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o SISTEMA FONADOR

Neste capítulo, veremos como o sistema fonador é constituído. A princípio,


apresentaremos uma descrição geral das partes que o compõem e, em seguida,
descreveremos como o mecanismo responsável pela produção da voz funciona,
considerando seus aspectos anatômicos e fisiológicos.

Anatomia

o sistema fonador é composto de três partes: o sistema respiratório, as


pregas vocais e as cavidades de ressonância, que incluem as cavidades do trato
vocal, a cavidade nasal e outras cavidades da face. Convidamos o leitor a, des-
de já, observar a representação esquemática do sistema fonador apresentada
nas figuras 2.1 e 2.2, especialmente os detalhes das estruturas que compõem
a laringe. É possível memorizar o aspecto e o nome dessas estruturas acompa-
nhando a dissecação de uma laringe. Para muitos dos leitores que não tiveram
essa oportunidade, sugerimos o estudo cauteloso de modelos anatômicos da
laringe ou mesmo de imagens de exames de laringoscopia.
Os pulmões constituem uma estrutura esponjosa envolvida por uma bol-
sa, a pleura, situada dentro da caixa torácica. As pequenas células no interior
dessa estrutura, os alvéolos, encontram-se conectadas a tubos muito finos,
chamados bronquíolos, os quais se conectam aos brônquios, que, por sua
vez, se ligam à traqueia; a extremidade superior da traqueia, por sua vez, se
conecta a uma cavidade em forma de tubo, a laringe, onde estão situadas as
pregas vocais.
26 CIÊNCIA DA VOZ

Osso hioide
Cartilagem tireóidea
Prega vestibular
Ventrículo da laringe
Prega vocal
Cartilagem cricóidea
Traqueia

Figura 2.1 Ilustração esquemática do sistema fonador.

Vista anteríor

Osso
hioide
Vísta lateral

Músculo
tíreo-híóídeo

Cartilagem
tireóidea --+-.~

Clavícula

Escápula

Vista posterior

Figura 2.2 Ilustração esquemática das cartilagens laringeas, osso hioide, traqueia e de suas conexões (Shearer, 1979).
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As pregas vocais são constituídas por músculos revestidos por mucosa e


possuem a forma de dobras ou pregas. Medem poucos milímetros no recém-
-nascido, mas aumentam consideravelmente na idade adulta, atingindo cerca de
9 a 13 mm na mulher e 15 a 20 mm no homem.
A importância do comprimento das pregas vocais para a voz foi estudada
por Sawashima e colaboradores". Os autores verificaram a tendência,já esperada,
de pregas vocais mais longas vibrarem em frequências mais baixas e determina-
rem, dessa maneira, uma voz mais grave. Menos esperada foi a constatação de
que o comprimento das pregas vocais estava mais fortemente relacionado ao
perímetro do pescoço do que à altura do indivíduo.
O espaço entre as pregas vocais se chama glote. "As extremidades ante-
riores das pregas vocais estão fixadas na superfície interna de uma cartilagem
relativamente grande, em forma de escudo, chamada cartilagem tireóidea, e suas
extremidades posteriores, nas cartilagens aritenóideas. Para termos uma ideia da
localização aproximada das pregas vocais, basta atentarmos à assim chamada
proeminência laríngea, popularmente conhecida como pomo de adão, que nada
mais é do que a proeminência do ângulo da cartilagem tireóidea, geralmente
visualizada no pescoço de homens.
As cartilagens aritenóideas podem movimentar-se muito rapidamente. Seus
complexos movimentos de rotação e deslizamento são essenciais para o afasta-
mento e a aproximação das pregas vocais. O afastamento das pregas vocais com
a consequente abertura da glote é chamado de abdução. O movimento contrário,
de aproximação das pregas vocais e fechamento da glote, é chamado de adução.
Esses termos antagônicos infelizmente soam muito similares. Uma estratégia para
memorizá-los é a de lembrar que ab e ad, ambos de origem latina, significam
"para longe de" e "em direção a", respectivamente (pensemos, por exemplo, nas
palavras "ab-stinência" e "ad-ição"). Com isso em mente, basta apenas pronun-
ciarmos claramente as diferentes palavras, algo certamente intuitivo a todos os
interessados em voz.
Abdução e adução são os movimentos que nos possibilitam transitar entre
fonemas surdos e sonoros. As pregas vocais devem estar abduzidas para produzir-
mos fonemas surdos e devem ser rapidamente aduzidas para produzirmos fonemas
sonoros. Quando pronunciamos, por exemplo, a palavra "glote", as pregas vocais
se encontram aduzidas até o momento em que se inicia a articulação da consoante
t; então, em um curtíssimo período de alguns centésimos de segundo, as pregas
vocais terão de ser abduzidas e novamente aduzidas para que o restante da palavra
seja articulado. Esse constitui apenas um entre inúmeros exemplos que mostram
quão rapidamente as cartilagens aritenóideas devem movimentar-se durante a fala.

1. Sawashima et al., "Stereoendoscopic Measurement of the Laryngeal Structure", em D. M. Bless e J. H. Abbs


(orgs.), VocalFold Physiology, 1983, pp. 264-276.
28 CIÊNCIA DA VOZ

A poucos milímetros acima das pregas vocais, existe outro par de pregas
também revestidas por mucosa. Elas constituem as pregas vestibulares, por vezes
chamadas de bandas ventriculares ou falsas pregas vocais. Esta última denomina-
ção, de certa forma enganosa, não será utilizada neste livro. Entre as pregas vocais
e as pregas vestibulares há um pequeno espaço chamado uentriculo da laringe.
A laringe se assemelha a um tubo curto, de apenas 15 a 20 mm no ho-
mem adulto. A parede posterior desse tubo é formada pela região posterior da
cartilagem cricóidea, pelas cartilagens aritenóideas e por músculos que conectam
essas cartilagens; já a parede anterior é formada pela região anterior da carti-
lagem cricóidea, pela cartilagem tireóidea e pela região inferior da epiglote. A
laringe se prolonga em um tubo consideravelmente mais largo e longo, chamado
faringe. Sendo menor em diâmetro do que a faringe, a laringe apresenta uma
área lateral residual onde se formam duas cavidades bojudas, chamadas recessos
piriformes, pois seus contornos lembram os de uma pera.
A parte inferior da faringe, também chamada de parte laríngea da farin-
ge, se conecta também ao esôfago, por meio de uma passagem virtual situada
posteriormente às cartilagens aritenóideas e aos recessos piriformes. É por meio
dessa passagem que o alimento sólido ou líquido é conduzido para o estômago.
Alimentos nunca são bem-vindos na laringe e nos pulmões, pois podem causar
inflamações pulmonares; assim, sempre que engolimos, a passagem entre a
faringe e a laringe se fecha. Na manobra de fechamento da laringe, a epiglote
desempenha um papel muito importante: ela se desloca para trás e para baixo,
e se posiciona de maneira a funcionar como uma tampa sobre a laringe. Se
por algum motivo falharmos no fechamento da laringe durante a deglutição, o
conteúdo alimentar equivocadamente desviado seguirá para a laringe, e então
começaremos a tossir violentamente até que ele seja expelido. Posteriormente, a
faringe faz limite com a coluna vertebral; anteriormente, com a laringe, epiglote
e língua. As paredes laterais da faringe são constituídas por músculos constritores
(superior, médio e inferior) que podem comprimi-Ia.
A língua consiste em um conjunto de diferentes músculos, muitos dos
quais com origem no osso h"ioide, um osso com a forma aproximada de uma
ferradura na posição horizontal. No osso hioide encontram-se suspensas a carti-
lagem tireóidea e, por assim dizer, toda a laringe. O corpo da língua se estende
até a ponta superior da epiglote, de modo a formar uma cavidade entre essas
estruturas. O véu palatino (ou palato mole) constitui a parede superior da parte
oral da faringe e funciona como um portão de entrada para a cavidade nasal.
O palato duro, por sua vez, constitui um prolongamento rígido do véu palatino
na direção anterior.
Como foi citado, as cavidades faríngea e oral, que compõem o trato vocal,
funcionam como caixas de ressonância do sistema fonador. Além dessas, também
a cavidade nasal e outras cavidades funcionam como ressoadores sonoros. A
cavidade nasal é dividida em dois compartimentos, cada um deles apresentan-
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do um orifício anterior: a narina. Nas paredes da cavidade nasal existem canais


estreitos que a conectam a outras cavidades da face. Duas dessas cavidades se
situam dentro do osso maxilar, acima dos dentes pré-molares e molares superio-
Te , e são chamadas de seios maxilares; outras cavidades se situam no osso frontal
testa), logo acima da altura dos supercílios, e são chamadas de seios frontais.
L\s infecções nos seios da face, muito incomodativas, são chamadas de sinusite.)
Todo esse aparato está associado a uma capacidade extremamente espe-
cializada que nós, seres humanos, possuímos: a de controlar a produção de uma
grande variedade de sons vocais e utilizá-los como parte de sistemas complexos
de comunicação, como a fala e o canto. Para tanto, pressupõe-se que o som
vocal possa variar dentro de amplos limites, o que de fa-to ocorre. Uma grande
quantidade de músculos pode modificar a forma e as dimensões do trato vocal,
e assim também as características das pregas vocais, o que determina diferentes
configurações do trato e diferentes modos de vibração das pregas.
Em vez de enumerarmos todos esses músculos e com isso talvez cansar o
leitor ávido de informações sobre a voz, interromperemos por ora nossa exposição
sobre a anatomia do sistema fonador. Retornaremos a ela mais adiante, ao tratar-
mos do papel dos diferentes músculos e cartilagens na produção do som da voz.

Fisiologia

Produção vocal

Como mencionamos, o sistema fonador é composto de três partes: o


sistema respiratório, as pregas vocais e as cavidades de ressonância. Cada parte
tem uma finalidade específica, como podemos observar na figura 2.3. A finali-
dade do sistema respiratório é a de comprimir o ar nos pulmões, gerando uma
corrente de ar que pressionará as pregas vocais e o espaço glótico, e por fim
escoará pelo trato vocal.
Introduzamos, então, um novo termo a esta exposição: fonação. Fonação
significa, neste contexto, produção de som pela oibração das pregas vocais. Utilizare-
mos esse termo inúmeras vezes no decorrer deste livro.
O fluxo de ar que atravessa a glote durante a fonação e que provoca a
vibração das pregas vocais produz um som, a fonte glótica, que então se irradia
pelo trato vocal. O trato vocal, por sua vez, transforma as características acústicas
da fonte glótica, enfatizando diferenças entre seus parciais. Essa transformação
é determinada pela configuração do trato vocal, e esta, por sua vez, pela articu-
lação. Articulação nesse contexto significa, portanto, configuração do trato vocal, e
é determinada pela atuação coordenada de várias estruturas fonoarticulatórias,
ou articuladores: lábios, mandíbula, língua, palato mole, faringe e laringe.
Para os leitores provenientes de áreas da tecnologia, outros termos talvez
possam se apresentar mais palpáveis. O sistema respiratório funciona como um
Copyright © 2015 byjohan Sundberg

Tradução do original sueco


Rõstldra: Fakta om rõsten. i tal ocb sang

Esta edição segue a terminologia anatômica internacional


adotada pela Sociedade Brasileira de Anatomia.

Ficha catalográfica elaborada pelo Departamento Técnico do Sistema


Integrado de Bibliotecasda USP.Adaptada conforme normas da Edusp.

Sundberg, johan.
Ciência da Voz: Fatos sobre a Voz na Fala e no Canto / johan
Sundberg; tradução e revisão, Gláucia Laís Salomão. - São Pau-
lo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
328 p.: il.; 27 em.

Bibliografia.
Inclui glossário.
Inclui índice remissivo.
ISB 978-85-314-1510-4

1. Voz. 2. Fala. 3. Canto. I. Salomão, Gláucia Laís. III. Título.


IV. Título: Fatos sobre a Voz na Fala e no Canto.

CDD-781.22

Direi tos em língua portuguesa reservados à

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Printed in Brazil 2015

Foi feito o depósito legal

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