Sei sulla pagina 1di 122

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E ARQUITETURA
ARQUITETURA E URBANISMO

NATANAEL GOMES DE OLIVEIRA

INSTITUTO PARA CIDADES E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS EM TERESINA

TERESINA
2017
NATANAEL GOMES DE OLIVEIRA

INSTITUTO PARA CIDADES E CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS EM TERESINA

Monografia apresentada ao curso de


Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Federal do Piauí como requisito parcial
para obtenção do título de Arquiteto e
Urbanista.

Orientador: Prof. Marcelo Barbosa


Furtini

__________________________________
Marcelo Barbora Furtini

TERESINA
2017
RESUMO

A Revolução Industrial trouxe profundas mudanças à sociedade e desde então


houve aumento expressivo da quantidade de matérias-primas e de energia
requisitadas e dos resíduos das ações humanas a serem absorvidos pelo planeta.
O segmento da construção civil, que engloba diversas atividades desde a extração
de matéria-prima até o uso dos edifícios, é um dos que mais causam impactos
adversos no meio ambiente. Dentro desse contexto, a sustentabilidade surge
propondo mudanças na execução das diversas atividades humanas para garantia de
condições adequadas de vida para as futuras gerações, e, junto desse conceito,
novos conhecimentos e práticas passam a ser objeto de estudo de diferentes
profissionais. O Instituto para Cidades e Construções Sustentáveis visa servir como
instrumento para difusão desses conhecimentos relacionados ao segmento da
Construção Civil.

Palavras-chave: Arquitetura Educacional. Arquitetura Sustentável. Conforto


ambiental.
ABSTRACT

The Industrial Revolution brought deep changes to society and since then there was
expressive increase on the amount of raw materials and of energy required and
wastes of human actions to be absorbed by the planet. The Construction segment,
that includes different activities since the extraction of raw materials to the use of the
buildings, is one of those that causes more adverse impacts in the environment.
Inside this context, the sustainability arise proposing changes in the execution of the
various human activities to ensure suitable life conditions to next generations and
together with this concept, new knowledge and practices become study object of
different professionals. The Institute for Sustainable Cities and Buildings aims to
serve as a tool to spread this knowledge related with the Construction segment.

Keywords: Educational Architecture. Sustainable Architecture. Environmental


comfort.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução da concentração de CO2 na atmosfera. .................................... 13


Figura 2 – Evolução da pegada ecológica da humanidade ....................................... 14
Figura 3 - Litografia da Universidade de Virgínia, 1856 ............................................ 27
Figura 4 - Academia de arquitetura em Berlin ........................................................... 27
Figura 5- Vista isométrica da Bauhaus em Dessau .................................................. 28
Figuras 6 - Planta baixa do térreo da Bauhaus em Dessau .................................... 29
Figuras 7 - Planta baixa do primeiro andar da Bauhaus em Dessau ...................... 29
Figura 8 – Planta baixa da Academia Imperial de Belas Artes .................................. 31
Figura 9 - Fachada da Academia Imperial de Belas Artes ........................................ 32
Figura 10 - Edifício Paula Souza, atual Edifício Ramos de Azevedo ........................ 33
Figura 11 - Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro. .................................... 34
Figura 12 - Vazio central e iluminação zenital. FAU-USP. ........................................ 35
Figura 13 – Planta baixa do subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. FAU-USP.. 36
Figura 14- Arranjo de portas para evitar ruídos nas salas de aula ............................ 41
Figura 15 - Esquemas de distribuição de salas de aula em corredor central e em
corredor lateral .......................................................................................................... 42
Figura 16 - Profundidade da iluminação natural com e sem prateleira de luz ........... 43
Figura 17 - “Planta e corte esquemáticos indicando o caráter dos materiais de
revestimento e forro acústico em um Auditório” ........................................................ 45
Figura 18 – Consumo de energia elétrica entre 1990 e 2013 ................................... 46
Figura 19 – Torneira com acionamento restrito. ........................................................ 49
Figura 20 – Mecanismo de descarte de água do inicio da chuva .............................. 52
Figura 21– Comparação dos impactos ambientais do aço corrente e reciclado para o
projeto BEDZED de construções sustentáveis em Londres ...................................... 54
Figura 22 – Comparação das emissões de CO2 de acordo com o tipo de cimento .. 57
Figura 23 - “Emissões médias de CO2 na produção de 1 kg de cimento Portland em
diferentes regiões”..................................................................................................... 58
Figura 24 – Imagem de satélite do campus UFC Russas ......................................... 60
Figura 25 - Planta baixa, andar térreo da UFC Russas ............................................ 61
Figura 26 - Planta baixa, primeiro andar da UFC Russas ........................................ 62
Figura 27 – Pórtico de entrada em primeiro plano e passarela em segundo plano .. 64
Figura 28 – Pátio ....................................................................................................... 64
Figura 29 – Esquema de ventilação natural em uma construção com pátio ............. 65
Figura 30 – Auditório ................................................................................................. 66
Figuras 31 e 32 – Exemplo de aberturas .................................................................. 66
Figura 33 - Fachada noroeste ................................................................................... 67
Figura 34 – Vista área do NAB e entorno .................................................................. 68
Figura 35 – Implantação do NAB. ............................................................................. 69
Figura 35 – Planta baixa do andar térreo do NAB com a setorização proposta por
Azevedo (2002). ........................................................................................................ 70
Figura 36 – Planta baixa do mezanino do NAB à esquerda e primeiro andar à direita
com a setorização proposta por Azevedo (2002). ..................................................... 70
Figura 37 – Planta baixa do segundo do NAB andar à esquerda e cobertura à direita
com a setorização proposta por Azevedo (2002) ...................................................... 71
Figura 38 – Corte BB do NAB ................................................................................... 71
Figura 39 – Área comrpeendida entre pilotis. ............................................................ 72
Figura 40 – Fachada Leste do NAB. ......................................................................... 74
Figura 41 – Detalhe do brise presente nas fachadas norte e oeste. ......................... 74
Figura 42 – Fachada Sul do NAB. ............................................................................. 75
Figura 43 – Revestimentos internos do NAB............................................................. 76
Figura 44 – Área total do campus e implantação do Centro Jim Pattison ................. 78
Figura 45 – Entrada principal do Centro Jim Pattison. .............................................. 78
Figura 46 – Planta baixa do térreo e primeiro andar do Centro Jim Pattison ............ 79
Figura 47 – Área de estudos do Centro Jim Pattison. ............................................... 80
Figura 48 – Fachada sul do Centro Jim Pattison....................................................... 81
Figura 49 – Esquema de proteção solar dos brises e brises no verão à esquerda e
inverno à direita ......................................................................................................... 82
Figura 50 – Torres de ventilação, domos do tubo de luz e painéis fotovoltaicos na
cobertura. .................................................................................................................. 82
Figura 51- Mapa da zona urbana de Teresina .......................................................... 84
Figura 52 - Mapa do bairro Jóquei e edificações marcantes ..................................... 85
Figura 53 – Zoneamento urbano da área e do terreno escolhido.............................. 86
Figura 54 – Terreno escolhido com árvores existentes. ............................................ 87
Figura 55 – Fluxograma ............................................................................................ 94
Figura 56 – Tijolo modular de solo-cimento .............................................................. 98
Figura 57 – Corte das alvenarias comparando o uso de argamassa entre tijolo
cerâmico e tijolo ecológico modular .......................................................................... 99
Figura 58 – Perspectiva do pátio entre os dois blocos ............................................ 104
Figura 59 – Parte do corte do projeto que mostra os brises horizontais
................................................................................................................................ 105
Figura 60 – Cartas solares das fachadas norte e sul do bloco 2 com a hachura das
horas de proteção solar das aberturas das extremidades proporcionada pelos brises
horizontais ............................................................................................................... 105
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Nível de escolaridade dos Arquitetos e Urbanistas do Piauí em 2012 .... 19

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Programa de necessidades e pré-dimensionamento ............................. 90


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACV Avaliação do Ciclo de Vida


ATPO Associação Teresinense dos Profissionais de Olaria
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CAU Conselho de Arquitetura e Urbanismo
CBCS Centro Brasileiro de Construção Sustentável
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
Cerflor Programa Nacional de Certificação Florestal
CEUPI Centro de Ensino Unificado do Piauí
CEUT Faculdade Estácio de Teresina
CFCs Clorofluorcarbonos
CMMAD Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
COVs Compostos Orgânicos Coláteis
CREA - PI Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí
EPI Equipamento de proteção individual
FACID Faculdade Integral Diferencial
FAU-USP Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo
FAMEPI Faculdade de Medicina do Piauí
FSA Faculdade Santo Agostinho
FSC Forest Stewardship Council
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICCS Instituto para Cidades Construções Sustentáveis para Teresina
ICF Instituto de Ciências Políticas e Sociais Professor Camillo Filho
IES Instituição de Ensino Superior
IEST Instituto de Ensino Superior de Teresina
IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
LED Light Emitting Diode
MBA Master in Business Administration
NAB Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de Águas
ONG Organização não governamental
ONU Organização das Nações Unidas
PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem
PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Hábitat
PURA-USP Programa de Uso Racional da Água da Universidade de São
Paulo
SAS Sistemas de Aquecimento Solar
Sabesp Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
UESPI Universidade Estadual do Piauí
UFC Universidade Federal do Ceará
UFF Universidade Federal Fluminense
UFPI Universidade Federal do Piauí
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
UNINASSAU Faculdade Maurício de Nassau
UNINOVAFAPI Centro Universitário Uninovafapi
USP Universidade de São Paulo
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2. JUSTIFICATIVA.................................................................................................... 17
3. OBJETIVOS .......................................................................................................... 20
3.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 20
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 20
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 21
5. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................... 22
5.1 CONCEITOS ....................................................................................................... 22
5.1.1 CONSTRUÇÃO SUSTENTAVEL ..................................................................... 22
5.1.2 ENSINO SUPERIOR ........................................................................................ 22
5.1.3 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU .................................................................. 23
5.1.4 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUTENTÁVEL ..................... 23
5.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TEMA .................................................................. 25
5.2.1 ENSINO SUPERIOR NO MUNDO ................................................................... 25
5.2.2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ................................................................ 30
5.2.3 PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL ..................................................................... 38
5.2.4 ENSINO SUPERIOR NO PIAUÍ ....................................................................... 38
5.3 ASPECTOS TÉCNICOS ................................................................................. 40
5.3.1 ARQUITETURA EDUCACIONAL ..................................................................... 40
5.3.2 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL ..................................................................... 45
5.3.2.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA...................................................................... 45
5.3.2.1.1 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA ........................................................... 47
5.3.2.2 USO EFICIENTE, GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA ÁGUA .................... 48
5.3.2.3 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO .............................................................. 53
5.3.2.3.1 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA.............................................................. 57
6. ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES ........................................................ 60
6.1 REFERÊNCIAL REGIONAL: CAMPUS AVANÇADO UFC RUSSAS ................. 60
6.2 REFERÊNCIA NACIONAL: NÚCLEO DE ESTUDOS EM ÁGUA E BIOMASSA 68
6.3 REFERÊNCIA INTERNACIONAL: CENTRO JIM PATTISON DE EXCELÊNCIA
EM TECNOLOGIAS DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS E CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA RENOVÁVEL ........................................................................................... 77
7. ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO E ENTORNO ......................................... 84
8. PROGRAMA DE NECESSIDADES ...................................................................... 88
8.1 ATIVIDADES ABRIGADAS ................................................................................. 88
8.1.1 CURSOS DE EXTENSÃO................................................................................ 88
8.1.2 CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO .................................................................... 89
8.2 PÚBLICO ALVO .................................................................................................. 89
8.3 COMPARTIMENTAÇÃO, PRÉ-DIMENSIONAMENTO E POPULAÇÃO ............ 90
9. MEMORIAL JUSTIFICATIVO: ANTEPROJETO DE ARQUITETURA DO ICCS . 93
9.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO.............................................................................. 93
9.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS ........................................................................... 96
9.2.1 SISTEMA ESTRUTURAL ............................................................................. 96
9.2.2 FECHAMENTOS .............................................................................................. 96
9.2.2.1 TIJOLO ECOLÓGICO MODULAR ................................................................ 96
9.2.2.2 DRYWALL ..................................................................................................... 99
9.2.2.3 PINTURA..................................................................................................... 100
9.2.3 FORROS ........................................................................................................ 100
9.2.4 PISOS ............................................................................................................ 101
9.2.5. COBERTURA ................................................................................................ 102
9.3 SUSTENTABILIDADE ....................................................................................... 103
9.4 ARQUITETURA EDUCACIONAL ...................................................................... 107
9.5 CONCEITO ARQUITETÔNICO? ....................................................................... 108
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 110
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 111
12

1. INTRODUÇÃO

A proposta do Instituto para Cidades e Construções Sustentáveis (ICCS)


surge em uma época em que as diversas atividades humanas, como a indústria, a
agricultura, os meios de transportes e a construção civil, consomem energia e outros
recursos naturais de forma arbitrária e intensa e geram resíduos que contaminam o
solo, os rios, os oceanos, o ar.
Mesmo que a sociedade tenha sempre interferido no meio ambiente, esse
processo teve grande expansão após a Revolução Industrial iniciada por volta de
1750, com o grande aumento da população e da expectativa de vida, com a
modificação nos padrões de produção e de consumo de bens e com a maior
utilização de combustíveis fósseis como o petróleo (JOHN, PRADO, 2010). Paulo
(2010) evidencia o grande crescimento da população no passado recente:

[...] a população mundial cresceu de forma relativamente lenta até o ano de


1850, quando atingiu a escala de um bilhão de habitantes. Porém, foi no
ano de 1975 que esse número saltou para quatro bilhões de habitantes, ou
seja, a população quadruplicou em apenas 120 anos (PAULO, 2010, p.
133).

Como consequência, segundo Torgal e Jalali (2010), se intensificam


fenômenos naturais como o aumento da temperatura global, causado pelo efeito
estufa, e outros por ele influenciados, como o degelo das calotas polares, processos
de desertificação, o aumento da ocorrência de fenômenos atmosféricos extremos,
como secas de longa duração, furacões, chuvas intensas. Sendo o aumento da
temperatura do ar causado pelo aquecimento global considerado “o problema mais
premente com que se depara o Planeta Terra” (CONTI, 2005; TORGAL, JALALI,
2010, p.10).
O efeito estufa é um fenômeno natural porque não é causado apenas pelos
gases emitidos pelas atividades antrópicas. Segundo Conti (2005), o vapor de água
tem 60% de participação na criação desse fenômeno, e sem ele a temperatura
média do planeta seria de -18ºC, ao invés dos atuais 15ºC. Conti (2005) afirma que:

[...] a alteração do perfil climático do globo, que se manifesta sob forma de


tendências, rupturas e ciclicidades, faz parte da história do planeta e está
documentado em relevos residuais, em depósitos sedimentares, em
paleossolos, em formações vegetais relictuais [...] (CONTI, 2005, p. 71)
13

Mas se destaca que o aquecimento global vem sendo intensificado pelas


emissões de dióxido de carbono (CO2), 25% de participação na criação do
fenômeno, e outros gases, que correspondem a 15%, como “metano (CH4), óxido
nitroso (N2), ozônio (O3) clorofluorcarbonos (CFCs), além de vários tipos de
aerossóis” (CONTI, 2005, p. 70).
Observa-se na figura 1 que as concentrações de CO2 mantiveram-se com
pequenas variações entre 8.000 a.C. e 1.750 d.C., ano em que se estima o início da
Revolução Industrial, processo que intensificou atividades emissoras de grandes
quantidades de CO2 e de outros gases, como “a queima de carbono fossilizado, por
meio de carvão mineral ou petróleo, a queima, o desmatamento ou o apodrecimento
de florestas nativas e o manejo do solo” (JOHN, PRADO, 2010, p. 13).

Figura 1 - Evolução da concentração de CO2 na atmosfera.

Fonte: John e Prado (2010). Edição do autor (2017).

Conti (2005, p. 71) afirma que “outros gases estufa também apresentaram
crescimento significativo. Segundo fontes do IPCC, a quantidade de óxido nitroso,
desde o final do século XVIII, cresceu 15% e a de metano, cerca de 2,3 vezes”.
Outros efeitos adversos decorrentes das atividades antrópicas são a erosão
do solo e seus possíveis prejuízos à agricultura, desmatamento de florestas,
prejuízos à biodiversidade e às bacias hidrográficas (DUARTE, 2009).
Uma forma de evidenciar esse desequilíbrio é através do conceito de Pegada
Ecológica, criado pelos “cientistas canadenses Mathis Wackernagel e William Rees
14

em 1990 e [que] hoje é internacionalmente reconhecido como uma das formas de


medir a utilização, pelo homem, dos recursos naturais do planeta.” (SCARPA,
SOARES, 2012, p. 6). O conceito relaciona áreas de terra e de água produtivas do
planeta com a sua capacidade de fornecer materiais e energia e absorver rejeitos
depositados pelas sociedades humanas (Biocapacidade). Um fator importante
considerado na Pegada Ecológica é a capacidade de regeneração da natureza, que
também pode ser afetada e reduzida (DUARTE, 2009). Segundo Cidin e Silva
(2004):

Alguns estudos indicam que, por volta de 1980, a pegada total humana
atingiu o ponto limítrofe da capacidade ecológica do planeta, o que
significava que, até esse período, um planeta era suficiente. No entanto, em
1999, era necessário 1,2 planeta a fim de suportar as atividades antrópicas
[Figura 2] (CIDIN; SILVA, 2004, p. 47).

Figura 2 – Evolução da pegada ecológica da humanidade.

Fonte: Becker et al (2012). Edição do autor (2017).

Há também tendência ao aumento da população, atualmente com cerca de 7


bilhões de habitantes, e que, de acordo com a projeção da Organização das Nações
Unidas (ONU), deve se aproximar de 8,5 bilhões de habitantes em 2030, o que
levará também ao aumento de todas as atividades humanas e de seu consequente
impacto ambiental (NOVO ESTUDO...,2015).
A indústria da construção civil, responsável pela produção dos materiais de
construção, apresenta importante impacto ambiental adverso em relação a outras
atividades humanas por ser responsável pela emissão de 30% dos gases estufa e
15

pela maior demanda de matérias-primas. Como exemplo, a produção do cimento


Portland extrai matérias-primas não renováveis como o calcário e a argila e emite
CO2 por meio da reação de descarbonizarão de calcário e da utilização de
combustíveis fósseis para obtenção de calor usado na produção do cimento
(TORGAL, JALALI, 2010).
O segmento da construção civil, “se levada em conta a cadeia que une
fabricantes de materiais a usuários finais”, é responsável pelo consumo de 40% da
energia mundial e gera entre 41% e 70% dos resíduos sólidos urbanos em
atividades de construção e de demolição (MINAS GERAIS, 2008, p.10).
Sobre o consumo da água, o segmento consome uma parcela menor em
relação a outras atividades, mas também deve ser objeto de preocupação dos
profissionais em busca de um uso mais eficiente, gestão e conservação da água.
Jonh (2010, p15.) afirma que “aproximadamente 26% da água retirada e cerca de
10% da água consumida são volumes utilizados no ambiente construído, excluída a
indústria e o agronegócio”.
Sobre o Urbanismo e sua relação com o meio ambiente, acerca do contexto
da pegada ecológica, Cidin e Silva (2004) afirmam que um hectare de área
urbanizada demanda aproximadamente 1.000 vezes mais energia do que uma área
de mesmas dimensões do ambiente natural. As cidades ocupam entre 1% e 5% da
superfície do planeta, mas consomem 75% dos recursos demandados pelas
atividades humanas. As áreas urbanas também “são responsáveis por 80% das
emissões de carbono, 75% do uso da madeira e 60% do consumo de água”. (CIDIN,
SILVA, 2004, p. 44)
No Brasil, vem ocorrendo intenso processo de urbanização motivado pelo
grande aumento da população urbana em relação à rural. Se em 1945 a população
das cidades representava 20% do total, em 2000 esta equivalia a 82% (SILVA,
2011). Entre os problemas comuns às cidades brasileiras têm-se a expansão da
zona urbana, que afeta áreas para agricultura e reservas florestais, aumenta a
dependência em relação ao automóvel e o uso de combustíveis fósseis e cria mais
áreas impermeáveis, que contribuem para a criação do fenômeno das ilhas de calor
(ANDRADE, ROMERO, 2004).
Por isso é necessária maior eficiência na execução de todas as atividades
humanas por meio da modernização das técnicas utilizadas , do uso de inovações e
retomada de práticas tradicionais que busquem “um maior respeito aos recursos
16

naturais e a utilização de práticas renováveis e auto-suficientes (sic)”, rompendo


com as práticas usuais (ISOLDI, 2007, p. 75), possibilitando o desenvolvimento
sustentável, definido por Bruntland apud Torgal e Jalali (2010, p. 20) como sendo
aquilo que “permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer as
possibilidades das gerações futuras satisfazerem as suas”, em suas diversas
esferas.
Nesse sentido, foi desenvolvido o projeto arquitetônico de um edifício para
abrigar o ICCS com o propósito de capacitar profissionais que atuam em atividades
relacionadas à construção civil e ao planejamento das cidades para o
desenvolvimento de projetos, obras, construções e cidades sustentáveis, através de
cursos de curta duração (também voltado para estudantes de graduação), curso de
especialização e eventos.
17

2. JUSTIFICATIVA

Relacionar o tema sustentabilidade a uma instituição de ensino é justificada


porque a educação é o principal meio para a solução do desafio ambiental, por
possibilitar a todas as pessoas a obtenção de conhecimentos que podem resultar
em ações voltadas para solução dos problemas ambientais (PEREIRA, 2007).

A lei 9.795, de 27 de Abril de 1999, trata a educação ambiental como um


conjunto de „processos por meio dos quais o individuo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente‟, sendo um
„componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis do processo educativo,
em caráter formal e não-formal‟ (BRASIL, 1999 apud PEREIRA, 2007, p.
85).

A escolha da Construção Civil como segmento de atuação da instituição


voltada para a sustentabilidade deve-se ao seu importante impacto ambiental em
relação a outras atividades humanas como já citado anteriormente.
As construções sustentáveis podem reduzir as consequências adversas das
atividades do setor por meio de ações como redução do consumo de materiais de
construção, utilizando técnicas como a coordenação modular e a escolha de
materiais duráveis e rejeitando materiais como tintas que emitem substâncias tóxicas
ao ambiente construído (CBCS, 2014). Também é possível reduzir o consumo de
água empregando técnicas como o aproveitamento de águas pluviais e de energia
elétrica por meio do uso de fontes de energia alternativas (JOHN, PRADO 2010).
O aumento de construções sustentáveis também pode servir para a
conscientização de toda a população, como afirma Xavier (2011), porque há grande
possibilidade de contato com o tema através das atividades de morar, trabalhar,
estudar e tantas outras abrigadas pelos edifícios.
O assunto, além de relevante, é complexo e justifica a necessidade de
especialização na área, pois os profissionais devem abordar o tema nas diversas
etapas do ciclo de vida de um edifício: planejamento, implantação, uso, manutenção
e demolição; em diferentes categorias, como eficiência energética, gestão da água,
qualidade urbana, conforto ambiental e materiais de construção (JOHN, PRADO,
2010).
Também são objetos de estudo a viabilidade econômica de tecnologias como
painéis fotovoltaicos por meio do cálculo do tempo de retorno do investimento em
18

relação à economia gerada, redução de custos e de desperdícios de material e mão-


de-obra (informação verbal1) e o gerenciamento dos resíduos de construções e de
demolições.
No estudo e desenvolvimento da prática do Urbanismo Sustentável, Silva
(2011) cita que não devem ser propostos modelos de cidades “dentro da lógica da
diversidade do urbanismo contemporâneo”, mas destaca temas recorrentes em
teorias que abordam o tema: “mobilidade, acessibilidade, aspectos morfológicos,
ambiente edificado, microclima, poluição, vegetação e energia” (SILVA, 2011, p. 47).
Assim conclui-se que:

Enquanto a economia e a população continuam a se expandir, os projetistas


e construtores têm o dever de enfrentar um desafio sem igual na demanda
de conhecimento em novos ou renovados mecanismos que sejam
acessíveis, seguros, saudáveis, e produtivos, enquanto minimizando seu
impacto ambiental (WHOLE BUILDING DESIGN GUIDE, 2004 apud
VOSGUERITCHIAN, 2006, p.31).

Sorrentino (1998, p. 287) apud Isoldi (2007), ao analisar os currículos dos


cursos de graduação em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia, conclui que as
questões ambientais são pouco abordadas e afirma que a principal ação dos cursos
voltada a essa área é a inclusão de disciplinas optativas relacionadas à gestão
ambiental, ação insuficiente devido à complexidade do assunto.
Sobre o mesmo tema, Vasconcelos, Pirró e Nudel (2006, p. 59) afirmam que
há poucos arquitetos que abordam a questão ambiental em seu exercício
profissional e que isso seria em parte consequência de sua formação, que se deu
numa época em que as “questões referentes à preservação ambiental eram vistas
com indiferença, e o termo „desenvolvimento sustentável‟ nem sequer existia”. Os
mesmos autores também defendem a importância dos “formadores das novas
gerações” para a mudança dessa atual situação.
Os cursos de especialização do ICCS poderiam ser frequentados por
qualquer profissional graduado que tivesse interesse nos assuntos ministrados, mas
supõe-se que teriam maior presença de Arquitetos e Urbanistas e por Engenheiros
de diversas especialidades. No Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do
Piauí (CREA-PI), entre o total de 4.538 profissionais registrados no conselho,

1
Informações fornecidas pelo professor Jean Prost, integrante do Departamento de recursos hídricos,
geotécnica e saneamento ambiental da UFPI, em entrevista no dia 20 de Abril de 2017.
19

apenas 390 possuem algum tipo de pós-graduação, o que corresponde a apenas


8,59% do total (CONFEA, 2017).
Já no Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo do Piauí (CAU-PI) em
2012, havia 447 profissionais ativos dos quais 425 responderam ao censo de 2012,
em que 52,24% afirmaram possuir graduação como grau de escolaridade (Tabela 1)
(CAU/BR, 2012). O número atual de registros no CAU-PI é de 789, sendo a maioria
residente em Teresina, o que revela um crescimento de 76% do número de registros
em cinco anos (IGEO, 2017).

Tabela 1 – Nível de escolaridade dos Arquitetos e Urbanistas do Piauí em 2012

Fonte: CAU/BR, 2012.

Conclui-se que o Instituto para Cidades e Construções Sustentáveis em


Teresina poderia oferecer capacitação a um número crescente de profissionais
sobre um tema complexo e com amplas possibilidades de aplicações práticas: a
sustentabilidade, em um setor da economia com grandes impactos ambientais
adversos e em um contexto em que a preservação do meio ambiente deve ser uma
das ações prioritárias para a sociedade e para as gerações futuras.
20

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Desenvolver um anteprojeto arquitetônico do Instituto para Cidades e


Construções Sustentáveis.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Definir, dentro do contexto da sustentabilidade na construção civil, temas


prioritários para o desenvolvimento sustentável, como materiais de
construção, eficiência energética e técnicas de construção sustentáveis de
modo a definir características do projeto do ICCS;
 Propor espaços que possibilitem o desenvolvimento de atividades práticas
didáticas e pesquisas laboratoriais;
 Adotar no projeto arquitetônico conceitos da arquitetura sustentável e de
conforto ambiental, como eficiência energética e gestão da água.
21

4. METODOLOGIA

A primeira etapa deste trabalho consistiu em uma pesquisa teórica para


obtenção de conhecimentos relevantes à elaboração de um projeto de arquitetura,
seguida do registro escrito desses conhecimentos.
Para obtenção das informações necessárias ao desenvolvimento do projeto
arquitetônico, foi feita pesquisa bibliográfica em livros, artigos, dissertações, teses,
leis, entre outas fontes. Outras formas de pesquisa foram os estudos de caso
mediante a análise de projetos e de obras de arquitetura similares ao tema, em
âmbito local, nacional e internacional; e visitas a instituições de ensino de pós-
graduação semelhantes ao projeto a ser desenvolvido.
Paralelamente ocorreu a redação da monografia, que tem como partes
integrantes: introdução, justificativa, objetivos, metodologia, referencial teórico,
estudos de caso, análise do terreno escolhido e entorno, programa de necessidades,
memorial justificativo, considerações finais e referências.
No referencial teórico abordou-se a evolução histórica das instituições de
ensino superior, apresentando-se também exemplos e características das diferentes
tipologias arquitetônicas para melhor compreensão acerca das instituições de ensino
superior da atualidade, bem como diretrizes projetuais de arquitetura educacional e
de arquitetura sustentável.
Após a redação da monografia, foi desenvolvido o projeto arquitetônico, onde
foram utilizados os conhecimentos obtidos anteriormente, passando pelas etapas de
estudo preliminar e de anteprojeto.
Durante o estudo preliminar houve o desenvolvimento do programa de
necessidades, pré-dimensionamento; organograma, setorização. Na etapa de
anteprojeto ocorreu a produção das plantas de situação, locação, cobertura, plantas
baixas, cortes, fachadas e detalhamento.
22

5. REFERENCIAL TEÓRICO

5.1 CONCEITOS

A definição de conceitos acerca do tema aqui discutido é importante para


melhor compreensão dos diferentes aspectos abordados nesta discussão.

5.1.1 CONSTRUÇÃO SUSTENTAVEL

As construções sustentáveis são as que aplicam uma série de técnicas para a


redução do impacto ambiental adverso causado pela atividade de construir e por
todo o segmento da construção, o qual inclui as indústrias e a extração de matérias-
primas, e possui o objetivo de proporcionar maior qualidade de vida aos seus
usuários.
O Conselho Internacional de Construção buscou definir esse conceito como
“a criação e manutenção responsáveis de um ambiente construído saudável,
baseado na utilização eficiente de recursos e no projecto (sic) baseado em princípios
ecológicos” (KIBERT, 2008 apud TORGAL, JALALI 2010, p. 23).
O Ministério do Meio Ambiente sintetiza os principais aspectos que devem ser
buscados para uma construção sustentável: “redução e otimização do consumo de
materiais e energia, na redução dos resíduos gerados, na preservação do ambiente
natural e na melhoria da qualidade do ambiente construído” (BRASIL, 2017b, p.1).

5.1.2 ENSINO SUPERIOR

“A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e bases


para a educação nacional”. Trata de questões referentes à educação básica,
profissional e superior. Essa lei define as finalidades do ensino superior, e é possível
destacar entre elas o “incentivo à pesquisa científica”, “a divulgação de
conhecimentos técnicos, científicos e culturais”, e “suscitar o desejo permanente de
aperfeiçoamento cultural” (BRASIL, 1996, p. 26).
A educação superior ocorre através dos cursos de graduação; pós-
graduação: stricto sensu que compreende cursos de mestrado e doutorado, e lato
23

sensu, cursos com duração mínima de 360 horas; cursos de especialização e de


extensão. Os cursos ocorrem em instituições mantidas pela União, pela iniciativa
privada ou por órgãos federais (BRASIL, 1996, p. 27). De acordo com o Decreto nº
5.773, de 09 de maio de 2006, “as instituições de ensino superior são credenciadas
como faculdades, centros universitários ou universidades” (BRASIL, 2006, p.5).

5.1.3 PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

O ensino da pós-graduação lato sensu está subdividida em cursos de


especialização e de extensão. “Os cursos de especialização devem possuir duração
mínima de 360 horas”, são voltados a profissionais graduados no ensino superior e
“tem objetivo técnico profissional específico, não abrangendo o campo total do saber
na qual se insere”. Já os cursos de extensão podem ser frequentados pela
comunidade em geral e são voltados às suas necessidades, e também serão
ofertados pelo ICCS (NEVES, 2002, 15).
O Instituto para Cidades e Construções Sustentáveis em Teresina deve
abrigar cursos de especialização e cursos de extensão, voltados para profissionais
com graduação em Arquitetura e Urbanismo ou em Engenharias, mas sem restrição
aos cursos de graduação dos possíveis interessados.

5.1.4 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUTENTÁVEL

O termo Sustentabilidade diz respeito à condição de existência das


populações humanas ao longo do tempo em harmonia com a capacidade de
sustentação e renovação do planeta Terra. O desenvolvimento sustentável, por sua
vez, é visto como o meio necessário para que a sustentabilidade possa ser
alcançada, proporcionando “melhorias na qualidade de vida humana e ao mesmo
tempo conservar a vitalidade do Planeta Terra” (ISOLDI, 2007, p.45).
O conceito de Desenvolvimento Sustentável como hoje é conhecido foi
registrado pela primeira vez no relatório Bruntland de 1987 como sendo aquilo que
“permite satisfazer as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades
das gerações futuras satisfazerem as suas” (BRUNTLAND apud TORGAL E JALALI,
2010, P. 20).
24

O relatório foi criado pela Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o


Desenvolvimento (CMMAD) da Organização das Nações Unidas (ONU) após três
anos de pesquisa e análise sobre as mudanças climáticas (BARBOSA, 2008).
Surgiu em uma época onde foram constatados fenômenos como a chuva ácida e a
destruição da camada de ozônio, e por isso há diferenciação da abordagem do
conceito na década 70, voltado para a sustentação econômica da sociedade.
Além da questão econômica e ambiental, o conceito proposto pelo relatório
abrangia as questões sociais, como também ocorre atualmente (DUARTE, 2009).
Barbosa (2008, p. 4) afirma que “o desenvolvimento sustentável deve ser uma
consequência (sic) do desenvolvimento social, econômico e da preservação
ambiental”.
Em relação aos aspectos ambientais, há necessidade de redução da
demanda por energia, água e matérias, de modo que esses elementos possam ser
ou continuar sendo renováveis para garantir “a redução do consumo de recursos, da
produção de resíduos e a preservação da função dos sistemas naturais e a sua
biodiversidade” (DUARTE, 2009, p.19).
Isoldi (2007) cita a classificação proposta Ignacy Sachs, que atribui cinco
dimensões à sustentabilidade e ao desenvolvimento sustentável, e as descreve:

Sustentabilidade social: entende-se pela criação de um processo de


desenvolvimento sustentável com melhor distribuição de renda e redução
das diferenças entre classes ricas e pobres;
Sustentabilidade econômica: busca um gerenciamento mais eficiente dos
recursos e maiores investimentos tanto nos setores públicos como privados,
além de se procurar maior eficiência econômica em termos macrossociais e
não apenas através do critério macroeconômico do empresariado;
Sustentabilidade ecológica ou ambiental: é a utilização dos recursos
naturais, quando possível, renováveis, com maior eficiência, redução da
utilização de combustíveis fósseis, redução do número de resíduos e de
poluição, promovendo a autolimitação do consumo, intensificação nas
pesquisas para obtenção de meios mais eficientes e menos poluentes para
o desenvolvimento do espaço urbano, rural e industrial, desenvolvimento de
normas adequadas para proteção ambiental com elementos de apoio
econômicos legais e administrativos necessário para seu cumprimento;
Sustentabilidade espacial: baseia-se em configuração urbana rural mais
equilibrada entre os assentamentos urbanos e atividades econômicas,
redução da concentração excessiva nas metrópoles, exploração racional
das florestas e da agricultura através de técnicas modernas e regenerativas,
exploração da industrialização descentralizada, criação de uma rede de
reservas naturais e da biosfera para proteção da biodiversidade;
Sustentabilidade cultural: é a procura por manter as raízes culturais e as
tradições em todos os processos de modernização, agricultura, indústria;
preservando as características locais e particulares de cada região (ISOLDI,
2007, p. 47).
25

5.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TEMA

5.2.1 ENSINO SUPERIOR NO MUNDO

As primeiras atividades do ensino superior aconteciam em escolas


elementares e superiores, comumente associadas a instituições religiosas e com
objetivo de formar o clero para tarefas litúrgicas. No século XI, com a valorização da
dialética2, o ensino passou a ter um aspecto mais racionalista e crítico, “embora
ainda de maneira insipiente, estavam já se formando as condições favoráveis ao
nascimento das universidades” (SOUZA, 1996, p.42).
Ainda no século XI, em um período de significativo crescimento das cidades,
apareceram as corporações de ofício, chamadas de “universitas”, associações de
profissionais do mesmo ramo, com estatutos, hierarquia, e que adotavam um tipo de
ensino profissional. Nos séculos XII e XIII, novas corporações passaram a ser
caracterizadas pela presença de mestres e alunos “que se dedicavam ao estudo e
pesquisa das Artes Liberais, Medicina, Direito e Teologia” (SOUZA, 1996 p. 43).
Como evolução das corporações de mestres e alunos, surgiram as
universidades, com destaque inicial para as de Paris e de Bolonha. Como
características, as primeiras universidades “não tinham um espaço físico próprio,
eram móveis e pouco onerosas”, faltavam livros, sua ação estava associada a
religião, e as poucas universidades que existiam atraíam pessoas de diferentes
países (SOUZA, 1996, p. 43). Também possuíam como característica sua autonomia
e “liberdade de atuação cultural, científica e política”, favorecidas pela aproximação
com o poder associado à figura do papa ou do príncipe (OLIVEIRA, 2007, p.123).
A Universidade de Paris tornou-se a mais importante no século XIII, servindo
de modelo para a formação de novas universidades. Também foi responsável pelo
surgimento de um “novo profissional, o profissional da cultura, cujo trabalho é o
estudo, a ciência e o saber: o doutor” (OLIVEIRA, 2007, p. 123).
Nos séculos XIV e XV, ocorreram mudanças em suas características, pois as
universidades perderam autonomia, aproximaram-se do Estado centralizado e, com
o aumento do número de universidades, houve redução de sua influência
internacional. (SOUZA, 1996).

2
“A arte de discutir, de desenvolver raciocínios e apresentar argumentos com os quais se pretende
esclarecer uma questão ou fazer valer um ponto de vista” (MICHAELIS, 2017).
26

Foi durante o Renascimento, época em que se deu o surgimento da imprensa


e o uso do papel, responsáveis por uma mudança no ensino e no acesso a
informações, que surgiram os movimentos reformadores “promovendo a difusão da
instrução popular para a leitura e a interpretação pessoais das Escrituras, sem a
intermediação do clero” (SOUZA, 1996, p. 45).
Como reação à ameaça dos movimentos renascentistas e reformistas, foram
criados por Santo Inácio de Loyola, em 1534, os colégios jesuítas. Com atuação nos
países católicos, os colégios eram voltados à formação dos jovens através do ensino
secundário e superior, que conciliava tendências da época com as caraterísticas do
ensino medieval (SOUZA, 1996).
Já nos séculos XVII e XVIII, enquanto as universidades permaneciam
buscando manter suas características medievais, fato que as posicionou “à margem
das atividades intelectuais e científicas desses séculos”, os colégios, entre eles os
jesuítas, prosperavam. Também como alternativa às universidades, surgiram as
academias científicas no século XVIII, mais alinhadas às tendências da época
(SOUZA, 1996, p. 46).
Nos séculos XIX e XX, houve criação expressiva de universidades em todos
os continentes, passando a figurar como elementos centrais na prática do ensino
superior (COSTA; RAUBER, 2009). Como exemplo há a Universidade de Virgínia
nos Estados Unidos, construída entre 1817 e 1826 sob o projeto de Thomas
Jefferson, que concebeu a ideia de uma vila acadêmica com a presença de
residências estudantis. A biblioteca é a maior edificação: construída no estilo
classicista, foi projetada para lembrar o Panteão de Roma. Os dez pavilhões,
alinhados em duas fileiras, foram construídos com características diferentes entre si
para servirem de modelo aos professores de arquitetura (Figura 3) (GLANCEY,
2001; MIGNOT, 1994).
27

Figura 3 - Litografia da Universidade de Virgínia, 1856.

Fonte: Mignot (1994).

Também no século XIX, foi construída a Academia de Arquitetura em Berlin


(1831-1836), projetada por Karl Friedrich Schinkel (Figura 4). Tinha como
características a flexibilidade dos seus espaços internos, que podiam ser
modificados a fim de formar diferentes cômodos, e a existência de lojas que
contribuíam com as finanças (GÖSSEL; LEUTHÄUSER, 1991).

Figura 4 - Academia de arquitetura em Berlin.

Fonte: Gössel; Leuthäuser (1991).

No século XX, a Bauhaus (1918-1933) foi referência no ensino de design,


artes plásticas e arquitetura. A escola fundada pelo arquiteto alemão Walter Gropius
28

deu continuidade aos princípios da Deutscher Werkbund3 em suas atividades,


buscando aproximar as artes da indústria. De acordo com Oliveira (2004):

A proposta pedagógica da escola era a união entre arte e indústria, estética


e vida cotidiana, modernidade e funcionalidade, usando a arquitetura como
objeto de integração, em um programa educacional que equilibrava o
treinamento prático do fazer e o treinamento teórico do design (OLIVEIRA,
2004, p. 114).

A sede da Bauhaus em Dessau, na Alemanha, projetada por Walter Gropius e


concluída em 1925, é “a obra mais significativa do racionalismo alemão e uma das
maiores obras-primas da arquitetura moderna” (ARGAN, 1992, p. 392 apud
OLIVEIRA, 2004). A construção divide-se em três blocos de modo que um abrigava
os ateliês, o segundo o departamento de arquitetura e a escola técnica, e o último, o
alojamento de estudantes. Uma ponte conectava os dois primeiros blocos e abrigava
os escritórios administrativos; outra, o auditório, o teatro e a cantina, além de ligar o
bloco de ateliês ao dos estudantes (Figuras 5, 6 e 7) (OLIVEIRA, 2004).

Figura 5- Vista isométrica da Bauhaus em Dessau

1 – Ateliês 2- Auditório e Cantina 3 – Alojamento de estudantes 4 –Escritórios administrativos 5


Departamento de arquitetura e escola técnica
Fonte: Achdaily (2017a). Editado pelo autor (2017)

3
Associação fundada em 1907 que unia “industriais, artistas, artesãos e comerciantes em uma
organização eficaz, que contribuísse para o desenvolvimento da economia nacional ao produzir
produtos de melhor qualidade técnica, funcional e estética” (OLIVEIRA, 2004, p. 14).
29

Figuras 6 - Planta baixa do térreo da Bauhaus em Dessau.

1. Entrada, 2. Salas de aula, 3. Depósito, 4. Laboratórios, 5. Gabinete de física, 6. Câmara escura, 7.


Átrio, 8. Exposições, 9. Instrutores, 10. Desenho, 11. Carpintaria, 12. Máquinas, 13. Marcenaria, 14
Auditório, 15. Palco, 16. Refeitório 17. Cozinha
Fonte: Argan (1990). Editado pelo autor (2017)

Figuras 7 - Planta baixa do primeiro andar da Bauhaus em Dessau.

1. Átrio, 2. Salas de aula, 3. Salas dos professores, 4. Biblioteca, 5. Datilografia, 6. Administração, 7.


Recepção, 8. Direção, 9. Administração, 10. Contabilidade e caixa, 11. Treinos principais, 12.
Armazém, 13. Tecelagem, 14 Instrutores, 15. Vestiário, 16. Estúdios
Fonte: Argan (1990). Editado pelo autor (2017)
30

O prédio é caracterizado pelo uso de amplas fachadas envidraçadas, que


garantem a iluminação e a ventilação natural, paredes brancas sem aberturas, faces
paralelas e ortogonais e ausência de ornamentos. Diversos elementos presentes
foram feitos pelos alunos, como a pintura das paredes, as luminárias, os móveis e o
design desses objetos (OLIVEIRA, 2004).

5.2.2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

O início do ensino formal em terras brasileiras deu-se com a vinda dos


Jesuítas em 1549 e com suas tentativas de educar os povos indígenas. Desejavam
aproximá-los da cultura e da religião europeias, consideradas superiores. Essa
inciativa não teve influência do governo de Portugal, que tinha como objetivo apenas
explorar as riquezas do Brasil Colônia (COSTA; RAUBER, 2009).
O Colégio da Bahia, criado por volta de 1550, é um exemplo das atividades
jesuíticas no Brasil colônia. Abrigava ações como a alfabetização, ensino de
gramática, retórica4 e “humanidades” no ensino elementar; os cursos de Ciências
Naturais e Filosofia, com duração de três anos, que conferiam o título de bacharel, e
o curso de Teologia, com duração de 4 anos e que conferia o título de doutor
(MELO, 2006).
Mesmo com ausência de instituições de ensino superior, o Brasil abrigou,
durante todo o período colonial, doutores com títulos de bacharel, físicos ou
sacerdotes. Mas eram poucos os que conseguiam ir até a Europa frequentar uma
universidade. Entre eles estavam “funcionários da Igreja ou da Coroa, ou filhos de
burocratas, de grandes latifundiários ou de comerciantes” (COSTA; RAUBER, 2009,
p. 245). Segundo Texeira apud Brito e Cunha (2009):

O Brasil constitui uma exceção na América Latina: enquanto a Espanha


espalhou Universidades pelas suas colônias – eram 26 ou 27 ao tempo da
independência –, Portugal, fora dos colégios reais dos jesuítas, nos deixou
limitados às Universidades da Metrópole: Coimbra e Évora (TEIXEIRA,
1999, p. 297 apud BRITO; CUNHA, 2009, p. 47).

As tentativas de criação de uma universidade na colônia fracassaram por


resistência de Portugal, que desejava garantir o controle sobre o Brasil e evitar
movimentos por independência. Também contribuiu o fato das universidades de

4
“Conjunto de princípios que constituem a arte da eloquência ou do bem-dizer; oratória”
(MICHAELIS, 2017).
31

Portugal não serem tão desenvolvidas como as da Espanha, o que dificultava a


vinda de professores. Além disso, a ida dos universitários à Europa era considerada
mais adequada pela elite. (BRITO; CUNHA, 2009).
Apenas com a vinda da família real portuguesa em 1808 e com o bloqueio à
ida a Europa pela esquadra napoleônica é que foram criados os institutos de ensino
superior no Brasil. Tem-se como exemplo as escolas de Medicina, de Engenharia e
de Economia, voltadas para a formação de profissionais. Também surgiu nessa
época o ensino superior voltado para a defesa militar da colônia através de
academias, como a Academia Real Militar (atual Escola Nacional de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro), de 1810, responsável pela formação de
oficiais, engenheiros civis e militares (MARTINS, 2002).
A Missão Artística Francesa chegou em 1816 ao Rio de Janeiro. Contratada
por Dom João VI para início do ensino de artes e de arquitetura na Academia Real,
criada para esse propósito. Sua sede, inaugurada em 1826, foi projetada pelo
arquiteto francês e titular da cadeira de arquitetura Jean de Montigny, quando a
instituição já havia passado a ser chamada de Academia Imperial de Belas Artes.
O pórtico foi feito em cantaria e com detalhes em baixos-relevos de terracota,
tem características do neoclássico, como o arco, as arcadas e o frontão (Figura 9).
Demolida em 1937, restou apenas o pórtico de entrada, que foi preservado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e posteriormente
montado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. (TELLES, 2008).

Figura 8 – Planta baixa da Academia Imperial de Belas Artes

Fonte: Exposições virtuais do arquivo nacional (2017). Editado pelo autor (2017).
32

Figura 9 - Fachada da Academia Imperial de Belas Artes

Fonte: Exposições virtuais do arquivo nacional (2017). Editado pelo autor (2017).

De acordo com Martins (2002), existiram 24 propostas para criação de


universidades entre 1808 e 1822, sendo que nenhuma foi aprovada. Mesmo assim o
processo de desenvolvimento do ensino superior brasileiro continuava, como afirma
o mesmo autor:

Depois de 1850 observou-se uma discreta expansão do número de


instituições educacionais com consolidação de alguns centros científicos
como o Museu Nacional, a Comissão Imperial Geológica e o Observatório
Nacional. [...] Até o final do século XIX existiam apenas 24 estabelecimentos
de ensino superior no Brasil com cerca de 10.000 estudantes (MARTINS,
2002, p. 4).

A Constituição da República de 1891 possibilitou a criação de instituições de


ensino superior pela iniciativa privada. Como exemplo tem-se os cursos de
Engenharia Civil, Elétrica e Mecânica, criados em 1896 pela atual Universidade
Presbiteriana Mackenzie em São Paulo (MARTINS, 2002). Conforme Brito e Cunha
(2009) afirmam, a iniciativa privada também tentou criar algumas universidades,
como a Universidade de Manaus em 1909, a de São Paulo em 1911 e a de Curitiba
em 1912, mas sem apoio político e financeiro elas foram extintas posteriormente.
A Escola Politécnica de São Paulo foi criada em 1893 e inicialmente abrigava
os cursos de Engenharia Civil, Engenharia Agrícola, Engenharia Industrial e Artes
Mecânicas. Nesse período intensificou-se o processo de crescimento e de
modernização da cidade, o que aumentou a demanda por engenheiros qualificados.
O Edifício Paula Souza foi construído em 1987 para atender a essa nova demanda
(Figura 10). O projeto de Ramos de Azevedo, arquiteto formado na Universidade de
Gante, na Bélgica, o qual dava aulas para o curso de Engenheiro Arquiteto na
33

instituição, seguiu o estilo neoclássico por meio do uso da simetria, volumes simples
e fachadas sóbrias e planas (BRUAND, 1991; POLI, 2017).

Figura 10 - Edifício Paula Souza, atual Edifício Ramos de Azevedo

Fonte: Panoramio (2017).

A Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro passou a chamar-se


Escola Nacional de Belas Artes, e, em 1908, foi construído um prédio para abrigá-la
na Avenida Rio Branco, a qual foi criada durante o mandado de Pereira Passos
(1902-1906), pois a obra de Jean de Montigny tinha se tornado pequena para as
necessidades da instituição. A obra de Adolpho Morales de los Rios seguiu o estilo
Segundo Império Francês e aproxima-se das características do Museu Louvre,
sendo que hoje abriga o Museu Nacional de Belas Artes (Figura 11). Bruand (1991)
afirma que o prédio tem como características:

Pavilhões com cobertura em mansardas (retos na extremidade, convexos


no centro), arcadas em arco-pleno flanqueadas por maciços pilares com
ranhuras no pavimento térreo, ordem coríntia, cariátides no ático dos
pavilhões, alternância de frontões triangulares e circulares (BRUAND, 1991,
p. 34).
34

Figura 11 - Escola Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.

Fonte: Museu Nacional de Belas Artes (2017). Editado pelo autor (2017).

Apenas em 1920 foi possível criar a Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ), a


partir da associação das escolas de Medicina, Engenharia e Direito, “a primeira
instituição universitária criada legalmente pelo governo federal” (COSTA; RAUBER,
2009, p. 46). Nessa década, existiam 150 escolas isoladas e 2 universidades, a do
Rio de Janeiro e a do Paraná. Como características, as primeiras universidades
brasileiras tinham suas atividades voltadas para a educação profissional, possuíam
reitorias com pouca autonomia, pois sofriam forte controle do Estado, o qual
nomeava os seus diretores, controlava o orçamento, as cátedras5, os currículos e a
forma de dar aulas. (BRITO; CUNHA, 2009; MARTINS, 2002).
Entre 1920 e 1968 houve a implantação de universidades em quase todos os
estados brasileiros, muitas delas formadas pela união de faculdades que já existiam.
Como exemplo há a Universidade de São Paulo (USP), criada em 1934 (COSTA;
RAUBER, 2009; MARTINS, 2002).
Em 1933 já havia predomínio das instituições de ensino superior privadas,
que eram 265 e correspondiam a 64,4% do total de estabelecimentos, mas ainda
não possuíam o maior número de matrículas porque predominavam instituições de
pequeno porte no setor privado (BARREYRO, 2008).

5
“Cargo de professor titular efetivo no ensino superior, obtido por concurso, antes da reforma
universitária de 1968” (MICHAELIS, 2017).
35

O edifício da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP)


(1966-1969) destaca-se como produção arquitetônica voltada para o ensino
superior. Projetado pelo professor da FAU-USP, Vilanova Artigas, e por seu sócio,
Carlos Cascaldi, para ocupar um espaço na Cidade Universitária, tem como
características o uso da iluminação zenital, integração dos espaços e continuidade
com o exterior, com exceção apenas dos anfiteatros, das salas de aulas e de outros
cômodos que necessitam de isolamento e que foram dispostos nas extremidades
dos andares superiores ou no subsolo (Figuras 12 e 13). (BRUAND, [1991?]).

Figura 12 - Vazio central e iluminação zenital. FAU-USP.

Fonte: Archdaily (2017b)


36

Figura 13 – Planta baixa do subsolo, térreo, primeiro e segundo andar. FAU-USP.

1. Oficina de maquetes, 2. Tipografia, 3. Laboratório fotográfico, 4. Auditório, 5. Salão, 6.


Direção, 7. Portaria, 8. Café, 9. Museu, 10. Grêmio, 11. Biblioteca, 12. Secretaria, 13.
Departamentos, 14. Ateliê, 15. Reunião, 16. Estudos, 17. Sala de aula, 18. Vazio
Fonte: Archdaily (2017b). Editado pelo autor (2017).
37

A reforma universitária de 1968 inspirou-se nas ideias dos movimentos civis e


intelectuais do passado, bem como trouxe grandes e favoráveis mudanças a
universidades. Martins (2002) cita entre essas mudanças:

1- instituiu o departamento como unidade mínima de ensino, 2 – criou os


institutos básicos, 3 – organizou o currículo em ciclos básico e o
profissionalizante, 4 – alterou o exame vestibular, 5 – aboliu a cátedra, 6 –
tornou as decisões mais democráticas, 7 – institucionalizou a pesquisa, 8 –
centralizou decisões em órgão federais. A partir de 1970, a política
governamental para a área foi estimular a pós-graduação e a capacitação
docente (MARTINS, 2002, p. 5).

A partir da década de 1970, houve acelerado crescimento do setor privado da


educação superior, favorecido pelo aumento na busca de cursos superiores e
provocado pela expansão do capitalismo, pelo aumento da população urbana, pelo
aumento da exigência de qualificação profissional e pela represália e desarticulação
sofrida pelas universidades públicas durante o regime militar, iniciado em 1964
(COSTA; RAUBER, 2009; MARTINS, 2002).
A Constituição Federal de 1988 concedeu autonomia para as universidades,
levando a inciativa privada a transformar suas instituições em universidades,
utilizando da autonomia adquirida por esse processo para, por exemplo, ter maior
flexibilidade na oferta de cursos, que poderiam ser criados ou extintos mais
facilmente. Entre 1985 e 1990, o número de universidade particulares dobrou. Após
a década de 1990 esse processo foi intensificado devido à legislação específica
criada pelo governo federal (BARREYRO, 2008).
Desse modo, o número de instituições privadas de ensino superior
correspondia a 88% do total em 2001 e 72% do número de matrículas em 2004,
evidenciando a importância do setor privado na educação superior brasileira
(BARREYRO, 2008).
A partir da década de 2000 são iniciados processos de fusão entre
instituições de ensino superior privado, “a exemplo da Anhanguera e da Estácio de
Sá”, com o objetivo de serem obtidas melhorias na administração, sistema de ensino
e nos lucros financeiros. (MARQUES, 2011, p. 31).
Essa década também marcou o aumento da internacionalização do setor
devido a ações desenvolvidas por instituições de ensino superior de países
desenvolvidos como a implantação de campi em outros países, a cessão de seu
nome e currículo, supervisão e controle da qualidade de ensino a outra instituição de
38

outro país, ou a incorporação de outra instituição de ensino estrangeira, como


aconteceu com a Universidade Anhembi Morumbi, que teve seu controle acionário
adquirido pela rede americana Laureate em 2005 (MARQUES, 2011).

5.2.3 PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL

O sistema de pós-graduação brasileiro começou a ser implantado na década


de 1950, com a criação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES), em uma época de grandes mudanças na administração pública,
como a criação da CAPES e de outros órgãos do governo federal (PIQUET, LEAL,
TERRA, 2005).
Durante as décadas de 1960 e 1970, ocorreu o início das ações voltadas
para a pós-graduação, com investimentos que favoreciam a formação de
profissionais no exterior e a implantação de cursos de especialização, mestrado e
doutorado no país a fim de formar educadores e possibilitar a expansão e o aumento
da qualidade do ensino superior (FISCHER, 2003; PIQUET, LEAL, TERRA, 2005).
Na década de 1980, destaca-se a implantação do sistema de avaliação dos
cursos de pós-graduação pela CAPES. Já na década de 1990, houve a expansão
dos cursos de especialização, alguns chamados de Master of Business
Administration6 (MBA), e dos cursos de mestrado profissional (FISCHER, 2003).

5.2.4 ENSINO SUPERIOR NO PIAUÍ

Na capitania do Piauí, os jesuítas voltaram suas atividades para a criação de


gado, influenciados pelos demais habitantes da região. A principal ação
desenvolvida em relação à educação na época foi a criação do Seminário do Rio
Parnaíba, que com pouco tempo de funcionamento teve suas atividades encerradas.
Assim como havia dificuldade para implantação do ensino secundário na região,
também não havia possibilidade de existência do ensino superior (MELO, 2006).
Famílias ricas enviavam seus filhos para estudar na Europa e mais tarde para
faculdades brasileiras em Recife e em São Paulo. Uma resolução do governo de
1834 criava o custeio dos estudos em colégios e faculdades do Império e obrigava o

6
Mestre em Administração de Negócios
39

retorno e o exercício profissional na província ou a devolução do investimento


recebido. Esse incentivo aos estudos foi necessário devido à falta de profissionais
qualificados para exercer cargos na administração pública e em outros setores da
sociedade piauiense (MELO, 2006).
A primeira instituição de ensino superior no Piauí foi a Faculdade de Direito,
criada em 14 de abril de 1931. Seguiu-se a criação da Faculdade Católica de
Filosofia do Piauí, idealizada pelo Arcebispo da Diocese de Teresina Dom Avelar
Brandão Vilela, em 1958. A criação da Faculdade Católica e o auxilio econômico
fornecido pelo Arcebispo possibilitaram a criação da Faculdade Odontológica do
Piauí, que já havia sido idealizada em 1947, mas não foi executada devido a
dificuldades financeiras e humanas (MELO, 2006).
Já em 1968, foi criada a Faculdade de Medicina do Piauí (FAMEPI). Dirigida
pelo médico Zenon Rocha, foi a primeira instituição de ensino superior criada sob
“incentivo e patriocínio” do estado. Antes de sua existência, a criação da FAMEPI já
era vista como passo decisivo para a criação da Universidade Federal do Piauí
(UFPI). Mas foi apenas após a criação da Faculdade de Administração de Parnaíba,
em 1969, que foi instalada a UFPI, em 1971, por meio da união das faculdades
existentes no estado, criada pela Lei nº 5.528, de 12 de novembro de 1968 (MELO,
2006, p. 80).
A Universidade Estadual do Piauí (UESPI) foi antecedida pelo Centro de
Ensino Superior, que começou a funcionar em 1985, após autorização por um
decreto federal. Com o centro de ensino funcionando, foi aprovada a Lei nº 4.230, de
01º de agosto de 1988, com o objetivo de implantar a UESPI (UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO PIAUÍ, 2017).
As décadas posteriores são marcadas pela criação de campus nas diversas
cidades do Piauí por parte das universidades públicas. Como exemplo, a UESPI
iniciou esse processo em 1993, por meio de um Decreto Federal, e hoje possui “16
Campi, instalados em todo o Estado”. (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ,
2017, p.1). E a intensa expansão das universidades privadas relatada por Barreyro
(2008) após a década de 1990 também ocorreu no Piauí.
40

5.3 ASPECTOS TÉCNICOS

5.3.1 ARQUITETURA EDUCACIONAL

No desenvolvimento de um projeto arquitetônico busca-se promover o melhor


desempenho das atividades abrigadas, e a arquitetura educacional não é uma
exceção porque, de acordo com Kowaltowski (2011 p.170), “há evidências do efeito
que as variáveis físicas do espaço (temperatura; qualidade do ar; acústica e da
iluminação; dimensão funcional) exercem no aprendizado [...]”.
É recomendável a divisão do programa de necessidades nos setores
“pedagógico, vivência-assistência [alimentação], administrativo/apoio técnico-
pedagógico e serviços”, facilitando a localização dos cômodos pelos usuários
(AZEVEDO, 2002, p.106).
A flexibilidade é uma característica importante para os espaços de uma
instituição de ensino porque pode permitir a execução de atividades diversificadas, a
expansão das áreas construídas ou a mudança das funções originais. Como
estratégias a serem adotas para permitir a flexibilidade podem ser citadas a
utilização de modulação para estrutura e fechamentos, exceder a área necessária à
atividade principal do ambiente, utilização de divisórias, móveis com rodízios
(KOWALTOWSKI, 2011).
O conforto ambiental mostra-se como um fator de influência considerável para
o desempenho de uma instituição de ensino. A acústica afeta a qualidade da
comunicação verbal, considerada a principal atividade de uma sala de aula. Seu
desempenho insatisfatório pode dificultar a compreensão dos alunos e exigir maior
esforço vocal por partes dos professores (DELIBERADOR, 2010).
Para evitar a interferência de ruídos externos deve-se evitar a escolha de
terrenos próximos a rotas de aviões e outras atividades que produzam muito ruído;
utilizar dimensões de recuos adequadas; orientar as aberturas de modo a evitar
proximidade com possíveis fontes de ruído e utilizar esquadrias que reduzam a
entrada de ruídos nos ambientes (KOWALTOWSKI, 2011).
Guidalli (2012) sugere como forma de reduzir a existência de ruídos externos
nas salas de aula o uso de áreas “abafadoras”, como “corredores, banheiros,
almoxarifados”, posicionadas de modo a bloquear parte desses ruídos antes de
alcançar as salas de aula. Também se deve evitar a presença de janelas das salas
41

de aula próximas a pátios e corredores e as portas devem garantir isolamento


acústico, estarem posicionadas longe das portas das outras salas (Figura 14)
(GUIDALLI, 2012, p. 211).

Figura 14- Arranjo de portas para evitar ruídos nas salas de aula.

Letras “a” e “b” indicam posições favoráveis entre as portas e letras “c” e “d” desfavoráveis.
Fonte: Guidalli (2012). Editado pelo autor (2017).

Já os ruídos internos equivalem a vozes e a reverberação do som, e, para


garantir que estejam com características adequadas à atividade de ensino, deve-se
considerar no projeto arquitetônico características como a “geometria do espaço, a
absorção sonora e a potencia e a localização das fontes sonoras”, utilizando-se de
parâmetros como cálculo do tempo de reverberação, o qual considera as
propriedades de absorção e de reflexão do som pelos materiais da construção
(KOWALTOWSKI, 2011, p.134).
Kowaltowski (2011, p.159) discute sobre a disposição das salas de aula em
planta e mostra duas configurações comuns: as salas distribuídas em um corredor
central e em um corredor lateral. A autora destaca as vantagens da opção por um
corredor lateral por permitir “ventilação cruzada, orientação solar otimizada e
diminuição de interferências acústicas entre as salas de aula” (Figura 15).
42

Figura 15 - Esquemas de distribuição de salas de aula em corredor central e em corredor lateral

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 160). Editado pelo autor (2017).

A iluminação natural também contribui para o processo de ensino e


aprendizado. Esse fato foi comprovado pelo Hescong Mahone Goupe (1999) apud
Kowaltowski (2011, p. 113) por meio de testes científicos rigorosos que mostraram
que estudantes em “salas com iluminação natural (adequadamente filtrada)
trabalhavam de maneira 20% mais eficiente nos testes de matemática e 26% nos
testes de literatura”.
As aberturas devem possibilitar a visão do exterior, contribuindo para
descansar a visão durante a utilização de livros e de computadores; e ter altura do
peitoril adequada à altura dos usuários sentados. Kowaltowski (2011) afirma que a
concentração nas aulas é decorrente principalmente do grau de interesse dos alunos
e que é pouca a influência de acontecimentos externos.
Mas se deve evitar o ofuscamento visual impedindo a incidência da radiação
solar direta sobre o plano de trabalho por meio de elementos como brises ou
prateleiras de luz, que, além de impedirem o ofuscamento, melhoram a propagação
da luz nos ambientes a uma distância maior das janelas (Figura 16) (LAMBERTS,
PEREIRA, 2014).
43

Figura 16 - Profundidade da iluminação natural com e sem prateleira de luz

Fonte: Lamberts, Pereira (2014). Editado pelo autor (2017).

Azevedo (2002) recomenda que as aberturas devam estar afastadas do


quadro negro, que a iluminação deve ser unilateral e preferencialmente vinda do
lado esquerdo dos alunos. Supõe-se que a localização das aberturas no lado
esquerdo visa beneficiar os estudantes destros, evitando que a mão que escreve
faça sombra no plano de trabalho, porque segundo Rangel, Souza e Nascimento
apud Paula Surek et. al. (2015) os destros são maioria na população mundial.
Guidalli (2012) acrescenta, a respeito da iluminação natural, que devem ser
utilizados revestimentos foscos para evitar o ofuscamento visual causado por
reflexos de luz, bem como recomenda a utilização de revestimentos de cores claras
nas paredes laterais e teto, para melhor distribuição da luz natural, e de cores
escuras na parede do quadro branco, para proporcionar descanso visual aos alunos.
A autora também sugere o uso de cortinas tipo painel com duas camadas, uma
translúcida e outra opaca, “que possibilitem o escurecimento total e parcial do
ambiente” (GUIDALLI, 2012).
Para garantir o conforto térmico nos ambientes, favorecendo o ensino, o
aprendizado e a economia de energia elétrica gasta com condicionamento de ar,
deve-se garantir correta orientação das aberturas e dos ambientes de acordo com a
orientação geográfica, proteção das aberturas maiores por meio de elementos como
brises e beirais.
Além disso, é necessário escolher materiais para a envoltória com valores
adequados de transmitância térmica, sobretudo para a cobertura por estar exposta à
radiação solar durante todo o dia, e preferencialmente de cores claras por absorver
menos calor em comparação a materiais mais escuros (ALVEZ; CASTRAL;
CHVTAL, 2011).
Já a ventilação natural nas salas de aula deve ser utilizada com cautela
porque as aberturas para ventilação também são umas das principais fontes de
44

ruídos e o vento pode “atrapalhar a concentração dos estudantes ao fazer papéis


voarem, por exemplo” (GUIDALLI, 2012, p.210).
Outro fator que relaciona as atividades educacionais ao conforto é o grau de
controle ambiental, o qual deve possibilitar o controle manual da iluminação artificial,
do condicionamento de ar e das janelas. Segundo Kowaltowski (2011, p.114), o uso
de controle mecânico automático pode causar desconforto, afetando a capacidade
de concentração dos alunos, enquanto que o controle manual “oferece uma resposta
clara ao clima”.
Sobre outras características necessárias às salas de aula, Guidalli (2012)
recomenda a localização da tela para projeção do lado direito da mesa do professor
de modo a permitir sua utilização simultaneamente com o quadro branco, em vez de
posicioná-la no centro da parede. (GUIDALLI, 2012, p. 205).
Outro espaço didático que possui necessidades específicas a serem
contempladas pelo projeto arquitetônico é o auditório. Alvez, Castral e Chvtal (2011)
citam a distribuição da plateia em patamares com diferenças de nível de pelo menos
16 centímetros entre si, a elevação do palco entre 50 e 70 centímetros acima do
nível do piso, e a distância máxima de 25 metros entre o palco e a última fileira da
plateia como formar de garantir boa visualização das atividades ocorridas no palco
(ALVEZ; CASTRAL; CHVTAL, 2011).
Já a utilização de materiais absorventes ou refletores do som é capaz de
garantir a distribuição adequada do som até as ultimas fileiras da plateia e um valor
adequado do tempo de reverberação sonora. Desse modo é recomendada a
utilização de materiais com superfície refletora na parede posterior do palco, nas
paredes laterais e no forro, para propagação do som, e materiais absorventes do
som na parede aposta ao palco, considerando também a presença de material
absorvente revestindo as cadeiras da plateia (Figura 17) (ALVEZ; CASTRAL;
CHVTAL, 2011).
45

Figura 17 - “Planta e corte esquemáticos indicando o caráter dos materiais de revestimento e forro
acústico em um Auditório”

Fonte: Alvez, Castral e Chvtal (2011, p. 30)

O estudo de parâmetros da arquitetura educacional auxilia no


desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma IES que favoreça o bom
desempenho das atividades abrigadas, sobretudo a de ensino e de aprendizado.
Para que isso seja possível deve-se considerar durante o desenvolvimento do
projeto diversos aspectos, como a flexibilidade dos espaços, a acústica, a
iluminação, a setorização e a disposição dos ambientes.

5.3.2 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

5.3.2.1 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A produção de energia é a atividade responsável pela maioria das “emissões


antropogênicas” (CBCS, 2014, p.47), e o setor de edificações, que engloba
atividades de “extração, fabricação, produção e transporte de materiais, construção,
operação de edificações e do ambiente urbano, demolição e fim de vida”, é
responsável pelo maior consumo final de energia no mundo.
No Brasil, houve aumento do crescimento do consumo de energia elétrica nas
últimas décadas (Figura 18), bem como vem ocorrendo no país um aumento da
utilização das centrais termoelétricas para geração de energia devido à escassez de
chuvas, o que levou ao aumento do custo e das taxas de emissões de CO2 do setor
elétrico (CBCS, 2014).
46

Figura 18 – Consumo de energia elétrica entre 1990 e 2013

Fonte: CBCS (2014). Editado pelo autor (2017).

A tendência é que o aumento do consumo, a utilização de centrais


termelétricas e as emissões de CO2 do setor continuem a crescer, evidenciando a
importância da adoção de medidas para obtenção de maior eficiência energética, de
modo geral e nas edificações (CBCS, 2014). John e Prado (2010) definem os
objetivos a serem alcançados para maior eficiência energética nas edificações:
“redução no consumo de eletricidade, lenha e gás, e um aumento do uso de fontes
renováveis de energia, como alternativa às anteriores” (JOHN; PRADO, 2010,
p.105).
Para a redução do consumo de energia em edifícios, recorre-se ao uso de
estratégias bioclimáticas visando melhor desempenho térmico e consequente menor
necessidade de climatização artificial. Também é necessário valorizar a utilização da
luz natural durante o dia, a utilização de lâmpadas de baixo consumo, como as
fluorescentes compactas, convencionais e as de Light Emitting Diode (LED),
optando por produtos que possuam o selo Procel ou classificados como Nível A pelo
Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e que apresentem maior eficiência
evidenciada pela relação lúmen/watt (JOHN; PRADO, 2010).
Deve-se recorrer ao uso de dispositivos economizadores como sensores de
presença, minuterias e sistema de controle fotoelétrico, que ajusta a intensidade da
energia para a iluminação artificial e permite sua integração com a luz natural.
Também é recomendável a criação de circuitos de iluminação independes para
maior flexibilidade da iluminação dos espaços (JOHN; PRADO, 2010; LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2014).
47

A radiação solar é uma importante fonte de energia renovável que pode ser
aproveitada por meio do uso de Sistemas de Aquecimento Solar (SAS) ou Painéis
fotovoltaicos. A utilização do SAS é considerada uma alternativa viável econômica e
ambientalmente para o aquecimento de água em edificações, enquanto a geração
de energia solar fotovoltaica é silenciosa, não poluente e diminui as perdas para
transmissão da energia devido à proximidade entre geração e consumo quando
instalada em edifícios (JOHN; PRADO, 2010).
Outra fonte de energia renovável que pode ser incorporada no projeto de uma
edificação é a eólica, por meio da instalação de aerogeradores dimensionados para
tal uso, sendo essa fonte de energia adequada para locais com ventos de
velocidade elevada e constante (JOHN; PRADO, 2010).

5.3.2.1.1 ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

A Bioclimatologia relaciona os estudos do clima com os seres vivos, e a sua


aplicação na Arquitetura feita pelos irmãos Olgyay na década de sessenta deu início
ao que hoje se chama Arquitetura Bioclimática, que tem como objetivo proporcionar
conforto térmico aos seres humanos por meio de estratégias de aquecimento e/ou
de resfriamento. (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
Uma dessas estratégias é a consideração das propriedades térmicas dos
materiais de construção como um dos critérios para sua escolha. Fatores como a
transmitância e resistência térmica, absortividade e refletividade dos materiais da
envoltória determinam as trocas térmicas entre os ambientes internos e externos
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
As outras estratégias bioclimáticas estão definidas pelo zoneamento
bioclimático contido na Norma Brasileira NBR 15220-3 de 2003, que divide o
território brasileiro em zonas com características climáticas semelhantes e
recomenda as estratégias para cada zona. A norma recomenda para a Zona
Bioclimática 7, que contém a cidade de Teresina –PI, “o uso de aberturas pequenas
e sombreadas o ano todo, o uso de paredes e coberturas pesadas e o uso de
resfriamento evaporativo, de inércia para resfriamento e de ventilação seletiva para
o verão” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014, 98).
A inércia térmica para resfriamento é obtida com o uso de aberturas
pequenas e de paredes e fechamentos opacos mais espessos, porque a resistência
48

à passagem de calor aumenta com a maior espessura dos fechamentos opacos. As


aberturas devem ser protegidas sempre que for recomendado o uso das estratégias
para resfriamento por elementos como brises, varandas, marquises, beirais e
vegetação (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
Para o favorecimento da ventilação natural convém considerar a orientação
do edifício e das aberturas em relação aos ventos dominantes, criar espaços fluidos
que permitam a entrada e a saída do vento do interior da edificação, e utilizar-se de
aberturas em diferentes níveis para criação do efeito chaminé (LAMBERTS; DUTRA;
PEREIRA, 2014).
A umidificação evaporativa, que “consiste na remoção do calor pela
evaporação da água ou pela evapotranspiração das plantas”, pode ser obtida por
meio da presença de arborização, gramados, paredes verdes ou teto verde visto que
a vegetação usa parte do calor do sol para realizar a fotossíntese e a
evapotranspiração. Efeito similar ocorre em superfícies cerâmicas não vitrificadas,
que absorvem umidade da chuva e do sereno e a libera com a incidência do sol, o
que reduz o acúmulo de calor (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).

5.3.2.2 USO EFICIENTE, GESTÃO E CONSERVAÇÃO DA ÁGUA

O Brasil foi considerado em 2013 o país com “maior disponibilidade hídrica


per capita” entre as 10 maiores economias do mundo. Apesar dessa avaliação
favorável, há grande concentração de recursos hídricos na Região Hidrográfica
Amazônica, que “detém 80,8% da disponibilidade hídrica superficial e 61,9% da
reserva potencial explorável de águas subterrâneas” (CBCS, 2014, p. 20).
Com essa distribuição desigual, algumas partes do país, sobretudo as regiões
metropolitanas, passam por situações de “criticidade”, provocadas por quantidade
e/ou qualidade insatisfatória dos recursos-hídricos, o que faz necessário a tomada
de atitudes para melhor utilização desses recursos (CBCS, 2014, p.25). Sendo
possível atuação no nível macro, em “sistemas ambientais e bacias hidrográficas”,
meso, em sistemas de saneamento e esgotamento sanitário, e micro, em
edificações (CBCS, 2014, p.31).
Como soluções devem ser adotadas ações que resultem na redução da
demanda de água pelo seu uso eficiente, com a otimização do sistema, e pela
gestão da água, que consiste no monitoramento do consumo e na atuação no
49

sistema predial, e ações que resultem no aumento de sua oferta por meio da
conservação da água: otimização do sistema predial e uso de fontes alternativas
como a coleta de águas pluviais (CMA - CBIC, 2016).
O uso eficiente da água consiste em utilizá-la em menor quantidade possível
para o funcionamento de uma atividade ou de um equipamento sem comprometer
sua qualidade. Pode ser obtida por “ações de base comportamental”, como
campanhas de conscientização que modifiquem a atuação dos usuários, ou por
ações tecnológicas que modifiquem as caraterísticas do sistema hidráulico predial, a
serem discutidas a seguir (CMA –CBIC, 2016, p.10).
As ações tecnológicas em nível micro para o uso eficiente da água incluem
projetar o sistema de alimentação predial de modo a evitar vazamentos: evitar
ramificações, conexões e trechos enterrados; evitar superdimensionamento do
sistema de reserva, reduzindo o tempo de armazenagem da água e o risco de
contaminação por microrganismos; garantir pressão e vazão mínimas para o sistema
de distribuição, reduzindo a perda de água em caso de vazamentos e evitando o uso
excessivo (CMA – CBIC, 2016, 2010).
O sistema de equipamentos sanitários deve ser composto por elementos
desenvolvidos para funcionar sob menor vasão, por bacias sanitárias com
mecanismos de duplo acionamento, por torneiras com acionamento hidromecânico
em banheiros e vestiários de uso público ou coletivo, que encerram o fluxo de água
após tempo determinado, evitando o uso excessivo de água e vandalismo, que
consiste em deixar a torneira aberta por longos períodos, e por torneiras de rega e
de lavagem com acionamento restrito (Figura 19) (CMA – CBIC, 2016).

Figura 19 – Torneira com acionamento restrito.

Fonte: John e Prado (2010). Editado pelo autor (2017).


50

Outra característica de um sistema de equipamentos sanitários que reduz o


consumo de água é a presença de arejadores nas torneiras de lavatórios e de pias
ou registro regulador de pressão em torneiras e chuveiros em locais com pressão da
água entre 40 e 100 kPa, podendo ser utilizados os dois dispositivos em sistemas
com pressão da água superior a 100 kPa. Pressões acima de 40 kPa são comuns
nos pavimentos inferiores de edificações altas com sistema indireto de
abastecimento de água ou em pontos de utilização de edificações térreas
abastecidos diretamente pela rede pública em que a topografia local seja a
responsável por pressões elevadas (JOHN; PRADO, 2010).
Já o sistema de medição é o principal instrumento para a Gestão da Água,
procedimento necessário para a manutenção de bons indicadores de uso de água
ao longo do tempo, que consiste em leitura diária do consumo para identificação de
defeitos no sistema que desperdicem água e em reparo imediato do problema (CMA
– CBIC, 2016).
Informações referentes à gestão da água e aos procedimentos que devem ser
de conhecimento do proprietário do imóvel para o uso eficiente da água devem estar
contidos no Manual do proprietário a ser fornecido (CMA - CBIC, 2016). Entre as
informações a estarem contidas no Manual do proprietário destaca-se:
[...] informações que esclareçam as características dos sistemas,
especificação dos materiais utilizados, identificação dos fabricantes,
pressão e vazão nos pontos de interesse e, principalmente, orientação
relativa aos procedimentos que podem ser realizados por morador (em
apartamentos) ou por funcionário do próprio edifício (em área comum),
treinado para tal, e indicação dos procedimentos que devem ser,
obrigatoriamente, realizados por profissional qualificado. Tais informações,
além de permitirem a manutenção da garantia do empreendedor sobre o
edifício construído, são essenciais para obtenção e manutenção do
desempenho projetado (CMA – CBIC, 2016, p. 105).

Ainda em relação ao sistema de medição, este deve ser feito de modo


individualizado em edifícios verticais de habitação multifamiliar, favorecendo a
gestão da demanda e o aspecto comportamental do uso eficiente da água por
desejo de redução dos gastos econômicos com o consumo de água. Já em outras
construções de grande porte é recomendado a setorização por meio da instalação
de hidrômetros em pontos estratégicos, facilitando o monitoramento e localização de
possíveis aumentos no consumo (CBCS, 2016).
51

O Programa de Uso Racional da Água da Universidade de São Paulo (PURA-


USP), desenvolvido por um convênio entre a USP e a Companhia de Saneamento
Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é um exemplo da importância da Gestão
da Água para a redução de perdas e de desperdícios durante toda a vida útil das
construções. Foram aplicadas no programa ações visando o uso e a gestão eficiente
da água desde 1997, onde, mesmo com o aumento da população e da área do
campus em 13,3% e 16,3%, respectivamente, desde 1998 até 2013, houve uma
redução do consumo mensal em 43% (CBCS, 2016).
O resultado expressivo do PURA – USP, em comparação com os obtidos
pelos PURAs aplicados em escolas, hospitais e presídios, é atribuído ao
monitoramento diário e à gestão da água decorrentes da instalação de hidrômetros e
de um sistema de medição à distância em uma central de controle (CBCS, 2016).
A conservação da água engloba ações que visam aperfeiçoar a operação do
sistema predial e propor o uso de fontes alternativas, como o reuso de águas cinzas,
a captação e o aproveitamento de águas pluviais e a utilização de poços artesianos.
De modo geral, sistemas de tratamento da água de reuso são viáveis
economicamente apenas para obtenção de água não potável (CBCS, 2016).
A existência de sistemas de água não potável torna necessário que a gestão
da água inclua o monitoramento de sua qualidade e a garantia de que a água não
potável esteja sendo utilizada para atividades que exijam menos qualidade da água,
visto que passa a existir risco de contaminação dos usuários (CMA - CBIC, 2016).
Um estudo ocorrido entre 2003 e 2004, que consistiu na análise de água da
chuva coletada na Cidade Universitária da USP, exemplifica a possibilidade de
contaminação deste tipo de água. Foram encontradas, nas amostras, bactérias e
coliforme fecais, provavelmente de fezes de animais presentes no telhado. Também
pode haver contaminação da água pluvial coletada devido ao seu contato com
partículas presentes na atmosfera (CBCS, 2016).
A água fornecida para o consumo humano, que inclui qualquer atividade em
que a água entre em contato com o usuário, deve ser potável. Desse modo a água
não potável vinda das estratégias para a conservação da água pode ser usada para
a rega de jardim, lavagem de pisos e para descarga em bacias sanitárias, devendo
também serem utilizados equipamentos de proteção individual (EPI) quando
necessário para evitar contaminação (CMA - CBIC, 2016).
52

Por isso os gestores das atividades voltadas para a conservação de água


precisam ser mais capacitados em relação às atividades voltadas para o uso
eficiente da água e para o monitoramento da qualidade da água (CMA - CBIC,
2016).
Também é necessário que o sistema hidráulico e a reserva de água sejam
independentes, os pontos de utilização devem ter acesso restrito e os pontos de
utilização de água não potável acessível aos usuários precisam ser identificados por
meio de comunicação visual e “ser projetado com material diferente do Sistema de
Água Potável, para dificultar e prevenir interligação em reforma futura” (CMA - CBIC,
2016, p. 79). Outra recomendação é utilizar torneiras de acionamento restrito em
locais com presença de público (Figura 19) (JOHN, PRADO, 2010).
Para a instalação de um sistema de coleta de chuva deve ser considerado o
regime pluviométrico e a superfície de coleta. Este deve ser dotado de mecanismo
que descarte “o volume de água proveniente das primeiras chuvas do período
chuvoso ou dos primeiros cinco minutos de cada chuva” para evitar a água com
maior quantidade de impurezas (Figura 20) (JOHN, PRADO, 2010, p. 165).

Figura 20 – Mecanismo de descarte de água do inicio da chuva

Fonte: John e Prado (2010). Editado pelo autor (2017).

A coleta e o aproveitamento de águas pluviais também trazem como benefício


“menor solicitação das redes de drenagem urbana”. A presença de áreas
permeáveis também traz esse benefício, além de manter o ciclo da água com a
recarga do lençol freático e de reduzir o risco de inundações. O aumento da área
53

permeável pode ocorrer com a utilização de blocos ou de placas vazadas, blocos


intertravados ou concregrama (pisograma), instalados sobre solo natural de boa
permeabilidade ou sobre camada de areia e brita acima de um solo natural
compactado (JOHN, PRADO, 2010, p. 171).

5.3.2.3 MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

A indústria da construção civil consome aproximadamente metade dos


recursos extraídos da natureza para construção ou manutenção do ambiente
construído, tendo como uma das consequências as alterações ocorridas em biomas
naturais. A extração, o beneficiamento de matérias-primas pela indústria, o
transporte de materiais de construção e os resíduos são responsáveis por parte do
consumo de energia e da emissão de gases estufa. Durante as diversas fases do
ciclo de vida de um produto há desperdícios, e parte dos resíduos gerados são
depositados de forma irregular (CBCS, 2014, p. 73; JOHN, PRADO, 2010).
Como estratégias voltadas para a redução do consumo e dos resíduos de
materiais de construção deve-se priorizar o uso de produtos pré-fabricados, que
possuem como benefícios “a elevação da produtividade, a redução das incertezas
de processo, a redução do prazo da obra e a diminuição das perdas da construção”,
considerando que geralmente materiais preparados no canteiro causam maiores
perdas.
Entre os elementos da construção que podem ser industrializados estão as
fachadas, as divisórias internas, a estrutura de piso e escadas, os pilares e as vigas,
que podem usar opções como pré-moldados em concreto armado, placas
cimentícias, gesso acartonado ou de “oriented strand board” (OSB) com suporte em
aço (light stell frame) (JOHN, PRADO, 2010, p.139)
A adoção da coordenação modular nos projetos também é capaz de reduzir o
volume de resíduos por evitar a necessidade de corte de materiais na obra,
diminuindo também o tempo para sua execução (CBCS, 2014). Para isso, deve-se
usar componentes que sejam múltiplos ou submúltiplos do módulo básico
internacional de 10 centímetros e dimensionar a construção considerando as
dimensões dos elementos que a comporão (JOHN, PRADO, 2010).
Já sobre a escolha de materiais é recomendado a opção por materiais
locais, porque reduzem a emissões de gases poluentes durante o processo de
54

transporte, “desde a extração até o local da construção” (JOHN; OLIVEIRA; LIMA,


2007, p.15).
A utilização de materiais reaproveitados e/ou reaproveitáveis, reciclados
ou reutilizados, também deve ser prioridade por diminuírem “o consumo de recursos
virgens, os impactos decorrentes da extração destes recursos, a quantidade de
resíduos dispostos no meio ambiente” (JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007, p.19). A
figura 21 mostra informações quantitativas que exemplificam a vantagem da
utilização de produtos reaproveitados por apresentarem impacto ambiental adverso
reduzido:

Figura 21– Comparação dos impactos ambientais do aço corrente e reciclado para o projeto BEDZED
de construções sustentáveis em Londres.

Fonte: Torgal e Jalali (2010).

Entre os materiais recicláveis utilizados em construções pode-se citar a


madeira, que pode ter sua reciclagem dificultada devido a aplicação de preservativos
(JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007), a terra crua, cujo aproveitamento pode chegar a
100%, o vidro, que pode ser reciclado sucessivamente sem perdas, e todos os
metais e ligas metálicas provenientes da indústria da construção
(VOSGUERITCHIAN, 2006).
Os materiais empregados devem ser duráveis e de qualidade, sendo a
durabilidade produto da relação dos materiais e das condições ambientais e tida
como a capacidade de manutenção do desempenho ao longo do tempo. A
degradação de materiais limita a vida útil das construções e gera custos em
55

manutenções, que compõem o custo global de um edifício junto com os custos de


construção e de demolição (JOHN; SATO, 2006).
John e Prado (2010) recomendam a consulta aos dados fornecidos sobre os
produtos e as empresas pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no
Hábitat (PBQP-H), para comprovação de empresas de materiais de construção
qualificadas, e também citam uma ferramenta disponível no site do Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) que reúne informações, como a
validade da licença ambiental e as informações do PBQP-H.
John e Prado (2010) também destacam a importância necessária à escolha
de materiais duráveis para as fachadas das construções por essas estarem
expostas a intempéries e, quando apenas pintadas, necessitam de repintura,
gerando despesas econômicos e prejuízos ao meio ambiente.
Assim os autores recomendam, para as fachadas, revestimentos com “vida
útil esperada superior a 15 anos, como placas cerâmicas, rochas naturais,
revestimentos de argamassa, orgânica ou inorgânica, pigmentada, pinturas
inorgânicas (à base de cimento), [...] revestimentos texturizados de cimento e
resinas orgânicas (com alta espessura). Além da escolha dos revestimentos, as
fachadas também podem ter seu desempenho prolongado quando protegidas por
elementos para “retirada da água, como pingadeiras, peitoris e beirais, além de
juntas de movimentação” (JOHN; PRADO, 2010, p.151).
John, Oliveira e Lima (2007) afirmam que também deve ser dada prioridade
durante a escolha de materiais aos que são considerados renováveis, como
madeira, bambu, fibras e óleos vegetais. As fibras vegetais estão presentes, por
exemplo, em “telhas, tapumes, revestimentos acústicos e térmicos, painéis, tecidos,
tapetes e carpetes‟, enquanto os óleos vegetais são atualmente empregados em
“tintas, vernizes, impermeabilizantes e solventes à base desses óleos, que
descartam o uso de produtos químicos prejudiciais à saúde” (CREA – SP, 2012).
Esses materiais, além da possibilidade de renovação, também têm como
vantagens a retenção de dióxido de carbono (CO2) e a possibilidade de reciclagem.
Mesmo apresentando vantagens ambientais, as atividades relacionadas a produção
desses materiais podem causar prejuízos a espécies animais e vegetais, riscos à
saúde humana e aos ecossistemas e dificuldade para reciclagem devido ao uso de
preservativos (JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007).
56

Para garantir que os impactos adversos relacionados à atividade madeireira


foram reduzidos, recorre-se à certificação do manejo de florestas feitas pela Forest
Stewardship Council (FSC), ou Programa Nacional de Certificação Florestal (Cerflor)
para o uso de madeira de espécies nativas, e à escolha de espécies exóticas, como
o pinus, o eucalipto e a teca, que são certamente plantadas e cujo emprego não
implica "diretamente na redução de florestas” (JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007;
JOHN; PRADO, 2010, p. 150).
Outra questão que deve ser considerada durante a escolha de materiais para
uma construção é a possibilidade de alguns materiais disponíveis no mercado
emitirem Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e outros tipos de substâncias
nocivas, contaminando o ar interno e podendo ser prejudicial à saúde dos operários
e futuros usuários (CBCS, 2014).
Entre os materiais que contaminam o ar interno estão certos tipos de colas,
tintas, solventes, adesivos utilizados para colar carpete e papel de parede e o poli
cloreto de vinila (PVC), que libera a substância cancerígena monômero do mono
cloreto de vinila no ar dos ambientes em que é usado, gerando também importantes
impactos ambientais em todo o seu ciclo de vida. O PVC tem uso restrito em muitos
países europeus, mas ainda é amplamente utilizado no Brasil devido ao seu baixo
custo (VOSGUERITCHIAN, 2006, p. 247)..
Já existem colas e tintas inodoras que não liberam COVs e também “tintas à
base de água, argilas e corantes naturais que possuem menos de 0,1% de
derivados de petróleo em sua composição (VOSGUERITCHIAN, 2006, p. 247).
Sobre os aspectos sociais da sustentabilidade durante o processo de seleção
de materiais, John, Oliveira e Lima (2007) recomendam a escolha de fontes que
sejam consideradas legais frente às questões sociais e ficais, além das questões
ambientais, com condições adequadas de trabalho, respeitando a saúde e a
segurança dos funcionários, e que paguem os diversos impostos, os quais podem vir
a ser utilizados para a melhoria de serviços como a saúde e a educação públicas.
Tratando de materiais específicos que devem ser objeto de escolha visando a
sustentabilidade ambiental, tem-se a utilização de cimento tipo CP III ou CP VI para
a produção de concreto estrutural e não estrutural. Nesses tipos de cimento há “a
substituição do clínquer por resíduos reativos hidraulicamente, como a escória
granulada de alto-forno (um resíduo da siderurgia) e as cinzas volantes (resíduos da
queima de carvão mineral em caldeiras de leito fluidizado)”. O uso desses resíduos
57

evita a emissão de grandes quantidades de CO2 e de outros gases estufa, como


ocorre durante a produção do clínquer (Figura 22) e a destinação desses resíduos
para aterros, mas deve-se considerar o maior tempo necessário ao processo de cura
para o cronograma das obras (JOHN; PRADO, 2010, 146).

Figura 22 – Comparação das emissões de CO2 de acordo com o tipo de cimento

Fonte: John e Prado (2010). Editado pelo autor (2017).

5.3.2.3.1 AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA

A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma importante ferramenta para a


escolha de materiais que causem menores impactos ambientais indesejados, que
consiste na quantificação dos fluxos de matéria e de energia gerados por um
produto industrializado ao longo de toda a sua vida útil. Torgal e Jalali (2010) apud
SETAC (1993) detalham o que compõe o chamado ciclo de vida de um produto: “a
extracção e o processamento de matérias-primas, a fabricação, o transporte e a
distribuição, a utilização, a manutenção, a reciclagem, a reutilização e a deposição
final” (TORGAL, JALALI, 2010, p. 443 apud SETAC, 1993).
A ACV é regulamentada “a nível internacional, desde 1996, pelas normas ISO
14040, ISO14041, ISO14042 e ISO14043”. Entre as categorias abordadas pelas
diferentes análises estão o consumo de água, uso de terra, poluição do ar, alteração
de habitats, entre outras categorias, e o peso do impacto ambiental de cada uma
varia de acordo com as características do país ou da região. Torgal e Jalali (2010)
58

exemplificam que a categoria consumo de água terá um peso maior em um país de


clima árido que em um país com clima mais úmido (TORGAL, JALALI, 2010, p. 443).
São necessários critérios mais objetivos para escolha de materiais de
construção sustentáveis, como os baseados em informações quantitativas
possibilitadas pela ACV, por exemplo, porque há muitas variáveis a serem
consideradas na escolha de um produto visando sustentabilidade. Torgal e Jalali
(2007) exemplificam a necessidade de maior objetividade das informações para a
escolha de um produto:

De facto não é possível sabermos à partida se o material betão [concreto] é


mais amigo do ambiente do que o aço. Se o primeiro utiliza materiais locais,
e pode utilizar vários resíduos industriais produz no entanto uma elevada
quantidade de dióxido de carbono. Já o segundo, apresenta a vantagem de
poder ser reciclado indefinidamente, contudo a sua produção envolve
elevado consumo energético e é susceptível a degradação por corrosão
(TORGAL, JALALI, 2007, p. 5).

Mas há dificuldade nos países em desenvolvimento para a obtenção de


informações confiáveis sobre ACVs por necessitarem de ampla base de dados e de
tempo para sua criação, e a utilização de informações geradas em países
estrangeiros pode levar a erros devido às características peculiares de cada região,
como exemplificado na figura 23 (JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007).

Figura 23 - “Emissões médias de CO2 na produção de 1 kg de cimento Portland em diferentes


regiões”

Fonte: John, Oliveira, Lima (2007, p.11). Editado pelo autor (2017).

Também há dificuldade para obtenção de informações sobre ACVs


relacionadas à indústria da construção civil porque muitas empresas receiam expor
59

informações sobre os seus processos produtivos, buscando evitar plágios ou criação


de uma imagem negativa (COELHO FILHO, SACCARO JUNIOR, LUEDEMANN,
2016). Mas como concluem John, Oliveira e Lima (2007):

A Análise do Ciclo de Vida (ACV) tem sido reconhecida como a forma mais
abrangente e potencialmente mais eficiente para a avaliação ambiental de
produtos (WEIDEMA, 2000; ERLANDSSON; BORG, 2003; FAWER; 1999).
e provavelmente será, no futuro, a ferramenta prática para seleção de
materiais do ponto de vista ambiental (JOHN; OLIVEIRA; LIMA, 2007, p. 9).
60

6. ANÁLISE DE PROJETOS SEMELHANTES

6.1 REFERÊNCIAL REGIONAL: CAMPUS AVANÇADO UFC RUSSAS

O projeto, coordenado pelo arquiteto Neudson Braga e desenvolvido pelos


escritórios de arquitetura Rede Arquitetos e RI Arquitetura, está localizado na cidade
de Russas, Ceará, a aproximadamente 170 km de Fortaleza. (MELENDEZ, 2016).
Russas tinha em 2012 uma população de 71,723 habitantes, estimada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresenta clima tropical e semiárido e
está a uma latitude de aproximadamente - 4º (RUSSAS, 2017a, RUSSAS..., 2017b).
O Campus avançado UFC Russas foi a primeira construção da universidade
na cidade, ocupando parte do terreno de 50 hectares. Começou a funcionar em
2014 com o curso de Engenharia de Software, e em 2015 passaram a ser ofertados
também os cursos de “Ciência da Computação, Engenharia Civil, Engenharia
Mecânica e Engenharia de Produção” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ,
2017).
Está implantado a uma certa distância da rua de acesso, chamada Felipe
Santiago, e se conecta com esta por meio de uma via interna. É desconhecida a
razão de seu distanciamento em relação à rua Felipe Santiago, mas essa
característica garante menor presença de ruídos externos nos ambientes da
construção (Figura 24) (GOOGLE MAPS,2017).
Figura 24 – Imagem de satélite do campus UFC Russas

1 Rua Felipe Santiago, 2 Via interna, 3 Campus UFC Russas, 4 Consórcio Público de Saúde
Fonte: Google Maps (2017). Editado pelo autor (2017).
61

A construção é acessada pelo pórtico, onde estão presentes a recepção e a


gráfica e de onde os usuários seguem para a passarela de conexão, um vão livre
que visa servir como rua sombreada. Da passarela, segue-se até o bloco
administrativo-didático, onde estão os ambientes de maior permanência: salas de
aula, laboratórios, gabinete de professores, auditório, biblioteca, entre outros
ambientes, distribuídos em dois níveis (Figuras 25 e 26) (ARCHDAILY, 2017c).

Figura 25 - Planta baixa, andar térreo da UFC Russas

1 Hall, 2 Gráfica, 3 Serviços, 4 Recepção, 5 Passarela, 6 Laboratórios, 7 Acesso, 8


Coordenação, 9 Secretaria, 10 Reuniões, 11 Secretaria de coordenações, 12 Diretoria, 13
Secretaria geral, 14 Administração, 15 Biblioteca, 16 Refeitório, 17 Cantina, 18 Cozinha, 19 Estar
pessoal, 20 Áreas técnicas, 21 Gramado.
Fonte: Melendez (2016). Editado pelo autor (2017).
62

Figura 26 - Planta baixa, primeiro andar da UFC Russas

1 Salas de aula, 2 Atendimento a alunos, 3 Gabinete de professores, 4 Reunião, 5 Estar


professores, 6 Laboratórios, 7 Auditório.
Fonte: Melendez (2016). Editado pelo autor (2017).

Uma importante preocupação durante o desenvolvimento do projeto foi


garantir a flexibilidade dos espaços e possibilitar modificações. Para isso foram
empregados “recursos como estrutura modular e concentração de áreas molhadas e
comuns [que] permitem a flexibilidade dos espaços internos das salas, espaços que
sofrem mais alterações ao longo do tempo” (ARCHDAILY, 2017c).
A análise da setorização foi feita seguindo a proposta de Azevedo (2002, p.
106), que divide o programa de necessidades em setor “pedagógico, vivência-
assistência, administrativo/apoio técnico-pedagógico e serviços” (Figuras 25 e 26).
Houve uma preocupação em posicionar o setor administrativo/apoio técnico
pedagógico próximo a entrada do bloco principal. Azevedo (2002) recomenda um
63

posicionamento que facilite o acesso ao setor administrativo/apoio técnico


pedagógico por favorecer a interação entre os diversos usuários: professores,
alunos e direção.
Sobre o setor pedagógico, destaca-se a localização da biblioteca e dos
laboratórios de informática no andar térreo, medida que evita maiores gastos com a
estrutura em comparação com a possibilidade de posicioná-los no primeiro andar,
porque esses ambientes têm cargas mais pesadas por área. Também se observa
uma preocupação em distanciar os laboratórios das salas de aulas supondo que
algumas atividades laboratoriais possam gerar ruídos indesejados.
O setor de serviços e a área de alimentação do setor de vivência/assistência
ocupam área posterior do edifício, lado oposto à passarela de conexão, porque
correspondem a ambientes com menor número de usuários ou que são utilizados
com menor frequência. As áreas molhadas do setor de vivência/assistência ocupam
o mesmo local nos dois andares, facilitando as instalações de água e de esgoto e
sendo posicionadas de modo a permitir a expansão do setor pedagógico
(MELENDEZ, 2016).
As circulações horizontais seguem uma hierarquia, a passarela coberta, por
ser utilizada por todos os usuários, possui largura de aproximadamente 12 metros. O
fluxo de usuários vindos da passarela é subdividido em duas circulações
secundárias, com largura de aproximadamente 7 metros, e disperso entre as demais
circulações, com aproximadamente 2,5 metros de largura.
As duas principais circulações verticais, um conjunto formado por uma escada
e plataforma elevatória, estão localizadas próximas aos dois corredores secundários
do conjunto, facilitando a circulação de quem deseja acessar o campus e ir
diretamente para um ambiente localizado no primeiro andar. As demais circulações
verticais, duas, estão na parte posterior do bloco administrativo, em que se supõe a
garantia de distâncias máximas adequadas para utilização das saídas de
emergência.
Elementos valorizados no projeto são as áreas sombreadas e sem uso
definido que visam servir como locais de encontro informal e troca de conhecimentos
entre os usuários, também necessárias devido ao clima árido da cidade. A principal
área sombreada e sem uso definido é a passarela de conexão, que liga o pórtico de
acesso ao bloco administrativo-didático e que visa servir como rua sombreada
(Figura 27) (MELENDEZ, 2016).
64

Figura 27 – Pórtico de entrada em primeiro plano e passarela em segundo plano

Fonte: Archdaily (2017c). Editado pelo autor (2017).

As áreas sombreadas também são uma estratégia necessária para atenuar os


efeitos do clima da cidade sobre os usuários e sobre a edificação. Corredores e
áreas técnicas contornam os diversos ambientes, reduzindo a incidência da radiação
solar sobre os fechamentos. Outra estratégia adotada foi a presença de três pátios
internos, que melhoram as condições de ventilação e de iluminação dos ambientes
(Figura 28) (MELENDEZ, 2016).
Figura 28 – Pátio

Fonte: Archdaily (2017c). Editado pelo autor (2017).


65

De acordo com Silva e Sigardo (2015), a presença de pátios é adequada para


construções no clima quente e seco por atenuar a incidência da radiação solar e de
ventos quentes e por reter o “ar fresco noturno” durante o dia. Associado à presença
de água ou de vegetação, também proporciona um ambiente mais úmido. Ferreira et
al (2015) cita também a importância do pátio para o conforto térmico dos usuários
pelo favorecimento da ventilação natural:

Na estação de verão, a evaporação originada pela vegetação e pela água


originará descida da temperatura do pátio criando uma zona de altas
pressões que provoca a sucção do ar situado a um nível superior. Com a
abertura de janelas ou portas para o pátio, o ar entrará pelo edifício
podendo recorrer‐se a uma ventilação cruzada através da abertura de vãos
e janelas em paredes opostas [Figura 29]. No inverno, a temperatura do
pátio determinada pela proteção da vegetação é superior à temperatura do
ar exterior [...]. (FERREIRA et al, 2015, p. 72)

Figura 29 – Esquema de ventilação natural em uma construção com pátio

Fonte: Ferreira et al. (2015). Editado pelo autor (2017).

No projeto do campus da UFC foram utilizados materiais como o piso de


granilite na maioria dos ambientes, material durável e adequado a locais com alto
fluxo de pessoas; o revestimento em textura branca nas paredes em suas faces
interiores e exteriores, que evita maior absorção e transmissão do calor para o
ambiente nas faces exteriores e potencializa a iluminação por maior reflexão da luz
no interior; revestimento cerâmico nas paredes dos corredores, os quais são mais
fáceis de limpar e dificultam a visualização da sujeira (Figuras 28 e 30).
66

Figura 30 – Auditório

Fonte: Archdaily (2017c). Editado pelo autor (2017).

Predominam, nas aberturas, janelas de vidro e metal, algumas delas


protegidas por brises metálicos. As maiores janelas do térreo que não são
protegidas pelos brises não ficam diretamente expostas às intempéries porque há
sobre elas projeções do primeiro andar. Em outras aberturas há painéis de cobogós
em cimento (Figuras 31 e 32).

Figuras 31 e 32 – Exemplo de aberturas

Fonte: Archdaily (2017c). Editado pelo autor (2017).


67

Os brises e cobogós permitem atenuar a radiação solar e a iluminação sem


bloquear a passagem dos ventos e também marcam a aparência do edifício através
de sua presença nas fachadas. Esses elementos, de cor mais escura, contrastam
com a cor clara das paredes, além de criar texturas (Figura 33). A volumetria é
marcada pelas projeções da cobertura e do primeiro andar, que reduzem a radiação
solar nos fechamentos, e pela maior altura no volume justaposto, que abriga a
cozinha do refeitório e, aparentemente, uma caixa d‟água (Figura 33).

Figura 33 - Fachada noroeste.

Fonte: Archdaily (2017c). Editado pelo autor (2017).

O projeto do Campus UFC Russas possui aspectos que devem ser


considerados no desenvolvimento do projeto arquitetônico de uma instituição de
ensino superior (IES), entre os quais se pode citar a valorização de áreas criadas
com o objetivo de proporcionar encontros informais, que podem ser responsáveis
por importantes trocas de informações; as ações voltadas para possibilitar
flexibilidade aos espaços; a utilização de pátios como estratégia para obtenção de
maior conforto ambiental; a disposição racional dos espaços, considerando as
relações entre os usos e os usuários; e o emprego de materiais duráveis e
econômicos.
68

6.2 REFERÊNCIA NACIONAL: NÚCLEO DE ESTUDOS EM ÁGUA E BIOMASSA

O Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de Águas (NAB) é


resultado de uma parceria entre a empresa Petrobrás e a Universidade Federal
Fluminense (UFF) e está localizado no Campus da UFF de Praia Vermelha, bairro
Boa Viagem, Niterói, Rio de Janeiro (Figura 34). O projeto foi desenvolvido pelo
escritório de arquitetura Oficina de Arquitetos, e o prédio, inaugurado em 2014, tem
como principal objetivo abrigar atividades de “pesquisa e desenvolvimento na área
de produção de petróleo e biocombustíveis”. (CUNHA, 2014 p. 1, GELINSKI, 2017).

Figura 34 – Vista área do NAB e entorno.

Fonte: Archdaily (2017d)

Uma das premissas do projeto é favorecer a relação com a paisagem, em que


predomina a vista da Baía de Guanabara, a sudoete da construção. O edifício ocupa
uma área residual do campus Praia Vermelha, entre duas construções da
universidade preexistentes. O acesso ao NAB ocorre por meio da Rua Edmundo
March, seguido de uma via interna, finalizada em um cul-de-sac (Figura 35).
69

Figura 35 – Implantação do NAB.

1 NAB, 2 Outros prédios da UFF, 3 Av. Milton Tavares de Souza, 4 Baía de Guanabara, 5 Rua
Edmundo March.
Fonte: Gelinski (2017). Editado pelo autor (2017).

A área disponível para a construção tornou necessária a verticalização do


programa de necessidades, para permitir recuos adequados em relação às
construções vizinhas. Salas de aula, auditório, laboratórios, biblioteca, entre outros
ambientes, foram distribuído em seis pisos (Figuras 35, 36, 37 e 38) e em um total
de 4,5 mil metros quadrados de área construída. O mezanino técnico foi criado após
a decisão de permitir ventilação sobre a laje de cobertura do térreo (Figuras 36 e 38)
(GELISNKI, 2017).
O subsolo abriga "uma central analítica, salas de suporte técnico, área técnica
para ar condicionado, almoxarifado, vestiários, casa de bombas e depósito”. A
central analítica no subsolo, composta por laboratórios, possui acesso restrito e por
isso também não há divugação da planta baixa desse andar (GELISNKI p. 4, 2017).
Há duas entradas principais, voltadas para o norte: a primeira dá acesso ao
auditório, em que supõe que será o principal ambiente a receber visitantes; e a
segunda à recepção, incialmente, e às demais dependências do NAB (Figura 35)
(GELINSKI, 2017).
A análise da setorização do NAB foi feita seguindo a proposta de Azevedo
(2002, p. 106), do mesmo modo como foi feita esta análise do Campus Avançado
UFC Russas, que divide o programa de necessidades em setor “pedagógico,
vivência-assistência, administrativo/apoio técnico-pedagógico e serviços”.
70

Figura 35 – Planta baixa do andar térreo do NAB com a setorização proposta por Azevedo (2002).

1 Recepção, 2 Circulação, 3 Cabine de som/ luz/ tradução, 4 Depósito, 5 Secretaria, 6 Auditório 7


Recepção/serviço, 8 Conferência, 9 Armazenamento de amostras, 10 Câmara fria, 11 Laboratório
de prototipia, 12 Armazenamento de resíduos, 13 Convivência, 14 Copa.
Fonte: Perrotta-Bosch (2014). Editado pelo autor (2017).

Figura 36 – Planta baixa do mezanino do NAB à esquerda e primeiro andar à direita com a
setorização proposta por Azevedo (2002).

Legenda do mezanino: 1 Terraço-jardim, 2 Xerox, 3 Sala reservada, 4 Depósito, 5 Condensadores,


6 Circulação, 7 Terraço. Legenda do primeiro andar: 1 Laboratório, 2 Apoio, 3 Pesagem, 4
Circulação, 5 Vestiário masculino, 6 Vestiário feminino, 7 Sanitário PCD, 8 Copa.
Fonte: Perrotta-Bosch (2014). Editado pelo autor (2017).
71

Figura 37 – Planta baixa do segundo do NAB andar à esquerda e cobertura à direita com a
setorização proposta por Azevedo (2002).

Legenda segundo andar: 1 Sala de computadores, 2 Sala de aula, 3 Circulação, 4 Biblioteca, 5


Professores, 6 Administração, 7 Reuniões, 8 Gabinete de professores visitantes, 9 Vestiário
masculino, 10 Vestiário feminino, 11 Sanitário PCD, 12 Copa, 13 Almoxarifado administrativo.
Legenda cobertura: 1 Terraço, 2 Ambulatório, 3 Área técnica, 4 Lanchonete, 5 Circulação, 6
Atendimento lanchonete, 7 Apoio lanchonete.
Fonte: Perrotta-Bosch (2014). Editado pelo autor (2017).

Figura 38 – Corte BB do NAB.

1 Sala de conferência, 2 Secretaria, 3 Recepção, 4 Convivência, 5 Área técnica, 6 Laboratório, 7


Circulação, 8 Terraço, 9 Depósito, 10, Gabinete de prof. visitantes, 11 Sala dos prof. 12 Sala de aula.
Fonte: Perrotta-Bosch (2014). Editado pelo autor (2017).
72

Durante a concepção do projeto houve uma preocupação em proporcionar


espaços que pudessem favorecer encontros informais entre alunos, técnicos e
professores e o consequente intercâmbio de informações sobre as atividades
acadêmicas. Encontros que não estariam restritos apenas aos que estão associados
ao NAB, mas também aos frequentadores das outras dez construções do campus
Praia Vermelha, que não receberam preocupação semelhante em seu projeto
arquitetônico, o que é visto como algo inadequado pelos idealizadores do projeto
arquitetônico do NAB (GELISNKI, 2017).
O principal ambiente de convívio do setor de vivência/assistência é a área
compreendida entre pilotis no andar térreo, que também funciona como “uma
espécie de foyer para a sala de múltiplo uso, secretaria, depósitos, sanitários e
circulações verticais” (Figura 35 e Figura 38) (GELISNKI, 2017, p. 3). Sua
localização próximo às duas entradas do NAB porpicia a utilização desse espaço por
todos os tipos de usuários. Há também terraços no mezanino e na cobertura,
associados à área de alimentação. As áreas do setor de vivência/assistência
equivalem à parcela significativa da área total da edificação, ressaltando a atenção
dada aos encontros informais durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico.

Figura 39 – Área comrpeendida entre pilotis.

Fonte: Gelinski (2017). Editado pelo autor (2017).

Sobre o setor pedagógico, o auditório ocupa parte do andar térreo e possui


entrada independente. Supõe-se que sua localização foi determinada porque o
auditório recebe usuários variados, associados a outros órgãos, instituições. Ainda
73

compondo o setor pedagógico, há um conjunto de salas associadas ao laboratório


de propotipia e uma sala ao lado para o armazenamento de resíduos. As atividades
desse laboratório devem ter maior fluxo de matérias-primas utilizadas durante os
testes laboratoriais, em comparação aos outros laboratórios, sua localização no
térreo reduz as distâncias a serem percorridas por quem tranporta esses materiais
(Figura 35). O restante do setor pedagógico está dividido entre os laboratórios
agrupados no primeiro andar e as salas de aula, a biblioteca e a sala de
computadores no segundo (Figuras 36 e 37).
O setor adminstrativo ocupa parte do andar térreo e está próximo à entrada
do NAB, à recepção e à secretaria, além de ocupar também parte do segundo
andar, ambientes da adminstração e de professores. Os ambientes de professores e
da adminstração não seguem a recomendação de facilidade de acesso por estarem
próximos da entrada do edifício, conforme sugere Azevedo (2002) (Figura 37).
A maior parte do ambientes do sertor de serviços, as áreas molhadas do setor
de vivência/assitência, as circulações verticais e shafts estão próximos, em um
volume estrutural independente de concreto, com face externa voltada para leste. A
proximidade desses ambientes em um volume de concreto facilita modificações nas
divisórias internas dos demais cômodos.
A fachada leste recebe maior radiação solar em comparação com as
fachadas sul e norte e, como não está voltada para a Baía de Guanabara como a
fachada oeste, que possui generosas aberturas protegidas por brises, não possui
anteparos externos que a protejam da radiação solar e apresenta janelas de
dimensões pequenas, aberturas de cômodos de baixa permanência (Figura 40).
Vale ressaltar que as características das fachadas foram determinadas após estudos
e simulações de radiação solar incidente e calor acumulado. (GELISNKI, 2017).
74

Figura 40 – Fachada Leste do NAB.

Fonte: Archdaily (2017d)

As fachadas norte e oeste possuem como aberturas amplas janelas maxim-ar


com vidro transparente, protegidas por brises metálicos, permitindo a visão da Baía
de Guanabara. Os brises, chapas metálicas em cores branca e em tons de verde,
possuem larguras e ângulos variados, de acordo com os resultados das simulações
de radiação e de calor, elevam-se até a cobertura e também protegem os ambientes
dos ventos fortes do litoral (Figura 41). A variedade dos elementos que compõem os
brises foram determinadas por critérios técnicos, visando o seu melhor desempenho,
mas não deixam de ser marcantes na estética do edifício (GELISNKI, 2017;
PERROTTA-BOSCH, 2014).
Figura 41 – Detalhe do brise presente nas fachadas norte e oeste.

Fonte: Archdaily (2017d)


75

Já a fachada sul é marcada pela presença de uma pele de vidro, composta


por esquadrias de um metro de largura e dois de altura, que permitem melhor
visualização da Baía de Guanabara e da Ilha de Boa Viagem (Figura 42). A pele de
vidro está afastada 30 centímetros em relação às lajes dos pisos, recebendo menor
radição solar e calor, já reduzidos pela orientação geográfica dessa fachada
(GELISNKI, 2017).
Figura 42 – Fachada Sul do NAB.

Fonte: Gelinski (2017). Editado pelo autor (2017).

Compõe a estrutura uma viga treliçada metálica de 5,6 metros de altura em


formato de L que sustenta o vão livre do andar térreo, próxima às fachadas oeste e
norte (Figura 39). Também fazem parte da estrutura pilares circulares independentes
dos fechamentos, muitos estão localizados próximos às extremidades dos
ambientes, facilitando futuras modificações das divisões internas dos cômodos,
sobretudo do setor pedagógico e administrativo/apoio técnico pedagógico.
Observa-se na figura 38 que há predominâcia do uso de laje nervurada, com
exceção da laje de cobertura do andar térreo, que é maciça. Segundo Bonafé (2017)
a laje nervurada consome até 30% menos concreto e aço em comparação com as
lajes maciças. Com o menor uso de materiais pelas lajes nervuradas, estas
apresentam menor peso próprio, o que as torna mais adequadas para grandes vãos
em comparação à laje maciça, aumentado a sua vantagem econômica
proporcionalmente ao aumento do vão.
76

Predominam entre os materiais de revestimento o piso de granilite, a pintura


branca nas paredes internas e externas e o forro com placas modulares, as quais
também possuem luminárias que seguem a mesma coordenação modular (Figura
43).
Figura 43 – Revestimentos internos do NAB.

Fonte: Gelinski (2017). Editado pelo autor (2017).

De acordo com Rosso (1980) apud Greven e Baldauf (2007) a coordenação


modular é uma estratégia que favorece a racionalização da construção por tornar
mais eficiente a aplicação de recursos. Consiste em padronizar as dimensões dos
componentes construtivos, fabricados em série, e possui como vantagens a redução
do consumo dos componentes e de seus resíduos, maior facilidade durante a
construção, praticidade em substituir peças danificadas e permite um controle
eficiente dos custos ( GREVEN; BALDAUF, 2007).
Como características possuídas pelo NAB que servem de referência para o
desenvolvimento de um projeto arquitetônico de uma IES, destaca-se a valorização
dos espaços de encontros informais, o favorecimento da flexibilidade dos espaços
pelo sistema estrutural e a concentração de áreas molhadas, circulações verticais,
ambientes de serviço e shafts, determinação das características das fachadas após
simulações relacionadas à radiação solar e ao calor incidentes, o uso de materiais
duráveis e da coordenação modular para racionalização da construção.
77

6.3 REFERÊNCIA INTERNACIONAL: CENTRO JIM PATTISON DE EXCELÊNCIA


EM TECNOLOGIAS DE CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS E CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA RENOVÁVEL

O Centro Jim Pattison de Excelência em Tecnologias de Construções


Sustentáveis e Conservação de Energia Renovável está localizado no campus da
Universidade Okanagan, na cidade de Penticton, Colúmbia Britânica, Canadá. Sua
construção foi anunciada em 2009, começou a funcionar em 2011 e possui um
tamanho 7,085 metros quadrados (OKANAGAN COLLEGE, 2017).
O centro foi criado com o objetivo de formar profissionais em práticas de
construção sustentáveis e em desenvolvimento de fontes de energias alternativas.
Entre os cursos de graduação ofertados ou programados para serem oferecidos no
futuro há o “Manejo de Tecnologias de Construções Sustentáveis”, “Projeto e
execução de construções sustentáveis”, “Fontes de energias alternativas”, “Medição
e Monitoramento de construções sustentáveis” e “Climatização” (OKANAGAN
COLLEGE, 2017, p.2, tradução nossa).
O próprio edifício possui caráter didático porque possui técnicas de
construção sustentáveis aplicadas e instalações acessíveis aos alunos. Seu projeto
foi desenvolvido pelo escritório CEI Architecture Planning Interiors, com o apoio de
uma equipe multidisciplinar, e foi projetado para ser umas das construções mais
avançadas em termos de construção sustentável, seguindo os parâmetros do Living
Building Design, o programa de construções sustentáveis mais rigoroso que existe.
Também recebeu a certificação LEED Platina, a mais exigente dentro do sistema de
certificação de construções sustentáveis do Green Building Council (CSLA 2017;
OKANAGAN COLLEGE, 2017).
O Centro Jim Pattison ocupou grande parte da área destinada a novas
construções do campus de Penctiton, próximo a duas construções preexistentes da
universidade (Figura 44). Por isso o edifício está orientado em um eixo norte-sul,
mas com volumes justapostos na fachada oeste, que permitem maior
aproveitamento da luz natural vinda do norte e do sul. Sua entrada principal está
voltada para um espaço livre que articula as três construções do campus, também
próxima da avenida de acesso e do maior estacionamento, ambos ao sul do edifício
(Figura 45) (2012 SAB...,2012).
78

Figura 44 – Área total do campus e implantação do Centro Jim Pattison

1 Centro Jim Pattison, 2 Construções preexistentes do campus, 3 Avenida Duncan, 4


Estacionamento, 5 Entrada principal do Centro Jim Pattison.
Fonte: Canadian Society of Landscape Architects (2017). Editado pelo autor (2017).

Figura 45 – Entrada principal do Centro Jim Pattison.

Fonte: Archdaily (2017e). Editado pelo autor (2017).

O programa de necessidades está distribuído em dois andares, inclui salas de


aula, oficinas, escritórios comerciais, salas de informática, administração e
lanchonete (Figura 46).
79

Figura 46 – Planta baixa do térreo e primeiro andar do Centro Jim Pattison.

Legenda térreo: 1 Sala de aula, 2 Sala de informática, 3 Espaço de estudos, 4 Laboratório de


demonstração, 5 Oficina de Instalações hidráulicas, 6 Oficina de refrigeração geotérmica e
climatização, 7 Oficina de instalações elétricas, 8 Oficina, 9 Oficina, 10 Lanchonete, 11 Banheiros, 12
Ginásio, 13 Academia, 14 Vestiários, 15 Cozinha, 16 Depósito técnico
Legenda primeiro andar: 1 Sala de aula, 2 Sala de informática, 3 Espaço de estudos, 6 Sala de aula
multiuso, 7 Escritórios comerciais, 8 Armários das oficinas, 9 Depósitos das oficinas, 10 Depósito
técnico, 12 Área técnica, 13 Banheiros, 14 Escritórios administrativos, 15 Salas de reunião.
Fonte: iiSBE Canada (2017). Editado pelo autor (2017).

Além da entrada principal, o prédio possui diversas entradas. Uma delas é


uma entrada de serviço que se comunica com a cozinha, próximo à entrada
principal; outra está na fachada oeste e se comunica com a circulação horizontal
principal, próximo ao centro da construção, e deve garantir distâncias adequadas
entre as saídas em caso de emergências (Figura 46). Já as duas entradas em lados
opostos das fachadas oeste e leste estão mais próximas dos principais ambientes
do setor de vivência/assistência, no andar térreo, e administrativo, no primeiro andar,
sendo essas entradas provavelmente mais utilizadas por quem se dirige a esses
setores, que possui um estacionamento menor próximo (Figura 46). Cada oficina
80

possui uma entrada, que deve ser utilizada em casos excepcionais, como para
permitir a entrada de equipamentos maiores.
Uma extensa circulação horizontal comunica-se com os diversos ambientes
e/ou setores do Centro Jim Pattison (Figura 46). Há duas circulações verticais
principais, próximas às duas entradas principais, sendo que apenas a mais próxima
do centro do edifício possui elevador. Supõe-se que circulação vertical na
extremidade norte é utilizada principalmente por quem utiliza as dependências do
setor administrativo.
Observa-se através da análise da setorização, feita seguindo a proposta de
Azevedo (2002), um claro distanciamento entre os setores, que chegam a ocupar
volumes distintos, conectados pela circulação horizontal, no caso da relação entre
os setores pedagógico, vivência/assistência e administrativo/apoio técnico
pedagógico, estando o setor de serviços disperso.
No setor pedagógico, destaca-se a separação feita entre as salas de aula e
as oficinas pela principal circulação horizontal, vista como um ponto positivo por
evitar interferências como a criação de ruídos pelas atividades das oficinas. Alguns
corredores foram projetados para abrigar também uma área de estudos, buscando
potencializar a utilização desses ambientes (Figura 47). Já no setor de
vivência/assistência há apenas um conjunto de sanitários para utilização por parte
dos alunos, que precisam percorrer uma grande distância, resultando em maior
tempo de ausência durante as aulas nas salas mais distantes, para ida aos
sanitários.
Figura 47 – Área de estudos do Centro Jim Pattison.

Fonte: Fonte: Archdaily (2017e). Editado pelo autor (2017).


81

Foi utilizada estrutura de madeira certificada, de árvores oriundas do estado


em que se localiza o campus, Colúmbia Britânica, Canadá. A utilização da madeira é
vista como adequada para uma construção que busca ter um menor impacto
ambiental adverso porque o ciclo de vida da estrutura de madeira consome menos
energia e emite menos gases estufa em comparação com estruturas similares de
aço ou concreto (Figura 48) (NATURALLY WOOD, 2017).

Figura 48 – Fachada sul do Centro Jim Pattison.

Fonte: Archdaily (2017e). Editado pelo autor (2017).

Foram utilizados nas aberturas 1.850 metros quadrados de vidros triplos de


baixa emissividade (low-e), que combinam boa transmissão da luz natural com
bloqueio da transferência de calor para o interior (Figura 48). Lamberts, Dutra e
Pereira (2014) afirmam que os vidros low-e recebem uma camada de óxido metálico,
são geralmente usados em camada dupla e, dependendo de qual camada de vidro
recebe esse tratamento, podem apresentar bloqueio dos ganhos de calor vindo do
exterior ou redução das perdas de calor para o exterior durante o inverno. A
utilização dos vidros low-e no projeto do centro Jim Pattison é uma das estratégias
para redução do consumo de energia elétrica para iluminação e climatização com o
objetivo de tornar o prédio energeticamente autossuficiente. (GUARDIAN
SOLUTIONS, 2017).
Além da escolha de vidros mais eficientes, também há a proteção contra a
radiação solar proporcionada por beirais e brises, dimensionados considerando-se a
82

posição do sol nas diferentes épocas do ano, para bloquear e permitir a entrada da
radiação solar conforme necessário (Figura 49).
Figura 49 – Esquema de proteção solar dos brises e brises no verão à esquerda e inverno à direita

Fonte: Archdaily (2017e). Editado pelo autor (2017).

Outras estratégias bioclimáticas presentes na construção são o uso do efeito


chaminé para remoção do ar quente acumulado no interior, por meio de torres de
ventilação, e o uso de tubos de luz que iluminam naturalmente as oficinas (Figura
50) (2012 SAB...,2012; OKANAGAN COLLEGE, 2017).

Figura 50 – Torres de ventilação, domos do tubo de luz e painéis fotovoltaicos na cobertura.

Fonte: Archdaily (2017e). Editado pelo autor (2017).

O centro Jim Pattison possui o maior número de placas fotovoltaicas


instaladas do oeste canadense. É autossuficiente energeticamente, consome
metade da energia que produz e pode exportar o restante para edificações vizinhas.
Também são usados painéis solares para aquecimento de água. A cobertura é
acessível aos alunos, que podem ter contato com esses elementos para observação
83

e realização de testes (Figura 50), assim como as instalações elétricas e mecânicas


(CSLA, 2017; CHU et al, 2017 OKANAGAN COLLEGE, 2017).
Materiais de construção extraídos e/ou fabricados na região, que reduzem
emissão de gases estufa durante o transporte, em comparação a materiais
originados de locais distantes, equivalem a 23% do total, enquanto materiais
reciclados, a 8%. Entre os materiais regionais encontra-se o concreto, a madeira, a
madeira compensada e o aço utilizado no concreto armado. Já como exemplo de
material reciclado há 93,5% do aço empregado no concreto armado. A cobertura é
recoberta por um material reflexivo em 72% de sua área total, reduzindo os ganhos
de calor, e por um teto-jardim com vegetação local em 10% (CHU et al, 2017).
O uso de estratégias da arquitetura bioclimática, de tecnologias como os
painéis fotovoltaicos e materiais sustentáveis e o acesso proporcionado aos alunos a
esses recursos, à cobertura e às instalações elétricas e mecânicas como parte do
processo de ensino e aprendizado são elementos presentes no projeto arquitetônico
do Centro Jim Pattison de Excelência em Tecnologias de Construções Sustentáveis
e Conservação de Energia Renovável que servem como parâmetros para o
desenvolvimento projeto arquitetônico do ICCS.
84

7. ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO E ENTORNO

O terreno escolhido para abrigar o ICCS está localizado no bairro Jóquei,


zona leste de Teresina (Figura 51). O bairro está próximo do que pode ser
considerado o centro geográfico da zona urbana da cidade, visto que o bairro Centro
é adjacente ao limite da zona urbana a oeste, o rio Parnaíba. A localização do bairro
é capaz de evitar deslocamentos de usuários entre regiões extremas da cidade.

Figura 51- Mapa da zona urbana de Teresina.

1 UFPI, 2 ICF, CEUPI, 3 CEUT, 4 UNINOVAFAPI, 5 FSA, 6 FACID , 7 UESPI, 8 IEST


Fonte: Teresina (2013). Editado pelo autor (2017).

A região do terreno escolhido também ocupa uma posição central em relação


à localização das IESs que abrigam os cursos de graduação de Arquitetura e
Urbanismo e Engenharias, locais em que também trabalhariam os possíveis
docentes do ICCS e para onde muitos dos possíveis discentes possuiriam o hábito
de se deslocar (Figura 51). Vale ressaltar que o Jóquei abriga duas dessas IESs,
que se relacionariam indiretamente com as atividades do ICCS (Figura 52).
O bairro é marcado pela presença do Jóquei Clube, primeira construção do
bairro, e do Shopping Riverside; pelo processo de verticalização das construções e
85

por ter como um dos seus limites o Rio Poti, a oeste. Em 2015, possuía 1.730
empresas, o terceiro bairro com maior número de empresas, atrás apenas do Centro
e do Itararé, configurando-se como um subcentro econômico por meio
principalmente de atividades de comércio e de serviço (TERESINA, 2015;
TERESINA, 2016b).
A principal forma de acesso é por meio da Avenida João XIII, um dos limites
do bairro Jóquei, que liga o extremo leste da zona urbana até o Rio Poti e continua
sob o nome de Avenida Frei Serafim até o bairro Centro, comunicando-se ao longo
de sua extensão com vias artérias que levam aos diferentes pontos da cidade
(Figura 51).
O entorno próximo é caracterizado pela presença de atividades como
instituições financeiras bancárias, o Jockey Clube, o Centro de Ensino Unificado do
Piauí (CEUPI), a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) e o Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT) (Figura 52).

Figura 52 - Mapa do bairro Jóquei e edificações marcantes.

1 ICF, 2 CEUPI, 3 Shopping Riverside, 4 Jóquei Clube, 5 FUNASA, 6 DNIT.


Terreno escolhido em preto.
Fonte: Teresina (2013). Editado pelo autor (2017).

Sobre as determinações da localização de diferentes usos na zona urbana, a


Lei Complementar nº 4.955, de 16 de novembro de 2016, em seu anexo 12,
estabelece que as atividades a serem desenvolvidas pelo ICCS estão inseridas no
86

grupo Instituições diversificadas E2 por ser uma instituição de “Ensino superior –


graduação e pós-graduação” (TERESINA, 2016a, p. 47).
Já a Lei Complementar n° 3.560, de 20 de outubro de 2006, Lei de Uso do
Solo Urbano, em seu artigo 20, XV, define as Instituições diversificadas E2 como
sendo um “grupo caracterizado por espaços, estabelecimentos ou instituições de
iniciativa pública, destinados à educação, saúde, lazer, cultura, assistência social,
culto religioso, administração e serviços públicos, transportes e comunicação”.
Sendo o grupo de atividades E2 permitido, pela mesma lei, dentro das zonas
comerciais ZC3 e ZC5, que compreendem o terreno escolhido (Figura 53)
(TERESINA, 2006a, p. 4).

Figura 53 – Zoneamento urbano da área e do terreno escolhido.

1 Av. João XXIII, 2 Av. Nossa Senhora de Fátima, 3 Av. Área Leão, 4 Av. Rua Aviador Irapuã Rocha
6 Terreno escolhido.
Fonte: Teresina (2014). Editado pelo autor (2017).

O terreno selecionado possui formato de um polígono quadrilátero irregular,


tem uma área de 7.479 m² de área (Figura 54). De acordo com a Lei Complementar
n° 3.562, de 20 de outubro de 2006, Lei de ocupação do solo urbano, a taxa de
ocupação máxima permitida é de 60%, e o valor máximo do índice de
aproveitamento é 3 (TERESINA, 2006b).
Há apenas a curva de nível 68 no terreno e a declividade da região é de
aproximadamente 2,5 %, o que reduz a necessidade de movimentações de terra. Há
87

quatro árvores, duas mangueiras, um cajueiro e uma cajazeira, a serem


consideradas para elaboração do projeto arquitetônico (Figura 54).

Figura 54 – Terreno escolhido com árvores existentes.

Fonte: Acervo pessoal (2017). Editado pelo autor (2017).

O bairro Jóquei Clube possuía, em 2010, 83% dos domicílios atendidos pela
rede geral de abastecimento de água, 95% pela rede de coleta de esgoto e 100% de
seus domicílios atendidos pela rede de energia elétrica e pela coleta de lixo. Há
também uma parada de ônibus na Avenida João XXIII, no trecho entre as ruas que
delimitam o quarteirão do terreno (TERESINA, 2016b).
Buscou-se com o terreno escolhido uma localização adequada na zona
urbana, em uma área permitida pela legislação de uso do solo, com dimensões
adequadas, que proporcione a melhor relação com os fatores que influem no
conforto ambiental dos usuários e que seja abastecido pelas redes de infraestrutura
urbana e por outros serviços necessários.
88

8. PROGRAMA DE NECESSIDADES

8.1 ATIVIDADES ABRIGADAS

As atividades a serem abrigadas pelo instituto incluem aulas, sobretudo as do


tipo expositivas, demonstrativas e práticas, nos cursos de curta duração e de
especialização; consulta e empréstimo de acervo bibliográfico; orientação de
monografias; seminários, simpósios e outros tipos de eventos; administração,
limpeza e conservação; vigilância e suprimento de necessidades fisiológicas dos
frequentadores.

8.1.1 CURSOS DE EXTENSÃO

Os cursos de extensão citados a seguir exemplificam os que podem ser


oferecidos pela instituição, mas sem restringir a oferta ou afirmar que todos serão
oferecidos. A oferta de cursos de curta duração é visto como algo que pode sofrer
alterações de acordo com a demanda e a capacidade da instituição para
disponibilizá-los.

Avaliação do ciclo de vida

Certificação ambiental para construção civil

Conforto ambiental

Durabilidade dos materiais de construção

Energias renováveis

Gestão de recursos hídricos

Gestão de canteiro de obras

Gerenciamento de resíduos sólidos urbanos

Introdução à Sustentabilidade e ao Desenvolvimento sustentável

Perícia ambiental

Materiais de construção sustentáveis


89

Qualidade do ar interno

8.1.2 CURSOS DE ESPECIALIZAÇÃO

Os cursos de especialização citados são exemplos dos cursos que poderiam


ser oferecidos incialmente e que determinaram as características do conjunto de
salas de aula e dos laboratórios, para que a instituição pudesse ofertá-los
simultaneamente.

1. Especialização em Construções sustentáveis: Arquitetura.

2. Especialização Construções sustentáveis: Engenharia Civil.

3. Especialização em Arquitetura de Interiores Saudável

4. Especialização em Eficiência Energética e Energias Renováveis

5. Especialização em Engenharia de Saneamento Básico e Ambiental

6. Especialização em Gestão Ambiental

7. Especialização em Refrigeração e Ar Condicionado

8. Especialização em Urbanismo Sustentável

8.2 PÚBLICO ALVO

Estudantes de graduação e qualquer profissional graduado que tivesse


interesse nos assuntos ministrados, supondo que teriam uma maior presença de
Arquitetos e Urbanistas e de Engenheiros de diversas especialidades.
90

8.3 COMPARTIMENTAÇÃO, PRÉ-DIMENSIONAMENTO E POPULAÇÃO

Quadro 1 – Programa de necessidades e pré-dimensionamento

USU. FIXOS ÁREA


AMBIENTE/ COMODO QUANT ÁREA (m²)
/EVENTUAIS TOTAL (m²)

SETOR PEDAGÓGICO - AULAS

SALAS DE AULA 0 / 40 10 50 500

LAB. DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 0 / 40 1 100 100

LAB. DE GESTÃO DA ÁGUA 0/ 40 1 100 100

LAB. DE INFORMÁTICA 0/ 40 2 90 180

LAB. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 0 / 40 1 100 100

LAB. QUALIDADE DO AR E
0 / 40 1 100 100
CLIMATIZAÇÃO

ALMOXARIFADOS DOS LAB. - / 1 5 25 125

TOTAL = 1205 m² + 10% = 1325 m²

SETOR PEDAGÓGICO - BILIOTECA

ACERVO 1 / 10 1 90 90

LEITURA 40 1 100 100

CATALOGAÇÃO 0/1 1 5 5

DEPÓSITO E REPAROS 0/1 1 5 5

ACERVO RARO 0/5 1 10 10

TOTAL = 225 m² + 10% = 247,5 m²

SETOR PEDAGÓGICO - AUDITÓRIO

FOYER 250 1 125 125

PLATEIA 250 1 200 200

PALCO 5 1 40 40

COPA (CONVIDADOS) 0/ 2 1 2.5 2.5

ESTAR (CONVIDADOS) 0/7 1 9 9

SANITÁRIO (CONVIDADOS) 0/1 1 3 3

SANITÁRIO MASC. PLATEIA 0 / 11 1 16 16

SANITÁRIO FEM. PLATEIA 0/7 1 16 16

SANITÁRIO. PCD MASC. 0/1 1 3 3

SANITÁRIO. PCD. FEM. 0/1 1 3 3.

COMANDOS E TRADUÇÃO 0/2 1 6 6


91

DEPÓSITO GERAL E DML 0/1 1 9 9

TOTAL = 427 m² + 10% = 469,7 m²

SETOR ADMINISTRATIVO

RECEPÇÃO 1/5 1 10 10

SECRETARIA ADMINSTRATIVA 1 /4 1 10 10

PROTOCOLO 1/4 1 10 10

ADMINISTRAÇÃO 2/4 1 18 18

ASSESS. DE COMUNICAÇÃO 2/4 1 18 18

RECURSOS HUMANOS 2/4 1 18 18

FINANÇAS, LOGÍSTICA E PATRI. 2/4 1 18 18

SERVIÇOS GERAIS E MANUTEN. 2/4 1 18 18

CENTRO DE PROC. DE DADOS 1/ 2 1 9 9

SALA DE REUNIÃO 12 2 20 40

DIRETORIA 1/4 1 20 20

SANITÁRIO (DIRETORIA) 0 /1 1 3 3

ALMOXARIFADO ADMINSTRATIVO 0/1 1 5 5

ARQUIVO 0/1 1 9 9

COPA 1 1 3.5 3,5

SANITÁRIO FEMININO 1 1 3 3

SANITÁRIO MASCULINO 1 1 3 3

TOTAL = 220,5 m² + 10% = 242,5 m²

SETOR APOIO TÉCNICO-PEDAGÓGICO

SECRETARIA ACADÊMICA 1 /4 2 10 20

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA 1 /4 2 15 30

ESTAR E REUNIÃO DE PROF. 8 1 35 35

SALA DE ORIENTAÇÃO DE ALUNOS 0/3 10 5 50

ALMOXARIFADO PEDAGÓGICO 0/1 1 5 5

COPA 1 1 3.5 3,5

SANITÁRIO FEMININO 1 1 3 3

SANITÁRIO MASCULINO 1 1 3 3

TOTAL = 178,5 m² + 10% = 196,3 m²

SETOR DE SERVIÇOS

DEP. DE MÓVEIS INUT. E REPAROS 0 /1 1 30 30


92

DML PRINCIPAL 0/1 1 6.5 6,5

VESTIÁRIO FEMININO 0/5 1 7.5 7,5

VESTIÁRIO MASCULINO 0/5 1 7.5 7,5

REFEITÓRIO FUNCION. 0 / 12 1 25 25

COZINHA 2 1 20 20

TOTAL = 96,5 m² + 10% = 106,15 m²

SETOR DE VIVÊNCIA/ ASSISTÊNCIA

REFEITÓRIO (ALUNOS) 10 1 100 100

SANITÁRIO MASC. (ALUNOS) 0 / 11 1 16 16

SANITÁRIO FEM. (ALUNOS) 0/7 1 16 16

SANITÁRIO PCD MASC. (ALUNOS) 0/1 1 3 3

SANITÁRIO PCD FEM. (ALUNOS) 0/1 1 3 3

TOTAL = 169 m² + 10% = 185,9 m²

Fonte: Natanael Gomes (2017).


93

9. MEMORIAL JUSTIFICATIVO: ANTEPROJETO DE ARQUITETURA DO ICCS

9.1 PARTIDO ARQUITETÔNICO

Para a distribuição do programa de necessidades foram consideradas as vias


adjacentes ao terreno: Avenida João XIII, Avenida Senador Área Leão e Rua
Aviador Irapuã Rocha. Por isso o Bloco 1, contendo o Auditório e o setor
Administrativo e Apoio técnico/pedagógico, está mais próximo da Avenida João XIII
por serem locais que receberão os funcionários, incluindo professores e pessoas
sem vínculo com o instituto, que deduzirão o acesso pela Avenida João XIII devido a
maior visibilidade proporcionada pela via estrutural (Figura 55).
Já a maior parte do setor pedagógico, com exceção do Auditório, foi
posicionada mais próxima da Avenida Senador Área Leão, via com menor tráfego de
veículos e consequente menor presença de ruídos que possam vir a prejudicar a
acústica dos ambientes didáticos (Figura 55).
O acesso dos alunos pela Avenida Senador Área Leão também busca evitar
transtornos por veículos estacionados em áreas vizinhas, visto que não há
estabelecimentos com grande potencial atrativo nesse trecho da via e porque as
instituições financeiras bancárias localizadas na mesma quadra têm acesso apenas
pela Avenida João XIII.
A testada de uma das quadras vizinhas, com aproximadamente 180 metros
de comprimento, é constituída pelo muro do Jockey Clube, sem acessos ao lote, e o
Centro de Ensino Unificado do Piauí (CEUPI), antigo Colégio Dom Bosco, possui
apenas um acesso de pedestres sem uso constante de frente para o terreno
escolhido, voltado para a Avenida Senador Área Leão.
O programa de necessidades foi distribuído em dois blocos paralelos
alongados no eixo Leste-Oeste, com suas fachadas orientadas de modo
perpendicular aos pontos cardeais. Assim as fachadas com maiores superfícies
recebem radiação solar menos intensa e têm angulação favorável em relação aos
ventos dominantes de Teresina, vindos de Sudeste e Nordeste.
A volumetria é caracterizada por formas prismáticas para obtenção de maior
compacidade e que resultassem em um menor perímetro das fachadas, economia
de materiais e redução dos ganhos térmicos oriundos da radiação solar (MASCARÓ,
2006).
94

O arranjo dos blocos também propicia a existência de um pátio interno,


solução vista como favorável ao conforto ambiental por aumentar a ventilação
natural nos ambientes adjacentes e por reter a umidade oriunda da vegetação e do
espelho d‟água propostos.
Figura 55 – Fluxograma

AV. SE. ÁREA


LEÃO

ACESSO
VEÍCULOS E
PEDESTRES -

SETOR DE
CONTROLE DE SERVIÇO
ACESSO

SETOR VIVÊNCIA/ASSI
PEDAGÓGICO TÊNCIA
- AULAS

CONTROLE DE
ACESSO
BIBLIOTECA

SETOR AUDITÓRIO
ADMINISTRATIVO/
APOIO
PEDAGÓGICO

ACESSO
VEÍCULOS E
PEDESTRES

AV. JOÃO XXIII

Alunos Professores Carga e descarga Visitantes

Ser. Apoio pedagógico Serv. Serviços gerais e manutenção Servidores administrativos

Fonte: Natanael Gomes (2017).


95

A área de vivência e alimentação está no centro do conjunto, articulando os


dois maiores volumes, e visa servir como um espaço de integração entre os usuários
e de troca de conhecimentos em encontros informais. Como esse espaço dispensou
fechamentos voltados para Leste e para Oeste, o vento pode correr desimpedido
pelo pátio, e há um contato direto dos usuários com a área vegetalizada.
A necessidade de espaços flexíveis foi um critério projetual adotado para que
estes acompanhem as mudanças na instituição de ensino, evidenciada pela
pesquisa bibliográfica sobre arquitetura educacional realizada, e que facilite
possíveis mudanças de uso, evitando a demolição da obra e prolongando a sua vida
útil, necessidade evidenciada pela pesquisa bibliográfica sobre arquitetura
sustentável realizada para o desenvolvimento desta monografia.
Para isso foram adotadas divisórias internas em drywall preenchido com uma
camada de lã de vidro presentes no Bloco 1, ambientes do setor administrativo e do
setor técnico/pedagógico, e no Bloco 2, nos laboratórios, na biblioteca e nas salas
de aula.
Também houve uma preocupação de que o forro fosse independente das
divisórias internas em drywall, que encerram sua altura ao encostar no forro. Desse
modo não haverá uma abertura no forro caso a divisória seja removida. Outra
preocupação para obtenção de maior flexibilidade foi posicionar a escada e os
sanitários próximos ao setor de serviços, que juntos constituem uma área com
divisórias em tijolo de solo-cimento, tida como menos susceptível a mudanças.
O principal modelo de janela é o basculante, subdividido em unidades com 1
metro de comprimento e que abrem de forma independente dos demais, podendo
uma unidade ser bloqueada para a instalação de divisória ou algo semelhante sem
que haja grande prejuízo no vão para ventilação natural
A ventilação cruzada foi favorecida no bloco 1 pela presença do pátio interno,
que gera diferença de pressão devido a concentração de umidade e movimenta o ar,
ao passo que no bloco 2 a maioria dos ambientes de permanência prolongada tem
aberturas apenas em uma de suas faces, por necessitarem de climatização artificial
na maior parte do tempo de uso e porque há maior concentração de usuários nos
ambientes, com consequente aumento do calor por eles produzido. Por isso a maior
parte das salas de aula e dos laboratórios possui apenas uma das faces em contato
com o exterior, condição obtida com o corredor duplamente carregado, o que
também reduz os ganhos de calor nos ambientes.
96

9.2 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

9.2.1 SISTEMA ESTRUTURAL

O sistema estrutural adotado no projeto é composto por pilares e vigas


metálicas com seção I e lajes steel deck. O sistema tem como vantagens possibilitar
a criação de grandes vãos e pilares e vigas esbeltos, uma menor duração da obra,
por ser composto por elementos pré-fabricados, e consequentemente menor número
de mão de obra in loco (BONAFÉ, 2017b).
Apesar do maior custo da estrutura devido principalmente aos impostos
atribuídos aos produtos industrializados, a estrutura metálica proporciona economia
com o menor número de funcionários na obra e retorno antecipado do investidor
com finalização da obra e início das atividades no edifício (BONAFÉ, 2017b).
Outras vantagens das estruturas metálicas são a sua maior leveza em
comparação com as estruturas de madeira e concreto, evita custos com fôrmas e
escoramentos, é um material durável e que dispensa preservativos tóxicos capazes
de comprometer a qualidade do ar interno (LOUREIRO, 2004).
Em relação à sustentabilidade, o aço é responsável por importantes impactos
ambientais adversos durante as fases de extração, fabricação e transporte, sendo
um material que demanda grande quantidade de energia durante sua produção.
Apesar disso grande parte do aço novo utilizado atualmente é reciclado, podendo
também ser reciclado no futuro, visto que o aço mantém 100% de suas propriedades
após o processo. Com isso há redução na necessidade de extração, atividade que
vem se tornado mais eficiente e menos poluidora (LOUREIRO, 2004).
Todos os elementos metálicos utilizados no projeto devem ser
preferencialmente oriundos de reciclagem. As vantagens ambientais dos materiais
reciclados são exemplificadas pela Figura 21.

9.2.2 FECHAMENTOS

9.2.2.1 TIJOLO ECOLÓGICO MODULAR

O tijolo de solo-cimento modular, conhecido como tijolo ecológico, foi proposto


como alvenaria de vedação para os fechamentos externos e parte dos fechamentos
97

internos. Sua escolha deve-se a suas propriedades termo acústicas favoráveis, a


suas características associadas a um menor impacto ambiental adverso de sua
produção e a um menor custo da construção.
O solo, que precisa ter uma composição adequada para uso e sem
matéria orgânica, o cimento e a água, “isenta de impurezas nocivas à hidratação do
cimento”, são misturados e prensados em fôrmas. Após o tempo de cura e de
hidratação são obtidos os tijolos de solo-cimento modular, em cuja composição
predomina o solo, que corresponde a 90% a 95%, considerando também o cimento.
(SOUZA, 2016).
Em Teresina há a fábrica de tijolos de solo-cimento modular da Associação
Teresinense dos Profissionais de Olaria (ATPO), que antes fabricava tijolos
cerâmicos e que, com a relocação dos moradores feita pelo Programa Lagoas do
Norte e com a perda da fonte de argila, passou a fabricar esse novo tipo de tijolo
(MACÊDO, 2016).
Soares, Soares e Lima (2016, p. 784) atestaram o cumprimento da norma
ABNT NBR 8491/2012 nos critérios “Análise Dimensional, Absorção de Água e
Resistência a Compressão do tijolo Solo-Cimento” fabricado pela ATPO, sendo essa
informação importante para a escolha de um produto visando o menor impacto
ambiental adverso por reduzir perdas por peças defeituosas e garantir maior
durabilidade do produto.
Souza (2016, p. 102), em um estudo comparativo entre uma fábrica de tijolo
cerâmico e a fábrica de tijolo de solo-cimento da Associação Teresinense dos
profissionais de Olaria do bairro Poty Velho, conclui que a fábrica do tijolo de solo-
cimento consome menos energia elétrica durante o processo de fabricação: “A
energia elétrica consumida na fabricação dos tijolos solo-cimento é 1,1 kWh,
enquanto que a fábrica de tijolo cerâmico consome 5,68 kWh para realizar todas as
etapas, exceto secagem e queima”.
Segundo Motta et al. (2014), o tijolo ecológico possui propriedades térmicas
que dificultam as trocas de calor, o que proporciona um ambiente interno mais
confortável e reduz os gastos com climatização. Sua escolha também é compatível
com a recomendação feita pela Norma Brasileira NBR 15220-3 de 2003, que sugere
para a Zona Bioclimática 7 o uso de inércia térmica para resfriamento como
estratégia bioclimática (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2014).
98

Este material de construção também é caracterizado pelo sistema de encaixe


para a formação da alvenaria, o que reduz o tempo de construção e os gastos com
mão de obra e a quantidade de argamassa ou de cola necessária, em comparação
com o tijolo cerâmico e o peso da parede, reduzindo o volume da estrutura (Figura
56) (MOTTA et al, 2014).
Figura 56 – Tijolo modular de solo-cimento

Fonte: Hidroshow (2017)

A escolha de materiais produzidos localmente é um dos critérios para a


escolha de materiais com menor impacto ambiental adverso por reduzir a
necessidade de transporte e suas consequências. Além dessa vantagem, o tijolo
ecológico é constituído principalmente pelo solo, um material abundante no planeta,
e dispensa o processo de aquecimento em fornos, evitando a poluição do ar e a
queima de combustível (MOTTA et al, 2014).
Os tijolos de alvenaria podem ficar aparentes, necessitando apenas de uma
camada de resina acrílica, ou receber outros revestimentos, o que também é mais
econômico em relação à alvenaria de tijolos cerâmicos por requerer uma camada
mais fina de reboco devido à uniformidade da superfície da alvenaria (Figura 57)
(ECO PRODUÇÃO, 2017).
99

Figura 57 – Corte das alvenarias comparando o uso de argamassa entre tijolo cerâmico e tijolo
ecológico modular

Fonte: Ecoprodução (2017). Editado pelo autor (2017).

Os furos verticais dos tijolos formam uma câmara de ar na alvenaria que


contribui para o isolamento térmico e acústico e que possibilita a passagem de
instalações elétricas e hidráulicas, evitando a necessidade de quebrar a alvenaria
para passagem dessas instalações. O sistema modular também evita a necessidade
de quebra das peças para ajustes, sendo o tijolo de solo-cimento modular fabricado
em dois tamanhos que se complementam em uma construção (MOTTA et al, 2014).
Apesar das diversas vantagens associadas à fabricação e ao uso desse tipo
de tijolo, SOUZA (2016) cita características indesejadas da fábrica da ATPO em
Teresina, como a não incorporação de “resíduos de outras indústrias na composição
dos tijolos” e a ausência de medidas que amenizem os impactos ambientais da
extração do solo, como o reflorestamento das jazidas desativadas.

9.2.2.2 DRYWALL

Parte dos fechamentos internos propostos no projeto são de gesso


acartonado, estruturado por montantes metálicos e com interior preenchido com lã
de vidro. Entre as vantagens do sistema destaca-se a maior facilidade dos
fechamentos sofrerem modificações em comparação com diferentes tipos de
alvenaria, rapidez na execução, redução da geração de resíduos na obra e do peso
e da espessura dos reduzidos.
A lã de vidro foi sugerida por garantir maior isolamento acústico entre os
ambientes, sobretudo entre as salas de aula. De acordo com Luca (2015), a
100

configuração do drywall escolhida garante um índice de redução sonora de 44


decibéis (dB) e supera o mínimo recomendado por Alarção, Fafaiol e Bento Coelho
(2008) de 40 dB para paredes divisórias nos ambientes de instituições de ensino.
Segundo Torgal e Jalali (2010), o gesso “pode ser reciclado indefinidamente
sem perda de propriedades” e a principal dificuldade do processo é a remoção de
impurezas. Em alguns países, a reciclagem do gesso é uma atividade consolidada, e
acredita-se que no futuro será algo mais frequente no Brasil (TORGAL, JALALI,
2010, p. 111).

9.2.2.3 PINTURA

A tinta ecológica à base de terra e emulsão aquosa sugerida apresenta baixos


índices de emissão de COVs e evita a utilização de produtos químicos para a
remoção de seus resíduos em outras superfícies. Desse modo pretende-se obter
uma qualidade do ar interno adequadas para a saúde de funcionários responsáveis
pela construção e de futuros usuários da edificação (SOLUM, 2017).
A utilização de terra nas construções, como no caso do tijolo de solo-cimento,
e da tinta ecológica à base de terra e emulsão aquosa é associada com um baixo
consumo de energia, baixas emissões de carbono e de poluição durante o seu
processo de beneficiamento (TORGAL e JALALI, 2010).

9.2.3 FORROS

O forro de gesso acartonado possui características semelhantes às divisórias,


como a facilidade e a rapidez de instalação, a baixa geração de resíduos e a
possibilidade de ser reciclado.
Já o forro mineral foi usado devido a seu potencial de isolamento e absorção
acústica, evitando a transmissão de ruídos entre os ambientes que compartilham o
mesmo entreforro, O forro mineral também é modular e removível, o que facilita o
acesso para manutenção de instalações, e é a principal superfície capaz de
absorver o som nos ambientes, visto que o forro está menos sujeito a ter sua higiene
e durabilidade comprometidas em relação às paredes e ao piso (FIGUEIROLA,
2013).
101

Os forros minerais, como exemplo os da marca OWA, são produzidos com


uma fibra branca biossolúvel composta por areia, vidro reciclado e calcário. A tinta
utilizada também é livre de solvente e composta por pigmentos naturais. Os forros
não emitem COVs como o formaldeído e podem ser totalmente reciclados ou
depositados em aterro comum com impactos ambientais reduzidos por serem
biossolúveis (OWA, 2017).
Os forros minerais da marca estão presentes em edifícios certificados como o
Eldorado Business Tower, uma construção corporativa americana que recebeu a
certificação Platinum, a mais rigorosa do sistema Leadership in Energy and
Environmental Design (LEED) Americano. O próprio forro mineral da marca recebeu
diversas certificações como o selo alemão Blue Angel, o primeiro selo de produtos e
serviços sustentáveis do mundo pelo uso de materiais primas naturais e que não
oferecem riscos á saúde dos usuários. (OWA, 2017).
Apenas no auditório foi usado o forro em MDF Nexa Acustic, seguindo a
recomendação contida no “Manual de ambientes didáticos para graduação”, dos
autores Alvez, Castral e Chvtal (2011), de usar um material com maior capacidade
de reflexão acústica, sendo atribuída a função de absorção acústica aos assentos,
ao piso e parede do fundo revestidos em carpete.
A principal matéria-prima do forro em MDF é a madeira, a qual é um matérial
renovável, um dos critérios para a escolha de materiais visando a sustentabilidade
dos materiais de construção. A madeira utilizada deve ser de origem certificada para
a garantia da mitigação dos impactos ambientais adversos de sua produção (JOHN;
OLIVEIRA; LIMA, 2007).

9.2.4 PISOS

Os pisos especificados com maior área são os de concreto polido, o piso


laminado e os pisos em concreto e concreto poroso das áreas externas.
Apesar dos impactos ambientais associados ao concreto utilizado no piso,
este possui baixo custo e alta durabilidade, característica buscada ao se considerar
a sustentabilidade na escolha de materiais de construção. De acordo com Santos
(2017) há restrições quanto ao uso do cimento CP III devido à presença de escórias
102

e pozolanas, algo visto como desfavorável porque o uso do cimento CP III reduziria
as emissões de CO2 como mostra a Figura 22.
O piso laminado utilizado, assim como o forro em MDF Nexa acustic, utiliza a
madeira como principal matéria-prima, um material renovável e que deve ser
certificada para garantia da mitigação dos impactos ambientais adversos associados
à sua produção.

9.2.5. COBERTURA

Os principais materiais propostos para a cobertura são a telha metálica tipo


sanduíche e a telha ecológica de Tetrapak. A telha metálica tipo sanduíche está
presente no auditório porque esta área não possui laje de cobertura e requer uma
cobertura com maior capacidade de isolamento termo acústico.
Já a telha ecológica de Tetrapak reciclado foi utilizada em conjunto com lajes
steel dek de cobertura, são feitas a partir de polietileno e alumínio retirado das
embalagens que passam por um processo que usa pressão e calor. De acordo com
Schelb (2016) as telhas ecológicas de Tetrapak reciclado são inquebráveis, tem alta
resistência à flexão, a produtos químicos, ao fogo e a chuvas de granizo, são leves e
facilmente recortadas e acumulam menos calor em comparação com telhas de
amianto e fibrocimento.
Araújo, Morais e Altides (2008) afirmam que a telha é leve e chega a pesar a
metade do modelo de fibrocimento e que devido a sua superfície aluminizada há
reflexão da radiação solar e que o alumínio da telha funciona como isolante térmico
natural. Em ensaios de resistência mecânica a telha ecológica possui carga de
ruptura e módulo de flexão maiores do que o modelo de fibrocimento.
É feita de material reciclado, um dos critérios para a escolha de materiais de
construção visando a sustentabilidade, por reduzir os impactos ambientais adversos
associados à sua produção, como exemplificado pela figura 21, e por reduzir a
deposição de lixo nos aterros e lixões (ECOPEX, 2017).
Shelb (2016) ainda afirma que durante o seu processo de produção não são
emitidos poluentes ou efluentes atmosféricos e que por se tratar de um material
limpo e inodoro não há riscos para a saúde de quem fabrica, manuseia ou usa o
produto.
103

9.3 SUSTENTABILIDADE

A abordagem feita no referencial teórico sobre Arquitetura Sustentável e


durante o desenvolvimento do projeto arquitetônico foi subividida em três grandes
áreas: água, energia e materiais. Essa divisão foi utilizada pelo Centro Brasileiro de
Construções Sustentáveis em sua publicação “Aspectos das Construções
Sustentáveis no Brasil” (CBCS, 2014).
As questões relacionadas à sustentabilidade dos materiais de construção
foram apresentadas no tópico 9.2. Já as principais características visando a
eficiência energética concentram-se nas estratégias da arquitetura bioclimática.
O plantio de espécies vegetais nativas ou exóticas adaptadas ao clima, a
presença do espelho d‟água e a grande área de superfícies permeáveis em blocos
de concreto intertravado, pisograma, placas de concreto poroso e gramados visam
criar um microclima que torne favorável a utilização da ventilação natural, com
exceção das salas de aula e laboratórios que precisam de maior isolamento
acústico, e também minimizar o consumo de energia por reduzir o esforço dos
aparelhos condicionadores de ar com a redução da temperatura local.
De acordo com Silva, Gonzalez e Silva Filho (2011), a arborização
proporciona sombreamento, absorve parte do calor da radiação solar e o transforma
em calor físico e energia química. Também reduz as temperaturas do entorno pelo
processo de evapotranspiração, bem como aumenta a umidade relativa do ar, o que
ainda é intensificado pela presença do espelho d‟água.
De acordo com os referidos autores, a vegetação também é capaz de
melhorar a qualidade do ar com a absorção do gás carbônico e a liberação de
oxigênio, além de atenuar ruídos externos, característica desejável para um local
que abrigue atividades de ensino e de aprendizado.
Já a grande área de superfícies permeáveis que incluem gramados, blocos de
concreto intertravado, pisograma e placas de concreto poroso são capazes de evitar
o efeito de ilha de calor, que tem como uma de suas causas a concentração de
áreas impermeáveis nos centros urbanos, visto que esses materiais possuem
dificuldade em dissipar calor devido à sua baixa umidade (ALBUQUERQUE,
LOPES, 2016).
Os pátios existentes no projeto retêm a umidade proporcionada pela
arborização, pelos espelhos d‟água e pelas superfícies permeáveis, também
104

atenuam a radiação solar e a incidência de ventos quentes e favorecem a ventilação


natural devido ao efeito da diferença de pressão que provoca a sucção do ar (Figura
29 e Figura 58) (SILVA, SIGARDO, 2015).
Figura 58 – Perspectiva do pátio entre os dois blocos.

Fonte: Natanael Gomes (2017).

Os blocos são alongados no eixo leste-oeste, forma e orientação que


segundo Mascaró e Mascaró (1992, apud SILVEIRA, 2007) recebe menos radiação
solar. O bloco pedagógico possui forma mais compacta com um corredor
duplamente carregado, o que também reduz os ganhos térmicos em detrimento da
ventilação cruzada, visto que o condicionamento de ar nos ambientes desse bloco é
necessário devido à necessidade de isolamento acústico.
Os ambientes que têm fechamentos externos voltados para o oeste não
possuem aberturas nessa direção. A alvenaria de tijolos de solo-cimento que
recebem a insolação vinda do oeste recebeu especificação para ser pintada na cor
branca e é protegida por uma projeção da cobertura. Nos ambientes de longa
permanência também foi utilizada uma parede dupla composta pela alvenaria, uma
caixa-de-ar e pela divisória em gesso acartonado preenchida com lã de vidro. Desse
modo supõe-se que os ganhos térmicos serão minimizados a níveis adequados
nestes ambientes.
O bloco pedagógico possui brises apoiados nos pilares metálicos e em cabos
de aço nas fachadas norte e sul, que se estendem ao longo do comprimento do
bloco, e em diferentes alturas, bloqueando boa parte da incidência solar nas
aberturas e na alvenaria. Alguns deles funcionam como prateleiras de luz por refletir
a radiação solar e por aumentar a profundidade e intensidade da iluminação natural
nos ambientes dos dois pavimentos (Figura 59).
105

Figura 59 – Parte do corte do projeto que mostra os brises horizontais

Prateleira de luz

Fonte: Natanael Gomes (2017).

Com a presença dos brises citados espera-se um consumo de energia


reduzido pelo menor esforço dos aparelhos de ar-condicionado para que seja
atingida uma temperatura confortável e pelo maior aproveitamento da iluminação
natural e consequente menor uso da iluminação artificial.
As hachuras nas duas cartas solares abaixo mostram as horas em que as
aberturas das extremidades das fachadas norte e sul, protegidas pelos brises
horizontais, estariam sombreadas ao longo do ano, considerando o ângulo de 50º
mostrado na figura 59.
Figura 60 – Cartas solares das fachadas norte e sul do bloco 2 com a hachura das horas de proteção
solar das aberturas das extremidades proporcionada pelos brises horizontais

Fonte: LABEE (2009). Editado pelo autor (2017).


106

As janelas das extremidades das fachadas são as que receberiam maior


radiação solar direta ao longo do ano, porque as outras também teriam a proteção
representada pelo ângulo gama de modo que a maioria das janelas estaria
totalmente protegida.
A área das aberturas que possui vidro corresponde a aproximadamente 1:6
da área do piso dos ambientes, seguindo o exigido pelo Código de Obras de
Teresina e considerando a recomendação da norma Norma Brasileira NBR 15220-3
de 2003, que sugere a presença de aberturas pequenas como estratégia para a
Zona Bioclimática 7, para reduzir os ganhos de calor.
O vidro especificado para as aberturas foi o de baixa emissividade, que,
segundo Lamberts, Dutra e Pereira (2014), é mais eficiente que os reflexivos
comuns por permitir que a iluminação natural entre no interior ao mesmo tempo em
que bloqueia o calor vindo de objetos no exterior, reduzindo também possíveis
ganhos de calor aumentados pela reflexão das prateleiras de luz.
Ainda sobre a eficiência energética é prevista a instalação de placas
fotovoltaicas para geração de energia. Para isso há uma área técnica na cobertura
capaz de abrigar equipamentos utilizados no sistema como baterias, inversores
solares, etc. A própria orientação da cobertura com a cumeeira alinhada com o eixo
Leste-Oeste também favorece a geração de energia pelas placas. A área técnica
ainda pode abrigar caixas d‟água para armazenamento de água não potável, oriunda
de coleta de água pluvial ou aproveitamento de águas cinzas, porque a água potável
é prevista para ser armazenada em um castelo d‟água devido ao elevado volume de
água.
Outros elementos utilizados com o objetivo de obtenção de maior eficiência
energética não serão especificados no nível de detalhamento de projeto como o tipo
de luminárias, lâmpadas e aparelhos de ar-condicionado, sensores de presença,
minuterias e sistema de controle fotoelétrico capazes de regular a intensidade da
iluminação artificial de acordo com a necessidade, mas todos estes elementos
seriam desejáveis caso o edifício fosse ser construído.
Do mesmo modo, não serão especificadas ou detalhadas outras ações
visando o uso eficiente, a gestão e a conservação da água devido ao nível de
detalhamento do projeto e/ou por serem elementos geralmente projetados por
profissionais com outras especialidades.
107

Entre os elementos desejáveis caso o projeto viesse a ser construído tem-se


o projeto do sistema de distribuição, com características que evitem vazamentos e
com pressão mínima para funcionamento, a coleta de águas pluviais e o reuso de
águas cinzas para usos em que seja aceito água não potável, a gestão da água por
meio do monitoramento do consumo e da identificação de elevação repentina do
consumo, bem como metais e louças sanitárias capazes de reduzir o consumo de
água.

9.4 ARQUITETURA EDUCACIONAL

A pesquisa bibliográfica sobre arquitetura educacional apresentada neste


trabalho determinou parte das características dos ambientes didáticos projetados.
Em relação à acústica, desejou-se minimizar a interferência de ruídos
externos nas salas de aula e nos laboratórios pelo seu distanciamento em relação à
avenida João XXIII, por esta apresentar maior tráfego de veículos. Outra estratégia
adotada com o mesmo propósito foi o uso da arborização, capaz de reduzir a
intensidade dos ruídos (KOWALTOWSKI, 2011).
As portas das salas de aula receberam especificação para ter maior
capacidade de isolamento acústico, assim como as divisórias e os forros, de modo a
evitar transferência de ruídos entre os ambientes (GUIDALLI, 2012). Para redução
dos ruídos internos a partir das vozes e da reverberação do som há o forro mineral
com capacidade de absorção acústica nos ambientes didáticos, com exceção do
forro do auditório (KOWALTOWSKI, 2011).
A presença da iluminação natural foi favorecida pelas janelas compridas e
pelas prateleiras de luz, que intensificam o alcance e a intensidade da luz, porque os
benefícios ao desempenho dos alunos são cientificamente comprovados por
Hescong Mahone Goupe (1999) apud Kowaltowski (2011). As prateleiras de luz
também evitam a incidência da radiação solar direta e o ofuscamento. A altura do
peitoril foi considerada como adequada para a visualização do exterior pelos alunos
sentados, a fim de permitir descansar a visão durante a utilização de livros e de
computadores (KOWALTOWSKI, 2011).
Apesar das aberturas não estarem afastadas do quadro negro como sugere
Azevedo (2012), considera-se necessária a utilização de cortinas tipo painel com
duas camadas, recomendadas por Guidalli (2012). A iluminação natural também é
108

unilateral e vinda do lado esquerdo dos alunos, e foram sugeridos revestimentos de


cores claras no forro, bem como nas paredes laterais e do fundo, e de cor escura na
parede do quadro branco para proporcionar descanso visual aos alunos (AZEVEDO,
2012; GUIDALLI, 2012).
Foi adotado o corredor duplamente carregado dando acesso às salas de
aulas e aos laboratórios, em oposição ao corredor lateral sugerido por Kowaltowski
(2011) (Figura 15). A escolha deve-se à preferência por uma construção compacta
capaz de absorver menos calor em detrimento da ventilação cruzada, porque a
ventilação deve ser usada com cautela em ambientes didáticos para evitar a entrada
de ruídos pelas aberturas (GUIDALLI, 2012).
Já o projeto do auditório recebeu a presença da plateia distribuída em
patamares e a utilização de materiais absorventes e refletores, e seu
posicionamento seguiu o que sugerem Alvez, Castral e Chvtal (2011).

9.5 CONCEITO ARQUITETÔNICO?

Optou-se por usar critérios como a sustentabilidade, a funcionalidade, a


flexibilidade e a racionalidade para definir as características do projeto em vez de
buscar ideias externas e incialmente dissociadas do projeto arquitetônico para
caracterizá-lo. Acredita-se que o conceito arquitetônico possa trazer qualidades para
o projeto de arquitetura, mas sem ser essencial a todos os projetos e tipologias.
Para Kapp, Nogueira e Baltazar (2009):

[...] o conceito e seu desenvolvimento fictício são tão determinantes para o


processo de projeto que outras considerações, tais como as qualidades do
espaço, o processo construtivo ou o contexto natural e urbano, se tornam
secundárias. O conceito permite negligenciar dificuldades e contradições e
ainda fornece uma explicação para a negligência que pode ser reproduzida
com relativa facilidade na mídia, na política e nos salões (KAPP,
NOGUEIRA, BALTAZAR, 2009, p. 15).
.

As mesmas autoras ainda afirmam que a importância dada ao conceito pelo


arquiteto tende a ser mais determinada por seus interesses do que pelos dos
clientes e associam a valorização do conceito à prática profissional de arquitetos
modernistas em uma época com um número reduzido de arquitetos e urbanistas em
relação à população nacional:
109

Há hoje pelo menos dez vezes mais arquitetos em relação à população


brasileira do que havia nos tempos áureos do modernismo. Arquitetos como
Lúcio Costa ou Oscar Niemeyer saíram da elite carioca do início do século
XX e operaram num campo arquitetônico muito restrito. Que eles ainda
figurem como modelos para muitos estudantes de arquitetura (Macedo,
2009) não é apenas um anacronismo, como também reprodução irrefletida
de uma formação social extremamente desigual. É contraditório pleitear por
uma sociedade mais igualitária e democrática e, ao mesmo tempo,
perpetuar a idéia de uma prática profissional centrada em obras de
arquitetura extraordinárias (KAPP, NOGUEIRA, BALTAZAR, 2009, p.5).
110

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espera-se que a abordagem sobre arquitetura sustentável pelo autor deste


trabalho, um estudante concluindo o curso de graduação em Arquitetura e
Urbanismo, tenha mostrado a importância e a complexidade do tema, bem como a
dificuldade para a sua aplicação prática.
A sustentabilidade deve ser vista como essencial e ser buscada por todos.
Para isso é necessária o aprendizado de diversos conhecimentos, muitos deles
recém descobertos por ser uma área do saber em constante desenvolvimento.
111

REFERÊNCIAS

2012 SAB Awards Winning Project - Jim Pattison Centre of Excellence in


Sustainable Building Technologies and Renewable Energy Conservation. Disponível
em: < http://www.sabmagazine.com/blog/2012/07/26/2012-sab-awards-winning-
project-jim-pattison-centre-of-excellence-in-sustainable-building-technologies-and-
renewable-energy-conservation/>. Acesso em: 14 jun. 2017.

ALARÇÃO, D. ;FAFAIOL, C.; BENTO COELHO, J. L. Acústica de salas de aula. In:


ACÚSTICA, 2008, Coimbra. Anais eletrônicos... Coimbra: Universidade de
Coimbra, 2008. Disponível em: < sea-
acustica.es/fileadmin/publicaciones/Coimbra08_id274.pdf>. Acesso em: 03 set.
2017.

ALBUQUERQUE, M. M; LOPES, W. G. R. Influência da vegetação em variáveis


climáticas: estudo em bairros da cidade de Teresina, Piauí. R. Ra‟e Ga. Curitiba: v.
36, p. 38 - 68, abr. 2016.

ALVEZ, M. R.; CASTRAL, P.C.; CHVTAL, K. M. S. Manual de ambientes didáticos


para graduação. São Carlos: Suprema, 2011. 96p.

ANDRADE, L. M. S.; ROMERO, M. A. B. Desenho de assentamentos urbanos


sustentáveis: proposta metodológica. In: CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE
CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 1; ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2004, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: [S.l.],
2004. Disponível em: <http://www.ceap.br/material/MAT22022011132700.pdf>.
Acesso em: 26 maio 2017.

ARAÚJO, D. C.; MORAIS, C. R. S.; ALTIDES, M. E. D. Avaliação mecânica e físico-


química entre telhas convencionais e alternativas usadas em habitações populares.
Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v.3.2, p. 50-56, 2008.

ARCHDAILY. Clássicos da Arquitetura: Bauhaus Dessau / Walter Gropius.


Disponível em: < http://www.archdaily.com.br/br/805820/classicos-da-arquitetura-
bauhaus-dessau-walter-gropius>. Acesso em: 30 abr. 2017a.

______. Clássicos da Arquitetura: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de São Paulo (FAU-USP) / João Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi.
Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/01-12942/classicos-da-arquitetura-
faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo-da-universidade-de-sao-paulo-fau-usp-joao-
vilanova-artigas-e-carlos-cascaldi>. Acesso em: 30 abr. 2017b.

______. Campus Avançado UFC Russas / Rede Arquitetos + RI Arquitetura.


Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/786673/campus-avancado-ufc-
russas-rede-arquitetos-plus-ri-arquitetura>. Acesso em: 29 maio 2017c.

______. Núcleo de Estudos em Água e Biomassa / Oficina de Arquitetos. Disponível


em: <http://www.archdaily.com.br/br/777246/nucleo-de-estudos-em-agua-e-
biomassa-oficina-de-arquitetos>. Acesso em: 02 jun. 2017d.
112

______. Okanagan College Centre of Excellence in Sustainable Building


Technologies and Renewable Energy Conservation / CEI. Disponível em:
<http://www.archdaily.com/173726/okanagan-college-centre-of-excellence-in-
sustainable-building-technologies-and-renewable-energy-conservation-cei>. Acesso
em: 14 jun. 2017e.

ARGAN, G. C. Walter Gropius e a Bauhaus. 2. ed. Lisboa: Editorial Presença,


1990.

AZEVEDO, G. A. N. Arquitetura escolar e educação: um modelo conceitual de


abordagem interacionista. 2002. 208 p. Tese (Doutorado em Ciências em
engenharia de produção) - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
2002.

BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões. [S.l.] 4


ed., n. 4, v. 1, jan/jun 2008.

BARREYRO, G. B. Mapa do Ensino Superior Privado. Brasília: Instituto Nacional


de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2008.

BECKER, M. et al (Coord). A Pegada Ecológica de São Paulo: Estado e Capital e


a família de pegadas. Brasília: WWF Brasil, 2012.

BONAFÉ, G. Lajes nervuradas garantem economia à construção. Disponível em: <


https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/lajes-nervuradas-garantem-economia-a-
construcao_11026_0_1>. Acesso em: 10 jun. 2017a.

BONAFÉ, G. Estruturas metálicas reduzem o tempo de construção em até 40%,


Disponível em: <https://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/estruturas-metalicas-
reduzem-o-tempo-de-construcao-em-ate-40_10301_0_1>. Acesso em: 14 nov.
2017b.

BRASIL. Decreto nº 5.773, de 9 de Maio de 2006. Dispõe sobre o exercício das


funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e
cursos superiores de graduação e seqüenciais no sistema federal de ensino.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2006/Decreto/D5773.htm#art79>. Acesso em: 31 abr. 2017.

______ Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as


diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>. Acesso em: 31 abr. 2017b.

_______. Ministério da educação. Sistema E-MEC. Disponível em


<http://emec.mec.gov.br>. Acesso em: 23 mar. 2017a.

_______. Ministério do meio ambiente. Construção sustentável. Disponível em


<http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/urbanismo-
113

sustentavel/constru%C3%A7%C3%A3o-sustent%C3%A1vel>. Acesso em: 20 jun.


2017b.

BRITO, T. T. R. CUNHA, A. M. O. Revisitando a História da Universidade no Brasil:


política de criação, autonomia e docência. APRENDER - Caderno de Filosofia e
Psicologia da Educação, Vitória da Conquista, ano 7, n. 12, p. 43-63, 2009.

BRUAND, Y. Arquitetura Contemporânea no Brasil. 2. ed. São Paulo:


Perspectiva, 1991.

CSLA - Canadian Society of Landscape Architects. Centre of Excellence in


Sustainable Building Technologies and Renewable Energy Conservation. Disponível
em: < http://www.csla-aapc.ca/awards-atlas/centre-excellence-sustainable-building-
technologies-and-renewable-energy-conservation>. Acesso em: 14 jun. 2017

CAU/BR - Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil. Censo dos Arquitetos e


Urbanistas do Brasil: Censo por Estado (Piauí). 2012. Disponível em:
<http://www.caubr.gov.br/censo/>. Acesso em: 22 abr. 2017.

CBCS - Centro brasileiro de construção sustentável. Aspectos da


Construção Sustentável no Brasil e Promoção de Políticas Públicas. [S.l.: s.n.],
2014.

CMA - CBIC. Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da


Construção. Gestão de recursos hídricos na indústria da construção: uso
eficiente da água em edifícios residenciais. Brasília: [s.n.], 2016.

CMA - CBIC. Comissão de Meio Ambiente da Câmara Brasileira da Indústria da


Construção. Gestão de recursos hídricos na indústria da construção:
conservação de água e gestão da demanda. Brasília: [s.n.], 2017.

CHU et al. Building Performance Evaluation for Jim Pattison Centre of Excellence in
Sustainable Building Technologies and Renewable Energy Conservation. Disponível
em: <http://iisbecanada.ca/umedia/cms_files/Report_-_JPCOE_Final_Feb2015.pdf>.
Acesso em: 16 jun. 2017.

CIDIN, R.C.P.J.; SILVA, R.S. Pegada ecológica: instrumento de avaliação dos


impactos antrópicos no meio natural. Estudos Geográficos, Rio Claro, v. 2, n.1, p.
43-52, jun. 2004.

COELHO FILHO, O; SACCARO JUNIOR, N. L.; LUEDEMANN, G. A Avaliação de


Ciclo de Vida como ferramenta para a formulação de políticas públicas no
Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2016.

CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Estatísticas do SIC.


Disponível em: <
http://ws.confea.org.br:8080/EstatisticaSic/ModEstatistica/Pesquisa.jsp?vw=Nivel>.
Acesso em: 22 abr. 2017.
114

CONTI, J. B. Considerações sobre as mudanças climáticas globais. Revista do


Departamento de Geografia, n. 16, p. 70-75, 2005.

COSTA, E. B. O; RAUBER, P. História da educação: surgimento e tendências atuais


da universidade no Brasil. Revista Jurídica UNIGRAN. Dourados, v. 11, n. 21, p.
241-253, jan./jun. 2009.

CREA-SP. Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo. Cartilha


Engenharia e Arquitetura Sustentável. São Paulo, SP, 2012.

CUNHA, R. UFF inaugura Núcleo de Estudos em Biomassa e Gerenciamento de


Águas. Disponível em: <http://www.noticias.uff.br/noticias/2014/03/nab-
inauguracao.php>. Acesso em: 3 jun. 2017.

DELIBERADOR, M. S. O processo de projeto de arquitetura escolar no Estado


de São Paulo: caracterização e possibilidades de intervenção. 2010. 255 f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010.

DUARTE, B.M.A. Preocupações de sustentabilidade e especificações técnicas


de obras. 2009. 148f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Faculdade de
Engenharia, Universidade do Porto, Porto, 2009.

ECOPEX. Telha Ecológica de Caixinha de Leite. Disponível em: <


http://www.ecopex.com.br/produtos-diversos/telha-ecologica/>. Acesso em: 15 nov.
2017.

ECO PRODUÇÃO. Manual prático. Tijolo ecológico modular. Disponível em: <
http://www.ecoproducao.com.br/downloads/cartilha-eco-producao.pdf
>. Acesso em: 30 ago. 2017.

EXPOSIÇÕES VIRTUAIS DO ARQUIVO NACIONAL. A Corte de d. João VI.


Disponível em: <http://www.exposicoesvirtuais.arquivonacional.gov.br/pt-
br/exposicoes/65-brasil-o-imperio-nos-tropicos/304-a-corte-de-d-joao-vi>. Acesso
em: 27 maio 2017.

FERREIRA, D. M. et al. Soluções Bioclimáticas da Arquitetura Vernacular na Região


Transfronteiriça entre Bragança e Castela-Leão. In: SEMINÁRIO REVER,
CONTRIBUTOS DA ARQUITETURA VERNÁCULA PORTUGUESA PARA A
SUSTENTABILIDADE DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 2015, Porto. Atas... Porto,
Universidade do Minho, 2015, p. 63-72. Disponível em: <
https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35978/1/2041-
Seminario_reVer_livroAtas.pdf#page=9>. Acesso em: 07 jun. 2017.

FIGUEIROLA, V. Forro certo. 2013. Disponível em: <


http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/193/forro-certo-especificacao-de-
sistema-removivel-ou-monolitico-depende-285995-1.aspx>. Acesso em: 15 nov.
2017.
115

FISCHER, T. Seduções e riscos: a experiência do mestrado profissional. RAE, [S. l.],


v. 43, n. 2, p. 119-123, 2003.

GELISNKI, G. Brises e pilotis no campus da UFF. Disponível em:


<https://arcoweb.com.br/finestra/arquitetura/oficina-arquitetos-nucleo-estudos-agua-
biomassa-uff-niteroi-rj#>. Acesso em: 02 jun. 2017.

GLANCEY, J. História da arquitetura. São Paulo: Edições Loyola, 2001.

GOOGLE MAPS. Disponível em:


<https://www.google.com.br/maps?source=tldsi&hl=pt-BR>. Acesso em: 28 maio
2017.

GÖSSEL, P.; LEUTHÄUSER, G. Architecture in the Twentieth Century.


Alemanha: Benedikt Taschen, 1991.

GREVEN, H. A. BALDAUF, A. S. F. Introdução à coordenação modular


da construção no Brasil: uma abordagem atualizada. Porto Alegre: ANTAC, 2007.

GUIDALLI, C. R. R. Diretrizes para o projeto de salas de aula em universidades


visando o bem-estar do usuário Linha de Pesquisa 1: Métodos e Técnicas
Aplicadas ao Projeto em Arquitetura e Urbanismo. 2012. 237 p. Dissertação
(Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo, Florianópolis, 2012.

GUARDIAN SOLUTIONS. Case study using Guardian Sun Guard Advanced


Architectural Glass. Jim pattison centre of excellence. Disponível em: <
https://www.guardianglass.com/cs/groups/sunguard/documents/native/pro_050366.p
df>. Acesso em: 14 jun. 2017.

HIDROSHOW. Perguntas e respostas sobre o Tijolo Ecológico (Solo cimento). 2012.


Disponível em: < http://hidroshow.blogspot.com.br/2012/10/perguntas-e-respostas-
sobre-o-tijolo.html>. Acesso em: 30 ago. 2017.

IGEO: Banco de dados. Disponível em: <https://igeo.caubr.gov.br/igeo/>. Acesso


em: 22 abr. de 2017.

IISBE Canada. Jim Pattison Centre of Excellence, Penticton, British Columbia.


Disponível em: <http://iisbecanada.ca/umedia/cms_files/iiSBE_-_JPCoE_-
_High_Quality_Poster.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017.

ISOLDI, R. A. Tradição, inovação e sustentabilidade: desafios e perspectivas do


projeto sustentável em arquitetura e construção. 2007. 334 f. Tese (Doutorado em
Engenharia) - Escola de Engenharia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2007.

JOHN, V.M.; SATO, N, M. N. Durabilidade de componentes da construção. IN:


SATTLER, M. A.; PEREIRAF, F. O. R. (Ed.). Construção e Meio Ambiente. Porto
Alegre: ANTAC, 2006. p. 20-57. (Coleção Habitare, v. 7)
116

JOHN, V.M.; OLIVEIRA, D. P.; LIMA, J. A. R. Levantamento do estado da arte:


Seleção de materiais. São Paulo: FINEP, 2007.

JOHN,V.M.; PRADO, R.T.A. (Coord.). Boas práticas para habitação mais


sustentável. São Paulo: Páginas & Letras - Editora e Gráfica, 2010.

KAPP, S.; NOGUEIRA, P.; BALTAZAR, A. P. Arquiteto sempre tem conceito , esse é
o problema. In: PROJETAR, 4, 2009. Anais eletrônicos... São Paulo: FAU-UPM,
2009. Disponível em:
<http://www.mom.arq.ufmg.br/mom/05_biblioteca/acervo/kapp_nogueira_baltazar.pdf
>. Acesso em: 20 nov. 2017.

KOWALTOWSKI, D. C. C. K. Arquitetura escolar: o projeto do ambiente de ensino.


São Paulo: Oficina de textos, 2011.

LABEEE – Laboratório de Eficiência Energética de Edificações. Universidade


Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil. Analysis Sol-Ar.
Versão 6.2. 2009.

LAMBERTS, R; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência energética na


Arquitetura. 3. ed. [S.L.]: ELETROBRAS/PROCEL, 2014.

LOUREIRO, P.S. Complexo de reaproveitamento de materiais: a arquitetura


divulgando o resíduo sólido urbano como recurso. In: CONFERÊNCIA LATINO-
AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL, 1; ENCONTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 10 , 2004, São Paulo. Anais
eletrônicos... Disponível em:
<ftp://ip20017719.eng.ufjf.br/Public/AnaisEventosCientificos/ENTAC_2004/trabalhos/
PAP0092d.pdf>. Acesso em: 14 nov. 2017.

LUCA, C. R. Desempenho acústico em sistemas drywall. 2. ed. São Paulo:


Associação Brasileira do Drywall, 2015.

MACÊDO, B. R. G. Controle de qualidade dos blocos vazados de solo-cimento


produzidos pela associação teresinense dos profissionais de olaria do bairro
Poty velho em Teresina-PI segundo os requisitos da NBR 10834 (ABNT, 2012).
2016. 54 f. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Federal do
Piauí, Teresina, 2016.

MACHADO et al. Viabilidade da do gesso acartonado na construção civil In:


ENCONTRO DE TECNOLOGIA DA UNIUBE, 8, 2014, Uberaba. Anais
eletrônicos... Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-
1.amazonaws.com/biochemistryproceedings/8entec/005.pdf> Acesso em: 14 nov.
2017.

MARQUES, F. M. Design em diálogo no espaço universitário: a memória do


edifício Theatro Casa do Ator, o prédio de vidro. 2011. 217f. Dissertação (Mestrado
em Design) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2011.
117

MARTINS, A. C. P. Ensino superior no Brasil: da descoberta aos dias atuais. Acta


Cirúrgica Brasileira, v. 17, p. 4-6, 2002.

MASCARÓ, J. L. O custo das decisões arquitetônicas. 4. ed. Porto Alegre:


Masquatro Editora, 2006. 192p.

MELENDEZ, A. No sertão cearense, a arquitetura universitária. Projeto, São Paulo,


n. 433, p. 98-103, set./out. 2016. Disponível em:
<https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/neudson-braga-coordenacao-
rede-arquitetos-croquis-arquitetos-ri-arquitetura-edificios-escolares-crateus-e-russas-
ce#>. Acesso em: 28 maio 2017.

MELO, A. M. V. V. Os alicerce da Educação Superior no Piauí: Uma avaliação


das experiências das faculdades de Direito e Católica de Filosofia (1930 – 1970).
2006. 147f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências da
Educação, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2006.

MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em:


<http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/>. Acesso em: 30 abr. 2017.

MIGNOT, C. Architecture of the 19th Century. Itália: Benedikt Taschen, 1994.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento


Sustentável. Manual de obras públicas sustentáveis. Belo Horizonte, 2008.

MORALES, B. R. S. C.; ARAÚJO, G. S.; GUEDES, N. L. S. Estudo de alvenaria


racionalizada com blocos ecológicos. IN: ENCONTRO NACIONAL, 7, ENCONTRO
LATINO-AMERICANO SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS,
2011, Vitória. Anais eletrônicos... Vitória: [s.n], 2011. Disponível em:
<http://www.elecs2013.ufpr.br/wp-content/uploads/anais/2011/2011_artigo_072.pdf>.
Acesso em: 03 set. 2017.

MOTTA, J. C. S. S. et al. Tijolo de solo-cimento: análise das características físicas e


viabilidade econômica de técnicas construtivas sustentáveis. e-xacta, Belo
Horizonte, v. 7, n. 1, p. 13-26, 2014.

MUSEUS NACIONAL DE BELAS ARTES. Histórico. Disponível em:


<http://mnba.gov.br/portal/museu/historico>. Acesso em: 29 abr. 2017.

NATURALLY WOODS. Okanagan College Jim Pattison Centre Of Excellence.


Disponível em: <http://www.naturallywood.com/project-gallery/okanagan-college-jim-
pattison-centre-excellence>. Acesso em: 14 jun. 2017.

NEVES, C. E. B. A estrutura e o funcionamento do ensino superior no Brasil. In:


SOARES, M. S. A. (Org). A Educação superior no Brasil. Porto Alegre: UNESCO,
2002, p. 43-106.

NOVO ESTUDO da ONU indica que mundo terá 11 bilhões de habitantes em 2100,
2015. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/novo-estudo-da-onu-indica-que-
mundo-tera-11-bilhoes-de-habitantes-em-2100/>. Acesso em: 24 out. 2016.
118

OKANAGAN COLLEGE. The Jim Pattison Centre of Excellence. Disponível em:


<http://www.okanagan.bc.ca/Campus_and_Community/Okanagan_College_Foundati
on/Donor_Impact/Centre_of_Excellence.html>. Acesso em: 14 jun. 2017.

OLIVEIRA, L. G. Arquitetura moderna na Alemanha: no período de 1900 a 1933.


2004. 167 f. Dissertação (Mestrado em História) - Departamento de História,
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004.

OLIVEIRA, T. Origem e memória das universidades medievais: a preservação de


uma instituição educacional. Varia historia, Belo Horizonte, v. 23, n. 37, p.113-129,
jan./jun. 2007.

OWA. Sustentabilidade. Disponível em:


<http://www.owa.com.br/sustentabilidade.html> Acesso em: 26 nov. 2017.

PANORAMIO. Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/81625355>.


Acesso em: 29 abr. 2017.

PAULO, R. F. O desenvolvimento industrial e o crescimento populacional como


fatores geradores do impacto ambiental. Veredas do Direito, Belo Horizonte, v.7,
n.13/14, p.173-189, 2010.

PEREIRA, C. E. F. et. al. Aspectos relevantes na relação população x meio


ambiente. Sinapse Ambiental, v.4, n.2, p. 75-88, dez. 2007.

PERROTTA-BOSCH, F. Relação com a Guanabara. Disponível em: <


https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/oficina-de-arquitetos-laboratorio-de-
pesquisas-niteroi-rj-01-03-2014#>. Acesso em: 02 jun. 2017.

PIQUET, R.; LEAL, J. A. A.; TERRA, D. C. T. Mestrado profissional: proposta


polêmica no Sistema Brasileiro de Pós-Graduação – o caso do planejamento
regional e urbano. Revista Brasileira de Pós-Graduação, v. 2, n. 4, p. 30-37, jul.
2005.

POLI. História da Poli. Disponível em: <http://www.poli.usp.br/pt/a-


poli/historia/historia-da-poli.html>. Acesso em: 29 abr. 2017.

RANGEL, I. R. G.; SOUZA, C. H. M.; NASCIMENTO, E. C. T. Canhotos em terra de


destros: as dificuldades escolares enfrentadas pelas pessoas que escrevem com a
mão esquerda. Nucleus, v.12, n. 2, p. 7-16, out. 2015.

RUSSAS. Sobre Russas. Disponível em: <http://russas.ce.gov.br/sobre-russas/l>.


Acesso em: 29 maio 2017a.

RUSSAS, Brazil latitude longitude. Disponível em: <


http://latitudelongitude.org/br/russas/>. Acesso em: 05 jun. 2017b.
119

SANTOS, A. Concreto polido: do chão da fábrica à decoração. Disponível em: <


http://www.cimentoitambe.com.br/concreto-polido-do-chao-da-fabrica-a-
decoracao/l>. Acesso em: 15 nov. 2017.

SCARPA, F.; SOARES, A. P. Pegada ecológica: qual é a sua? São José dos
Campos: INPE, 2012. 24p.

SCHELB, C. G. Avaliação de tipologias construtivas nos critérios de


sustentabilidade: Estudo de casos – telhas. 2016. 137 f. Dissestação (Mestrado
em Tecnologia e Sustentabilidade) - Programa de Pesquisa e Pós-graduação. ,
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2016.

SILVA, G. J. A.. Cidades sustentáveis: uma nova condição urbana: estudo de caso:
Cuiabá-MT. 2011, 376 f. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) - Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de Brasília, Brasília, 2011.

SILVA, J. J. C. ; SIGARDO, J. Arquitetura Vernácula, Arquitetura Bioclimática e


Eficiência Energética. In: SEMINÁRIO REVER, CONTRIBUTOS DA ARQUITETURA
VERNÁCULA PORTUGUESA PARA A SUSTENTABILIDADE DO AMBIENTE
CONSTRUÍDO, 2015, Porto. Atas... Porto, Universidade do Minho, 2015, p. 9 - 18.
Disponível em: <https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/35978/1/2041-
Seminario_reVer_livroAtas.pdf#page=9>. Acesso em: 07 jun. 2017.

SILVA, M. I; GONZALEZ, L. R. SILVA FILHO, D.F. Recursos naturais de conforto


térmico: um enfoque urbano. REVSBAU. Piracicaba: v.6, n.4, p. 35-50, 2011.

SILVEIRA, A. L. R. C. Parâmetros ambientais para avaliação de conjuntos


habitacionais na região tropical subúmida do Brasil. 2007. 312 f. Tese
(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

SOARES, Roberto A. L.; SOARES, Ramirez A. L. LIMA, Y. C. C. Avaliação do tijolo


ecológico produzido em Teresina – PI. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CERÂMICA, 30, 2016, Águas de Lindóia. Anais eletrônicos... Águas de Lindóia:
Metallum, 2016. Disponível em: < http://metallum.com.br/60cbc/anais/PDF/06-
007TT.pdf >. Acesso em: 31 ago. 2017.

SOLUM. Sustentabilidade. Disponível em: <


http://www.tintasolum.com.br/site/sustentabilidade/> Acesso em: 14 nov. 217.

SOUZA, J. G. Evolução histórica da universidade brasileira: abordagens


preliminares. Revista da faculdade de educação, Campinas, v. 1, n.1, p. 42-58,
ago. 1996.

SOUZA, L. S. M. Avaliação ambiental da produção de tijolos cerâmicos e


ecológicos. 2016. 118 f. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) –
Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2016.

TELLES, A. C. S. Atlas dos monumentos históricos e artísticos do Brasil. 3. ed.


Brasília, IPHAN, 2008. 351p.
120

TERESINA. Lei complementar n° 3.560, de 20 de outubro de 2006. Define as


diretrizes para o uso do solo urbano do Município e dá outras providências.
Teresina PI, 20 out. 2006a. Disponível em: <http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/2014/09/3.560-2006.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.

TERESINA. Lei complementar n° 3.562, de 20 de outubro de 2006. Define as


diretrizes para a ocupação do solo urbano e dá outras providências. Teresina PI, 20
out. 2006b. Disponível em: <http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/2014/09/3.562-2006.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.

TERESINA. Lei complementar nº 4.955, de 16 de novembro de 2016. Altera


dispositivos da Lei Complementar nº 3.560, de 20 de outubro de 2006 (Define as
Diretrizes para o Uso do Solo Urbano do Município), com modificações
posteriores, na forma que especifica. Teresina PI, 20 nov. 2016a. Disponível em: <
http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/2017/01/Lei-n%C2%BA-4.955-
Comp.-de-16.11.2016-Altera-dispositivos-da-Lei-Complementar-n%C2%BA-3560-
2006.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2017.

TERESINA. Mapa das empresas. Teresina: [s.n.], 2015. Escala 1 : 25.000.


Disponível em: <http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/2016/08/MAPA-DE-EMPRESAS-2015.pdf>. Acesso em: 17 jun.
2017.

TERESINA. Mapa de divisão de bairros. Teresina: [s.n.], 2013. Escala 1 : 25.000.


Disponível em: < http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/2014/10/Lei-
n%C2%BA-4.423-2013-Anexo-2-mapa-dos-bairros-de-Teresina.pdf>. Acesso em: 16
jun. 2017.

TERESINA. Mapa de zoneamento urbano. Teresina: [s.n.], 2014. Escala 1 : 25.000.


Disponível em: < http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-
content/uploads/2014/10/MAPA-ZONEAMENTO-ATUALIZADO_22_ABR_2014-
USO-DO-SOLO.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2017.

TERESINA. Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação. Perfis dos


Bairros. Bairro Jóquei. Teresina: [s.n.], 2016b. Disponível em: <
http://semplan.teresina.pi.gov.br/wp-content/uploads/2016/08/J%C3%93QUEI-
2016.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2017.

TORGAL, F.P.; JALALI, S. Construção sustentável. o caso dos materiais de


construção. IN: CONGRESSO CONSTRUÇÃO, 3, 2007, Coimbra. Resumos...
Coimbra: Universidade do Minho, 2007.

TORGAL, F.P.; JALALI, S. A sustentabilidade dos materiais de construção. 2.ed.


Barbudo, [s.n.]. 2010. 462 p.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ.* Histórico. Disponível em:


<http://www.uespi.br/site/?page_id=25578>. Acesso em 30 abr. 2017.
121

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – CAMPUS RUSSAS. O campus.


Disponível em: < http://www.campusrussas.ufc.br/campus.php>. Acesso em: 29
maio 2017.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI. Matriz curricular do curso de


Engenharia Civil. Disponível em: <http://leg.ufpi.br/ct/index/pagina/id/1737>. Acesso
em: 22 abr. 2017.

VASCONCELOS, R. L.; PIRRÓ, L.; NUDEL, M. A importância da inserção dos


conceitos de sustentabilidade no currículo das escolas de arquitetura no Brasil para
a formação das novas gerações de arquitetos. In: ENCONTRO NACIONAL DE
TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Anais eletrônicos... Florianópolis,
2006. Disponível em <
http://www.infohab.org.br/entac2014/2006/artigos/ENTAC2006_3885_3893.pdf>.
Acesso em: 10 abr. 2017.

VOSGUERITCHIAN, A. B. A abordagem dos sistemas de avaliação de


sustentabilidade da arquitetura nos quesitos ambientais de energia, materiais
e água, e suas associações às inovações tecnológicas. 2006. 247 f. Dissertação
(Mestrado em Tecnologia da Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade de São Paulo, São Paulo (Cidade), 2006.

XAVIER, S. P. Temática da sustentabilidade no ensino de graduação em


arquitetura e urbanismo: estudo de caso das experiências de três instituições
públicas. 2011. 171 f. Dissertação (Mestrado em Construção Civil) – Setor de
Tecnologia, Curso de Pós-Graduação em Construção Civil, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2011.

Potrebbero piacerti anche