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AS SOMBRAS DO TEMPLO NO DIZIMO E NA IGREJA

Influências do judaísmo e do paganismo no cristianismo moderno


Monografia apresentada pelo aluno F. Hansen ao Curso de Teologia da Faculdade
Evangélica de Brasília conforme credeciamento: Portaria MEC Nr. 2.619,
26/07/2005 - Publicação: DOU, 26/07/2005, SGAS QD. 910, CJ "E" BL "C" ASA
SUL - Brasília/DF, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em
Teologia. Nota/conceito da banca "A". TCC chancelado em 14/11/2011.
RESUMO
Este trabalho faz um estudo analítico da igreja e do dízimo sob uma dimensão
cultural da sustentabilidade eclesiástica cristã. A proposta é identificar se estes
elementos herdaram alguma característica do judaísmo como do paganismo
oriental. Entretanto, acreditamos que estas influências do passado não só
patrocinaram a filosofia de ambos dispositivos como deram uma metodologia
distante da proposta iniciada por Cristo e pelos seus apóstolos. Contudo, a
pesquisa também utiliza de fundamentos históricos com enfoque no
comportamento do cristianismo primitivo que permite uma breve comparação com
os frutos do moderno. O levantamento bibliográfico realizado também possibilitou
destacar quando, onde e quem produziu os resultados que remontam uma
ideologia do passado – uma sombra que ainda faz parte da temática da Igreja e
dos dízimos.
Palavras-chave: Templo, Igreja, Dízimo, Cristianismo, Oferta E Voluntariedade.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
2 O TEMPLO
2.1 OS OFICIAIS DO TEMPLO
2.1.1 O Dízimo
2.1.2 Porque a Raiz de Todos os Males é o Amor ao Dinheiro
2.1.3 A Destruição do Templo e o Livro de Malaquias
2.1.4 Cristo veio Cumprir a Lei ou nos Fazer Cumprir?
3 A IGREJA
3.1 O SIGNIFICADO DA PALAVRA IGREJA
3.1.1 As Primeiras Comunidades
3.1.2 Recebestes de Graça, de Graça dai
3.1.3 Implicações quanto a Sustentabilidade Eclesiástica
4 O CRISTIANISMO CATÓLICO HISTÓRICO
4.1 OS PRIMEIROS TEMPLOS E A INFLUÊNCIA PAGÃ (O OUTRO LADO DA MOEDA)
4.1.1 De Volta ao Passado
5 A NOVA ORDEM RELIGIOSA DENOMINACIONAL
5.1 O FAMOSO “SÉCULOS DAS HERESIAS”
5.1.1 A Palavra da Cruz é Loucura
5.1.2 As Sombras do Templo
6 A VOLUNTARIEDADE
6.1. PLANO DE CARREIRA SUSTENTÁVEL OU TODOS TRABALHANDO?
6.1.1 A Liberalidade nas Ofertas
6.1.2 Implicações em I Timóteo 5.17-18.
6.1.3 Implicações em I Coríntios 9.3-14 e II Coríntios 11.8 (Cortando a conversa
pela metade)
6.1.4 Implicações no dízimo de Abrão e Jacó e a Carta aos Hebreus
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BEP-ARC – Bíblia de Estudo Plenitude, Almeida Revista e Corrigida, 1999.
BDJ-EP – Bíblia de Jerusalém, Edições Paulinas, 1980.
KJA – King James Atualizada, Abba Press, 2004.

1 INTRODUÇÃO
“O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a
sabedoria e a instrução”. (Provérbios 1.7) BEP-ARC.
Falar dos dízimos e da igreja é algo muito delicado, pois além de envolver a fé dos
professos e simpatizantes, a questão torna-se conflitante quando é comparada
com a História do Cristianismo. Portanto, a história da Igreja deve ser um assunto
de enorme relevância para o cristão que deseja conhecer a sua herança teológica.
Note-se também que estamos presenciando nas igrejas cristãs uma influência sutil
de tradições e costumes orientais. Mas esta posição tem que ser repensada. São
tantas as confusões e as tentativas de assalto à fé genuína, que torna necessária
uma investigação meticulosa na história para que os cristãos não venham a ficar
perdidos e lançados de um lado para outro sob qualquer vento doutrinário. Por
essa razão, uma análise é de extrema importância para que a Igreja tenha
conhecimento e evite os mesmo erros que aconteceram no passado.
Entretanto, o objetivo dessa pesquisa não é trazer uma exaustão de informações
sobre o tema ora proposto, mas, denotar uma defesa que articula pela harmonia
Escriturística e expor alguns eventos importantes que sobrepujaram na história do
cristianismo. Também houve momentos em que alguns fatos históricos se
relacionaram mais de uma vez entre os tópicos. Porém, julgamos esta casualidade
importante, pois permite uma análise consistente e deixa os elementos teológicos
evidentes a fim de proporcionar uma compreensão saudável do tema em questão.
2 O TEMPLO
De acordo com a narrativa bíblica, a origem do Templo é creditada a Davi quando
sugere construir uma casa para a arca da aliança, um modelo substituto do
Tabernáculo por um edifício permanente, 1 Cr 28.1-2. Porém, não foi Davi que
levantou o Templo em Jerusalém, mas Salomão, seu filho, que foi escolhido por
Deus para executar este grande empreendimento, 1 Cr 28.3-7.
A principal palavra hebraica para “templo” é hekal, “palácio, edifício grande” (cf. 1
Rs 21.1; Sl 45.8,15; Is 39.7). É uma palavra estrangeira incorporada do acádio
ekallu, por sua vez importada do sumério E-GAL, “casa grande”. Além de suas
referências ao Templo de Jerusalém, a palavra é usada para santuário de Siló (1
Sm 1.9; 3.3), para a morada de Deus nos céus (2 Sm 22.7; Sl 11.4; 18.6; Is 6.1)
e para templos pagãos (Jl 3.5). O termo usado heb. Bayith, “casa”, é também
frequentemente usado para templo, tanto para o templo de uma divindade pagã
(Jz 9.46; 2 Rs 10.21 etc.) como para o Templo de Deus em Jerusalém (1 Rs 6.2-
10; 2 Cr 35.20 etc.). (Wycliffe, 2010, p. 1893).
Mostramos, portanto, o significado da palavra Templo. Entretanto, há duas
maneiras simples e objetivas de compreender esse sistema. O primeiro deles é a
ideia do Templo como uma morada de Deus na terra. Israel acreditava que Deus
estava presente nos Santos dos Santos de modo invisível, o que dava uma
incomensurável importância ao Templo e aos sacerdotes um grande prestígio pela
autoridade conferida. O segundo conceito trata pelo serviço que era prestado pelos
sacerdotes e levitas no prédio – e sem esse ofício – o relacionamento de Israel
com Deus poderia ficava praticamente perdido.
2.1 OS OFICIAIS DO TEMPLO
Apesar da considerável importância do prédio, é necessário ter o conhecimento
dos cargos e da representatividade de cada um deles para a funcionalidade do
Templo. Por esta razão, citaremos apenas os três mais importantes. O primeiro
deles, de dentro para fora, encontramos o sumo sacerdote, um pequeno grupo
limitado, afinal de contas, um único homem entrava no Santo dos Santos uma vez
por ano e ali fazia expiação por seus próprios pecados e também pelo do povo, Lv
16.30. O segundo grupo eram um circulo de sacerdotes que consistia em receber
os sacrifícios, inspecionar os animais trazidos para o Templo, cortá-los, aspergir o
sangue, lançar as partes que deveriam ser queimadas sobre o altar, manter o fogo
aceso, etc. Lv 4.5-34.
O terceiro e último grupo era formado pelos levitas. Com uma ordem semelhante
à dos sacerdotes, eles eram os seus assistentes que geralmente revistavam os
visitantes, preservavam a ordem na área exterior do Templo, se encarregavam de
abrir e fechar os portões, de colocar a lenha no altar, recolher os dízimos, as
ofertas e cuidavam das demais funções litúrgicas, 2 Cr 31.12-14.
Em geral, somente esses homens poderiam desempenhar o cumprimento da Lei
com sacrifícios, oferendas e o recolhimento dos dízimos dentro do ambiente que
pertencia ao Templo – cada um em seu devido lugar. Não havia atalho ou alguma
brecha na Lei para realizarem estes exercícios em outros templos, cidades, praças,
sinédrios ou em sinagogas.
2.1.1 O Dízimo
Os oficiais do Templo não haviam recebido do Senhor nenhuma parte da terra
como herança a fim de se manterem, Dt 14.29, 18.1. O dízimo era o alimento que
chegava até eles para que fossem não só sustentados, mas que permitisse uma
vida separada da secular. Portanto, eles ficariam totalmente abdicados ao ofício do
Templo representando o povo por meio das ofertas e sacrifícios ao Senhor.
Dir-lhes-ás: quando tiverdes separado o melhor do dízimo, o resto será para os
levitas como o produto da eira ou do lagar: podereis comê-lo com vossa
família, porque é o vosso salário pelo serviço que prestais na tenda de reunião.
(Números 18.30-31) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
O dízimo bíblico “na sua aplicação”, nunca teve relação nenhuma com o dinheiro.
Observemos que ele era também comestível e servia como salário para os oficiais
pelo serviço prestado no Templo ou na “tenda de reunião” – quando o ofício era
ainda em tendas na época de Moisés e Davi.
A palavra hebraica ´asar, “dizimar” é derivada da palavra que significa “dez” e que
também significa “ser rico”. [...] O dízimo de Israel consistia de um décimo de
toda a produção anual de alimentos e do crescimento dos rebanhos de ovelhas
e gado [...] um décimo de tudo que restava das “primícias de todos os frutos da
terra”, [...] um décimo de toda a produção (safras, frutas, azeite, vinho) e de
todos os animais deveria ser dedicado ao Senhor [...] era designado aos levitas
[...] aos sacerdotes, que deveria ser levado ao Templo de Jerusalém [...] era
consumido como refeição sagrada pelo ofertante e seus familiares, junto com o
levita que está dentro das suas portas (DT 12.15). Se a distância era proibitiva, os
dízimos podiam ser vendidos e o dinheiro usado para a compra de alimentos
ou animais para servirem como ofertas em Jerusalém (cf. Dt 14.22-27).
(Wycliffe, 2010, p. 572-573). (ênfase adicionada).
De acordo com a proposta do dízimo na citação anterior – que é segundo as
Sagradas Escrituras – não se harmoniza com o que é professado hoje.
Infelizmente, o recurso passou a ser articulado em “moeda corrente” para o
sustento do líder ou para uma cúpula religiosa de uma comunidade – o que fere
diretamente nos princípios da Lei mosaica estabelecida pelo Senhor.
Na verdade, isto pode ser um grande problema exegético. Observamos que dízimo
nunca teve relação com dinheiro “na sua aplicação” de acordo com o Antigo
Testamento. Entretanto, apresentamos três argumentos importantes pelo qual o
dízimo era articulado, (1) o dízimo era sempre doravante de alimentos, frutas,
sementes ou animal; (2) o pagamento do dízimo não era feito em dinheiro porque
o ofertante no ato da entrega participava por refeição junto com os órfãos, viúva,
estrangeiros e levitas; (3) de acordo com a Lei, o dízimo só poderia ser levado
no Templo em Jerusalém e nunca em outro lugar, Lv 27.32; Dt 12.17, 14.22-
29; 26.12; 1 Sm 8.15-17; 2 Cr 31.5-11; Ne 10.34-39, Ml 3.10; Mt; 23.23; Lc
11.42.
Portanto, alguns interpretam pelo simples fato de não existir o dinheiro naquela
época, então, ofereciam apenas alimentos e animais – o que não pode ser
verdade:
Abraão aceitou as condições de Efrom, e pesou o dinheiro que ele tinha pedido na
presença dos filhos de Het, isto é, quatrocentos siclos de prata em moeda
corrente no comércio. (Genesis 23.16) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
Outro fator considerável que comprova a existência da moeda corrente – dinheiro
– é a permissão que a Lei confere em “vender” o dízimo. Entretanto, esta opção
somente contempla aquele viajante que morava muito distante do Templo a fim
de facilitar sua viagem até Jerusalém. Porquanto, ele não poderia oferecer o
“dinheiro” como dízimo de toda a sua produção no Templo, mas deveria adquirir
todo o material orgânico ou animal como foi estabelecido pela Lei para só então
realizar o ato determinado pelo Senhor.
Mas, se for muito longo o caminho, de modo que não possas transportá-lo –
porque o lugar escolhido pelo Senhor, teu Deus, para nele residir o seu nome é
afastado demais, e Ele te cumulou de muitos bens – venderás o dízimo e,
levando o dinheiro {dessa venda} em tuas mãos, irás ao lugar escolhido pelo
Senhor, teu Deus. Comprarás ali com esse dinheiro tudo o que te aprouver,
bois, ovelhas, vinho, bebidas fermentadas, tudo o que desejares, e
comerás tudo isso em presença do Senhor, teu Deus, alegrando-te com
tua família. Não negligenciarás o levita que vive dentro de teus muros, porque
ele não recebeu como tu partilha nem herança. (Deuteronômio 14.24-27). BDJ-EP.
(ênfase adicionada).
2.1.2 Porque a Raiz de Todos os Males é o Amor ao Dinheiro
Em nenhum momento existe uma brecha na Lei para levarmos “dinheiro” como
um dízimo-salário para os oficiais do Templo pelo serviço prestado a comunidade.
Também não existe uma permissão para quebrar a Lei a fim de levar os dízimos
numa determinada denominação estabelecida no Brasil ou para um ministério em
Nova York. O local estabelecido pelo Senhor é no Templo em Jerusalém. Ninguém
tem autonomia para modificar a palavra do Senhor, Ec 3.14; Lc 21.33; Ap 22.18.
Nele não há variação, Ml 3.6; Tg 1.17. Mas por alguma razão, quis Deus que o
dinheiro não estivesse relacionado com o salário dos oficiais. Além do mais, com o
passar dos anos, a história relata que o Templo de Jerusalém se tornou num
centro financeiro não somente para a Judéia como também para toda a nação
israelita.
Os peregrinos também traziam dinheiro para pagar pelos sacrifícios obrigatórios
de animais, pela comida e pelo vinho. O serviço sacrificial do Templo gerava
uma atividade financeira intensa em torno da cidade: criação de animais e
plantio de grãos na área rural; na cidade, florescia o comércio dos padeiros,
açougueiros e vendedores de vinho, bem como o câmbio de moedas,
indispensável para os peregrinos que não podiam pagar por suas ofertas no
Templo ou pelo imposto ali cobrado com o dinheiro que traziam de fora.
(SKARSAUNE, 2004, p. 86). (ênfase adicionada).
Era inevitável que as regiões em torno do Templo prosperassem. Contudo, isso
não pareceu bem aos olhos de Cristo – não pela prosperidade em si – mas, como
disse o apóstolo Paulo: “pelo dinheiro ser a raiz de toda espécie de males”, 1 Tm
6.10.
E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam
no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam
pombas; E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração;
mas vós a tendes convertido em covil de ladrões. (Mateus 21.12-13) BEP-ARC.
Além da corrupção instaurada no Templo, Cristo também questionou virtualmente
a atitude dos filhos pagarem pelo imposto do “meio siclo” ou da “didracma”. Todo
judeu era obrigado a pagar essa taxa uma vez por ano e entregue ao tesouro do
Templo em Jerusalém. Porém, de uma maneira profética, Ele comenta que os
filhos deveriam estar isento dos tributos – do Templo. Dessa forma, a profecia se
torna uma realidade por meio do seu sacrifício quando recebemos a adoção de
filhos, Rm 8.15-23, 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5. Entretanto, naquele momento, Cristo não
havia consumado a obra na cruz. Então, manda Pedro cumprir esta obrigação por
eles.
Logo que chegaram a Cafarnaum, aqueles que cobravam o imposto da didracma
aproximaram-se de Pedro e lhe perguntaram: Teu mestre não paga a didracma?
Paga sim, respondeu Pedro. Mas quando chegaram à casa, Jesus preveniu-o,
dizendo: Que te parece, Simão? Os reis da terra, de quem recebem os tributos ou
os impostos? De seus filhos ou dos estrangeiros? Pedro respondeu: Dos
estrangeiros. Jesus replicou: Os filhos, então, estão isentos. Mas não convém
escandalizá-los. Vai ao mar, lança o anzol, e ao primeiro peixe que pegares abrirás
a boca e encontrarás um estatere. Toma-o e dá-o por mim e por ti. (Mateus
17.24-27) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
2.1.3 A Destruição do Templo e o Livro de Malaquias
Os Judeus estavam perdendo o prestígio na liderança pelos novos convertidos ao
cristianismo. A decisão tomada no concílio em Jerusalém de que os gentios não
eram obrigados a obedecer à Lei cerimonial, abriu o caminho para a emancipação
espiritual das novas igrejas gentílicas em relação ao controle judaico, At 15.1-41.
Enquanto isso, outra tensão aumentava cada vez mais entre judeus e seus
senhores romanos. Dessa vez, uma nova corrupção envolvia a política do Estado
entre os oficiais do Templo.
Com a conclusão do templo judeu em 64 d.C., milhares de homens ficaram sem
trabalho, unindo-se ao descontentamento geral. Finalmente, em 66 d.C., os
judeus se revoltaram, revelando suas intenções ao se recusarem a realizar o
sacrifício diário ao imperador.(SHELLEY, 2004, p. 26). (ênfase adicionada).
Aconteceu algo semelhante com os oficiais do Templo quando se corromperam
com paganismo na época de Ezequiel, Ez 8.1-18. Isso de fato deixa evidente
quanto à disposição humana que é totalmente insuficiente para cumprir os
mandamentos do Senhor. O juízo de Deus foi decretado contra os chefes do povo
e contra a nação. E por este motivo, o Templo foi destruído e saqueado pelas
forças estrangeiras por volta de 580 a.C. Embora esse evento demonstre à ira de
um Deus Santo pela corrupção do homem, a história volta a se repetir em 70 d.C.
A trágica e sangrenta guerra que seguiu, custou mais vidas do que qualquer
conflito anterior. Os judeus resistiram em esmagadora desvantagem por quatro
anos, mas não suportaram o poder de Roma. Em 70 d.C., as forças do imperador
Vespasiano, lideradas por Tito, atravessou as muralhas de Jerusalém, saqueou e
queimou o templo levando os despojos para Roma. A cidade santa ficou
totalmente destruída. Nas represálias que se seguiram, todas as sinagogas na
Palestina foram inteiramente queimadas. (SHELLEY, 2004, p. 26).
Também existe uma grande dificuldade de interpretação quanto ao capítulo três
no livro de Malaquias. É demasiadamente improvável reaplicar este ensino pelo
simples fato de não existir mais o Templo – e sem o Templo não há sacrifícios, e
na ausência dos oficiais, não há quem cumpra ou recolha os dízimos. Não
podemos mudar o que foi escrito na Lei. Ademais, a sugestão torna-se
harmônica quando é interpretada pelo fato que originou a denuncia pelo profeta
Malaquias conforme a citação abaixo.
Estaríamos roubando ao Senhor? (cf. Malaquias 3.8). Por causa da negligência de
Israel durante o período dos juízes, os levitas muitas vezes não recebiam
dízimos suficientes para viver. Como resultado, alguns começaram a
se desviar da fé a fim de encontrar alguma forma de substituir estes
ganhos, e chegando até a praticar relacionamentos idólatras (Jz 17.7-10; 18.18-
20).” (Wycliffe, 2010, p. 572-573). (ênfase adicionada).
Também é importante observar que o livro de Malaquias foi escrito como
repreensão ao povo de Israel e não para a igreja de Cristo, veja: “Peso da palavra
do SENHOR contra Israel, por intermédio de Malaquias.” (Malaquias 1.1) BEP-
ARC. (ênfase adicionada). Outro argumento facultativo é pela advertência do
Senhor aos sacerdotes que se corromperam. Ademais, assim foi também para
com toda a sua posteridade.
Agora, ó sacerdotes, este mandamento é para vós. Se não ouvirdes e se não
propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o SENHOR dos
Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e
também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração. Eis
que reprovarei a vossa semente, e espalharei esterco sobre os vossos rostos, o
esterco das vossas festas solenes; e para junto deste sereis levados. (Malaquias
2:1-3) BEP-ARC. (ênfase adicionada)
Não é a toa que eles foram reprovados e o Templo destruído posteriormente, (1)
os sacerdotes violaram a aliança do Senhor com Levi, Ml 2.4-8; (2) além de
estarem corrompidos, eram infiéis com suas esposas como também profanavam o
santuário do Senhor, Ml 2.4-17; (3) estavam ofertando pão imundo como animais
defeituosos, enfermos, coxos, cegos, etc., Ml 1.7-8.
Realmente a questão é rotineira! A revolta dos judeus contra o imperador romano
descortinou uma estreita relação com o Estado pagão de Roma. Além do mais, o
ápice do juízo veio na denuncia do próprio Cristo expulsando os cambistas e
vendedores dentro do Templo. Evidentemente, o homem não conseguiu honrar o
seu compromisso diante de um Deus Santo e vingador. Eles foram
constantemente retaliados e a espada os consumia por terem se corrompido como
uma mulher adúltera – tanto pelo “dinheiro” como pelas suas prostituições, Ez
16.32-40; Ml 2.14-15.
E, saindo Ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que
pedras, e que edifícios! E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes
edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada. (Marcos
13.1-2) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
2.1.4 Cristo veio cumprir a Lei ou nos Fazer Cumprir?
Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim
para levá-los à perfeição. (Mateus 5.17) BDJ-EP.
Cristo veio buscar o que havia se perdido, Mt 18.11; Lc 19.10. A iniciativa é Divina
a fim de socorrer o homem que estava perdido, condenado e com a vontade
restrita, Sl 14.2-3; Is. 59.4; Ez 22.30; Rm 3.9-12, 19, 23. Não houve ninguém na
terra que cumprisse todas as exigências da Lei, Rm 8.3-4. Por esta razão, as
escrituras falaram a respeito de Cristo, Lc 24.44; Jo 5.39. Entretanto, alguns
interpretam a passagem de “Mateus 23.23” para dar continuidade no dízimo.
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e
do cominho e desprezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia, a fidelidade. Eis o que era preciso praticar em primeiro lugar, sem
contudo deixar o restante. (Mateus 23:23) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Jesus não veio abolir a Lei, caso contrário, ele cancelaria sua missão e cairia na
armadilha dos fariseus como um falso profeta por estar contra a Lei de Deus.
Então, eles teriam algo do que acusá-lo. Mas não, Cristo veio cumprir a fim de
fazer uma nova aliança e levar o homem a perfeição, Jr 31.31; Cl 2.10-17; Hb
8.13. Portanto, (1) Cristo não deu um novo mandamento para a Igreja – ao
contrário – Ele adverte duramente os escribas/fariseus por cumprirem a Lei
somente pela metade; (2) Somos justificados gratuitamente pela Sua graça, por
meio do Seu sangue, pela redenção que há em Cristo Jesus e não pelo
cumprimento da Lei moisaica como querem os judeus, Rm 3.24; Ef 1.7, 2.8-9; Cl
1.14; Tt 2.11; 1 Pe 1.10; (3) como Cristo não havia morrido, o plano de redenção
para resgatar o homem da maldição da Lei ainda não estava consumado, Jo
19.28-30. Posteriormente a ressurreição, os apóstolos também não estavam
convencidos de que as Escrituras falavam a respeito de Cristo e que “Ele” havia
cumprido toda a Lei em nosso lugar, para que pela fé, recebêssemos a promessa
do Espírito sob uma nova aliança, Gl 3.8-22.
O néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que
dEle se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24.25-27) BEP-ARC. (ênfase
adicionada).
E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que
convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e
nos profetas e nos Salmos. (Lucas 24:44) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
É fundamental para a saúde da igreja compreender esse momento assim como o
esqueleto é importante para o corpo humano. O sacrifício de Cristo foi totalmente
suficiente, e de uma vez por todas, nos resgatou das obras da Lei fazendo-se
maldito em nosso lugar, Rm 6.10; Hb 7.27, 9.12, 10.10; 1 Pe 3.18.
Pois quem guardar os preceitos da Lei, mas faltar em um só ponto, tornar-se-
áculpado de toda ela. (Tiago 2.10) BDJ-EP. (ênfase
adicionada). Observação: Por favor, leia novamente Mt 23.23 e observe a
repetição do termo "preceitos da Lei" em junção com Tiago 2.10.
Partindo dessa premissa nos questionamos – mas o Dízimo não é bíblico?
Certamente. Assim como também é bíblico a circuncisão, Gn. 17.23-27, o
sacrifício de animais em holocausto, Lv. 1.1-6; 8.13, a santificação do sábado, Lv.
23.3, apedrejar adúlteros, Lv. 20.10; Dt. 22.22. A questão que permeia esse
contexto é: Por que os movimentos atuais não cumprem a Lei na sua totalidade ao
invés de optarem unicamente pelo dízimo? Então, serão culpados por toda a Lei.
Recorde-se que os escribas e fariseus foram duramente exortados por Jesus
quando observaram apenas os dízimos e não os demais mandamentos da Lei, Mt
23.23. Embora a história se repita, eles continuam fazendo agravo da graça pela
lei do qual ninguém será justificado diante de Deus.
Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição;
porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as
coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela
lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé. (Gálatas
3.10-11) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Provavelmente haverá aquele que justificará a observância do dízimo como uma
forma de “adoração”, passível, como proteção, com o objetivo de contemplar a fé
visando apenas ser um beneficiário. Entretanto, Paulo está devidamente correto
ao exortar a igreja dos gálatas na citação acima. De certa forma, todo aquele que
quiser adorar, observar ou contemplar a fé pelas obras da Lei – e não cumprir ela
na íntegra é maldito. Porquanto, rejeitaram a obra vicária de Cristo na cruz por
desviar a fé diretamente para as obras. Por esta razão, a Lei não foi feita para ser
um obséquio de adoração, mas observada e com a finalidade de ser cumprida –
caso contrário – na falta, o mesmo era passível de punição. Quer fosse pela Lei
mosaica ou da Lei secular.
3 A IGREJA
Não é incomum que professemos uma eclesiologia, mas vivamos outra
totalmente distinta. Nosso Senhor tem mostrado incomensurável misericórdia
ao longo dos dois mil anos da fé cristã, mesmo quando a Igreja desviou-se
bastante dos parâmetros do Novo Testamento quer por meio da forma que
por meio das aparências. (HORRELL, 2006, p. 10-11). (ênfase adicionada).
Por quase dois mil anos, o comportamento de muitos cristãos vem professando
algo bem distante dos parâmetros deixados pelos pais apostólicos. Ademais, nem
a terminologia da palavra “igreja” escapou. E dependendo do dicionário ou da
cosmovisão do autor, esta palavra pode ganhar uma perspectiva cultural muito
diferente.
Talvez seja essa uma das razões por que muitos têm uma visão modificada
quando o assunto é “igreja”. Para o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa: “a
Igreja é um templo cristão; autoridade eclesiástica; comunidade dos cristãos”
(BUENO, 1960, p. 639). E para o dicionário americano Webster: “trata-se de um
edifício para o culto público cristão; um ato religioso ou uma organização mundial
de crentes”. (WEBSTER, 1997, p. 143). Mas esta é uma visão que parte do mundo
secular. Portanto, a melhor proposta seria delinear esta palavra sob um ponto de
vista linguístico, histórico e de cunho teológico.
3.1 O SIGNIFICADO DA PALAVRA IGREJA
Em tempos de tanta confusão teológica, não é aconselhável hoje confessar um
possível cristianismo sem afirmar com clareza naquilo em que se crê. Rusconi nos
dá uma indicação rápida sobre a terminologia da palavra igreja: “encontramos no
Novo Testamento a palavra grega έκκλησία (ekklesia) que é traduzida por igreja.
Esta é uma palavra composta de έκ (ek = de, para fora), e καλέω (kaleô =
chamar), ficando então: chamar de, chamar para fora”. (RUSCONI, 2003, p.156).
A etimologia de ekklesia contribui para conhecermos o significado da palavra
igreja. É composta de ek (para fora) e kaleô (chamar, convocar). Como
Deus chamou seu antigo povo para fora do Egito e o conduziu para a Terra
Prometida, ele chama pessoas para “fora do mundo” (“não se amoldem ao padrão
deste mundo”, Rm. 12:2) para caminhar para “o alvo, a fim de ganhar o prêmio
da chamada celestial de Deus em Cristo Jesus” (Fp. 3.14). (MULHOLLAND, 2004,
p. 24). (ênfase adicionada).
Chamados para fora – talvez seja este o mais puro significado da palavra Igreja.
Nos tempos antigos, quando o povo hebreu vivia sob a cultura egípcia, Deus os
chamou para fora libertando o seu povo do regime pagão faraônico. E nos dias de
Cristo não foi diferente, ele chamou para fora as suas ovelhas do sistema judaico
que predominava naquele tempo. E por mais que haja controvérsias, a igreja
moderna respira novamente esse sistema em suas denominações.
O prédio da Igreja, [...] um edifico que dá visibilidades e permanência. Se ele
for novo, sentirmos bem com isso. Se for velho, sentimo-nos um pouco
desconfortáveis (a menos que seja muito antigo e, por isso,
sentiremos orgulhosos de novo). Dificilmente, percebe-se um grupo de cristãos
se ele não tiver um prédio. [...] De maneira consciente ou não, o prédio da igreja
no pensamento da maioria das pessoas é fundamental. O que ofertamos a Deus,
ofertamos ali. O que fazemos para Deus, fazemos especialmente ali. Servir
a Deus é servir na igreja. Para muitos cristãos, isso significa tanto onde
servimos o que podemos realizar. (HORRELL, 2006, p. 17-18) (ênfase adicionada).
Observemos que os judeus precisavam do Templo para adorar a Deus – os
cristãos também fazem o mesmo com os seus edifícios de tijolos. O famoso culto
de domingo virou o “sabá” cristão. E quando o dízimo fora instituído como Lei para
os israelitas (Israel Nacional), os judeus também cumpriam este ofício até o
Templo ser totalmente destruído em 70 d.C. Entretanto, nos dias de hoje, ainda
acontece algo bem parecido só que de maneira contrária com os gentios
convertidos. Eles modificaram genericamente a Lei do Senhor para dizimarem em
dinheiro nas suas congregações – e não no Templo de Jerusalém – como manda a
Lei. Portanto, há duas graves contradições, (1) eles estariam roubando o Senhor
se realmente quisessem cumprir a Lei, pois o lugar para depósito não é nas
denominações, mas no Santo Templo do Senhor; (2) além do mais, mesmo que
fossem até a Jerusalém dizimar, teriam que comprar espécies orgânicas para
comerem junto com a sua família, com os pobres, órfãos, viúvas e com os Levitas
– pois o dinheiro não era aceito como dízimo pelos oficiais do Templo.
Ao notar o comportamento da citação anterior, por acaso não nos lembra algum
povo na Bíblia? Enquanto Deus chama o seu povo para fora de um sistema
religioso, há aqueles que ainda desejam voltar para os rudimentos antigos
rejeitando o sangue de Cristo, Gl 4.4-11. Ademais, a “igreja” é um templo –
edifício de tijolos – onde o Espírito de Deus ainda habita ou o sacrifício de Cristo
não foi suficiente? “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de
Deus habita em vós?” (1 Coríntios 3.16) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Tudo isso nos traz ao ponto principal de nossa discussão. Observemos que a
“igreja” é originalmente uma entidade espiritual totalmente diferente do Templo,
um organismo vivo sob o comando do Espírito Santo que passa a habitar dentro
do homem. Afinal, Cristo não morreu por um edifício de tijolos, mas por suas
ovelhas, Jo 10.15-30.
Isso estabelece a norma de uma vez por todas: o significado original de ekklesia
“igreja”, não era uma hiper-organização de funcionários espirituais desligada
da assembléia concreta (um clero). Denota uma comunidade reunindo-se num
local especifico, a uma hora especifica, para uma ação especifica, uma igreja local,
embora formasse com as outras igrejas locais uma comunidade abrangente, a
igreja inteira. Assim, cada igreja local torna a igreja inteira plenamente presente;
de fato, pode ser entendida – na linguagem do Novo Testamento – como povo de
Deus, corpo de Cristo e edifício do Espírito. (KUNG, 2002, p. 30). (ênfase
adicionada).
3.1.1 As Primeiras Comunidades
A história da igreja no Novo Testamento está sempre ligada com um grupo de
pessoas que acreditavam em Cristo. Eles geralmente se reuniam em casas e não
se consideravam uma denominação do apóstolo Paulo ou muito menos uma
instituição criada por Pedro.
Os cristãos primitivos não concebiam a igreja como um lugar de culto
como se faz hoje. Igreja significa um grupo de pessoas numa relação pessoal
com Cristo. Esse grupo se reunia em casas (At. 12.12; Rm. 16.5-23; Cl. 4.15; Fm.
1-4), no templo (de Jerusalém) (At. 5.12), nos auditórios públicos de escolas (At.
19: 9). E nas sinagogas enquanto lhes permitiam fazer isso (At. 14.1-3; 17.1;
18.4). O lugar não era tão importante como o modo de se encontrarem para
ter comunhão uns com os outros e cultuar a Deus. (CAIRNS, 2008, p. 70). (ênfase
adicionada).
Por questões práticas, o lugar nunca foi importante – a igreja não era de tijolos e
nem um clube com placas que “separa”. O que predominava para uma reunião ser
estabelecida era comunhão entre os santos. E quando o Templo foi destruído em
70 d.C., provavelmente uma boa parte dos apóstolos já tinha morrido e as
primeiras comunidades que foram fundadas por eles automaticamente passaram
para outras mãos.
Por fim, podemos identificar onde há um cristão ou dois deles se reunindo, lá
estará o Templo real de Deus. Portanto, este é o corpo de Cristo, a igreja invisível
e habitação do Deus de Israel, 1 Co 3.9,16,17; 6.19-20. Agora o centro geográfico
e das atenções não é mais Jerusalém, Israel – como muitos querem – mas é o Seu
povo eleito, Rm 11.7; Ef 1.4-13, 5.32; 1 Pe 2.5-7.
3.1.2 Recebestes de graça, de graça dai
Velai sobre o rebanho de Deus, que vos é confiado. Tende cuidado dele, não
constrangidos, mas espontaneamente; não por amor de interesse sórdido,
mas com dedicação; não como dominadores absolutos sobre as comunidades que
vos são confiadas, mas como modelos do vosso rebanho. E, quando aparecer o
supremo Pastor, recebereis a coroa imperecível de glória. (1 Pedro 5.2-3) BDJ-EP.
(ênfase adicionada).
O modelo de apascentamento que o Senhor Jesus Cristo deixou nas Sagradas
Escrituras é totalmente transparente nos quatros Evangelhos – em nenhum
momento observamos Jesus cobrando dos seus apóstolos o dízimo por cada
ensinamento ministrado – a propósito, Cristo deixou uma mensagem muito clara:
“de graça recebestes, de graça daí” (Mateus 10.8b) BEP-ARC. E isto está em plena
harmonia com a visão neotestamentária, também não há registro dos apóstolos
cobrando o dízimo nas igrejas pelo ensinamento ou por serviços prestados a
comunidade – e nem há uma orientação para que os fieis procedessem assim.
Talvez seja possível encontrarmos “hoje em dia” algum rebanho sendo
administrado espontaneamente por um líder de ânimo pronto. E partindo do
princípio de que este rebanho não é seu, a responsabilidade é ainda maior. Se
observarmos pela maneira quando alguém é chamado para fazer algum um
trabalho – o patrão é o responsável pelo pagamento do seu salário e nunca os
empregados – as ovelhas, Is 62.11; 1 Co 3.8; Cl 3.24; 2 Jo 1.8; Ap 22.12.
Assalariar pastores gera profissional remunerado. Isso os eleva sobre o
restante do povo de Deus. Isso cria uma casta clerical que converte o corpo do
Cristo vivente em um negócio. Na medida que o pastor e seus assistentes são
“pagos” para ministrar – eles tornam-se profissionais remunerados. O resto da
congregação passa ou cai em um estado de dependência passiva. (VIOLA, 2005,
p. 106) (ênfase adicionada).
Se todo cristão atendesse ao toque do chamado para ser um sacerdote funcional
diante Senhor e desempenhar esse trabalho com dedicação e adoração, a questão
que surgiria imediatamente é – Por que estamos pagando o nosso pastor? Afinal, o
maior exemplo que temos foi de Cristo e dos apóstolos que repassaram o
evangelho sem custo algum.
Devemos ter a coragem de mudar todos os tipos de coisas em nossos cultos. Ficar
dentro dos limites do Novo testamento [...] Precisamos ensinar o cristianismo de
conteúdo e de pureza de doutrina. Precisamos ter liberdade de mudar as coisas
que precisam ser mudadas em nossa política e prática da Igreja. (SCHAEFFER,
1970, p. 110-11).
3.1.3 Implicações quanto a Sustentabilidade Eclesiástica
No entanto, alguns podem imaginar que a igreja sucumbiria se não cobrasse o
dízimo – o que não é verdade. Do livro de Mateus até Apocalipse, as igrejas
cresceram sem a ênfase neste recurso. Os apóstolos jamais pediram para as
comunidades “quebrarem” a Lei do Senhor dizimando em suas congregações e
muito menos em dinheiro – quer fosse para eles ou para um líder do grupo.
Também não houve tais ensinamentos para as comunidades de Roma ou da Ásia
pelas cartas Paulinas exortando os gentios trazerem o dízimo até a cidade de
Jerusalém no Templo.
Embora o dízimo seja bíblico, não é cristão. Jesus Cristo não o afirmou. Os cristãos
do século I não o observaram. E por cerca de 300 anos o povo de Deus não o
praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os cristãos até
o século VIII. (VIOLA, 2005, p. 107).
É importante salientarmos que naquela época (30 a 330 d.C.), não havia uma
forma institucional ou denominacional da igreja. Somente após o ano de 320 que
Constantino ergue os primeiros templos para a comunidade cristã. Entretanto,
existe um documento anterior que destaca o comportamento da igreja primitiva
nos primeiros séculos intitulada pelo nome de “Didaqué” ou “Ensinamento do
Senhor através dos doze apóstolos”. Apesar de ser uma obra pequena com
dezesseis capítulos, ela contém um grande valor histórico e teológico.
Esse Credo (Didaqué), claramente trinitariano, dá atenção à pessoa e à obra de
cada uma das três pessoas da Trindade. Destaca a natureza universal da Igreja e,
depois de fundamentar em Cristo a salvação, apresenta uma escatologia explícita
centralizada na ressurreição dos crentes em seu alvo de obter a vida eterna.
Muitas Igrejas até hoje consideram o Credo dos Apóstolos uma preciosa síntese
dos pontos principais da fé cristã. (CAIRNS, 2008, p. 100).
Muitos estimam que os escritos sejam anteriores a destruição do templo de
Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Há também outras cópias que remetem o
escrito pertencente entre os anos 70 a 150 d.C., contudo, são coesos quanto à
origem sendo na Palestina ou na Síria. Quanto à autenticidade desse Credo, é
unânime pelos estudiosos que não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda
que o título do escrito lhes faça menção. Todavia, acredita-se na compilação de
fontes orais recebidas pelo povo por ensinamentos anteriores no que resultou na
elaboração do texto. O outro ponto facultativo é pela possibilidade da Didaqué ter
sido escrito por mais de uma pessoa permitindo assim a sua reprodução.
Lendo a Didaqué, observamos o possível comportamento cristão daquela época.
Em contrapartida, o texto apócrifo ou pseudo-epígrafe foi a “Bíblia” na mão de
vários cristãos por muito tempo. Embora este credo seja anterior ao cânon bíblico,
naquele momento, não havia ainda um cânon devidamente elaborado e por quais
livros deveriam ser considerado inspirados. Dessa forma, temos a impressão que
durante o período apostólico, os membros da igreja encontravam as verdades
centrais da fé de várias maneiras. Porquanto, no início, os novos convertidos
formulavam seus credos sob uma pequena base confessional de fé por terem
apenas “partes” das Escrituras. “Porque, em parte, conhecemos, e
em parte profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, então o que o
é em parte será aniquilado”. (1 Coríntios 13.9-10) BEP-ARC. (ênfase
adicionada).
A Bíblia era apenas uma questão de tempo. Assim como os demais discípulos, o
apóstolo Paulo possuía apenas uma parte da Revelação Escriturística. Somente
depois quando todos os livros foram reunidos num só volume, terminou o que em
“parte” conhecemos por Atanásio em 367 d.C. Todavia, esse grande momento foi
também confirmado pelo Cânon Bíblico realizado no Sínodo de Hipona e de
Cartago no final do século IV.
Escrita num estilo de fácil compreensão, a obra apresentada pela Didaqué
demonstra uma preocupação de manter os principais pressupostos estabelecidos
pelos apóstolos a fim de estimular os futuros cristãos professassem a mesma
comunhão.
Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa,
não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então
ninguém o julgue. Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que
trabalhe para se sustentar. Porém, se ele não tiver profissão, proceda de
acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu
meio. Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha
cuidado com essa gente. (DIDAQUE, 1997, p. 18) (ênfase adicionada).
Em todos os dezesseis capítulos do credo, em nenhum momento observamos
qualquer confissão que pontuasse pelo “dízimo” ou por construções de “Templos”.
Mas o que nos chamou a atenção foi na instrução acima por um comportamento
prudente a fim de não deixar ninguém ser enganado pelos falsos comerciantes.
Aparentemente, o padrão da igreja primitiva do século I e II apresentava uma
vida normal em que o sustento partisse de cada um por meio do seu próprio
trabalho. Portanto, o pensamento da Didaqué encontra harmonia escriturística
quanto a instrução do apóstolo Paulo, veja:
Sabeis perfeitamente o que deveis fazer para nos imitar. Não temos vivido entre
vós desregradamente, nem temos comido de graça o pão de ninguém. Mas,
com trabalho e fadiga, labutamos noite e dia, para não sermos pesados a
nenhum de vós. Não porque não tivéssemos direito para isso, mas foi para vos
oferecer em nós mesmos um exemplo a imitar. Aliás, quando estávamos
convosco, nós vos dizíamos formalmente: Quem não quiser trabalhar, não tem o
direito de comer. Entretanto, soubemos que entre vós há alguns desordeiros,
vadios, que só se preocupam em intrometer-se em assuntos alheios. A esses
indivíduos ordenamos e exortamos a que se dediquemtranqüilamente ao
trabalho para merecerem ganhar o que comer. (2 Tessalonicenses 3.7-12) BDJ-
EP. (ênfase adicionada).
Entretanto, a igreja nunca dependeu dos credos para estabelecer uma regra de fé
- Didaqué, Nicéia, etc. Esse sistema ofertado pelo homem tem sim uma grande
importância histórica, porém, é virtualmente passível de erros. Portanto, são
bastante úteis somente para comparação e análise de comportamento confessional
do cristianismo que ganhou forma, identidade e prédios suntuosos na era de
Constantino por volta do ano 320 d.C.
Mas no final no final do século VIII, dentro do cristianismo católico histórico, o
Segundo Concílio Niceno também manifestou uma breve posição em seu credo
referente ao comportamento que os bispos deveriam manter diante de qualquer
renumeração.
Os Bispos devem abster-se quanto a todo recebimento de renumeração.
Nós decretamos que nenhum bispo deve extorquir ouro ou prata, ou qualquer
outra coisa.Segundo Pedro, o Apóstolo diz: "Apascentai o rebanho de Deus, não
por necessidade, mas por vontade própria, e de acordo com Deus; não por
torpe ganância, mas com uma mente alerta, não exercer domínio sobre as
ovelhas, mas ser um exemplo para o rebanho”. Aqueles que lançam ofensas ao
clero, porque foram ordenados na igreja sem receber uma renumeração, sofrerão
uma penitência. (SCHAFF, 2005, p.794-795). (ênfase adicionada).
O dízimo foi ressuscitado por meio dos concílios regionais de Tours (567) e Mácon
(585). Entretanto, foi somente com o “Imperador” Carlos Magno (779) que o
tributo passou a ser veiculado pelos corredores das Igrejas na Europa. Ele também
subdividiu a arrecadação dos pagamentos em três partes iguais, destinada à igreja
paroquial, ao pároco e aos pobres. A princípio, o bispo não deveria receber
nenhuma renumeração como pontuavam os concílios anteriores – talvez esta fosse
à preocupação do segundo concílio de Nicéia destacado anteriormente.
Desta forma, o “dinheiro” provavelmente ganhou espaço no coração dos abades e
uma disputa com o clero acirrou duros debates por quem deveria ter autonomia
sobre os valores arrecadados. Por esta razão, o detrimento causado por esse
sistema abriu novos caminhos para a corrupção interna que permitiu manchar
varias páginas do cristianismo no passado por conspirações, indulgencias, luta
pelo poder, etc. Um possível comportamento que ainda se faz presente
virtualmente nas denominações.
Mas que relação tem o “Evangelho” com o “dinheiro”? Pode o homem modificar a
Lei do Senhor genericamente para o interesse alheio? A igreja do Novo
Testamento contempla um grupo de pessoas ou foi amortizada para um parâmetro
de tijolos?
4 O CRISTIANISMO CATÓLICO HISTÓRICO
Passado o apogeu apostólico, aos poucos, o evangelho se espalhava intensamente
por todo o império em meio às grandes perseguições. O último edito romano
obrigava a todos os cristãos sacrifícios aos deuses pagãos sob a pena de morte
caso rejeitassem. Eles também eram punidos com exílio, confisco de bens,
prisões, execuções a espada ou entregues vivos a animais ferozes. As prisões de
Roma andavam tão cheias de cristãos que não havia espaço para criminosos.
Entretanto, Constantino foi o homem que transformou toda essa situação. Antes
de derrotar o imperador Maxentius na batalha da Ponte Milvan, ele estava na
dúvida se ia ou não vencer a guerra. Mas na véspera da batalha, viu uma cruz no
céu do qual acreditou ser um sinal do Deus dos cristãos confirmando a sua vitória.
E após ter vencido Maxentius e ter conquistado Roma no ano de 312, Constantino
emite um edito que garantiu a liberdade de culto não somente aos cristãos, mas a
todas as religiões.
O Historiador Eusébio aprovou esse momento e previu o começo de uma nova era
de Salvação. Uma oportunidade única para pregar publicamente e desenvolver a
paz interna com a finalidade de infundir a vida pública com o espírito do
cristianismo. A conversão do mundo finalmente estava bem próxima, agora é uma
questão de tempo para se tornar “católica” – que do latim para o português
significa universal. “Por estas razões, os cristãos viram a ascensão de Constantino
ao trono do Império como um ato de Deus. Como um instrumento de Deus para
resgatá-los”. (VIOLA, 2005, p. 49).
Em contrapartida, os benefícios que o Estado ofereceu a igreja como a tolerância
religiosa, construções de templos, isenções de impostos e o fim da perseguição
aos cristãos detinham grandes interesses políticos. Em troca por paz e liberdade
igual aos dos súditos do império, Constantino obtinha autonomia e simpatia sobre
os clérigos que administravam a igreja.
Constantino submeteu os bispos cristãos enquanto eram seus funcionários civis e
exigiu obediência incondicional aos pronunciamentos oficiais, mesmo quando eles
interferiram nas questões puramente religiosas. Havia também as massas que
então afluíam para a igreja oficialmente favorecida. Antes da conversão de
Constantino, a Igreja consistia de crentes convictos. Depois, chegaram aqueles
que eram politicamente ambiciosos, sem interesse religiosos e ainda meio
enraizados no paganismo. Isso ameaçava não apenas futilidade e impregnação
pelas superstições pagãs, mas também a secularização e o abuso da religião para
fins políticos. (CAIRNS, 2008, p. 107).
Foi exatamente o que aconteceu. Graças a essa generosidade de Constantino,
surgiram os primeiros prédios suntuosos para as igrejas baseados nos templos
orientais pagãos. Essa estreita relação acabou aproximando o Estado, pagãos e
cristãos que automaticamente acirraram grandes debates. A perda do controle
sobre o povo começa a ser real, e para o império romano, era mais administrável
controlar uma guerra a suscitar um conflito religioso.
Constantino reconhece que aqueles debates explosivos precisariam ser
administrados, e a fórmula encontrada foi estabelecer um credo. Portanto, assim
como a Lei regulamenta a ordem no Estado, um credo regulamentaria a ordem na
igreja. E por volta do ano 325 d.C, convocou um concílio na cidade de Nicéia para
tratar de questões teológicas, principalmente aquelas questões que Ário havia
sacramentado entre o povo, do qual desafiou abertamente os mestres de
Alexandria ao declarar que Jesus não era o verdadeiro Deus. Então, Constantino
convoca todos os bispos para o concílio – e sentado no centro do templo – abriu a
reunião lembrando os clérigos quanto à necessidade de um acordo sobre as
questões que os dividia. Esta reunião ficou conhecida como o primeiro credo
cristão ecumênico na história, um credo que ainda é padrão de ortodoxia em
muitas igrejas:
Creio em Deus Pai Todo-poderoso, criador do céu e da terra, e de todas as coisas
visíveis e invisíveis. E no Senhor Jesus Cristo, Filho único de Deus, gerado do Pai
antes de todas as coisas. Deus de Deus, Luz da Luz, o Deus verdadeiro do Deus
verdadeiro, gerado, não-criado, consubstancial ao Pai; de quem todas as coisas
foram feitas; quem, para nós e para nossa salvação, desceu do Céu, e foi
encarnado pelo Espírito Santo na virgem Maria, e se fez homem; e foi crucificado
também por nós sob Pôncio Pilatos; sofreu e foi sepultado; e no terceiro dia
ressuscitou, segundo as Escrituras; e subiu ao Céu, se sentou à direita do Pai; e
deverá voltar novamente, com glória, para julgar os vivos e os mortos; cujo reino
não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor e fonte de Vida. Que veio do Pai e do
Filho; que com o Pai e o Filho recebe a mesma adoração e a mesma gloria; quem
falava através dos Profetas. Acredito também na Santa Igreja Católica e
Apostólica. Reconheço o batismo para remissão dos pecados; eu espero a
ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há de vir. Amém. (SHELLEY,
2004, p. 114-115).
Até aqui, a comunidade cristã não havia manifestado “oficialmente” pelo
fechamento dos livros canônicos. Provavelmente, os romanos possuíam cartas
paulinas que os alexandrinos desconhecessem, e nas mãos dos israelitas, os
evangelhos do qual possivelmente Roma ainda não detinha. É notável que o Novo
Testamento encontrava-se fragmentado em várias partes.
Contudo, havia um homem que faria contraste a esta situação e as demais regras
confessionais de Constantino. E no ano 328 d.C., Atanásio, o famoso bispo de
Alexandria, acusava o conselho de favorecer sutilmente a doutrina de Ário. Ele
solicitava um novo concílio para que deixassem mais claro a natureza de Cristo e
manifestou-se contra o sistema pagão do templo temendo a secularização da fé.
Mas foi advertido pelo o Imperador Constantino por meio de uma carta:
Como você sabe, a minha vontade é permitir a entrada gratuita para todos
aqueles que desejam entrar na igreja. Portanto, se eu ouvir que você tem
impedido qualquer pessoa de se tornar um membro ou que tenham impedido a
entrada de alguém, eu imediatamente mandarei alguém prendê-lo sob meu
mando e você será deposto e enviado para o exílio. (THIEDE, 1990, p. 28).
Atanásio finalmente foi deposto por Constantino no ano de 335 e exilado na cidade
de Trier – na Alemanha Ocidental – por não seguir os interesses crescentes do
ecumenismo do Império Romano. Por alguma razão, Atanásio estava incomodado
com o comportamento adotado pelo império Romano mediante ao novo método
utilizado para abrigar a igreja e a veiculação do credo como “verdades da fé”. Ruth
Tucker escreveu aquilo que Atanásio temia em relação à influência pagã:
O evangelismo vibrante que foi realizado durante o período pós-apostólico
começou a minguar no início do século IV durante o reinado do Imperador
Constantino. O cristianismo tornou-se religião de Estado, e como resultado, as
igrejas estavam cheias de cristãos nominais, que tinha menos preocupação
com as questões espirituais do que para a política e prestígio social. O
Cristianismo tornou-se moda. Construir edifícios substituiu à simples casas que
comportava as igrejas, e os credos, substituíram os depoimentos espontâneos e
as orações. A necessidade de evangelismo agressivo parecia supérflua – pelo
menos dentro o mundo romano civilizado. (FANNING, 2009, p. 20). (ênfase
adicionada).
Depois da morte de Constantino em 337, o império Romano começa a dar os
primeiros indícios de fragilidade, sua força política e até governamental já não é
mais a mesma. E diante dessa vulnerabilidade, Atanásio retorna ao seu bispado
em 366 defendendo habilmente a fé contra a oposição judaica, pagã e ariana. Mas
a sua maior contribuição ainda estava por vir, e seria no ano de 367 d.C., quando
o bispo de Alexandria reuniu de uma forma expressiva e convincente os livros para
o fechamento do cânon. E por meio da sua trigésima nona carta oriental, listou
como canônicos vinte e sete livros: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos
Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito,
Filemon, Hebreus, Tiago, I Pedro, II Pedro, I João, II João, III João, Judas e
Apocalipse. Esta carta foi enviada para todas as igrejas sob sua jurisdição
terminando com todas as especulações sobre os limites do cânon do Novo
Testamento.
Em 367, Atanásio, o bispo de Alexandria, influente e altamente ortodoxo, escreveu
sua famosa carta oriental. Nesse documento, enumerava os 27 livros que hoje
fazem parte do nosso Novo Testamento. Na esperança de impedir que seu
rebanho caminhasse rumo ao erro, Atanásio afirmou que nenhum outro livro
poderia ser considerado escritura cristã, embora admitisse que alguns, como o
Didaquê, pudessem ser úteis para devoções particulares. (KENNETH, 2003, p. 33).
(ênfase adicionada).
A lista de Atanásio não encerrou esse assunto sozinho. No final do século IV, dois
concílios posteriores também confirmaram a canonicidade enumerada por Atanásio
em 367, estes concílios foram conhecidos na história como o Sínodo de Hipona em
393 e o III Concílio de Cartago em 397. No final, a carta de Atanásio foi recebendo
aceitação geral por todos os Concílios em todo o mundo – o que era antes “em
partes” agora é a soma da verdade e absoluta autoridade incontestável.
Assim como o apóstolo Paulo, Atanásio estava preocupado com o comportamento
da igreja, algo precisava ser feito. Pagãos, judeus e arianos estavam investindo
pesado contra o cristianismo. Os reflexos das suas doutrinas eram virtualmente
visíveis no concílio de Nicéia e em Constantinopla no ano de 381. E de maneira
similar no Concílio de Éfeso em 431 e Calcedônia em 451, ambas decaíram muito
na forma confessional. Mas a resposta veio com o cânon fechado. Agora, os fiéis
podem formular um novo consenso – pois existe uma autoridade máxima. E
quando ela é observada, poderá corrigi-los, exortá-los e edificá-los para que o
homem de Deus seja perfeito, 2 Tm 3.16. Uma importante instrução a fim de
impedir as excentricidades doutrinárias que ocorreram também na igreja de
Coríntios, 1 Co. 14.
Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para
repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus
seja perfeito, eperfeitamente preparado para toda boa obra. (2 Timóteo 3.16-
17) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Em geral, ao aceitarmos a possibilidade para o quando vier o que é perfeito – a
Bíblia Sagrada – então somos impulsionados a crer que a profecia do apóstolo
Paulo escrita em 1 Co 13.8-10 se cumpre no fechamento do cânon Bíblico. O
conceito que a igreja tem nas mãos é a soma da Palavra de Deus e não mais em
partes for realmente verdade, automaticamente, o que era em partes foi
aniquilado e os demais cessaram.
Que momento importante na história. Agora a igreja tem uma poderosa
ferramenta nas mãos, que em forma, é a soma da palavra de Deus, a verdade e a
autoridade inquestionável. Definitivamente, os apologistas cristãos podem
combater de maneira hábil contra as duras investidas dos hereges nos concílios
posteriores.
4.1 OS PRIMEIROS TEMPLOS E A INFLUÊNCIA PAGÃ (O OUTRO LADO DA
MOEDA)
“A história de Constantino (285-337 d.C.) abre uma página tenebrosa na história
da cristandade. Foi ele quem iniciou a construção dos edifícios eclesiásticos”.
(VIOLA, 2005, p. 49). Constantino foi o útero que gerou os primeiros templos para
os cristãos na história. Sua gestação entra em cena nas vésperas da batalha
quando viu uma cruz no céu com as palavras escritas em latim “com este símbolo
vencerás”. E assim aconteceu. Constantino derrotou o imperador Maxentius na
Batalha da Ponte de Milvio, perto de Roma, no ano 312 d.C. E quando se tornou
Imperador Romano em 324, começa a ordenar as construções das igrejas.
Os edifícios das igrejas construídas por Constantino eram desenhados exatamente
conforme o modelo da basílica, segundo o estilo dos templos pagãos.
[...] Com assentos extremamente confortáveis para acomodar as pessoas
dóceis e passivas que presenciavam os eventos. Esta foi uma das razões
pelas quais Constantino escolheu ao modelo da basílica. [...] No centro do edifício
ficava o altar [...] em frente ao altar havia a cadeira do Bispo chamada de cátedra,
[...] o poder e a autoridaderepousavam nessa cadeira [...] os anciãos e diáconos
se sentavam em ambos os lados [...] é interessante que a maioria dos edifícios
das igrejas modernas possuem cadeiras especiais para o pastor e seus auxiliares
situadas sobre a plataforma atrás do púlpito. Assim como no caso do trono do
Bispo, a cadeira do pastor geralmente é a maior! Tudo isso são vestígios da
basílica pagã. (VIOLA, 2005, p. 52-54). (ênfase adicionada).
A estrutura do sistema denominacional moderno tem sua herança em Constantino
e não nos moldes do que foi deixado pela a Igreja apostólica. Não existem
registros bíblicos ordenando os cristãos a construírem templos, mas há uma ampla
evidência deles se reunindo em casas, At 2.46, 8.3, 20.20; Rm 16.3-5; 1 Co
16.19; Fm 2; 2 Jo 10. Portanto, essas referências não só identificam o
comportamento desse organismo como dão a atribuição devida para igreja.
Embora a proposta do paganismo tenha uma disposição para modificar essa
ideologia, qualquer estudante de história poderá observar que a operação
eclesiástica criada por Constantino tem se distanciado dos moldes de uma maneira
absolutamente oposta do padrão que foi deixado pelo Novo Testamento.
Assim, encontramos a matriz ideológica desse movimento em Constantino. A
influência pagã foi quem redefiniu pelos seus costumes uma nova estrutura
eclesiástica na história do cristianismo universal – ou católico.
A igreja cristã uniu-se ao poder do Estado e assumiu a responsabilidade moral por
toda a sociedade. Para servir ao Estado, sua doutrina foi refinada e sua
estrutura desenvolvida. Os monges se levantaram para protestar contra a
secularização da fé [...] alguns historiadores consideraram a “conversão” de
Constantino uma manobra meramente política. Ainda lhe restava muito
paganismo. Ele conspirava, assassinava; até mesmo conservou seu título Pontifex
Maximus como o nome do culto religioso do Estado. (SHELLEY, 2004, p. 99, 105).
(ênfase adicionada).
A construção de templos para que os cristãos pudessem se reunir num único lugar
pode ser considerado uma manobra política de Constantino. Com isto, Ele teve a
chance de persuadí-los de uma única vez – quando dantes, nunca o pôde por
estarem todos dispersos. E diante das propostas de paz e liberdade, os cristãos
não precisavam fazer as reuniões escondidos em casas, catacumbas ou fugirem do
fio da espada.
Tirados para fora como uma camponesa prometida a um rei, o cristianismo
ecumênico católico nasce dentro dos palácios do império romano, ganha roupas
novas, um anel no dedo e templos suntuosos para manifestar sua fé em troca de
submissão e favores. Por acaso, isso não lembra a história de algum povo na
Bíblia? “Aqueles que não rememoram o passado estão condenados a repeti-lo”.
(VIOLA, 2005, p. 5).
4.1.1 De Volta ao Passado
Na antiguidade, Israel pecou gravemente contra Deus por terem feito alianças com
vários povos pagãos. As trocas de favores por paz, mantimentos, idolatria,
corrupção e interesses políticos foi o apogeu para que terríveis batalhas, cativeiros
e exílios os retaliassem, Nr 16.46; Jz 2.2, 2.20; 2 Rs 17.15, 18.12, 22.13; Sl
50.16, 106.40; Is 5.13, 25, 24.5; Jr 13.19; Ez 39.23.
Mas tu desamparaste o teu povo, a casa de Jacó, porque se encheram dos
costumes do oriente e são agoureiros como os filisteus; e associam-se com os
filhos dos estrangeiros. (Isaías 2.7) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Como escreveu o Rei Salomão: “de modo que nada há de novo debaixo do sol”.
(Eclesiastes 1.9) BEP-ARC. E este conceito deveras é verdade, pois desde o mundo
antigo, o homem apenas troca a capa do disco – mas a musica é sempre a
mesma.
A teoria tradicional sugere que as primeiras sinagogas foram estabelecidas no
exílio babilônico – num país pagão – em virtude do povo hebreu estar fora da sua
nação. Como o Templo e a cidade de Jerusalém haviam sido saqueados e
destruídos, esta era uma das maneiras deles se reunirem na Babilônia.
É neste contexto do cativeiro que surge a sinagoga, (do grego sunagogé
“congregação”) que, embora não esteja registrada em nenhum texto do Antigo
Testamento, encontra-se amplamente citada nas paginas neotestamentárias (57
vezes). Os historiadores dizem que, nos dias de Jesus, havia 450 sinagogas. [...]
Na comunidade judaica pós-cativeiro, graças à influência helênica, surgiu,
também, o Sinédrio (do grego sunedrion “sentar no concílio”), uma assembléia
suprema que decidia com absoluta liberdade sobre as questões religiosas dos
judeus, em especial nos dias de Jesus. (SANTOS, 2009, p. 76-77). (ênfase
adicionada).
Mesmo com os hebreus tendo regressado para sua terra após o exílio, essas duas
“instituições” foram mantidas em Israel até mesmo quando o Templo foi
novamente erguido e quase finalizado na época de Jesus. A liturgia da sinagoga
era considerada complementar e não substituta do culto no Templo. Embora
houvesse grande contraste, no Templo, tudo era executado somente pelos oficiais;
nas sinagogas, tudo dependia da organização laica do povo. A leitura das
Escrituras e o eco das orações predominavam nesse ambiente que de certa forma,
seria uma plataforma baixa do Templo no modelo “independente”. Ali os escribas e
fariseus davam uma uniformidade e expressão do culto, pois tinham a liberdade
de manifestarem suas ideias e interpretavam para o povo a Lei do Senhor.
Embora a sinagoga não fosse de forma alguma oposta ao Templo, isso não a
tornava simpática ao sacerdócio. Os escribas leigos estavam mais
próximos do seu coraçãodo que os sacerdotes. Não há duvida de que os
escribas fariseus tiveram muita influência nas sinagogas da terra de Israel nos
anos 100 a 150 antes da queda do Templo. (SKARSAUNE, 2004, p. 123). (ênfase
adicionada).
Neste aspecto, a erudição neotestamentária está em harmonia de que a igreja
primitiva fora “chamada para fora” para ser algo totalmente diferente de um
sistema tradicional com características e influências pagãs. Por alguma razão, os
fariseus fizeram da sinagoga um braço genérico estendido do Templo.
Provavelmente, a plataforma do Sinédrio em meio à política e tradição judaica não
era suficiente. “Vale destacar que na sinagoga era uma instituição de leigos”
(SKARSAUNE, 2004, p. 121).
Condutores cegos! que coais um mosquito e engolis um camelo. Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato,
mas o interior está cheio de rapina e de iniquidade. (Mateus 23.24-25) BEP-ARC.
(ênfase adicionada).
Poucos percebem que este fator também é preponderante nos dias atuais. Quase
51% dos líderes ou pastores nunca leram a Bíblia Sagrada por inteira pelo menos
uma vez na vida. O resultado é fruto de uma pesquisa feita pelo atual editor e
jornalista da Abba Press & Sociedade Bíblica Ibero-Americana Oswaldo Paião com
1255 entrevistados de diversas denominações.
5 A NOVA ORDEM RELIGIOSA DENOMINACIONAL
Uma nova ordem de liturgia do cristianismo foi encontrada na Europa entre os
séculos XVII e XVIII. Essas instituições “independentes” ficaram conhecidas como
um movimento denominacional pela liberdade que tinham de pregar as Sagradas
Escrituras e de veicular suas teorias como doutrinas bíblicas transformando-as em
verdades centrais da fé cristã.
A palavra denominação para descrever um grupo religioso passou a ser utilizada
por volta de 1.740, durante o início do Reavivamento Evangélico liderado por John
Wesley e George Whitefield. Mas a teoria em si foi elaborada um século antes por
um grupo de líderes radicais puritanos na Inglaterra e na América do Norte. O
denominacionalismo, como originalmente era designado, é o oposto do
sectarismo. Cada seita clama para si, exclusivamente, a autoridade de
Cristo. Acredita-se que é o verdadeiro corpo de Cristo; toda verdade lhe
pertence, e não a nenhuma outra religião. (SHELLEY, 2004, p. 341). (ênfase
adicionada).
O surgimento da forma denominacional marcou profundamente os últimos séculos
da história cristã. E desde as suas primeiras aparições no século XVIII, os grupos
que surgiam eram criados de acordo com a necessidade local ou pela diversidade
na expressão da fé. Categoricamente, essas denominações também são
classificadas de cristianismo moderno ou fundamentalista – por acreditarem que
toda a verdade da Bíblia está devidamente centrada em suas doutrinas, e fora
deles, não há salvação e nem erro de interpretação das Sagradas Escrituras.
5.1 O FAMOSO “SÉCULOS DAS HERESIAS”
A origem dos movimentos denominacionais tem muito haver com as conversões
em massas provocadas pelos missionários americanos e europeus. A corrida pela
evangelização estava aberta, e o palco que recebia os bravos missionários era na
América do Norte. Havia um esforço em prol de missões nacionais e estrangeiras,
a consequência foi significativa porque houve um grande repovoamento a favor do
cristianismo entre o século XVIII a XX. Alguns teólogos preferem chamar esse
período de “avivamento”. Todavia, nem todos dizem o mesmo; pois o avivamento
para muitos foi um “repovoamento de simpatizantes”. Entretanto, a pretensão não
é invalidar o avivamento em si, o propósito dessa pesquisa é remontar o cenário e
facultar um pensamento onde nem todos os missionários que lançaram as mãos
na América eram idôneos ou caminhavam sob a mesma confissão de fé.
O crescimento das comunidades urbanas indexadas ao cristianismo trouxe
problemas árduos para o solo norte-americano. Desde o século XVIII, a
comunidade nos Estados Unidos começa a conhecer seus primeiros desafios. Além
dos índios nativos, o país recebeu milhões de irlandeses, alemães, ingleses,
franceses, italianos e judeus que imigraram para a América do Norte. Muitos deles
fugiam em busca de uma nova vida, da crise religiosa-política ou do recrutamento
militar na Europa. Desde então, os Estados Unidos foi um dos países que mais
recebeu contingentes de imigrantes que se tem registro na história.
Porquanto, vários movimentos que surgiram nos séculos citados anteriormente
foram radicalmente audaciosos. Além de apresentar uma nova teologia ao
cristianismo, muitos pregadores colocavam suas teorias – interpretação – da Bíblia
como “doutrina” final e inquestionável. As pregações, visões e experiências
obtinham crédito e fascínio do povo que selaram esta idéia como uma “verdade
inspirada” assim como também é atribuída para a Bíblia Sagrada.
Infelizmente, o elemento místico interpretativo e empírico dos pregadores a
respeito das Sagradas Escrituras reformularam novos conceitos para vários
movimentos cristãos como filosofia central e teológica. Afinal, o que está revelado
ainda carece da interpretação humana? E daquilo que não está; cabe ao homem
agora interpretar? Veja o que diz a Bíblia:
O que está oculto pertence ao Senhor, nosso Deus; o que foi revelado é para
nós. (Deuteronômio 29:29) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação
pessoal. (2 Pedro 1.20) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
Mas alguém questionaria: "a interpretação não é importante?" Não temos dúvida
que sim. Entretanto, a interpretação humana com respeito às Sagradas Escrituras
deveria ser tratada como teoria e não passar a barreira de uma possibilidade
secundária. Esse limite deve ser respeitado a fim de preservar a fé, a consciência,
o fechamento do cânon das Sagradas Escrituras e a boa ciência. Caso contrário,
qualquer um que tiver uma interpretação da Bíblia será a "voz da verdade"?
Imagine a divisão que isso pode proporcionar se a interpretação for pregada
como uma possibilidade primária – doutrina, verdade – no meio dos santos. Que
haja temor no coração dos pregadores quando fomentarem qualquer idéia das
Sagradas Escrituras. E com respeito a Bíblia, deixem claro que se trata de uma
visão pessoal, pois somente a palavra de Deus é a verdade absoluta e inspirada:
"sempre seja Deus verdadeiro, e todo o homem mentiroso." (Romanos 3.4) BDE-
ARC.
Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho
da verdade ser caluniado. Movidos por cobiça, eles vos hão de explorar por
palavras cheias de astúcia. Há muito tempo a condenação os ameaça, e a sua
ruína não dorme. (2 Pedro 2.2-3) BDJ-EP.
Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da
salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades,
ajuntarão mestres para si. (2 Timóteo 4.3) BDJ-EP. (ênfase adicionada).
É necessário ter cuidado com a “nova revelação” e a quantidade de informações
que são despejadas dos púlpitos sob as plataformas denominacionais. A pergunta
é: a Bíblia, aparentemente, não é mais suficiente por aquilo que ela por si
só se revela na leitura? Por acaso, esqueceu de alguma coisa o Espírito Santo
na sua Santa Palavra? Afinal, quem tem a autoridade absoluta e é considerara
inspirada por Deus? Isso quando a Palavra não é “ofuscada” pelo homem que
ganha destaque – glória – juntamente com as suas próprias revelações. Que
grande responsabilidade! A interpretação tomando o lugar da Verdade nos
corações dos ouvintes.
5.1.2 As Sombras do Templo
Durante décadas, os críticos as têm chamado de “escândalo”, “praga”,
“partidarismo” e “sistema de castas”, mas as denominações permanecem
a marca institucional do cristianismo moderno. [...] qualquer cristão que leia o
Novo Testamento, sente a diferença entre a fé professada pelos apóstolos e pelo
cristianismo de nossos dias. O apóstolo Paulo, por exemplo, fala da igreja como o
templo de Deus, unificada na devoção ao Senhor Jesus Cristo, mas o que vemos
hoje em dia é uma coleção de cultos, seitas, denominações e ismos. [...] O
fato é que os cristãos encontram-sedivididos, pelo menos, porque têm liberdade
de divergir. No início, não a tinham. Nós nos chocamos com esse fruto do
cristianismo moderno, mas poucos desejam lançar o machado em suas raízes.
(SHELLEY, 2004, p. 335). (ênfase adicionada).
Assim como foi na Igreja Católica, a função denominacional foi bem-sucedida e se
expandiu pelo mundo. Entretanto, o comportamento infelizmente trouxe confusão
ao corpo de Cristo, 1 Co 1.11. Os resultados na historia provam subdivisões
constantes de grupos por terem recebido uma nova revelação teológica. Portanto,
é importante observar que o foco da igreja é a pregação do evangelho, 1 Co 1.22-
24. Em geral, a fé não consiste na ignorância e muito menos na experiência
humana, mas no conhecimento, 2 Co 8.7; Ef 4.13; Fl 1.9; Cl 1.9-10; 2 Pe 1.5-8.
Segundo a teoria do professor Horrel (2006, p. 79), “um estudo do Novo
Testamento, no entanto, sugere que muitas das formas e estruturas das Igrejas
locais de hoje, na verdade, impedem a verdadeira obra de Deus no mundo”. A
origem dos movimentos denominacionais pode até ser recente, mas o
comportamento parece que não. Durante toda a história do cristianismo católico
ou universal, podemos “comparar” algumas atitudes com os ideais do passado. A
ênfase que é dada na instituição (Templo), pelos cargos eclesiásticos pastorais
(sacerdotes e levitas), pelos sacrifícios (dízimos), pelos cultos (sabá) e na busca
por uma identidade sob um sentimento tradicional nacionalista (judaísmo e
Israel).
Como consequência, o templo, o sacerdócio e o sacrifício do Judaísmo
cessaram com a vinda de Jesus Cristo. Cristo é o cumprimento e a realidade
de tudo isso. No paganismo grecoromano, estes três elementos também estavam
presentes: Os pagãos tiveram seus templos, seus sacerdotes e seus sacrifícios.
Foram apenas os cristãos que descartaram todos estes elementos. Poder-se-ia
dizer que o cristianismo foi a primeira religião sem templos. Na mente do
cristão primitivo, era a pessoa que constituía o espaço sagrado, não a arquitetura.
Os primeiros cristãos entendiam que eles mesmos — coletivamente — eram o
templo de Deus e a casa de Deus. (VIOLA, 2005, p. 107). (ênfase adicionada).
Observemos que a verdadeira Igreja deixada por Cristo nunca precisou herdar o
nome de algum movimento ou de placa, de púlpitos ou pias batismais, de fardas
ou posições sociais, de órgãos públicos ou atos políticos, de tradições ou liturgias,
de dinheiro ou poder, de governos ou terrenos para manifestar sua fé.
Infelizmente, nem a Reforma ou muito menos os movimentos subsequentes
tiveram sucesso em restaurar a ekklesia – uma identidade que ainda continua
distante dos padrões bíblicos.
Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua
casa. (Colossenses 4.15) BEP-ARC As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos
afetuosamente no Senhor áqüila e Priscila, com a igreja que está em sua casa.
(1 Coríntios 16.19) BEP-ARC (ênfase adicionada).
Alguém poderia perguntar – a forma institucional não é eficiente? O conceito é
relevante desde que, a igreja não sofra uma interferência por costumes
tradicionais e a gestão favoreça o desenvolvimento pelos mesmos interesses que
culminaram no Novo Testamento. A ênfase da igreja não deve estar no nome do
ministério ou nas paredes de tijolos da casa – afinal, tudo isso é passageiro – mas
a uniformidade deve ser homogênea por transformações intelectuais provocadas
pela mensagem da cruz de Cristo que é loucura para os que perecem. Mas para
nós, que somos salvos, é o poder de Deus, 1 Co 1.18.
Por natureza, o homem geralmente justifica os meios para “sacralizar” os fins. Um
prédio, uma casa ou uma fundação até pode ser discutido como um objeto de
apoio secundário em benefício do evangelho, mas nunca deveria ser rotulado
como um objeto sagrado ou até mesmo carregar a identidade ou a referência
daquilo que aponta para o homem.
Assim como Cristo não deve ser confundido com o Buda, a igreja não deve ser
confundida com um prédio – mas com um grupo de cristãos fiéis. E como disse o
apóstolo Paulo: “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da
igreja”. (Efésios 5.32) BEP-ARC.
Mas infelizmente, muitos pastores não ensinam as ovelhas a dependerem de Deus
e raramente as desafiam a caminhar com Ele. Porém, por alguma razão, elas se
tornam cada vez mais dependente do pastor (homem) e do Templo (prédio da
igreja). É incrível como o modelo atual é passivo e sofra contrastes com o Novo
Testamento. Observemos o exemplo de Cristo, com apenas três anos de
ministério, preparou muitos homens que transformaram nações. Contudo, jamais
vimos Paulo ou um dos apóstolos estabelecerem uma cadeira e ficarem sentados
num só lugar por décadas para que o “Reino” venha até eles, Mc 16.15.
Definitivamente, a questão é desafiadora, por esta posição – da cadeira e do
templo – enaltecer o “orgulho” do homem.
Por isso, vos conjuro a que sejais meus imitadores. Para isso é que vos enviei
Timóteo, meu filho muito amado e fiel no Senhor. Ele vos recordará as minhas
normas de conduta, tais como as ENSINO POR TODA PARTE, em TODAS as
IGREJAS. Alguns, presumindo que eu não mais iria ter convosco, encheram-se
de orgulho. Mas brevemente irei ter convosco, se Deus quiser, e tomarei
conhecimento não do que esses orgulhosos falam, mas do que são
capazes. Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em atos.
Que preferis? Que eu vá visitar-vos com a vara, ou com caridade e espírito de
mansidão? (1 Coríntios 4.16-21). BDJ-EP (ênfase adicionada).
E lhes ordenou: “Enquanto estiverdes INDO pelo mundo inteiro proclamai o
Evangelho a toda criatura”. (Marcos 16.15) KJA. (ênfase adicionada).
O fato é que os cristãos encontram-se numa zona de total conforto, pelo menos
porque têm liberdade de modificar ou criar uma nova conduta do “evangelho” a
seu próprio gosto rotulando como “igreja” – mas no início, não a tinham. Nós nos
chocamos com a proposta do cristianismo moderno denominacional, mas são
poucos que ainda desejam o padrão ofertado pelas Sagradas Escrituras.
6 A VOLUNTARIEDADE
Voluntariedade, s.f. Qualidade do que é voluntário; espontaneidade; [...]
Voluntário, adj. Que procede espontaneamente; derivado da vontade própria; em
que não há coação. (BUENO, 1960, p. 1336) (ênfase adicionada).
Um novo modelo passa a ser observado no Novo Testamento – o voluntarismo, At
4.34-35; 2 Co 8.3, 8.17; Cl 2.23; Fm 1.14; 1 Pe 5.2. Para Lafin: “o voluntário é
aquele indivíduo que se oferece para prestar um serviço, por vontade própria, a
partir de suas inquietações pelos problemas sociais, sem receber remuneração
econômica para isso”. (LAFIN, 2006, p. 1420-3) (ênfase adicionada). Este
conceito está em plena harmonia com a instrução deixada pelo apóstolo Pedro.
“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por
força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto”. (1
Pedro 5.2) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
A partir do momento que você é renumerado, deixou de ser voluntário. Se houve
quem te admoestou, requisitou ou pediu algo para um fim determinado, também
abandona a essência voluntária. Esse conceito é aplicável tanto a indivíduos como
coletivamente. Contudo, para isso, é preciso haver oportunidades reais em que a
“proposta” seja passiva e o agente ativo. Entretanto, qualquer evento que inverta
a ordem da proposta anterior, deixará falido esse sistema que engrandece a
iniciativa do agente preservando assim o seu galardão.
Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da
macedônia; como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo, e
como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade.
Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu
poder, deram voluntariamente.(2 Coríntios 8.1-3). BDJ-EP (ênfase adicionada).
Diferente quanto à proposta do Novo Testamento, observa-se que muitas
denominações invertem esta maneira gentil do voluntarismo e desenvolvem um
mecanismo que alterna a “proposta” para ativa e o agente na passividade. A
necessidade é imposta – quando não é implorada ou obrigada – para que os
membros sejam induzidos a fazer algo. Diligentemente, essa não é a melhor
maneira de comunicar as necessidades aos santos – impondo – mas de coração
humilde e de intenção hospitaleira a fim que os fieis sejam socorridos, Rm 12.13.
“Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício não fosse como
por força, mas, voluntário. (Filemom 1.14) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Certamente essa é uma maneira bíblica e de prática do qual foi deixado pelos
apóstolos a fim de não acarretar um jugo demasiado sobre a igreja que não possa
suportar. Este ensinamento é vicário tanto para a saúde dos membros como para
aqueles que professam a mesma fé.
Essa posição é defendida pela Bíblia, mas em geral, o desejo dos “modernistas” é
por uma igreja que se adapte aos nossos tempos. Esses cristãos têm a
desvantagem de serem incapazes de identificar a fé ou o modelo de governo da
igreja que tenha o selo da aprovação de Deus. Nos seus extremos, é um
cristianismo sem fundamentos. (SHELLEY, 2004, p. 80).
6.1 PLANO DE CARREIRA SUSTENTÁVEL OU TODOS TRABALHANDO?
As perspectivas mudaram, e isso fica claro quando observamos o padrão de vida
da igreja primitiva do século I e II pelo credo da Didaqué. A confissão
aparentemente denota uma vida normal da comunidade deixando a orientação de
que cada um se sustentasse por meio do seu próprio trabalho, “Se quiser se
estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar. Porém, se
ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão
não viva ociosamente em seu meio”. (DIDAQUE, 1997, p. 18).
Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga,
trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. (2
Tessalonicenses 3:8) BEP-ARC. (ênfase adicionada).
Provavelmente, o apóstolo Paulo tinha uma preocupação de não “associar” o
evangelho num plano de carreira – negócio – sob um mecanismo de renumeração
sustentável. Portanto, o versículo que foi destacado acima está em plena harmonia
com o que foi professado na Didaqué. Ademais, quando Paulo chega de viagem à
cidade de Corinto, encontra Áquila, um homem judeu que também era do mesmo
ramo dele – fazer tendas. Por esta razão, Paulo resolve estabelecer sua estadia no
local “trabalhando”. E quando havia oportunidade, ele pregava nas sinagogas para
os judeus e em outros lugares a gentios conforme o livro de Atos 18.1-8.
E depois disto partiu Paulo de Atenas, e chegou a Corinto. E, achando um certo
judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e
Priscila, sua mulher (pois Cláudio tinha mandado que todos os judeus saíssem de
Roma), ajuntou-se com eles, e, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e
trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas. (Atos 18.1-3).
O exemplo maior veio de Cristo por não ter cobrado nada pelo ensino. Este modelo
também é demonstrado da mesma maneira pelos apóstolos. Não é obscuro
entender o mandamento de Cristo: “de graça recebeste, de graça daí”, Mt 10.8b.
Não falta exemplo de bons trabalhadores na Bíblia, Jesus era carpinteiro, Mc 6.3.
Paulo fazia tendas, At 18.3. Pedro, André, Tiago e João eram pescadores, Lc 5.1-
10.
Intrigante ou não, pagar para alguém fazer o seu papel é algo deveras estranho.
Além de tornar o compromisso num negócio, como ficará o seu galardão? Por mais
que cada um tenha uma particularidade no Reino de Deus, ninguém pode comer
uma refeição no meu lugar para matar a minha fome – vou continuar passando
fome. Também ninguém pode estudar por mim, pois no dia em que fizer a prova,
poderei reprovar por não ter estudado. Experimente criar um filho dando para ele
tudo mastigado, e a outro, ensinando a como preparar e conseguir os alimentos.
Por essa razão Paulo ensinou: “sejais meus imitadores”, I Co 4.16; 11.1; Ef 5.1;
Fp 3.17.
6.1.1 A Liberalidade nas Ofertas
“Oferta, s.f., oferenda, oferecimento, dom, presente”. (SCOTTINI, 2009, p. 236).
A palavra oferta aparece no Antigo Testamento mais de 500 vezes tanto no
singular como no plural. Suas citações “quase que na totalidade”, remetem para o
cumprimento da Lei. Já no Novo Testamento, a palavra oferta se apresenta pouco
mais de 20 versículos e denotam alguns sentidos diferentes. Esse contraste é
devido a medida que Deus foi se revelando ao homem por meio de Sua Palavra e
por Cristo, que nos isentou do rigor da Lei mediante ao Seu sangue em oferta e
sacrifício por nós, Mt 25.34; At 8.32; Jo 1.29, 17.24; I Co 2.7; Ef 1.4, 3.9, 5.2; Cl
1.26; Hb 1.1, 9.26; I Pe 1.19-20; Ap 13.8.
De acordo com a Lei das ofertas no Antigo Testamento, Lv 6.14, 7.1 e 7.11, A
oferta do cordeiro, Lv 3:7-11, da cabra, Lv 3:12-16, e do novilho deveria ser sem
defeito para expiação do pecado do sacerdote como a do povo, Lv 4:3-31. Tanto o
holocausto e como as ofertas pacíficas tinham um objetivo bem definido,
aplacavam a ira de Deus que recaia sobre todos os que desobedeciam e cometiam
iniqüidades como traziam também bênçãos sobre o povo. Até as ofertas
voluntárias de ouro, prata, cereal ou pacífica, exprimia geralmente a ideia de
homenagem, dedicação própria, ação de graças ao SENHOR ou por expiação
conforme a Sua orientação, Ex 35.5, 35.22, 38.24; Nm 31.50-52; 1 Sm 6.8; 1 Cr
29.5; Ed 1.4; 8.25-28; Ml 3.3.
Surpreendentemente, houve consequências muito amplas com a “extinção do
Templo” e com a oferta final de Cristo na Cruz. No momento que os cristãos
começaram a raciocinar dessa forma, a questão da “oferta expira” e uma nova
proposta denota a fim de contemplar aqueles que eram desprovidos de quaisquer
recursos, e não por aqueles quem tinha condições de trabalhar ou visando
sustentar uma instituição.
E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor
Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles
necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-
as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E
repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha. (Atos
4.33-35). BEP-ARC (ênfase adicionada).
Porque não fizeram desse momento um benefício para um fariseu que gostava de
orar nas sinagogas? Ou para abençoar um sacerdote ou Levita que ministrava no
Templo? Ou para manterem de pé as instituições dos Sinédrios?
Cornélio fixou nele os olhos e, possuído de temor, perguntou: Que há, Senhor? O
anjo replicou: As tuas orações e as tuas esmolas subiram à presença de Deus
como uma oferta de lembrança. (Atos 10.4) BEP-ARC.
Parece que o Templo mudou de mãos. A Igreja primitiva entendeu muito bem esse
recado e aprendeu agir com liberalidade, Fp 4.18. Os santos passaram a ser o
Templo e a morada do Deus vivo de Israel, I Co 3.16. Portanto, aquelas ofertas
que dantes visava aplacar a ira de um Deus santo, agora, virtualmente, contempla
os mais carentes e desprovidos da comunidade.
Talvez a pior consequência do calendário sobrecarregado da igreja seja que
issotransmita aos membros e ao mundo descrente que é assim que
servimos a Deus; que o envolvimento nos programas da igreja é a medida da
espiritualidade cristã; que movimento é igual a ministério; que ser religioso é o
mesmo que ser cristão. Mais que prover os crentes para ser o corpo de Cristo
no mundo, a igreja local, às vezes, se torna o maior obstáculo de todos para
alcançarmos esse objetivo. (HORRELL, 2006, p.148). (ênfase adicionada).
Entender isso é primazia para uma compreensão saudável a fim de evitar um
sentido duplo – o Templo e a Lei são um instrumento de execução – e não um
modelo passível para “fundamentar” uma cópia genérica. De certa forma, as
denominações cristãs que se autodenominam “igrejas”, caminham hoje a passos
largos do modelo deixado pelo Novo Testamento. Enquanto o dízimo visava o
cumprimento legítimo da Lei, uma nova teoria foi articulada sutilmente para um
padrão humano de necessidades institucionais. Quem sabe, um dia, um líder ou
um homem corajoso como Lutero suba nas plataformas e proteste contra um reino
que é segundo o do coração dos homens. As sombras das tradições até podem dar
uma ideia do que é a igreja, mas nunca serão com o sol que ilumina toda uma boa
esperança assim como é a instrução das Sagradas Escrituras.
6.1.2 Implicações em I Timóteo 5.17-18
Os presbíteros que desempenham bem o encargo de presidir sejam honrados com
dupla remuneração, principalmente os que trabalham na pregação e no ensino.
Pois diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando ele pisar o grão {Dt 25,4}; e
ainda: O operário é digno do seu salário {Lc 10,7}. (1 Timóteo 5:17-18). BDJ-
EP (ênfase adicionada).
Em algumas versões, é possível encontrar acréscimos ou expressões
desnecessárias se não houver uma constante comparação a fim de examinar as
Sagradas Escrituras. Observe a palavra “renumeração” na citação anterior, não a
encontramos na Bíblia “inglesa” de escrita em 1611 – apenas dupla honra – o que
significa a ausência do termo “renumeração”. Essa idéia está de plena harmonia
por Strong em seu dicionário ao traduzir do grego tal expressão como um
sentimento de honra e louvor por aqueles que se dedicam ao ensinamento e a
pregação. Outra fonte importante é a primeira Bíblia impressa do mundo – a de
Gutenberg – que foi produzida por volta do ano de 1450. Nela também está
ausente a expressão “renumeração” e frisa claramente “duplas honras” do latim. A
Bíblia francesa de l'Épée de 1551, também tem a mesma conotação de honra e
ausência da palavra renumeração. Essas Bíblias – na sua língua de origem – estão
em harmonia por esse pensamento o que indica um possível acréscimo da citação
anterior. Essas fontes de comparação são de extrema importância, pois são as
versões escriturísticas administradas pelos reformadores do qual receberam o
famoso título de Textus Receptus – Texto Recebido.
Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada
honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (1 Timóteo
5:17). BEP-ARC.(ênfase adicionada).
Desconstruída a idéia por renumeração – dinheiro – é importante agora analisar
novamente o versículo posterior para veicular uma teoria harmônica sem receber
uma influência ou indicativa por recursos financeiros.
Pois diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando ele pisar o grão {Dt 25,4}; e
ainda: O operário é digno do seu salário {Lc 10,7}. (1 Timóteo 5:17-18). BDJ-
EP (ênfase adicionada).
Antigamente – como nos dias de hoje – é possível encontrar um viajante,
estrangeiro ou um trabalhador que troque por um dia de labor por um prato de
comida ou por uma pernoite como salário. E o versículo 18 está em plena
harmonia com esse pensamento. Note que existe uma referência na citação acima
“{Lc 10,7}”, onde nesta passagem, Jesus remete para os seus discípulos como
salário por um prato de comida. Observemos:
E ficai na mesma casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, POIS DIGNO
É O OBREIRO DE SEU SALÁRIO. Não andeis de casa em casa. (Lucas 10.7). BEP-
ARC (ênfase adicionada).
Seria demasiadamente mal intencionado todo aquele que busca veicular uma
teoria por dinheiro – sendo que já existia naquela época – mas não, as Sagradas
Escrituras se harmonizam e o Evangelho está livre do pensamento ou de qualquer
associação de sustentar “terceiros” em troca por recursos financeiros pela
pregação das Escrituras. Não existe um modelo claro ou doutrinário para validar
como uma idéia neotestamentária – de graça recebeste? Dê também de graça.
Também é importante ressalvar que dentro dessa proposta, a teoria do
voluntarismo “novamente” ganha força.
6.1.3 Implicações em I Coríntios 9.3-14 e II Coríntios 11.8 (Cortando a
conversa pela metade)
Esta é minha defesa para com os que me condenam. Não temos nós direito de
comer e beber? Não temos nós direito de levar conosco uma esposa crente, como
também os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? Ou só eu e
Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? Quem jamais milita à sua
própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta
o gado e não se alimenta do leite do gado? Digo eu isto segundo os homens? Ou
não diz a lei também o mesmo?. Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás
a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o
diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra
deve lavrar com esperança e o que debulha deve debulhar com esperança de ser
participante. Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós
recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não,
e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos
tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo. Não sabeis
vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que
os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar? (1 Coríntios 9.3-13).
BEP-ARC.
Infelizmente, muitos líderes cortam – ou isolam – a citação acima de Paulo onde
faz uma defesa do seu ministério apostólico. Ademais, Paulo promove a si mesmo
um “possível” direito do qual não seria demasiado se ele assim o requeresse.
Entretanto, o texto continua no versículo 14 que demonstra qual é a sua
verdadeira “intenção” para com a igreja de Cristo. Observemos a continuação:
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho. Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para
que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, do que alguém fazer
vã esta minha glória. Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o
evangelho! E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio; mas, se de má
vontade, apenas uma dispensação me é confiada. Logo, que prêmio tenho? Que,
evangelizando, proponha de graça o evangelho de Cristo para não abusar
do meu poder no evangelho. Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo
de todos para ganhar ainda mais. (1 Coríntios 9.14-19). BEP-ARC (ênfase
adicionada).
Desde pequeno me ensinaram que é uma tremenda falta de educação cortar a
conversa de alguém pela metade. E em todo o capítulo, não vemos Paulo
sustentando a idéia primária – que é geralmente isolada. Além do mais, observe
novamente a ênfase do texto, (1) Não usou de maneira nenhuma aquilo que
parecia cabível; (2) Não escreveu nenhum mandamento para que assim
procedessem com ele; (3) Ele não deixou “I Co 9.3-13” como doutrina para
Igreja; (4) a conduta dele foi oposta e propôs pregar o evangelho de graça para
ganhar ainda mais.
Outro evento infelizmente se repete em 2 Coríntios 11. O agravo é o mesmo
quando é isolado o versículo 8 para dar margem a uma renumeração como
“doutrina” – o que é insustentável.
Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando
estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. (2 Coríntios
11.8).
A exegese é a interpretação profunda de um texto bíblico, jurídico ou literário. Mas
não queremos usar de teorias para delinear um pensamento do versículo acima
quando existe a possibilidade da própria Bíblia ter uma posição clara a respeito do
tema em questão. A harmonia escriturística é algo que tem que ser usado ao
máximo quando ela por si só permite. Portanto, vamos acrescentar o versículo 9
em junção com o versículo 8.
Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e quando
estava presente convosco, e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os
irmãos que vieram da macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me
guardei de vos ser pesado, e ainda me guardarei. (2 Coríntios 11.8-9). BEP-ARC
(ênfase adicionada).
Observemos que Paulo teve suas necessidades supridas pelos irmãos da
macedônia. Mas se era suprido, por acaso ele deixou alguma doutrina? Se sim, o
que ele ensinou em 1 Coríntios 9.3-19 entrará em conflito com a posição tomada
diante da igreja: “Mas eu de nenhuma destas coisas usei, e não escrevi isto para
que assim se faça comigo.” 1 Co 9.15. Contudo, se Paulo não deixou nenhuma
doutrina para que assim procedessem com ele, teriam agido os macedônios
“voluntariamente”? Agora, se isto for verdade, boa coisa foi feita pelas igrejas
daquela região em agir livremente para acudir os santos quando estão em
necessidade.
Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da
macedônia; Como em muita prova de tribulação houve abundância do seu gozo,
e como a sua profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade.
Porque, segundo o seu poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu
poder, deram voluntariamente. Pedindo-nos com muitos rogos que
aceitássemos a graça e a comunicação deste serviço, que se fazia para
com os santos. E não somente fizeram como nós esperávamos, mas a si mesmos
se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus. (2
Coríntios 8.1-5). BEP-ARC (ênfase adicionada).
Não deixe passar despercebido – o texto está a dois capítulos antes de II
Coríntios 11.8 referente ao comportamentovoluntário dos macedônios. Um
serviço que contemplava todo aquele que estava carente de necessidade. E outra,
os “santos” nunca foram uma casta clerical de líderes da igreja – eram os irmãos
mais próximo.
Outro ponto instigante é a palavra “salário” que é utilizada em algumas versões
bíblicas. Assim como provamos que palavra “dupla-renumeração” em 1 Timóteo
5.17-18 no português entrava em conflito com a sua origem terminológica diante
dos escritos antigos pelo Texto Recebido – Textus Receptus – o mesmo concorre
para esta situação.
Para vos servir, despojei outras igrejas, recebendo delas o meu sustento (2
Coríntios 11:8) BDJ-EP (ênfase adicionada).
E mesmo que a palavra salário fosse titular, o subsídio ou o provento que foi
recebido por Paulo em nada pode modificar o espírito voluntário que move todo o
contexto. Portanto, (1) o voluntariado de Paulo não entra em crise; (2) novamente
não existe fomentação por doutrina; (3) não é a palavra “salário” do versículo
11.8 que rege todo o contexto; (4) o comportamento da igreja é voluntário e
assim se fazia para com todos os santos.
Será que o conceito voluntário está sendo propagado nas igrejas? Certamente
não, pois todo suprimento incerto do qual não fomente por um valor fixo deixa de
ser uma administração rentável. Então, estariam os líderes atuais com outras
intenções?
Mais uma vez a teoria do voluntarismo ganha destaque nesse ambiente analítico.
Por esta razão, Paulo foi o único homem do Novo Testamento que teve a moral em
dizer - sedes meus imitadores como sou de Cristo, (1 Co 11.1). Será que os
líderes denominacionais podem dizer o mesmo hoje?
6.1.4 Implicações no dízimo de Abrão e Jacó e a Carta aos Hebreus
Propositalmente deixado por último, acreditamos que as teorias veiculadas
anteriormente – por si só – já desconstruíram inúmeros fundamentos paliativos na
fomentação do "dízimo" como doutrina para a igreja. Entretanto, ainda pode
existir o seguinte pensamento – como o dízimo existiu antes da Lei mosaica, logo
é atemporal. Observe:
E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus
Altíssimo. E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o
Possuidor dos céus e da terra; E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os
teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. (Gênesis 14.20)
BEP-ARC (ênfase adicionada).
Esta pedra da qual fiz uma estela será uma casa de Deus, e pagarei o dízimo de
tudo o que me derdes. (Gênesis 28.22) BEP-ARC (ênfase adicionada).
Analisando a possibilidade “atemporal” do dízimo de Abrão e Jacó, Hb 7.2-8. Note
que o modelo fomentado por eles não é devidamente observado. O dízimo
pregado atualmente visa geralmente 10% do rendimento e não de “tudo” como os
patriarcas aplicaram. Por outro lado, não está claro por um mandamento ou por
Lei que a regulamente – logo não há obrigação – eles foram voluntários. Aqui
temos um novo ponto a analisar, pois se este sistema é recuado até Abrão e Jacó,
deve-se ter em mente estas duas posições, (1) de tudo; (2) voluntário.
Ainda estamos pra ver um ministro pregar o dízimo de tudo de acordo como está
escrito – e muito distante daquilo que foi feito no Antigo Testamento – o
sistema voluntário também fica completamente falido diante das
necessidades impostas pelos pregadores da teologia moderna quando não obrigam
os cristãos a darem apenas 10% do seu dinheiro sob uma possível ideologia de
princípio bíblico.
Portanto, a veiculação do dízimo nas denominações difere em muito quanto ao
modelo Escriturístico de ambos – Abrão e Jacó. Ademais, como não fosse
bastante, muitos alteram o pensamento e a harmonia das Sagradas Escrituras
para interesses peculiares. Mas por qual razão tributaríamos a “igreja” de Cristo,
sendo que, não temos nenhum mandamento para que assim seja? Todavia,
podemos presumir que é o “homem” que assim o quer. E isto não seria uma
irresponsabilidade bastante radical e de grande impacto no comportamento dos
santos?
Observando este produto de piedade – os votos de Abraão e Jacó são atos
externos que não caracterizam um procedimento vicário – o ato em si não rotula
ou muito menos dita uma regra a ser seguida. Afinal, de onde veio este modelo?
Ele foi copiado? Já existia? Especulações a parte, não estamos veiculando uma
nova proposta – como muitos fazem dotando por doutrina – mas apoiamos o
voluntarismo que é uma sugestão bem qualificada. E diante de um fundamento
bíblico, o dízimo só ganhou luz, forma e elementos pela Lei mosaica como se
observa a orientação pela citação do versículo abaixo na carta aos Hebreus.
Os filhos de Levi, revestidos do sacerdócio, na qualidade de filhos de
Abraão, têm por missão receber o dízimo legal do povo, isto é, de seus irmãos.
(Hebreus 7.5) BDJ-EP.
De acordo com a instrução da Lei, os levitas tem a missão Legal em receber os
dízimos – e não os sacerdotes: Dt 26.12; Ne 10.38 – o que entra em contradição
por quem deseja figurar Jesus como sacerdote que recebe o dízimo; ou Cristo
tem por figuração sob ofício de levítico em Hebreus? E para validar tal
pensamento, utilizam as citações de Hebreus abaixo a fim de induzir um
pensamento de um ofício paralelo, contínuo e por Cristo:
Aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de
quem se testifica que vive. (Hebreus 7.8) BEP-ARC (ênfase adicionada).
Porque dele assim se testifica: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem
de Melquisedeque. (Hebreus 7.17) BEP-ARC (ênfase adicionada).
Afinal, quem seriam esses homens que tomam o dízimo e morrem? Porventura,
seriam os homens de hoje? Provavelmente não. E para facilitar a nossa
compreensão, podemos utilizar uma versão que é considerada por muitos teólogos
como uma ferramenta conservadora do grego para o português – a Bíblia de
Jerusalém. Ela pode nos ajudar a compreender melhor quanto a tradução citada
anteriormente de forma resumida pela João Ferreira de Almeida, observe agora:
De mais, aqui, os levitas que recebem os dízimos são homens mortais; lá,
porém, se trata de alguém do qual é atestado que vive. (Hebreus 7.8) BDJ-
EP (ênfase adicionada).
Veja que encontramos harmonia com Hb 7.5. Os levitas estavam revestidos –
acompanhados, autorizados e gerenciados sob o ofício dos sacerdotes segundo a
autoridade da Lei mosaica conferia a eles legalmente. Agora, não há harmonia
escriturística daquilo que fora abolido por Cristo por uma continuidade genérica da
Lei para os homens. E lembre-se, nunca corte a conversa pela metade:
Porque está escrito: Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de
Melquisedec. Com isso, está abolida a antiga legislação, por causa de
sua ineficácia e inutilidade. Pois a lei nada levou à perfeição. Apenas foi
portadora de uma esperança melhor que nos leva a Deus. (Hebreus 7.17-19)
BDJ-EP (ênfase adicionada).
Dentro dessa perspectiva – até onde recebemos entendimento – a carta para os
Hebreus está mencionado que morrem todos os que assim procederam –
principalmente os levitas que tomaram o dízimo do povo. Agora, voltar a viver as
ordenanças da Lei de Moisés que fora por Cristo abolida é deveras um tanto
estranho. Afinal, Cristo é quem nos leva a Deus por uma esperança melhor e
nEle somos abençoados e muito mais que vitoriosos pela fé – e não pelos dízimos.
E também, principalmente, não encontramos nenhum mandamento para modificar
a Lei do Senhor.
Porquanto, dar e receber dízimo é obra da antiga legislação como orienta o autor
da carta aos Hebreus, ou seja; obra da justiça da Lei do Velho Testamento que por
Cristo foi abolida. Sendo assim, cremos em Cristo por aquilo que Ele fez e por tudo
o que poderá fazer nas nossas vidas – justificados, salvos, temos herança,
galardão e as mais ricas bênçãos celestiais por meio do seu sangue – e não mais
pelos dízimos. Pois a palavra afirma que nenhuma alma será justificada diante
d’Ele pelas obras da lei, Rm 3.20-28; Gl 2.16. Provavelmente, o escritor em
Hebreus aconselhava cuidadosamente os santos quanto ao fermento dos fariseus
que queriam sutilmente judaizar a igreja de Cristo.
Mas se o dízimo for uma questão de "princípio" como o de Abraão e Jacó?
Infelizmente está muito mal observado, (1) O dízimo dos patriarcas não foi um
mandamento e nem articularam por uma doutrina – foi espontâneo, voluntário e
pessoal – caso contrário, todos os atos pessoais dos profetas ou
personagens do Antigo Testamento seriam observados por doutrina; (2) O
dízimo segundo a Lei mosaica, contempla a entrega no Templo em Jerusalém sob
o ofício e linhagem sacerdotal estabelecido pelo Senhor – o que impede hoje os
judeus de sacrificarem ou dizimarem; (3) O dízimo não foi criado para a igreja
do Novo Testamento e ela sobreviveu sem a ênfase deste recurso, onde Cristo e
os apóstolos não imputaram o tributo como forma de culto por benefício pela
pregação do evangelho ou muito menos para sustentar os líderes de uma
instituição religiosa.
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com
astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à
consciência de todo o homem, na presença de Deus, pela manifestação da
verdade. (2 Coríntios 4.2) BEP-ARC (ênfase adicionada).
Existe um modelo deixado – principalmente no Novo Testamento – mas nem tudo
o que é “parecido” pode ser chamado de igual. Observe que o padrão de igreja
que foi modificado por Constantino e a cultura dos judeus não é a herança
deixada por Cristo e pelos seus apóstolos. Infelizmente, nem todos estão
dispostos a se enquadrarem nas Sagradas Escrituras, mas que, no entanto, andam
com astúcia para que as Escrituras se enquadrem dentro dos seus próprios
interesses.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Se a história da Igreja é fascinante, a do cristianismo católico histórico não deixa
faltar ingredientes – tem temperos para todos os gostos. Quanto aos judeus,
aparentemente, têm muito mais temor que os cristãos da teologia moderna. Eles
estão completamente impossibilitados de realizar sacrifícios e dizimarem por não
existir mais o Templo em Jerusalém – sem falar da linhagem sacerdotal – e
mesmo assim, esperam pacientes pela restauração do seu “orgulho”, ou melhor,
do Templo. Contudo, os líderes dos movimentos modernos ou as denominações
são extremamente audaciosos. E mesmo não tendo o Templo de Jerusalém para
cumprir como ordena o Antigo Testamento, desobedecem a Lei Mosaica
recolhendo o dízimo em dinheiro nas suas denominações. De certa maneira, eles
podem estar profanando a Lei do Senhor por cinco razões, (1) por depositarem em
dinheiro e não em espécie orgânica ou animal; (2) o depósito é feito nas
denominações e não no Templo em Jerusalém; (3) por não cumprir toda a Lei,
mas apenas em partes; (4) por não respeitarem a linhagem sacerdotal; (5)
reduzirem o sacrifício de Cristo na Cruz. Bem certo profetizou Oséias em seu livro
quando o povo de Deus foi destruído por falta de conhecimento rejeitando a
instrução, Os 4.6.
Todo cristão deveria observar a diferença que existe na história da “igreja” antes e
depois de Constantino em 320 d.C. Os fiéis primitivos sobreviveram por quase
trezentos anos sem depender de templos para adorarem a Deus, nem sacerdotes
para conduzi-los a Cristo ou dos sacrifícios judaicos para receberem as bênçãos do
Senhor. O templo, um prédio ou uma instituição religiosa nunca foram uma
sombra e nem “referência” para dar a verdadeira característica ao povo eleito de
Deus. Portanto, os membros da igreja de Cristo encontram-se em toda a parte,
por todo o mundo onde quer que o Evangelho seja recebido. Esta é a única igreja
de Cristo (universal) – e apesar de todas as investidas – ela sempre permaneceu
viva na história e nada poderá destruí-la, Mt 16.18. Seus membros podem ser
perseguidos, presos, torturados ou até mortos, mas a verdadeira Igreja nunca se
extinguirá, Ef 5.32.
A Igreja Católica ou Universal, que é invisível, consta do número total dos eleitos
que já foram, dos que agora são e dos que ainda serão reunidos em um só corpo
sob Cristo, seu cabeça; ela é a esposa, o corpo, a plenitude daquele que cumpre
tudo em todas as coisas. (Ef. 1.10,22-23; Col. 1.18). (GRUDEM, 2008, p. 1006).
Porém, a situação atual tem se tornado particularmente crítica para os cristãos
devida a associação sutil que os costumes tradicionais vituperaram sua ideologia
em doutrinas cristãs. A igreja tem se tornado o foco primário de dissidência no seu
seio por uma estratégia enraizada em costumes orientais que contemplam as
estruturas, rituais e cargos que geralmente vislumbram o poder e enaltecem o
orgulho humano: “E, saindo ele do templo, disse-lhe um dos seus discípulos:
Mestre, olha que pedras, e que edifícios”. (Marcos 13.1-2). BEP-ARC.
Na igreja de Cristo, um membro que não esteja ligado à verdade da Palavra de
Deus deve se afastado da união do grupo, 2 Jo 1.10-11. Da mesma forma, quando
um membro de uma igreja percebe que ela não está comprometida pelas suas
convicções a uma ligação de total fidelidade às Escrituras, deve afastar-se dessa
igreja, 2 Tm 3.5. O curioso em tudo isso é que, quem procedeu assim no passado,
é tido hoje como herói, mas quem tem a ousadia de fazê-lo hoje, é vilão.
(REIMER, 2002, p. 78).
Portanto, assim como a Bíblia teve um propósito importante na história – a fim
que o homem seja perfeitamente instruído e não tenha mais “em partes” da
revelação escriturística – com o dízimo e a igreja também não foram diferentes.
Mas é necessário rever os conceitos, pois a proposta inicial deixada pelos
apóstolos referente à igreja está ficando obscurecida por líderes que ainda vivem
as sombras do passado, Gl 4.9.
Por esta razão, a pesquisa obteve uma preocupação de comparar os eventos que
articularam no passado com o comportamento atual. Também acreditamos que o
sistema professado hoje nas instituições religiosas em muito difere da proposta
original – e por sofrerem influências pagãs e se encherem dos costumes do oriente
– as Sagradas Escrituras ficaram dentro de um plano secundário para que as
necessidades humanas sejam supridas pelos olhos altivos da carne, Is 2.6-12.
Assim como não deveria referir a igreja com um prédio de tijolos que modifica
genericamente a sua responsabilidade, o dizimo bíblico também não deveria se
transformado por uma lei que é segundo o coração do homem.
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REFERÊNCIAS
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• Monografia realizada por; Hansen, F. Bacharel em Teologia e Pós-Graduado em
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