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Tempo: 1:16:24min.
Henrique da Silva: Sim. Eu lembro que nesse ano tinha, além da xicara,
uma chaleira muito grande, que eu mesmo montei, foi uma loucura.
Alex Dave: Sim, parecia um carro alegórico. Uma chaleira bem grande.
Henrique da Silva: Bem, não foi bem assim. Antes desse carnaval, o
marido da Betina havia nos dito que tínhamos modificado a cara do
Carnaval londrino. Depois desse ai do chá ele disse “Agora tudo mudou,
eles odeiam vocês por isso”. Foi um dia de muita chuva, o pessoal estava
eufórico para ver a Paraíso, e quando a gente passou todo mundo tinha ido
embora.
Henrique da Silva: Bom, agente entre por volta de 12h, que é nosso
horário.
Alex Dave: Pois é, é difícil para eles ter que dar o título para a Paraíso
todo ano. Eu acho nosso trabalho impecável, nossa organização temática,
nossas abordagens realmente impressionam. Nenhum grupo faz isso.
Fabiana: E ai você observa, como que é isso? Porque tem que ter uma
engenharia para tudo isso. Como funciona?
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Alex Dave: Diferente do Brasil, aqui existe uma estrutura para as escolas.
Para começar o desfile aqui dura em média de 3 a 4 horas, no Brasil, salvo
engano é de 1:30, no máximo. Então, existe toda uma preocupação com a
alimentação, com o bem estar, tem água, barras de cereais. Tem os
ajudantes que forma um apoio, toda essa equipe preza pela segurança de
todos.
Henrique da Silva: Mas isso tem que ser prioridade. Porque as pessoas, as
400 pessoas que fazem esse carnaval acontecer tem estar bem, tem que
começar e terminar em segurança total. Eu sou responsável por essa
segurança. Funciona como espécie de sindicato de artistas, caso ocorra
algum incidente essas pessoas estarão asseguradas.
Alex Dave: Uma coisa importante que eu gostaria de frisar é que tudo isso
só funciona e funciona bem porque existe um trabalho de equipe muito
bom coeso. O Henrique é uma máquina de pensar, sempre atento com
enredo, fantasia, segurança, com tudo. Então tem que ter uma equipe muito
sincronizada e dinâmica para dar conta de todo esse processo. Cada um tem
uma responsabilidade, tudo está divido em setores, tudo organizado em
reuniões. As pessoas que fazem parte da Paraíso são médicos, advogados,
então existe uma relação de organização e uma noção de trabalho equipe
que são fundamentais para escola realizar suas atividades carnavalescas.
Henrique da Silva: Sim, nós amamos o Brasil. Nosso coração bate do lado
certo do peito. Nós buscamos levar o melhor de nossa cultura, o samba, o
calor, todo nosso ritmo para o mundo. Então ter esses contatos
internacionais é realmente muito alucinante. Trazer todo esse ritmo, do
Rio, de Maricá para eles é fazer com eles conheçam o Brasil de outra
forma.
Henrique da Silva: Bom, o projeto Phoenix foi criado pelo mestre Esteves
(Esteves da Silva). O que acontecia na época era que os carnavalescos da
London School aprendia o samba com o mestre Esteves e quando ele
voltava para o Brasil eles acabavam se desviando um pouco, buscando
referenciais do Olodum da Bahia, muita influência Africana. A gente
queria que eles compreendessem que o samba não é puramente africano, é
um ritmo autêntico do Brasil e que tem muitas influências de suas batidas
das religiões afro-brasileiras.
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Fabiana: Então esse projeto queria ressaltar a importância do samba nos
ritmos carnavalescos brasileiros?
Fabiana: Então eram verdadeiras aulas de samba. E tudo isso era realizado
numa igreja?
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carnaval também, pois era uma prática festiva ligada as festividades cristãs,
como a Páscoa.
Fabiana: Sim...
Alex Dave: Hoje existe uma imensa diferença entre a London e a Paraíso,
isso é notável. As diferenças entre uma mentalidade inglesa e brasileira são
muito grandes. O Brasileiro tem um talento carnavalesco que foge do
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padrão de qualquer sociedade, então até mesmo na combinação de cores. A
Paraíso é vermelho e branca, mas no desfile o que se observa de fato é que
existe algo muito colorido, vivo. A London, que tem suas cores verde e
branca não, se você observar o desfile ele será verde e branco do começo
ao fim, é algo muito frio. Quando eu penso na London eu penso numa
espécie de quadradinho e quando eu penso na Paraíso em num espiral
dinâmico e sempre em movimento. Então, acredito que esse talento
carnavalesco traz uma diferença fundamental.
Henrique da Silva: Eles ainda mantem uma tradição inglesa, ainda não se
abriram para o espirito de uma escola de samba. Eles ficam tocando ainda
grandes sucessos da Bahia, como Ivete Sangalo, mas isso não é o objetivo
de uma escola de samba. Eles têm como referência o carnaval baiano, essa
coisa do trio elétrico. Mas é muito diferente de uma escola de samba.
Fabiana: Nossa isso deve ter sido terrível para eles. (risos).
Henrique da Silva: Sim, nós somos uma família unida pelo samba. Nós
nos preocupamos em fazer as coisas acontecerem de maneira correta, não
queremos crescer em cima de ninguém.
Fabiana: Isso é importante para o futuro da escola. Quer dizer, que vai
herdar todo esse projeto concebido por vocês. Realmente vocês
construíram uma estrutura e isso deve ser preservado pelas próximas
gerações.