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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PROMOTORIA DE JUSTICA JUNTO À 39á VARA CRIMINAL

39' Vara Criminal da Capital/RJ


Processo n.° 0008566-71.2016.8.19.0001
Apelante: Rafael Braga Vieira
Apelado: Ministério Público
Contrarrazões

1u

Egrégio Tribunal
Colenda Câmara
DD Procurador de Justiça,

• Insurge-se o apelante contra a r. decisão de fls. 356/382,


que o condenou à pena total de 11 anos e 03 meses de reclusão e
ao pagamento de 1.687 dias-multa, à razão unitária mínima, a
ser cumprida em regime inicialmente fechado, por infração aos
artigos 33 e 35, ambos da Lei n° 11.343/06, na forma do artigo
69 do Código Penal.

Preliminarmente, a defesa técnica não apresentou peça de


interposição no prazo a que alude o artigo 593 do CPP.
Publicada a r. sentença em 20.04.2017, somente em 10.07.2017 a
defesa apresentou suas razões recursais. Não obstante, o
recurso deve ser conhecido, vez que o próprio réu, ao tomar
ciência da sentença condenatória, manifestou o desejo de

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recorrer, o que tem força de interposição de recurso, sendo a


extemporaneidade das razões mera irregularidade.

A defesa pugna pelo reexame da sentença buscando:

1) Nulidade da instrução criminal; •


2) Nulidade consistente no cerceamento de defesa;
3) Absolvição por insuficiência probatória;
4) Absolvição por atipicidade formal;
5) Desclassificação do artigo 33, caput, da Lei 11 343/06 .

para o artigo 28 , caput , do mesmo diploma legal;


6) Por fim , requer revisão das penas impostas , alegando bis
in idem na atribuição do quantum.

Concessa vênia, o apelo improcede.

ESCLARECIMENTOS PREVIOS
r~
L
Embora não seja objeto de julgamento pela instância
superior, imperioso consignar veemente protesto com a
lamentável tentativa de pressionar, pelas mídias sociais, o
andamento e o resultado do processo.

0 subscritor da presente peça processual, titular da


Promotoria de Justiça junto 3 9 a Vara Criminal há 10 anos e o
magistrado subscritor da sentença impugnada, também titular
daquele juízo há muito mais tempo, sempre se pautaram pelo
absoluto respeito à lei e a todas as partes que, de alguma
forma, intervieram no processo, e assim foi em relação a esse
feito.
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Por conta da condenação por porte de artefato explosivo


durante as manifestações populares de 2013, pretendeu-se
transformar o réu em "preso político", "perseguido pelo
sistema" e para tanto uma sucessão de leviandades foram
• expostas.

As alegações finais do Ministério Público foram


fotografadas dos autos e publicadas na rede social facebook,
publicações irresponsáveis atribuindo à justiça (Poder
Judiciário) a pecha de racista e seletiva, dentre outros
dizeres que se afastam, em muito, da sensatez e do bom senso.

Assim, neste viés, uma comunidade intitulada "Pela


Liberdade de Rafael Braga Vieira" no facebook, em determinada
publicação conclama pessoas para ato na frente do Tribunal de
Justiça com a seguinte orientação: "Façam faixas e cartazes
• expondo o juiz Ricardo Coronha Pinheiro e pedindo a liberdade
do Rafael Braga. l "

Em outra publicação é atribuída, também de forma


irresponsável, ao magistrado que proferiu a sentença
condenatória a qualidade de rac ista por ter expedido mandados
de busca e apreensão coletivos para o complexo da maré, em
2014 2 , quando, em verdade, o dito magistrado encontrava-se
afastado em licença médica.

1 https://m.facebook.com/story.php?story_fb id=1 c)7E6n74925394'Basubst o ry_ i ndem—N id=14691UCÇx. h 5 ci m23


`0 MP deixa de transcrever o Iink das publicaçdes por nàc estarem mais dispnniveis e, embarra ns tenta
arquivado, deixa de reproduzi-Ias por .considerar ofensivas.
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Respeita-se, evidentemente, o direito à liberdade de


pensamento e expressão, não, porém, os excessos desarrazoados
que buscam as luzes da ribalta.

Seguramente o réu Rafael Braga teve (e tem) o mesmo


tratamento digno e respeitoso que todos os demais acusados que •
respondem a processos na 39a Vara Criminal.

Cumpre consignar que o dito réu também não é "perseguido"


por uma "justiça seletiva", tanto é que:
✓ em janeiro de 2007 Rafael Braga foi condenado pelo crime
de roubo majorado pelo Juizo da 33a Vara Criminal,
sentença mantida pela 2' Câmara Criminal do TJRJ 3 ;
✓ em março de 2009 Rafael Braga foi condenado pelo crime de
roubo majorado pelo Juizo da 5a Vara Crimina 1 9 ;
✓ em dezembro de 2013 Rafael Braga foi condenado pelo crime
de porte ilegal de artefato explosivo pelo Juizo da 32a •
Vara Criminal, o que foi mantido pela 3a Câmara Criminal
do TJRJ, havendo, ainda, interposição de recurso especial
e extraordinário e os respectivos agravos perante os
Tribunais Superiores 5 ;
✓ em abril de 2017 Rafael foi condenado pelo Juizo da 3 9 a
Vara Criminal pelos crimes de tráfico e associação, sendo
certo que 02 Habeas Corpus foram impetrados perante a l a
Câmara Criminal do TJRJ, sem sucesso (este processo).

Os processos instaurados em desfavor do réu tramitaram em


órgãos jurisdicionais diversos, tanto em primeira quanto em

' Processo n. 0113 66-50.2006.8.19.0001(Apelaçào 2007.050.03036)


" Processo 0310740-58.2008.1(4.0001
s Processo 0212051-10.'013.8.19.0001
4
kr~

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superior instância, sendo absolutamente inverossímil que todos


os julgadores estivessem imbuídos do propósito de perseguir
Rafael, logo ele.

Repudia-se, portanto, a exploração midiática do caso.


r1
LJ
DAS PRELIMINARES DE NULIDADE

A defesa técnica do apelante pugna pela absoluta nulidade


do feito em razão de o apelante ter permanecido algemado desde
a segunda parte da instrução criminal.

Em que pesem os argumentos defensivos, compulsando os


autos, percebe-se que o d. Magistrado, em todas as
oportunidades em que decidiu pela manutenção das algemas,
fundamentou-as. Como se verifica à fl. 192: "Consultadas as
autoridades de segurança, aduziram que não há condições de
• segurança que permitam a retirada das algemas".

Vale dizer que tal argumento já foi rechaçado pela la


Câmara Criminal do TJRJ, ao denegar a ordem no Habeas Corpus n.
0021306-30.2017.8.19.0000, em que o réu é paciente, sob a
seguinte fundamentação:

Habeas Corpus. Arts. 33 e 35, ambos da lei 11343/06.


Uso de algemas na audiência. Sentença condenatória. Não
se desconhece que o uso de algemas é medida
excepcional. No entanto, resignou-se a defesa na última
audiência, deixando para, mesmo após a sentença, ^
demonstrar sua insatisfação em sede de habeas corpus, ~/
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recurso inapropriado para a discussão. E mesmo que


assim não o fosse, nenhum prejuízo foi demonstrado,
notadamente por se tratar de audiência presidida por
juiz togado, ao contrário da cautela que pretendeu o
julgador com a restrição das algemas no âmbito do júri,
composto por juízes leigos, que podem ser influenciados
com o objeto. Exceção a regra contida na súmula •
vinculante n° 11. Decisão bem fundamentada. Ordem
denegada.

A Excelentíssima Relatora ainda consignou que "a retirada


das algemas é a regra que, no entanto, comporta exceção e esta,
justamente, é a hipótese dos autos. De forma bem fundamentada,
justificou o magistrado que não havia condições de segurança,
além do clamor público sobre o caso. A decisão se apresenta
devidamente fundamentada, apontando objetivamente os motivos
pelos quais manteve o réu algemado, que não merece qualquer
reforma. ".

Portanto, não merece guarida a pretensão, já indeferida em



primeira e segunda instãncia.

Continuando, pugna a defesa pela nulidade do feito,


alegando ter ocorrido cerceamento de defesa - indeferimento de
diligência requerida - o que também não merece acolhimento.

Ocorre que o simples indeferimento de diligência não


importa em cerceamento de defesa, vez que o juízo não está
obrigado a acatar todos os requerimentos das partes, mas tão
somente aqueles que tenham relevância para o deslinde da causa.
Como bem exposto na decisão de fl. 256, o pleito defensivo nada
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esclarecerá o caso em tela, razão pela qual não assiste razão à


defesa.

A bem da verdade, a defesa técnica constituída deixou


transcorreu in albis o prazo do artigo 55, § 1°, da Lei n.
• 11.343, conforme certidão de fl. 179, o que levou, inclusive,
ao magistrado nomear a defensoria pública para apresentação de
defesa preliminar, fl. 180.

Assim, somente em 15 de março de 2016 foi apresentada


resposta à acusação, e pela defensoria pública. Seguindo o rito
próprio, a exordial foi recebida e designada data para
audiência de instrução e julgamento, fls. 183/4.

É na resposta escrita que a defesa técnica tem a


oportunidade de requerer suas diligências e não o fez. Somente
na AIJ é que as fez e mesmo assim foram deferidas, vide fl. 202
• verso, e atendidas, vide fls. 223 e 242.

Somente foram indeferidas aquelas pleiteadas na conclusão


da AIJ, fl. 246, a saber:
✓ A inquirição de testemunhas referidas foi corretamente
indeferida, vez que desnecessária a oitiva do engenheiro
já que sua existência é comprovada por documento oficial,
fl. 223, e não houve justificativa para ouvir mais um
policial militar, além dos 05 já inquiridos.
✓ A ampliação do mapa do GPS de fl. 242v também foi
corretamente indeferida, uma vez que com a simples
observação do documento é possível a qualquer pessoa,
inclusive aos advogados de defesa, acessar o site Google
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Maps e traçar o roteiro apontado. Desnecessária, pois, a


intervenção judicial.
✓ Por fim, a vinda aos autos das imagens das cãmeras das
viaturas policiais, embora já tenha sido deferida, fl.
223, o Juízo entendeu irrelevantes as ditas imagens porque
o próprio réu esclareceu todo o percurso. •

ABSOLVIÇÃO

No mérito, a defesa sustenta que há diversos pontos de


divergência entre os depoimentos dos policiais militares.

É sabido que eventuais divergências entre os depoimentos


prestados em sede policial e em juizo decorrem, em grande
parte, do tempo e da diversidade de autoridades que presidiram
a oitiva e promoveram sua transcrição. Na 22' DP é possível
aferir, fls. 03/04, sem muito esforço, que os depoimentos foram
colhidos com diferença de 06 minutos entre eles e são cópia •
quase que literal um do outro.

Tais depoimentos servem, tão somente, para angariar


indícios mínimos da existência de infração penal e a respectiva
autoria, sendo, em juízo, agora sob a forma de registro
audiovisual, o fundamental para condenação ou absolvição.

Destarte, uma patrulha policial é composta, no mínimo, por


04 ou 08 homens, sendo certo que há posições e funções
definidas para cada um, tal como a divisão de tarefas das
associações. Invariavelmente, os dois primeiros homens são os

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que veem primeiro e os últimos, chamados de retaguarda, não


raro se deparam já com o que foi efetivado por seus colegas.

Nessa conformidade, absolutamente normal eventual


divergências, desde que em sua essência os depoimentos sejam
• coerentes.

Fato é que os depoimentos dos agentes públicos foram, em


sua essência, uníssonos e precisos em afirmar que o material
entorpecente foi apreendido em poder do acusado, o qual, ao
perceber a presença dos agentes, tentou se desvencilhar da
droga, abandonando a sacola em que o tóxico era transportado.

Não é demasiado reafirmar a validade do testemunho dos


policiais, uma vez que o comprometimento dos mesmos pela mácula
da suspeição ensejaria a ilógica conclusão de que o Estado
credencia funcionários para o exercício de seu regular poder e,
• ao mesmo tempo, nega fé aos seus testemunhos.

EMENTA - CRIME CONTRA A SAÚDE PÚBLICA TRÁFICO


ILÍCITO DE DROGAS - APELANTE PRESO EM FLAGRANTE
QUANDO TRAZIA CONSIGO 103 (CENTO E TRÊS) "SACOLÉS"
CONTENDO "CRACK", CUJA QUANTIDADE E FORMA DE
EMBALAGEM INDICAM QUE SE DESTINARIAM AO COMÉRCIO
ILÍCITO - EMBALAGENS QUE CONTINHAM INSCRIÇÕES
ALUSIVAS À ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA - PROVAS MAIS QUE
SUFICIENTES PARA A CONDENAÇÃO - DEPOIMENTOS DE
POLICIAIS SEGUROS E HARMÔNICOS - VALIDADE - SUMULA
N ° 70 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO - SE 0 AGENTE CRIMINOSO INTEGRA ORGANIZAÇÃO
CRIMINOSA E SE DEDICA À NEFANDA TRAFICÂNCIA
ILICITA, INAPLICÁVEL O § 4 0 DO ART. 33 DA LEI DE
DROGAS - CONDENADO A 05 (CINCO) ANOS DE RECLUSÃO
NÃO FAZ JUS À SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE
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LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS - SENTENÇA


CORRETA - APELO DESPROVIDO. (0004141-
11.2010.8.19.0001 - APELACAO. DES. ANTONIO JOSE
FERREIRA CARVALHO - Julgamento: 05/06/2012 -
SEGUNDA CAMARA CRIMINAL).

Ademais, os policiais militares envolvidos na captura do •


acusado sequer o conheciam de oportunidades anteriores, não
havendo motivos para que imputassem falsamente a ele a prática
dos delitos ora apurados.

In casu, os depoimentos são seguros e convincentes em


ratificar o robusto conteúdo probatório dos autos, no sentido
de que a sacola contendo entorpecentes pertencia ao acusado.

Dependendo de como se faz a análise da prova, podem ser


encontradas contradições em qualquer depoimento, como, por
exemplo, o da testemunha de defesa Evelyn: •
✓ Ela disse em juízo que estava na varanda da residência ao
passo que à fl. 160 disse que estava no muro.
✓ Em juizo mencionou especificamente qual o apelido do réu,
à fl. 160 não.
✓ Em juízo mencionou que os policiais abordaram o acusado e
um deles o agrediu, ao passo que à fl. 160 diz que os
policiais perguntaram pelo documento, pegaram um dinheiro
que havia no bolso dele, depois é que um policial deu um
tapa no peito dele.
✓ Em juízo mencionou que após ser agredido o réu foi
arrastado por um policial até uma parte mais baixa da
rua, o que prejudicou sua visão, ao passo que à fl. 160
10
t

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diz que depois que o réu foi levado para uma descida
chegaram outros policiais çue comecaram a bater nele.

Isso sem considerar que o depoimento a que se alude estar


à fl. 160, em verdade, é um termo colhido unilateralmente, com
• o relato previamente confeccionado e que a testemunha apenas
inseriu a mão seus dados.

Evelyn disse que o réu foi agredido pelos policiais, o que


foi rechaçado pelo laudo de exame de corpo de delito, aliás, em
sede de audiência de custódia, o magistrado que presidiu o ato
consignou que o custodiado relatou que teria sofrido agressões
físicas de toda natureza em duas oportunidades, contudo o laudo
pericial elaborado por médico nomeado pelo TJ não apontou
qualquer tipo de lesão física, fl. 144.

Pelo que consta à fl. 37 (primeiro parágrafo), e f1. 52, o


• réu trabalhava desde outubro de 2014 em um escritório de
advocacia, sendo sua carga horária de 40 horas semanais, de
segunda a sexta-feira, de 09 às 18 horas. Ora, então o que o
apelante fazia no dia de sua prisão, 12 de janeiro, pleno dia
útil, terça - feira , por volta das 09 horas em local que não era
o seu trabalho , aliás , muito distante dele?

Em suma, as razões de apelação da defesa nada trouxeram de


novo, restringindo-se a repetir os argumentos expostos
anteriormente em suas alegações finais, já bem analisados
quando da prolação de sentença. Assim, a fim de evitar mera
transcrição do que já foi exposto em seus memoriais, tornando o
feito por demais cansativo, enfadonho e repetitivo, o Parquet
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se reporta à sua peça de fls. 288/303, onde já apreciou todos


os elementos de convicção carreados aos autos.

0 conjunto probatório existente nos autos é, dessa forma,


coerente
narrados
apelante
e
na
foi
harmônico
peça
preso
no
vestibular,
sentido
não
em flagrante delito
da procedência
havendo
quando,
dúvida
no
dos
de
dia
fatos
que
12
o
de

janeiro de 2016, por volta das 09 horas, na Rua 29, em
localidade conhecida como "sem terra", situada no interior da
comunidade Vila Cruzeiro, no Complexo de Favelas do Alemão,
bairro da Penha, nesta cidade, trazia consigo, com finalidade
de tráfico, 0,6g da substância entorpecente Cannabis Sativa L.,
acondicionados em uma embalagem plástica fechada por nó, bem
como 9,3g de Cocaína (pó), distribuídos em 06 cápsulas
plásticas incolores ostentando as inscrições "Pó 20 / RAJADÃO
PH", 02 cápsulas incolores e 02 embalagens plásticas fechadas
por
PENHA",
grampo, contendo

legal e regulamentar.
a
tudo sem autorização e em
inscrição "CV-RL/Pó
desacordo
31COMPLEXO
com determinação
DA

Do mesmo modo, não há dúvidas de que nas mesmas condições
de tempo e lugar acima descritas, o réu estava associado a
outros indivíduos não identificados, todos subordinados à
facção criminosa que domina o tráfico de drogas na comunidade,
para o fim de praticar, reiteradamente, o crime previsto no
artigo 33 da Lei n. ° 11.343106.

12
ql
L/

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A materialidade do crime de tráfico restou demonstrada


através da substãncia entorpecente apreendida, a qual foi
encaminhada para a perícia prévia (fls. 15/16) e definitiva
(fls. 99/100), que confirmou tratar-se de entorpecente, 0,6g da
substancia entorpecente Cannabis Sativa L., bem como 9,3g de
• Cocaína (pó) .

A autoria, por seu turno, é incontestável, vez que o


apelante foi preso em flagrante delito, na posse das aludidas
substâncias, circunstãncia que denota verdadeira certeza
visual.

No que tange ao crime de associação para o tráfico, não


restam dúvidas acerca da associação do apelante com outras
pessoas que atuavam no trafico local, pois, considerando a
variedade dos entorpecentes apreendidos, embalados para a
mercancia; considerando é sabido que muitos traficantes não
• permanecem com grandes quantidades para venda justamente para,
se presos, aleguem que era para uso próprio; considerando que a
droga apreendida ostentava os dizeres: "Pó 20 / RAJADÃO PH" e
"CV-RL/Pó 3 1COMPLEXO DA PENHA"; considerando o local da
abordagem, conhecido como ponto de venda de drogas; outra
conclusão não se pode chegar a não ser que o réu estava
associado, de forma estável e permanente, a demais comparsas
ainda não identificados, com o intuito de praticar o delito de
tráfico de drogas de maneira estável e permanente.

Em verdade, a defesa visa reduzir a credibilidade da prova


tentando impingir atmosfera de descrédito à prova oral advinda
de policiais militares. j
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Ressalta-se que sobre o tema inclusive já há Súmula deste


Egrégio Tribunal no sentido de que, in verbis:

DORJ-III, S-I 84 (2) - 1010512004


O fato de restringir-se a prova oral a •
depoimentos de autoridades policiais e seus
agentes não desautoriza a condenação.

Assim, absolutamente caracterizados os delitos de


associação e tráfico, vez que não é crível que o apelante
estivesse naquele local, com variedade de drogas, sem que
estivesse associado à facção que ali dirige e controla a venda
de drogas, qual seja: o "Comando Vermelho".

DA DESCLASSIFICAÇÃO DO ARTIGO 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06 PARA


O ARTIGO 28, CAPUT, DO MESMO DIPLOMA LEGAL; •

0 apelante manifesta-se pela desclassificação da conduta


do acusado, alegando que a substância apreendida destinava-se
ao consumo pessoal.

Impecável o magistrado de 1° grau ao afastar tal pleito


pela razão mais óbvia possível, o próprio acusado negou a posse
do material apreendido e em nenhum momento afirmou que se

14
~ ( )

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Soma-se a isso o fato de que, juntamente com o


entorpecente, no interior da sacola, foi apreendido um
morteiro, espécie de fogos de artifício comumente utilizada por
integrantes do tráfico, como mecanismo de comunicação em
situações de emergência.
n
U
DA REVISÃO DAS PENAS IMPOSTAS , ALEGANDO BIS IN IDEM NA
ATRIBUIÇÃO DO QUANTUM.

A defesa insurge-se quanto à dosimetria da pena. A pena


foi fixada levando em consideração diversas circunstãncias
judiciais, estando devidamente fundamentada em cada uma de suas
fases.

Dispõe o artigo 59 do Código Penal que o juiz, atendendo à


• culpabilidade , aos antecedentes , à conduta social, à
personalidade do agente , aos motivos , às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, as penas aplicáveis e a
quantidade das mesmas.

As penas-base foram fixadas correta e fundamentadamente,


não carecendo qualquer reparo a fazer. Conforme se depreende de
fls. 343/351, fica claro que o apelante ostenta outras 03
condenações com trânsito em julgado , sendo a presente sua
quarta condenação .

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Assim, inocorre o bis in idem alegado pela defesa porque


duas condenações fundamentam tanto a majoração da pena-base
pelos maus antecedentes e uma condenação o reconhecimento da
circunstância agravante da reincidência.

Do mesmo modo, entendem o TJRJ: •

EMENTA: Roubo agravado por emprego de arma branca.


Prova acusatória suficiente. Condenação. Recurso
defensivo pretendendo a absolvição, a aplicação da
pena-base no mínimo legal, o não reconhecimento da
qualificadora do emprego da faca e afastamento da
agravante da reincidência, e ainda, seja anulada a
parte da sentença que fixou o valor mínimo para
reparação de danos. Materialidade, autoria e
culpabilidade comprovadas. Ao contrário do alegado pela
defesa, a arma foi apreendida, e periciada, e a prova
testemunhal é segura neste sentido. A lesada afirma que
o réu estava armado com uma faca quando da ação
delituosa, o que torna desnecessário a coleta de suas
impressões digitais. O ora apelante é reincidente, com
condenação anterior transitada em julgado, contendo
mais duas anotações em sua FAC, o que demonstra ser
possuidor de personalidade distorcida, voltada para o
crime, justificando-se a aplicação da pena-base acima
do mínimo legal, majorada pela agravante da
reincidência . Embora desnecessária a manifestação do
Ministério Público, cabe ao juizo considerar o prejuízo
sofrido pela vítima, nos termos exatos do artigo 387,
inciso IV, do CPP, e justificar adequadamente a fixação
do valor a ser pago a título de reparação, o que não
ocorreu no caso vertente. Recurso parcialmente
provido2009.050.02991 - APELACAO. DES. SUELY LOPES

S
+5'1
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MAGALHAES - Julgamento: 03/06/2009 - OITAVA CAMARA


CRIMINAL).

Ou seja, não obstante já ter sido condenado três vezes, o


• apelante volta a delinquir, o que é mais que indicativo de sua
personalidade desvirtuada.

Como bem explana Cernicchiaro: "O julgador, porque fato,


não pode deixar de conhecer e considerar outros processos
findos ou em curso, como antecedentes, partes da história do
réu. Urge integrar a conduta ao modus vivendi anterior. Extrair
a conclusão coerente com o modo-de-ser do acusado.
Evidentemente com a necessária fundamentação para que se
conheça que não ponderou como precedente o que é só antecedente
penal" (Direito penal dão Constituição, p. 116, citado em
Código Penal Comentado, Guilherme de Souza Nucci).

o Importante ressaltar que quando analisamos a conduta


social do agente, verifica-se seu comportamento no meio social,
seu modo de agir junto à comunidade. Já no que diz respeito à
personalidade, reporta-se à compreensão do caráter, da índole e
das qualidades morais e sociais do agente de modo a verificar
se o delito constituiu um episódio acidental na vida do réu.

Insta observar como consigna Francico Vani Bemfica "a má


personalidade não é o mesmo que maus antecedentes, ela diz

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respeito à índole do agente, maneira de agir e sentir, grau de


senso moral". 6

No mesmo sentido a doutrina, merecendo transcrição, ainda


que breve,
Bitencourt:
as esclarecedoras

"Personalidade - Deve ser entendida


lições de Cezar

como
Roberto

síntese das

qualidades morais e sociais do indivíduo. ( ... ) Na
análise da personalidade deve-se verificar a sua boa ou
má índole, sua maior ou menor sensibilidade ético-
social, a presença ou não de eventuais desvios de
caráter de forma a identificar se o crime constitui um
episódio acidental na vida do réu.
As infrações criminais praticadas pelo réu durante a
menoridade, que, segundo o melhor entendimento, não
podem ser admitidas como maus antecedentes, servem,
contudo, para subsidiar a análise da personalidade do
agente, assim como outras infrações criminais
praticadas depois do crime objeto do processo em
julgamento. Essas duas circunstâncias - infrações
penais praticadas durante a menoridade ou depois do
crime objeto do cálculo da pena - constituem elementos
concretos reveladores da personalidade identificada com
o crime, não podem ser ignorados." In Manual de Direito
Penal : Parte Geral, volume 1 - 7. ed. rev. e atual. -
São Paulo ; Saraiva, 2002. p. 553. grifos nossos.

Desta feita, não só a reincidência do acusado foi


considerada na fixação da pena-base, mas também seus péssimos

6Da Lei Penal, da Pena e Sua Aplicação, da Execução da Pena, Ed.


Forense, p.92, laed.
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PROMOTORIA DE JUSTICA JUNTO À 39á VARA CRIMINAL

antecedentes e demais circunstancias judiciais, todas


fundamentadas quando da prolação da r. sentença.

Posto isto, o Ministério Público opina pelo improvimento


do recurso do apelante, mantendo-se a decisão impugnada pelos
• próprios e jurídicos fundamentos.

Rio de Janeiro, 28 de j o de 2017

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uilherme Soares Barbosa
Promotor de Justiça

C,J

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