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Projeto

PERGUNtE
E
RESPONDEREMOS
ON-L1NE

Apostolado Veritatis Splendor


com autorização de
Dom Estê vão Tavares Bettencourt. osb
(in mamoriam)
APRESENTAÇÃO
DA EDiÇÃO ON-LINE
Diz São Pedro que devemos
estar preparados para dar a raz40 da
nossa esperança a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).
Esta necessidade de darmos
conta da nossa espe rança 9 da nossa fé
.. '.
hoje é mais premente do que outrora•
· lo ., ' visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrárias à fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crença católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste sita Pergunte e
Responderemos propOe aos seus leitores:
aborda Questões da atualidade
controvertidas, elucldando-as do ponto de
vista crismo a fim de Que as dúvidas se
. dissipem e a vivência católica se fortaleça
-_I ... no Brasil e no mundo, Queira Deus
abençoar este trabalho assim como a
equipe de Ventatis Splendor que se
encarrega do respectivo slte,
Rio de Janeiro, 30 de ).Ilho de 2003.
Pe. Estevlo BetI8ncourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITAnS SPLENDOR

Celebramos convênio com d. Estevão Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico • filosófica "Pergunte e
Responderemos·, que conta com mais de 40 anos de publicação.
A d. EstêvAo Bettencourt agradecemos a confiaça
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosIdade e
zelo pastoral assIm demonstrados.
..
n

.. SUMARIO

Vocaçlo à Santidade
"Fidel e a Religillo. Conversa com Frei Reno"

Cuidado com 0$ fncubos


Entre Homem e Mulher

-.... Direitos do Homem e Dignidade Human.

,.
. A ROM-Cruz e I Religilo

....
lO

...
O
'. a:

ANO XXVII MARÇO 1986 286


": . ..
~'
PERGUNTE E AESPOND.Er!""~ _: - , '. ' ~ . MARÇO - 1986
N~286

--_
rublicaçiD IM_ ' : ; , '~. '.\ J."~L"

......., SUMÁRIO
EnivIo 8 en.ncourt OSB Um '1Ia1 ...IIer":
Autor e Redltor de lod1 • mll.ri.
Jdlic.da neste peOOdico " FIDEL E A REU GIÃO: CONVERSAS COM
Di........AdminltttMlor FREI BETTO...... . . .. .. .. . . .. .... . 2

D. Hildlbnnclo P. MM1:lns osa e possr....n


CUIDADO COM os (NCUBOS. •• •• ••• •• 14
AdtNniltRfio e distribuiçio:
Ediçl5es Lumtn Ouisti
00111 Gerlldo, 40 -
Tel.: (021 I H1-7122
~ mil. S/501
FIIOIOf~do RellCionamento. •.
ENTRE HOMEM E MULHER • ..... ..•.. ,.
CIi:u pontl 2666 FundilTULntos dI!
20001 - Rio 1St Janeiro - RJ DIREITOS DO HOMEM DIGNIDADE e
HUMANA . . . .•..............• • • •• 2.
ComposiçlD e I~o: Um argum.nto de pelO:

" .... rques Slni.,."


Santos RodrilUft. 240
Rio de Janeiro
A ROSA-CRUZ E A RELIGIÃO

LIVROS EM ESTANTE ...... .. . .. . _ . . .


Assinatura de 1986: Cr$ 100.000
NO PROXIMO NÚMERO
Para pagamento da assinatura de
1986. queira depositar. importân . 287 - Abril _ 1986
cia no Banco do Brasil para crfdito
na Conta Corrente n~ 0031 304-' "NoPOS Pais nos c:ont.,--m " (Mucelo d . BIr-
em nome do MOSteiro de São Bento ras SoUZI!. - "Cri$tiollOb Fogo" IHumbtno Belli).
do Rjade Janeiro. ptighel na Agin- _ O Homem e o~ Animai$lrracion.s. - "Je vous u ·
e.. d. Praç. Mau' (n9 0435) ou en- lue. MlI'i." IJ. - L. Godardl.
viar VALE POSTAL pag6ve1 na
Agincia Central dos Correios do COM APROVAÇÃO ECLESI ÁSTICA
Rio de Janeiro.

RENOVE QUANTO ANTES COMUNIQUE-NOS QUALOUER


A SUA ASSINATURA MUDANÇA DE ENDEREÇO
Vo(a~ão à Santidade
o Sfnodo E,,'rlOrdin'rio dos BlsPOI, encerrado I 08112185, deixou
um Documento Fin.l, resultado das ... fl.x!5es dos padres , inodlls sobrB os
vinte InOI do pós·Concllio Vatieano 11 t 1965·19851.
Tal documento mais de um. vez .flrma Que entre 1965 e 1985 se deu
uma mudança nos sinais dos tempos. Se ntes, no finei do Concilio, convid.,
.am os conciJi,rtS I In" ti211 as gnndel r..liuçõn d. cultun. d. civilize'
cio. em 1985 OI sin,is dos tempos lpi.sentam probl:em.s inlditos tinto no
plano civil quWldo n l esfera ectesi.l : de um I.do fome, terrorismo, guerras...•
de outro lado eonvulllSl' dentro d. Igr.lia no tocante' H •• disciplina. E,SI
problem6ticI, por mais nagltiv. que ..J•• t.mbra aos crlstlOs uma vertlach
b4slc. : "$e o Stnhor nl;) constrói. usa, em viro labUtam OI MUS construto·
r.s" 151 127 ,1I. t: , sim, a graça de Deu. que, Im úttim•• n6U .. ,d. facundid, ·
de aos t"b,lhas dos homens; por ilto I problem6tlca nlo ...... 111 OI crinlos,
mil leva.os 1 10m. r consciêncil mais n(tid. d. uml ",relida blslcl da SUl N:
os erlstlos que, por WI doeilidade, $I d.ixlm mail pen.trar pela graça, ou
OI Santol, SIt tomam poderosos instr\lmtnto. da açIo divina. Muito I propó'
sito dizia Elilbth Leseur: "Uma alma que 11 ell!1la, ....... o mundo inteiro".
Dizexplicitamenll o IIxlO linod.l :

..Alf...... d. toda • história da Igr.;. os wnros • .as Sintas Sf!mpn fo·


rim lonte ~', origem de ~ " . dreunstlnci. m.is d/Ilc.is. Hoje r..
moI grlndl f'IICf#idaiM d. untei.,"", ntuUI'/Ur, (Úr.mol !»di·/o" Deus"
{Pane A, n~4J.

A hin6ri. d . I"rej. corrobora •• firmaçlodol p.dr.. . inodai. : no" ·


cUlo X, qu ....do a IgRj. se vi. sufocscta pelos Impera:lore. I nobres que no-
11'I,~am OI bispos li "lnveS1ldur. lliga" l. foi dOI mosteiros. "J»dalrr.nte de
Cluny, qUI I nova vit.lidad. se Irrldlou'p.ra toei •• Igrl]'. Mais tarde. no si-
culo XVI, conturtildo por ciUM$, foj nOVII'I'I8nte. Plrtirdll Orden! e Con·
g,I9IÇ6e1 Reli9iOSll entlo ,..tormad .. oú fundldl$ que • I.ntidllk se ex·
pandiu e beneficiou OI tnbalhosdo Conc niod. Trinta (1543-15861.
NIo somente d,vemos pedir ..-rItos a Deu', mil' mi.llr rec:ordll"'OOS
de que todo e qu. IqUflr crinla, por " ,Itn mum o da seu Batismo,' ch~.·
do 1 sifltidlda. Esta l)Odt parte'r utopia. RemoVI'" li".rr6nta eoncap·
çJo; os fi'is cat61içOl estejam O!!rtOI de Que til' a SUl voc.çIo fundlmental
' rt$pond. m com a prontidlo do MU Sim alodas" inspirllÇ(l,* di graçl. T,I
ti. por ,xQtlincil, o programa d. Qu.,..",.!
E.B.
.PERGUNTE E RESPONDEREMOS.
ANO XXVII - n'?286 - nurQO d, 1986

Um "best·sell.,":

"Fldel e a Religião
ConVln. com Frti BeI1;o"

Em t{l'It.u: cU....,UI 23 hortt F,ei a.tto (dominicano) .nt~.tou Fi·


dll castro, o Chefe do Governo cubano, IM meio ,!p., publicando os dlatel
ciatt col6quia no,IIYrO .11P~ncldo. A ltitu ... dlllll obra lU"" qUI:

11 Crirtlaniuno • M....iImo CXlnftrgam entre tl. - Onlllto 16' pOlir·


VII • • esvldl o Crbt'-nhmo do NU contl6clo trerwcende."., ou .-:Iuan·
do-o ao. NUS ..pec;tOI ••,mtrn. hUmlnot (o qu.e .. ehllm. ''Nculul.mo''';

21 o Gomno cubano mpella I Religi.,. - Tlmb6m Iuo 16' peld·


'"I ... Alliliio M ecI.tl ao Mlnd.mo como in.nume"to lUb..m.ntl do
nsI .....
C~n"mo
c..tro tlntou ....
Flchl ,"*1..
_Imlnl, OI I'ementol raimntn do
no 1"ldo ch Revol~1o eublnl : prend4lU"". m8tOU1)I ou ta
qui emI...- para OI En" Unidos. Um Crinilnismo qui "'m UI detfl ·
bt_. poderl' Nr tol.rado pelo nwMismo;

3) O Co.unllmo pn;:!fIG~ON btmflUr' I libarcW•• - Se bem..ur


m... _1 ,!d ... em C_. , o d, um. pIol. di OUI'O, poL•• IIIM,dMIe dos cl ·
d""" c:en:nda ou, melhor, ' "'fIMIltad, d8Mhqul"1o eontrulte-m aIO,...
glme ..,Igent., mil . . mo ....m dentro dos pedfÕado mlrxismo. o.de 1169,
Fldtl Cntm • o Clleh do OOVMlO Cubno..... ' d, h.,., '1,lçIJ.. d, ClU.
trolm quatro anos '" IIh.!

4) O Comunismo ..rie e tol~Jo pan OI "roblema Meiei. de AmtricI


L..tlftl! - NIo hi "me .6 ~Io de Dowi", Soei .. d. I. .;'.m todo o li·
"fO - o que' Injusto e u"",,,,.I:

61 O palldo do Crilttenilmo mlrlCaJiI severa crIticai.. Ao pl"09lt-ll1,


FRi 8etto e Fldl! Castro "lo levem em CO"tI que ud.6pocI tem de $Ir jul·
FIDEL E A REUGIÃO 3

crani.me I injustiça. Os arrtigot dlflndlram I propugnllram I


.n.
;Ida Hlllndo os c:rittrlOl da c:onKiincla dOi hallllAS que a vlvl.m. Aplleat
.os lNdieval. ut.goriII qUI s6 Im nQAOl limpos .. tornaram d.ru, ,
'li com ",o
qui eles con.idttavam vlrtudl' dewrdl coAlClincia.

o PfUlnt ••rt1eo t.rmina t""temendo parti d. um ,. ..6rlo d. pro·


fus.ar cubana nerlto para • Impr.n.. ruu.; til lutor mOltra I wnfadeinl
,..tldade do Comunismo hostil. Retlalla, 10 inv61 do que tu FldII Castta;
ate procu... ~pgr ettratl9icamtnt•• Ilmpttl. dos .... loi.,,.. btelllalros.

** *
Frei Bano 6 êonhecido frade dominicano que se tem dedi·
cada a atividades poUticas de orientaçio socialista. Em maio da
1QB5 esteve em Cuba, onde entrevistou o Chefe do Governo, Co·
mandante Fidel Castro, a respeito de sua vida e IU.as id6las pol rti·
co-religiosas. Foi esta a primeira vez que um Chefe de Estado C0-
munista concedeu entrwista exclusiva sobre tema religioso. AJ
vinte e trfs horas de diálogo 51 acham atualmente ",produzidas
no livro " Fldel e a Religilo".' obre que tem tido empla rtper·
cussio, atest.da pelo grande número de edições sucessivas. O seu
conteúdo' sempre muito concreto, embora prolixo e repetitivo,
Nas pliginas subseqüentes, abordaramos, com alguns comenti·
rios, os principais t6picos do livro.

, . CINCO PONTOS SALIENTES

1.1. "Cristianismo e Marxilmo convergem entre li"


1. Quem 16 o livro, verifica que uma de su. tônicas consiste
em afirmar a conciliar;:lo de Criltianismo e Marxismo: se houve
divergências e oposiçlo, estas teria sido acidentais em Cuba. SIo
palavras de Fidel Castro:

"HJ um grNldIl ponto dtI cont.ro Mt,. os obj.tiWJI qw o CristIMII.·


mD /NfIOOnlz. 11 o. Ob~r/'lO$ qUI n6• • comtni.tll. bUICMJOI; .nt,. " PfWP'
çIo cri". ch humildâ. d• .uu"idede>. do ft/Jfrito de ucfif(cio. do .mor
.10 pr(Jximo • t udo o qllll,. pt)th dlMnM ~rfiido d • .,;w. conduta á um

I TfWluçlo Ih F,.i &Uo. Ed. BruíliflnUl. !:Io hulo. 138x 208mm. 38' pp.

99
4 " PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

~/ucionlrio. AfiM/ O qu. .r~mos p,.,lfldo IKJ pOllOl Ow mlu1 au.


wj. *br.1 Que ,xplo" OI d,tnlis7 t .x.rMTllnrt Ocontrkio. Alnd~ 'lu.
por moriv~ dif,,.,,tes. as ,tirudn, 11 condut. que pt'OlWf'Umos frenrt.i
~·d. ao muito HmMhMf'•• . . PotJ.rf,mos subst:rewl'qu. . rodo. 0$ ~i.
rOI do c.udsmo ; 1110 nvrub. 1110 roubMÚ. ..
AI coisa que _ R"ígiOUI fu.m. "" as coi•• que " tISfJfH" qw (t1Ç4
um conwnin& Cuidllfldo d. f.prosos, dtl luMrcvfolOS , d, outro' ripo. tM
da.ntn conrqiows, luemo qu. qwremos que f~, um comuni$(," (p. '4).
As mesmas id~ias \loltam nas pp , 16.19.245.280. . . Merece-
cem coment6rios.

2. Fidel Castro, como se dapreende dos dados autobiográfi ·


cos que ate apresenta, foi educado em colAgios cat61icos (de lassa·
listas I jesuítas) , mas nunca teve fll convicta (cf. p. 157). Como
estudante, interessava-se mais pelos esportes do que pelo estudo
da Religião; o seu comportamento era travesro e rebelde:
"Decidi criar uma situação em Que niio t ivessem outra altemativa
senio mandar-me ao Internato. De modo que, entre o primeiro I
o sexto primArias, tive que enfrentar trts lutas para resolver três
problemas" (Fidel ClJstro, p. '29).

" No quinto NKJ p:aui IM,e outro coI~io, date 'IfIZ de jau ft . N,.
quem em qw fIU ".,. .m::ontrwe, dos irmlol eM u &11.., lurginm confl;ttn.
Ali hou'lfl u",. s.gund. "ftIIO/t. de minlul pen." (p. 123J.

Impressionado peja pobreza de seus compatriotas, resolveu


aderir ao Comunilmo. As sues perlpectivas 510 materiali$l3$ ou
de uma resposta meramente terrestre para os anseios do homem.
t; a partir deste ponto de yista que ele encara o Cristianismo.

O interlocutor d. Fidel, isto., Frei Betto, professa um Cris·


tianismo ueularistl, ou seja, pratIcamente despojado de trans·
cendência, voltado para os bens temporais, como se a instauração
da ordem socialista no mundo fosse o mesmo que implantar o
Reino de Deus. 510 palavras de Frei elno:
' 'PItll$O qIA o OJlrnTlismo tem muito ih utopi.. T.,logh:."."r. dMO'
mirs.mo, nu /Itopie de Rftno rhI {Nus. Porq/N, no mommlro em qw nEo
htJuwr INFI nMhum. cont,.;/içIo, e inc/uslw nSo exlstlr"";s o Estlldo,
.tlngJ"mos enrlo OU," 6f.1'3 de qu./ithdft uplrítUMS ne IlÍd. hum.M"
(p. 2M).

100
FIDEL E A REUGIÃO l

E esse Cristianismo esvaziado de transcendência que Fide'


Castro e Séu interlocutor julgam poder combinar com o Marxis·
mo; o homem 11 o centro dos interesses dos pensadores, ao passo
'que Deus e os valores religiosos $lo postos a serviço do homem.
Desta maneira, o Cristianismo e o Marxismo sb se diferenciariam
entre si pelos motivos que os levam a executar os mHmos "reg""
ma>
Na verdade, o Cristianismo propugna a justiça social e a (8.
moçio da iniqüidade, mas dando o primado absoluto a Deus ex-
plicitamente reconhecido e aos valores transcendentais, sem OI
quais todas as aspirações humanas do frustradas. H.i. pois, uma
diferença de bl$8 entre Cristianismo e Marxismo: este combatI
a fé ou diretamente ou pelO fato dea esvaziar da sua uanscend&n·
cia. Tal diferença está impregnada na base mesma cio pensamento
de cada qual da. duas correntes.

1.2. Respeito' Religllo

1. Fidel Castro e Frei Betto - que sempre estio de acordo


entre si no diálogo - dia a enterxfer que a oposlçlo registrada
entre a Igreja e o Comunismo em Cuba foi aigo de acident.1e
passageiro; tinha 5U. ra(zes no fato de que a Igreja estIV' do lado
dos burgueses e, por isto, relutou contra a Revoluc;io cubana: to-
davi., dado que o, burgunes emigraram para Mieml, nlo hlVeria
mais razlo, agora, de adverJidade entre a Igreja e o Estado C0-
munista cubano. Cf. p. 280.
Fid,1 Castro fu Questio de dizer repetidamente que o C0-
munismo respeita as opções de conscilncla dos cidadJos:
'-o. modo nMllum I. cofOc_ QU" concebe. mudMlpsoci., plOfurr·
d., IOdMismo _ (I comunismo como
(I "tIO
qu. ,. ptOponNl • imiscuiM.
1tD foro Intimo rk UrM ~ ou"..., (I rJ"'.ro W pMJSMMnto ou d. «m'
vlcç6. fffigi0s8 • qu./quef UI hutNno. ~$ qW ÍIso ~ «I
",., Intimo da PIISMI_ hUf'f'IMI8 . , por IDO, wmos r.,
ditwitos ~do$
fim _ t i CDnsritulçSo SoeiM;". dtI 1976, nIt1 como",.,. qwnl"o po/ltfCII •
• sim como tIIgo qw r.m mMl Mnplirude, como um. qunrlo dtI prine/~,

.tI ". .fIInd.


eM rupeiro tIO direito d. paIOtI profeta.r. mil/lia qw qw/,. TM principio
do socialismo. do t:OtrlUfJismo. ti tllmb4m dM ~
relltJluc!onúl_ ti ~to d. convicç8n reli"",., ao ".,.mo nlWll do ,..
peito j vida, j .dignldâ peurJ6l, tIO dil'fito d. PfII$fH hu".,. MO r""'lIo.

101
6 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

., NftHftM. J uútú•• fáuQÇio. j cultura, que fo,nYm pNfa menci.' dos


pr{ncfpiOJ d. R.voluçJQ • do soâRlismo " (p. 276).
2. Notemos. por~m. que, apesar de dizer tais coisas, Fidel
Clstro não vê possibilidade, por ora, d. se retirar a nota delter$-
mo que tem earac:teri:zado a Revoluçlo Comunista (pp. 245sl-
Reconhece que os crist'os 510 discriminados em Cuba pelo fato
de professarem sua fé (pp. 24751. Tais fatos slo bem significativos
da realidade marxina em toda e qualquer pane do mundo: p0-
dem as Constituições comunistas dizer que reconhecem a liberda·
d, religiosa; na prtltica, porém. todos os pafses marxistas. sem
exceçlo, tendem a $ufoçer cada vez mais a nHgi50: tenha-se em
vista a obra do Pe. P. E. Charbonneau : "Marxismo e Socialismo
Real," analisada em PR 229/ 1985, pp. 101-122. Imponentes
tamb6m lia as ponderaçêSes de G. Caprile expostas em PR
283/1985, pp. 461472: o Comunismo italiano, que prome\e ser
diferente em relação à Rllligiio, realiza 11 poUtica materialista e
sufGcadora de qualquer outro tipo de comunismo nos munic(pios
italianos que ele gOverna.

1.3. Comunismo, Bem-estar. Liberdade

1. Outra lmpresiio decorrente da leitura do livro é a de que


11m Cuba exiltem pleno bem·estar material e liberdade polftlca
para toda a população: nlo há fome, nio há velhice desamparada,
n'o h6 mendigos, nio hi crianças abandonadas, nle hi desempre·
go, nlo hâ drogas, não hI prostituiç,lo, nio hi jogos de IZar...
tO. 262.).
Mais ainda: diz Fidel Castro que na ilha ocorrem eleições pc-
Ifticas de quatro em quatro anos: "Os candidatos são indicados
pela base, pelos delegadOS das circunscrições eleitorais ..• Esses
delegados nio do indicados pala Partido e sim diretamente pela
assemblfi. dos vizinhos" Ip. 350s).
Continua Fidel Castro: "Eu lhe a~uro que neste Plf$ s0-
bre questões importantes Jamais se tomam decisões excluslvamen·
te pessoais. porque temos uma direção coletiva, onde elas sio d is-
cutidas e analisadas" (p. 350).
2. Esta afirmações sugerem alguns comentArios:
O bem-estar material em Cuba pode ser fato (Fidel Castro
J 02
flDEL E A REUGIÃO 7

diz explicitamente que um comunista não mente; cf. pp. 258.


297). E ceno, pon\m, que nlo existe para(so na terra; o próprio
homem, ",o raro, se encarrega de perturbar o seu bem-estar me·
diante o ego(smo e_ violincia. Ocorre. pcr6m. que a ordem s~
cio..econõmica d, Cuba 6 a da uma "gaiola de ouro", pois Mo res·
ta dúvida de que I liberdade d. expressio e açlo na ilha ê fone-
mente cerceada. E o próprio Fidltl Castro quem o diz. ao relatar
que a Igreja Cat61ica em Cuba foi reprimida no começo da era
revolucionaria porque se opunha ao regime marxista (cf. p. 2QO);
sofrsu grandes perdas pela expulsio de clérigos e o fechamento
de igrejas e instiluiçê5es religio$l$, Atualmente 8 coexistlneia do
Estado e de Igreja humanamente enfraquecida' pacifica; porque
nlo se opee ostensivamente a Fidel Castro, o Catolicismo é tal.
rado enquanto vai sendo submetido a um regime de lenta extin·
ção, como relatam os observadores (cf. pp. 106-109 deste .rtigoL
De modo geral, 010 hi oposição ao governo de fidel Castro
em Cuba porque todos os opotitores ou estio ençarçerado. (cf.
pp. 268·270) ou SI exilaram para os Estados Unidos (cf: p. 269)
ou estio reduzidos ao silencio para poder sobreviV1!lr. Em tal
clima as eleiçl5es se podem realizl1" periodicamente sem surpresa:
hA um Partido único n. ilha, o Ch.fe do Governo 6 sempre o me..
mo desde 1959; os seus auxiliam podem mudar tio·somente
dentro da faixa do Partido Comunista. Ora numa autêntica demo·
cracia os ma"datos presidenciais sio de limitada duração - o que
enseja a suces:sio de diversos chefes de Estado no mesmo para. -
E o que evidencia qUI nlo há autêntica liberdade de expreaio
e atividade em Cuba: 8 consciência numana é raspeitada no papel
da Constituiçlo; n'o, por6m, na pr6tlca.

1.4 . Marxismo ou Doutrina Social dllgreje?


O livro acentua muito a sltuaçio de mi~ria dos povos lati·
llC>americaoos. parece conhecer uma única soluç.lo para tal pro-
blema: o marxismo ou, segundo Frei Beno, a Teologia da Llber.
taçlo Impregnada de premissas marxistas. O leitor ê assim induzi·
do • açolt.r a tese como Mndo necassarl.mente l6giCl pll1l quem
Rio queira pactuar com a desgraça alheia.
E d. iam,ntar, porém, que n,nhum dos dois interiocutoral
(especialmente Frei Benol faça mençio da Doutrina Soeia' da
103
8 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 28611986

Igreja. Esta é a autêntica resposta cristA', fiel ao Evangelho, isenta


de concepçi5es materialistas. .. O S. Padre JoIo Paulo 11 tem lem ·
brado repetidamente que o Cristianismo não precisa de recorrer
OI doutrinas heterogêneas a fim de propor genu[na solução para os
problemas sociais.
Em particular, no tocante j Teologia da Libertaçio o livro
dã a entender que se apoia sobre as bases cientrficas do marxismo
(pp. 290-304) - o que Já tem sido contraditado: 8 ciAneia do sé·
cuia passado que Mane contleceu. t\loluíu muito até os nossos
dias, e foi reforrnulada em mais de um setor. Attm disto, a Teolo-
gia da LibertaÇio li nio é teologia. Com efeito, ela nio parte da
Palavra de Deus a fim de aprofundá· la. conforme a definição de
teologia: " a fé que procura compreender" «(ides Quaerens in·
relltctum); mil, ao contrário, parte da praxis ou da prétlca revo·
lucionAria e, .Iuz desta, promove uma "nHeitura" do Evangelho;
este li assim adaptado a teses p~defin ida5 de ordem poUtica. Tal
doutrina faz, pois, um trabalho inveno ao da autintica Teologia .
Seria para desejar que os estudiosos conhecessem melhor a Teo-
logia da Llbertaçio; perceberiam que nio se identifica com a e.ti.
Ca Social Cristã, mas p&! o Cristianismo a serviço do homem en·
carado ém perspectiva materialista marxista.

Ui. Um juíz.o sobre o panda


Freqüentemente Fidel Castro, Frei Betto se referem a ins-
tituições do passado, censurando-as gravemente: assim o trabalko
d03 m lsslonárioll)8Am'rlca Latin,lp. 2591 , a Inquisição (p. 256' ,
a escravatura (p, 2871 • •• O fato 6 que, procurando cultivar a jus-
tiça, muitos pensadores caem hoje na injustiça, pois aplicam aos
antepassados ca.rias contemporAneas de pensamento, que
eram estranhas aos medievais e modernos; somente o passar dos
tempos havia de mostrar aos homens certos valores que eles n'o
podiam entender em épocas remotas : assim a d ignidade do ser
humano (branco, preto, amarelo ou ind(gena .. . ). a possibilidade
de pluralismo de pensamento, as profundidades do psiquismo
humano ... NIlo se podem, pois. Julgar as gerações passadas com
OS mesmos critérios que se aplicariam 80S traficantes de escravos
e aos réus de·lesa-sociedade de nossos dias. Aliãs, ê de notar que l

para 05 cristãos medievais e modemos. era um dever de consciê~


104
FIDEL E A REU GIÃO 9

eia defender a .1\ in/:1uirindo e eondenartdo 05 hereges; fazendo·o,


não t inham consciência de pecado; se "io o fizenem 1\ que se
sentiriam culpados em seu foro (ntlmo.
Ainda a propósito da posiçio da Igreja em defesa dos Mera-
vos no Brasil e em outros pa(ses dev...se r«:emendar a leitura do
livro do Côn. José Geraldo Vldlgal de Carvalho : " A Igreja e a Es-
eravldlo. Uma análise documenta'''. Presença Edições. Rua do
Catete 204, Grupo 302. 22220 Rio IRJI. Esta obra traz ~ tona
documentos até agora desconhecidos, que revelam o empenho
dos P,IPas, Bispos e sacerdotes pela mitigação e a aboUçlo da es·
cravatura.
As elCOlas que Fidel Castro freQüentou, aplicavam a palma·
tória e punlç15.s corporais (p. 1241. Estas eram consideradas os
meios normais de educar as crlanyH outrora; muitos grandes ho·
mens e mui heras H formaram nesse sistema, que. própria B(blia
abona (embora ÇOnllngente, lateralmente'; cf. Jr· 2.30i Pr 13.24;
23, 14; Eclo 30. 1. Uma vez evidenciada 8 inépcia de tais ...cur-
sos, já nlo são aplicados nas escolas católicas.
Slo estes os principais reparos que o livro em foco sugere ao
comentador. Em sfntese: aprestnta uma visão tendenciosa de
Cristianismo e Marx ismo. procurarldo apregoar a conc:6rdia de
ambos entre si na construçlo de um mundo mais feliz, 'que seria
o pr6prio Reino de Deus (segundo Frei Betto). Neste contexto a
Igreja Cat6lic:a lSt.ria $tndo bafejada por "ventos novos. Ao m0-
bilizar todas 8S suas forças para rever sua pnfltica pastoral e esta-
belecer novas linhas ~ sua açlo evangelizadora. a Igreja de Cuba
vive. agora. um novo Pentecostes" (p. 77).
Ora ê fácil evidenciar quanto seja falsa tal imagem da situa·
ção religiosa em Cuba. Lon;e de conhecer um novo Pentecostes,
a Igreja experimenta um doloroso Calvário, inspirado ~. I a hil»'
crisia' do regime vigente. que, procurando aparentar compreen ·
sIo e liberal idade, é mortalmente lWeISO à Religiio devidamente
entendida (est' claro que o Comunismo aceita oi R,ligilo, desde

I EmbOf'l Fid., .Iirtnfl q ue os oomcmitrll$ nio mMlt.m. ' hit,"ri. ~


"",t. Il:t" , hri. fi. teltrmunhcn qw compm~m o contnrio. A prÓpri. Mo·
nl l1Urxift'l Mlin. qUII ~ IIdto q/Ulqwr miJo qw contribw pMI.I transfor·
maçlO soel,l.

105
10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

que e,U se queira tornar um instrumento subserviente em suas


mãos). I: o que se depreende da seguinte crbnica, extraída da re-
vista "Chrétiens de I'ESl Faits et Témoigrlélges", n9 44, 49 tr.,
1984, pp. 67-69.

2. UMA CRONICA DE CUBA'

"Ju~n Montero Jimenez, pro(~ssor de Filosofia na Universi·


dade dM Provlncia Odflnte em Cuba, mostra, mediante números
signiflcatillOs, 11 vit6ria da revoluçlJo comunista sobre a Igreja na
ilha do lIÇúc.r. Anr~s d. ~voluçlo de Castro, portanto .t~ 1959,
havia CtNCII de 100 eclethhticos, 3{)() monges 11 2.400 ReligiosM.
Seu número se reduz atualmente a 116 psdres, 105 monges e218
Religiosas. Rafere tamb6m que 11$ grandes organizaç/Jtls de leigos,
como os ~Caballtlros Catolicas', as 'OMmas CatolicllS', 11 'Juventu·
de Op.rAria Cat6lica' 11 outrllS, desiJf)lUectlr.Jm: 'teriam voluntaria·
mente deixado d~ existi, ap6s 7959'. O professor cubtlfJ() cha"·
ttu núrrwtJI num artigo que ele publicou nO jornal at~ de Mos·
cou 'N.uka i Religija' rob o tItulo 'A clllTlinho de uma sociedade
SBm rtliglio'. Estes (,tos desmentem or discurses otimistas sobre
a vida dI Igteja em Cubtl e evidenciem (I vontade inflexível do
Partido Comunista na $UM luta contra tua rmrsma Igreja.

Diminuiçlo do núm,ro de batizados


Os leitores ocidentais ter60 intef(Jsse em saber como os co·
munist. cubanos - que querem servir de mod.lo (I outros pai·
ses da Amirica LBtins - comb.~m conscienttmHlnttl .. Igreja
a li religilo. E isto. sob s pena da um homem rJulIn MontllfO
Jimenflz) qUIJ ~ de todo fiel " Fid~ Castro e .t sua ideologia poli·
rie..
OI nú~ros cittKJos por Jimenez COI'ICemllntas aos batizados
mostram li que ptJnto I ptoplIflanda at.i.. e ootrM medid. nlo
menos eficazes provocaram uma ,.greuiD da vida rwligiosa: 'Em
1970. 83.731 crianças (oram balizadas 11m Cuba:."., 7976, foram

1 o MltQr Ml4nlmo d. C~"'" ,.ftHtt.u (I um .n/lO r:kJ proftl#Or


cubmo comunist. miNt."t. Jwn MontafO Jir7WnflZ pub/lcw:Jo fIII irnptWIU
d. AfoItOu, Traduzimos O ,.xto f,lInCIs originai.

106
FIDEL E A RELIGIÃO 11

IperMS 29.397 pequeninos, numa populaçlo de cerca de dez mi-


IhõH de hsbilatltflS'. Isto significa Que o número de batizados bal.
JttJu de um terço em $eis anos.
O autor cubsno não esconde q~ o Partido Comunista do
U1U país pratica uma pclftics en~rglcll que visa li 5Ufocar 11 influ-
Incia da Religião. RsfrJre-se li 'documMtos fundSfMlttllis do !1.,-
rido Comun;st6 de Cuba ador«ios por ocasião do Primeiro 11 do
Segundo Cong~S$Os do Partido; entre estes, achllm*fe /I plarafor-
ma de prog~mll de Govemo fi todos os pronunciamentos dos di-
rigentes, em particular os do cllmam. Fidel C.tro', N, primei-
f7I reroluçSo lomsda pelo Congresso do Partido, tlstl dito que '~
necessário levar em conta as condiç68s históricas do nO$$O pars
na ;pocs atua' fi no passado', quando SB tfata da pol/lica relig/ou
cubana, fi ramblm 'dB nos:sa flx~,iênci8 pe$$0II1 fi da de outros
palses qUII constroem o socialismo fi o comunismo'; t8/ Up8riln·
CIA seri~ {I do Partido Comunisca da tJnilo Sovi~cic" ",f~fWJC~ ..
Igreja e. Religiio "s~r mtmipullJld. ~/o GoVtlrno.
Talvez 81gulm julgue que. signWclIÇ10 Pllrticul.r da nossa
revoJuçlo (cubstta) par" • Ambics Lstina, evocad. por ocasilo
do Pr;rmiro Cong"uo do Psrtido Comunista; J~V.riB o.s dirigen-
r8S marxistas a d8fender de modo' todo plllticul.r 01 untifTIMtol
,.lig;osos dOI /ih, de maneira a nlo mpantllr ar msuM populann
de outros plllses d. América C.nuIII e Merldionlll. Todwi. Isto
nlo acontec~. Para OI comunistas CUbIHlOS, li ~Ugllo ~ um ('tS-
qulcio sobreviY~nte, qu~ 6 pI'ICiso tentar flnte"lIr d,finirivsm,n-
te.
JUlln MonC~ro Jimenez carw:t~riZIJ 's V/li qUII d~v~ /6"8r •
extinção as convícçlJes relígioSlJJ' como sendo um•• tap. indis·
pensável ao d~senvolvimento intelectual da humsfII'd«i• . 'A soei"..
'lime lilnrtsdll no plano social, econômico. intlltICttJM deve tllr
por kleologill O m"ts,i.lismo dialético. hist6rico • mfiIP'IO os .1"..
mentos inalienAveis do are/Imo c;,nrllico.' Em conseqülncill, li
pollticiI dos comunistas cubanos em relação à rel;gilo. à Igreja
, B06 fiéis, estl bMlladS 'nos princIpias do mllfXismo-leninismo
e n. lilosof/, do m.ellrialismo dr"4tico ~
Os Sindicatos, instrumentos d. combati

A propag.nda do atersmo e o combate UNadO contf1J 11 ffI·


ligiio nio são IIPfJnas de
interess~ do Pmido Comunista fN7J Cuba.

107
12 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

Jimen~z diz claramente em utu artigo que 'nio somente as orga-


nizsçlJes do Partido, m'l tamblm os organismos SOCillis, os Sindi-
Cltcn e , Associaclo da Juwntud, Comunista se entregam à
proPIIIJllnd. marxist./eninista , mesmo atéia.' Utilizam - sob li
tutela do Partido - di(t!Jrent~ meios e diferentes formas para dI·
fundir, ideologia cientIfico-materialista entre IIS mBSSU popul.
,,~

Essa prop~anda .téi, SIJ realiza segundo dois eixos. Primei·


"mente, trata--se de efevar o n{vel da educaçflo atéia entre 0$
~mb(fJs do Partido ti d, JUIIMtude Comunista ti, em 2gundO
lusa" de promover li educaç60 ideológica e pollr/clI da populllÇlo
int.;,.".
S~ OrganjzlKios Semimln'os permanantes pilr. rsfo~.r O
','arsmo cientifico.' O jomlll 'EI Militante Comun;,ra,' IIIIs, pu-
blica artigos sobre o surto d. Reli9iiio, e sobre o seu paf»I social.
Mtigos que criticam li ideologia e 11 prárica das diveflllS con fissões
religiosas e dos diferentes cultos.
O cambate conrra a Rllligilo e 11m favor do atefsmo deve ser
trllvMio com sucesso nas "pllrtiç~S de trabalho coletivo, e tam-
b4m MS Iflidlncill$. P~I muito PllrticulBr toca BOS meios de co·
mun/cllÇio soei.' no combate em favor do deSfJnvolWm.nto dll
uma ideologia c;entífic... No combate contra a ,.';9i6o. slo elabora·
dOl ~programas tM'lltictJs parll difundir a ideologill cientlfico-ma-
terillisra pslo r*iio. pela te'.vis60. '/}ela imprensa e ptlo cinema'.
'.Jornais e revisras ajudam o leitor I se f,mili.rizllr com oU úl-
timas aquisições da cilncill. A imprensa publica .nigos de ciemit·
tlS. /omlllistas fi- profeS$~s univenit.rios sobre os problemas da
rtlOri. maneiat.'enin;s,. 11 sobre o dl1.nvolvimento da sociedtldfl~'
divulf/8lT! também relat6rios que criticam conceitos svessos ao
pensamento cientffico'.

Modelo pari a Am"ricI Latina7

Em seu IIrtigo destinlldo aos leitores da U. R.S.S., Jimenez


sgradece especialmente aos cientist6S sOlliélicos e 80$ professores
O IUxílio psrmanentll qUI ",s oferecem oi difusão do marxismo-
,."iniuno. Not últimos dez MOS. empl1lefldeu-se um. grande
campanha a fim de atrair' popu/8JÇlo para escola fi clrculos QUI
ensinam o marxismo-/eninismo. No quadro da Assoc;~ão dos
108
FIDEL E A REUGIÃO 13

Pioneiros de Cuba que se OCUp8 com as cr;ençIJs, o trllbalho de


8teização foi coTOMio de ~xifO qulJndo resolveu ;nn~ncillr lJS f.
m/lias egressas de seitas fan~ticBs!
Diante da misdrla i"descritlll,J dBs matSss e da ~xplorlJÇio
existent'$ em vírios parses da AmírlclJ Latina, muItos cristlos d.
Europa Ocidental S8 apaixonam pela RevDluçSo cubana, que V8m
a seI muitas vezes para eles um modflo p'" • A~lic, btins.
Resta saber se tlm consciincia da filme decislo. dos dirigentes
cubsnos, de flU,r desaparecer li religilo dll vidll do povo, como
declalll ~rt(IIT/ente o cubsnoJ;m~I ".

Duas observações podem ser propostas à margem deste texto:


1) Como se pode observar, o depoimento de FiMI C.stro I o
de seu colaborador, o Prof. Jimener:, não concordam entra si, i
primeira vista. Oual dos do is representa a verdadeira face do C~
munismo?
- Em resposta, diremos que a disc6n:tia 6 apenas aparente.
Sim; o Profauor Jimenez escreve li comunistas russos ou i matriz
soviMica; fala, pois, sem rodeios,- reafirmando a clMslca (ndole
anti-religiosa do Comunismo . Ao contt'rio, Fidel Castro se dirige
a um cristio simpatizante com o Comunismo; quer então mostrar
um Comunismo reconciliado com o Cristianismo:. .. com um
Cristianismo, porém, manietado e sufocado, de modo li nio per·
turbar a ditadura cubana; $8 a Igreja aceitar ser assim manipulada,
compreende-Ie que não ser' incomodada pelo Comunismo. Nio
h6, pois, contradiç'o de fundo entre Fidel entro, JimtneZi ne-
nt1um dos dois acei18 a Igreja livre e autêntica, mas ambos lhe são
hostis a ponto de lhe declararem a mone.
2. Precisamente a pergunta final do texto atrás transcrito ~
colocada ao leitor bl"3Sileiro do livro de Frei Beno e Fidel Castro:
tem consciência d. que, apesar de todas as afirmações contrárias,
os dirigentes cubanos, filiados como são a Moscou, 11m por obJe-
tivo destruir a Religião da face da terra? Este plano li! ferrenho e
perspicSl <lebaixo da capa de dialogo e compreendo human itária.
Dizia Voltaire : " Menti , menti vós, porque sempre fica alguma
coisa!"

109
t. poulwJ1

Cuidado com os íncubos


Em ,(nte,e: O In1to di "Rnlm d. SegUreM" consldemo natas pâgI.
MS lUpa. que o demilnlo POIA ter rellÇlellillfnli. com .... hUmI/1Ol, ene
t_ 1_ ~rU VOIe .ntre OI Jucllu, ptkrinlo. como tarnbIm nl tr'ldiçlo
crirtl. En t.Yo*idI ,.11 t.11II trMIuçla .,. .. do. LXX. q.,. Im Gn 8): .......
I" ~ohim (filho. d. ~) por "anlOl di 0......; tlmWm l i lpol_ nl
oonc:apção d, ... Os derMnlo. lim corpo • pod.m '.p'rlmltltat epetltn
carnak. Ora iA 11 partit'do lkulo IVt" ftGÇfG foi. . ditli.,ando.ntre 011 dou·
1On, ~ltcoI; OI afllnda .....,.... mlidlllWli. nia • prot...m. O mtglst6rio
di r,re)l nuAtl e lbanou em lUa d.tln~ clt H. embo,. e rtteridl con-
",",o lI.nhI lrensmitido dure.,.. I6culo. Intre O. cat6l1col.
A t.,Io,I ••ndna qUI o. dlm6nlol s50 "'rito. Jtento. di corporelde-
d•. Por DOlll8l\llntl, s6lhe podl 'lI'ICIf ab.... n... ld6le de qUi .ntNm ""
cons6telo earnal com ...... humlnos. I! ...1 • atitude do "",1n6no oflelll
dllltl!l.

• • •
De vez em quando o público pode ler uma narrativa antiga
que refere cons6rcio cema1 pretensamente ocorrido entre um de·
mbnlo e uma mulher. O estudioso, por6m. se surpreende pelo fe -
to de que Iloje ainda haja quem julgue possrvel tal conúblo. Em
favor desUI hip6tese, por exemplo, est6 o artigo intitulado "Cui·
dado com os rncubos" da autoria do Oro Luís Lobo e publicado
na "Rll\lina de Seguros" (ano fj5, n9762, agosto 1985. pp. 33·
35); tal periódico ~ o lIrgio oficial <la Federação Nacional das
Empresas de Seguros PriVldol e de Capitlllzação (FENASEGI.
O artigo alenl pan I possibilidade de conttlto, carnais do
demônio com seres humanos, valendG--se de obras medievais e
modernas, entre .. quais o livro "De Ooemonialitate" do Pe. Lu-
dovico Maria<6inistrari, franciscano, falecido em 1701. SIo pala-
vras do articulista: '
110
CUIDADO COM OS INCUBOS 15

NO thmlJnlo 'Mim 11 I c~ d. Ullir·,. amll/~rrt• • mulhtlff!S fI«IS


hOmMS, regundo ditIfJl,a a trlWJf.ndO p«Jm Ludorico MNi. SJnI,t,.n, It!m
t/HtN,,,ir/o .t4 hoi-. Padm Sinlst~ri. morto no MO rh gr.ç. ih '7or,com
liida ct. 79 MIOI, foi um rigoroso ffllJCiscmo, da DrrJ.m dOI ""0" R".
form«los. Consultor do Supmmo Trib/Jf/8/ d6 Inquisiçlo, tlSCIfieU De Doe-
monialltllU• •,. «/ittdo n. 2!1' «J1çIo 11m porrugub, o qw pocHmtJJ ch,·
ma- fH um sucesso Infflm6l" (p.. 33).
Tendo em vista fi repercusslo que o artigo causou, passamos
• considerar mais detidamente a tem'tica.

DEMONIOS E CONSORCIO CARNAL: REFLEXAo

1. A existlncJa <le anjos bons I maus (demônios. neste caso)


é objete da f6 constante da Igreja. Foi ainda reafirmada nos últi-
mos decênios pelo magistéria da Igreja frente' poslçio que a ne-
ga. Tenhamos em vista o Credo do Povo de Deus (redigido por
Paulo VI aos 29/ 06/68). os pronunciamentos de P8ulo VI 80S
15/11/72 e 29/06/12, o artigo oficioso de "L'OsseNatore Roma-
no" de 09/07/75,1 fi obra do Cardeal Joseph Rauinger, Prefeito
da S. Congregaçlo para a Doutrina ça Fé, intitulada"A Fé em
Crise?", pp. 1()3.118. 1

2. [)eve.se notar, porém, qUI no decorrer da história vérias


noções fanta,ista se associaram' do demônio, deturpando o au-
têntico sentido que esta tem, Com efeito; a fé enlina que o demO-
nio é um anjo (criatura espiritual, sem corpop que Deus fez
bom; submetido, porém, a uma prova de fidelidade, tal criatura
se fechou no orgulho, tornando-se o anjo mau ou o demenio. Es-
te recebe de Deus a autorizaçl'o de tentar os homens a fim de
contribuir para acrisolar as virtudes da criatura humana; fica sem-
pre subordinado ao plano da Providhcia Divina, que "nunca per-
mitiria os males se não tivesse recursos para tirar dos males bens
ainda maiom" (5. Agostinho).
I Apl'esttntMlo, etur..nrado 11m PR 191/7975, pp. 490499.

2 Coment.do 11m PR 282/1985, pp. 402419.

J O esplrlto • um., incorpdllO ou ..m r.m.nho, um fornv, um qwnrl-


dã, S6m peso, SIm cor• • " dorMIa, pollm, de Inttlliglnci•• IItJntMM.

III
16 " PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

Disto se segue Que o demOllio, sendo criatura espiritual, nlo


poda, em hipbtese alguma, praticar·consórcio carnat. Ele n50 tem
carne, nem experimenta as cobiças da came. Ele pode, sim, tentar
o homem a atitudes de cobiça carnal ou de apetites desregrados
(Jesus, como homem, quis ser tentado a aceitar falsas concepções
messlAnicas; cf. Mt 4,1-10; Lc 4,1-11) ; mas ele mesmo não sente
(nem pode sentir) os afeto; sensuais qua a criatura nu mana senta.
Em conseqüência, compreende-se que é totalmente insusten·
tável iI sentença dos Que atribuem aos esprrltos maus consórcio
com mu Iheres.
3. I:. certo, po'*m, que desde a 6poca pré-cristl hll pensadet-
res que falam de relaç8es sexuais de demônios. com seres huma-
nos. Assim 0$ judeus de Alexandria, entre 250 li 100 a.C., ao tra-
duzirem a Blblia do hebraico para o grego (tradução alexandrina
ou dos LXX), verteram o kebraico btnHlohim (fUnos de Deus)
de Gn 6,2 por 'ngeloi tou Thlou (anjos de Deus) e atrlbulram a
estes relações sexuais com as filhas dos homens; de tal consórcio
teriam nascido homens gigantescos (cf. Gn 6,1-4). Os escritores
judeus Filon de Alexandria (t 44 d.C.• e Flávio José It 100 d.C.)
repetiram a mesma concepçio lçf. Filon, De Gigantibu, 6ss; De
somnii. 133ss; FI6vio Jos6, AntiquiMIS 131 § 7311. que" toro
nou freqüente nos apbcrifos judeus.

Vários escritores cristios dOI quatro primeiros s6culos. por


sua ver, professaram a mesma teoria; assím S. Justino 1(1651, Ta·
ciano ltapbs 172), At.nígoras (t171). S. lreneu (t202), Clemen·
te de Alexandria (tlntes de 2161 . S. Metódio de Olimpo 1t31 n,
S. Cipriano da Cartll90 tt258), S. 8asmo da Cesaréia It340), S.
Ambr6sio It3971. Esta tese era devida à falsa tradução apresenta·
da pelo. LXX e aceita pelos antigos. Fallorecla·a o inadequado
conceito de .splrito que muitos escritores dos primeiros skulO$
professavam : influenciados pelos est6icos, admitiam. sim, que os
es.prrltos tivessem uma corporeidade sutil, a qual explicaria o pre-
tenso relacionamento com mulheres.
Com o tempo, porém, foi·se implantando entre os cristãos a
traduçlo da Vulgata de S. Jerônimo It4211 , que em Gn 6,2 não
falava de anjos, molll simplesmente de filhos de Deus, como o tex-
to hebraico. Além diSto, o concaito de esp(rito foi-se depurando.
da modo a nio se lhe atribuir corporeidade.
112
CUIDADO COM OS INCUBOS 11

Muito dpico da evolução de pensamento é, por exemplo, o


livro dos Diálogos, atriburdo 8 S. Cesáriode Nazianzo. Este se per-
Gunta como os anjos, sendo incorp6reos, puderam ter consbrcio
carnal com mulnares e gerar gigantes. Acaba julgando absurda e
blasfema tal tese. O mesmo se II nas obras de S. Cirilo de Alexan·
dria tt444) : afirma que os anjos nlo tlm corpo nem procuram as
volúpias da arne; além do Qui, observa que a Escritura am Gn 6,2
fala de filhol de Deus e ":lo de Injos de Deus. Muitos outros tes-
temunhos da transiçio do penSllmento dos doutores da Igreja
nos séculos IV/V se encontram no artigo "Oémon d' aprés les P.·
res", de E. Mangenot, em " Dicti~nnaírede Théologie ~tholique "
IV/ l, colo 3390384.

Isto explica que na Idade Média os grandes te61ogos como S.


Boaventura (t 1274). S. Torms de Aquino tt 12741, Duns Scoto
It 13081, S. Alberto Magno It 1280) tenham abandonado por
completo a teoria de relações carnais dos anjos com mulheres.
Todavia ficou na crença popular a conoepção de que os demõni-
os podiam unir-se sexualmente a seres humanos; por isto algumas
publicações da Idade Média le ainda de épocas posteriores) fala-
vam de dem6nios jcubos 10$ qUI se deitavam por cima} e de sú-
cubos (os que se deitavam por baixo ).•. Alguns pronunciamen-
tos de ConcUios 8 de Papas atribuiram largas panes ao demOnio na
vida dos homens, admitindo mesmo li po$$ibilidade de relaçiSes
carnais dos mesmos com mulheres. Ampla documentaçlo a pro-
pósito· 8ch8-s, coletada no artigo " Documentos Echtsiásticos so·
bre PrAticas Supersticiosas e Oemon(acas" de FreI Constantino
Coser O.F.M.. publicado em REB. vol. XVII, março d. 1957, pp.
54·88. ~ certo, porém, que nenhum desses documentos tem 8
força de definição dogmátIca; trata-se da orientaçOes dadas pari
atender à problemAtlca de séculO$ passados multo propensos a ad-
mitir o demOnio em todo fenOmeno fís ica ou moralmente he-
diondo_

Em nossos dias. está tot.lmenta fora de cogitaçlo a hlp6tese


de cons6rcio sexual de anjos maus com seres tlumanos; a teologia
sô pode classifiear tal crença como falha em suas pr6prias premis·
sas, visto que supõe corporeidade nos dltm6nios; trata-se, pois. de
um produto da fantasia, que a piedade popular pode alimentar,
mas que ~ de ser estritamente dissipado .
113
IB "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

4. O artigo da revista que estamos analisando, baseia ... prin-


cipalmente no livro De Ooemoni.litata do Pe. Ludovico Maria Si-
nistferi. franc iscano fa lecido em 1701 . A propósito podemos di-
zer que o Pe. SinistrarI1 1632·170n fo i um especialista em Direi·
to Canônico e Civil; dedicou ·se intensamente ao Direito Criminal
Ecl~iástico. A sua obra principal li "Practica Criminalls IlIustra-
ta" em três grossos volumes. - A "Enciclopedia C.attollca" do
Vaticano, vol. VI , 001. 702, tratando desse escritor, nlo menciona
o livro De Daemonialit.te, o qúe significa que nao se lhe atribuiu
grande importância. ~ bem possrvel que o Pe. Sinistrarl tenha
professado a crença em demf)nios (ncubos e SÚCUbOI, mil • SUl
posição depende das circunnlnci .. da t6poca; nl o pode ser iden-
ti fi cada com a do magistério da Igreja. Este não refutou a obra do
Pe. Sinistrari porque tal escrito fo i por si mesmo caindo em desu·
so • descrédito. Nenhum te61ogo como também nenhum do-
cumento da Igreja em nossos dias admite a antiga nip6tese da ear-
nalidade dos demônios; muito ao contrário, esta deve ser tida ca-
ma ilógica e aberrante. O demônio poda levar os homens ao peca-
do, mas nlo da manei ..a proposta. De resto. é oportuno que os
cristão. pensam mais em Deus e na pritica das virtudes do que
em incursOes prodigiosas e penantom do demônio; este tenta
mais por vias sorrateiras a dissimuladas do que por meios extraor·
dint rios.

• • •
TEOLOGIA DA CRUZ

"Pareça que nas dificuldades atuli, Deus nos quer ensinar


mais profundamente o YIIlor, a Importlncia e a centl1llidade da
Cruz de Jesus Cristo. A rellÇlo entre a história humana a a hlstO·
ria d. salvaçlo se escl.rece , luz do misMrio pascal . Por certo. a
teologia d. Cruz nIo .xdui. I m absoluto. I t.ologi. d. cri~ e
da Encamaçlo. mas evidlntamenta a pressup&. Qu.ndo nós,
cristJos. fal.mos d. Cruz, nio davamos ser tidos como pessimis-
tal: nós nOS baseamos sob,. o re.lismo da esperança crid' lR ..
IIt6rio Final do S(nodo dOI Bispos, 8/12185, Parte O, n921-

114
FlIofQ.i, do R..acion.....ntO •. •

Entre Homem e Mulher


por Oietrich von Hilct.brand

Em s(ntew: O Prot. Dlltrldl von Hlldlb"nd lnsittl Im qlll' '''UlIi·


dMI, huml""'o pode __ coIOCMI, no nl ..... dos chnllb lpeti1.. Inrtintlvot.
como I MeIa,' 'om., o d_Jo di dormir.. " ma IArtlelp. da ...,Iritl.lalkttde
do . . humano: ,Ia silnlfica e !Ulia 'I plln. MJtodoaç:'o qUI "''''m t.;. d,
si mesmo I peGOiI do " ' 0 oposto nl ~u,. ct. Inriquaeimento • compll'
""nuÇio m6tWOI. Por Isto 16 t.m "ntldo , valor dentro do cons6rc:io ma-
trimonial, , . Fora do ceAmento. o Interdmb~ Intrt O homtm •• mulher
possui ... tllnlflctdo, vitto qt.Il as diflr.nç ••• i~ftt. Intra um • outro ...
• 0 nlo alo tpt"" • do plmo blo~; o hOl'lMlm dllntl di mulh.... obri·
. .o • cultl.., no,",...titud.. qUI, do contnrio. nela flClrl,m I.'nt.., I
vir.werD.
O ato conlupl Intra ISPOSO • tapO.., ...... d••igniflClr. mixlmll da·
awIo recrproq, ItncI. netunlmll'lt. ti procrl_: 1IItI' •
uprealo do llmor
m6tuo do. npomI. Po, isto nIo • "dto uclul·la por nIIloaartlfleJtb, poh
Irto sitnlficllJt rio_ a onMm inrtltuhh paio Criador. TodlilM, quando a
n.tura•• por si intima tst6riI, • "'.951. matrimontlb continuam .....
IIgitilllM I ehalll di Mrltido, pol. manlftrtaram • "'atuaram sempr. a mlt-
tUI doaçIo doi ebnjUglS.
O 11m da Di• .,Icf1 von Hlldebrand assim Ipraenudo rntreCI .tençSo
I attlm. peta profundidadll de .... ,"'••0 .. sobre compluo, dlllcado ..,
It.mta.
* • *
Dietrich von Hildebrand, falecido há poucos anos, era um
leigo católico elemio, que desenvolveu feamda atividade filom.
fico-teol6glca na Alemanha, na Su (ça e nos Estados Unidos. Preo-
cupou·se natllVelmente com I ';tica Cri"', deixando longa série
de obras que abordam sexualidade, vida conjugal, personalidade e
também liturgia, . • - A Editora Mundo Cultural Ltda. 1 publi·
cou, em 1984, uma cbra de von Hildabrand originalmente edita·

I Mundo O;'tu,.' Lrd.., R~ IHi tor PwnrHdo 1198, .". 21, Su",.,..zfnho,
05438 SSo P.ulo (51').
115
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

da em inglk com o thulo "Man and Woman", na tradução da


Sra. Elgilta Resende de Almeida, com li colaboração da escritora
Maria de Lourdes Ganzarolli de Oliveira, do jornalista José G.M .
Crsini e do Prof. JO$tf1 Tar(!(sio leal. O livro em português traz o
t(tulo " Filosofia do Relacionamento entre Homem e Mullle"" .
Por seu conteúdo, profundamente inspirado pela psicologia e pe.
la f~. merece divulgação - razio pela Qual vão, 8 seguir, apresen.
tados traços Importantes do mesmo, extr.rdos respectivamente
dos caphulos I, 111, IV e V.

,. O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO SEXO (pp. "·38)

Na"o se pode entender a sexualidade unicamente no plano


biolbgico ou instintivo. " A leg(tima natureza do sexo 56 se revela
quando o observamos' luz do grande e decisivo fator na vida hu-
mana: o amor ,ntre Ó homem e a multler' (p. 13).
E que é o amor?

1) O amor em veral. "O amor é uma resposta ao valor" (p.


ISs). ~ o apreço ou a estima dada 80S bens anteriores ou ê nobre-
za (ntima de ume pessoa; é o "querer bem" por querer bem, sem
procura de vantagem ou utilidade para quem ama. "Oesde Que a1-
gufm 56 nos seja útil ou apenas nos divirta. não o podemos amar.
Podemos 'gostar dele', .. Portanto a Idéia de que a pessoa que
ama vê o outro como um meio para a sua própria felicidade,
constitui o mais radical equ(voco a respeito do amor" (p. 16),
Mais precisamente: a resposta que damos à preciosidade do
ente amado manifestit"se de dois modos: no deseJo de uniio com
ele, e no llitereue pela sua felicidade.
O desejo de união leva 8 procurar a pessoa amada e a tentar
compartilhar luas alegrias e sofrimentos, O que redunda numa
união rec(proca dos coraçees.
O desejo de felicidade para a pessoa amada traduz·se nio s6
no interesse pelo bem-estar terreno e eterno desta, mas principal.
mente no modo bondoso de ~la - o que torna o amor uma bon-
dade crescente.

2) Amor entre homem e mulher. O amor conjugal é o tipo


mais específico do amor. Seria falso, porém, acreditar que as cu ·

.10
ENTRE HOMEM E MULHER 21

racter{sticas desse amor se derivam do fato de ser o sexo acres·


centado ao amor geral. O homem.e a mulher não diferem entre si
unicamente ~o' traços biolbgieos; toda a personalidade daquele
difere da personalidade desta. Com efeito; o homem é capaz de se
deixar guiar quase unicamente pela r.azlo. de maneira cerebrina e
fria; ao contlirio, na mulher estio geralmente entrelaçados o in·
telecto 8 o coraçlo com os seus afetos. Essa diversidade faz que o
homem e a mulher se complementem mutuamente; foram criado$
um para o outro; por isto também são possíveis. entre o homem e
a mulher, uma comunhão mais Intima e um amor mais perfeito
do que entre pessoas de igual sexo. Mesmo feita a abstração da
procriaçlo, ~ewmos dizer que o mundo' mais rico por causa
dessa diferença ; sendo assim. de modo nenhum se pode desejar
que se apague essa distinção, como preconizam certos movimen·
tos feministas (que querem fazer da mulher uma quase cbpia do
homem). A fecundidade entre o homem e a mul"er nio ocorre
só no plano f(sico. mas também no espiritual.
Todavia a bentflca Influência rec(proca só poderá exercer-se
se entre o homem e a mulher reinar um clima de respeito e reve·
r6ncia. "S6 se for mantida uma certa distAncia, a ser franqueada
exçlulivam.nte no casamento, é que esse enriquecimento m(ltvo
tem lugar. t: necemrio mantenham a consciência de que no ho-
mem e na mulher existe um mistério ou algo de sagrado. Caso
uma camarad8l8m banal domine a relação entre eles, caso a sim-
ples presença de uma pessoa do sexo oposto nlo mais reclame de
nosse parte um comportamento diferente ou desde que a relaçio
com o outro sexo seJa i mp~nada de comodismo e haja permissi·
vi dada extra-conjugal. deixa de existir o mútuo enriquecimento
do homem e da mulher."
O autintico amor entre o homem e a mulher emancipa do
ego(smo e tOrna a pessoa mais humilde.
O amor levado ao cons6rcio conjugal aspira à união frsica.
Esta aspiraçilo difere dos outros apetites existentes na peSSOl. c0-
mo sede, fonw , de$ejo de dormir .. . Implica doaçio da prOpri.
intimidade ou do próprio segredo do doador à pessoa amada; ela
tem em vista tal pessoa com seus valores, e não apenas um indivf·
duo do sexo masculino ou do sexo fem inino. Na cópula carnal
extra-conjugal, a comparte 6 encarada tão somente como vm
ser anônimo provocador de atraçlo f(sica; a personalidade d.esse
anônimo nio desempenha papel decisivo.
11 7
22 " PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

Quem ama verdadeiramente, compreende que a unilo f(sica


, algo misterioso e profundo, através do qual, de modo exclusivo,
revela O seu segredo à pessoa amada e esta lhe revela o seu. Ora is·
to 010 ocorre quando se usa o parceiro como objeto para satisfa.
zer um instinto ou como meio de divertimento ou aiMa como
"coisa que no di .. seguinte não internA nem preocupa a nlspecti·
va comparti".
3) O upecto mol'1l do sexo. Até agora consideramos apena
a natureza e a finalidade do sexo. sem evaliar o seu aspecto moral,
Todo ato que contrarie a natureza do sexo, , "'O somente
uma profanação de tal valor, mas também algo de imoral : algo
que desvia o S\JJelto da SlJa verdadeira meta. Hoje em dia registr..
se a tendtncia a julgar que 16 existe pecado ou injúria quando im-
pomos a outrem algo contra 8 sua vontade ou quando abullmos
de outrem em favor de nossos interesses ego(stas. Mas, no caso d.
uma relação sexual que ambas as panes desejam realizar, como
pode hav.r abuso ou desrespeito à liberdade alheia? Como pode
haver eHO moral?
Em resposta observemos: a moralidade não consiste apenas
em nio injuriar os outros. E. mesmo que nos restrinjamos ao . .
tor da Injúria, verificamos que esta pode ocorrer ainda que nio
imponhamos a outrem algo contra a própria vontade:
"Se conheço al5luém em perigo de tomar·se alc:061atra e o
convido a beber comigo, ele pode gostar muito disso, mas, sem
dúvida. o prejudico assim procedendo. Se. a titulo de curiosida-
de. alguém experimentar a hero(na e lhe proporciono essa opor-
tunidade, eu Ine c.uso mal, embora eie possa aprecla·I." (p.33) .
Por ceno, esles exemplos são diferentes do que ocorre numa rela-
ção sexual descomprometida; naqueles casos prejudico a saúde do
outro, ao passo que, na relacão extra.eonfugal, nlo.felO a saOde
da comparte, mas eu a prejudico em algo mais precioso: a sua digo
nidade de pessoa. Induzindo outrem à união f(sica .xtra-conju~1
ou aceitando o convite para "tanto. faço da outra pessoa um ins-
trumento para o meu prazer ou aceIto que ela se despreze, train·
do o seu segredo, realizando uma falsa autodoaçio e aviltando-se
por uma profanação; ao mesmo tempo, astou desprezando a mim
metmo. Ora essas atitudes sio imorais.
NO$ últimos tempOl, porém, há autores que negam a ordem
moral. com seus critérios de bem e de mal; reduzam o comport..
118
ENTRE HOMEM E MULHER 23

menta errôneo da pessoa ~ categoria de sintomas doentios. resul·


tantes de traumas e complexos de educação. Todavia rejeitar 8
ordem moral significa recusar a responsabilidade e 8 pr6pria liber-
dade do ser numano: equivale a desfiguri-Io, reduzindo todas as
pes50as (pois na v.rd.de todas erram' à condição de doentes
mentais.
De modo especial. nA quem Queira isentar da ordem moral
ao menos a IIxualidade. Esta nio seria sujeita ao controle da I:ti·
ca. pois corresponderia a um. neoeAidlde fisiol6gita e instintiva;
seria 8omoral e não i-moral. Na verdade, tais autores cancelam o
real valor do sexo e o mistério que ele personifica; i6 n'o enten·
dem o uso do sexo como realizaçlo de grande amor conjugal ou
de nobre doação a nobre pessoe_ Em vez de abrir a via de maior
felicidade 80 homem, encarceram-no em desesperado fastio_
A amoralidade , pior ainda do que a imoralidade_Quem er-
ra moralmente, mas tem consci'ncia de sua imoralid~e, perma-
nece ainda na 6rbita da verdade; movimente-se no mundo espi-
ritual e vi os reais valores; a lU. situação tal\l8Z. seja trjgica. mas
pode sair dei •. Ao contrário, quem profana o mistério do sexo.
nele vendo a satisfaçio inofensiva de um instinto frslco. move-se
num universo lnsrpido, sem profttndldade e sem g"OO12a_ O seu
mundo' o consult6rio do psiçanallna, "(jue certamente- mesmo
para os que cr6em nesse tipo de feiticeiro moderno - Alo trans-
mite a beleza ardltlca" Ip_ 35); a amoralidade procura eliminar o
"pacto trjgico da vida, mas " mergulha o indiv(duo num desespe-
rado fastio, porque é a IUl moral e grande tensio entre o bem e o
mal - que ellva e amplia. vida humana muito além das frontei·
ras de nossa .xl'llnda tet"nna. Como disse Kierkegaard , 'o Mico
í O próprio atento do .temo' "(p, 38'_

2. AMIZADE ENTRE oS SEXOS I ••. 6a.B7)

Pergunta:se: pode ter sentido a amilade entre o homem e a


mulher fora do cuamento ou sem contato sexual?
Quem compreende que a d iferença entre o homem li a mu·
*'
lher nio apenas de ordem biol6gica, mas marca toda a persona-
lidade de cada um, incluindo suas notas espirituais, responderá
que tal intercâmbio, mesmo sem uso do sexo, é enriquecimento
mCltuo.
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

Esse enriquecimento pode ser assim descrifo:


- o interdmbio entre o homem e a mulhar obriga elda qual
a se adaptar à natureza contrastante do sexo oposto, abrandar
certas tandlneias hostis inerentes. cada tipo sexual;
- o intercâmbio, posittvamente, provoca a amulação a a fa-
cundaçJo espiritual, fazendo .merglr virtudes que, de outra for-
ma, permaneceriam pouco desenvolvidas_ Assim, dlant. da mu-
lher. o homem se vê obrigado 8 assumir uma atitude cavalheires-
ca, que implica maior domrnlo sobre si mesmo, mais humildade,
especial delicadeza e pureza. "Com a mulher ocorre um alarga·
mento do seu inteletlo, ••. uma nobre reserva, de um lado, e um
fervor e uma dedicação especrticos, do outro lado" (p.7(j).
~ hol'lll$to, porttm, Inda98r: nlo seriam todas essas virtudes,
em última análise, axpressOes da sexual idade reprimida, . .. sexua·
Iidade que cedo ou tarde deve levar a um relacionamento carna' ?
- A doutrina de Freud, subjacente a tal pergunta, má superada
na Europa: "8 redução de tudo a sexo, a interpretação arbitrária
de eada expressão humana como dmbolo do eros ou da libido
nSo são levadas a sério, mas claramente vistas no seu caráter anti·
cient{flco" (cf. p. 13). Por conseguinte. pode existir amor Mpiri·
tual ou sexualmente desinteressado entre um homem e uma mu-
lher.
TOdavia não se deve ignorar que a pessoa humana d suJeJ-
ta às ameaças dos instintos cegos ou pré-deliberados. Por conse-
guinte, "uma guinada para a esfera sexual, mesmo ileghima, pOde
ocorrer em todo IntercAmbio entra os dois sexos" Cp. 79). Mas tal
perigo não extingue a possibilid.de e a legitimidade de um rela·
cionamento e$piritual fecundo.

"O~m .stl fivn do orgulho, qwndo ,.Z Mgt) th bom? o.qrl por isto
omitir. ohr.} T~m ubimMIto r/OC,r «lul • ~/.II,. Ih S &rnilrdo.
qUlndo foi N:tJfJMrido por orpu/ho. .. durant' Um ,.,mio: "Ser."•. n6tJ
co~ • prtgar por UIM rh ri; r,mblm nlo ans.,.j dt o (.ar por CNI.
d. tI'. o perigo th tantlf6n d_ nll"'.r-nol .", constMJr. 1lig;11ncf,,, ••
m.J nlo constitui fRio wlicl'lIt, ~ s. mr.r um conr.to ,spirltuM com.
OU". pnla." (p. 79J.

Em última análise, • retidão e 8 sadia fecundidade de tal re-


lacionamento serio garantidas sa as duas partes se mantiverem
em comunhão com Cristo ou se cada Qual procurar a salvação do
12.
ENTRE HOMEM E MULHER 25

outro, partilhando o amor de Jesus por essa pessoa. T enh.se em


vista o que aconteceu entre São Francisco de Sales It 1622) e
Santa Joana Francisca de Chantallt 16411, entre Sio Francisco
(t 1226) e Santa Clara, entre Santa Teresa de Avila It 1582) e
Silo JoilodaCruz (t1591), entreSio Bernardo de Claravallt1153)
e a Condessa Ermengardl. .
Mais uma vez Impon.e observar: o bom êxito do múwo rela-
cionamento exige caráter nobre, especialmente da pane do ho·
mem; nlo seja tolentda a camaradagem wlgar. "Quando homens
e mulheres estão juntos, deve reinar um clima de MJtocontrole,
isto é, o oposto do ' soltar-se' . .. As danças e as modas da hoje...
provocam. . . a importAncia dessas exlgincias. . . Nos aconteci·
mentos sociais, tom ... nacessArio salvaguardar• • • uma atitude
cavalheiresca, uma nobre raticlnci." (p,8S).

3. AMOR E CASAMENTO (O.. 87·961

o emor conjugal 56 se pode entender se admitirmos que 8


pessoa humana é capaz de amar sem ego(smo ou é capaz de a mar
a outrem como tal, ultrapassando-se a si mesma e às suas tendln·
cias egocêntricas. Esse IImor leva'a dizer a outra pessoa: "Teus S()o .
frimentol 110 meus sofrimentos; tua felicidade 6 minha felicida·
de".

"A f-tlcid«l. I UI1Y CfJIfSftlülncia do emo,. tnN n/me. e lue nrSo e


o #umotivo. t de nIIturuellSP«fnu do .mtN qfJtl .,r.jamoI inrlnSlMkn
". out,. Pfl#oe eGmo tal e que rM Mnhum modo ela tw:elH li IUlI impoTtIn.
',ro" u,
ri•• veltN' do um nvlo 1»" Olitl'l ~(,." (p. 90).

o amor conjugal visa a total e irrevogável autodoação. numa


união indissolúvel mediante o vInculo sagrado do matrimônio. e
um tipo definido da lImor, dotado de caráter próprio, que pode
prescindir da .sfera sexual lembora tenda a desabrochar naturel·
mente no intardmbio sexual). Saria erro básico acreditar que o
amor conjugal li somente amizade mais relações sexuais.
O sacramanto do matrimllnio eleva o amor entre o homem e
a mulher a um plano novo, transcendental, fazendo·o paMicipardo
amor fecundo existente entre Cristo e a Igreja Icf. Ef 5,32): o lar,
por sua vez, se torna "igreja doméstica". Todavia a ordam sacra·
mental nlo destrói a feiçlo especifica e humana d. cada conJÓr·
121
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS " 286/1986

cio matrimonial: "Oeus com o seu amor não destrói nem muda 11
natureza, mas aperfeiçoa-a" IPto XIII.
4. CASAMENTO E CONTROLE DA NATALIDADE (00. 97·118)

As ameaças de superpopulaçio, miséria, fome, doenças I.


vam muitos pensadores 11 questionar a fecundidade f(sica do ma-
trimCnlo,
A resposta à problemática deverll deduzir'se da análise do
v(naJlo existente entre a uniio de amor no casamento e a con·
cepção da prele.
1. Comecemo$ por notar que a união conjugal tem significa-
do a valor em si e não possui apenas li finalidade de procriar. EI'
se valor consiste em promover a duradoura e lrrevog6ve1 autodoa-
ção da cada um dos cônjuges sancionada por Deus. Ora essa auto-
doação rec(proca, em seu grau mixlmo, leva à união !carnal e AI
procrlaçlo. A c6pula conjugal. como tal, nada tem de pecamino-
so; está longe de ser um mal que no casamento viria a ser tolera·
do; ao contr~rio, é algo de muito nobre, que se prende 10 misté-
rio de cada tJma das duas personalidades envolvidas e, por Isto,
merece reverência.
Em conseqüência, toma·se claro que cometem grave abuso
aqueles que separam a uniio corporal do seu contexto natural,
que é a autodoação conjugal. Sem dúvida, o sexo, em si ou i$Ola·
do do amor çonjugal, exerce forte poder de atração, que ameaça
todo e qualquer indiv rduo humano; quem a ela cede, comete o
pecado da impureza, que !li uma traição infligid. a noua nature-
za espiritual ou uma profanaçJo do mist'rio da personalidade.
Dito isto, perceblmos qUI a procriação á uma finalidade da
união conJugaI. nio, polim. a finalidade sem 8 qual tal unilo CI-
receria de sentido. Sablt-l8 qUI o amor marital tem em 51 mesmo
o valor da autodoaçio; a procrlaçio lhe sobrevém com um carê·
ter de $Uperabundincia. que se distingue bem da qUI" c:hamaria
"finalidade instrumental"; esta ooorre, por exemplo, no caso d.
faca, que foi feita estritamente para cortar, ou no dos pulmOes,
que existem estritamente plra impregnar o sangue de oxiglnlo; e
uniio coniugal, porém, não existi .xclusivam~nte para procriar; e
procriação 6. 5im, finalidade da mesma,. . . mas finalidade a ser
atingida mediante outro valor, ou seja, o valor d. autodoeçlo mú-
tu • •

122
ENTRE HOMEM E MULHER 21

Outro exemplo de finalidade supenbundante ocorre no c0-


nhecimento. Sem dúvida, este é, como tal, um grande valor, pois
corresponde à natureza intelectiva do ser humano. Eis, porém,
que uma razlo de ser ainda mai$ sublime do conhecimento é a
de nos tornar aptos 8 alcançar I perfeiçã'o moral e a santificação.
Dizemos, pois, que o conhecimento tem em si mesmo um valor
próprio (o valor de nos enriquecer intelectualmente) e. além dis-
to, possui uma finalidade de superabundAncia. que 6 a de nos
orientar à vida eterna, quando ele versa IObre assuntos de fé. As·
sim no matrimbnio a relaçioNxual, que constitui a unilo mais rn-
tima entre esposo e esposa. vem a ser superabundantemente a
fonte de procriaçio; por isto faiamos de procriação como finali·
dade do matrimônio, nio, porém, mera finalidade instrumental.
Observemos, porém: a acentuação do significado e do vaior
da un.iSo matrimonial não contradiz à doutrina de que a procria·
çio é finalidade do casamento; nem atenua o vrnculo existente
entre unilo conjugal e prol~, antes o realça e coloca na perspect i-
va certa. .

2. Estas considerações projetam luz sobre o complexo pro-


blema do controle da natalidade. Sabemos Que para tanto exis-
tem métodos artificiais e métodos naturais.
Os métodos artificiais aparecem çamo pecaminosos pelo fa-
to de separarem a uniio de amor consumada, no matrimônio, de
uma posdvel procriação; cortam talligaçio instltu(da por Deus-
o que significa uma atitude de irreverlncia; o homem e a mulher.
em tal caso, agem como se fossem os pr6prios senhores da natu-
reza negando a religlo ou a religaçlo com Deus.
Ao contrario, nio contrariam a ordem tnstitu(da por Deus
aqueles cônjuge. que praticam o 110 sexual nos perfodol de este-
rilidade da própria natureza: a relação conjugal nlo se toma en-
tio Irreverincia a Deus; ela conserva o seu significadO e valor prO.
prio da realizar a mixima un llo possível entre os esposos. Note-
mos que os ciclos do organismo fem inino, Incluindo perfodos de
esterilidade (destinados ao repooso da função genital), lio inni·
tu(dos pelo próprio Deus; Este quis a.sim pOSSibilitar aos cônju-
ges realizar a sua união f(sica sem a possibilidade de prole, caso
esta se torne inoportuna. 1:, sem dúvida, para desejar que mais e
mais se divutguem os métodos aptos a observar o ritmo natunl
do organismo feminino, entre os quais sobressai o de Billings.
123
28 " PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

Slo estas as principais linhas fllosófil»teol6gicas do livro


de Dietrich \lon Hildebrand até aqui analisado. A obra é realmen·
te merit6ria pela profundidade de suas reflex&es. Apenas faz·se
mister acrescentar que (lS encômios da vida conjugal tecidos pelo
autor nlo diminuem o valor da vida una Ou indivisa (celibato e
virgindade). Esta é outra forma de se viver o amor, sem o qual a
pessoa humana não atinge a sua plenitude; na vida una o amor é
dedicado diretamente 80 Supremo Valor ou ao Sumo Bem, que,
mais do que qualquer Duna, é capaz de pOlarizar 8S atenções da
criatu ra. Amando a Deus fora do matrimOnio, o cristão 030 se
insensibiliza em relação ao próximo, mas, ao contrário, volta-se
para este ainda mais identificado com o Coração de Cristo, pelo
qual pulsava o amor do próprio Deus. Por isto há, e haverá sem·
pre, na Igreja vocações 11 vida una. que seria para 0$ homens sinal
de que "o tempo se fez breve e passa a figura deste mundo" , de
tal modo que. usando dos bens terrestres, o cristio mais e meis
se habilita a entrar na vida definitiva (cf. 1Cor 7,29-31).

NOVIDADE!
Alfm do. Clmol d.lnlcllÇio Blblic•• d.lniclaçlo Teológica. I EICO'
la "Mat... Eccl.ú .... ofartQ. a putlr d, mlfÇG 1986. tlmb6", um Cuno
eM TtclOllla Moral por Cortetpondlncla I.", 28 rn6dulos).
AJ il'llCriç6lt podIm Nr fait• •m qu.quar 690ca do ano. A du~
do Cuno art' a cri"rio do aluno. Ou'm M m ..ricul .... NCIbIr' _ prin*ras
liç6n .m eua; ap61 lltUdu. rapoftdlr." IIMtuntM .... pactiva; mlfld.,'
IUI! provI,.,. 1 lide d. EleGIa, que Ih. devolver. o trabalho corrigido Jun·
t.mlnta com no,.. Ilça...
In.eriçl5" e p.tdidOll de i"for",• • • Mjam dirigidos' Elcola ''M~. r
Eçelu!..... Rua Bertt-min Co,,"a"1 23. ~ .ndar.20241 Rio (RJ).
S., Padro "011 d iz qua todo erlstlo d..,a nter ..mp" pron10 plt'l ,...
poneMr equam IM peça ru411 de ... nptrMÇ.11Pd 3.161. Ami.,. aplOvei ·
f'
'- • oportunidade d. methor eonhecv ... a OI porquts do IIU modo da
,ivar crinlo!

* • •

124
Fundamentos de

Direitos do Homem e Dignidade Humana

Em Irnttnll: A d1llnidld. I o. dirlilos !\MUlr.is do fel' humeno MI N '


Milm no fato d I qlM 'criado. i mllPtm. DIIUS. Em u ü lem.ido c:ont,..
dit.d. por ponNdores qUI .firm.m Miro hOlnlm p!lrU dI um ta.do posto.m
lVoluçJo; O todo, COftUClOentl""nt., v.le meb do que a INIrte. Di.to decoro
re o "'Inospruo di pessol Indlvldu. 1 e I wp8fY.loriueio do eoletivG, ou
Mil, do EJtIdo ou d.lOdedadl louliUiria. v ..... pois. qUI. part fund.mtn·
o.
ter • d llnidecle I dir.ltos do MlMm. UI d ..,. ""nür n(dd •• nor;fo dI.'
pi,illAlld . da; alma hUlm.nl, qU I nlo tem ori..m n. mll"i. em 1V0iuçlo.
ma , pnxtulld. d iretamente por Deus ;' I.to quI fundamente llranscen·
diMl.. tIo ..r hulNl'IO • o relpel10qul mtracl por p&r11 do. leu. lImel h",·
I.. DIuI cria. infundI cada alm. no lruto fKtlndado oriundo dOI ~lto.
r"i m .. coopetam n. ,.raçlo do .Ir hum. no nlo por "r.rem I alml hu·
man., m. por di.por.m • mel"l. vit.1 I m vim d. qual Deu. crie. 11"".
tfe corpo I . 1II"1II (o qUI nIo , cristlol.m
.
Tal c:onct~ nlda tlm qUI "Ir com du.lismo;es11 sup4e entlgOni.mo In'
uprim. a dUllldadl qUI M deve
mar'lter antr. nwtirLe (corpo) • npr,ilO 1.lm&). feilOl um Pita o outro, ma
distinto. um do oUlro.

• ••
Em nossos dias muito se fala dos direitos naturais de todo
homem bailados na dignidlde de toda e Qualquer pessoa. inde-
pendtntemente de estado social, raça, sexo. .. Todavia importa
definir com precisfo em que conslne essa dignidade e Qual a 5\18
raiz. Pode--se realmente dizer que todo homem. mesmo os mais
marginalizados. tem uma dignidade congênita e indelével?
A esta questlo se prendem dlvenas outras da ordem antro·
polbgiça, filos6fiça e teológlça: ex iste no homem algo mais do
que matéria? E, em caso positivo, qual 8 origem desse algo mais?
- Em vista desta problemática, que afeta tamblm a teologia ca-
tólica çontemporinea. O Prat. Christoph SehBnborn D.P. , mem-
bro da Comissão Teológica Internacional, redig iu importante n·
12S
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 28611986

tudo intitulado "l'homme créti par Dieu: la fondement de la


dignité de I' homme". Apresentado 11 referida Comissão, este tra-
balho foi publicado na revista da Pontiftcia Universidade Grego-
riana de Roma: "Gregorianum" , vai. 65/2-3, 1984, pp. 337·363.
I: O conteúdo de tal artigo que v.i a seguir apresentado em suas
linhas principais.

1. DIGNIDADE HUMANA: RESPOSTA CRISTA

o Conc{Jio do Vaticano 11 formulou a pergunta ; "QuI pensa


a Igreja a respeito do homem? . . Qual o significado que, em Íllti·
ma instância, se deve atribuir ~ atIvidade do homem no universo?"
IConstituiçlo G8udium ~t SpttS 11,3).
A esta pergunta o Conctlio respondeu no cap(tulo sobre a
dignidade da pessoa humana : "A Biblia ensina que o homem foi
criado à imagem de Deus" IG«Jdium ~t Spes 12,31. A noçlo de
" imagem de Deus" tomou·se o fio condutor das explanações do
ConcUio a respeito do homem. O magist~rio da Igreje ultlmamen·
te tem repetido tal conceito. Assim, por exemplo, dizia o Papa
João Paulo 11 a 19/06/1980:

"O hDlMM Htl no COf~kJ do P.i. do Filho. cio E,plrlrtJ SMlto. E


in o, dts(J.o inIcio. NIo (oi . /. crlMio i j~m _ s.m.Ih~ ~ o.url
For. diuo, O hOrrlflm filo '.m Itnrido. O hOrrwm no mundo '" t.m ImItfdo
como i".,em 'S6m.1h~. dI o.vs. Doutro modo••1. nio tM'l "",111",
do : muitos poderl.m dizer, como j~ diJHrwn, que o hotr»m j .pMIN
UfI'III 'pMK60 inútil' "( homili. ". MIIU do BOfl~t; cf. "u Docu",."r.tlon
fÃthoIiqw" 1788. 15106/1980. p. 585).

Por conseguinte, .a dignidade do homem só é plenamente


percebida e aflrmade dentro de uma visão teocintrica; OI olhol
da fé deseobrem o valor desse "caniço pensante" iBlai58 Pascal).
Todavia pergunta-se: ser' que somente a fé pode diKemir
e reconhecer a dignidade da pttSSOa humana? Nlo seria esta per·
cept ível também aos olhos da razão? - Respondemos que todo
ser humano é apto a apreender sua identidade mais profuoo.,
pois todos estão, por sua consciência moral e suas aspiraçi5es mais
íntimas, voltados para o Criador (ainda que não o saibam); sIo
a"im capazes de O conhecer e amar_ Por conseguinte, o reto uso
da razio descobre a grandeza inata do Ser humano.
12.
DIREITOS E DIGNIDADE DO HOMEM 31

Eis, porfm, que tais afirmações são hoje em dia contestadas


em nome de princlpios 1i1os6ficos e da ciAncia contemporAnea.

2. A CONTESTAÇAO

2.1. O homem: parti d, um todo

Jâ nos skulos II1III o filósofo Celso insurgia'se contra a pre-


tenslp crl$lr de que " Oeus tudo fez para o homem". Julgova·a
atm.irda, e asseverava que "tudo veio à existência nio mais pare
os homens do que para os animais irracionais".
Antes, dizia, quem considera li natureza, pode imaginar que
os animais do mais favorecidos do que os homens: " N6s mal con'
seguimos a nossa alimentação. custa de fadigas e sofrimentos
contrnuos; &O Inm, para os animais tudo cresce sem sementeira
e sem lavoura" . A quem alegasse que somos os reis dos animais
porque os caçamos e COmemos, responderia Celso: "Por (lue ca-
çam e nlo se diz que nbs fomos feitos para eles, visto que eles
nOI devoram?" A ane do homem que constrói cidades, não tem
valor para Celso : "As formigas e as abelhas fazem o mesmo". Nu·
ma palavra: "Nio foi para o homem que tudo foi criado, como
também nlo para o le'o, para a águia ou para o delfim, mas para
que esse mundo se realize como uma obra de Deus, completa e
perfeita em todas as suas partes..• Deus gowma o conjunto;
nunca li sua Providência o abandona" IOr'genes, "Contra Celso"
I.VI, 74. 76. 78. 81 .99) .
Desta forma Celso colocava o homem no conjunto do todo,
como parte do mundo ou da natureza única; li Provid'ncia Divina
nlo seria outr.coilllln'o odeterminismo imutável das lei.ffsicas,
reguladoras do, f.nOmenal; esse determinismo, Epicuro o chama·
ra phy.is ( .. natureza) e o divinizara.
Celso era, pois, o representante das escolas filo$Óficas gregas
do EpiçUri.mo e do Eltoicismo; estas o levaram a rejeitar a idéia
de um Deus Criador, para o qual cada ser humano seria o objeto
de uma providência especial, única e inconfund(vel. Tal noção
lhe parecia incompaHvel com a visSo de um mund.o regido por
leis imutiveis. no qual o homem ~ria apenas um elemento do
conjunto.
Ora esta vislo de Celso nio est' longe de concepções modero
nas,. para as Quais o homem é totalr:nente regidO por um movi·
127
32 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

mento evolutivo sujeito k leis implacl~is da seleção e da muta·


ção. O ponto comum entre a cosmovisão est6ica e o moni5mo
evolucionista contemporâneo é a exclusão de toda Providência es·
pecial e paterna (exclusão da pr6pria idéia de criaçiol. aliada 8
certa divinização da natureza, à qual se atribui a função de gover·
·nar o mundo. Tanto a natura gubern.nl (natureza que governa)
de Lucrécio ct55 a. CI Quanto o evolucionismo neodarwinista en·
grandecem não o homem. mas o Todo. do qual o hOmem é ape'
nas uma parte; o homem 58 realizaria ou encontraria O sentido da
sua existência integra!ldo·se no Todo e contribuindo para aeon·
sumaçlo deste.
Segundo alguns biólogos de nossos dias, a vida - também a
vida intelectiva - estaria contida na estrutura mesma do átomo e
se desabrocharia mediante um proceno de gigantesca evolução.
Tal concepção seria apta para reduzir o orgulho do homem, <lue
se gloria de ter origem transcendental. Para quem anim pense, a
exaltaç50 do homem e da sua dignid.de, como o Cristianismo a
apregoa, deve parecer um misticismo irracional.
Ora, para dissipar Mta qualificação depreciativa, a Filosofia
cristã deve procurar re-valorizar a noçio e a realidade do Mp(rito
(que muitos cristãos hoje não mais sabem definir e enimar) assim
como () conceito de criaçJo.

2.2. A alm, humana, realidade esqu8Cidl

JA dizia o lil6$OIo $êneca (t 65 d.C.) : "No homem, que h'


de melhor? A razão; esta supera 0$ animais e segue os deuses. Por
conseguinte, li razlo perfeita é o bem pr6prlo do homem; os de-
mais bens lhe do comuns com os animais". I Segundo a convic-
ção comum de todos os que consideram o homem superior ao
animal irracional, fi o esp(rito ou a capacidade intelectiva que o
distingue. E é também esta faculdade espiritual do homem que o
aproxima de Deus_ Dizia Slneca: " Ratio dii, hominibusque com-
munis est; haec in iIIisconstJmmata est, in oobis consummabilis"..

I "In homine opt imum quid eu? R.tlo; h-c ."t«»dir lIf'IlfTUli.,
dN:t uquitur. R.tio.rpo pMfKt~ propr;um bonum nt, ctlt.~ iJli cum .nl·
~ibUJ uriUllM communi. sunr" (Episro/. 16jJJ.

128
DIREITOS E DIGNIDADE DO HOMEM 33

o que quer dizer : "A razlo é comum aos deuses e aos homens; na..
queles est6 censumada; nestes é consumével" (ap(stols 92,971. Por
conseguinte, nlo nos surpreende o fato da que jAl os antigos escri·
tOres d. Igreja tenham entendido que o Momem 6 imagem de
Deus por causa da .ua inteligincie Ou da sua alma espiritual; S.
Agostinho e S. Tomis desenvolveram amplamente esta doutrina.
Em nossos dias há Quem lhe contracliga4 porque tal concep-
çIo parece negar 8 panicipação do corpo humano na qualidade
de imagem de Deus; tratar·se-ia de uma noção dualista, pouco
condizente com a antropologia bfblica. Deve-se, porém, respon-
der que a corporeidade nio está exelu {da de tal funçio, pois,
alma humana foi ferta para desenvolver suas faculdades dentro da
matAria; 4tSta, portanto, não pode deixar de ser, no homem. parti·
cipante da dignidade da alma humana . Mais: falar de "alma huma ·
na" cemo componente do homem distinta do corpo nio implica
dualismo, pois dualismo quer dizer "antagonismo, opo~içlo" -
o que nio existe entre corpo e alma no plano ontolbuico ' -, mM
implica, lim. dualidade, isto é, distinção e complamentaçlo mú'
tua,
Por conseguinta. NO h6 por que deixar de falar de "alma
humana" e nlo exaltar ai dignidade desta; a teologia não as pede
silenciar. mormente nesta 'peca em Que tantas cosmoviKiIl f.
zIm do ser humano uma simples excl'8lCência da autoorganizaçio
da mat6ria, Nio há r'lzio para esquecer na teologia e na literatu·
ra a alma tlumanL
VI-se, pois, que o reconhecimento da dignidade da homem
" imagem de Deus" começa por uma descoberta do espiritual ou
da espirltuatidade. I! digno de nota que certos cientistas em nos·
sos dias slo propensos 8 valorizar de novo o ap(rito. convictos de
que o ser tlumano nJ'o se reduz apenas a matéria, como tambtm
hj correntes que exageradamente querem reduzir li matéria ao es-
perito Itenha-se em vista a "Gnosa de Princeton"), Estes dados
vim a ser motiVaçOM par. Que a teologia católica nlo se deixe ,.

I No P/MIO oflcol6gko, ino ~ . (Ia plltlo do Nr, d. coi,. como #1_


rio t1f'(14i trlftm_ ou MniM fIO plM'IO d• •sdncitlS. SIo Pwlo MIm/r. oposl·
ção fIfIt,. c.,." • • .."Irito fiO P/MIO mo,." isto i, (lO P/MO cI" ,.M1IncJ_,'
sr. du.J/uno, como hoJe ui,,..dlCOrre do P«MiD orilJinM.
"9
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286(1986

ver por cenas tendências monistas ou tendências 8 empalidecer I


realidade e as propriedades t(picas da alma espiritual que vivifica
o homem. Os conceitos de esp(rlto e espirhualidade sejam manti-
dos na sua identidade inconfund(vel. que os distancia de qualquer
efloresdncia da matéria ou d, qualquer forma de energia quanti·
tativa (como a eletricidade). E precisamente a alma humana espio
ritual que por suas faculdades (a inteligência e a vontade) permite
80 homem conhecer e amar a Deus - o que lhe assegura a sua ele-
vada dignidade •

. 2.3. O antropOeentrismo 8 a ".boliçlo do homem"

o homem li imagem de Deus por sua capacidade de conhe-


cer e amar a Deus. E ele se realiz:a como homem na med ida em
que exe~ essa capacidade. Acres<:entamos agora que o homem
possui tal excelência porque 6 animado por um espfrito áiado; o
fato de ser criado o p8e em intima ralação com o Criador, Tal
humani.mo , dito "leoclntrioo" • diferença do humanismo ano
tropoclntrito; este julga ~ue o hOmém goza de excelência tal que
ele deve ser aut&nomo, nio sujeito a qualquer lei da qual ele
mesmo nlo seja BUtor. Por cOrlJ8OUime, 8 dignidade do homem
parece repudiar a condlçlo de criatura, como S1! esti : fosselli.•
nante ou impUcollSlt a negaçio da grandeza mesma do homem: e
Karl Marx quem c:liz:
"Um ler pode considefBr·u BUt~nomo H ~/e sub';lr. sobre
os próprios pés; e ele subsiste sobre seus pth, S#I ~/e s6 htm qUB
agrad«er _ 4; lrHI$mQ ~ $U. vtlum,ci.. Um hOmem que tli". d~
graça dlJ outrem, há de estimar-se dependenm. Ora se eu vivo to·
ta/mlmte d. IrtIÇ. de outrwn, UI. ali outro dfl'110 nlo SOmMIt'-.
minha mllflurençlo, m_ tMTIbím 11 criaçio da minha vida; H ~/e ~
B font~ d. minha vida ~ H • minha tlida precisB de tlll princIpio
existente for. dei. ou ainda se eu mesmo n60 crio 11 minha "ida,
sou um ser d6pf!ndente. Por isto 11 noçao de cril1Çlo é um concei·
to a ler bM)ido da consci'ncia do povo (Nlrtional8konomie und
H

Philosophie. Früh.chriften. sruttgart 1953. p. 246).


JaCQues Marltain assim resume a hist6ria do humanismo ano
tropoclntrlto:
DescartM. Rousseau. Kant, em suma OI fil6sofos racionalis·
tas nos séculos XVI.XVIII erigiram o homem como personegem
130
DIREITOS E DIGNIDADE 00 HOMEM 35

bom por si mesmo, intocjyel, autônomo ou independente de


Oeu. no plano moral.
No *ul0 Xix começou a derrocada dela rei auto·suficien·
te: Charfes DalWin apresentou o homam como ponto de chegada
de longa evoJuçio de espkles anImais (o que e plaus(vtl se se
consktera o corpo humano), sem admitir no ser humanD algo de
nO\lo ou a presenca de alma espiritual criada por Deus, para cada
indivIduo. chamada a um destino imortal.
O segundO golpe infligido li imagam do homem deve-se a
Slgmund Freud (l1939), que reduziu O ser humano 6 condlçlo
de Joguete da duas tendências principais conflitantes entrll si: o
aros (a libido), antes do mais JeJl;ual e cobiçoso, e o 1hinatOl ou
o impulso de agressio; a dignidade da p8S$0a humana ou do ego
seria uma espkle de mtscara a encobrir a multidlo de instintos
qUI se agitam dentro do homem. NIo h' dúvida, Slalse Pascal It
1662) j'. conheci. que o coraçlo do nomem é côncavo e cheio de
lixo, mas Isto nlo o Impedi. de professar a dignidade e a grande-
za do ser humano, pois admitia neste algo de transcendental ou a
alma espiritual.
Assim foi-l' processandO o ,sfacelamento do homem; o In-
dlvrduo j' nlo sabe onde se encontra nem como s. d.fine. Aca-
bou fill8lmente renunciando à sua identidade Individual em mor
do homem coletivo.•• homem coletivo que, palll Hegel, 6 o Esta--
do com a sua estrutura jurrdica e que Man( faz: coincidir com a
sociedade comunista dotada de um dinamismo imanente.
Tais observações de Maritaln 510 fiéis. histbrla. Assim em
nossos dias registra·se a absolutizaçio do Estado sob forma de 90-
vemos totallt'rios. Sob esse Estado oniprnente e todo·poderoso,
os direitos do homem são cada vez mais concuicadol e espezlnha-
dos. Em conseqülncia, i' se tem falado d. "aboliçfo do homem";
sim, tal é o trtulo da obra de C.S. Lewis: ''The Abolition of Man",
Odorel 1943 (traduzido para o al.mlo: "Oie Abschaffung des
Menschen", Elsiedeln).
Somente o conceito de homem como criatura de Deus e a
noçlo religiosa de homem pode assegurar o reconhecimento e o
respeito da dignidade humana. Isto nlo quer dizer que a verdadei-
ra concepçio de homem seja ating (vel apenas à " ou aos pensa-
dores religiosos, pois • pr6pria razão filosófica' capaz de reco-
n!:leeer 8 dependlncia do homem em relação a Deus e o dever de
religião, que o re-lIga 80 Criador. Fazer abstraç:lo dessa rela~
di
36 " :PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

para fundamentar a dignidade humana sobre o pr6prio homem,


fechado em si mesmo, Implica, em última análise, amesquinha·
mento ou mesmo destruição da grandeza do homem. Somente a
compreenslo do homem como criatura de Deus pode salvá·lo da
rulna Que o .meaça COmo nunca dantes. "O homem fo i feito pa-
ra ultrapassar infinitamente a si mesmo", dizia Pascal. Em suma :
o conceito de morte de Deus implica naturalmente ode morte do
homem, como bem mostra a filosofia estruturalista contemporA·
n.. lcf. PR 124/ 1970. pp. 143-150).

3. ACR1AÇAO IMEDIATA DA ALMA HUMANA

As id61as ate aqui expostas nos sugerem ago ra uma pergunta :


como entender que todo homem, na sua individualidade pessoal,
i criado e amado por Deus? Em nossos dias, mu ltas seres tluma·
nos nascem COmo indesejados ou quase à revelia dos homens!
A teologia cl6ssiea sempre respondeu qUlt, dentro do pro·
cesso de geração de alguém, os genitores dão as respectivas ..·
mentes vitais (6vulo e espermatozóide) e, no 8to de feeundaçlo,
Deus infunde a aima do novo ser criado d iretamente por Eie.
A Escritura e a Tradiçfo da 'tlreja afirmll'1lm unanimemente
a conviççlo de que todo homem deve a sua exrst!ncia a um ato
.criador de Deus : "Tu me formaste 0$ rins e me teceste no ventre
de minha mie" (SI 138, 13); "Tuas mlos me pl8$mftam e me for·
maram . .. Tu me fizeste de argila ... de pele e de carne Tu me
vestiste e me teceste d. ossos e neNOS. Vida e amor me lens ccn-
ced ido e tua solicitude conservou o meu sopro" (J6 10, S.12) .
Estes text os apresentam a existência do homem como dom de
Deus, em conseqülncia do qual o homem 6 chamado ao diAlogo
com o Criador.
Ora fim nossos dias certas concepções "ciflnt(fieas" da ori·
gem do homem parecem nlo deixar lugar :. ação criadora de
a
Deus, pois atribuem matéria mesma as potencialldldes 1'lIf(:ftSÍ.
rias patf chegar ao gr.u da vida intelectiva.
Diante de tais teorias a encfclica Humaoi Generis de Pio XI i
em 1950 afirmava: " Animas a Oeo immediatecreari catholica fi -
des nos retinare iubet. - A fé católica nos manda professar que
as almas sIo imediatamente criadas por Deus" (Oenzlnger-5chOn-
matu r, Enquir{d io 3896). Todavia houve posterlormentete6logos
IJ ~
OlREITOS E DlGNJDADE DO HOMEM J7

que levantaram dificuldades contra tal sentença: alegavam que


parece reduiir o ato criador apenas ti produçio da alma espiritual~
10 passo que a atuaç,io dos p ais se reduziria tio somente' ge-
raçJo do corpo. Oar se segui ri. mais uma· vez um dualismO, con-
tfério' antropologia blblica,
Para resolver o impaue, O te61ogo Karl Rallner propOs a 58'
guinte teA I : Deus não é uma causa ao lado de outras CaullS no
mundo. mas é o princ(pio transcendente Que conserva o mundo
na sua exl~ência; sendo princ(pio transcendente, Deus tudo faz
por meio dll causas segunda.: "Oeus nada faz que a criatura ",o
façl, porque Ele nlo age 80 lado do agir da criatura, mas Ela rea ·
liza o. agir das criatu ras que ultrapassa as possibilidades das prb-
prias criaturas". Disto se segue, conforme K. Rahner, que "os ge·
nitores são a causa do ser humano na sua totalidade e na sua uni-
dade. portan10, geni10res da alma ,!lumana, em virtude da ação de
Deus, que 6 intr{nseca li açlo dos pr6prios genitores".
A soluç!o , tentadora, mas insustentável. Com efeito, a nO·
çlo de criar significa "produzir algo sem mat'ria pree)(lstente, dar
o pr6prio Itr (não o ser tal ou 1.0 • algo ou alguém" , Ora só
Deus' o ser sem limites ou todo·poderoso que do nada pode fa·
zer algo; por conseguinte, 16 Deús pode criar. Donde resulta que
• conttldit6ria a expressio : Deus cria por meio de causas Hgun-
das ou por meio de cri8turM: nlo há possibilidade d. cooperaçio
direta de alguma criatura na atividade criadora de Deus: se a cria-
tura "colabora" (mesmo sob a ação de Deus) em alguma ativida-
de "criadora", tal atividade nio • criadora. pois nenhum ser fi·
nlto 11 capaz de atingir as rafzes de outro $8r (já dizia sabiamente
L.voisier: "Na natureza nada se perde, nada se cria, mas tudo se
transforma").
Mas qual entio a funçlo dos genitores na produção de um
novo ser humano, que na verdade li uno, individual? - Os genito·
rn emitem as respectivas sementes vitais e são causa dispolitiva
ou causa que dispõe essa mat'ria para receber a alma diretamente
criada por Deus. Assim nlo se pode dizer que Deus e os genltores
slo simplesmente causas paulelas que produzem dois seres lutO-
nomos (alma e corpo) a ser aglutln.tos na pessoa humana; a alma

I Cf. Di. Homlnllatlon ali thtolotl-td'-. Fl'la' fim: P. Owrh."",., • K,


RMInfIt, D.. Problemder Homlniutlon. Fmiburg i./8r. 1961, ptJ. 19-84.
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

e o.corpo existem um para o outro; OI pais preparam a matéria de


tal modo que DeUI infunde a alma correspondente a tal tipo de
matéria; para tal matiria viva, tal alm. espiritual; desta forma os
genitores condicionam o tipo de alma humana a ser infundida por
D...~
Tais consideraçiSes colocam o pensador diante de um dile·
ma :
Se se quer reduzir a pessoa humana a não ser mais do que o
produto de causas imanentes (genitoras. sociedade, evoluçlo... ),
jamais se poderá justificar a unicidade ou a singularidade do ho·
ml,mi a sua singularidade serj apenas a de parte de um todo e n3'o
se distinguir6 essem,ialmente da singularidade de tal ou tal animal
no conjunto da sua espécie. Se alguém opta por esta tese (6 a tese
de todos aqueles que nio admitem ser a pessoa humana dotada
de alma espiritual imateriaU, torna-se difCeil justificar 8 dignidade
própria e inconfundfvel de cada ser humano; ser6 necesúrlo. se-
gundo a boa l6gica, colOClr o conjunto acima do Individuo, suo
bordinar a pessoa .os interesses do grupo, do coletiVQ, do Estado.
da evoluçlo da espécie, etc., como faz qualquer regi me totallt6rio.
Ao contr6rio, se se aceita que o homem, dotado de dlmen·
do espiritual, nlo pode ser reduzido i mera potencialidade de ai·
guma causa material, seglIe-selogicament.I necessidade de admi·
tir uma int.rvençfo criadO,. de Deus na origem do sar humano.
Ora esta posiçlo 6 bem mal$ 100iça; com efeito, I pes:IOI humana
exerce fuAÇÕes que ultrapassam as capacidades da mmria, pois é
apta a formular definições, conceber noções abstratas, perceber
proporçOM, relações entre meiOs e finl - coisas que a matéria ou
o vivente Infr&-humano nlo .fetua. Por conseguinte, dentro do
soar humano deve haver um principio operativo ou princ(plo yital
que tra"nseenda a matéria ou que seja im.terial. esplrituaP . Se ,
Imaterial, nlo tem origem na mauri. em evoluçlo, mas possuI
origem prOpria ou por um ato criador da Deu5. Donde se vi que
d Izer que a alma humana' produzida pelos g.nltores equivale a
negar a nplritualidade e a especificidade da ","ma; redund!l

I t~diflci/ conc.bfr um Ar tnpiritv" ou sem INflri•• pois tlJdo


o qfJfJ IoemtV I ",.r.".,.
Torhvi•• II nz60 (Mim d. fI) nos I.w • cone/uir
qv. 'J(/Jt,m se",s ,...i#, não corpdreos, dotMios d. In'-'I,tinci. e IIOnt.:
t.t I ~ "1M
humMU. qw DeuI kz"." virific.,. mtltlri. do homtm1
134
DIREITOS E DIGNIDADE DO HOMEM 39

'tam~m em negar a dignidade singular do seI" humano. que preci-


samente deve a sua grandeza ao fato de que foi feito 11 imallem de
Deus ao receber do Criador uma alma espiritual .
Evidencia·se assim a importância da doutrina que ensina a
erlaçio direta da alma humana pOr Deus. I! ela que fundamenta
de maneira sólida e indestrut(vel a dIgnidade e os direitos naturais
de toda pessoa humana, independentemente d. estado soeial,
grau de instrução. sexo, nacionalidade . . . As ciências humanas
experimentais nlda tim a opor a ata doutrina, que escapa Aper·
cepção dos bi610g0t e geneticistll; pois fica fora da ~l'Ia mera·
mente experimentai; pode-se, porém, çhegar à conclusão da exis·
tincia da alma espiritual mediante raciocínio fundamentado so·
bra dados concretos ou experimen~als.
A guisa de fecho destas considerações, seja aqui citado um
texto rabínica, que, de maneira figurada e cheia de humol", apre-
senta dentro do homem o elemento transcendental, imperçepU-
'lei aos olhos da txperil:ncia:

'7rês coop,rlm n, formBÇio do homem: Deus, o pai e a


mlJs. O p~i di a ument, b,.nc" da qua/.!1o formldol OI O.!!os,
os tendc.s, .s unhas" o cérebro e' o branco do olha; , ~ di o
ve,.".,.lho, do qulf .. (ormam a pai', a carne e a sanguB,' e Deus
concede o 8sp(rita, • 61ma (o sopro), 8 beleza dos traços, li vista,
, Ndiçla, li palavra, 8 march., a comprnnslo e o jurzo, E,
quando vem a hor. de d~xar ISte mundo, Deus retoma aSUil par.
til ,deixa d/ant. do pai, da mie as pan.s que.!6o dttl,s" (b. NkJ·
da 31a.).

Este texto, 11 seu modo, ilustra uma verdade profundamente


filosófIca e cristã', sobre a qual se funda precisamente a inconfun-
d(vel dignidade de lodo hOmem.

IJS
Um documento de peso :

A Rosa-Cruz e a Religião

Em sintm: AoI fi.!. ~61Ico... d iz trfllÜentam.n" que • podem f~


li., • Mmicl Ord.m da Ro...cruz, pol. est.I nlo In.....,...m cran~ reli·
tIous e 16 pode b..micl... 0.1 1111.1 adlptot, 'ludando. e d ...,...,I.,., . . .
faculdadn rMntah. - Polt bem; um documento preciolO' autin11co, publi-

"mlluriot" da ardlm, .. vi coagido a renunclerl. tu.


cado a IIlIulr, ,...,.Ia como o innio roU<I\Iclano, ~poll de IniciMio not
CttnÇII rellgio...

• • •
Volta fraqüentemente • bail. a qU1S1" da identld~. da Mlnlc:. Oro
dem ROQ-Cruz. Os folhetos d. propa,lI'Ide dnte colWid,m 0$ 1.110res ,
p.rticiplIRm de melme sem qUI neeilm Inttrlertncie .m
giosa.
1lJ.
c:rença reli·

Orl}á.m PR temos expllnado 11 ori",n, e I doutrina d, Rost-Cruz.


que • leguir r.sumiremol, plr. depois _nu.. na temãtlce QU' é • perta no'll
d.sta enillO.

1. ORIGEM DA ROSA·CRUZ
A origtm d. Rou-Crut IIt' nurna tltórilpropalMteno*ulO XVI1 por
um tltÓlago lut.rlno '''mlo c:ham.:lo Johannes Ve'tntinAndr".1158S-16541.
Com .f.lto. Em 1610 1tI"ICIU na Alem*'M um merllncrhoinlhulMto
"Flml Fr".mit"l. Rosa Cruel.", de autor antlnlmo, qu ••m 16140 mandou
Imprimir na c:ldact. d. Cessei. Em 1815 Ull u • qu,nllldiçlo dISse livro,junta·
menta com outra otuo. do mesmo esc:ri10r ln6nlmo : " ConftsSlo Frat'rnitatls
Ros. Crucis td .ruditos Europ..... Em 1618, 'PareclU " Di, Chvmisc:he
Hoc:hzeit Ouistienl RosenkreuU''', einde do melmo lutor an6nimo.
Estes livros de modo giraI J)ropunMm • r,nança:, da IlIreje, do En, ·
do I di l(JÇildtdt mediante um IP\Jpo d. pessoas de .1001 Pln,ncent.s j
" Frltemidad, Rose-Cru;('. Esta, conforrM o lutor, I\wali. stdo fundadl
por Chr1sllan Rosenkreuu. que 1.ril dado o ..u próprio nome • Fretemld.·
d, (ROMnkreutl, .m .temla, significa Rosa-Crvz). A relpelto do fundldor
n.rrl'VI O lUtor anlInimo o seguinte:

136
A ROSA·CRUZ E A REUGIÃO 41

Ch,i,tiln Rosenkreutz teria nMCldo nl AI.m.,hlI em 1318. Fez os


seus primeiros ntudos num rnon.lro, ond'lPfInd.u o latim e o llrego. Aos
16 .nOl di! tdede, t.r' começado I vi.jar p.lo Oriente. pelo Egito, onde
trlVOU relaç/JeJ com 0$ maior.. sAbiol. magos d. 4peç•. D. volt. e wa t.rra
nltll, reuniu llllte companheiros parI foodar com ele, I Frlt.m/dlde Ro,,·
Cruz; os mlmbrotl d.nl procuraril m, rnl'dlln" viagens 10 Oriente, Imbuir·
SI dI Hbedorill dos antigos, que eles utfillm p.r. I sua .a. na Europ •. A
Soeiedlda IlIlm eonstituldl fie"i. sendo secretL
Chrinlan Rosenkreutz, conforme o nmador, flleuu.m 1484, com
106 ..ot; de idld. (longevo por C.UN do elixir d.long.vid., QUI . 1e desco,
brlra). Morr.u no foodo d. uml ÇIIvern., onde palllr. os ultimos IIIOS de
vidll. Transformld •• m Mpul!ur.. es~ d.vll p.rmaneetr igtlOrlCl. etl 1Ii04,
d.ta previna por ROMnklflutl. pera se manlt.st.r ao público. Foi In1'0 que
• F"ternld1d. começou li ser dlvulgld. m.dlante a dlfullo do escrito "FI'
ma Fraternitat"", QUI e irculou .mpl.mente de miO Im mio, com umeon·
vi.. PII'I QUlIS pel soas Iluminada IntrlUlm n. Frlttrnidedl.
Essas notld as • a . xort.çlo VMX' encontraram pt'ofund. ,.ssonlncia
n. soeiedede lurop6l. do slculo XVII , QUI muito .. in ....suv. por ..suntos
lwt4riCOS, mt;Jcol I mlneriosos, Multol alqulmis1as e " mflticol" puser.m-
l1li a procurar .Igum. IIIIM da Ros.a·Cruz par .. nela in9"... r. Tod..,ia nin o
gu4m encontr8\l' núcllo algum da melml. Em COtIlillqliincla, os admirado·
"I nWl h'btis tentaram organizar ..., meemOl, I I8gunda os . " ' " indi·
c.dos na cltldll obflSanOnlmll, Socilldldes secretas dit. "d41 Aosa-Cruz".
EnqUltlto o. acontecimentos assim .. prec1pitfWlm, Johannts Valen·
tio AndA" re.oIveu dltel .. ar que o autor dos .$(rilOl sobre a Rosa-<:tuz .ra
I II mesmo; I xpllcou ~ público que, dl su forma, tencionara ridicullrizar a
mlnia do maravilhoso I o .Iquiml$mo ocultisu, que cefac1arlllvam os ho·
mens da wu tempo. NIa 11M! dlram cridlto, ponlm, de modo Qut a Alema ·
nha e, dlPOls, a FranÇlIe viram receblrt.. por um. ond. de escritol rlle·
rantes • Ros,.cr...:, Em 1632 foi .fixado em Paris um Mitliflll0 QU' anun·
dev. a chegad. dos roncruc lanos, .... Iv.do,.. do mundo".
O bibliógrafo frands Gabrll l Nlud' (160().16531 IICtI\'IU COtI1ril a
Ros .. Cruz o livro " Inuruction • I. Franc. sur la "riU di "hinoi,. de I.
ROst·Croill"; m. nlo eon.guiu deter a proplgl(:lo IMstl.
Tio l'ipid.difu:sio dnHe.o cunho mu.vilhQ'lo dl5 prolnlSSlI apre.
saruadas peleis llentos rosacruclanos: a alquimia. a eaball, a cii ncla dO$ nu·
meros erlm tPlic:adas • dllCOblna do. Itllredos da na1U ..za. OI roUICrucla ·
nos Ispa-ravem conwllulr faculdldes IIItuaordin'rJas qUi os I..ntassem dn
nlleeiilidadts dOI homens em geral : n'o sentirilm fotN nlm ..de, n.m
Inlermidldt nem vllhice; reconheceriam o Intimo dos homeM - o QUI lhes
permitiria rec:us" & pessoas incliFaI I entrada nas SUIS Frl tamid';'s.
No Ik\Jlo XVIII dlu' lIII o aptll1lvo de " Aosa-Cruz" • to<Iot: os grupos
di " iluminldos" qUi afirmavam ter "Iaçtlts llllcretas eom o mundo Invill",l .
A próprl. Maçon.ri. adotou o tftulo d. "Cavaleiro Rosa·Cruz" PI" o ISC?
137
42 " PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/ 1986

grlU do Rito Escod t; I AntiVO. ~r. o 1 ~gr&U do Rito Adonhiramlt. I pira


o l~gr8U do Rito ModImoou Francil. 1$10. porém. nlo dgnlfica qUi ent,.
• M'çonaria,. Ro ...Cruz hljlllgum v/nculo jurldico.
P.sl/'nOS 'IJOrl 10 espeçto do tlml qlo&l nos inUlr'''.:

2. ROSACRUZ E CRENÇAS RELIGIOSAS


A doutrin l rOSKrud anl 1ll p.n~ rnl (- tudo 111. OI,lnd .... ineludve o
homIml; profeua I reencun6Çio I OUfras proposiç6H. qUi SÓ .os poucos
do.ndo rtVIlMies, $Ob sigilo, aos dlsclputos fi'is ; trlta-se. pois. da Soei.,
dlde 5eCrlta, etllos mls úirlos sIo cautl lOlamen1lt revalados I qu.m nlll l i
comprometi.
Como comprovlntl di Incompaclbllid.tl Ixlitlnte In1,. .. 1!Mlas I
Ithridldas di FlOa-Crul I 1 mensagem do CIItoliclsmo. publicamos abllxo o
110r d. tlml Dlell raçlo QUI. após certo orlO de iniclaçlo. o dite/pulo di
RoSl'Cruz' obrigldo a subscrl'llr, TratHe di um documento de 9:.0.5
mm, que nl plnl fronultrN OllqUinMldlze,.s:

LECTORIUM ROSICRUCIANUM

ESCOLA ESPIRITUAL DA ROSACRUZ AUREA


DEPARTAMENTO BRASILEIRO
Rua Heitor Peixoto, 68 - Aclimaçlo
Fone:. •.••• , , , . • ••... ,- Sio Paulo - Brail

Núcleo: . ", • •... • ••. .. •••....•. •. .. .. . • • • , . , ...•• ••

Aluno: . . . .. . .• . .. ••... • •• • •. .•.....• • • , • • • • . . , . . • ••

Residincia : .....• • • • •• , •.•. • •••.•••.•. • • • • • •• • .• • • • •

fone:, . . . . . . . . . .. , . . . .. . . ... .. Cidllde:

No .... rso apll'Ke 1 -vuinte dICllr8Çlo:

DECLARAÇAo

Declaro. de livra e espontlnel vontade, que nlo quero pedra


Ou qualquer ACerdote e nenhuma cerimônia religiou de emergtn-
cia ou pOItllrior. ficando estIsomenÍl a cargo d. flCoII &plri:

13'
A ROSA·CRUZ E A REUGIÃO 43

t ••1d. ROSICMlZ A..... LECTORIUM ROSICRUCIANUM. i


qu.1 pertenço.
Oec:laro .inda que NAO ACEITO E NEM PERMITO trln,·
pllntal de órglos ou partas do meu corpo .

.. .. .. ... .... .. .... .. ....... .. .. .


Local. datl

AuinatuRl

,
Como .. vi. I Row-crUl lulg.se III mesma IncomPlt fv.1 com I men ....
111m Crilt. e Ifatl e n.rgicllMntll do Crlltimismo lou de quJiquer outra
confisslo religiOl.' OI NUS lId.ptOl. p.r...r.l. mJsm.' Escol. d. espiritu.ll·
dJdJ comp'-tl, NIo h6. pois. como tMsitl!':o Criltio que se filiel Rou·Cruz:
lCI"r6. Cltdo ou tarde, por t.r que renunciar ~ ficrlstl; 11 nlo o Clui..r Ou"
preftrtr deixer • Row-Cruz, sofrer. dura repres6llas, que Intimidem os ro-
NlcrucllnOI dllCordlnr.s.
A .".rda d ....... mp ... IIr ditl quJAdO Inter.n. 10 bem comum . .; l
hu. d. ""un. que todo se, humano linceRl deve fller lUIS Opç&ll. ,.itlitJn·
do cod. I qualQulr ClmufllGlm. I

Entvio BItt.nCClllrt 0 .s.8.

* * •

I NIo public~ o fac-slmil. do ' ' '1'0


do que dl6pOf1KH, por motivos
tkniCM: ' ,.pmdUCSo gnficanlo s.ri, CI/MZ tH /". dI" tJ.vld, n /·
tfdtJr.

139
44 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

livros em estante
EscltOlOGia Cri.t', por joio B. Liblnio I Mari. Cllr. L Bingemer. Co·
leçlo "teologia a UblruçJg", IIIri. 111 IA L.ibenaçlo na Histórial, tomo X.
Ed. Vozes, Petrópolis 1985, 210x 120 mm, 302 pp.

Eis um dOI prim.iros .xempiarll d. um Manu,' d. Teologll redi;ido


.m chll/' de "Uben.çlo", d.vtndo compreender um totel d. clnqü.nta vo·
lumel. Conta com I ,PfQl/léJo prévia de mais de eento li \/1r'l1I bispoI nlo só
do Brasil, mas tambl!m d. OUUIS panes di Am4riCi como IImbém di Euro·
PI. Tlis prelados qui$4lrem flVOl'lctr I int.nçlo fundam.nul dOlide.liudo·
rn da obra, sem QUI Intencion _m lou mesmo pudessem) Iubsc:rl'ltr I
qu.nto diria c.,d. colaboraclor dos I'IsptCtNOS volume,.
O Conltlho Editorial' encabeçado por Laonlf'do Boff, posto 11 fr.nte
d, mai! onle nomK, totrtl OI quais Oscar Beouo (BrlliO, 11/0011 Gabua
IBrasll), Jon Sobnno lEI Selll.:lorl, GUl1lVO Gutl"rez CPtrul, JUln Luis SI·
iU"00 IUrugUlII •..
O lillro em pauta tr.a da Escatologia; ser. objlto de mli. Imple COf'1'
sidtritÇlo Im nona rel/lna. Somlnu o último caprtulo Ipp. 24&.2891 se deve
• Srl. Maril CI.r., fic.ndo o resto da obrl por cont. do ~, Liblinio. - Por
ora auinllaremos o enfoque dominante do livro: o Pt. Liblnlo nblamenhl
alirma que a teologia parta da fi;' um clh., par. tris ou Plr. o qu* nOt ftJi
ulfnmitido; mas, diz, li teoloijia deve responder ls pergl.D'ltn QUI. '111m
em cada 'peca dentro do horizonte cultlJ/'aI I locial flspectivoj Lib'nio,.·
conhece qUI o olhar pari o dlp61ilO di f •• primeiro I declllI/D pari a teolo·
gielcf. pp. 74-76}. NI bl.. di tlh premi,,_, Iscmem ambOI OI autOrel o
IfIU livro. Acontece, porém, que o Iflgu'Ido ~o - o d. pergunt., la~
dai por cade 'peca - p'r*W prlvaleolr naobu ; co..., efeito, • maior plfte do
livro trlude hlst6rladas crenç_popullresl "burguesas" refelWflln lOS acon·
tecimentos finai. do mundo; I probllm'UCI social li Inllstentemenll d,"rl·
ti' colorida; o pensamento mod.mo' nlo raro Ilustrado por poesllS I ..·
t,,, di mÚ$icas de n05SOS dias; por 1110 Chico Buarque', nl mllma p6glna,
jUltaposto a Jesus Crisco ou a textos blblicol (cf. pp. 13&. 286). Fref1ta •
'lJ'Iuslol. IxprHSlo di poeta a cantora. (desPrflparldol em 1'11... 1 tio lógico)
a menslGtm d. fi é Ip,.sentadade manei ra que só pode .r empob*ld. ou
qUlSe corno ligo de ,.Ialivo. ' ''/IIMI. O livro nlo mostra a dCHrtrina de H
Im li ou como 181, l irnplHn1e"ta • parti, d as sua fontes pr6pri.. t. S. EI-
critura, a Trtdiçio, o m~ltirio da Igrej.) pari depois avidenciar como tal
menlllglm r.sponde aos Ulllios dos hem."s ou reperçutiu nu suceuiv. (111'
1Iç:6a1 di históril. Mas inverti' ordem da e)(pos~, com detrimenlo di li,·
t.m6ticl teológica e com loope IpresentlÇlo de baglglm '-tIIrogf".e (ver,

14.
LIVROS EM ESTANTE 4'
10$ • VlROS de CItIQ/lH Ui"nw.ltsc:as • poesias pouco condiz.n!" com o as-
suntol.
L'm.nt. mol qUi as decislJIs do mtglst6rio d. Igrei' nlo seln dIVida-
m.nll va/oriud •• no decorrer do livro; "Plel.lrnente I d.llnlçlo do Pap.
Banto XII (l33Bllobre • lona póstum. dOI cristles•• nt.rlormenl* li ressur'
r.içlc dos corpos. 80 julzo tinll, li tr.rtdlcom 01"0 rel.ti"h mc k pp. 63
• 180. A Dtcl. r.çlo d. Sagrad. CongtloaçJo p. r•• Doutrin. d. FI (1979),
com .UI Inllnl mentos ref.reflflll·1O rntlmo assunto, 6 jusupostl li teoria
d. ressumlçlo n. hOt. d. mon. como SI Slult.n. de dLUI ttorias equi..,•.
Sentes mtr"l! si Ipp, 202s1 - o qUI li .Jtrt:nho (par. nfodiUlr ~ ., ,rr6neol. O
PII. Libinio pref8,. • teoria Que Identifica corpo e .Im. entr.li, .fasundo·
SI .nim do m.;lsririo d. Igrej • .
Em MJm •• o Ii"ro•• mbor. rico em noQ5,. ••leriIO d. man.ir•• rudita,
d.ht. I d'MJ., do ponto de "il~ doutrin6rlo; I mens.gem da fi mereceria
.bofdagem m. h clll"' ou mal l consen tln.. com OI doutrina ofleiOlI dalgrlj.
I. quem JtIU$ Crino gu." iu .lil1lncl• • speci,1 p.... transmitir o dlpbsito
d. fI; cf. Jo 14, 18: 16,13-15: Mt 16,1F; 19; Lc 22,311; Jo 21 ,1 5-17) ,

Antropo!otil Cristl, por Jo1ll CombUn. Coleçlo "Teologil I Libert.·


çIo", séril 111 IA lIblrtaç:lo n. I-IlIt6,1 . ), 10mo t. - Ed. Vons. Petrópolil,
1&85,210 x 140 mm, 272 pp.
. Ehi mlil um volum. do MmuII de T. ologill orientado Slvundo os prin·
elpiOld.. UbtruçlocolM a~ntendem Uon..do Boff, Oscar Beouo, Guste·
'tO Gutiêrret. . •
O conotito d. homem .pres.ntldo por JosI Comblin li monirta em
oposiçlo lO du.lilmo; o Que Quer dizer: nlo .dmit• • d iltif'Ç1o re ..1 entre
corpo e 11m., poli .stt nlo .ria blbl/ca, med.ri..,".... ·i. d. filosofi. ori,"·
t.lespiritu.i (cf. pp. 76-821. O IUtor julga que de5Ge OI primelroufcul05 o
penilmentc blblico foi $ubstituldo pelo d. filosofia 9r191: aomentc S .
Tomú di AQuino tlri. 'IC~ leiA armadilha, m~ com incoeri ncias! A
propóllto duta tOM centrll do livro observamol:
1) O pen,-nto blblico nlo ped• • renquadrado dentrod. um. ün i·
c. t5COl. filosófica ;".Ia '" categOrias Mmitt1 . tlmbim h4 as gregas Icf. Sb
1-5; Mt 10,28; lTI 6,23); .
21 O dUlllt:n'IO loposit;io Cr'Ilológica IInlre corpo e .lm.1 nlo & cristlo.
Par. eviUolo, porém, nlo • preci50 profess. o monilmo lid.ntid.ade di cor·
po e Ilm,' ; tYi • dlllUdade (dlflrmças qUi nia se op&m, ...... se comple·
mlnllm, como «orre .ntre o hotntm •• mulher);
31 I filosofia gll9l1 prof.ssou nlo SÓ o dualismo pl.t6nico. mas um·
tMm • dualldlde arlstotflica;
-4) a S. Igreil, por seu magisürio, 11m ip,,"nt.do I , ..1dislinçlo In'
trtcorpo e 11m. lo homem nlo' .penlS m.4ri. aperf.lçoad" . T.nh ... em

141
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

..,ista, .ntl'l outras, I J'eOInll o.cl.raçIG da S. Congragaçlo pari a DoLrtrlna


da Fê, detida di 1979, que JosI Comblin nlm seQulr cit. am NU volume
111. .
A e)(planlÇio di CombllnnlG raroglneraliu e limplif.c.indevidamen·
ti ; Ifirma _m adulir documenteçJo comprovante. O pensa"lIlf1to di S. To·
mb foi nlddammll aprl.. nt.to no Congresso relllzado Im Roma no mh
de 1.,,110 pp. sobre a Antropologia d, S. Tomá. Tal CI"ltrMI contou com
um dlset.lrio do S. Padre Joio Plulo 11. que " ..firmou I diltinçio ,..llntre
corpo. 11m.; cf. "L'OsNrvltOl'I Romena", Id. portUguesldt 12101/1988.
p. S.
o. resIO. til doutrina nlD Implica negliglncia pelo corpo hummo I
11.111 citandas. Se houve dlscuido nlUI lltor por parta di m{stlcol crirtlDI,
nlo _jl tida como conseqÜ'ncla nec:essúla d. c:oncapçJo oflÇial da Ipi"
~ dI estranhar quI I obra d I Comblin _jl tio pcuc:o volUda para I
doutrina da IlIl'Ija como tal. p referi ndo leguir correntas laterll$ do pensa-
mento tto!ógico.

R"ncontro com OIUS no Esplrlto, por FI'. Battistinl. - Ediçlo pr6.


prll. Ptdldos , Clin ponll 93630. CEP 25900 MIo' IRJI. 116 III 166 mm,
127 pp.

frei 8attinini ti! um c.rmllita que se tem dedicado Irdoroslmlrn. á


InJtruçio "Iigiosa dos fi.is cat611cos, ciente d. imen.. MC8t1ldade d.
11 fonalecer I " daquele. QUI. b~illdOl nl Igreja, nunca rec.barlm sólldl
fonnw;:1o cristl. O Ihulo "R..nc:antro ..." Ilgnifica que o livro M denlnll
quem jj fIZ • Prlmlir. Comunhlo. ~ um complndlo da doutrinl católlc:a
bem Ndigido I prAtico. apto a Ijudlr OI IIltal'lt I _estruturar n. fé. A obrl
• ..,allOSL - Os demeillivfO$ d. Fr. 8aniltini 110 todol de clteq-..; ap,.·
wntam DI artígos da fi! ou asplCtOl d i melml. FWdidos ao Inderwço acima
Indiado.

A. Ch".. do InconKi.nte, por Rln.te .Iosl dI Mor." - Uvrarla


AGIR Editor.. Cai)(1 Ponll 3291. CEP 20001 Rio de Janeiro IRJ), 210·
140 mm. 348 pop.

A Ora. Rln811 Jost dI Moras' po6s1lrKluldlem Pslcologi •• colabo·


rou na impollntaçiO d. Cllnleu j)Sleouomtticu Im drios Elt8do1 do Brllil.
tr.lnando • wpervilionando equipei ttrepiutius. NI Europa .m 1981,

r--- ..-- - - - 142


UVROS EM ESTANTE 47

1983 e 84 ampliou MUI eonl\teilMntos $Obre Logoteupi., cant.:t.,do


Vlktor Fr.nkl e entrevistlndo'lI com EUsabtth Lukas . B.ls..d. nOI.nfo·
quel .ntropológico$ dllus .,tor81, criou. TlP (TerlPia di Integraçlo I'Is·
soall.
Foi COndecorid. por 5.5 . o P~. PlUlo VI com • mldllh. de ouro,
com • dlsi;n.çlo d. singular .,."feltor. d. C'UH crln• .
Ert6 convicta d. importAnci. do Inc:onscllnte unto no surto como n,
cur. d. molútill: Inas 110 Qtr.lrnentt lJIiCOSlOrNtias. Or. o Inconscient.
101re muit. vezes dIIslnllgreçlo provoc.ct. pel. ignorineil do IIntldo d" vi·
d •. ESI. podl ser descoberto mesmo .m oondiçOes desfavormls, pois "o IIr
humano nlo' ~ • relUlt'nte psicofislológica dos MUS ... tec.dentlS ou
dt condicion.mentOl .mb!.ntais, mas pouuI um. dimtnslo ptllOal. livre ,
pe",11I, ~dvel, dife,.ncl.:lll d'Aas Influtncin e Cipll dt sobrepu!"
I."(p. 88). No livro.m p.ut•••utou ptOp8t o qUI! IIj. o Inconi,,:lente em
IIIilS dlverscH aspectOl (P.ne la 11), o Tratlmlnto sobre o Incansei,n1' (Pa,·
te 111 ) I. Tlr.pi. de IntlllrlÇla PessOlI (Plrt. IV).

Quem )I f i p'sin.. da obrl, nriflc. que, .trma di ,"plll1aç(1es eiln·


tfficlS e taicas, , Altar. IIV. I tnlnMgtm crist' IOS.UI Itltores I ptcian·
tfl - o QlIt nem wmpre ocorre nos livro. di III irei.

Ftltl um DlfenlOf pari o Padrl CICIt"" pelo PI. Antonio FeitJ)$I. -


Ed. Loyol .. SJo Paulo 11183, 140)1( 210 mm, 310 pp.

o Pt. Feito" estudou longlmente OI fltOIi nltciontclol com o Pe. CI-


c.ro, o "P.tri.rca'· d. Juazllro do Nort • . NIst. seu livro, nio pa-ofere um.
pal.... r. contr. o h. Clcaro, m. pl'OClJr' monr.r que a tln.b.mo do povo,
.lImtntKIo PIOr interesse. d. Imprenq. de outro. 6rg1o.,ttribuiu ... nl.1-
cerda" 'iulto Ixtl'1Of'dinirio I noci\fO lanto • imagtm do J».. C~ro como
lOS rt41is dG Nordeste. A .t;umentaçlo "b".il em dGCUI'MntOlõ intertSSll1·
teso Muitü peuG. ou.vem f.l,r do Pe. CIClro, m.. nao conheoem lUa hiltÓ-
ri.; 1111 livro lhes poder6 Pf"tar serviço.

A coltçio CONVERSANDO SOBRE ... d. Editore Senwirlodntine·


$I e peuo. que precium d, informlÇ&r$ cl". I .sumiri. I ,.speitG d. te-
mlS como Eductçlo Sexu.l. RIIl'lClmaçlo, Mort! , Bfbll., Vidl ... Trate_
d. faciculot de 40. 120 p'ain., de ICOrdo com a densidade dG tlmllbo,-
dedo ~140 11 210 mm.). EndtreQO: Ru. Pe. CllfO Monteiro, 342, CEP 12670
Apnclda I$PI.

E.B.

143
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 286/1986

NOTA: PAULO BOTAS

A mista VEJA, de 22101188, publicou 11 p. 90 um artigo dito di Fr.i


Paulo Bota intitulldo " A IgreJ' umbllm tem pecados", Esta p~in. provo'
çou esptnto pela ""mlneia de seUl pronunciamentos. Em con.. qüinci. , o
Arcebispo de Curitiba (cid.de onda ruide o articulista). D. Pedro Ftd;1lto,
emitiu lle1Iuint. Nota:

" Frei Paulo nlo tem nenhum vinculo jurfdico com I Arqui·
e
diOC4l$l de Curitiba. irmio religioso, sem a ordenaçlosacwdo-
tal, ....contr••• no momento. desligado d. Ordem I que per·
tance" (ttxtreldo de NotIcias, Boletim semanal da CNBB, de
30/01/861.
Dond. se \I' Que os pronunciamentos do articulista t!m v.lor 'Rrlta-
mente poucal - O que nfc) os lsent. de: ser Injuriosos e f.lsoL- A respeito
de c::elib.to nOUmos:
O principio inspirador di vida uni e Indivih (como diz Sfo Paulol
Ht6 nOl escrltOI mIIlmOl do Novo Testamento: o ApOstolo, em lCor 7,
25·35, observa qUI o tempo M fu breve, porque nele entr.ram valom eter·
nos ou as Mmentesdo R.inod. Daul:.m conseqüinci., o cristlo tandl ...
conctntnr, tintO qUinto pcu rvel, nOl bens definitivos. qUI .nchem OI nos-
SO! dill; d.r • f'IÇO",endaçlo de um. certa sobriedade em re1eçlo aos b.ns
temporais; mesmo OI que Deus chlm' lO matrimônio do convidados a
olhar uheriormel\1' pua os btns definitivos (v.r Ef 5, 22·32). Nas,. con·
texto o Ap6stolo prop&. o üal d. vida un., isenu dos compromissos d.
famAil , pari qUi possa hav.r meis disponibiltdadt par. o Senkor, OI inte·
1'1'"" do MU Aeino. A. partir deu" conceitos, Imitidos pcw SIo Peulo.m
58, começou. prtticI di vidl una (celibltArial tanto .ntre OI homens como
entre II mulher.. n. Ignj" ~ "111.1(.1 qu. OI SlCtrdotll se .ntisstm direta·
mtn" int.rptladOl por 1tis concepç6es, de modo qUi ao. poucol o cellba·
to foi Mndo .spon1....menUl abraç&do pelo daro . O Concilio regiontl de
Elvira (Espanha), no corNIça do séculó IV, apenas fel SII'Icionat a prftlc,
já vilJll1ll, Os Concnlos wbs.eqúentas • corroboraram. asl.nd.ram fin.I-
mente. tod. a 'IIrej., Cino decorre claramente que a pritlc. do <:Ilibato Mo
<:Irdetll • insplradl por radl....lri1amt:nta teológicas e nada 11m qu. 'tIr
<:om intert"" .con6micoI. A rigor, pod.ri. haver c"rigos cllldo. lcomo
OI h' no Ori.nte católico). mas • da crer qUI. apesar d. Incllmfnel. d, not-
SOl tempos. O celibato continua sendo fator d. liberded. • dilponlbllldldt
p.ara nossos clérigos:. al'm de ur um Ilnal vivo d, QUI o R.ino d. Deus)6 co·
meçou n. t.nl. v.le • pena dedicar-SI inleinnTllntl f.O teU $IrviÇ)O.

144
À ESPECIAL ATENÇÃO DOS NOSSOS ASSINANTES

Novamente lamentamos o extravio do pagamento de vários


do:s nossos Assinantes ni CClrrespondêncja endereçada à nossa Caixa
Postal 2666 no Rio. A imporUncia é retirada da Caixa e depositada
pelo infrator em outras Agências bandlrias da Praça. Solicitamos sua
atenção pera a oblervJncia da norma indicada na pág. 2 da capa, sob
o Utulo "Assinatura para 1986": ou o Banco do Brasil ou o Vale:
Postal registrado.

P..... CurtOS de Teologil:

RIQUEZAS DA MENSAGEM CRISTÃ C~ed . 1. por Dom Cirilo Folch Gomes


O.S.B. (f,lecido • 2/121831. Teólogo conceituado, aulor de um tr8tado
completo de Teologi. Ootm"-ic.. comentlndo o Credo do Povo de Deus.
promulgado pelo Papl P,ulo VI. Um ,lent,do volume d. 700 p. , best·
1.llu de nos.... Ediç&s. cuja l00UçJo eq»a'lhola estA sendo pnJmlda
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o MISTf:RIO DO DeUS VIVO. P. Patfao" O.P. o autor foi e-x~minldorde D.


Cirilo pari li conqulSt. d. I6U1U de Doutor em Teologi. no Innituto
PontU leio Santo Tom. de Aquino em Roma. Plra Profess«e,. Aluno.
de Teologia.' um Trlt:ldo de " Deus Uno e .Trino··. de ori...taçio tomiJt~
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cussfo no plano teológico perdeu muito de SUl razi'o de ser, pois nlo raro
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(cap. 1. O c1t6l0g0 blbliço. 2. Somente a Escritura? 3. Somente I fli .
NJo as obras? 4. O Primado d, Pedro. 5. EueariJtil : Sacrif{cio I Sacra·
mento. 6. A confillio dOI pecados. 7 . O purgatório. 8. As; indl.llgincias .
9. Ml ril, Vlrltlm I Mie. 10. Jesus teve hmJos7 11 . O culto OOS Santos .
12. As Im~1 sagradas. 13 . Alterando o Oedlogo7 14. SAbido ou Do-
minIJ) 1 1fi. 566 (Ap 13. 181.

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