admite-se a possibilidade
microbiana ocorre em até 40% dos casos. A presença de de transmissão nosocomial do Pneumocystis carinii, em-
fungos tem sido identificada em 3 a 11% dos casos. Os bora a infecção endógena seja predominante.
germes causadores das chamadas “pneumonias atípicas”, O Consenso da American Thoracic Society – ATS – (Am
Legionella, Mycoplasma, Chlamydia e vírus, freqüentemen- J Respir Crit Care Med 1995;153:1711-1725), procuran-
te causadores de pneumonias comunitárias, têm menor im- do estabelecer diretrizes para o tratamento empírico de pneu-
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monias nosocomiais em hospedeiros imunocompetentes, impede a instalação de patógenos primariamente patogêni-


definiu três grupos de pacientes, alocados conforme o nível cos. Na dependência do tamanho do inóculo e da virulência
de gravidade, a presença de fatores de risco específico e o das bactérias, a quebra dos mecanismos de proteção das
momento do diagnóstico em relação à admissão. vias aéreas propicia sua migração para o parênquima pul-
Grupo I – Na ausência de fatores de risco específico e monar, resultando em pneumonia.
com quadro de grau leve a moderado iniciado em qualquer Pequenos inóculos de 0,001mL, contendo até 107ufc/
etapa da permanência hospitalar; ou ainda, na presença de mL, são suficientes para determinar o surgimento de pneu-
critérios de gravidade, mas identificadas antes do 5º dia de monias. Enquanto as enterobactérias se instalam nas vias
admissão, são habitualmente determinadas por bactérias aéreas superiores a partir do trato digestivo, a Pseudomo-
gram-negativas habituais da microbiota entérica (E. coli, nas coloniza primariamente a luz traqueal.
Klebsiella sp, Proteus sp, Serratia marcescens, Entero- Tais achados são corroborados pelo risco aumentado de
bacter sp), além de Hemophilus influenzae. Menos fre- colonização do trato respiratório naqueles que apresentam
qüentemente, Staphylococcus aureus oxacilina-sensível e maior número de germes no estômago, particularmente
Streptococcus pneumoniae. quando submetidos a procedimentos que elevam o pH do
Grupo II – Na presença de fatores de risco específicos, suco gástrico, utilizados na profilaxia de hemorragias diges-
pneumonias de grau leve a moderado identificadas em qual- tivas. A redução da motilidade gastrintestinal e a utilização
quer período de internamento costumam ser causadas, além de alimentação enteral, especialmente se o produto estiver
da microbiota entérica, por germes anaeróbios (laparoto- contaminado, são fatores agravantes.
mia recente ou episódio evidente de aspiração), Staphylo- No paciente intubado, tais microorganismos têm acesso
coccus aureus (coma, traumatismo craniencefálico, diabe- aos pulmões de diversas formas: a) por migração retrógrada
tes melito, insuficiência renal crônica), Legionella (corticos- de germes presentes na luz gastrintestinal, processo facilita-
teróides em altas doses), Pseudomonas aeruginosa (per- do pela presença de sondas enterais e nasogástricas, e pelo
manência prolongada em UTI, uso de corticosteróides e an- decúbito supino; b) pelo deslocamento acidental de germes
tibióticos, subversão estrutural dos pulmões). para as vias aéreas distais, determinado pelo uso de sondas
Grupo III – Pacientes acometidos por pneumonias gra- de sucção; c) através da inoculação acidental maciça do con-
ves, ainda que na ausência de fatores de risco específico, densado contaminado, formado nos circuitos de ventilação
mas diagnosticadas após o 5º dia de internamento, ou, em mecânica, onde as bactérias ficam protegidas da ação de
sua presença, independente do momento em que foi identi- antibióticos e dos mecanismos de defesa do hospedeiro,
ficada, além dos patógenos da microbiota intestinal, costu- multiplicando-se livre e aceleradamente, tendo como fonte
mam ser infectados por Pseudomonas aeruginosa, Acine- primária os germes do próprio paciente; d) pela inalação de
tobacter e Staphylococcus aureus oxacilina-resistente. aerossóis contaminados, originados em nebulizadores aco-
plados aos circuitos; e) através de espaços criados entre a
cânula e a parede da traquéia, quando o produto acumulado
ETIOPATOGENIA
ao redor do tubo (secreção infraglótica) pode desalojar-se
No indivíduo hígido, a microbiota nativa da orofaringe em direção às porções periféricas das vias aéreas, ainda que
mantém-se estável desde o nascimento, passando por pe- o balonete esteja inflado; f) por via hemática.
ríodos eventuais de colonização transitória por germes po-
tencialmente patogênicos, habitualmente destituída de sig-
FATORES PREDISPONENTES
nificado clínico. Ao ocorrer a inoculação da orofaringe, de
forma intencional ou espontânea, tais bactérias são rapida- Diversos fatores responsabilizam-se por maior suscetibili-
mente removidas e dificilmente conseguem estabelecer-se. dade às pneumonias nosocomiais, incluindo idade avança-
A colonização da orofaringe por germes gram-negativos pode da, pneumopatias crônicas, imunossupressão, cirurgia, uso
estar presente em 6% dos indivíduos saudáveis, aumentan- de determinadas drogas, instalação de cânulas traqueais ou
do sua freqüência para 35 e 73%, nos moderada e grave- sondas para suporte nutricional, além de alguns tipos de
mente enfermos, respectivamente. Essa colonização depen- equipamentos de terapia respiratória.
de essencialmente do estado de higidez do indivíduo e da Cirurgia: O pós-operatório implica maior risco de pneu-
presença de fatores que subvertem a microbiota nativa, tais monia, ocorrendo em cerca de 17% dos casos, segundo al-
como o uso de antibióticos e corticóides, nos portadores de gumas séries. Diversos fatores contribuem para sua instala-
enfermidades crônicas (diabetes, alcoolismo, DPOC, uremia) ção, particularmente, hipoalbuminemia e escore elevado da
e naqueles sob uso de vias aéreas artificiais. Neles, um fato classificação do status orgânico pré-anestésico da Ameri-
comum é a perda da função protetora exercida por meca- can Society of Anesthesiologists (Am J Med 1987;70:677-
nismos naturais, especialmente pela fibronectina, proteína 80). Tabagismo, permanência hospitalar pré-operatória su-
que permite a aderência de bacterias da microbiota nativa e perior a 7 dias, procedimentos cirúrgicos extensos e/ou pro-
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longados (> 4 horas), especialmente toracotomias e laparo- menta a incidência de pneumonias. No mesmo estudo, cons-
tomias envolvendo o abdome superior, constituem outros tatou-se que o sucralfato é capaz de reduzir sua incidência.
elementos de maior risco. Todavia, não está determinado O tema permanece objeto de controvérsia. A dificuldade de
ainda o papel da cirurgia como fator independente frente a interpretação desses estudos resulta de problemas metodo-
outras variáveis, tais como intubação e uso de antibióticos. lógicos. Considerando-se suas propriedades farmacológicas,
Medicamentos: A antibioticoprofilaxia utilizada de forma deve-se evitar o uso de sucralfato através de sondas posicio-
errônea e a antibioticoterapia para infecções primárias em nadas em situação pós-pilórica, o que impediria sua atuação
regime hospitalar estão associadas a maior risco de pneu- sitioprotetora da mucosa gástrica.
monia, resultando em maior impacto na morbimortalidade, Quando as seguintes drogas são ministradas concomitan-
por selecionar germes multirresistentes, especialmente Pseu- temente ao sucralfato, observa-se redução substancial da
domonas e Acinetobacter. absorção e biodisponibilidade: ciprofloxacina, teofilina, hi-
O emprego excessivo de sedativos e de bloqueadores neu- dantoinatos, digoxina e amitriptilina.
romusculares propicia a retenção de secreções e favorece a A colonização da orofaringe e da traquéia foi demonstra-
aspiração. da em diversos estudos. Enquanto as Enterobacteriaceae
O uso de drogas para a profilaxia de hemorragia digesti- são identificadas na hipofaringe e no reto, antes que pos-
va em pacientes críticos é discutido em outra seção. sam ser cultivadas na luz traqueal, as Pseudomonas são
Aspiração de secreções: Cerca de 45% dos indivíduos encontradas primariamente na traquéia desses pacientes não
hígidos costumam aspirar pequena quantidade de secreções precedida pela colonização da orofaringe. Ao contrário,
durante o sono, que logo é eliminada sob ação dos mecanis- portanto, do comportamento das bactérias entéricas, com
mos de defesa das vias aéreas. Indivíduos acometidos por as Pseudomonas, a colonização traqueal é o evento primá-
problemas neuromusculares ou nos excessivamente seda- rio.
dos, com distúrbios da deglutição ou dismotilidade do apa- Sondas, alimentação enteral e o posicionamento do pa-
relho digestivo, aspiram com maior freqüência e intensida- ciente: Quase todos os pacientes sob ventilação mecânica
de e têm dificuldade para remover as secreções. A presença têm sondas inseridas para manejo de secreções gástricas e
de distensão abdominal e a instalação de sondas nasogástri- intestinais, para prevenir distensão e fornecer o suporte nu-
cas e cânulas traqueais podem induzir a aspiração. O posi- tricional. Sua presença promove estagnação de secreções e
cionamento indevido do paciente no leito favorece o refluxo maior colonização da orofaringe, além de aumento do reflu-
e induz a aspiração. xo e risco de aspiração. Por outro lado, a permanência de-
A colonização gástrica, da orofaringe e da traquéia: O masiada de sondas e cânulas introduzidas por via nasal é o
estômago é normalmente estéril devido às propriedades principal fator responsável pelas sinusites nosocomiais,
bactericidas do ácido clorídrico, que previne a colonização e freqüentemente de pouca expressão clínica, mas capazes
multiplicação de bactérias ingeridas. Em pacientes críticos, de originar sepse, especialmente em diabéticos e usuários
o pH intragástrico está freqüentemente alterado, por conta de corticosteróides.
de idade avançada, redução da perfusão do estômago rela- Grande parte dos pacientes em ventilação mecânica reve-
cionada a distúrbios hemodinâmicos, alimentação enteral e la-se primariamente desnutrida, agravando-se o estado pela
uso de determinadas drogas. Diversos estudos têm demons- habitual oferta nutricional inadequada, insuficiente para aten-
trado, através de correlação linear, o aumento acelerado do der à demanda metabólica. Portadores de DPOC, quando
número de bactérias no suco gástrico, proporcional à eleva- desnutridos, sofrem episódios mais freqüentes de infecção e
ção do pH. Com o pH mantido abaixo de 3,5, raras bacté- agudização, tornando-se candidatos à assistência ventilató-
rias são encontradas. Todavia, quando maior ou igual a 4, a ria.
concentração de bactérias sofre multiplicação progressiva O suporte nutricional enteral é benéfico aos indivíduos
chegando a 103, podendo atingir 108ufc/mL. mecanicamente ventilados, podendo, entretanto, favorecer
Diversos estudos demonstram aumento da incidência de a colonização gástrica e da orofaringe, além de permitir o
pneumonias em indivíduos em uso de antiácidos e antago- refluxo, resultando em aspiração e pneumonia.
nistas-H2 para a profilaxia de hemorragias digestivas. Com Além da elevação do pH gástrico – determinada pelo ali-
essa finalidade, tem sido recomendado o uso de sucralfato, mento de pH entre 6,4 e 7,0 que propicia a proliferação de
por suas atividades cito e sitioprotetora, sem elevar o pH de bactérias no estômago – se ministrado em grande volume,
forma substancial. Além disso, ficou demonstrada sua ativi- especialmente quando em bolus, implica maior risco de dis-
dade antibacteriana intrínseca contra germes comumente tensão abdominal, aspiração e pneumonia. Além disso, como
causadores de pneumonias (S. aureus, K. pneumonia, E. costuma ocorrer em 40% dos casos, a extremidade distal da
coli). Entretanto, através de metanálise (Chest 1991;100:7- sonda pode deslocar-se acidentalmente para o esôfago, por
13) demonstrou-se que a profilaxia de hemorragias digesti- vezes, com desastrosas conseqüências. Finalmente, a mani-
vas com drogas que elevam o pH do suco gástrico não au- pulação do alimento a ser ministrado por sonda pode resul-
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tar em contaminação. Como demonstrado através de cultu- ser despejado nas vias aéreas, determinando aspiração ma-
ras seqüenciais, as mesmas bactérias presentes no recipien- ciça.
te que contém o alimento poderão ser identificadas no estô- O uso de condensadores (discutidos em outra seção) pres-
mago e, mais tarde, na orofaringe e traquéia. cinde de umidificação artificial e dispensa a substituição
A despeito dos riscos inerentes a essa alternativa de su- freqüente dos circuitos, resultando em economia e seguran-
porte nutricional, a infusão contínua de alimentos mantém ça.
a motilidade gastrintestinal e a integridade da mucosa, mini- Além da cânula traqueal, os equipamentos de terapia res-
mizando a estase e a translocação bacteriana. piratória representam uma fonte potencial geradora de pneu-
Os episódios de aspiração são mais freqüentes quando o monias.
paciente é posicionado em decúbito supino, como demons- Nebulizadores utilizados para ministrar fármacos geram
trado através da introdução de radioisótopos no estômago, pequenas partículas (< 4µm) que chegam a bronquíolos e
quantificados horas mais tarde nas secreções brônquicas, alvéolos. Diversos estudos registraram, no passado, surtos
acumulados de forma mais expressiva em indivíduos restri- hospitalares de pneumonias por gram-negativos atribuídos
tos ao leito em decúbito supino, que naqueles mantidos com ao uso de nebulizadores contaminados. Com o controle ri-
o tórax elevado. goroso de desinfecção desses dispositivos para nebulização,
Cânula endotraqueal: A instalação de cânulas traqueais houve redução significativa desses eventos.
representa importante transgressão às mais elementares A recomendação para substituição dos circuitos a cada
barreiras de proteção do aparelho respiratório, represen- 24-48 horas tornou-se desnecessária, especialmente em
tando, por si só, o principal fator de risco para a instalação pacientes utilizando os condensadores (discutidos em outra
de pneumonias em terapia intensiva. Além da injúria causa- seção).
da pelo trauma à mucosa das vias aéreas, que determina
redução do transporte mucociliar e maior aderência de bac-
térias, sua presença promove maior produção e acúmulo de QUADRO CLÍNICO
secreções, favorecendo a aspiração. A incidência de pneu- 1) Situações clínicas típicas
monias nosocomiais é 6 a 20 vezes maior em indivíduos a) Início 48-72 horas após a internação;
mecanicamente ventilados, cujo aumento é proporcional ao b) Queixas clínicas: dor torácica, tosse com expectora-
tempo de permanência da cânula traqueal, crescendo à ra- ção purulenta ou sanguinolenta e febre acompanhada de
zão de 1% ao dia. sintomas como astenia e anorexia. Dispnéia, associada a
Equipamentos de terapia respiratória: Durante a venti- sinais de insuficiência respiratória aguda, denota maior gra-
lação mecânica, o gás inspirado pelos circuitos deve ser con- vidade, na dependência do tipo de agente etiológico, exten-
dicionado às condições ideais de umidade, pureza e tempe- são do processo, condições prévias do parênquima pulmo-
ratura. Os dispositivos utilizados para prover umidificação nar e resposta do hospedeiro à agressão. A hemoptise ma-
durante a ventilação mecânica devem ser capazes de repro- ciça não é ocorrência freqüente, mas pode surgir dependen-
duzir o condicionamento fisiológico no ponto de entrada do de necrose do tecido pulmonar com envolvimento da
das vias aéreas. circulação brônquica ou quando já existe predisposição ana-
Segundo o American National Standards Institute, um tômica ou sistêmica ao sangramento;
umidificador deve ser capaz de gerar pelo menos 30mg de c) Exame físico: é possível encontrar sinais de acometi-
água/L de gás, à temperatura de 30ºC, durante a ventilação mento pulmonar localizado ou mesmo bilateral com prefe-
mecânica. rência pelas bases. Quando ocorre derrame pleural impor-
Quando propelido para o aparelho respiratório, a partir tante os sinais físicos se modificam, dando lugar a uma sín-
do umidificador que contém água aquecida, o gás sofre um drome pleural predominante. Importância do exame físico
processo de resfriamento, gerando um condensado que ten- geral: é indispensável e em muitas ocasiões direciona o diag-
de a acumular-se rapidamente nas porções pendentes do nóstico etiológico. Em casos de pneumonias pelos vírus do
circuitos. Muito embora não produza aerossóis – e o líquido herpes simples e varicela-zoster, as alterações cutâneas e de
do umidificador seja primariamente estéril e mantido a tem- mucosa são características e sugerem o diagnóstico.
peratura elevada, o que limita a proliferação bacteriana – o
condensado sofre contaminação pelas bactérias que prima- 2) Situações clínicas particulares
riamente colonizaram o aparelho respiratório do indivíduo. a) Idoso hospitalizado: a piora progressiva de seu estado
Distante da atuação de antibióticos e protegidas dos meca- de saúde pode representar a pneumonia. Sintomas como
nismos de defesa do organismo, permanecem aí abrigadas anorexia, confusão mental ou piora súbita de uma comorbi-
e proliferam. dade aparecem com freqüência sinalizando para o diagnós-
Acidentalmente, durante a manipulação do paciente ou tico. Nesse particular, a febre pode estar ausente e a tosse é
dos circuitos de ventilação, o condensado contaminado pode comumente débil.
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b) Paciente portador de doença pulmonar obstrutiva crô- te vir a apresentar pneumonia. Pacientes intubados com me-
nica: é infectado freqüentemente por germes específicos, nos de 24 horas têm incidência de 15 a 20 vezes menor do
apresentando quadro em que predomina piora do grau da que aqueles com tempo superior a 30 dias;
dificuldade respiratória, da tosse e mudança na quantidade c) Qualidade do tratamento intensivo: outro aspecto que
e qualidade do escarro. Devido às alterações de vias aéreas chama a atenção para o risco de pneumonia é a qualidade
inferiores e parênquima pulmonar, os aspectos radiológicos de atendimento dispensado aos pacientes quando ventila-
diferem do habitual, com tendência a não ter um padrão de dos artificialmente. Sabemos que serviços que não primam
enchimento alveolar, em focos bem definidos. pela profilaxia das infecções e não dispõem de padrão téc-
c) Doentes imunocomprometidos: quando internados em nico elevado convivem com índices de infecção bem mais
hospitais têm maior suscetibilidade de infectar-se com ger- elevados.
mes tidos como típicos da flora hospitalar ou oportunistas.
Geralmente quando infectados, o grau e extensão da doen- DIAGNÓSTICO
ça são mais avançados, com tendência a progredir rapida-
mente. Seu reconhecimento e início da terapêutica devem O diagnóstico de certeza da pneumonia hospitalar (PH) e
ser os mais precoces possíveis, com risco de êxito letal na a escolha do esquema antibioticoterápico correto idealmen-
ausência dessas medidas salvadoras. A caracterização das te deveriam ser feitos através da identificação etiológica, por
alterações das defesas contra as infeções pulmonares, in- cultura e antibiograma. As dificuldades na coleta de mate-
cluindo as do sistema imunológico, aproxima as possibilida- riais que possam assegurar que a bactéria identificada é o
des do diagnóstico etiológico, facilitando as correlações das agente causal da pneumonia, a necessidade de técnicas es-
manifestações clínicas e radiológicas. Cada defeito corres- pecializadas para coleta e culturas desse material, a necessi-
ponde a um perfil de suscetibilidade próprio, podendo-se dade do início o mais precocemente possível do tratamento,
prever seu respectivo agente causal. fazem que o diagnóstico e tratamento da PH sejam realiza-
dos sem confirmação bacteriológica, pelo menos nas pri-
d) Uso prévio de antibióticos: esse fator é um dos mais
meiras 48 a 72 horas.
importantes que determinam mudanças na apresentação clí-
Para diminuir o empirismo e permitir que a escolha do
nica das pneumonias, tornando o diagnóstico pelos aspec-
esquema antibiótico tenha grande possibilidade de dar co-
tos clínicos um verdadeiro desafio. Outro problema com o
bertura aos agentes etiológicos mais prováveis, é fundamental
uso de drogas é a possibilidade de causar efeitos tóxicos ao
que critérios clínico-radiológico-epidemiológicos sejam in-
pulmão. As reações pulmonares a diversos medicamentos
terpretados cuidadosamente antes da seleção do esquema a
utilizados, muitas vezes no tratamento da doença de base
ser utilizado. Com esse objetivo, o diagnóstico da PH será
do paciente internado, também podem levar a quadros de
dividido em diagnóstico clínico-radiológico-epidemiológico
pneumonite confundindo-se com as infecções.
e diagnóstico bacteriológico.
e) Pneumonias associadas a ventilação mecânica (PAVM):
o diagnóstico clínico das pneumonias associadas a ventila-
ção mecânica tem dificuldades ainda maiores. O diagnósti- DIAGNÓSTICO CLÍNICO-RADIOLÓGICO-EPIDEMIOLÓGICO
co diferencial é bastante complexo, envolvendo múltiplas É feito através da análise de 5 fatores:
possibilidades, inclusive concomitantes. A gravidade da doen-
ça que exigiu intubação e ventilação mecânica, freqüente 1) Presença de critérios compatíveis com pneu-
acometimento pulmonar subjacente, associado às dificulda- monia hospitalar
des de um diagnóstico rápido, cria um dilema médico de ter O quadro clínico é geralmente atípico. A presença de fe-
ou não que administrar antibióticos na presença de evidên- bre, dor torácica e dispnéia pode ser relacionada às doenças
cias de lesão pulmonar aguda. de base, não sendo assim valorizada. Pacientes idosos po-
dem ter, como única manifestação da pneumonia, distúrbio
3) Fatores de risco de comportamento. Pacientes muito debilitados ou em uso
a) Pacientes com idade superior a 45 anos, DPOC, uso de de drogas imunossupressoras podem não apresentar febre,
corticosteróides e/ou imunodepressores, estados de imuno- nem secreção purulenta mesmo na presença de pneumo-
depressão, presença de choque, queimados, cirurgia abdo- nias graves.
minal superior ou torácica, entre outros; Em linhas gerais, a suspeita da presença de PH é feita
b) Tempo de incubação ou ventilação mecânica é outro pela presença dos seguintes achados: febre, secreção brôn-
guia que nos informa da possibilidade de explicar se o au- quica purulenta, leucocitose e infiltrado pulmonar de apare-
mento das secreções purulentas, novas alterações radiológi- cimento recente e progressivo. As características desse infil-
cas acompanhadas ou não de um quadro febril, são real- trado radiológico são de pouco ou nenhum auxilio no diag-
mente devidos ao fator infeccioso. Quanto mais prolongado nóstico etiológico das PH. Vale ainda lembrar que nos pa-
o tempo de ventilação, maiores são as chances de o pacien- cientes graves, especialmente nos submetidos a ventilação
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mecânica, muitas outras doenças podem apresentar as mes- Através da associação desses quatro fatores podem-se di-
mas manifestações clínico-radiológicas, mimetizando a pre- vidir as PH em grupos distintos quanto às prováveis etiolo-
sença de PH. Diante de tal fato, é fundamental para o diag- gias e, baseado nisso, definir a escolha de diferentes anti-
nóstico clínico-radiológico de PH que sejam pesquisadas e bióticos.
afastadas essas outras enfermidades. Grupo I – Formas leves a moderadas, sem comorbida-
As principais doenças a serem afastadas são: des, iniciadas em qualquer período da internação ou formas
1.1) Outras causas de condensação pulmonar: edema que preencham os critérios de pneumonia grave, mesmo de
pulmonar, embolia pulmonar, broncoaspiração, atelectasia, instalação precoce. As etiologias mais comuns são os gram-
fase fibroproliferativa da SARA, etc. negativos da microbiota entérica (E.coli, Klebisiela sp., Pro-
1.2) Outras causas de secreção traqueobrônquica puru- teus sp., Serratia marcencens, Enterobacter sp.), além da
lenta: a permanência de via aérea artificial associada a mi- microbiota habitual das vias aéreas superiores (Hemophilus
croaspiração freqüente em pacientes graves e torporosos influenzae, Staphylococcus aureus oxacilina-sensível e
torna as vias aéreas rapidamente colonizadas por bactérias, Streptococcus pneumoniae).
podendo induzir a produção de secreção purulenta sem do- Grupo II – Qualquer forma clínica de PH, em termos de
ença parenquimatosa. gravidade, com qualquer tempo de início, mas que apresen-
1.3) Outras causas de febre: no paciente grave, especial- te associadamente um determinado fator de risco. Nesses
mente se submetido a ventilação mecânica. Várias são as casos existirá alta probabilidade de determinada etiologia,
causas de febre sem ser PH. Dentre elas citamos a sinusite dependendo da comorbidade. As principais comorbidades
aguda, infecção em acessos venosos, infecção urinária, no são:
local de cirurgia, na pele e em outros sítios. Podem existir • Cirurgia abdominal recente ou suspeita de broncoaspi-
causas não infecciosas, como febre medicamentosa, por ração: associação com anaeróbios;
transfusão de sangue, por tromboflebite, pancreatite, absor- • Coma, traumatismo craniencefálico, diabetes melito,
ção de hematomas, fase fibropoliferativa da SARA, etc. insuficiência renal: associação com Staphylococcus aureus;
Outros fatores que devem ser avaliados são gravidade do • Uso de corticosteróides em altas doses: associação com
quadro, tempo de internação no momento de aparecimen- Legionella;
to da PH e presença de comorbidade. • Permanência em UTI, ventilação mecânica, uso prévio
Uma vez confirmada a presença de pneumonia pelos cri- de múltiplos esquemas antibióticos, doenças broncopulmo-
térios acima mencionados, devemos avaliar a gravidade da nares crônicas, uso crônico de esteróide, associação com
pneumonia, o tempo de internação e a presença de comor- Pseudomonas aeruginosa.
bidades. Através da análise desses fatores pode ter-se idéia Grupo III – Corresponde às pneumonias graves, basea-
das possíveis etiologias e definir o melhor esquema antibió- das nos critérios previamente citados. Nesse grupo devem
tico. ser consideradas no diagnóstico bactérias altamente pato-
gênicas e resistentes a antibióticos como: Pseudomonas ae-
2) Gravidade da pneumonia ruginosa, Acinetobacter sp., Staphilococcus aureus oxa-
Pode-se dividi-la em leve a moderada e grave. cilina-resistentes (MRSA).
Os critérios para considerar a pneumonia como grave são:
5) Conhecimento das bactérias mais freqüentes
• Necessidade de tratamento em UTI;
no local de internação do paciente
• Necessidade de FIO2 acima de 35% para manter SatO2
No diagnóstico etiológico de probabilidade, além dos fa-
acima de 90%;
tores previamente citados, é fundamental que o médico dis-
• Necessidade de ventilação mecânica;
ponha de levantamentos feitos na unidade em que o pacien-
• Acometimento radiológico multilobar ou com escava-
te está internado sobre as bactérias mais freqüentemente
ção;
causadoras de infecções e sua sensibilidade aos antibióticos.
• Sinais de acometimento sistêmico: choque, necessida-
Tais informações permitirão que sejam feitas adaptações às
de de vasopressores, débito urinário baixo (< 20ml/h), insu-
probabilidades etiológicas citadas em cada grupo, depen-
ficiência renal necessitando de diálise.
dendo da flora hospitalar habitualmente presente naquela
3) Tempo de internação unidade em que o paciente está internado.
Considera-se a PH de aparecimento precoce quando ocorre
antes de 5 dias de internação e tardia, quando após esse DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO
período. Como já foi comentado, a identificação do agente etioló-
4) Presença de comorbidade gico e o respectivo antibiograma constituem o método ideal
Significa a presença de outra doença previamente à pneu- para o diagnóstico da PH, devendo ser tentado sempre que
monia. existam condições locais para tal. O método empregado
78 J Pneumol 24(2) – mar-abr de 1998
I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

poderá ser mais sofisticado, dependendo dos recursos dis- método com maior especificidade, embora, em vista da pe-
poníveis na unidade hospitalar. Os principais métodos dis- quena amostra colhida (0,001ml), perca em sensibilidade
poníveis são: para métodos que colhem material de uma área pulmonar
1) Hemoculturas: devem ser feitas no numero mínimo mais ampla, como é o caso do lavado broncoalveolar.
de três, com intervalos variáveis entre elas. Geralmente são 3.3) Lavado broncoalveolar (LBA): pode ser feito por via
colhidas com intervalos de 30min a 1 hora devido à pre- endoscópica ou às cegas. De qualquer forma, a técnica man-
mência em iniciar um esquema antibiótico. Vale lembrar da encunhar a extremidade distal do broncoscópio ou da
que uma hemocultura positiva não é absolutamente especí- sonda, no caso de coleta às cegas, e injeção de alíquotas de
fica para a etiologia da PH. No paciente hospitalar, especial- salina em volumes que variam de 20ml (denominado de
mente no grave, com cirurgia abdominal, politraumatizado, minibal) até 120ml. Através dessa técnica consegue-se re-
com múltiplas sondas ou acessos venosos múltiplos, essas colher material de 1 milhão de alvéolos, 10 vezes mais do
são causas de bacteremias não relacionadas à pneumonia. que o escovado protegido. As vantagens desse método so-
2) Punção de líquido pleural: deverá ser feita no caso de bre o escovado protegido são a coleta de área mais extensa,
derrame pleural volumoso, especialmente se a radiologia ou aumentando a sensibilidade e permitindo o estudo para ou-
ultra-som sugerir líquido de alta densidade ou com debris tros patógenos, como micobactérias, fungos, vírus, Legio-
em seu interior. A identificação de bactéria nesse sítio é nella e Chlamydia. Permite ainda o estudo de outras subs-
especifica como agente etiológico da pneumonia. tâncias, como: marcadores de inflamação, células neoplási-
3) Coleta de material broncopulmonar: cas, estudo da imunidade local, etc.
3.1) Aspirado traqueal: a cultura simples do aspirado tra- A sensibilidade do método é alta, chegando a 100%, pa-
queal tem baixa especificidade, visto que as vias aéreas de recendo ser superior ao escovado protegido, sendo a espe-
pacientes com vias aéreas artificiais são geralmente intensa- cificidade inferior (em torno de 82%).
mente colonizadas por várias bactérias. Tal fato também Recentemente, Meduri descreveu o lavado broncoalveo-
ocorre nos portadores de broncopneumopatias crônicas, lar protegido, com sensibilidade entre 82 e 85% e especifi-
como bronquite crônica, bronquiectasias e fibrose cística. cidade entre 83 e 86%.
Normalmente, o germe causador da pneumonia está conti- É provável que a combinação do escovado protegido com
do entre os identificados na cultura desse material. O pro- o lavado broncoalveolar permita atingir as melhores sensibi-
blema é que habitualmente são identificadas várias outras lidade e especificidade. Os dois métodos exigem algum grau
bactérias além da causadora da pneumonia, dificultando di- de sofisticação do hospital.
ferenciar o germe patogênico do colonizador. 4) Punção aspirativa transtorácica: é feita com agulha fina
Tem importância nos pacientes com suspeita de infec- no local onde se identifica a condensação. Tem alta es-
ção, sem uso de antibióticos, nos quais o gram do material pecificidade, pois a bactéria identificada é geralmente a cau-
e a cultura forem negativos. Nesses casos, provavelmente a sadora da pneumonia. Tem como desvantagem complica-
causa do quadro clínico-radiológico suspeito não é pneumo- ções como a hemoptise e o pneumotórax, de alto risco no
nia. Algumas técnicas são utilizadas para melhorar a especi- paciente grave, especialmente se submetido a ventilação me-
ficidade do método, como a cultura quantitativa, conside- cânica. O uso de uma agulha ultrafina, descrito por Zavala,
rando como potencialmente patogênicas as bactérias com teoricamente diminui o número de complicações.
concentração superior a 105. 5) Biópsia pulmonar: em casos graves, nos quais as me-
3.2) Escovado broncopulmonar protegido: essa técnica, didas terapêuticas fundamentadas em critérios clínico-radio-
descrita por Wimbley em 1970, utiliza um cateter de dupla lógicos e na análise dos resultados bacteriológicos não surti-
luz com a extremidade distal protegida por capa de polie- rem efeito, havendo progressiva deterioração clínica e ra-
tilenoglicol. Essa proteção é expulsa no momento da coleta diológica, especialmente se existirem dúvidas quanto à etio-
do material no interior de brônquio segmentar. Dessa for- logia infecciosa do infiltrado pulmonar, a biópsia pulmonar
ma, evita-se o contato da escova com secreções de vias aé- cirúrgica poderá ser necessária.
reas centrais freqüentemente colonizadas. Vale lembrar que, em muitos casos, a biópsia pulmonar
Mesmo com esses cuidados, existe contaminação e é ne- pode mudar completamente a terapêutica e, conseqüente-
cessário que o material colhido seja submetido a cultura quan- mente, o curso da doença, como, por exemplo, se a causa
titativa ou semiquantitativa, para diferenciar bactérias infec- do infiltrado pulmonar for a fase fibroproliferativa da SARA.
tantes das colonizadoras. São consideradas bactérias prova- Nesses casos, a terapêutica com esteróides pode melhorar
velmente infectantes aquelas que em culturas quantitativas o prognóstico do caso. A morbimortalidade da biópsia pul-
aparecem em concentrações iguais ou superiores a 103. monar, em mãos experientes, varia de 4 a 19%, podendo
Seguindo essa metodologia, a sensibilidade do método ser realizada na própria UTI.
tem variado de 64 a 100% (média de 82%) e a especificida- 6) Exames sorológicos: são utilizados principalmente para
de, de 69 a 100% (média de 92%). Possivelmente seja o o diagnóstico de pneumonia por Legionella, vírus e Chla-
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I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

mydia. Como sua interpretação depende do aumento do diagnóstico; síndrome da angústia respiratória do adulto
título, em exames pareados com intervalo entre as duas amos- (SARA) : outra condição que pode ser conseqüência da pneu-
tras de quatro semanas, perde importância para a decisão monia ou assemelhar-se aos sintomas e sinais do processo
terapêutica, tendo somente valor epidemiológico, confirman- infeccioso. A falta de ar progressiva, hipoxemia arterial re-
do a suspeita diagnóstica, a posteriori. fratária, complacência pulmonar diminuída, infiltração al-
veolar difusa bilateral às radiografias de tórax, na ausência
CONCLUSÕES E SUGESTÕES de insuficiência cardíaca congestiva, caracterizam a síndro-
me. Tanto é difícil dizer que a doença da resposta inflamató-
O diagnóstico de pneumonia hospitalar deve basear-se
ria sistêmica se desenvolveu a partir de um foco infeccioso,
em critérios clínico-radiológicos, tendo-se o cuidado de afastar
como detectar a infecção pulmonar após a instalação da
as múltiplas outras causas presentes em pacientes graves,
síndrome.
que mimetizam as manifestações clínicas e radiológicas pre-
sentes na PH.
Deve-se fazer o possível para realizar a coleta de material
TRATAMENTO
para estudo bacteriológico que permita identificar o prová- Antibioticoterapia precoce apropriada reduz a morbimor-
vel agente etiológico da PH e conhecer sua sensibilidade aos talidade. Entretanto, a escolha empírica dos antibióticos sem
diversos antibióticos. O tipo de coleta de material traqueo- que sejam seguidos rigorosamente os critérios recomenda-
brônquico dependerá da estrutura clínica e laboratorial do dos para essa conduta vem-se tornando um preocupante
hospital, sendo os mais específicos a coleta através do esco- problema. Antibióticos antes eficientes, quando emprega-
vado protegido e lavado broncoalveolar, com cultura do tipo dos indiscriminadamente tornam-se rapidamente obsoletos.
quantitativa ou semiquantitativa. Outro fator é a mudança de comportamento de algumas
Na impossibilidade das coletas anteriormente descritas, a cepas patógenas, como na produção de enzimas que neu-
simples coleta de aspirado traqueal, com cultura quantitati- tralizam as ações dos antibióticos e a emergente participa-
va ou não, deve ser feita, inclusive para levantamento epi- ção de novos microorganismos nosocomiais, que se somam
demiológico dos germes mais prevalentes nas diversas uni- às anteriores, aumentando ainda mais as dificuldades no
dades do hospital. tratamento.
Na impossibilidade de coleta de materiais para culturas
1) Tratamento das pneumonias hospitalares em
ou enquanto se aguardam os resultados bacteriológicos dos
pacientes não ventilados mecanicamente
materiais colhidos, devemos analisar os critérios clínicos, ra-
a) Associação de antibióticos: o emprego da antibiotico-
diológicos e epidemiológicos para escolha do melhor esque-
terapia empírica inicial logo após a colheita do material para
ma antibioterápico empírico. Para essa decisão os princi-
identificação microbiológica continua apontando para as
pais fatores são: a classificação da pneumonia em leve a
cefalosporinas de terceira geração associadas com amino-
moderada ou grave, instalação da pneumonia antes ou após
glicosídeo, todos por via parental. O aminoglicosídeo, em
cinco dias de internação e a presença de comorbidades. Le-
pacientes idosos ou com risco de insuficiência renal aguda,
vando-se em conta esses fatores, podem-se dividir as PH em
poderá ser substituído pelo aztreonam. A associação do be-
três grupos com diferentes etiologias bacterianas e que, con-
talactâmico com o aminoglicosídeo ou aztreonam amplia o
seqüentemente, serão tratadas com esquemas terapêuticos
espectro bacteriano pelo sinergismo e previne a emergên-
distintos.
cia de resistência aos antibióticos;
Não havendo método diagnóstico definitivo para o diag-
b) Opções terapêuticas: como alternativa, o imipenem/
nóstico etiológico das PH, seu diagnóstico deve sempre ser
cilastatina tem cobertura para praticamente todas as bacté-
feito através da análise conjunta dos achados clínicos, radio-
rias hospitalares, sendo bastante eficiente em infecções por
lógicos e bacteriológicos, no contexto da situação epidemio-
bacilos gram-negativos entéricos, P. aeruginosa, Acineto-
lógica da unidade hospitalar em que o paciente está interna-
bacter spp, S. aureus oxacilina-sensível e anaeróbios. As
do (ver abaixo).
quinolonas, que têm espectro semelhante ao das cefalospo-
4) Diagnóstico diferencial rinas de terceira geração, são uma boa opção, tendo uma
Tromboembolismo pulmonar, contusão pulmonar, aspi- vantagem adicional de atuar contra a Legionella. As novas
ração de suco gástrico, edema cardiogênico: estas e outras cefalosporinas de quarta geração e ticarcilinas, de amplo
condições simulam o quadro infeccioso. Assim, padrões clí- espectro, já disponíveis no Brasil, ficam na retaguarda, para
nicos como secreção purulenta, febre, leucocitose e infiltra- ser usadas quando os padrões de sensibilidade das bactérias
do pulmonar nas radiografias de tórax não são suficientes multirresistentes apontarem para essa direção. A esse res-
para indicar infecção pulmonar. Com mais ênfase nessas peito, podemos dizer que usar o mais novo tão rapidamente
condições, o diagnóstico microbiológico é importante e, em quanto possível não resolve a questão das graves infecções
muitas situações, o único capaz de definir com segurança o hospitalares; às vezes, pelo contrário, pressionam o fenô-
80 J Pneumol 24(2) – mar-abr de 1998
I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

meno de resistência, que pode ocorrer tão rapidamente quan- presença de resistência à penicilina apresentada por alguns
to foi a pressa em utilizá-lo; anaeróbios, principalmente Bacteroides fragilis e melani-
c) Monoterapia: com o advento de potentes agentes anti- nogenicus, a preferência recai para a clindamicina, que ain-
bacterianos de amplo espectro e altamente bactericidas, a da tem uma vantagem adicional ao metronidazol, por pos-
necessidade da combinação pode não ser a melhor escolha. suir alta atividade contra estreptococos aeróbios e microae-
A vantagem custo/efetividade da monoterapia é melhor rófilos;
concedida em pacientes com formas clínicas de pneumo- d) Fungos: os agentes fúngicos como causa de pneumo-
nias mais brandas, no paciente não neutropênico e sem ven- nias são sempre uma possibilidade em pacientes imunocom-
tilação artificial prolongada. A presença de fator imunode- prometidos com grave neutropenia, disfunção neutrofílica,
pressor faz com que a terapia combinada seja mais segura, transplantados de medula óssea e portadores de doenças
eficiente e, portanto, mais recomendada. hematológicas malignas, como leucemias e linfomas. O As-
2) Tratamento das pneumonias associadas a ven- pergilus fumigatus é o mais comum agente de infecção
tilação mecânica pulmonar invasiva e é bastante sensível ao emprego da an-
No paciente com pneumonia associada a ventilação me- fotericina B associada ou não ao 5-fluorcitocina (5FC). Deri-
cânica o esquema de antibióticos necessita ser mais agressi- vados imidazólicos e triazólicos, como o cetoconazol, fluco-
vo, tendo em vista a maior gravidade do quadro. A associa- nazol e itraconazol, devem ser tentados, desde que haja in-
ção de antibióticos é quase uma regra, especialmente nas tolerância ou resistência à anfotericina ou ainda quando a
situações de ventilação mecânica prolongada e, devido à infecção não ameaçar a sobrevivência. São drogas de fácil
alta prevalência nesse tipo de infecção de bactérias multirre- manipulação e poucos efeitos adversos quando comparadas
sistentes, como Pseudomonas, Acinetobacter, Citrobacter com a anfotericina.
e enterobactérias, os antibióticos prescritos terão obrigato- Outra forma de pneumonia fúngica no paciente imuno-
riamente de cobrir essa microflora altamente resistente. De- comprometido é determinado pela Candida albicans. Seu
pendendo de dados epidemiológicos locais, uma cefalospo- tratamento é basicamente o mesmo, empregando a anfote-
rina de terceira geração com atividade anti-Pseudomonas ricina B como droga de primeira escolha. O fluconazol in-
associado a um aminoglicosídeo ou aztreonam pode ser uma travenoso é uma opção e tem mostrado resultado prelimi-
boa escolha para o tratamento empírico inicial. nares bastante satisfatórios no tratamento da infecção pro-
Outros antibióticos de largo espectro, como o imipenem, funda por Candida no paciente não neutropênico;
quinolonas, ticarcilinas e cefalosporinas de quarta geração, e) Vírus: Citomegalovírus – a infecção pulmonar em
deverão estar disponíveis e ser usados, dependendo dos es- transplantado ou com SIDA é tratada com ganciclovir intra-
tudos de protocolos de tratamento realizados criteriosamente. venoso. O ganciclovir é um quimioterápico antiviral da clas-
3) Formas específicas de tratamento se dos antimetabólitos que tem a meia-vida plasmática de 4
a) S. aureus: se o estudo do gram das secreções pulmo- horas, podendo chegar a 9 horas em caso de disfunção re-
nares mostrar predominância de cocos gram-positivos, ao nal. Dos efeitos adversos, os mais comuns e também mais
invés dos gram-negativos habituais, especialmente quando importantes são neutropenia e trombocitopenia;
os aspectos das lesões pulmonares forem de múltiplos pe- f) Outros vírus: outros vírus também são causa de infec-
quenos abscessos ou pneumatoceles associada a grandes ção pulmonar grave, especialmente nos pacientes fortemente
coleções pleurais purulentas, a possibilidade de Staphylo- imunocomprometidos. O vírus do herpes simples e varicela-
coccus aureus aumenta consideravelmente. Nesse caso, a zoster tem excelente sensibilidade ao aciclovir, tendo a via
vancomicina por via intravenosa deve ser associada. O tei- intravenosa como a preferencial. Como efeitos colaterais, é
coplanin é uma opção terapêutica, especialmente quando capaz de produzir flebite ou inflamação no local da injeção,
existe história de antecedentes de hipersensibilidade e, em falência renal aguda, alterações encefalopáticas, hipotensão
casos mais raros, de resistência ao cloridrato de vancomici- e trombocitose. Casos de pneumonias difusas causadas pe-
na; los vírus da influenzae com graves repercussões funcionais,
b) Legionella: a respeito da Legionella, a eritromicina estando ou não os pacientes imunocomprometidos, devem
intravenosa é a escolha e, em sua impossibilidade, a clari- ser combatidos com o emprego das adamantanaminas:
tromicina. A rifamicina deverá ser adicionada ao esquema, amantadina e rimantadina. A ribavarina por via inalatória é
dependendo da gravidade do quadro apresentado; uma opção terapêutica quando se trata do vírus sincicial res-
c) Anaeróbios: na suspeita de pneumonia aspirativa bac- piratório, que muitas vezes atinge gravemente os pulmões
teriana que ocorre freqüentemente em alcoolistas ou em de recém-nascidos ou crianças pequenas;
pacientes com predisposição a aspiração, um desses agen- g) P. carinii: em centros de transplantados que não utili-
tes, como clindamicina, penicilina G ou metronidazol, deve zam profilaxia, chega a ter taxa de 3 a 15%; tem como
ser prescrito, associado a antibióticos contra bactérias gram- terapêutica de preferência sulfametoxazol-trimetoprim por
negativas, prevalentes nas infeções hospitalares. Devido à tempo não inferior a 21 dias.
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I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

4) Tratamento antibiótico empírico Grupo III – Pneumonia grave iniciada após o 5º dia de
Uma vez preenchidos os critérios clínico-radiológicos de internação.
PH, torna-se imperativo iniciar de imediato o esquema anti-
biótico enquanto se aguardam os resultados das culturas co- Etiologias mais prováveis Antibióticos
lhidas. Após esses resultados o esquema antibiótico empíri-
co inicial poderá sofrer adaptações. Pseudomonas aeruginosa, Aminoglicosídeo ou ciprofloxacina
Acinetobacter sp +
A antibioticoterapia a ser iniciada, embora empírica, deve cefotazidime ou cefoperazona ou
utilizar critérios que aumentem significativamente as possi- imipenem ou aztreonam ou penicilina
bilidades de acerto. Os critérios já foram descritos durante o anti-Pseudomonas
diagnóstico clínico e radiológico e são: 1) a forma da apre- +
sentação clínica da pneumonia leve a moderada ou grave; Na suspeita de MRSA vancomicina
2) o início da pneumonia antes ou após 5 dias de interna-
ção; e 3) a presença ou não de comorbidades. Com base 5) Tratamento geral
nesses três aspectos, as PH podem ser divididas em três gru- O combate às alterações pulmonares e sistêmicas ocasio-
pos com diferentes probabilidades de agentes etiológicos e, nadas pelo processo infeccioso é realizado concomitante-
portanto, diferentes propostas de antibióticos. mente ao esquema antibiótico escolhido. As condições ge-
Grupo I – Pacientes com formas leves a moderadas, com rais do paciente precisam ser prontamente restabelecidas,
aparecimento em qualquer período de internação, sem co- aumentando seu potencial de resposta local e imunológica
morbidade, ou pneumonia grave de aparecimento antes de ao processo infeccioso. A insuficiência respiratória aguda é
5 dias de internação. um fator complicador dos mais importantes e tem na sín-
Etiologias mais comuns: Gram-negativos da microbiota drome da angústia respiratória do adulto o mais alto grau de
entérica (E. coli, Klebsiela sp, Proteus sp, Serratia mar- complexidade e gravidade, necessitando de terapia igual-
cences, Enterobacter sp.), além de Hemophilus influen- mente complexa e agressiva para tentar restabelecer a nor-
zae e, menos freqüentemente, Staphylococcus aureus oxa- malidade. Os fatores locais e gerais que influenciam a evo-
cilina-sensível e Streptococcus pneumoniae. lução e manutenção do processo infeccioso precisam igual-
Antibióticos recomendados: Cefalosporinas de segunda mente ser resolvidos. Fenômenos obstrutivos podem ter im-
ou de terceira geração sem atividade anti-Pseudomonas ou portância no desencadeamento da infecção. O emprego da
betalactâmico associado a um inibidor da betalactamase. fibrobroncoscopia em muitas ocasiões pode ajudar tanto no
Grupo II – Pacientes com as mesmas características do diagnóstico, estabelecendo a causa, como no tratamento,
grupo I, porém que apresentam comorbidade. Nesses casos em produzir a desobstrução quando provocado por tampões
associam-se ao esquema antibiótico previamente descrito de rolhas de secreção, em casos de abscessos ou atelecta-
outros antibióticos, que dependerão da comorbidade pre- sias.
sente. Em relação à nutrição, podemos dizer que a desnutrição
As principais comorbidades são: é um fator de agravo às defesas do hospedeiro, estando
freqüentemente associado a má resposta ao tratamento. O
cuidado com a nutrição deve ser tão imediato como a ne-
Comorbidade Bactérias envolvidas Antibióticos cessidade de utilizar os antibióticos.

Cirurgia abdominal Anaeróbios Clindamicina,


6) Duração do tratamento
suspeita de betalactâmico + É difícil de determinar, não existindo estudos a respeito
broncoaspiração inibidor de desta questão. A presença de comorbidades e/ou bactere-
betalactamase mia, a gravidade da doença e evolução clínica devem ser
Coma, TCE, Staphylococcus Vancomicina levadas em consideração. Em geral, pneumonias hospitala-
diabetes melito, oxacilina-resistente res poderiam ser tratadas por 10 a 14 dias. Em pacientes
insuficiência renal mais graves, infectados por germes multirresistentes e es-
Prolongada Pseudomonas Usar os mesmos pecialmente imunocomprometidos, o tempo poderá esten-
permanência em aeruginosa antibióticos dos der-se por mais de duas semanas. Outra necessidade de pro-
UTI, uso prévio de casos de pneumonia longar o tratamento é quando se está diante de uma infec-
antibióticos ou grave ção com germes predominantemente intracelulares. Esses
esteróide em altas
casos podem requerer até mais de 21 dias de tratamento.
doses, defeitos
estruturais 7) Avaliação de resposta ao tratamento
broncopulmonares,
Uma vez iniciado o tratamento empírico, é necessário o
ventilação mecânica
acompanhamento de paciente quanto à resposta a ele, no
82 J Pneumol 24(2) – mar-abr de 1998
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sentido de sua manutenção, modificações ou ajustes. Os cri- considerando-se as características dessas infecções, muitas
térios de resposta podem ser clínicos, radiológicos ou bacte- vezes originadas de fontes endógenas, a prática sistemática
riológicos. das medidas abaixo resulta em redução de sua incidência,
Critérios clínicos: a diminuição da febre, da purulência diminuindo as taxas de morbimortalidade.
da secreção traqueobrônquica, da leucocitose, a melhora na
oxigenação e a resolução da falência de órgãos são os obje- Medidas gerais para controle de infecções nosocomiais
tivos clínicos a ser atingidos. Esses achados não costumam O projeto SENIC, estudo amplo e complexo promovido
acontecer antes de 72 horas de tratamento e, portanto, ne- pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC),
nhuma mudança no regime antibiótico deve ser feita antes conduzido no período de 1974 a 1983, com o objetivo de
disso, a menos que haja grave deterioração clínica ou os analisar a eficácia das medidas de controle de infecções no-
resultados bacteriológicos dos materiais previamente colhi- socomiais, demonstrou redução da incidência de pneumo-
dos apontem nesse sentido. nias em pacientes clínicos e cirúrgicos, em 13 e 27%, res-
Critérios radiológicos: a radiologia tem valor limitado nes- pectivamente.
se sentido nos primeiros dias de tratamento. A piora radio- Nos hospitais em que os programas de controle não fo-
lógica é comum nos primeiros dias de tratamento, mesmo ram implementados (grupo-controle) a taxa global de infec-
nos casos de boa evolução. A piora radiológica nos primei- ções elevou-se 18%, registrando-se queda de 32% nas insti-
ros dias de tratamento não deve ser valorizada se o paciente tuições que destinaram um médico e uma enfermeira para
está melhorando clinicamente. Devem ser valorizados como 250 leitos hospitalares, com o intuito de implantar e acom-
possível piora durante o tratamento a progressão da con- panhar tais programas.
densação para um padrão multilobar, o aparecimento de A criação de equipes multiprofissionais comprometidas
cavidade e de derrame pleural. com o processo de educação continuada, sistematizadas com
Critérios bacteriológicos: as coletas bacteriológicas de finalidades específicas, de planejar, normatizar, desenvolver,
secreção brônquica demonstrando a diminuição progressiva divulgar resultados e fiscalizar os programas de controle de
da concentração bacteriana ou mesmo a ausência de cresci- infecções nosocomiais, resulta em indiscutível impacto eco-
mento de bactérias à cultura são critérios de eficácia do es- nômico (redução de custo) e de aprimoramento do padrão
quema antibiótico. de qualidade assistencial. Como parte dessas ações, as equi-
pes devem definir as estratégias para utilização de agentes
8) Causas de ausência de resposta aos antibióti-
antimicrobianos, avaliar e divulgar periodicamente os resul-
cos
tados dos estudos bacteriológicos que permitam a observa-
Caso o paciente não melhore seguindo os critérios cita-
ção das características da microbiota e o perfil de sensibili-
dos ou piore no curso da antibioticoterapia, as principais
dade dos germes naquela instituição.
possibilidades para esse fato são:
Técnicas de isolamento e de barreiras de proteção, assim
1) Causas não infeciosas estão determinando as altera-
como práticas que facilitem a aderência às medidas de con-
ções pulmonares. Dentre as causas não infecciosas citamos:
trole de infecção, devem ser estimuladas. Deve-se enfatizar
tromboembolismo pulmonar, contusão pulmonar, ICC, fase
a importância da lavagem das mãos, qualitativa e quantitati-
fibroproliferativa da SARA, etc.
vamente, antes e após cada contato com pacientes e/ou
2) Fatores ligados ao paciente, tais como: idade superior
dispositivos a eles conectados, conforme as recomendações
a 60 anos, uso prévio de antibióticos, infiltrado pulmonar
preconizadas pelo CDC, de Atlanta.
bilateral, presença de doença pulmonar crônica, diminuição
Em casos selecionados de indivíduos que sofram admis-
de imunidade, especialmente nos dias de hoje de AIDS.
são hospitalar em caráter eletivo, recomenda-se a adminis-
3) Características da bactéria infectante: infecções causa-
tração de vacinas antiinfluenza e antipneumocócica. Em ci-
das por Pseudomonas aeruginosa têm curso mais arrasta-
rurgia eletiva, a abstenção prévia do tabagismo por, pelo
do do ponto de vista clínico-radiológico. A bactéria pode ser
menos, duas semanas, tem sido recomendada. Nesses ca-
resistente ao esquema antibiótico em uso.
sos, a fisioterapia iniciada no pré-operatório e o controle
adequado da dor resultam em redução da incidência das
PROFILAXIA DE INFECÇÃO
pneumonias.
Indivíduos internados em unidades de terapia intensiva Finalmente, é imprescindível o controle adequado da(s)
estão particularmente vulneráveis à aquisição de infecções doença(s) subjacente(s).
graves, considerando-se a quebra de barreiras orgânicas
motivada pela conduta intervencionista, a suscetibilidade Suporte nutricional
individual e a exposição a patógenos multirresistentes. Con- A desnutrição compromete o aparelho respiratório de di-
quanto não se disponha, de momento, de mecanismos efi- versas formas: interfere no comando ventilatório, na ativi-
cazes para promover a prevenção das PAVM em larga escala, dade muscular e nos mecanismos de defesa imunológica. A
J Pneumol 24(2) – mar-abr de 1998 83
I Consenso Brasileiro sobre Pneumonias

maioria dos pacientes em insuficiência respiratória apresen- de suas propriedades bacteriostáticas, exerce atuação local
ta-se, primariamente, desnutrida. Paralelamente, uma par- por mecanismo de citoproteção, sem alterar o pH de forma
cela significativa dos indivíduos mecanicamente ventilados significativa. Tem a vantagem de determinar igual proteção
agrava seu estado carencial, devido ao maior consumo ener- contra as lesões agudas da mucosa, sem o inconveniente de
gético e de ofertas calóricas habitualmente insuficientes. propiciar maior colonização. É provável que o efeito anti-
Portadores de DPOC em fase de agudização recebem, em bacteriano do sucralfate possa explicar, pelo menos em par-
média, 390 calorias aquém das necessidades metabólicas te, tais resultados. Considerando-se, no entanto, as proprie-
diárias. dades farmacológicas, seu emprego através de sondas posi-
A abordagem mais freqüente para cálculo das necessida- cionadas em situação pós-pilórica não permite os benefí-
des calóricas diárias utiliza a equação de Harris-Benedict, cios desejados. A utilização simultânea de digoxina, teofili-
derivada de estimativas do gasto energético basal (GEB) de na, fenitoína, tetraciclina ou de quinolônicos pode reduzir a
indivíduos normais: biodisponibilidade.
GEB (homens): 66,5 + 13,8 (peso em kg) + 5,0 (altura em Indivíduos em uso de alimentação por sonda enteral com
cm) – 6,8 (idade em anos) volume superior a 1.000mL/dia, considerando-se o pH ele-
GEB (mulheres): 655,1 + 9,6 (peso em kg) + 1,8 (altura vado dessas soluções, não necessitam de medidas adicio-
em cm) – 4,7 (idade em anos) nais para profilaxia de hemorragias digestivas. Além disso,
O resultado obtido é multiplicado por um “fator de estres- o sucralfate requer meio ácido para exercer atuação plena.
se” ou sofre aumentos em valores percentuais, estimados Soluções acidentalmente contaminadas podem aumentar o
individualmente, conforme a situação clínica. Dentre os fa- risco de pneumonias. A interrupção da infusão do alimento,
tores que aumentam a atividade metabólica estão incluídos: por 6 a 8 horas no período noturno, pode reduzir a coloni-
febre, nível de atividade física e presença de agitação, ex- zação do estômago, por permitir o retorno do pH ao nível
tensão da injúria ao organismo, presença de sepse e grau de basal.
atividade simpática. Em indivíduos mecanicamente ventila- A mucosa intestinal quando preservada funciona como
dos, desde que, na ausência de sepse, deve-se acrescentar importante barreira de proteção à colonização bacteriana.
50% ao resultado do cálculo do GEB. Assim, a maioria dos Em contraste com a nutrição parenteral, a infusão de ali-
indivíduos em insuficiência respiratória aguda requer um mentos na luz intestinal mantém sua atividade normal, mi-
aporte diário de 1.500 a 2.500 calorias. Indivíduos critica- nimizando a migração transparietal de germes.
mente enfermos e em estado hipercatabólico necessitam de
oferta protéica referente a 1 a 2g/kg de peso/dia (aproxi-
O papel dos antibióticos
madamente 80 a 150g/dia), representando cerca de 20%
do total de oferta calórica diária. O uso indiscriminado de antibióticos promove a seleção
A disponibilidade de mobilização de outras fontes ener- de cepas multirresistentes, especialmente de Pseudomonas
géticas, provenientes de lipídios e, principalmente, de hi- e Acinetobacter, com profundo impacto na morbimortali-
dratos de carbono, preserva os estoques de proteínas. dade. Seu emprego judicioso é de fundamental importân-
Para a maioria dos indivíduos mecanicamente ventilados, cia.
um aporte contendo 20% de proteínas, 50 a 60% de car- A antibioticoprofilaxia por via intratraqueal é prática de-
boidratos e 20 a 30% de lipídios é suficiente. saconselhável para esses pacientes, desde as observações
A oferta excessiva de hidratos de carbono, especialmente de Feeley et al., em 1975, que documentaram a seleção de
em estados de hipercapnia, deve ser evitada, por resultar patógenos multirresistentes induzida por esse procedimento.
em aumento do quociente respiratório, fruto de maior pro- A descontaminação seletiva do trato digestivo (DSTD) con-
dução de CO2. A oferta calórica que atenda às necessidades siste na aplicação tópica de antimicrobianos não-absorvíveis
metabólicas é medida eficaz na profilaxia e combate às in- (associação de aminoglicosídeo, polimixina e anfotericina)
fecções respiratórias, por restaurar a atividade imunológica no tubo digestivo (solução) e na orofaringe (pasta), a cada 6
e a força muscular, acelerando o processo de desmame. horas, durante todo o período de permanência do tubo tra-
queal, associados ao emprego de fármacos com ação sistê-
Hemorragias digestivas, alimentação enteral, pH e mica (cefotaxima, quinolônicos ou trimetoprim/sulfameto-
colonização xazol) nos primeiros dias de intubação. Esta proposta visa
Embora haja controvérsias a respeito do uso de drogas modular a colonização do trato digestivo e da orofaringe,
que determinam a elevação do pH do estômago, utilizadas preservando, na medida do possível, a microbiota nativa.
na profilaxia de hemorragias digestivas, por aumentar a con- A despeito da ampla heterogeneidade metodológica que
centração de bactérias no suco gástrico, com o potencial de envolve os diversos estudos, pode-se concluir que a prática
determinar maior índice de colonização das vias aéreas, au- de DSTD, apesar de reduzir a colonização de germes gram-
mentando a incidência de pneumonias, o sucralfate, além negativos no tubo digestivo e vias respiratórias, aumenta o
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custo, não diminui o período de permanência hospitalar e havendo maior produção, estagnação, aspiração e dificul-
não constitui medida de impacto na redução da mortalidade. dade de remoção espontânea – tornando imperativa a suc-
Além disso, os estudos demonstram resultados contradi- ção através de sondas.
tórios em relação à eventual redução na incidência de PAVM A sucção traumatiza a mucosa das vias aéreas, diminui a
e à possível seleção de patógenos multirresistentes. Até que depuração mucociliar e provoca hiperemia, edema, úlceras
se reproduzam resultados mais favoráveis, a prática rotinei- e hemorragias. Sua realização com técnica apropriada mi-
ra de DSTD é desaconselhável. nimiza tal ocorrência. Não deve ser realizada obedecendo a
Fisioterapia respiratória e sistemas de oscilação no leito periodicidade preestabelecida, mas apenas quando identifi-
Diversos estudos demonstram que a fisioterapia respira- cado o acúmulo de secreções. Recomenda-se a utilização de
tória representa importante recurso à prevenção de pneu- sondas maleáveis contendo orifícios laterais.
monias e de atelectasias, contribuindo para a redução da A fibrobroncoscopia está indicada quando o acúmulo de
permanência hospitalar. Deve ser instituída a partir da ad- secreções interferir com a ventilação e/ou com as trocas
missão, devendo ser realizada diariamente, inclusive no pe- gasosas, ou na presença de atelectasia não resolúvel por
ríodo noturno. Em casos cirúrgicos, deve ser iniciada no procedimentos fisioterápicos.
pré-operatório.
Mais recentemente, têm sido utilizados leitos que permi- As sondas nasogástricas e enterais não devem permane-
tem a oscilação automática e mudanças de decúbito progra- cer por período excessivo.
madas, com o objetivo de coibir o acúmulo de secreções, Sempre que necessário, deve-se remover toda e qualquer
facilitando sua remoção. Alguns estudos estão em andamento secreção retida na orofaringe.
procurando convalidar o custo/efetividade dessa modalida- É comum a colonização de bacterias, que passam a reves-
de de profilaxia. tir as paredes internas de cânulas traqueais (em 84% das 25
O posicionamento do paciente cânulas examinadas através de microscopia eletrônica por
O posicionamento do paciente com o tórax elevado (pelo Sottile et al.), permanecendo protegidas da ação de antimi-
menos a 30º) durante sua permanência no leito, especial- crobianos e dos mecanismos de defesa do organismo. Inva-
mente quando em uso de sondas enterais ou nasogástricas, riavelmente, parte desse material contaminado é deslocado
constitui medida eficaz e sem ônus, na redução da incidên- para a traquéia e brônquios às manobras de sucção.
cia de pneumonias. Atenção especial deve ser dada à secreção infraglótica,
Cuidados específicos com dispositivos de terapia que se acumula no lume traqueal em torno da cânula, na
respiratória porção compreendida entre a região subglótica e o balonete
Os dispositivos utilizados em terapia respiratória repre- (cuff). Ainda que o balonete esteja corretamente inflado, não
sentam importante fonte de infecção e devem ser tratados impede a migração de pequena quantidade dessas secre-
de forma apropriada. ções para porções distais das vias aéreas. Eventualmente,
Os nebulizadores em linha para administração de fárma- estando o balonete insuficientemente inflado, ou durante
cos devem ser substituídos a cada uso. Opcionalmente, o manobras de extubação, toda a secreção acumulada poderá
emprego de broncodilatadores e, mais remotamente, de cor- ser maciçamente aspirada. O advento de cânulas equipadas
ticosteróides, através de dosificadores (metered dose inha- com balonetes de alto volume/baixa pressão fez reduzir sua
lers), acoplados aos circuitos através de conexões específi- incidência de 56 para 20%. Cânulas com dispositivos que
cas, pode promover igual benefício, reduzindo o risco de permitam a sucção dessas secreções sem a necessidade de
infecção. extubação têm sido usadas em alguns centros.
Os tubos e conexões do sistema de ventilação mecânica É comum a ocorrência de dessaturação durante o proce-
devem ser substituídos a intervalos superiores a 48 horas, dimento de sucção das secreções, determinada pela inter-
especialmente quando acoplados a condensadores (“narizes rupção temporária da ventilação mecânica e pelas mano-
artificiais”), que dispensam a umidificação artificial. Essa bras de sucção. Os sistemas fechados oferecem a vantagem
medida tem impacto econômico e operacional, além de re- de manter o paciente conectado ao respirador durante todo
duzir o risco de desalojar, acidentalmente, o condensado o período de sucção. Estes devem ser substituídos a cada 24
contaminado para as vias aéreas. horas. Embora haja alguns questionamentos quanto à pre-
Recomenda-se não transferir equipamentos de inalotera- sumível vantagem do sistema fechado em relação ao proce-
pia ou de suporte ventilatório, de um paciente para outro, dimento tradicional, sobretudo pela ausência de estudos que
sem a prévia desinfecção. demonstrem redução da incidência de pneumonias, nos in-
Sucção de secreções divíduos que rapidamente se tornam instáveis quando des-
Paciente em uso de vias aéreas artificiais para ventilação conectados do aparelho, a utilização do sistema fechado é
mecânica tem maior propensão ao acúmulo de secreções – prática corrente.
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Técnica adequada de sucção de secreções das vias (hygroscopic condenser humidifiers), HCHF (hygroscopic
aéreas (sistema tradicional) condenser humidifying filters).
O mais simples e menos eficaz é o HME. Utiliza camadas
Pré-oxigenar o paciente com FIO2 de 100% por alguns
de alumínio que têm a propriedade de realizar mudanças
minutos.
bruscas de temperatura. O condensado é formado na fase
Utilizar cateter flexível (preferentemente de 17Fr) com
expiratória, permanecendo retido entre essas lâminas até
técnica estéril.
que possa aquecer e umidificar o ar na próxima inspiração.
Inserir o cateter até encontrar resistência.
O HMEF foi inicialmente projetado para atuar como filtro
Iniciar e manter a sucção apenas durante a remoção do
de bactérias. Utiliza material hidrofóbico (repele a água),
cateter.
mantendo as condições de temperatura e umidade no seg-
Não prolongar cada manobra por mais de 15 segundos.
mento mais próximo do paciente.
Repetir apenas quando estritamente necessário.
O tipo HCH utiliza um dispositivo com propriedades hi-
Evitar o uso de pressão de sucção excessiva. Limite máxi-
groscópicas, permitindo trocas eficientes de calor e umida-
mo para adultos: 120 a 150mmHg (para crianças: 100 a
de. O dispositivo é confeccionado com polipropileno, ou
120mmHg).
com papel tratado com cloreto de lítio ou de cloreto de cál-
Reoxigenar o paciente até estabilizar-se.
cio.
Narizes artificiais O HCHF é manufaturado com rolos de papel higroscopi-
camente tratado, constituindo-se, ainda, em filtro às bacté-
Ao contrário do processo artificial gerado por umidifica- rias do ar inspirado.
dores, os narizes artificiais (NA) umidificam o ar inspirado de
forma passiva. Contra-indicações ao uso de narizes artificiais
Embora originariamente projetados para curtos períodos Secreção copiosa nas vias aéreas. Provoca tampões e ate-
de uso, tem havido grande aplicabilidade em indivíduos sob lectasia.
regime de ventilação mecânica prolongada. Nessas circuns- Volume corrente reduzido (< 0,15L). Risco de hipercap-
tâncias, devem ser substituídos diariamente, aconselhando- nia.
se verificação sistemática do nível de hidratação das vias Volume corrente elevado (> 1,0L) ultrapassa a capacida-
aéreas. de de umidificação.
A resistência ao fluxo através dos NA requer um gradiente VMIS baixa. Aumenta o trabalho respiratório.
de pressão de 1 a 4cmH2O, que costuma aumentar após 24 VAC expirado < 70% do VAC inspirado. Esses parâmetros
horas de uso. Embora não constitua problema para a maio- devem ser mantidos constantes para bom funcionamento.
ria dos pacientes, em alguns indivíduos pode contribuir para Hipotermia (< 32ºC).
aumento significativo de resistência ao fluxo aéreo. Durante a administração de fármacos por nebulizadores
Não devem ser utilizados conjuntamente com umidifica- em linha.
dores ou com nebulizadores, sob risco de aumento da resis- Apesar do interesse crescente na utilização desses dispo-
tência. sitivos, não se conseguiu ainda demonstrar o presumível im-
Há diversos tipos de NA: HME (heat and moisture exchan- pacto na redução da morbimortalidade de pacientes sob ven-
gers), HMEF (heat and moisture exchanging filters), HCH tilação mecânica.

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