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CONTABILIDADE

GERENCIAL

Professor Me. Silvio César de Castro

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Direção Pedagógica
Kátia Coelho
Coordenação de Pós-Graduação,
Extensão e Produção de Materiais
Renato Dutra
Supervisão do Núcleo de Produção de
Materiais
Nalva Aparecida da Rosa Moura
Design Educacional
Nádila de Almeida Toledo
Camila Zaguini Silva
Fernando Henrique Mendes
Rossana Costa Giani
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Editoração
André Morais de Freitas
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Humberto Garcia da Silva
Distância:
Contabilidade Gerencial. Silvio César de Castro.
Revisão Textual
Maringá - PR, 2014. Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria
172 p. Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara
“Graduação - EaD”. Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana
Inácio
1. Contabilidade 2. Gerencial. EaD. I. Título. Ilustração
Robson Yuiti Saito
CDD - 22 ed. 657
CIP - NBR 12899 - AACR/2

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um
grande desafio para todos os cidadãos. A busca
por tecnologia, informação, conhecimento de
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar –
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a
educação de qualidade nas diferentes áreas do
conhecimento, formando profissionais cidadãos
que contribuam para o desenvolvimento de uma
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais
e sociais; a realização de uma prática acadêmica
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização
do conhecimento acadêmico com a articulação e
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela
qualidade e compromisso do corpo docente;
aquisição de competências institucionais para
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade
da oferta dos ensinos presencial e a distância;
bem-estar e satisfação da comunidade interna;
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de
cooperação e parceria com o mundo do trabalho,
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo
competências e habilidades, e aplicando conceitos
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de
professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTORES

Professor Me. Silvio César de Castro


Possui graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de
Maringá (1998), pós-graduação em MBA-Finanças pela Unicesumar -
Centro Universitário Cesumar (2000) e mestrado em Administração com
concentração em Gestão de Negócios pela Universidade Estadual de Maringá
(2006).
APRESENTAÇÃO

CONTABILIDADE GERENCIAL

Seja bem-vindo(a)!
Olá, prezado(a) acadêmico(a)! Seja bem-vindo(a) ao livro de Contabilidade Gerencial.
Pelo fato deste livro ter sido organizado especialmente para o seu estudo, procuro aqui
mostrar qual é a melhor maneira para estudá-lo, e desta forma lhe proporcionar maior
aproveitamento.
Eu sou o professor Me. Silvio César de Castro, trabalho junto à Unicesumar no ensino da
contabilidade há mais de dez anos e fiquei imensamente feliz em poder construir este
material para nossos alunos. Essa satisfação se dá tendo em vista que com isso tive a
liberdade de incorporar todos os aspectos que acredito serem importantes aos nossos
acadêmicos em relação ao ensino da contabilidade.
Agora faço um breve relato, para facilitar o entendimento da obra por você, acadêmi-
co(a) leitor(a).
Na unidade I, chamada Da Contabilidade: Aspectos Introdutórios e Patrimônio Contábil,
procurei introduzir os aspectos básicos e conceituais da contabilidade geral, focando
sua função principal, que é evidenciar a informação necessária para a tomada de deci-
são, ou seja, para a gestão do negócio. Por isso, iniciei o assunto com o tópico Contabili-
dade e seu posicionamento científico, demonstrando que a contabilidade é uma ciência
social com objeto de estudo e objetivos próprios, assim como mencionamos o seu cam-
po de atuação. Trabalhamos também nas questões com os princípios contábeis, dando
foco ao regime da competência. Foram tratados também os aspectos relacionados aos
atributos da informação contábil, que podem inclusive ser ampliados a qualquer tipo de
informação utilizada para a tomada de decisão. Ou seja, a Informação Contábil, elencan-
do os usuários e os principais atributos da informação contábil.
Em relação ao Patrimônio Contábil, inserimos subsídios relacionados ao objeto de estu-
do da contabilidade, o patrimônio. Dessa forma, iniciamos primeiramente com a defini-
ção e conceitos do Patrimônio Contábil, que se refere ao patrimônio da própria empresa
dividido em bens, direitos e obrigações. Junto a isso, será discorrido de forma introdutó-
ria aquilo que será foco da próxima unidade, ou seja, o Balanço Patrimonial.
Portanto, nosso propósito nessa unidade é que você compreenda as bases da contabili-
dade e a sua função de apoio à gestão.
Na unidade II, denominada de Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado do
Exercício, serão apresentados os dois principais relatórios da contabilidade. Primeira-
mente, explicarei de forma detalhada, porém simples e bem ilustrada, como é constitu-
ído o balanço patrimonial de uma entidade por meio de seus respectivos grupos: Ativo
e Passivo. Os prazos de classificação e sua estrutura de apresentação e também apro-
fundaremos nos subgrupos que compõem os grupos do Ativo e do Passivo, focando na
liquidez e nos prazos.
Será apresentado um importante aspecto, o das origens e aplicações de recursos, de-
monstrando de onde vêm e onde são utilizados os recursos das entidades, os quais são
a base e princípio do Balanço Patrimonial. Utilizamos também a metodologia de ba-
APRESENTAÇÃO

lanços sucessivos com o propósito de evidenciar a você como se forma o balanço


patrimonial de uma empresa e sua variação após qualquer evento ou fato ocorrido
na empresa.
Em relação ao Demonstrativo de Resultado do Exercício, poderemos verificar que
a finalidade principal é demonstrar o lucro ou prejuízo que a empresa auferiu em
um determinado período. Neste ponto, falamos também sobre Receitas, Despesas,
Custos e Impostos e a consequente formação do resultado da empresa.
O propósito da apuração do resultado está ligado à eficiência econômica da empre-
sa, por isso, esta demonstração não tem finalidade financeira, ou seja, compor um
fluxo de caixa, das entradas e saídas de dinheiro no período.
Desta forma, essa unidade tem o objetivo de fazer com que você compreenda a
importância, a estrutura e os itens que compõem esses dois importantes relatórios
oferecidos pela contabilidade.
Na unidade III, chamada de Ativo Permanente: Imobilizado, nos aprofundaremos
em um dos grupos do Ativo do Balanço Patrimonial, que contém os bens que têm
a finalidade de gerar receitas futuras. É o grupo que compõe os bens físicos da em-
presa: imóveis, veículos, equipamentos, maquinários, benfeitorias, ou seja, a infraes-
trutura da entidade.
A finalidade deste aprofundamento é entendermos um pouco dos ajustes que a
contabilidade faz ao patrimônio, especificamente, as perdas de valor decorridas por
uso, obsolescência ou ação da natureza.
Discorremos sobre os conceitos da Amortização em geral, os cálculos para chegar
a estes valores e os percentuais definidos na legislação fiscal sobre os limites para
estas reduções, que têm como contrapartida reduzir o resultado, ou seja, são custos
ou despesas.
Citamos exemplos para a depreciação, exaustão e amortização, e seus respectivos
cálculos.
Atrelado a isto, também investimos um espaço para falar sobre o controle de bens,
que são formulários destinados a descrever a “vida” destes, desde sua aquisição,
amortização e venda, se for o caso.
Na unidade IV, Contabilidade de Custos: Controles Gerenciais, é tratado de um as-
sunto importantíssimo para a Contabilidade Gerencial, devido à sua respectiva im-
portância para a gestão de um negócio, que é a conhecimento dos elementos que
compõem o custo de produtos e serviços.
A grande importância deste assunto está no fato de que custos estão diretamente
relacionados a gastos na produção, que por sua vez, influenciam a apuração da mar-
gem bruta do produto.
Abordamos nessa unidade itens como terminologias, classificação e os elementos/
8-9

APRESENTAÇÃO

insumos que são considerados custos.


A unidade V apresenta um tema muito discutido na gestão de custos das empresas,
pois a maior dificuldade quando se fala em acumular custos a um produto é o rateio
dos custos indiretos, ou seja, aqueles que não têm uma relação diretamente pro-
porcional à produção. Aí entram os critérios de rateio. Veremos instrumentos que
auxiliarão na tomada de decisão no que se refere à produção e ao produto. Conhe-
ceremos, também, a formação da margem de contribuição, isto é, o quanto cada
produto contribui para que a empresa possa arcar com os seus gastos fixos.
Na sequência, entenderemos como encontramos o ponto de equilíbrio. Você já pa-
rou para pensar em qual fase de um mês, ou em qual mês (no caso especifico da
agricultura e pecuária) o empresário sabe que sua empresa tem condições de pagar
seus gastos fixos, e daí o que vier é lucro?
Vamos conhecer também os pontos de equilíbrio contábil, financeiro e econômico,
que têm o mesmo princípio, mas peculiaridades distintas.
Bom, é isso, caro(a) acadêmico(a)! Esperamos que esta iniciação ao conhecimento
da contabilidade seja de grande valia para sua vida profissional.
Qualquer dúvida, estarei à disposição juntamente com nossa equipe.
10 - 11

SUMÁRIO

UNIDADE I

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

17 Introdução

18 Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade

28 Usuários da Informação Contábil

30 Atributos da Informação Contábil

33 Patrimônio Contábil

37 Considerações Finais

UNIDADE II

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO


EXERCÍCIO

47 Introdução

48 Balanço Patrimonial

49 Ativo

49 Passivo

49 Patrimônio Líquido

51 PL=Ativo-Passivo Exigível 

52 Prazos no Balanço Patrimonial

54 Origens E Aplicações

56 Balanço Patrimonial: Grupo de Contas

56 Estrutura Patrimonial

57 Ativo
SUMÁRIO

58 Ativo Circulante

59 Ativo não Circulante

61 Passivo

63 Contas Dedutivas, Redutoras ou Retificadoras

66 Balanços Sucessivos

68 Apresentação da Metodologia

70 Introdução

71 Demonstrativo de Resultado do Exercício

71 Custos

72 Despesas

76 Forma de Preparação do DRE

80 Comentários Sobre os Itens que Compõem a DRE

88 Considerações Finais

UNIDADE III

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO

101 Introdução

102 Ativo Permanente

102 Depreciação

108 Exaustão

109 Controle de Bens

114 Considerações Finais


12 - 13

SUMÁRIO

UNIDADE IV

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS

121 Introdução

121 Conceitos e Terminologias Utilizadas na Contabilidade de Custos

122 Gastos

125 Investimentos

125 Receitas

126 Perdas

126 Desembolso

126 Classificação dos Gastos

127 Gastos Fixos (Despesas / Custos Fixos)

129 Gastos Variáveis (Despesas / Custos Variáveis)

130 Gastos Diretos (Despesas / Custos Diretos)

132 Gastos Indiretos (Despesas / Custos Indiretos)

133 Elementos de Custos

134 Matéria-Prima/Materiais

134 Mão de Obra

137 Custos Indiretos de Fabricação

137 Considerações Finais


SUMÁRIO

UNIDADE V

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS

143 Introdução

143 Rateio dos Custos Indiretos de Fabricação – CIFS

146 Métodos de Custeio

147 Custeio por Absorção

152 Custeio Variável

156 Margem de Contribuição

159 Ponto de Equilíbrio

160 Ponto de Equilíbrio Contábil (PEC)

161 Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF)

162 Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE)

165 Considerações Finais

169 Conclusão
171 Referências
Professor Me. Silvio César de Castro

CONTABILIDADE: ASPECTOS

I
UNIDADE
INTRODUTÓRIOS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer a Contabilidade por meio do seu posicionamento
científico.
■■ Averiguar os objetivos, objeto e campo de atuação da Contabilidade.
■■ Distinguir os Usuários da Contabilidade.
■■ Tomar conhecimento dos Atributos da Informação Contábil.
■■ Identificar o Conceito de Patrimônio Contábil.
■■ Averiguar os itens do Ativo: bens direitos.
■■ Averiguar os itens do Passivo ou obrigações.
■■ Conhecer o Patrimônio Líquido.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Reconhecer a Contabilidade como ciência social
■■ Conhecer o objetivo da Contabilidade e sua abrangência
■■ Identificar os usuários da Contabilidade e os atributos da informação
contábil
■■ Compreender os elementos que compõem o patrimônio contábil
■■ Classificar os itens entre ativo, passivo e patrimônio líquido
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 16 - 17

©shutterstock

INTRODUÇÃO

Tem-se percebido que a maioria das pessoas que nunca tiveram contato com a
literatura a respeito da Contabilidade julga-a como uma ciência exata. No entanto,
tendo a contabilidade objeto próprio de estudo – o patrimônio das entidades (pes-
soas físicas e jurídicas), que o examina de forma mais intensa qualitativamente,
buscando descrever e explicar as mutações patrimoniais, do que quantitativa-
mente, faz com a mesma seja considerada como uma ciência social.
Nesse sentido, esta unidade tratará dos objetivos, objeto e campo de atuação
da contabilidade, bem como dos seus princípios, que são regidos pelo Conselho
Federal de Contabilidade.
É de suma importância também o conhecimento dos atributos da informa-
ção contábil, bem como dos tipos de usuários da informação contábil e o foco
que cada um deles tem em relação à demanda de informações que a contabili-
dade proporciona.
Por fim, teremos a apresentação de como se constitui o patrimônio contábil,
com ênfase na origem a aplicações de recursos de uma organização.

Introdução
I

A Resolução 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade, em seu apêndi-


ce, descreve que:
Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – e consis-
te em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as condições
de generalidade, certeza e busca das causas, em nível qualitativo semelhan-
te às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-se na premissa de que a
Contabilidade é uma Ciência Social com plena fundamentação epistemoló-
gica. Por consequência, todas as demais classificações – método, conjunto
de procedimentos, técnica, sistema, arte, para citarmos as mais correntes
– referem-se a simples facetas ou aspectos da contabilidade, usualmente

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
concernentes à sua aplicação prática, na solução de questões concretas.
O patrimônio também é objeto de outras ciências sociais – por exemplo, da
Economia, da Administração e do Direito – que, entretanto, o estudam sob
ângulos diversos daquele da contabilidade, que o estuda nos seus aspec-
tos quantitativos e qualitativos. A contabilidade busca, primordialmente,
apreender, no sentido mais amplo possível, e entender as mutações sofridas
pelo patrimônio, tendo em mira, muitas vezes, uma visão prospectiva de
possíveis variações. As mutações tanto podem decorrer da ação do homem,
quanto, embora quase sempre secundariamente, dos efeitos da natureza
sobre o patrimônio.

OBJETIVOS, OBJETO E CAMPO DE ATUAÇÃO DA


CONTABILIDADE

A Contabilidade é conside-
rada um sistema com objetivo
de fornecer informações a
uma gama de usuários. As
informações são elaboradas
com base no objeto de estudo
da Contabilidade, ou seja, o
patrimônio das entidades. Em
relação ao patrimônio, que
será objeto de estudo mais
adiante, pode-se informar
©shutterstock

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


18 - 19

por hora que são os bens os diretos e as obrigações de cunho financeiro, ou seja,
mensuráveis em moeda corrente, das entidades (FIPECAFI, 2000).
Essas informações a respeito do patrimônio são disponibilizadas em forma de
relatórios/demonstrações, impressas ou não, podendo ser analisadas pelos usuá-
rios sob a ótica financeira, econômica e de produtividade, entre outros aspectos da
entidade em questão, e têm como objetivo a tomada de decisões (FIPECAFI, 2000).
Nesse contexto, a Contabilidade Gerencial é um dos segmentos da contabili-
dade geral ou financeira que se relaciona mais ao registro, controle e gerenciamento
do patrimônio das organizações. A contabilidade gerencial visa avaliar financei-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ramente a empresa, controlar e levantar custos, orçamentos, ou seja, de forma


geral, tem um enfoque voltado para a emissão de relatórios gerenciais. Os seguin-
tes aspectos organizacionais são englobados pela contabilidade gerencial:
■■ Contabilidade de Custos Industriais.
■■ Sistema Orçamentário.
■■ Fluxos de Caixa e Orçamentos de caixa da empresa.
■■ Avaliação financeira e de resultados segmentada.

Auxiliar a gerência na tomada de decisões é o objetivo principal da contabilidade


gerencial. A identificação dos fatos contábeis e sua quantificação para estabelecer
as diretrizes a serem adotadas pelos administradores devem acompanhar passo
a passo o cotidiano empresarial. Nesse sentido, compete ao contador gerencial
evidenciar aquilo que é relevante ou irrelevante para ser objeto de análise, aliás,
a simples aglomeração de dados é algo extremamente simples de se obter através
dos atuais sistemas de informações computacionais. A relevância da contabilidade
gerencial reside na identificação daquilo que realmente vai fazer a diferença nas
decisões das empresas, por exemplo: fabricar um bem ou adquirir de terceiros,
deixar de produzir uma linha de produtos, terceirizar, enfim, cabe ao contador
atuar para subsidiar o modelo para a decisão entre diferentes linhas de ação.
Nesse sentido, os campos de atuação da Contabilidade são
[...] entidades econômico-administrativos, assim chamadas aquelas
que, para atingirem seu objetivo, seja econômico ou social, utilizam
bens patrimoniais e necessitam de um órgão administrativo, que pra-

Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade


I

tica atos de natureza econômica necessários aos seus fins (SILVÉRIO


VICECONTI, 2000, p.2).

Ou seja, podem ser organizações, associações, pessoas físicas, o Estado (prefeituras,


por exemplo) etc, que possuem algum patrimônio e o utilizam economicamente
no mercado em que atuam para atingir seus objetivos.
De acordo com Marion(2009), todas as pessoas que tenham a necessidade
de informações contábeis, ou quando se fala contabilidade é para essa ou outra
pessoa, temos uma entidade contábil. Isso pode ocorrer para pessoas físicas ou
jurídicas (organizações).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Diante do exposto, pode-se afirmar que os objetivos da contabilidade são:
■■ Proceder ao registro da estrutura societária da organização, bem como
alterações futuras.
■■ Registrar, analisar e controlar o patrimônio das entidades.
■■ Gerar informações para tomada de decisão da administração.
■■ Gerar informações para terceiros com vínculo de interesse para com o
empreendimento (acionistas, investidores, fornecedores, governo etc.).

Silva(2002) afirma que a Contabilidade pode ser estudada de modo geral (para
todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou
setor da economia). Assim, no estudo da Contabilidade, pode-se enfocar, den-
tre outros, os seguintes ramos:
■■ Contabilidade Comercial e de Serviços.
■■ Contabilidade Industrial
■■ Contabilidade Bancária.
■■ Contabilidade Hospitalar.
■■ Contabilidade Pública.
■■ Contabilidade Agropecuária.
■■ Contabilidade Securitária.
■■ Contabilidade de Transporte (rodoviário, marítimo, aéreo).
■■ Contabilidade das Pessoas Físicas e Atividade Rural.

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


20 - 21

■■ Contabilidade de Autônomos.

Nesse ponto, é importante relatar que a contabilidade, independentemente de


sua aplicação e especialização, é regida por meio de princípios. A resolução
do Conselho Federal de Contabilidade nº750 de 29/12/1993, atualizada pela
Resolução CFC 1.282/2010, dispõe sobre tais princípios.

RESOLUÇÃO CFC Nº 750/93 DE 29 DE DEZEMBRO DE 1993


DISPÕE SOBRE OS PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE (PC). (Redação dada pela Re-
solução CFC nº. 1282/10).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições le-


gais e regimentais, CONSIDERANDO a necessidade de prover fundamentação
apropriada para interpretação e aplicação das Normas Brasileiras de Contabilida-
de, (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).

RESOLVE:

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DE SUA OBSERVÂNCIA
Art. 1º. Constituem PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE (PC) os enunciados por esta
Resolução.
§ 1º. A observância dos Princípios de Contabilidade é obrigatória no exercício da
profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Conta-
bilidade (NBC).
§ 2º. Na aplicação dos Princípios de Contabilidade há situações concretas e a
essência das transações deve prevalecer sobre seus aspectos formais. (Redação
dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).

CAPÍTULO II
DA CONCEITUAÇÃO, DA AMPLITUDE E DA ENUMERAÇÃO
Art. 2º. Os Princípios de Contabilidade representam a essência das doutrinas e
teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predo-
minante nos universos científico e profissional de nosso País. Concernem, pois, à
Contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patri-
mônio das entidades. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).
Art. 3º São Princípios de Contabilidade: (Redação dada pela  Resolução CFC nº.
1282/10):

Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade


I

I) o da ENTIDADE;
II) o da CONTINUIDADE;
III) o da OPORTUNIDADE;
IV) o do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL;
V) o da ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA; (Revogado pela Resolução CFC nº. 1282/10);
VI) o da COMPETÊNCIA; e
VII) o da PRUDÊNCIA.

SEÇÃO I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O PRINCÍPIO DA ENTIDADE
Art. 4º. O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Con-
tabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de
um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independente-
mente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por
consequência, nesta acepção, o Patrimônio não se confunde com aqueles dos
seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.
Parágrafo único – O PATRIMÔNIO pertence à ENTIDADE, mas a recíproca não é
verdadeira. A soma ou agregação contábil de patrimônios autônomos não resulta
em nova ENTIDADE, mas numa unidade de natureza econômico-contábil.

SEÇÃO II
O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Art. 5º. O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em
operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes
do patrimônio levam em conta esta circunstância. (Redação dada pela Resolução
CFC nº. 1282/10).

SEÇÃO III
O PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE
Art. 6º O Princípio da Oportunidade refere-se ao processo de mensuração e apre-
sentação dos componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e
tempestivas.
Parágrafo único. A falta de integridade e tempestividade na produção e na di-
vulgação da informação contábil pode ocasionar a perda de sua relevância, por
isso é necessário ponderar a relação entre a oportunidade e a confiabilidade da
informação. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


22 - 23

SEÇÃO IV
O PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL
Art. 7º. O Princípio do Registro pelo Valor Original determina que os componen-
tes do patrimônio devem ser inicialmente registrados pelos valores originais das
transações, expressos em moeda nacional.
§ 1º. As seguintes bases de mensuração devem ser utilizadas em graus distintos e
combinadas, ao longo do tempo, de diferentes formas:
I – Custo histórico. Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pa-
gos em caixa ou equivalentes de caixa ou pelo valor justo dos recursos que são
entregues para adquiri-los na data da aquisição. Os passivos são registrados pelos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação ou, em algumas
circunstâncias, pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, os quais serão
necessários para liquidar o passivo no curso normal das operações; e
II – Variação do custo histórico. Uma vez integrado ao patrimônio, os componen-
tes patrimoniais, ativos e passivos, podem sofrer variações decorrentes dos se-
guintes fatores:
a) Custo corrente. Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equiva-
lentes de caixa, os quais teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalentes
fossem adquiridos na data ou no período das demonstrações contábeis. Os pas-
sivos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa, não des-
contados, que seriam necessários para liquidar a obrigação na data ou no período
das demonstrações contábeis;
b) Valor realizável. Os ativos são mantidos pelos valores em caixa ou equivalentes
de caixa, os quais poderiam ser obtidos pela venda em uma forma ordenada. Os
passivos são mantidos pelos valores em caixa e equivalentes de caixa, não des-
contados, que se espera seriam pagos para liquidar as correspondentes obriga-
ções no curso normal das operações da Entidade;
c) Valor presente. Os ativos são mantidos pelo valor presente, descontado do fluxo
futuro de entrada líquida de caixa que se espera seja gerado pelo item no curso
normal das operações da Entidade. Os passivos são mantidos pelo valor presente,
descontado do fluxo futuro de saída líquida de caixa que se espera seja necessário
para liquidar o passivo no curso normal das operações da Entidade;
d) Valor justo. É o valor pelo qual um ativo pode ser trocado, ou um passivo liqui-
dado, entre partes conhecedoras, dispostas a isso, em uma transação sem favo-
recimentos; e
e) Atualização monetária. Os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda
nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis mediante o ajustamen-
to da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade


I

§ 2º. São resultantes da adoção da atualização monetária:


I – a moeda, embora aceita universalmente como medida de valor, não represen-
ta unidade constante em termos do poder aquisitivo;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações
originais, é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim
de que permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes
patrimoniais e, por consequência, o do Patrimônio Líquido; e
III – a atualização monetária não representa nova avaliação, mas tão somente o
ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de
indexadores ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da moeda nacional em um dado período. (Redação dada pela Resolução CFC nº.
1282/10).
(O artigo 8º, seu § único, e os incisos I, II e III, que tratavam do Princípio da Atuali-
zação Monetária, foram revogados pela Resolução CFC nº. 1282/10).

SEÇÃO VI  - O PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA


Art. 9º. O Princípio da Competência determina que os efeitos das transações e
outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independen-
temente do recebimento ou pagamento.
Parágrafo único. O Princípio da Competência pressupõe a simultaneidade da
confrontação de receitas e de despesas correlatas. (Redação dada pela Resolu-
ção CFC nº. 1282/10).

SEÇÃO VII - O PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA


Art. 10. O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os
componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresen-
tem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimo-
niais que alterem o patrimônio líquido.
Parágrafo único. O Princípio da Prudência pressupõe o emprego de certo grau
de precaução no exercício dos julgamentos necessários às estimativas em certas
condições de incerteza, no sentido de que ativos e receitas não sejam superes-
timados e que passivos e despesas não sejam subestimados, atribuindo maior
confiabilidade ao processo de mensuração e apresentação dos componentes
patrimoniais. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1282/10).

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


24 - 25

Art. 11. A inobservância dos Princípios de Contabilidade constitui infração nas


alíneas “c”, “d” e “e” do art. 27 do Decreto-Lei n.º 9.295, de 27 de maio de 1946 e,
quando aplicável, ao Código de Ética Profissional do Contabilista. (Redação dada
pela Resolução CFC nº. 1282/10).

Art. 12. Revogada a Resolução CFC n.º 530/81, esta Resolução entra em vigor a
partir de 1º de janeiro de 1994.

Brasília, 29 de dezembro de 1993.

Contador IVAN CARLOS GATTI

Publicada no Diário Oficial da União de 31.12.1993.


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Quadro1: Resolução CFC 750/93 - Princípios de Contabilidade


Fonte: Brasil (1993)

A resolução CFC 750/93 apresenta do princípio da competência como sendo o


utilizado pela contabilidade, tendo em vista que existe também o regime de caixa.
A seguir, vamos trabalhar um pouco com as diferenças práticas desses dois regi-
mes. Isso é de extrema importância no estudo da contabilidade. Mesmo porque
os relatórios contábeis são apresentados com base no regime de competência,
logo, não podem ser confundidos com o regime de caixa.
a. Regime de competência: As receitas e as despesas devem ser incluídas na
apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultanea-
mente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento
ou pagamento.
b. Regime de caixa: É o regime contábil que apropria as receitas e despesas
no período de seu recebimento ou pagamento (embolso ou desembolso),
respectivamente, independentemente do momento em que são realizadas.

A despesa só é considerada no regime de caixa quando for paga, independente


do momento que esta foi realizada. O que se considera aqui é o momento do
pagamento, da saída do dinheiro do caixa ou conta bancária.
Exemplo:
Vamos supor que a assinatura semestral de um jornal custou $ 120,00 e esta
quantia foi paga para a editora em quatro vezes sem juros de $ 30,00. No regime

Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade


I

de caixa, especificamente no fluxo de caixa, os valores pagos serão considerados


e agendados no momento em que ocorrerá seu pagamento, ou seja, $ 30,00 por
mês. Já no regime de competência, a despesa deverá ser apropriada $ 20,00 por
mês perfazendo um total de $ 120,00 (período seis meses de assinatura), inde-
pendente de como ela foi paga.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun


Veja como ficaria o lançamento dessa transação pelo regime de caixa:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
$ 30 $ 30 $ 30 $ 30 $ 0 $0
Veja como ficaria o lançamento dessa transação pelo regime de competência:

$ 20 $ 20 $ 20 $ 20 $ 20 $ 20
A receita só é considerada no regime de caixa quando for recebida, indepen-
dente do momento que esta foi realizada. O que considera aqui é o momento
que foi recebida e não o momento em que foi efetuado o negócio e emitido a
nota fiscal de venda. Lembrando, a contabilidade trabalha com o regime de
competência.
Havendo a venda de um bem para pagamento futuro, ou seja, uma venda a
prazo, no regime de caixa a receita só será considerada quando for recebida, ou
seja, no dia que a parcela correspondente for quitada pelo cliente. Esse agenda-
mento do recebimento da parcela será efetuado junto ao fluxo de caixa. Já no
regime de competência, a receita é considerada receita ganha no momento da
negociação, ou seja, o total da emissão da nota fiscal de venda, independente do
momento que será paga.
Exemplo:
Na venda de mercadorias a prazo no mês de janeiro no valor de $ 200,00,
sendo o recebimento em quatro parcelas iguais de $ 50,00, sendo uma parcela
àvista e as demais três parcelas nos próximos meses, veja como ficaria:

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


26 - 27

Jan Fev Mar Abr Mai Jun


Lançamento dessa transação pelo regime de caixa:

$ 50 $ 50 $ 50 $ 50 $ 0 $0
Lançamento dessa transação pelo regime de competência:
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$ 200 $ 0 $0 $0 $0 $0
Veja que nesse caso da venda, como supostamente a mercadoria sai da
empresa no momento da venda, ou seja, ela deixa o patrimônio da empresa, ela
é contabilizada em sua totalidade no primeiro mês. Resumindo:

• Independente do fato gerador, ou negociação.


Regime de Interessa saber quando do recebimento ou
caixa pagamento (embolso/desembolso)
• Efetuado pelo Fluxo de caixa

• Independente do Recebimento ou pagamento.


O que interessa é quando foi efetuada a
Regime de
negociação. O que é considerado é o quando
competência
ocorreu o fato gerador, emissor de notas fiscais
• Efetuado pelo DRE-Demonstrativo de Resultado

Figura 1: Regime de caixa X Regime de competência


Fonte: O autor

Objetivos, Objeto e Campo de Atuação da Contabilidade


I

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USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Anteriormente foi informado que as informações contábeis são destinadas aos


usuários para tomada de decisões.
Os usuários
[...] compreendem todas as pessoas físicas e jurídicas que, direta ou
indiretamente, tenham interesse na avaliação da situação e do desen-
volvimento da entidade, como titulares (empresas individuais), sócios
acionistas, administradores, governo (fisco), fornecedores, bancos etc.
(SILVA, 2002, p.3).

No entanto, verifica-se que pode existir uma variedade de usuários com necessi-
dades de informações específicas. Nessa variedade, existem dois grupos distintos:
internos e externos. A Resolução 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade
conceitua:
Os usuários internos incluem os administradores de todos os níveis,
que usualmente se valem de informações mais aprofundadas e espe-
cíficas acerca da Entidade, notadamente aquelas relativas ao seu ciclo
operacional.

Segundo Miranda, 2002 usuários internos são todas as pessoas ou grupos de


pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de acesso às informa-
ções contábeis, tais como:

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


28 - 29

■■ Gerentes: para a tomada de decisões.


■■ Funcionários: com interesse em pleitear melhorias.
■■ Diretoria: para a execução de planejamentos organizacionais.

O usuário interno principal da informação contábil é a alta administração, que


pela proximidade à Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios e
demonstrativos de acordo com suas necessidades específicas, auxiliando-lhes
na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quais-
quer áreas de informação (fluxo financeiro, disponibilidades, contas a pagar,
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contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no período


e os gastos gerais de funcionamento), ser elaborados diariamente ou em curtos
períodos de tempo (semana, quinzena, mês etc.), de acordo com as necessida-
des administrativas.
Os usuários externos concentram suas atenções, de forma geral, em aspec-
tos mais genéricos, expressos nas demonstrações contábeis.
Para Miranda (2002), os usuários externos são todas as pessoas ou grupos
de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem
de publicações das demonstrações pela entidade, tais como:
■■ Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a
concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capi-
tal emprestado.
■■ Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder
atuar no mercado.
■■ Governo: que necessita obter informações sobre as receitas e as despe-
sas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua
parcela de tributação.
■■ Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder
continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir
a garantia de recebimento futuro.
■■ Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de
que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado.

Usuários da Informação Contábil


I

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ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Como a Resolução Nº 785/95 do Conselho Federal de Contabilidade, que aprova


a NBC T 1 (Normas Brasileiras de Contabilidade – Técnicas) – Características
da Informação Contábil, descreve de forma completa sobre os seus atributos e
características, a mesma encontra-se reproduzida em parte a seguir:

DOS ATRIBUTOS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL

1.3.1 – A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz


e equitativa, de forma a satisfazer as necessidades comuns a um grande
número de diferentes usuários, não podendo privilegiar deliberadamente
a nenhum deles, considerado o fato de que os interesses destes nem sem-
pre são coincidentes.
1.3.2 – A informação contábil, em especial aquela contida nas demons-
trações contábeis, notadamente as previstas em legislação, deve propiciar
revelação suficiente sobre a entidade, de modo a facilitar a concretização
dos propósitos do usuário, revestindo-se de atributos, entre os quais, são
indispensáveis os seguintes:

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


30 - 31

■■ confiabilidade;
■■ tempestividade;
■■ compreensibilidade; e
■■ comparabilidade.
1.4 – DA CONFIABILIDADE
1.4.1 – A confiabilidade é atributo que faz com que o usuário aceite a
informação contábil e a utilize como base de decisões, configurando,
pois, elemento essencial na relação entre aquele e a própria informação.
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1.4.2 – A confiabilidade da informação fundamenta-se na veracidade,


completeza e pertinência do seu conteúdo.
§ 1º A veracidade exige que as informações contábeis não contenham erros
ou vieses, e sejam elaboradas em rigorosa consonância com os Princípios
Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade
e, na ausência de norma específica, com as técnicas e procedimentos res-
paldados na ciência da contabilidade, nos limites de certeza e previsão
por ela possibilitados.
§ 2º A completeza diz respeito ao fato de a informação compreender todos
os elementos relevantes e significativos sobre o que pretende revelar ou
divulgar, como transações, previsões, análises, demonstrações, juízos ou
outros elementos.
§ 3º A pertinência requer que seu conteúdo esteja de acordo com a res-
pectiva denominação ou título.
1.5 – DA TEMPESTIVIDADE
1.5.1 – A tempestividade refere-se ao fato de que a informação contábil
deve chegar ao conhecimento do usuário em tempo hábil, a fim de que
este possa utilizá-la para seus fins.
1.5.2 – Nas informações preparadas e divulgadas sistematicamente, como
as demonstrações contábeis, a periodicidade deve ser mantida. Quando
por qualquer motivo, inclusive de natureza legal, a periodicidade for alte-
rada o ato e suas razões devem ser divulgados junto à própria informação.
1.6 – DA COMPREENSIBILIDADE
1.6.1 – A informação contábil deve ser exposta da forma mais compre-
ensível possível ao usuário que se destine.

Atributos da Informação Contábil


I

§ 1º A compreensibilidade presume que o usuário disponha de conhe-


cimentos de Contabilidade e dos negócios e atividades da entidade, em
nível que o habilite ao entendimento das informações colocadas à sua
disposição, desde que se proponha a analisá-las, pelo tempo e com a pro-
fundidade necessários.
§ 2º A eventual dificuldade ou mesmo a impossibilidade de entendi-
mento suficiente das informações contábeis por algum usuário jamais
será motivo para a sua não-divulgação.
1.6.2 – A compreensibilidade concerne à clareza e objetividade com que
a informação contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natu-

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reza formal, como a organização espacial e recursos gráficos empregados,
até a redação e técnica de exposição utilizadas.
§ 1º A organização espacial, os recursos gráficos e as técnicas de exposi-
ção devem promover o entendimento integral da informação contábil,
sobrepondo-se, pois, a quaisquer outros elementos, inclusive de natu-
reza estética.
§ 2º As informações contábeis devem ser expressas no idioma nacio-
nal, sendo admitido o uso de palavras em língua estrangeira somente
no caso de manifesta inexistência de palavra com significado idêntico
na língua portuguesa.
1.7 – DA COMPARABILIDADE
1.7.1 – A comparabilidade deve possibilitar ao usuário o conhecimento
da evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa
mesma entidade ou em diversas Entidades, ou a situação destas num
momento dado, com vista a possibilitar-se o conhecimento das suas
posições relativas.
1.7.2 – A concretização da comparabilidade depende da conservação dos
aspectos substantivos e formais das informações.
Parágrafo único – A manutenção da comparabilidade não deverá consti-
tuir elemento impeditivo da evolução qualitativa da informação contábil.

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 32 - 33

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PATRIMÔNIO CONTÁBIL

Dando continuidade ao que foi verificado na unidade anterior, onde foi definido
como objeto de estudo da contabilidade o patrimônio das entidades, essa uni-
dade tem como objetivo explorar de forma mais aprofundada o que compõe o
patrimônio. Segundo Miranda (2002, p. 19), o patrimônio “é o conjunto de bens,
direitos e obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica, com finalidade
definida e mensurável economicamente”. Isso será verificado com o auxílio de
exemplos que possam tratar do assunto com uma maior proximidade da prá-
tica das entidades no dia a dia. Diante do balanço patrimonial, o lado esquerdo
acomoda o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma entidade, e o lado
direito inclui as obrigações a serem pagas por essa entidade.

BENS

Segundo Ferrari (2001), bens representam tudo o que pode ser avaliado econo-
micamente e que satisfaça necessidades humanas/corporativas.
Pode-se classificar os bens em:
■■ Tangíveis, corpóreos, concretos ou materiais.
■■ Intangíveis, incorpóreos, abstratos ou imateriais.

Patrimônio Contábil
I

Bens Tangíveis, Corpóreos, Concretos ou Materiais:


Têm existência física; existem como coisa ou objeto.
Exemplos:
■■ Numerários: dinheiro.
■■ Mercadorias em estoque, produtos, materiais de consumo.
■■ Fixos ou imobilizados (representam os bens duráveis, com vida útil supe-
rior a um ano): imóveis, veículos, máquinas, instalações, equipamentos,
móveis e utensílios etc.

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■■ De renda: não destinados aos objetivos da empresa (imóveis destinados
à renda ou aluguel).
■■ De consumo (não duráveis ou que são gastos ou consumidos no processo
produtivo); depois de consumidos, representam despesas: combustíveis e
lubrificantes, material de escritório, material de limpeza etc.

Bens Intangíveis, Incorpóreos, Abstratos ou Imateriais


Não possuem existência física, porém representam uma aplicação de recursos
imprescindível aos objetivos da entidade cujo valor reside em direitos de pro-
priedade que são legalmente conferidos aos seus possuidores, como marcas e
patentes, fórmulas ou processos de fabricação, direitos autorais, autorizações
ou concessões, ponto comercial, fundo de comércio, benfeitorias em prédios de
terceiros, pesquisa e desenvolvimento de produtos, custo de projetos técnicos,
despesas pré-operacionais, pré-industriais, de organização, reorganização, rees-
truturação ou remodelação de empresas etc. (FERRARI, 2001).

Bens Móveis
São os bens que fazem parte do patrimônio das entidades que se movem ou podem
mover-se, todos os objetos materiais que podem se transportar ou mudar sua
localização sem perder as características e direitos a eles inerentes.

Bens Imóveis
São aqueles bens que fazem parte do patrimônio das entidades que se não movem,
são de forma geral inertes, imutáveis. Bem que não é móvel, como terrenos, pré-
dios, edifícios, casas etc.

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


34 - 35

DIREITOS
São valores a serem recebidos de terceiros, por vendas a prazo ou valores de pro-
priedade da empresa que se encontram em posse de terceiros. A tendência é de
que os valores correspondentes aos direitos se tornem bens.
Exemplos:
Títulos a receber, clientes, contas a receber, notas promissórias a receber,
dinheiro depositado no banco, aplicações financeiras, adiantamento a funcio-
nários, empréstimos a sócios etc.
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Propriedade
Fávero et al. (1997) esclarecem que, para ter propriedade, é necessário possuir o
legítimo poder de decisão sobre o destino do objeto. Nem sempre para ser o pro-
prietário é necessário ter a posse. Um arrendamento mercantil (Leasing) de uma
máquina ou veículo, pelo qual a empresa pagará aluguel mensal, não se caracteriza
como ativo, embora o bem esteja dentro da empresa (posse e não propriedade).

Avaliável em Dinheiro
O mesmo autor afirma que qualquer bem ou direito dever ser mensurável em
dinheiro para poder ser considerado como ativo de uma empresa.
Ludícibus e Marion (2000) colocam que um dos itens mais significativos que
normalmente não é contabilizado como ativo, pois não tem um valor objetivo, é
o que denominamos de Goodwill (traduzido para o português como Fundo de
Comércio, Aviamentos e Mais Valia). Para eles, inicialmente pode-se dizer que
goodwill é o valor a maior, um ágio, de uma empresa em virtude de bons serviços
prestados; da imagem/reputação; dos consumidores conquistados ao longo dos
anos etc. Esses aspectos considerados positivos, e outros, no momento de se ava-
liar uma empresa, podem representar montantes algumas vezes maiores que seu
ativo tangível, no entanto, não existe a possibilidade de ser realizar uma avalia-
ção precisa dado o seu subjetivismo, assim sendo, o goodwill não é demonstrado.

Benefícios Presentes ou Futuros


Fávero et al .(1997) afirmam que é necessário que o bem ou direito tenham a capa-
cidade de trazer benefícios presentes ou futuros para a empresa, ou seja, tenham a

Patrimônio Contábil
I

potencialidade de geração de caixa. Se a empresa possuir um “título a receber” de


uma empresa falida, não teremos mais um ativo, pois não existe mais a possibili-
dade de convertê-lo em dinheiro, não trazendo benefício algum para sua portadora.

OBRIGAÇÕES
Segundo Miranda (2002, p. 18), as obrigações “constituem-se em ato da pessoa
ou empresa dispor de algum bem ou serviço e que em troca destes originam um
compromisso futuro de pagamento, representado por um documento, como as
duplicatas a pagar”. São dívidas ou compromissos de qualquer espécie ou natu-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reza assumidos perante terceiros ou bens de terceiros que se encontram em
posse da entidade.
Exemplos: financiamentos, empréstimos bancários, salários a pagar, impos-
tos a pagar etc.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
O patrimônio líquido é constituído pela soma dos bens mais os direitos menos
as obrigações, ou seja, (pl=bens+direitos-obrigações). Como o próprio nome
sugere, patrimônio líquido significa a fatia de recursos que é da própria enti-
dade, pois se somar o que ela possui (bens) mais o montante do que tem para
receber (direitos) e efetuar a quitação do que ela deve (obrigações), o que resta
é o líquido (patrimônio líquido).
Exemplo:
Se uma empresa possui em bens: $ 50.000; direitos: $ 60.000 e em obriga-
ções $ 40.000, seu patrimônio líquido será:
PL= 50.000+60.000-40.000
PL = 70.000

A contabilidade é vista no Brasil, de forma geral, como uma ferramenta para


tomada de decisões?

CONTABILIDADE: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS


36 - 37

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar da maioria das pessoas que nunca tiveram contato com a Contabilidade
pensarem, ela não uma ciência exata, mas sim social, e tem como objeto de estudo
o patrimônio das entidades. Lembrando que o patrimônio é tudo aquilo que
pode ser mensurado financeiramente nas entidades/empresas, tais como esto-
ques, veículos, contas a pagar, contas a receber, dinheiro no banco e em caixa etc.
A contabilidade é regida por uma série de princípios que foram normatiza-
dos pelo Conselho Federal de Contabilidade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O objetivo da contabilidade é gerar informações para a tomada de decisões


por parte dos usuários, que podem ser internos e externos. No que tange a infor-
mação gerada, essa requer os seguintes atributos: confiabilidade; tempestividade;
compreensibilidade; e comparabilidade.
Por meio do quadro abaixo, pode-se verificar os conceitos trabalhados a res-
peito do patrimônio contábil. Inicialmente uma indicação das origens e aplicações
dos recursos, isso significa que todos os recursos que a entidade possui vêm das
origens (passivo e patrimônio líquido). Quando pensamos dessa forma, é pos-
sível perceber que o passivo da empresa é apenas um registro de quem forneceu
os recursos para a empresa. É similar quando se compra algo e vem com uma
etiqueta de sua procedência. As origens (passivo e patrimônio líquido) represen-
tam a etiqueta e não o bem, o bem se encontra no ativo (aplicações). Por meio
do quadro abaixo é possível também observar alguns exemplos de bens, direi-
tos, obrigações e do patrimônio líquido.

Aplicações Origens
ATIVO PASSIVO
Aplicações Origens
BENS
OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS
do

Estoques
an

Fornecedores
am

Caixa
s
iro

Financiamentos
ecl

Veículos
rce
R

Empréstimos Bancários

Te

Edificações
Se

de

Marcas e Patentes Funcionários a Papar


al

Impostos a pagar
pit

Instalações
Ca
o

DIREITOS
nd
ma

Duplicatas a Receber
o
cla

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
pri

Impostos a Recuperar
Re

Pró

Adiantamento a funcionários Capital Social


erá

al

Lucro/prejuízo acumulado
pit
Os

Banco conta movimento


Ca

Aplicação financeiras
BENS + DIREITOS - OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Considerações Finais
1. Responda:
a. Quais os objetivos da contabilidade?

b. Qual é o objeto de estudo da contabilidade?

c. As informações contábeis são disponibilizadas aos usuários de que forma, e


podem ser analisadas sob qual ótica?

d. Qual o campo de atuação da contabilidade?

e. O que é entidade? Como podem ser classificadas?

f. Por que a contabilidade é considerada uma Ciência Social?

g. O que são usuários internos e externos?

h. Descreva quais os atributos da informação contábil, segundo a Resolução


CFC Nº 785/95.

i. O que significa veracidade em termos de atributo da informação contábil?

j. Qual o significado de completeza em relação à informação contábil?

k. De forma geral, os escritórios de contabilidade têm prestado serviços volta-


dos à tomada de decisão por parte dos usuários?

l. Qual a solução para os microempresários que não possuem condições finan-


ceiras para manter um contabilista em seu negócio?

m. Os relatórios contábeis gerados por empresas terceirizadas atendem aos atri-


butos da informação contábil?

n. Os atributos da informação contábil são mais relevantes para os usuários inter-


nos ou externos? Por quê? Qual o conceito de Patrimônio?

o. O que são bens? Cite 5 exemplos de bens.

p. Qual a diferença entre bens móveis e bens imóveis.

q. Qual a diferença entre bens materiais e imateriais.

r. O que se entende por Direitos? O que se entende por Obrigações?

s. No senso comum, patrimônio pode ser entendido como?

t. Contabilmente, como é composto o patrimônio?


38 - 39

u. Riqueza líquida de uma empresa é medida de que forma?

v. Quando os Bens + Direitos forem menores que as Obrigações, como é consi-


derada a situação da empresa?

w. Como pode ser definido o patrimônio líquido?

x. Se uma empresa possui em bens e direitos $ 30.000 e em obrigações a pagar


$ 20.000, sua situação líquida (patrimônio Líquido) será de quanto?

y. Em determinado mês, uma empresa comprou mercadorias a prazo de $ 8.000


e as vendeu, a vista, pelo valor de $ 20.000. Em princípio, pode-se afirmar que
o Patrimônio Líquido aumentou em quanto?

2. Relacione a coluna da esquerda com a da direita:


a. Direitos ( ) Veículos
b. Bens Materiais ( ) Duplicatas a Receber
c. Bens Imateriais ( ) Fornecedores
d. Obrigações ( ) Marcas e Patentes
3. Assinale a alternativa que contém apenas Direitos e Bens:
a. Fornecedores, Duplicatas a Receber, Dinheiro.
b. Móveis, Adiantamento a Funcionários, Estoque de mercadorias.
c. Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar.
4. Complete:
a. Os elementos que devem ser representados do lado esquerdo do
gráfico representativo do Patrimônio são os _____________ e os
______________________.
b. Os elementos que devem ser representados do lado direito do gráfico re-
presentativo do Patrimônio são as ___________________________.
5. A Cia Densada apresentava em 25/05/2007 o seguinte conjunto de bens, direitos
e obrigações:
■■ Banco Conta corrente $ 50.000
■■ Aplicações financeiras $ 45.800
■■ Títulos a pagar $ 20.000
■■ Estoques $ 58.400
■■ Veículos $ 145.000
■■ Empréstimos a pagar $ 60.000
■■ Prédios $ 960.000
■■ Fornecedores $ 115.000
■■ Salários a pagar $ 63.000
Pede-se:
a. O total dos bens.
b. O total de direitos.
c. O total de obrigações.
6. Relacione a coluna da esquerda com a da direita:
a. Direitos ( ) Adiantamento de Clientes
b. Bens Materiais ( ) Empréstimo a sócios
c. Bens Imateriais ( ) Dinheiro em caixa
d. Obrigações ( ) Marcas e patentes
7. Assinale a alternativa que contém apenas Obrigações:
a. Fornecedores, Duplicatas a Receber, Dinheiro.
b. Móveis, Clientes, Fornecedores.
c. Fornecedores, Salários a Pagar, Impostos a Pagar.
8. O aspecto qualitativo consiste em _______________________________
os Bens, Direitos e Obrigações. O aspecto quantitativo consiste em
___________________________ aos Bens, Direitos e Obrigações os seus respec-
tivos _____________________.
9. Coloque V se a afirmativa for verdadeira e F se for falsa:
( ) Elementos positivos são as Obrigações.
( ) Elementos positivos são os Bens e as Obrigações.
( ) Elementos positivos são os Bens e os Direitos.
( ) Ativo é composto por Bens e por Obrigações.
10. Coloque V se a afirmativa for verdadeira e F se for falsa:
( ) A Situação Líquida Patrimonial é igual à soma dos Bens com os Direitos.
( ) A Situação Líquida Patrimonial será sempre negativa.
40 - 41

( ) A Situação Líquida Patrimonial é igual à soma dos Bens e Direitos menos as


obrigações exigíveis.
11. Qual a equação que representa a o patrimônio líquido?
12. Separe as contas abaixo em Bens, Direitos e Obrigações e informe qual o patri-
mônio líquido.
Caixa 3.000,00
Veículos 3.000,00
Móveis e utens. 2.000,00
Duplicatas a pg. 24.000,00
Máquinas 10.000,00
Ordenados a pg. 2.000,00
Promissórias a pg. 2.000,00
Duplicatas a receber 7.000,00
Impostos a pg 4.000,00
Títulos a receber 5.000,00
Aluguéis a receber 500,00
13. Cia. Comercial Vision:
Adiantamento de clientes $ 5.000
Adiantamentos a funcionários $ 1.500
Adiantamentos a terceiros $ 3.000
Bancos Conta Movimento $ 17.000
Caixa $ 12.000
Cofins a recolher $ 900
Dividendos a pagar $ 12.000
Duplicatas a pagar $ 23.000
Duplicatas a receber $ 39.000
Financiamentos $ 7.000
Gratificações a empregados a pagar $ 2.000
ICMS a recolher $ 1.200
Imóveis $ 87.000
Imposto de Renda a Pagar $ 18.000
Impostos a recuperar $ 1.000
Instalações $ 13.000
Marcas, Patentes industriais $ 18.000
Mercadorias $ 23.000
PIS a recolher $ 800
Terrenos $ 50.000
Títulos a receber $ 15.000
Utilidades e serviços a pagar $ 3.500
Com base nos valores anteriores, informe:
a. O total dos bens.
b. O total de direitos.
c. O total de obrigações.
d. O patrimônio líquido.
e. O total de bens móveis.
f. O total de bens imóveis.
14. Classifique as contas abaixo em Bens, Direitos ou Obrigações:
Veículos 100.000,00
Móveis e utensílios 50.000,00
Prédios 400.000,00
Contas a pagar 5.000,00
Impostos a pagar 12.000,00
Dinheiro em Caixa 2.500,00
Bancos conta corrente 4.000,00
Duplicatas a receber 80.000,00
Nota promissória a receber 14.500,00
Impostos a recuperar 2.000,00
Fornecedores a pagar 45.000,00
42 - 43

Adiantamento a funcionários 2.500,00


Ordenados e salários a pagar 3.000,00
Empréstimos e financiamentos a pagar 20.000,00
Empréstimos e financiamentos após 360 dias 40.000,00
Duplicatas a receber após 360 dias 12.000,00
Títulos a pagar 10.000,00
Instalações 10.000,00
Estoque de mercadorias para revenda 60.000,00
Máquinas 50.000,00
Com base nos valores anteriores, determine:
a. O total dos bens.
b. O total de direitos.
c. O total de obrigações.
d. O patrimônio líquido.
e. O total de bens móveis.
f. O total de bens imóveis.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Caro(a) aluno(a), este vídeo mostra a questão dos bens, direitos e obrigações:
<http://www.youtube.com/watch?v=EyAaG1B1iXk>.
Este vídeo apresenta os usuários da informação contábil:
<http://www.youtube.com/watch?v=NBzn-Hftrx8>.
Este vídeo apresenta questões relacionadas aos objetivos da contabilidade:
<http://www.youtube.com/watch?v=w1EOtXgc4QU>.
Acesse a homepage e veja como ela apresenta um conjunto de termos que são utilizados na
contabilidade. A contabilidade utiliza termos que são inerentes a ela, assim como existem termos
que são inerentes a outras áreas, como a medicina, por exemplo. Conhecê-los e saber o que
significam ajuda muito a entender melhor a contabilidade.
Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/glossario.htm>.

Contabilidade Básica. 7ª. Edição


MARION, José Carlos
Editora: ATLAS
Ano: 2004
Sinopse: Marion apresenta os objetivos da contabilidade, relacionados com os usuários
da informação contábil e a natureza das informações geradas pela contabilidade e do seu
relacionamento com outras ciências sociais. Além de uma visão clara e objetiva a respeito do
patrimônio, objeto de estudo da contabilidade, apresenta também o conceito de patrimônio
líquido, utilizando-se de exemplos de empresas fictícias com a finalidade de facilitar o
aprendizado a respeito dos aspectos que envolvem o patrimônio contábil.
Professor Me. Silvio César de Castro

II
BALANÇO PATRIMONIAL

UNIDADE
E DEMONSTRATIVO DE
RESULTADO DO EXERCÍCIO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Tratar de alguns aspectos introdutórios sobre os relatórios dessa
unidade.
■■ Evidenciar os itens do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.
■■ Visualizar os recursos patrimoniais por meio das Origens e
Aplicações.
■■ Verificar a técnica de aprendizado denominada de Balanços
sucessivos.
■■ Apresentar o funcionamento do DRE: Demonstrativo de Resultado do
Exercício.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A importância do Balanço Patrimonial
■■ A composição do ativo, passivo e patrimônio líquido
■■ Obter compreensão sobre receitas e despesas
■■ Compreender os itens que compõem o DRE
■■ De que forma os recursos ingressam nas entidades
■■ Compreender as variações patrimoniais por meio de balanços
sucessivos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 46 - 47

©shutterstock

INTRODUÇÃO

A unidade anterior trabalhou com os elementos organizacionais que fazem parte


do patrimônio contábil. Foi possível verificar que o patrimônio, no sentido contá-
bil, inclui as obrigações das entidades, diferentemente do entendimento do senso
comum, onde erroneamente patrimônio diz respeito apenas às posses mensurá-
veis financeiramente de posse das entidades.
Foi possível também identificar o patrimônio líquido, onde as obrigações são
deduzidas dos bens e direitos. Nessa unidade será apresentado, talvez, o mais conhe-
cido e importante relatório da contabilidade para as entidades, o balanço patrimonial.
Ou seja, a demonstração que expõe, em dado momento, a posição financeira
dos elementos que compõem o patrimônio (bens, direitos, obrigações e patri-
mônio líquido), devidamente valorados, denomina-se Balanço Patrimonial, se o
período corresponder ao exercício social da empresa, ou Balancete Patrimonial,
se for mensal (MARION, 2004).
A Demonstração do Resultado do Exercício evidencia de uma forma estrutu-
rada os componentes que provocaram a alteração na situação líquida patrimonial
(patrimônio líquido) em determinado período. Ela é elaborada seguindo o
princípio de confrontação das receitas com as despesas. Como o próprio nome
diz, este relatório evidencia (demonstra) o resultado (lucro ou prejuízo) que a
empresa obteve num determinado período (ano, semestre, bimestre, mês). Por

Introdução
II

isso, trata-se da demonstração que torna evidente o lucro ou prejuízo da enti-


dade em questão, em um determinado período. Se as despesas forem maior que
as receitas, o resultado será prejuízo. Contrariamente, se as receitas forem maior
que as despesas, o resultado será lucro no período.
Segundo Iudícibus e outros (2009), a apresentação da DRE é de forma dedu-
tiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas até que seja encontrado
o lucro ou prejuízo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Balanço Patrimonial expõe os seus componentes em agrupamentos de Ativo,


Passivo Exigível e Patrimônio Líquido, de forma a permitir o reconhecimento do
capital acumulado dos proprietários e de sua variação, de um período para outro.
O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira em determinado momento
de uma empresa (FIPECAFI, 2000).
Ferrari (2001) afirma que obter dados do Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido,
analisar suas variações durante determinado período de tempo, por meio da veri-
ficação direta dos registros contábeis, é tarefa trabalhosa. Mesmo nas pequenas
empresas, podem ocorrer, diariamente, inúmeras operações e seus registros con-
tábeis contêm grande número de particularidades.
Daí a necessidade de resumir e apresentar os dados de forma adequada que
permita às pessoas interessadas conhecer a situação patrimonial da empresa e
as variações ocorridas durante certo período de tempo.
De forma geral, o Balanço Patrimonial é um quadro (mapa, gráfico etc.)
onde é demonstrada a situação econômica/financeira da empresa na data a que
o balanço diz respeito. O balanço avalia a riqueza, isto é, o valor da empresa, mas
não demonstra o seu resultado, apenas o apresenta em valor total, sendo a sua
demonstração feita em outro documento chamado “demonstração de resultados”.
O balanço é composto por duas partes, que se encontram sempre em equilíbrio.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


48 - 49

O Ativo é igual ao Passivo mais o Patrimônio Líquido.


Como já foi apresentado anteriormente, o Balanço Patrimonial abriga no seu lado
esquerdo os bens e direitos e do lado direito as obrigações e o patrimônio líquido.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Lado Direito – Obrigações e o Capital
Lado Esquerdo – Bens e Direitos
investido pelos sócios
Tabela 1: Balança Patrimonial
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Fonte: O autor

ATIVO

De acordo com Miranda (2002, p. 17), “o ativo representa a parte dos valores
positivos do patrimônio, tudo aquilo que a entidade possui ou que ela tem a rece-
ber de terceiros. Abrange o conjunto de bens e direitos da entidade”.

PASSIVO

O passivo representa todas as obrigações financeiras que uma empresa possui


com terceiros, provenientes de transações passadas, realizadas com data de ven-
cimento e beneficiário certo e conhecido. Todos os itens do passivo representam
os valores negativos do patrimônio (FERRARI, 2001).

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O patrimônio líquido é a diferença entre os valores positivos do ativo (bens e


direitos) e os valores negativos do passivo (obrigações) de uma entidade em um
determinado momento. É a parte do balanço que representa o capital investido
pelos sócios e está graficamente localizada no seu lado direito (MARION, 2004).

Ativo
II

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO
BENS OBRIGAÇÕES
Estoques Fornecedores
Máquinas, Imóveis, Veículos Salários a pagar
Dinheiro Empréstimos e Financiamentos
DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber Capital Social
Banco conta movimento Lucro/Prejuízo acumulado

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tabela 2: Balanço Patrimonial
Fonte: O autor

Silva (2002) descreve que o Balanço Patrimonial é uma demonstração que


relata os bens e direitos (Ativo), e as obrigações e a par-
ticipação dos acionistas (Passivo)
da empresa, dando, dessa forma,
ck
ttersto

ao leitor, a posição patrimonial e


©shu

financeira da empresa. PASSIVO+


O termo balanço tem a P.L.
ver com balança, pois os dois ATIVO
lados, ativo e passivo, devem
estar em harmonia, ou seja,
equilibrados com os mes-
mos valores totais. Nesse
sentido, esse aspecto é chamado
de Equilíbrio Patrimonial, de onde resulta a
seguinte equação patrimonial:

ATIVO=PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Ao final de um período, quando comparamos os valores do Ativo com os do


Passivo, podemos obter três situações.
Pode-se afirmar então, que a riqueza líquida ou patrimônio líquido da empresa
pode ser medido pela seguinte equação:

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


50 - 51

PL=ATIVO-PASSIVO EXIGÍVEL

A entidade pode apresentar três situações patrimoniais:


a. PL > ATIVO - PASSIVO EXIGÍVEL à essa situação nos proporciona
uma situação líquida positiva, pois os valores componentes do Ativo per-
mitem solver as obrigações e ainda apresentam saldo.
Exemplo:
Ativo: $ 100.000
Passivo Exigível: 70.000
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PL= 100.000-70.000 = 30.000

b. PL < ATIVO - PASSÍVEL EXIGÍVEL à essa situação nos proporciona


uma situação líquida negativa, pois os valores componentes do Ativo NÃO
são suficientes para cobrir as obrigações. Quando ocorre essa situação,
contabilmente dizemos que a empresa apresenta um Passivo a Descoberto.
Exemplo:
Ativo: $ 70.000
Passivo Exigível: 90.000
PL=70.000-90.000 = (20.000)

c. PL = ATIVO – PASSÍVEL EXIGÍVEL à essa situação nos proporciona


uma situação líquida nula, pois os valores do Ativo cobrem tão somente
o montante das obrigações, não apresentando saldo positivo ou negativo.
Exemplo:
Ativo: $ 100.000

PL=Ativo-Passivo Exigível
II

Passivo Exigível: 100.000


PL=100.000-100.000 = 0 ( zero)

PRAZOS NO BALANÇO PATRIMONIAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Iudícibus e Marion (2000) esclarecem que em contabilidade, Curto Prazo sig-
nifica normalmente o período de até um ano. Para facilitar a interpretação e
análise do balanço, existe uma preocupação constante em estabelecer uma ade-
quada distribuição de contas.
Para tanto, duas regras básicas orientam a distribuição de contas no Balanço
Patrimonial:
Prazo: em contabilidade CURTO PRAZO significa normalmente o período
de até um ano.
Grau de Liquidez decrescente: os itens de maior liquidez são classificados em
primeiro plano. Os de menor liquidez aparecem em último lugar. Por exemplo,
entre três contas: Estoque disponível e Duplicatas a Receber, o mais líquido é o
disponível (1O lugar); em segundo lugar, recebe-se mais rapidamente as dupli-
catas do que os estoques (estes possuem uma liquidez mais lenta – 3º lugar).
Assim, pode-se relacionar tudo aquilo que a empresa receberá no Curto Prazo
(aquilo que será transformado em dinheiro) confrontando com tudo aquilo que
será pago no Curto Prazo:

ATIVO PASSIVO
Itens que já são dinheiro ou que serão
Todas as contas que serão pagas rapi-
transformados em dinheiro rapida-
damente, no Curto Prazo, ou até 1 ano.
mente (Curto Prazo).

Como essas contas recebidas e pagas rapidamente se renovam constante-


mente (estão sempre girando), foi dado o nome de Circulante (corrente), tanto
para o Ativo como para o Passivo.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


52 - 53

O grupo seguinte seria o das contas que a empresa espera muito tempo para
receber (Ativo), confrontando com as contas que se demora muito para pagar
(Passivo). Que são denominados de Longo Prazo.

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Recebe-se rapidamente Paga-se rapidamente
Recebe-se lentamente, no Longo Prazo Demora-se muito tempo para pagar

Caso a empresa tenha de esperar mais de um ano para receber, pode-se denomi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nar esse grupo de Realizável a Longo Prazo. E, por outro lado, se o período para
pagar é superior a um ano, denomina-se um Exigível a Longo Prazo. Assim, no
Passivo, existem compromissos que se pagam relativamente rápido (menos de
um ano) e compromissos demorarão mais de um ano para se pagar (exigível a
longo prazo). E o terceiro grupo será de contas que não serão pagas enquanto a
empresa estiver em atividade (IUDÍCIBUS; MARION, 2000). Esses autores com-
plementam o que é o caso do Patrimônio Líquido: enquanto a empresa estiver em
um processo de continuidade, não precisa pagar (não exigível) aos seus donos.
Iudícibus e Marion (2000) afirmam que no Ativo, o que se recebe de forma
mais rápida encontra-se em primeiro lugar (circulante), posteriormente, vem o
que demorar mais tempo para receber. Nesta sequência, em terceiro lugar, vem
o grupo dos itens que a empresa não receberá, pois não estão à venda, mas des-
tinados ao uso e à renda (permanente). Esses itens permanecem muito tempo
dentro da empresa, daí serem chamados de permanentes.

ATIVO (APLICAÇÕES) PASSIVO (ORIGENS)


Circulante Circulante
Já é dinheiro disponível (caixa ou banco
ou aplicação financeira) recursos para Obrigações da empresa que serão
o desenvolvimento das atividades da reclamadas até o prazo de um ano.
empresa (estoques de mercadorias para Geralmente corresponde a pagamen-
revenda, matérias primas, produtos tos a serem efetuados (fornecedores,
acabados etc.). Ou será recebido em até empréstimos bancários, impostos a
um ano os direitos (duplicatas e títulos a pagar etc.)
receber, impostos a recuperar etc.).

Prazos no Balanço Patrimonial


II

ATIVO (APLICAÇÕES) PASSIVO (ORIGENS)


Não Circulante Não Circulante
Obrigações da empresa que serão
reclamadas após um ano. Geralmente
Serão recebido após um ano os direitos correspondem a pagamentos a serem
(duplicatas e títulos a receber, impos- efetuados (fornecedores, empréstimos
tos a recuperar etc.). bancários, impostos a pagar etc.)
Ou ainda, os itens que compõem o Patrimônio Líquido
subgrupo do imobilizado geralmente Não precisa pagar enquanto a empre-
não se vendem, são os itens que fazem sa estiver em continuidade, trata-se
parte da infraestrutura da empresa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dos recursos próprios, consistindo no
(imóveis, máquinas, equipamentos, investimento inicial efetuado pelos
veículos etc.). sócios e resultados obtidos com as
atividades da empresa. Não é exigível,
ou seja, não precisa pagar.
Quadro 3: Balanço Patrimonial - Prazos
Fonte: O autor

ORIGENS E APLICAÇÕES

No desempenho de suas atividades, as pessoas jurídicas podem contar com recur-


sos provenientes de duas origens ou fontes:
Recursos próprios: (capital dos sócios + lucro) = (patrimônio líquido) ou
recursos de terceiros: (fornecedores, instituições financeiras, governo) = (pas-
sível exigível).
De acordo com Iudícibus e Marion(2000, p.35),
o lado do Passivo, tanto Capital de Terceiros (Passível Exigível) como Capital Próprio
(Patrimônio Líquido), representa toda a fonte de recursos, toda a origem de capital.
Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido.
Os resultados positivos apurados nas atividades empresariais também represen-
tam recursos próprios, uma vez que não correspondem às obrigações (lucro).
Portanto, são recursos próprios os decorrentes de receitas, lucros e ganhos obtidos

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


54 - 55

pela sociedade em transações com terceiros, tais como os rendimentos auferi-


dos com aplicações financeiras, aluguéis de imóveis próprios, lucros na venda
de mercadorias, produtos e serviços.
Iudícibus e Marion (2000) relatam que o lado do Ativo é caracterizado pela
aplicação dos recursos originados no Passivo e Patrimônio Líquido. Assim sendo,
o lado do ativo deve ser igual ao do passivo, ou origens iguais às aplicações.
O ativo representa as aplicações ou usos dos recursos obtidos. A análise do
passivo exigível e do patrimônio líquido possibilita a identificação das origens
ou fontes. Já a análise do ativo torna possível saber de que maneira os recursos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

obtidos estão sendo utilizados. Os recursos podem estar aplicados em estoques


de mercadorias, bens de uso, disponibilidades financeiras, contas a receber etc.
Desta forma, a pessoa jurídica obtém capital próprio e capital de terceiros e o
aplica nos bens e direitos que constituem o ativo.
Iudícibus e Marion (2000) descrevem que um dos aspectos mais impor-
tantes do passivo é avaliar a estrutura do capital (capital de terceiros e o capital
próprio). Quanto maior for o capital de terceiros, mais a empresa estará endivi-
dada, e ao analisar este item, pode-se avaliar e detectar para quem se deve e qual
o prazo (circulante ou longo prazo) da dívida e o custo da mesma.

Origens E Aplicações
II

Mercado

Microambiente

Aplicação dos Origens de


recursos recursos

ATIVO PASSIVO

Recursos de
Bens
terceiros

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Recursos
Direitos
Próprios (PL)

Figura 2: Origens e aplicação de recursos


Fonte: O autor

BALANÇO PATRIMONIAL: GRUPO DE CONTAS

De acordo com o quadro anterior, o balanço patrimonial possui algumas divi-


sões em relação a prazos e natureza das contas. O objetivo agora é realizar uma
explanação a respeito das principais contas que compõem cada um desses grupos.

ESTRUTURA PATRIMONIAL

Enquanto vigorou a lei 6.404/76, que regulamentava as Sociedades por Ações, apli-
cável às demais sociedades, a estrutura patrimonial era dividida da seguinte forma:

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


56 - 57

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente
Investimentos Permanentes Resultado de Exercícios Futuros
Imobilizado Patrimônio Líquido
Diferido

Em 2007, com a publicação da lei 11.638/07, que se converteu na lei 11.941/09,


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

com a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a contabilidade


brasileira vem sofrendo uma grande evolução, com objetivo de convergir suas
normas às Normas Internacionais de Contabilidade, emitidas pelo International
Accounting Standards (IASB).
Dessa forma, a nova estrutura patrimonial das entidades ficou definida con-
forme abaixo:

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Não Circulante Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Investimentos Permanentes
Imobilizado Patrimônio Líquido
Intangível

ATIVO

No ativo, estão representadas as contas em que se registram os bens e os direi-


tos do empreendimento.
De acordo com a lei das Sociedades por Ações (Lei 6404/76), no Ativo,
as contas devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos

Ativo
II

elementos nela registrados.


O Ativo é dividido em:
■■ Ativo Circulante.
■■ Ativo Não-Circulante.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATIVO CIRCULANTE

Serão classificados aqui todos os bens e direitos já convertidos em dinheiro ou


que se transformarão em dinheiro até o término do exercício seguinte.
Os valores numerários disponíveis em caixa e os valores em estabelecimen-
tos bancários com direito à imediata utilização.
Créditos a receber decorrentes de vendas a prazo e outras operações a prazo
realizadas pela empresa. Os valores correspondentes de títulos a receber, adian-
tamentos, impostos a recuperar e outros direitos a receber a curto prazo.
Os estoques, mercadorias adquiridas para revenda e demais itens adquiridos
para o almoxarifado. Nas empresas industriais, teríamos também o estoque de maté-
rias-primas, estoque de produtos em elaboração e estoque de produtos acabados.
Caixa: Destina-se a registrar as entradas e saídas de numerário, bem como
cheques em mãos, recebidos e ainda não depositados, pagáveis irrestrita e
imediatamente.
Bancos Conta Movimento: Destina-se a registrar as entradas e saídas de
numerários, cheques depósitos, avisos de crédito e de débito relativos às opera-
ções do empreendimento.
Aplicações Financeiras de Curto Prazo: Destina-se a registrar os valores
aplicados pela empresa junto às instituições financeiras.
Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes: Destina-se a registrar as ven-
das a prazo relativas às atividades do empreendimento.
Estoques: Representam ativos (insumos) adquiridos, em processo de elaboração e
de produtos disponíveis para venda de acordo com a atividade fim do

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


58 - 59

empreendimento. Geralmente, estão subdivididos em:


■■ Estoques de Matérias-primas.
■■ Estoques de Produtos em Elaboração.
■■ Estoques de Produtos Acabados.
■■ Estoques de Materiais Diversos.

ICMS a Recuperar: Destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao ICMS


constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relacionados com a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

atividade do empreendimento.

ATIVO NÃO CIRCULANTE

O ativo não circulante, atualmente, se divide em dois subgrupos:


a. Realizável a Longo Prazo: São classificáveis no Realizável a Longo Prazo
as contas da mesma natureza que as do Ativo Circulante, que tenham a sua
realização, certa ou provável, após o término do exercício seguinte (após
360 dias), bem como os créditos de coligadas ou controladas, diretores,
acionistas ou participantes no lucro originados de transações não usu-
ais ao objeto da companhia, estas transações podem ser decorrentes de:

ICMS a Recuperar: Destina-se a registrar os valores dos créditos relativos ao


ICMS constante nas notas fiscais de entrada (compra) de insumos relacionados com
a atividade do empreendimento, no entanto, que serão recuperadas após 360 dias.
Empréstimos ou adiantamentos: Pode ser aos diretores, acionistas ou outros
participantes no lucro, o qual o empreendimento receberá após 360 dias.
Clientes ou Duplicatas a Receber de Clientes: Destina-se a registrar as ven-
das a prazo relativas às atividades do empreendimento, o qual o recebimento se
dará após 360 dias.
b. Ativo Permanente: serão registrados neste grupo os bens e direitos de
caráter permanente na empresa, ou seja, aqueles que o empreendimento

Ativo não Circulante


II

não tem interesse de negociar e que são utilizados em processo opera-


cional de geração de caixa.

Investimentos: A característica principal deste subgrupo do Ativo é a condição


de permanente, ou seja, não se trata de uma aplicação de recurso de forma tem-
porária ou especulativa, portanto não classificável como realizável, ainda que
não se destine à manutenção do empreendimento. Podem ser:
■■ Participações permanentes em outras empresas.
■■ Aquisição de imóveis, desde que não sejam para revenda ou destinados

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à manutenção das atividades do empreendimento.
■■ Obras de arte.
Imobilizado: Constituem Ativos Imobilizados os bens e direitos de natureza perma-
nente, destinados à manutenção das atividades do empreendimento, que incluem:

IMOBILIZADO
Edifícios 500.000,00
Veículos 300.000,00
Instalações 150.000,00
Equipamentos 130.000,00
Móveis e Utensílios 28.000,00
Implementos 120.000,00
Maquinários Agrícolas 250.000,00
Terrenos 300.000,00
Sistema Aplic. Software 150.000,00
Ferramentas 45.000,00
Marcas e Patentes 180.000,00
Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 250.000,00
Quadro 4: Balanço Patrimonial – Imobilizado
Fonte: O autor

Integram o imobilizado os recursos já aplicados em bens de natureza anterior-


mente citados, mesmo que ainda não estejam em operação, mas que se destinam
a essa finalidade, por exemplo, construções em andamento, importações em

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


60 - 61

andamento etc., e os bens de caráter permanente, não destinados ao uso nas


operações, e que poderão vir a ser utilizados em futuras expansões, como pode
acontecer com terrenos, por exemplo, enquanto não for definida sua destinação,
deverão ser classificados como investimentos. A transferência para o imobili-
zado darse-á quanto for definida a sua utilização e iniciada a fase de expansão.
Intangível: Este grupo possui o registro de bens incorpóreos (não palpáveis),
ativos não monetários. São três pontos fundamentais para se classificar um ativo
como intangível: a) identificação; b) controle; e c) geração de benefícios. Este grupo
foi criado pela recente reforma na lei das Sociedades por Ações, e é o reconheci-
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mento do chamado fundo de comércio (goodwill), do capital humano, entre outros.

PASSIVO

O Passivo de uma empresa consiste em obrigações pagáveis em dinheiro, mer-


cadorias ou serviços. Essas obrigações são geralmente provenientes da aquisição
de um Ativo, da prestação de um serviço, ou então surgem de um prejuízo ou
despesas incorridos pela empresa.
No Balanço, os elementos do Passivo deverão ser, preferencialmente, vali-
dados de acordo com os seguintes critérios:
■■ Obrigações, encargos e riscos conhecidos ou calculáveis, inclusive o
Imposto de Renda a pagar com base no resultado do exercício, serão
computados pelo valor atualizado até a data do balanço.
■■ Obrigações em moedas estrangeiras, com cláusula de paridade cambial, serão
convertidas em moeda nacional à taxa de cambio em vigor na data do balanço.
■■ Obrigações sujeitas à correção monetária serão atualizadas até a data do
balanço, de acordo com o índice de atualização respectivos.

O Passivo é dividido em:


■■ Passivo Circulante.
■■ Passivo Não Circulante.

Passivo
II

Neste grupo são escrituradas as obrigações do empreendimento, inclusive finan-


ciamento para aquisição de direitos do ativo permanente, quando venceram no
exercício seguinte ao do levantamento do Balanço.
No Passivo Circulante encontraremos as seguintes principais contas:
Empréstimos e Financiamentos: Destina-se a registrar os valores empres-
tados de instituições financeiras, tais como contas garantidas, cheques especiais
e empréstimos em geral.
Salários e Ordenados a Pagar: Representa os valores relativos aos salários
devidos pela empresa aos seus funcionários quando o empreendimento não efe-

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tua o pagamento dentro do próprio mês.
ICMS a Recolher: Representa os valores relativos às obrigações do empre-
endimento com o Governo Estadual no que se refere às vendas efetuadas com
incidência desse imposto.
Fornecedores: Destina-se a registrar as aquisições de matérias-primas, ativo
permanente, uso e consumo, serviços adquiridos para pagamentos a prazo.
Passivo Não Circulante: Neste grupo são escrituradas as obrigações da
empresa vencíveis após o exercício seguinte, inclusive financiamentos para a
aquisição de direitos do ativo permanente.
É formado pelos seguintes subgrupos:
■■ Empréstimos e Financiamentos.
■■ Provisão para Imposto de Renda.
■■ Fornecedores.
■■ Provisão para Riscos Fiscais e Outros Passivos Contingentes.

Patrimônio Líquido: O Patrimônio Líquido é representado basicamente pelos


recursos colocados na empresa, na forma de capital, pelos acionistas ou quotistas
e pelos lucros que a empresa tiver apurado das suas atividades e que não tenham
sido retirados como dividendos pelos acionistas ou quotistas.
A conta Capital compreenderá o valor dos recursos investidos pelos pro-
prietários na empresa e será modificada somente quando houver alteração do
contrato social, decisão em assembleias, dependendo do tipo de sociedade.
Na conta Lucros ou Prejuízos Acumulados estará classificado o resultado

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


62 - 63

acumulado decorrente da atividade da empresa em períodos anteriores, sejam


lucros ou prejuízos. Também serão classificados neste subgrupo os resultados
obtidos pelas empresas durante o período.

CONTAS DEDUTIVAS, REDUTORAS OU


RETIFICADORAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

São contas que são assim denominadas por serem de naturezas inversas aos gru-
pos aos quais pertencem.
As principais contas redutoras de ativo são:
Provisão para devedores duvidosos: Destina-se a registrar os valores rela-
tivos às possíveis perdas no recebimento de títulos.
Duplicatas descontadas: Utilizada para registrar os valores que são entre-
gues às instituições financeiras nas operações de desconto de recebíveis para
captação de recursos para capital de giro.
Depreciação acumulada: Registra por meio de metodologia própria a perda
do valor dos itens do ativo imobilizado por uso, desgaste ou obsolescência.
E a principal conta redutora de patrimônio líquido é:
Prejuízos acumulados: Registra o resultado negativo de um período de
avaliação das receitas versus as despesas de um empreendimento. Para que o
resultado seja prejuízo, as despesas precisarão ser maiores que as receitas no
mesmo período.
Exemplos:
No Ativo Circulante ou Realizável a Longo Prazo:

DUPLICATAS A RECEBER 100.000


( - ) Desconto de duplicatas (20.000)
( - ) Provisão para Devedores Duvidosos (5.000)

Contas Dedutivas, Redutoras ou Retificadoras


II

Ativo Permanente, Imobilizado:

MAQUINÁRIOS AGRÍCOLAS 250.000


( - ) Maquinários Agrícolas – Depreciação Acumulada (50.000)

Patrimônio Líquido:

CAPITAL SOCIAL 300.000


Lucro/Prejuízo Acumulado (60.000)

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Aplicações Origens

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante - AC Passivo circulante - PC
Caixa Empréstimos e Financiamentos
Bancos Conta Movimento Fornecedores
Aplicações Financeiras Salários a Pagar Será reclamado/
O recurso já está
Duplicatas a Receber INSS a Recolher Exigido
disponível ou
( - ) Desconto de duplicatas FGTS a Recolher
estará no máximo Endividamento,
( - ) Provisão para devedores Provisão de Férias
em um ano obrigações de curto
duvidosos Provisão de 13. Salário
Adiantamento a funcionários Seguros a Pagar prazo, até um ano
Materiais de consumo Gratificações a Diretores,
Material de escritório Adm a Pagar
Material de Limpeza Gratificações a Empregados
Ativo não Circulante a Pagar
Recurso estará Títulos a Pagar
Realizável a Longo Prazo Utilidades e Serviços a Pagar
disponível após
um ano Duplicatas a Receber Obrigações Sociais
Adiantamento de Clientes
( - ) Desconto de duplicatas
Dividendos a Pagar
Permanente
Passivo não Circulante Endividamento de
Terrenos longo prazo,
Contruções em andamento Empréstimos Será reclamado/

Financiamentos
Exigido
obrigações após
( - ) Depreciação acumulada de um ano
construções em andamento Impostos a Pagar
Não se aplicam
prazo, infraestrutura Instalações
da entidade ( - ) Depreciação acumulada de Patrimônio Líquido - PL
Instalações Não será Riqueza líquida,
Capital Social reclamado
não se aplicam
Máquinas e equipamentos
Lucro ou prejuízos acumulados prazos
( - ) Depreciação acumulada de
Máquinas equipamentos

ATIVO = OBRIGAÇÕES = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Figura 3: Balanço Patrimonial - elementos explicativos


Fonte: O autor

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


64 - 65

PLANO DE CONTAS SIMPLIFICADO

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante - AC Passivo circulante - PC
Caixa Empréstimos e Financiamentos
Bancos Conta Movimento Fornecedores
Aplicações Financeiras Salários a Pagar
Duplicatas a Receber INSS a Recolher
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

( - ) Desconto de duplicatas FGTS a Recolher


( - ) Provisão para devedores duvidosos Provisão de Férias
Adiantamento a Funcionários Provisão de 13. Salário
Adiantamentos a Fornecedores Contribuição Sindical a Pagar
Empréstimos a Funcionários IRF a Pagar
Empréstimos a Sócios IPI a Pagar
Empréstimos a Diretores ICMS a Pagar
Produtos Acabados PIS a Pagar
Produtos em Elaboração COFINS a Pagar
Mercadorias para Revenda IRPJ a Recolher
Matérias-primas CSLL a Recolher
Materiais de consumo Seguros a Pagar
Material de escritório Gratificações a Diretores, Adm. a Pagar
Material de Limpeza Gratificações a Empregados a Pagar
Ativo não Circulante Títulos a Pagar
Realizável a Longo Prazo Utilidades e Serviços a Pagar
Duplicatas a Receber Obrigações Sociais
( - ) Desconto de duplicatas Adiantamento de Clientes
Permanente Dividendos a Pagar
Terrenos Passivo não Circulante
Construções em andamento Empréstimos
( - ) Depreciação acumulada de constru-
Financiamentos
ções em andamento

Contas Dedutivas, Redutoras ou Retificadoras


II

ATIVO PASSIVO
Instalações Impostos a Pagar
( - ) Depreciação acumulada de Instala-
Patrimônio Líquido - PL
ções
Máquinas e equipamentos Capital Social
( - ) Depreciação acumulada de Máqui-
Lucros ou prejuízos acumulados
nas e equipamentos
Veículos Origens = Passivo
( - ) Depreciação acumulada de Veículos Aplicações = Ativo

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Marcas e patentes Capital Próprio = PL
( - ) Amortização acumulada de Marcas
Não Exigível = PL
e patentes
Benfeitorias em imóveis de terceiros Capital de Terceiros = PC e ELP
( - ) Amortização acumulada em imóveis
 Passivo Exigível = PC e ELP
de terceiros
Reserva Florestal PL = Ativo – Passivo Exigível
( - ) Reserva Florestal – exaustão acumu-
PL = Ativo – PC - ELP
lada
Quadro 5 - Plano de contas simplificado
Fonte: O autor

BALANÇOS SUCESSIVOS

Segundo Silva (2002, p. 85), “a Contabilidade por Balanços Sucessivos é bas-


tante simples: a cada operação realizada pela empresa faz-se a alteração em um
novo balanço”.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


66 - 67

Diante disso, basta averiguar se as modificações evidenciadas no balanço estão


corretas ou não, observando:
■■ Se o total do lado Ativo é igual ao total do lado Passivo + Patrimônio
Líquido.
■■ Se o valor da operação inserido no balanço no lado do Ativo é igual ao
do lado do Passivo + PL.
■■ Se a contrapartida de um aumento do lado Ativo foi evidenciada no lado
Passivo ou diminuída do próprio lado do Ativo (no caso de operações
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

permutativas do ativo e passivo).

O autor argumenta que a contabilidade por balanços sucessivos, embora seja


correta e facilite a visualização do processo contábil, apresenta uma inconve-
niência no seu aspecto prático: não é recomendável quando a empresa realiza
muitas operações (que é o caso de quase todas as empresas). Imaginemos uma
empresa com mil operações diárias: teríamos que fazer mil balanços sucessivos,
o que seria impraticável. Dessa forma, sem perder de vista esta metodologia, uti-
liza-se outro processo mais rápido e prático: o controle individual por contas,
registrando-se aumentos e diminuições em cada conta isoladamente. Ao final
de um período determinado, relacionam-se todas as contas, de forma resumida
e ordenada, e chega-se ao Balanço Patrimonial.
Segundo Favero et al. (1997, p. 71), “o Balanço Patrimonial nada mais é do que
o inventário de todos os bens, direitos e obrigações em determinado momento”.
Para o autor, com a evolução do comércio e dos negócios, há necessidade per-
manente de se ter em mãos informações sobre a situação econô­mico-financeira da
empresa. Por isso é que existem sistemas complexos para obtenção dessas infor-
mações, procurando registrar as variações ocorridas no patrimônio, visto que
não seria viável a cada mês, semana ou mesmo diariamente efetuar um inven-
tário de todos os bens, direitos e obrigações da empresa.
No entanto, trata-se de uma poderosa ferramenta de aprendizagem na
Contabilidade, tendo em vista sua facilidade de visualização dos acontecimen-
tos ocorridos no balanço patrimonial.

Balanços Sucessivos
II

APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA

1. Os sócios A e B integralizaram em dinheiro em sua empresa recém-aberta


o valor de R$10.000 cada, que foi depositado diretamente na conta cor-
rente bancária da empresa.

O Balanço ficaria assim:

BALANÇO PATRIMONIAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Patrimônio Líquido
Banco 20.000,00 Capital Social 20.000,00
Total do Ativo 20.000,00 Total do Passivo 20.000,00

2. Compra a prazo de matérias-primas para revenda no valor de R$ 7.000,


pagamento para 30 dias.

Fica o novo balanço da seguinte forma:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Patrimônio Líquido
Banco 20.000,00 Fornecedores 7.000,00
Estoques mat.prima 7.000,00 Patrimônios Líquido
Capital Social 20.000,00
Total do Ativo 27.000,00 Total do Passivo 27.000,00

3. Aquisição de um trator para uso da empresa pelo valor de R$ 50.000,


financiado pelo Banco.

O Balanço Patrimonial após a contabilização dessa operação apresenta-se da


seguinte forma:

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


68 - 69

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Banco 20.000,00 Fornecedores 7.000,00
Estoques mat.prima 7.000,00 Exigível a Longo Prazo
Ativo permanente Financiamentos 50.000,00
Trator 50.000,00 Patrimônio Líquido
Capital Social 20.000,00
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Total do Ativo 77.000,00 Total do Passivo 77.000,00

4. Aquisição a prazo de materiais diversos (ferramentas e lubrificantes) no


valor de R$ 1.000,00. O pagamento à vista.
Nosso balanço patrimonial, após esta operação, fica estruturado da seguinte forma.

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Banco 19.000,00 Fornecedores 7.000,00
Estoques mat.prima 7.000,00 Exigível a Longo Prazo
Estoques mat.diversos 1.000,00
Ativo Permanente Financiamentos 50.000,00
Trator 50.000,00 Patrimônio Líquido
Capital Social 20.000,00
Total do Ativo 77.000,00 Total do Passivo 77.000,00

Como mencionamos anteriormente, o objetivo da metodologia dos balanços


sucessivos é demonstrar como se forma o balanço patrimonial de uma empresa,
visto que cada evento, ou fato administrativo, altera a posição dos elementos da
estrutura patrimonial.
Observe que os eventos apresentados neste exemplo não se referiam a ope-
rações que influenciam o resultado da empresa, ou seja, que venham a trazer
lucro ou prejuízo. Ao estudarmos a Demonstração do Resultado do Exercício
trataremos destas operações.

Apresentação da Metodologia
II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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INTRODUÇÃO

Também denominada Demonstração da Dinâmica Patrimonial, a Demonstração


do Resultado do Exercício evidencia, de uma forma estruturada, os componentes
que provocaram a alteração na situação líquida patrimonial (patrimônio líquido)
em determinado período. Ela é elaborada seguindo o princípio de confrontação
das receitas com as despesas. Como o próprio nome diz, este relatório evidencia
(demonstra) o resultado (lucro ou prejuízo) que a empresa obteve num determi-
nado período (ano, semestre, bimestre, mês). Por isso, trata-se da demonstração
que torna evidente o lucro ou prejuízo da entidade em questão, de um deter-
minado período. Se as despesas forem maiores que as receitas, o resultado será
prejuízo. Contrariamente, se as receitas forem maiores que as despesas, o resul-
tado será lucro no período.
Segundo Iudícibus e outros(2009), a apresentação o DRE é de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas até que seja encontrado
o lucro ou prejuízo.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


70 - 71

DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITAS

Segundo Ferrari (2001), receita representa a entrada de recursos para o Ativo, sob
forma de dinheiro, direitos a receber e outros. Entre outras formas, tem origem
nas vendas de mercadorias (empresa comercial), de produtos (empresa indus-
trial) ou serviços (empresa prestadora de serviços). São entradas de elementos
para o ativo do empreendimento, na forma de bens ou direitos, que sempre pro-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vocam um aumento da situação líquida.


Na atividade rural, as receitas correspondem ao valor obtido com a venda
da produção e a exploração das atividades desenvolvidas pelos estabelecimentos,
tais como: venda de produtos vegetais, de flores, plantas ornamentais e gramas,
de animais e produtos de origem animal, de rãs e peixes, produtos transforma-
dos nos estabelecimentos (indústria rural), serviços industriais ou outros serviços
prestados a terceiros, exploração mineral, venda de máquinas, veículos e imple-
mentos e outras receitas.

CUSTOS

Gastos com o consumo de um fator de produção, medidos em termos monetários


para obtenção de um produto, de um serviço, ou de uma atividade que deverá
gerar receitas. São considerados custos a remuneração dos fatores de produção
(mão de obra, capital, máquinas, instalações, materiais e serviços) utilizados na
preparação e execução de um processo produtivo.
Os custos de produção estão subdivididos, contabilmente, em três categorias:
■■ Matéria-prima.
■■ Mão de obra direta.
■■ Custos indiretos de produção.

Demonstrativo de Resultado do Exercício


II

Devido à grande importância dos custos na apuração do resultado de uma


empresa, pois estes influenciam o preço de venda, assim como a complexidade
no seu rateio aos produtos desenvolvidos, vamos aprofundar um pouco mais
neste assunto numa unidade específica.

DESPESAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ferrari (2001) conceitua despesas como “variações negativas do patrimônio
líquido. Entre outras formas, tem origem no consumo de bens e na utilização de
serviços. Visam, direta ou indiretamente, à obtenção de receitas”.
Favero et al.(1997, p. 95) descrevem que “despesa representa os sacrifícios de
recursos com que a entidade se vê obrigada a arcar para a obtenção da receita”.
Exemplificando: para que um empreendimento possa comercializar certo produto,
vários “esforços” financeiros ocorrem para colocar esse produto em condições
de comercialização. São efetuados gastos com a aquisição das mercadorias,
transporte, estocagem, mão de obra etc, representam os sacrifícios financeiros
efetuados para queo empreendimento possa obter a receita da comercialização
das mercadorias. Os autorem lembram que nunca é tarde lembrar que em con-
dições normais, esse sacrifício não deve superar os benefícios esperados, pois
nesse caso não valeria a pena tal esforço, ou seja, às despesas seriam superiores
as receitas e conclusivamente o resultado seria prejuízo (FAVERO et al. 1997).
A ocorrência de uma despesa se dá quando se consomem ou utilizam bens
e serviços no processo de se obter receitas. A contabilidade reconhece a despesa
através de sua contabilização em contas de natureza específica, aqui denomina-
das de contas de resultado ou diferenciais.
As despesas representarão:
■■ Uma diminuição do Ativo, sem alterações dos valores do Passivo, quando
forem pagas à vista.
■■ Um aumento do Passivo, sem alterações dos valores do Ativo, quando

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


72 - 73

forem para pagamentos posteriores.


■■ Uma diminuição do Ativo sem alterações no Passivo, quando forem resul-
tantes de gastos diferidos e apropriados no período, sem função de sua
realização.
■■ Uma diminuição do Ativo sem alterações no Passivo, quando forem resul-
tantes de depreciação, exaustão, amortização etc.

É importante lembrar que nas colocações acima está implícita a ocorrência do


consumo. Pois caso não haja o consumo, a simples compra de materiais para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

o almoxarifado, tanto à vista como a prazo, não pode ser caracterizada como
despesa. Necessário se torna a ocorrência do consumo, que é o fato gerador da
despesa para caracterizar sua ocorrência (FAVERO et al. 1997).
Dentro do contexto de um empreendimento que produz ou fabrica produ-
tos, despesa é o valor dos insumos não identificados com a produção e que
são consumidos para o funcionamento do empreendimento, isto é, refere-se
às atividades não produtivas do empreendimento, geralmente sendo sepa-
radas em Administrativa, Comercial e Financeira. Portanto, as despesas são
diferenciadas dos custos pelo fato de estarem relacionadas com a adminis-
tração geral do empreendimento, ao passo que os custos estão ligados com a
fábrica e a produção.

Gastos

Indústria/ Fábrica (Custos)

Vendas/ Comercialização Administração/ controladoria


(Despesas) (Despesas)

Gastos

Figura 4: Segregação entre gastos, despesas e custos


Fonte: O autor

Despesas
II

Para o levantamento do Balanço Patrimonial, as contas de resultado são encerradas


debitando-se uma a uma as contas de receitas (natureza credora) e creditando-
se, uma a uma, as contas de custos/despesas (natureza devedora), pelo valor de
seus respectivos saldos, tendo como contrapartida, em ambos os casos, uma
conta transitória que denominamos RESULTADO DO EXERCÍCIO, que está
evidenciada no Balanço Patrimonial, no grupo do Patrimônio Líquido.
Do resultado são retirados os valores referentes à provisão para impostos e às
participações de debenturistas, empregados, empregadores e partes beneficiárias
nos lucros para, finalmente, esta conta ser encerrada mediante a transferência

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de seu saldo para os lucros ou prejuízos acumulados.
A Demonstração do Resultado do Exercício é, tão somente, a estruturação,
ordenação da movimentação desta conta que transitoriamente recebe todas as
receitas custos/despesas.

OBJETIVO

O objetivo da DRE é fornecer aos usuários das demonstrações financeiras do


empreendimento os dados básicos e essenciais da formação do resultado do
exercício (lucro ou prejuízo).

OBRIGATORIEDADE

É uma demonstração obrigatória, conforme determina o art. 175 da Lei n.º


6.404/76.

CONTEÚDO

A Lei atual define o conteúdo da Demonstração do Resultado do Exercício,

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


74 - 75

que deverá ser apresentado na forma dedutiva, com os detalhes necessários


das receitas, despesas, ganhos e perdas e definindo claramente o lucro ou pre-
juízo líquido do exercício, e por ação, sem confundir-se com a conta de Lucros
Acumulados, onde é feita a distribuição ou alocação do resultado. O art. 187 da
Lei das S.A. determina:
A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os
abatimentos e os impostos;

II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

serviços vendidos e o lucro bruto;

III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das


receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas opera-
cionais;

IV - o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não opera-


cionais e o saldo da conta de correção monetária (art. 185, § 3o.);
V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre Renda e a provisão
para o imposto;

VI - as participações de debêntures, empregados, administradores


e partes beneficiárias, e as contribuições para instituições ou fundos
de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizam
como despesa;

VII - o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação


do capital social.

§ 1o. Na determinação do resultado do exercício serão computados:


a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente
da sua realização em moeda; e

b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, corres-


pondentes a essas receitas e rendimentos.

§ 1o. O aumento do valor de elementos do ativo em virtude de novas


avaliações, registrado como reserva de reavaliação (art. 181, § 3o.), so-
mente depois de realizado poderá ser computado como lucro para efei-
to de distribuição de dividendos ou participações.

Despesas
II

FORMA DE PREPARAÇÃO DO DRE

As receitas e as despesas são apropriadas ao período pelo regime de competên-


cia, ou seja, em função de sua incorrência e da vinculação da despesa à receita,
independentemente dos seus reflexos no caixa. A Lei das S.A. não admite exce-
ções. Algumas praticadas hoje decorrem de legislações normalmente fiscais,
ainda divergentes da lei societária.
Resumidamente, a demonstração pode ser descrita da seguinte forma:
a. é iniciada com o valor total da receita apurada nas suas operações de

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vendas, da qual é deduzido o custo total correspondente a essas ven-
das, apurando-se a margem bruta, ou seja, o lucro bruto;

b. são apresentadas as despesas operacionais segregadas por subtotais,


conforme sua natureza;

c. deduzindo-se as despesas operacionais totais do lucro bruto, apresen-


ta-se o lucro operacional;

d. após o lucro operacional, apresenta-se as receitas e despesas não ope-


racionais;

e. apura-se então o resultado antes do imposto de renda;

f. deduz-se a provisão para o imposto de renda e, em seguida, as parti-


cipações de terceiros não acionistas, calculáveis sobre o lucro;

g. chega-se, assim, ao lucro líquido do exercício, que é o valor final da


demonstração.

A lei exige, ainda, a apresentação do montante do lucro por ação, no caso de


Sociedades Anônimas.
Como é uma demonstração de resultados, a sua estrutura vai mostrar os
diversos “resultados” que a empresa foi auferindo na exploração da sua ativi-
dade. Vide exemplo abaixo:

RECEITA BRUTA
(–) Deduções
(=) RECEITA LÍQUIDA
(–) Custos dos produtos vendidos
(=) LUCRO BRUTO

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


76 - 77

(–) Despesas do período


(=) LUCRO OPERACIONAL
(–) Perdas
(=) LUCRO ANTES DA DISTRIBUIÇÃO
(–) Impostos e Participação dos Empregados
(=) LUCRO LÍQUIDO
(–) Dividendos
(=) LUCRO RETIDO PELA EMPRESA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ficam claras, nesta estrutura simples, as informações de como a receita foi sendo
“consumida” pelos diversos gastos e distribuições, os resultados após estas dedu-
ções e o que restou para sócios e a própria empresa.
Esta riqueza de detalhamento é que propicía o número de informações neces-
sárias para a tomada de decisão, que é o propósito fundamental da contabilidade.

FORMA DE APRESENTAÇÃO

O resultado é subdividido em alguns tópicos, como: lucro bruto, lucro opera-


cional, resultados não operacionais, impostos e participações sobre o lucro e
resultado líquido.
Abaixo, são apresentados os títulos dos grupos de contas e demais itens que
compõem a DRE:

I. Receita bruta de vendas


a. De mercadorias

b. De serviços

II. Deduções da receita bruta


a. Impostos s/ vendas

b. Devoluções

Forma de Preparação do DRE


II

c. Abatimentos incondicionais concedidos

III. Receita líquida de vendas

IV. Custo dos produtos vendidos e dos serviços prestados

V. Resultado operacional bruto

VI. Despesas operacionais

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a. De vendas

b. Administrativas

c. Encargos financeiros líquidos

d. Outras receitas e despesas operacionais

VII. Lucro operacional

VIII. Resultados não operacionais


a. Ganhos não operacionais

b. Perdas não operacionais

IX. Resultado antes do imposto de renda

X. Provisão p/ o imposto sobre a renda e contribuição social

XI. Participações e contribuições

XII. Lucro (prejuízo) líquido do exercício

XIII. Lucro (prejuízo) por ação


Exemplo:

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


78 - 79

DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO 01/04/2009 A 30/04/2009


RECEITA BRUTA 600.000
Vendas de Grãos - Soja 600.000
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (179.249)
Devoluções de Vendas (22.500)
Descontos Incondicionais (34.650)
ICM s/vendas (97.713)
PIS s/faturamento (3.529)
COFINS (10.857)
Abatimentos (10.000)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(=) RECEITA LÍQUIDA 420.751


CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA-
(-) (300.000)
SOJA
(=) LUCRO BRUTO 120.751
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (56.200)
DESPESAS C/VENDAS (30.000)
Fretes (23.000)
Combustíveis (7.000)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS (25.000)
Salários (12.000)
Pró-labore (6.000)
Aluguel (2.000)
Depreciação (5.000)
(+/-) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO (1.200)
Despesas financeiras (4.000)
Receitas financeiras 2.800
(=) LUCRO ANTES DO I.R. e C.S. 64.551
IRPJ (9.683)
Contrib. Social (5.164)
(=) LUCRO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES 49.705
Participação Empregados (994)
Participação Administradores (974)
(=) LUCRO LIQUIDO DO EXERCÍCIO 47.736

Forma de Preparação do DRE


II

COMENTÁRIOS SOBRE OS ITENS QUE COMPÕEM A DRE

RECEITA OPERACIONAL BRUTA

A Receita Operacional Bruta do empreendimento é constituída pelo valor bruto


faturado. O faturamento representa o ingresso bruto de recursos externos prove-
nientes das operações normais de venda a prazo ou à vista, no mercado nacional

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e exterior, de produtos, mercadorias ou serviços. Outras receitas de caráter ope-
racional secundário devem figurar após o Lucro Bruto.
É interessante notar que a legislação tributária define a Receita Bruta como
vendas faturadas menos impostos diretos não cumulativos, como o IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) que, portanto, não se inclui entre os impostos
incidentes sobre vendas. Assim, a Receita Bruta é dada pelas vendas faturadas
menos esses impostos, enquanto a Receita Líquida é dada pela Receita Bruta
menos as deduções de abatimentos e devolução, menos os impostos incidentes
sobre vendas, como ICMS, ISS, e menos os encargos diretamente proporcionais
às vendas, como PIS e COFINS.
Isso não é exatamente o que prevê a Lei das S.A., que não faz nenhuma dis-
tinção entre as citadas categorias de impostos, bem como não se refere a encargos
proporcionais às vendas.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


80 - 81

DEDUÇÕES DAS VENDAS

Correspondem ao que deve ser deduzido da Receita Operacional Bruta. São


deduções os impostos incidentes sobre vendas, as vendas canceladas e os aba-
timentos concedidos:
a. Impostos incidentes sobre vendas:
■■ IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.
■■ ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Transportes.
■■ ISS – Impostos Sobre Serviços.
■■ PIS – Programa de Integração Social.
■■ COFINS – Contribuição para Financiamento da Seguridade Social.

b. Vendas canceladas: é a conta devedora que registra o montante das ven-


das devolvidas pelos clientes, tendo em vista defeitos apresentados ou não
atendimento das especificações do pedido.

c. Abatimentos sobre Vendas: compreendem os descontos concedidos aos


clientes, após a entrega de produtos/mercadorias, por defeitos de quali-
dade, danos de entrega, não atendimento completo de especificações etc.

Como já citado, após estas deduções, temos a Receita Operacional Líquida.

CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS E DOS SERVIÇOS PRESTADOS

Nas empresas industriais, caracterizadas pela transformação de bens e sua comer-


cialização, o custo é dado pela seguinte fórmula:

CPV EI CPP EF

Onde,

Comentários Sobre os Itens que Compõem a DRE


II

CPV= Custo da Produção Vendida


CPP= Custo de Produção do Período
EI = Estoque Inicial
EF = Estoque Final
No caso das empresas prestadoras de serviços, o custo corresponde aos valores
incorridos para a prestação dos serviços. Os itens componentes do Custo dos
Serviços Prestados variam de empresa para empresa, em função do seu próprio
ramo de atividade, entretanto, os mais comuns são os custos com a mão de obra
direta (o executante do trabalho), que correspondem à maior parcela dos custos,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como também o custo de alguns materiais que porventura tenham sido utiliza-
dos na prestação destes. Há, porém, casos de empresas prestadoras de serviços
que não evidenciam na demonstração do resultado o custo dos serviços presta-
dos, contabilizando-o com as despesas operacionais.
Para as empresas comerciais, caracterizadas pela atividade de compra de
mercadorias para serem revendidas no mercado, o custo das mercadorias ven-
didas apresentam os seguintes componentes:

CMV EI CL EF

Onde,
CMV= Custo das Mercadorias Vendidas
EI = Estoque das mercadorias destinadas à venda no início do exercício
CL = Compras líquidas
EF = Estoque das mercadorias destinadas à venda no final do exercício
Após deduzidos os Custos de Produção, obtemos então o Lucro Bruto.

DESPESAS OPERACIONAIS

As despesas operacionais, segundo a lei societária, compreendem as despesas neces-


sárias para o empreendimento funcionar, isto é, vender, administrar e financiar
suas atividades. Não se confundem com as despesas de produção, ou seja, aque-
las necessárias para transformar a matéria-prima em produto acabado. São elas:

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


82 - 83

a. Despesas de Vendas: representam as despesas necessárias para as vendas,


bem como as de promoção e distribuição dos produtos do empreendimento
no mercado, e ainda, os riscos assumidos pela venda, como garantias e
provisão para devedores duvidosos.
b. Despesas administrativas: compreendem as despesas incorridas para
a direção e execução das tarefas administrativas, bem como as despesas
gerais que beneficiam os negócios do empreendimento.
c. Despesas Financeiras: representam a remuneração paga a terceiros que
financiaram o empreendimento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

d. Receitas Financeiras: representam os ganhos de capitais aplicados em


investimentos temporários, bem como outros ganhos de natureza finan-
ceira, como recebimento de juros por atraso de recebimento:
■■ Descontos Obtidos: decorrem de pagamentos antecipados de dupli-
catas a fornecedores.
■■ Juros ativos: referem-se aos juros cobrados de clientes por atraso de
pagamentos, postergação de vencimento de títulos etc.
■■ Receita de investimentos temporários: aqui são registradas as receitas
totais provenientes de aplicações temporárias de caixa.
e. Outras Receitas e Despesas Operacionais: participação nos resultados
de coligadas e controladas pelo método de equivalência patrimonial: com-
preende os acréscimos ou diminuições de investimentos avaliados pela
equivalência patrimonial, em função de lucros ou prejuízos nas coliga-
das ou controladas:
■■ Dividendos e rendimentos de outros investimentos: referem-se às recei-
tas auferidas pela empresa, provenientes de outros investimentos que
não os avaliados pelo método patrimonial.
■■ Amortização de Ágio ou Deságio de Investimentos: compreende os
ganhos ou perdas decorrentes de amortização de ágio ou deságio ocorrido
na aquisição de ações e quotas avaliadas pela equivalência patrimonial.
■■ Receitas diversas: compreendem receitas provenientes de transações
eventuais ou secundárias.
Da mesma maneira, após a dedução das Despesas, temos o Lucro Operacional.

Comentários Sobre os Itens que Compõem a DRE


II

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

É a diferença entre as receitas de vendas e o valor gasto para produzir os produ-


tos e para manter a atividade da empresa.
O lucro apurado é o que se pode chamar de lucro dos acionistas, pois, além dos
itens normais, já se deduzem como despesas o imposto de renda e as participações
sobre os lucros a outros que não os acionistas, de forma que o lucro líquido demons-
trado é o valor final a ser adicionado ao patrimônio líquido do empreendimento
que, em última análise, pertence aos acionistas ou é distribuído como dividendo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Destinação dos Lucros:
■■ Debêntures: são juros de títulos de longo prazo emitidos para captar recur-
sos (empréstimos) junto ao público em geral.
■■ Funcionários e administradores: complemento à remuneração destes,
normalmente definido em estatuto ou contrato social.
■■ Própria empresa: retenção do lucro para reinvestimento.
■■ Doações: para instituições ou fundos de assistência ou previdência de
empregados.

A destinação dos lucros não compromete a capacidade de operação e geração de


riquezas da empresa, visto que há de se obedecer critérios de percentuais pre-
viamente estabelecidos para que não se “esgote” ou “estoure” o Lucro Líquido
obtido pela empresa.

Tipos de Lucros:
■■ Lucro Operacional: oriundo da atividade operacional da empresa.
■■ Lucro Não operacional: oriundo de eventos não ligados à atividade fim.
■■ Lucro Tributável: base de cálculo para o IR e a CSLL.
■■ Lucro Cessante: suposto lucro que a empresa teria se não tivesse disposto
de um determinado bem.

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


84 - 85

RESULTADO DA ATIVIDADE EM DETERMINADO PERÍODO E SEU


REFLEXO NO BALANÇO PATRIMONIAL
Considerando o Balanço Patrimonial levantado anteriormente e os fatos abaixo des-
critos, vamos estruturar uma DRE e observar as alterações consequentes no Balanço
Patrimonial.
Para facilitar nosso entendimento didático, vamos considerar que esta empresa é
uma empresa comercial, isto é, revende semente, adubos e insumos. Oportunamen-
te trataremos de empresa com perfil produtor.
Balanço Patrimonial encerrado em 01/2009:

BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Banco 19.000,00 Fornecedores 7.000,00
Estoques mat.prima 7.000,00 Exigível a Longo Prazo
Estoques mat.diversos 1.000,00
Ativo Permanente Financiamentos 50.000,00
Trator 50.000,00 Patrimônio Líquido
Capital Social 20.000,00
Total do Ativo 77.000,00 Total do Passivo 77.000,00
Fatos Administrativos:

1. Venda de 60% do estoque pelo valor de $ 15.000,00 (venda total), sendo 40% à
vista e 40% a prazo. Impostos na ordem de 12%. Comissão aos vendedores na
ordem de 7%. Tanto impostos como comissões serão pagas no próximo mês.
2. Pagamento de fornecedores no valor de $ 3.300,00.
3. Utilização de 30% dos materiais diversos.
4. Pagamento de parcela do financiamento do trator, valor de $ 1.200,00. Conside-
re $ 370,00 de juros embutido na parcela.
5. Reconhecimento de depreciação do trator no primeiro mês, valor de $ 1.040,00.
Impacto no balanço patrimonial:
Venda à vista Aumento no saldo do Banco $ 6.000,00
Venda a prazo Criação da conta Duplicatas a Receber $ 9.000,00
Baixa de 60% do estoque Redução na conta Estoque $ 4.200,00
Impostos – 12% s/ vendas Criação da conta Impostos a recolher $ 1.800,00
Comissões – 7% s/ vendas Criação da conta Comissões a pagar $ 1.050,00
Pagamento a fornecedores Redução do saldo de Fornecedores e $ 3.300,00
redução no saldo de Banco
Utilização de 30% dos ma- Redução do saldo de Estoques de $ 300,00
teriais diversos Materiais Diversos
Pagamento da 1ª parcela do Redução da conta Financiamentos
financiamento trator (somente o principal) e redução na $ 1.2000,00
conta Banco (valor total da parcela)
Reconhecimento de depre- Criação da conta redutora Deprecia- $ 1.040,00
ciação ção Acumulada – Tratores

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA 15.000,00


(–) DEDUÇÕES DA RECEITA (1800,00)
IMPOSTOS S/ VENDAS (1.800,00)
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 13.200,00
(–) CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA (4.200,00)
(=) LUCRO BRUTO 9.000,00
(–) DESPESAS OPERACIONAIS (2.760,00)
COMISSÕES S/ VENDAS (1.050,00)
MATERIAIS DIVERSOS (300,00)
DEPRECIAÇÃO (1.040,00)
JUROS S/ FINANCIAMENTOS (370,00)
(=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 6.240,00
86 - 87

BALANÇO PATRIMONIAL ENCERRADO EM 02/2009:

ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE CIRCULANTE
Banco 20.500,00 Fornecedores 3.700,00
Duplicatas a Receber 9.000,00 Impostos a recolher 1.800,00
Estoque Matéria-Prima 2.800,00 Comissões a pagar 1.050,00
Estoque Mat. Diversos 700,00
NÃO CIRCULANTE
NÃO CIRCULANTE Financiamentos 49.170,00
PERMANENTE
Tratores 50.000,00 PATRIMÔNIO LÍQUIDO
(-) Deprec.Acumulada – Tratores (1.040,00) Capital Social 20.000,00
Lucros Acumulados 6.240,00

TOTAL DO ATIVO 81.960,00 TOTAL DO PASSIVO 81.960,00


II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desta unidade, foi possível ter uma noção muito clara da disposição
dos bens, direitos e obrigações e, consequentemente, do patrimônio líquido das
entidades. Os bens e direitos se tornaram o ativo e as obrigações se tornaram
o passivo e o patrimônio líquido. Foi possível também verificar que o passivo
nada mais é que as origens (entradas) dos recursos patrimoniais, e o ativo cor-
responde ao local onde esses recursos são aplicados. Eu costumo dizer que o que
a empresa possui está no ativo, o passivo é apenas para justificar de onde está

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vindo os recursos. Isso pode ser melhor observado com a utilização do método
de ensinoaprendizagem dos balanços sucessivos. Apesar de trabalhoso e não uti-
lizado na prática das entidades, esse método é muito útil no entendimento da
movimentação dos recursos patrimoniais.
Foi possível também perceber que para o balanço patrimonial ser melhor
organizado, ele teve os seus recursos divididos em grupos. O ativo atualmente
está dividido em ativo circulante, onde contempla os recursos que são disponí-
veis ou serão recebidos em até um ano. No ativo circulante, fica registrado os
recursos que são utilizados no “giro” da empresa. No ativo não circulante, são
classificados os recursos que serão recebidos após um ano ou que não são para
o “giro” da empresa, ou seja, a infraestrutura, máquinas, móveis, veículos, equi-
pamentos, edificações, e os investimentos da entidade.
No lado direito do balanço patrimonial, chamado de passivo, existem três
grupos, o passivo circulante, onde são classificadas as obrigações que serão
reclamadas em até um ano. No passivo não circulante, as obrigações que serão
reclamadas após um ano. E por fim, o patrimônio líquido, onde ficam registra-
dos os recursos transferidos pelo sócios para iniciar as atividades da empresa
(capital social) e o resultado (lucro/prejuízo) que a empresa obtém com a ativi-
dade que ela desenvolve. E é sobre como a empresa chega ao resultado (lucro/
prejuízo) que nos dedicaremos na próxima unidade.
O demonstrativo de resultado (DRE) é o que chamo de detalhamento da
conta lucro/prejuízo acumulado, que se encontra no patrimônio líquido do
balanço patrimonial. Ele é um relatório que sumariza o que foi realizado na enti-
dade em um determinado período, naquilo que essa entidade se propôs a fazer

BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO


88 - 89

quando foi ao mercado (atividade econômica). Exemplificando, imagine uma


indústria de doces. Ela compra matérias-primas e com o uso de mão de obra e
sua infraestrutura (edificação, máquinas e equipamentos) transforma essas maté-
rias-primas em produtos, e com uso de uma área administrativa e de vendas,
se esforça para colocar esse produto no mercado (vender). O demonstrativo de
resultado (DRE) vai detalhar financeiramente o que ocorreu nessa atividade por
um certo período (mês, semana, bimestre, semestre, ano). Vai verificar quanto
vendeu (receitas brutas), qual o valor dos impostos provenientes dessa venda
(imposto de renda, PIS, COFINS, ICMS, IPI), qual o custo dos doces vendidos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(matérias-primas, mão de obra e infraestrutura), as despesas com a adminis-


tração e, com as vendas e por fim, verificar qual foi o resultado dessa atividade.

Considerações Finais
1. Descreva 3 fontes de receitas das entidades.
2. Explique o que são Despesas e cite cinco exemplos.
3. O que significa o resultado apurado no DRE?
Atividade Resolvida
1. A Cia Industrial Rio Negro Ltda. apresentou em 16/03/2007 um balancete com
as seguintes contas:

Capital Social 785.156


Terrenos 543.000
Lucro Acumulado ?
Duplicatas a Receber 197.000
Mercadorias para revenda 651.000
Veículos 651.651
Empréstimos e financiamentos 135.498
Produtos acabados 25.546
Investimentos temporários 216.256
Obras em andamento 879.156
ICMS a recolher 1.800
Matérias-primas 165.000
Títulos a receber 90.000
Móveis e utensílios 21.542
Bancos conta corrente 154.885
Instalações 15.422
Obras de arte 73.119
Duplicatas a Receber (+ 1 ano) 86.000
Máquinas, aparelhos e equipamentos 154.655
Títulos a receber (+ 1 ano) 37.500
Impostos a recuperar (+ 1 ano) 23.006
Fornecedores 350.000
Salários a pagar 59.807
Empréstimos e financiamentos (+ 1 ano) 300.324
90 - 91

Títulos a pagar (+ 1 ano) 19.789


Impostos a recuperar 85.498
Caixa 3.500
Empréstimo a Diretores 16.548
Títulos a pagar 31.975
I.R. a recolher 19.159
Adiantamentos a terceiros 17.927
Utilidades e serviços a pagar 19.248
Férias e 13º salário a pagar 79.685
Aplicações de liquidez imediata 92.492
Material de escritório 9.294
Gratificações de empregados a pagar 92.849
Obrigações fiscais e sociais 71.928
Gratificações a diretores, administradores a pagar 58.197
Cofins a recolher 5.918
Adiantamento de clientes 97.169
PIS a recolher 1.640
Material de limpeza 1.851
(-)provisão para crédito de liquidação duvidosa (+ 1 ano) (8.570)
(-) Móveis e utensílios - Depreciação acumulada (4.700)
(-) provisão para crédito de liquidação duvidosa (5.000)
(-) Máquinas, aparelhos e equipamentos - Depreciação acumulada (20.000)
(-) Instalações - Depreciação acumulada (25.400)
(-) duplicatas descontadas (45.000)
(-) Veículos - Depreciação acumulada (80.000)
2. Levante o Balanço Patrimonial e calcule o valor do Lucro Acumulado.

ATIVO PASSIVO E PL
Circulante   Circulante  
Caixa 3.500 Cofins a Recolher 5.918
Bancos Conta Corrente 154.885 Emprést. e Financ. 135.498
Títulos a Receber 90.000 Férias e 13º Salários a Pagar 79.685
Duplicatas a Receber 197.000 Fornecedores 350.000
(-) Duplicatas Descontadas (45.000) Grata Dir. Adm. a Pagar 58.197
(-) Provisão p/ Créd. de Liq. Duvidosa (5.000) Grat. a Empreg. a Pagar 92.849
Aplicação de Liq. Imediata 92.492 IR a Recolher 19.159
Empréstimo a Diretores 16.548 ICMS a Recolher 1.800
Adiantamento a Terceiros 17.927 Obrig.Fiscais e Sociais 71.928
Impostos a Recuperar 85.498 PIS a Recolher 1.640
Material de Escritório 9.294 Salários a Pagar 59.807
Material de Limpeza 1.851 Títulos a Pagar 31.975
Matérias-Primas 165.000 Utilidades e Serv. a Pagar 19.248
Mercadorias para Revenda 651.000 Adiant. de Clientes 97.169
Produtos Acabados 25.546 Total do PC 1.024.873
Total do AC 1.460.541 Exigível a L.P.
Realizável a L.P. Emprést. e Financ. 300.324
Títulos a Receber 37.500 Títulos a Pagar 19.789
Impostos a Recuperar 23.006 Total do ELP 320.113
Duplicatas a Receber 86.000  
(-) Provisão p/ Créd. de Liq. Duvidosa (8.570) Patrimônio Líquido
Total do RLP 137.936 Capital Social 785.156
Permanente Lucro Acumulado 1.993.036
Obras de Arte 73.119 Total do PL 2.778.192
Terreno 543.000  
Investimentos Temporários 216.256  
Instalações 115.422  
92 - 93

ATIVO PASSIVO E PL
(-) Instalações Deprec. Acumulado (25.400)  
Máquinas e Apar. e Equip. 154.655  
(-) Máq. e Ap. e Equip. Dep. Acumul. 20.000)  
Móveis de Utensílios 21.542  
(-) Móveis e Utens. Deprec. Acumul. (4.700)  
Veículos 651.651  
(-) Veículos – Deprec. Acumul. (80.000)  
Obras em Andamento 879.156  
Total do AP 2.524.701  
TOTAL 4.123.178 TOTAL 4.123.178

3. Com base nas informações abaixo, elabore o Dem. de Resultado do Exercício.

FATOS OCORRIDOS NO MÊS 04/2007


Venda de Mercadorias 300.000
Custo da Mercadoria Vendida 150.000
Devolução de Vendas 11.250
Descontos Incondicionais 60.000
Despesas com Vendas
Salários 20.000
Telefone 5.000
Comissões 3.000
Combustíveis 2.000
Despesas Administrativas
Salários 12.000
Pró-labore 6.000
Aluguel 2.000
Depreciação 5.000
Receitas e Despesas Financeiras
Juros Pagos 3.000
FATOS OCORRIDOS NO MÊS 04/2007
Juros Recebidos 2.000
Descontos Concedidos 1.000
Descontos Auferidos 800
Demais Informações
Participação Empregados 5.000
Participação Administradores 3.000
Simples Federal 3%
Simples Estadual 2,50%
Venda de Imobilizado 50.000
Venda de Investimento 30.000

RESOLUÇÃO:
DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO 01/04/2007 A 30/04/2007
RECEITA BRUTA 300.000
Vendas de Mercadorias 300.000
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA (83.831)
Devoluções de Vendas (11.250)
Descontos Incondicionais (60.000)
Simples Federal (6.863)
Simples Estadual (5.719)
(=) RECEITA LÍQUIDA 216.169
(-) CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA (150.000)
(=) LUCRO BRUTO 66.169
(-) DESPESAS OPERACIONAIS (56.200)
DESPESAS C/VENDAS (30.000)
Salários (20.000)
Telefone (5.000)
Comissões (3.000)
94 - 95

RESOLUÇÃO:
Combustíveis (2.000)
DESPESAS ADMINISTRATIVAS (25.000)
Salários (12.000)
Pró-labore (6.000)
Aluguel (2.000)
Depreciação (5.000)
DESPESAS FINANCEIRAS (4.000)
Juros Pagos (3.000)
Desc. Conced. (1.000)
RECEITAS FINANCEIRAS 2.800
Juros Ativos 2.000
Desc. Auferidos 800
(+/-) RESULTADO NÃO OPERACIONAL 80.000
Venda de Imob. 50.000
Venda de Invest. 30.000
(=) RESULTADO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES 89.969
PARTICIPAÇÕES (8.000)
Part. Empregados (5.000)
Part. Administ. (3.000)
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 81.969
MATERIAL COMPLEMENTAR

Prezado(a) acadêmico(a), esse vídeo mostra aspectos sobre o Balanço Patrimonial:


<http://www.youtube.com/watch?v=vogdvZWmrDw&list=SP931B17185B5C1618>.

Esse vídeo mostra as fontes de recurso das empresas:


<http://www.youtube.com/watch?v=tvcLFD6HMSI&list=SP931B17185B5C1618>.

Esse vídeo demonstra o uso do Demonstrativo de Resultado:


<http://www.youtube.com/watch?v=eOd7lVvcQsM>.

A biblioteca virtual do Conselho Federal de Contabilidade apresenta mais


de 50 obras que podem ser acessadas sobre diversos assuntos. Entre tantos
assuntos, recomendo o Manual de Procedimentos Contábeis para Micro e
Pequenas Empresas, que apresenta de forma simplificada e leitura acessível,
questões relacionadas ao que foi visto até o momento, além de assuntos
que ainda veremos ao avançar na disciplina.
<http://www.portalcfc.org.br/biblioteca/edicoes/>.

Desenvolva o Balanço Patrimonial sendo você a entidade contábil.


1. Faça uma relação dos seus bens e atribua valores a eles (Ativo: bens).
2. Faça uma relação do que você tem a receber nos próximos 12 meses
(Ativo: direitos).
3. Descreva suas dívidas e respectivos valores para os próximos 12 meses.
(Passivo exigível, ou obrigações)
Com base nesse levantamento, utilize a equação patrimonial e calcule seu
Patrimônio Líquido.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Contabilidade para não contadores. 3 ed.


IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos.
Editora: ATLAS
Ano: 2000
Sinopse: Iudícibus e Marion, apresentam no capítulo 5 a Demonstração de Resultado de
Exercício – DRE de forma comentada, apresentando os aspectos de sua composição por meio do
Lucro Real.

Material Complementar
Professor Me. Silvio César de Castro

ATIVO PERMANENTE:

III
UNIDADE
IMOBILIZADO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os itens e funcionamento do Ativo Permanente.
■■ Verificar a aplicação e cálculo da Depreciação.
■■ Verificar a aplicação e cálculo da Amortização.
■■ Verificar a aplicação e cálculo da Exaustão.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Identificação dos Itens do Ativo Permanente
■■ Conceito e Forma de Cálculo da Depreciação, Amortização e Exaustão
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 100 - 101

©shutterstock

INTRODUÇÃO

Nos recursos aplicados no Ativo Permanente, como o próprio nome sugere, estão
todas as aplicações de recursos feitas pela empresa de forma permanente (fixa),
que são representadas pelos:
■■ Bens adquiridos para uso da empresa.
■■ Aplicações de recursos na compra de ações ou quotas de outras empre-
sas de caráter permanente.
■■ Aplicação de recursos em despesas que devam onerar o resultado de vários
exercícios, sendo assim, o Ativo Permanente está dividido em três grupos.

São aquisições efetuadas pela empresa, geralmente em bens de infraestrutura,


onde sua utilização ultrapassa mais de um exercício social e tem como objetivo
principal trazer benefícios para a organização em forma de entrada de recur-
sos, ou seja, geração de caixa.

Introdução
III

ATIVO PERMANENTE

A LEGISLAÇÃO

A Lei 6.404 de 76 conceitua que deve ser classificado do Ativo Imobilizado


Os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção das
atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalida-
de, inclusive os de propriedade industrial ou comercial.

Conforme a Lei 6.404/76:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado será registrada perio-
dicamente nas contas de
■■ Depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que têm
por objetivo bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por
uso, ação da natureza ou obsolescência.
■■ Amortização, quando corresponder à perda do valor do capital aplicado na
aquisição de direitos da propriedade industrial ou comercial e quaisquer
outros com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.
■■ Exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente da sua explo-
ração, de direitos cujo objetivo sejam recursos minerais ou florestais, ou
bens aplicados nessa exploração.

Ativo Diferido - é composto pelas aplicações de recursos em despesas que con-


tribuirão para a formação do resultado de exercícios futuros. Exemplo: Despesas
de Organização, Despesas pré-operacionais etc.

DEPRECIAÇÃO

A depreciação dos bens do ativo imobilizado corresponde à diminuição parce-


lada do valor dos elementos ali classificáveis resultantes do desgaste pelo uso, da

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


102 - 103

ação da natureza ou de obsolescência normal. As causas que podem provocar


a depreciação podem ser o desgaste pelo uso (perdem a capacidade de produ-
ção), ação do tempo (sofrem desgaste do sol, da chuva e de outros elementos do
tempo), obsolescência (provocada pela evolução tecnológica).
Ou seja, é o fenômeno contábil que expressa a perda de valor que os valores
imobilizados de utilização sofrem no tempo, por força de seu emprego na gestão.
O encargo da depreciação poderá ser computado como custo ou despesa
operacional, conforme o caso. A depreciação dos bens utilizados na produção
será custo, enquanto a depreciação dos demais bens há de ser registrada como
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

despesa operacional.
O lançamento característico da depreciação é:
D-Despesas (ou custo) de Depreciação - DRE
C- Depreciação Acumulada – Balanço Patrimonial
A conta devedora é de resultado e representa o encargo econômico suportado
pela entidade. Já a conta credora retifica o bem do ativo sujeito à depreciação,
integrando o Balanço Patrimonial, sendo demonstrada juntamente com a conta
do bem que ela retifica, em subtração a seu saldo.
NOTA: o encargo de depreciação somente é computável no resultado do
exercício a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço ou em
condições de produzir.
O valor da depreciação acumulada não poderá ultrapassar o custo de aqui-
sição do bem a que se refere corrigido monetariamente. O mesmo se aplica à
amortização e à exaustão.
Os encargos de depreciação dos bens do ativo imobilizado que tenham ocor-
rido durante a fase pré-operacional serão escriturados no ativo diferido para
posterior amortização, no prazo mínimo de cinco anos e máximo de dez anos.
Não é admitido o registro de quota de depreciação em relação aos seguintes bens:
■■ Terrenos, salvo em relação aos melhoramentos e construções.
■■ Prédios e construções não alugados nem utilizados por seu proprietário
na produção de seus rendimentos ou imóveis destinados à venda.
■■ Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de
arte ou antiguidades.

Depreciação
III

O tempo de vida útil de um bem será determinado em função do prazo durante


o qual é possível a sua utilização econômica (e a produção de seus rendimentos).
Segue abaixo a tabela de taxas aplicáveis aos bens de ocorrência mais usual:

TAXA ANUAL ANOS DE VIDA ÚTIL MESES DE VIDA ÚTIL


Edifícios 4%  25 300
Máquinas e Equipamentos 10%  10 120
Instalações 10%  10 120
Móveis e Utensílios 10%  10 120

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veículos  20% 5 60
Computadores e periféricos 20% 5 60

Vamos exemplificar o cálculo da depreciação.


A empresa Euca & Lipto adquiriu um caminhão em 05/01/2009 pelo valor
de R$ 200.000,00, de acordo com a nota fiscal.
De acordo com a tabela acima, a vida útil deste bem é estimada em 5 anos.
Portanto, ao término deste período, o caminhão, na contabilidade, deverá ter
acumulado de depreciação o seu próprio valor, isto é, R$ 200.000,00.

Valor do bem adquirido R$ 200.000,00


Vida útil estimada 5 anos (60 meses)
Quota mensal de depreciação R$ 3.333,33
Valor do bem : prazo em meses

O lançamento contábil característico deste evento é da seguinte forma:


D – Depreciação (DRE)
C – Depreciação Acumulada – Veículos
Isto é, após 1 ano, este bem terá acumulado depreciação de R$ 40.000,00. No
balanço patrimonial levantado em 31/12/2009, este item estará assim registrado:

CONTA SALDO
Veículos 200.000,00
(–) Depreciação Acumulada - Veículos (40.000,00)

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


104 - 105

Portanto, o valor contábil deste bem na data de 31/12/2009 será de R$ 160.000,00.


Se a empresa vender este caminhão por R$ 180.000,00, terá um ganho (lucro
contábil) de R$ 20.000,00. Entretanto, se vender o mesmo caminhão por R$
140.000,00, terá de reconhecer um prejuízo contábil de R$ 20.000,00.

DEPRECIAÇÃO ACELERADA

Há duas espécies de depreciação acelerada:


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a. Aquela que é reconhecida e registrada contabilmente, relativa à diminui-


ção acelerada do valor dos bens móveis, resultante do desgaste pelo uso em
regime de operação superior ao normal, calculada com base no número
de horas diárias de operação, e para a qual a legislação fiscal, igualmente,
acata a sua dedutibilidade (RIR/1999, art. 312).
b. Aquela relativa à depreciação acelerada incentivada considerada como
benefício fiscal e reconhecida, apenas, pela legislação tributária para fins
da apuração do lucro real, sendo registrada no Lalur, sem qualquer lan-
çamento contábil (RIR/1999, art. 313).

No que concerne aos bens móveis, poderão ser adotados em função do número
de horas diárias de operação os seguintes coeficientes de depreciação acelerada
sobre as taxas normalmente utilizáveis (RIR/1999, art. 312):
■■ 1,0 – para um turno de 8 horas de operação.
■■ 1,5 – para dois turnos de 8 horas de operação.
■■ 2,0 – para três turnos de 8 horas de operação.

Basta calcular o valor da depreciação normalmente e multiplicar o valor encon-


trado por 1,5 para dois turnos de 8 horas, ou 16 horas de uso e multiplicar por
2,0 no caso de três turnos ou 24 horas de uso.
Exemplo:
Valor de aquisição de um equipamento de informática, R$ 300.000,00.
Depreciação ao mês: (R$ 300.000,00 / 60) = R$ 5.000,00.
Se ele tiver dois turnos de 8 horas, ou 16 horas de uso, R$ 5.000,00 x 1,5 =
7.500,00.

Depreciação
III

Se ele tiver três turnos de 8 horas ou 24 horas de uso, R$ 5.000,00 x 2,0 =


7.500,00.
Não é necessária prévia autorização da autoridade competente. Entretanto,
caso seja utilizada a depreciação acelerada, o contribuinte poderá ser solicitado,
a qualquer tempo, a justificar convenientemente tal procedimento, sob pena de
ver glosado o excesso em relação à taxa normal, cobrando-se os tributos com
os acréscimos cabíveis.
A comprovação que deve reportar-se ao período em que foi utilizado o
coeficiente de depreciação acelerada deverá demonstrar que, efetivamente, deter-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
minado bem esteve em operação por dois ou três turnos de 8 horas, conforme o
caso, dependendo, exclusivamente, do tipo de atividade exercida pelo contribuinte.
Como elementos de prova, visando a convencer a autoridade fiscal de sua
adequada utilização, poderão ser apresentados, entre outros: folha de pagamento
relativa a 2 ou 3 operadores diários para um mesmo equipamento que necessite
de um único operador durante o período de 8 horas; produção condizente com
o número de horas de operação do equipamento; consumo de energia elétrica
condizente com o regime de horas de operação etc.

AMORTIZAÇÃO

Antes de falar em amortização, é necessário entender o subgrupo diferido no


balanço patrimonial. Sua composição vem a ser as aplicações de recursos em
despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício
social, inclusive os juros pagos ou creditados aos acionistas durante o período
que anteceder o início das operações sociais.
Amortização é a perda do valor do capital aplicado na aquisição de direitos da
propriedade e quaisquer outros com a existência ou exercício de duração limitada
cujo objeto seja bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.
Eliminação gradual e periódica do ativo de uma empresa, como encargos
do exercício, das imobilizações financeiras ou imateriais.
É a recuperação econômica do capital aplicado em:

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


106 - 107

I. Despesas que contribuam para a formação do resultado de mais de um


exercício social. Exemplos: Despesas pré-operacionais, Despesas com pes-
quisa e desenvolvimento de novos produtos.
II. Direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens
cuja utilização tenha prazo legal ou contratual limitado, e desde que em
nenhuma hipótese caiba indenização, como:
a. bens intangíveis ou direitos de uso, como, por exemplo: patentes de inven-
ção, fórmulas e processos de fabricação;
b. investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao


final do prazo de concessão;
c. direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada
atividade econômica, concessões para exploração de serviços públicos,
bem como o custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contra-
tos de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio;
d. custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou
cedidos por terceiros;
e. o valor dos direitos contratuais de exploração de florestas.

A taxa anual de amortização será fixada tendo em vista o número de anos res-
tantes de existência do direito ou o número de exercícios sociais em que deverão
ser usufruídos os benefícios das despesas registradas no ativo diferido.
A amortização dos componentes do ativo diferido se sujeita a dois prazos:
a. um mínimo de cinco anos, para fins fiscais;
b. um máximo de dez anos, que é aplicável a todas as pessoas jurídicas que
possuam escrituração contábil regular.

O lançamento característico da amortização é:


D- Amortização - DRE
C- Amortização Acumulada – Balanço Patrimonial
Vamos continuar a aplicar exemplos baseados na empresa Euca & Lipto Ltda. Esta,
por sua vez, utiliza um imóvel de terceiros no qual teve que investir R$ 120.000,00
em 01/2008, e este investimento seria explorado num período de 10 anos.

Depreciação
III

Investimento no imóvel de terceiro R$ 120.000,00


Prazo de beneficiamento do investimento 10 anos (120 meses)
Quota mensal de amortização R$ 12.000,00
Valor do investimento: prazo em meses

Dessa forma, o balanço que a empresa levantará em 31/12/2009 constará esse


registro da seguinte forma:

CONTA VALOR

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Benfeitoria em imóveis de terceiros 120.000,00
(–) Amortiz. Acum. Benfeitoria em imóveis de terceiros (24.000,00)
Observe que o saldo acumulado refere-se a 2 anos de amortização

Esta demonstração no Balanço Patrimonial evidencia que, apesar do custo do


investimento no imóvel de terceiro ter sido no valor total de R$ 120.000,00 já
houve um “aproveitamento” do mesmo, restando ainda R$ 96.000,00 de saldo
a amortizar.

EXAUSTÃO

Fenômeno patrimonial que caracteriza a perda de valor que sofrem as imobiliza-


ções suscetíveis de exploração e que se esgotam no correr do tempo, por exemplo,
as reservas minerais e vegetais (bosques, florestas, jazidas etc.).
Corresponde à perda de valor decorrente da exploração de recursos mine-
rais, florestais ou de bens aplicados nessa exploração.
O cálculo da exaustão é feito nas unidades extraídas ou produzidas relacio-
nadas com o custo do bem, ou seja, deve-se estabelecer a porcentagem extraída
de recursos (barris, metros cúbicos, toneladas) em relação ao total conhecidao
dos recursos naturais. O lançamento característico da exaustão é:
D-Exaustão-DRE
C- Exaustão Acumulada – Balanço Patrimonial

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


108 - 109

Exemplo
Empresa Euca & Lipto também é proprietária de uma reserva formada por
reflorestamento com 10.000 eucaliptos, cujo custo da cultura formada é de R$
100.000,00.
Supondo que na primeira colheita até o final do exercício de 2009 será de
4.800 árvores. Qual será o custo dos recursos florestais extraídos?

Exaustão 100.000,00 : 10.000 eucaliptos x 4.800 eucaliptos = 48.000,00


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dessa forma, o balanço que a empresa levantará em 31/12/2009 constará


esse registro da seguinte forma:

CONTA VALOR
Reserva de reflorestamento de eucalipto 100.000,00
(–) Exaustão Acumulada – Res. de reflorest. de eucaplito (48.000,00)

Esta demonstração no Balanço Patrimonial evidencia que, apesar da cultura for-


mada ser avaliada em R$ 100.000,00 (valor contábil histórico), já houve exploração
que encontra-se na conta de exaustão acumulada, R$ 48.000,00.

CONTROLE DE BENS

Um aspecto muito importante na contabilidade é a adoção de Controles Internos,


que são o conjunto de procedimentos que tenham por finalidade registrar, quanti-
ficar e reportar as ações e/ou atividades desenvolvidas em um setor, departamento
ou organização, os quais servirão para tomadas de decisões ou ações corretivas,
com o fim de atingir os objetivos da organização.
Para a Controladoria, assim como para a Auditoria, é de extrema importância
conhecer a qualidade e o grau de confiabilidade dos sistemas de controles contá-
beis e de controles internos, desde o momento em que se inicia o planejamento

Controle de Bens
III

de seus trabalhos. De acordo com o nível de confiabilidade que apresentar tais


controles é que se vai buscar a adequada identificação dos pontos fracos ou de
riscos, ou ainda, que se vai levantar as áreas de risco.
Dentre esses controles internos (que na verdade seria um assunto para uma
unidade a parte), temos o Controle de Bens, cuja finalidade é manter o registro
detalhado da movimentação de cada item do Ativo Permanente, com o propó-
sito de especificar o bem, registrar o seu valor de aquisição/formação, calcular
a perda de valor respectiva e a venda do bem, se isso ocorrer.
Por isso, além das contas de controle do balanço, devem ser mantidos regis-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tros e controles individuais para cada unidade de propriedade do imobilizado.
Isso se faz necessário para que a Contabilidade possa registrar adequada e pre-
cisamente os valores históricos e as respectivas reduções no seu valor.
Abaixo segue um modelo de ficha de Controle de Bem.

IDENTIFICAÇÃO DO BEM
Nomenclatura:
Descrição:
Localização:
Adquirido em:
Fornecedor:
Nr. Documento:
Taxa de Depreciação:
Valores Contabilizados
Data Valor de Depreciação Depreciações Outras
Sub total Total
Mês Dia aquisição do exercício acumuladas Movimentações

Observações
Quadro 6: Imobilizado - ficha de identificação de bens
Fonte: O autor

Vide abaixo alguns exemplos com valores aleatórios de como ficariam preenchi-
das as fichas de controle de bens dos itens que compõem o Ativo Permanente.

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


110 - 111

Exemplo de Ficha de controle de imobilizado – veículo.

IDENTIFICAÇÃO DO BEM
Nomenclatura: VEÍCULOS
Descrição: Caminhão Volvo VM310 ano 2009
Localização: Reserva PR
Adquirido em: 05/01/2009
Nr. Documento: 123454
Taxa de Depreciação 20% aa
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Valores Contabilizados

Valor de Depreciação Depreciação Outras


Data SubTotal Total
Aquisição do Exercício Acumulada Movimentações

05/01/2009 200.000,00 0,00 0,00 0,00 200.000,00 200.000,00


31/12/2009 -40.000,00 -40.000,00 0,00 -40.000,00 160.000,00

Quadro 7: Imobilizado - ficha de identificação de bens – exemplo


Fonte: O autor

Exemplo de Ficha de controle de imobilizado – Benfeitorias em imóveis de


terceiros

IDENTIFICAÇÃO DO BEM
Nomenclatura: BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS
Descrição: Gastos para adaptar o armazém em nome do sócio Nilton Silva
Localização: Reserva PR
Adquirido em: 31/01/2008
Nr. Documento: diversos
Taxa de Depreciação 10% aa

Controle de Bens
III

IDENTIFICAÇÃO DO BEM
Valores Contabilizados

Valor de Amortização Amortização Outras


Data SubTotal Total
Aquisição do Exercício Acumulada Movimentações
31/01/2008 120.000,00 0,00 0,00 0,00 120.000,00 120.000,00
31/12/2008 -12.000,00 -12.000,00 0,00 -12.000,00 108.000,00
31/12/2009 -12.000,00 -12.000,00 1,00 -12.000,00 96.000,00

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 8: Imobilizado - ficha de identificação de bens – exemplo
Fonte: O autor

Exemplo de Ficha de controle de imobilizado – Reserva de reflorestamento.

IDENTIFICAÇÃO DO BEM
Nomenclatura: RESERVA DE REFLORESTAMENTO DE EUCALIPTO
Descrição: Reflorestamento de 10.000 eucaliptos
Localização: Reserva PR
Adquirido em: 05/01/2009
Nr. Documento: 123454
Taxa de Depreciação 25% por corte
Valores Contabilizados
Qtde de Custo de Exaustão do Exaustão
Data SubTotal Total
árvores Formação exercício acumulada
01/01/2009 10.000 100.000,00 0,00 0,00 100.000,00 100.000,00
31/12/2009 4.800 -12.000,00 -12.000,00 -12.000,00 88.000,00

Quadro 9: Imobilizado - ficha de identificação de bens - exemplo


Fonte: O autor

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


112 - 113

Forma de Apresentação no Balanço:

ATIVO PASSIVO
Ativo Circulante Passivo Circulante
Caixa 5.000,00 Imposto Federal Simples 28.000,00
Bco. Cta. Mvto. 115.000,00 Imposto Estadual Simples 32.000,00
Merc. p/ Revenda 200.000,00 Despesas Administrativas 57.000,00
Dupl. a Receber 400.000,00 Títulos a Pagar 25.000,00
(-) Dupl. Descontadas (100.000,00)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ativo Permanente
Imobilizado
Edifícios 800.000,00
(-) Edificios - Deprec.Acumul (3.666,67)
Veículos 150.000,00
(-) Veiculos - Deprec.Acumul (4.166,00)
Microcomputadores 100.000,00
(-) Micro - Deprec.Acumul (3.322,67)
Instalações 100.000,00
(-) Instalações - Deprec.Acumul (1.666,33) Patrimônio Líquido
Marcas e Patentes 30.000,00 Capital Social 1.236.000,00
(-) Marcas e Patentes - Amort.Acumul (13.000,00) Lucro/Prejuízo Acumulado 3.930.176,66
Benfeitoria em Imv. Terceiros 6.000,00
(-) Benf.Imov.Terc - Amort.Acunul (1.166,67)
Reserva Florestal - Mogno 5.000.000,00
(-) Res.Flor.Mogno - Exaust.Acumul (1.470.835,00)
TOTAL 5.308.176,66 TOTAL 5.308.176,66

Controle de Bens
III

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A depreciação é a perda de valor do ativo imobilizado por uso, desgaste ou obso-


lescência. Essa perda é parametrizada pelo regulamento do imposto de renda
que disponibiliza uma tabela com o tempo mínimo de depreciação que cada
item pode sofrer. A depreciação é uma despesa que compõe o DRE, porém não
existe desembolso, ou seja, saída de caixa. O bem, dependendo de sua jornada
diária de utilização, pode ter sua depreciação acelerada.
A amortização ocorre com a perda do valor do capital aplicado na aquisi-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção de direitos da propriedade e quaisquer outros com existência ou exercício
de duração limitada. Ou seja, prazo legal ou contratual. Não existe uma tabela
com o prazo para cada tipo de item. Isso é determinado pelo prazo de um con-
trato, uma validade legal.
A exaustão é a perda de valor dos recursos minerais e florestais por sua explo-
ração. Também não existe uma tabela para a exaustão de cada tipo de recurso
florestal ou mineral. O cálculo da exaustão é feito nas unidades extraídas ou pro-
duzidas relacionadas com o custo do bem. Ou seja, ela é proporcional ao que foi
explorado no período contemplado.

Prezado(a) acadêmico(a), esse vídeo mostra aspectos sobre ativo imobilizado das empresas:
<http://www.youtube.com/watch?v=AeFqXNQIVQw>.

ATIVO PERMANENTE: IMOBILIZADO


114 - 115

1. Exemplifique 5 bens sujeitos à depreciação e suas respectivas taxas aceitas pelo


Regulamento do Imposto de Renda.
2. Quais os tipos de bens sujeitos à amortização? Por que não existe uma tabela
de taxas para os bens que sofrem amortização?
3. Exemplifique 3 bens que sofrem exaustão. Por que não existe uma tabela de
taxas para os bens que sofrem exaustão?
4. De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR os veículos podem
ser depreciados em até 60 meses. O Balanço Patrimonial da Cia Platina apresen-
tou em 31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

CONTA SALDO R$
Veículos 160.000
(-) Veículos - Depreciação Acumulada (60.000)

5. Qual o saldo da conta (-) Veículos - Depreciação Acumulada em 31/03/2004,


tendo em vista que foi efetuada a aquisição de um novo veículo em 25/01/2004
no valor de R$ 400.000 ?

O Balanço Patrimonial da Cia Astato apresentou em 31/12/2003, entre outros, os


seguintes saldos:

CONTA SALDO R$
Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 50.000
(-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acuml (42.000)

Tendo em vista que o contrato para utilização do imóvel é de 12 meses, qual o saldo
da conta (-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acumulada em 31/01/2004?
ATIVIDADES RESOLVIDAS

1. Atividade resolvida - Depreciação.


De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda - RIR os veículos podem ser
depreciados em até 60 meses. O Balanço Patrimonial da Cia Mercuri apresentou em
31/12/2003, entre outros, os seguintes saldos:

CONTA SALDO R$
Veículos 240.000
(-) Veículos - Depreciação Acumulada (60.000)

Qual o saldo da conta (-) Veículos - Depreciação Acumulada em 31/03/2004, tendo


em vista que foi efetuada a aquisição de um novo veículo em 25/01/2004 no valor
de R$ 120.000?
(240.000 / 60) * 3 = 12.000
(120.000 / 60) * 3 = 6.000
60.000 + 12.000 + 6.000 = 78.000
Resposta: R$ 78.000,00
2. Atividade resolvida – Amortização.
O Balanço Patrimonial da Cia Titânio apresentou em 31/12/2003, entre outros, os
seguintes saldos:

CONTA SALDO R$
Benfeitoria em Imóveis de Terceiros 90.000
(-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acuml (42.000)

Tendo em vista que o contrato para utilização do imóvel é de 12 meses, qual o saldo
da conta (-) Benf. em Imov. Terc. - Amort. Acumulada em 31/01/2004?
(90.000 / 12) * 1 = 7.500
42.000 + 7.500 = 49.500
Resposta: R$ 49.500,00
116 - 117

3. Atividade resolvida – Exaustão.


O Balanço Patrimonial da Cia Silício apresentou em 31/12/2003, entre outros, os se-
guintes saldos:

CONTA SALDO R$
Reserva Mineral - Prata 12.000.000
(-) Res. Mineral - Prata Exaustão Acum. -

Devido a um problema junto ao sistema de controle do Imobilizado da empresa, a


exaustão não foi evidenciada. Com base nos dados abaixo, calcule a exaustão e in-
forme qual o saldo que deveria ter sido apresentado na conta (-) Res. Mineral - Prata
- Exaustão Acumulada em 31/12/2003.
Data de Aquisição: 12/7/2001
Kilos previstos da reserva: 3000
Kilos retirados da reserva até a data da apresentação do Balanço Patrimonial: 900

(12.000.000 / 3.000) * 900 = 3.600.000

Resposta: R$ 3.600.000,00
MATERIAL COMPLEMENTAR

O NPC 7 - Pronunciamento Instituto dos Auditores Independentes do Brasil


- IBRACON nº 7 de 18/01/2001 tem o objetivo de determinar o tratamento
contábil para o ativo imobilizado. As principais questões na contabilização
do ativo imobilizado são: a) a época de reconhecimento dos ativos; b) a de-
terminação dos seus valores nos registros contábeis; e c) o reconhecimento
das despesas de depreciação e outras circunstâncias que possam influenciar
o momento em que esses valores são levados às contas de resultados.
<http://www.portaldecontabilidade.com.br/ibracon/npc7.htm>.

Desenvolva o Balanço Patrimonial tendo você como a entidade contábil.


1. Faça uma relação dos seus bens e atribua valores a eles (Ativo: bens).
2. Faça uma relação do que você tem a receber nos próximos 12 meses (Ati-
vo: direitos).
3. Descreva suas dívidas e respectivos valores para os próximos 12 meses
(Passivo exigível, ou obrigações).
Com base nesse levantamento, utilize a equação patrimonial e calcule seu
Patrimônio Líquido.

Contabilidade Básica. 7ª
MARION, José Carlos
Editora: ATLAS
Ano: 2004
Sinopse: Marion apresenta, por meio do capítulo 15, vários aspectos relacionados ao imobilizado
de forma que a depreciação, amortização e exaustão afeta os itens do ativo permanente.
Aborda também questões relacionadas à depreciação acelerada e dos seus efeitos perante o
Demonstrativo de resultado do exercício e o balanço patrimonial.
Professor Me. Silvio César de Castro

IV
CONTABILIDADE DE

UNIDADE
CUSTOS: CONTROLES
GERENCIAIS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os conceitos e terminologias utilizadas na contabilidade de
custos.
■■ Verificar o uso da matéria-prima.
■■ Como calcular e identificar os custos com a mão de obra.
■■ Identificar e efetuar o rateio dos custos indiretos de fabricação.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ A importância da gestão de custos nas organizações
■■ O significado dos termos mais utilizados na contabilidade de custos
■■ Como a matéria-prima é avaliada
■■ Quais os elementos que fazem parte da composição do custo de mão
de obra
■■ O que são os Custos Indiretos de Fabricação – CIFs
120 - 121

INTRODUÇÃO

A contabilidade de custos coleta, classifica e registra os dados operacionais das


diversas atividades da entidade, denominados de dados internos, bem como,
algumas vezes, coleta e organiza dados externos. Os dados coletados podem ser
tanto monetários como físicos. Exemplos de dados físicos operacionais: unida-
des produzidas, horas trabalhadas, quantidade de requisições de materiais e de
ordens de produção, entre outros.
Para uma empresa ser competitiva, ela precisa estabelecer um controle de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

custos visando uma redução dos defeitos, dos desperdícios de matérias-primas e


de insumos, de energia, dos retrabalhos etc.; precisa rever, procurando melhorar
os seus processos e equipamentos e, muitas vezes, os projetos dos seus produ-
tos. Quando a empresa tem um controle dos seus custos, esse custo agregado
em cada etapa do processo é conhecido, o que torna possível localizar com mais
facilidade em que área ela deve concentrar esforços para sua redução.

©shutterstock

CONCEITOS E TERMINOLOGIAS UTILIZADAS NA


CONTABILIDADE DE CUSTOS

Para a avaliação dos resultados alcançados pelas organizações, é necessário


conhecer os conceitos utilizados e as abordagens que são usadas interna e exter-
namente pelos gestores.

Introdução
IV

EMPRESAS INDUSTRIAIS

As empresas industriais são aquelas que adquirem determinadas matérias-primas,


e com o uso de máquinas, equipamentos e mão de obra especializada, transforma
as matérias-primas em produtos acabados. De forma geral, são unidades produ-
tivas com infraestrutura fixa diretamente relacionada com o processo produtivo,
uma vez que adquirem matérias-primas e matérias subsidiário-acessórias e com
a aplicação de mão de obra as modificam em produtos acabados.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Mão de Obra

Produto
Matéria-Prima Custos Indiretos
Formado

Figura 5: Elementos de Custo


Fonte: O autor

GASTOS

Compromisso assumido ou consumo de recursos que a empresa faz para obten-


ção de um ativo, produto ou qualquer serviço. Para fabricar um produto, existem
gastos com matérias-primas mais mão de obra, mais gastos gerais da produção.
De forma abrangente, gasto é o consumo de recursos que ocorre nas organiza-
ções para o desenvolvimento de suas atividades operacionais, compra, fabricação
de produtos, prestação de serviços e obtenção de receita por meio das vendas.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


122 - 123

Ex.: Energia elétrica, depreciação, aluguel, mão de obra, honorários, segu-


ros, juros etc.

CUSTOS

Gastos com o consumo de um fator de produção, medidos em termos monetários


para obtenção de um produto, de um serviço, ou de uma atividade que deverá
gerar receitas. São considerados custos a remuneração dos fatores de produção
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(mão de obra, capital, máquinas, instalações, materiais e serviços) utilizados na


preparação e execução de um processo produtivo.

DESPESAS

Favero et al. (1997, p. 95) descrevem que “despesa representa os sacrifícios de


recursos com que a entidade se vê obrigada a arcar para a obtenção da receita”.
Exemplificando: para que uma empresa possa comercializar certo produto, vários
“esforços” financeiros ocorrem para colocar esse produto em condições de comer-
cialização. São efetuados gastos com os impostos sobre as vendas, comissões dos
vendedores, salários e encargos do pessoal da administração, aluguel e deprecia-
ção do escritório etc, representam os sacrifícios financeiros efetuados para que
a empresa possa obter a receita da comercialização dos produtos. Este termo
também é empregado para se identificarem os gastos não identificados com a
produção, isto é, referem-se às atividades não produtivas da empresa, geralmente
sendo separadas em Administrativas, Comerciais e Financeiras.
Portanto, as despesas são diferenciadas dos custos pelo fato de estarem rela-
cionadas com a administração geral da empresa, ao passo que os custos estão
ligados com a produção.
Por meio da figura seguinte, pode-se identificar de que forma os custos e
despesas são gerados em uma empresa industrial.

Gastos
IV

Estoque MP Matérias-
-Primas
Materiais e máterias- Custos
-primas armazenados
aguardando saída
para o processo
de fabricação Mão de
Obra Outros
Custos
Indiretos

Vendas

Despesas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estoque Mercadorias

Mercadorias prontas
Adm para serem vendidas
Outras
Despesas
Indiretas

Figura 6: Processo de geração de custos e despesas


Fonte: O autor

A figura 6 possibilita verificar de forma sintética onde os custos e despesas são


identificados nas organizações. Processos que consomem recursos na gestão
(administração) e comercialização (vendas) são considerados despesas. Processos
que consomem recursos na industrialização e fabricação de produtos são con-
siderados custos.

Gastos
Despesas

Comercial
Vendas
Custos

Indústria
Despesas Fábrica

Administrativo

Gastos

Figura 7: Segregação entre gastos, despesas e custos


Fonte: O autor

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


124 - 125

INVESTIMENTOS

Investimento é a aplicação de recursos com a expectativa de receber retorno


futuro superior ao aplicado. Esse aspecto leva em consideração a compensa-
ção referente à perda de uso desse recurso ou dos bens durante o período de
aplicação. Num sentido amplo, o termo aplica-se à compra de máquinas, equipa-
mentos e imóveis para a instalação de unidades produtivas. Em sentido estrito,
em economia, investimento significa a aplicação de capital em meios que levam
ao crescimento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios de trans-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

porte), ou seja, em bens de capital.


Na compra de uma máquina de calcular, teremos um investimento. Se a
máquina for utilizada na fábrica, sua perda de valor (depreciação) será regis-
trada como custo. Se for utilizada na administração, sua perda de valor será
despesa.

RECEITAS

Segundo Ferrari (2001), a receita representa a entrada de recursos para o Ativo,


sob a forma de dinheiro, direitos a receber e outros. Entre outras formas, tem
origem nas vendas de mercadorias (empresa comercial), de produtos (empresa
industrial) ou serviços (empresa prestadora de serviços). São entradas de elemen-
tos para o ativo da empresa, na forma de bens ou direitos que sempre provocam
um aumento da situação líquida Resulta da Venda de Mercadorias, Produtos,
Bens e Serviços em Geral com acréscimos em disponibilidades, quando à vista,
ou Direitos a Receber, quando a prazo.

Investimentos
IV

PERDAS

É o consumo involuntário ou anormal de um bem ou serviço. As perdas decor-


rentes de fatores externos serão transformadas em despesas, e as de fatores
decorrentes da atividade produtiva, em custos.
Exemplos: Incêndio, greves, perda de matéria-prima etc.
As perdas normais integram o custo dos produtos e são consideradas também
como desperdício, enquanto as anormais são retiradas dos custos da produção e
jogadas diretamente para o resultado. Os subprodutos têm sua receita conside-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rada como redução do custo dos produtos; as sucatas as têm consideradas como
receitas extraordinárias.

DESEMBOLSO

É o momento que ocorre o pagamento de bem ou serviço adquirido (regime de


caixa). Pode ocorrer antes, durante ou depois da aquisição. Assim, se algo for
comprado à vista, o desembolso se dá durante a aquisição deste bem.
Se for comprado a prazo, o desembolso se dará depois da aquisição. Se for
pago adiantado o dinheiro para posterior recebimento do bem, o desembolso
ocorre antes do recebimento deste bem.

CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS

A classificação dos gastos anteriormente estudados podem ser identificados com


base em dois aspectos. Primeiramente, em relação à variação no volume das ati-
vidades da organização (produção e venda). Dessa forma, os gastos podem ser
fixos ou variáveis. Posteriormente os gastos podem ser classificados em relação
à identificação e apropriação aos produtos e serviços produzidos, podendo se
distinguir em diretos e indiretos.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


126 - 127

GASTOS FIXOS (DESPESAS / CUSTOS FIXOS)

São gastos (custos e despesas) permanentes, independentes do volume de pro-


dução, ou seja, uma alteração no volume de produção para mais ou para menos
não altera o valor total dos gastos fixos.
Ex. custos fixos: Salários Gerência Industrial, Manutenção, Salários Supervisão
Industrial, Aluguéis, Depreciação de Máquinas e Equipamentos, Segurança da
Fábrica, Limpeza e Asseio.
Ex.: Despesas fixas Administrativas em Geral (salários, encargos sociais, alu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

guéis de escritórios etc.), Despesas fixas Comerciais em Geral (salários, encargos


sociais, segurança etc.).
Exemplo: Produto X em relação ao aluguel

QUANTIDADE PRODUZIDA VALOR DO CUSTO CUSTO


PERÍODO
PRODUTO X ALUGUEL UNITÁRIO TOTAL
Janeiro 800 $ 6.000 $ 7,50 $ 6.000
Fevereiro 500 $ 6.000 $ 12,00 $ 6.000
Março 700 $ 6.000 $ 8,57 $ 6.000
Abril 1.000 $ 6.000 $ 6,00 $ 6.000
Maio 1.200 $ 6.000 $ 5,00 $ 6.000
Junho 900 $ 7000 $ 7,78 $ 7.000
Quadro 10: Custos e Despesas Fixas
Fonte: O autor

Por meio do quadro anterior, percebe-se que os custos e despesas fixas não
sofrem alterações proporcionais às variações no nível de atividade da empresa.
Os gastos fixos podem até sofrer alteração de valor de um mês para o outro,
geralmente correspondente à correção de preços do fornecedor do produto ou
serviço, como se pôde perceber no quadro 8, entre o período de maio e junho.
No entanto, isso não o torna variável. Para que um gasto seja variável, ele pre-
cisa ter a característica de modificar o seu montante alicerçado na alteração do
nível de atividade da empresa.
Nesse sentido, um gasto fixo não significa que os valores de um determi-
nado período, geralmente mensurados mensalmente, possuam valores iguais

Gastos Fixos (Despesas / Custos Fixos)


IV

todos os meses. Um exemplo desse aspecto pode ser verificado por meio do
quadro seguinte.
Exemplo: Produto X em relação à Segurança da Fábrica

QUANTIDADE VALOR DA SEGURANÇA CUSTO CUSTO


PERÍODO
PRODUZIDA PRODUTO X DA FÁBRICA UNITÁRIO TOTAL
Janeiro 800 $ 4.500 $ 5,63 $ 4.500
Fevereiro 500 $ 4.650 $ 9,30 $ 4.650
Março 700 $ 4.800 $ 6,86 $ 4.800

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Abril 1.000 $ 4.450 $ 4,45 $ 4.450
Maio 1.200 $ 4.550 $ 3,79 $ 4.550
Junho 900 $ 4.700 $ 5,22 $ 4.700
Quadro 11: Custos e Despesas Fixas
Fonte: O autor

Por meio do quadro anterior, pode-se verificar que custo em referência, à


Segurança da Fábrica, sofreu algumas alterações do seu valor mensal. Isso pode
ter ocorrido por contratações adicionais, custos com desligamentos de fun-
cionários, pagamento de horas extras, aquisição de equipamento de segurança
etc., no entanto, não está diretamente ligado à variação do nível de atividade
da empresa. Esse aspecto da variação dos valores mensais desse custo não o
torna variável.
Um outro aspecto dos gastos fixos é que em um determinado período seu
valor total não sofre alterações, no entanto, por unidade produzida é variável,
como pode ser percebido por meio dos quadros seguintes.
De forma geral, o comportamento dos gastos fixos pode ser observado no
gráfico 1, onde enquanto o nível de atividade sofre alterações significativas, os
gastos fixos permanecem inalterados.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


128 - 129

Gastos Fixos x Nível de atividade


25.000,00
20.000,00
15.000,00
10.000,00
5.000,00
0,00

ro
io

ho

ro

ro
to
ril
ço
iro
iro

br
lh
Ma

mb
Ab

b
b
os
ar
ne

re

Ju

em
tem

tu
Ju
M

Ag
ve
Ja

ze
Ou

v
Fe

Se

De
No
Gasto Fixo Quantidade Produzida
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Gráfico 1: Comportamento dos Gastos Fixos


Fonte: O autor

GASTOS VARIÁVEIS (DESPESAS / CUSTOS VARIÁVEIS)

São gastos (custos e despesas) que estão relacionados de acordo com o volume
produzido ou serviço, ou seja, o total dos gastos variáveis cresce à medida que
o volume de atividades da empresa aumenta.
Ex. custos variáveis: Mão de obra direta, matéria-prima, embalagens etc.
Ex. despesas variáveis: Comissões de vendas, impostos e tributos sobre as
vendas, fretes e carretos etc.
Em uma fábrica de carteiras: Custo com matéria-prima

QUANTIDADE CUSTO COM MATÉRIA-PRIMA EM CUSTO TOTAL COM MATÉRIA-


MESES
PRODUZIDA CADA UNIDADE PRODUZIDA PRIMA NO PERÍODO
Jan 700 $ 35,00 $ 24.500,00
Fev 800 $ 35,00 $ 28.000,00
Mar 1000 $ 35,00 $ 35.000,00
Abr 500 $ 35,00 $ 17.500,00
Mai 1200 $ 35,00 $ 42.000,00
Total 4200 - $ 147.000,00
Quadro 12: Comportamento dos custos variáveis
Fonte: O autor

Gastos Variáveis (Despesas / Custos Variáveis)


IV

Pôde-se verificar por meio do quadro anterior que os gastos variáveis são fixos
unitariamente, no entanto, variáveis em seu montante no período analisado.
O gráfico seguinte demonstra o comportamento dos gastos variáveis em
relação ao nível de atividade da empresa, ou seja, variam na mesma proporção
em que o nível de atividade também sofre variações.

Gastos Variáveis x Nível de atividade


25.000,00

20.000,00

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
15.000,00

10.000,00

5.000,00

0,00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Gasto Variável Quantidade Produzida

Gráfico 3: Comportamento dos custos variáveis


Fonte: O autor

GASTOS DIRETOS (DESPESAS / CUSTOS DIRETOS)

São custos e despesas que não necessitam de critérios para serem mensuráveis
e identificados aos produtos fabricados ou serviços prestados. Podem ser iden-
tificados de forma objetiva e direta no produto.
Exemplos: matéria-prima, mão de obra direta, impostos e tributos sobre
as vendas, embalagens, insumos etc. Na fabricação de carteiras escolares: cola,
espuma, tinta, ferro, solda, tecido, parafusos, plástico etc.
Geralmente, podem ser identificados visualmente no produto, ou mensu-
rados sem a utilização de métodos adicionais de alocação, também chamados
de rateio.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


130 - 131

Exemplo:

Depreciação dos tratores no mês R$


25.000,00

Laranja
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 8: Exemplo de fasto direto- sem rateio


Fonte: O autor

Quanto da depreciação com tratores vai para a cultura?


Resposta: $ 25.000,00.
Não há necessidade de dividir, logo temos um gasto direto.
Outro exemplo, imagine que a mão de obra mensal de um soldador seja de
$ 5.000,00. Se ele trabalha em apenas um produto (cadeiras), logo, o custo com
a mão de obra desse colaborador é direta. Basta verificar o seu custo e agregar
aos demais custos com as cadeiras.

Cadeiras

Figura 9: Gasto direto


Fonte: O autor

Gastos Diretos (Despesas / Custos Diretos)


IV

GASTOS INDIRETOS (DESPESAS / CUSTOS INDIRETOS)

São custos e despesas que não são identificados nos produtos ou serviços, não
são mensurados diretamente. Ou seja, são gastos que não podem ser identifica-
dos com precisão com as receitas geradas.
Exemplos: Vigilância, Aluguel, Mão de obra indireta, depreciação etc.
Com os gastos indiretos, não existe a possibilidade de se agregar custo aos
produtos de forma direta, pois não podem ser mensurados de forma direta aos
produtos. Supondo que o aluguel de uma fábrica seja de $ 10.000,00 mensais e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a mesma produz quatro modelos de produtos, A, B, C e D. Qual montante do
custo do aluguel será direcionado para cada produto, sendo que a quantidade
produzida de cada um foi diferente? O aluguel pode ser identificado e mensu-
rado diretamente em cada produto? A resposta é não. Será necessário recorrer
a alguma forma subjetiva pra alocar o custo do aluguel aos produtos, ou seja,
será necessário efetuar o rateio por algum critério definido.
Exemplo:

Depreciação dos tratores no mês R$


25.000,00

Laranja Feijão Murcote

Bovinos Bovinos
Milho
de Corte de Leite
Figura 10: Gastos indiretos
Fonte: O autor

Quanto da depreciação com tratores vai para cada cultura?


Precisa-se dividir com base em algum critério, logo, temos um gasto indireto.
Outro exemplo: Imagine que a mão de obra mensal de um soldador seja
de $ 5.000,00. Se ele trabalha com quatro produtos (mesas, cadeiras, carteiras
e janelas), qual o custo com a mão de obra desse soldador que será alocado
em cada produto? Será necessária a utilização de algum critério para que haja
divisão do custo desse colaborador. O critério pode ser por quantidade pro-
duzida, tempo do processo, entre outros. No entanto, o custo do soldador não

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


132 - 133

poderá ser alocado diretamente aos produtos. Logo, essa mão de obra é con-
siderada indireta.

Mesas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Cadeiras Carteiras

Janelas

Figura 11: Gastos Indiretos – exemplo


Fonte: O autor

ELEMENTOS DE CUSTOS

Durante o processo de definição do conceito de empresa industrial, foi veri-


ficado que essa, por sua vez, são unidades produtivas com infraestrutura fixa
diretamente relacionadas com o processo produtivo, uma vez que adquirem
matérias-primas e matérias subsidiário-acessórias e, com a aplicação de mão
de obra, as modificam em produtos acabados. Nesse contexto, pode-se afirmar
que existem três elementos formadores de custos de produção: matéria-prima/
materiais, mão de obra e custos acessórios não diretamente identificados, cha-
mados de custos indiretos de fabricação.

Elementos de Custos
IV

MATÉRIA-PRIMA/MATERIAIS

Matéria-prima é o nome dado a um material que sirva de entrada para um sis-


tema de produção qualquer.
Os custos com matéria-prima relacionam-se com os principais materiais
integrantes do produto, que podem ser convenientemente separados em uni-
dades físicas específicas.
Exemplo: na fabricação de carteiras escolares, cola, espuma, tinta, ferro,
solda, tecido, parafusos, plástico etc.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A maneira de se controlar de forma pontual o que está sendo gasto com
matérias-primas e insumos é por meio da ficha de estoque e dentro da metodo-
logia de controle de estoque. Não interessa se é produto ou mercadoria que está
sendo controlado, existe a necessidade de se controlar eficientemente os recur-
sos da entidade.
De forma geral, trata-se mais de um aspecto conceitual, pois, enquanto as
mercadorias (produtos acabados) entram prontas no estoque da empresa e saem
também prontas por meio das vendas, as matérias-primas chegam ao estoque da
empresa e saem primeiro para a produção e voltam para o estoque como pro-
duto acabado. Resumidamente, não tem importância se aquilo que está sendo
controlado chama-se matéria-prima, mercadoria, produto, insumo etc., a meto-
dologia de controle é a mesma.

MÃO DE OBRA

A mão de obra pode ser definida sucintamente no produto do esforço humano,


que na esfera da contabilidade de custos, é empregado na atividade produtiva
das organizações.
Matz (1978, p.112) oferece uma conceitualização bem abrangente dos custo de
mão de obra, “fundamentalmente, o custo de mão-de-obra consiste na taxa por hora,
no salário diário ou semanal, ou no ordenado pago mensalmente aos empregados”.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


134 - 135

No entanto, não é somente o pagamento básico que integra os custos da mão


de obra. Vários são os elementos que integram no custo de mão de obra. Por
exemplo: férias, 13º salário, bonificações ou diferenciais de turno, horas extra-
ordinárias, incentivos de produção, pagamento de prêmio por trabalho nos
feriados, sábados e domingos, onde a hora extra não se acha envolvida, bonifi-
cações de assiduidade, por tempo de serviço, pela não ocorrência de acidentes,
de Natal ou de fim de ano, custos de aprendizagem ou treinamento, pagamen-
tos por demissão ou indenização e pensões por aposentadoria etc.
Consiste no custo com mão de obra:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Salários Comissões Férias FGTS

Aux.
Seguros 13 Salário Grafit.
Creche

Vale Aux. Sal.


Aux. Babá
Transp. Educação Família

Aux. Previd. Aux. Uniformes


Aliment. Privada Odontol. EPIs
Figura 12: Gastos com mão de obra
Fonte: O autor

De uma forma geral, pode-se afirmar que o custo de mão de obra é todo
e qualquer gasto que a empresa tenha efetuado diretamente ao funcionário
pelos serviços prestados ou indiretamente através dos encargos ou benefícios
(plano de saúde, seguro etc.) para manutenção do seu bem-estar, treinamen-
tos etc., dispensando, assim, enumerar todos os fatores que integram o custo
da mão de obra.

CUSTO HORA DE CADA FUNCIONÁRIO

Martins (2004) sugere a seguinte metodologia para cálculo do custo/hora da


mão de obra direta.

Mão de Obra
IV

Será tomado como base um funcionário que possui remuneração de $ 3.000,00


e carga horária de trabalho de 220 horas mensais.

Salário 11 meses $ 33.000,00


Salário Férias $ 3.000,00
1/3 das Férias $ 1.000,00
13º Salário $ 3.000,00
1 (=) Remuneração anual (Base de cálculo dos Encargos) $ 40.000,00

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ENCARGOS SOCIAIS
INSS 20% $ 8.000,00
FTGS 8% $ 3.200,00
SAT 2% $ 800,00
SENAI 1% $ 400,00
SESI 1,5 $ 600,00
S.EDUC. 2,5% $ 1.000,00
2 (=) Encargos Sociais anual $ 14.000,00

HORAS ANUAIS OFERECIDAS AO EMPREGADOR


Dias do ano 365
(-) Domingos 48
(-) Férias 30
(-) Feriados 12
(=) Dias úteis disponíveis ao empregador 275
Jornada Diária (220/30) 7,3333333
4-Horas trabalhadas no ano (275x7,3333333h) 2.016,67

3 = Gasto total anual para o empregador (1+2) $ 54.000,00.


3/4 = Gasto anual / horas trabalhadas $ 54.000,00/2.016,67 horas.
Custo por hora: $ 26,78.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


136 - 137

CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

Conforme Sanvicente e Santos (2000), os custos indiretos de fabricação abran-


gem todos os custos fabris que não podem ser classificados como mão de obra
direta e matéria-prima e são incorridos em cada departamento ou em toda a
extensão da fábrica. São os outros demais custos necessários para a operação da
fábrica, porém genéricos demais para serem apropriados diretamente ao produto,
ou seja, não é matéria-prima ou mão de obra direta. O aspecto da impossibili-
dade de se alocar os custos indiretos de fabricação sobre a produção de forma
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

objetiva e mensurável sem distorções gera um grau de incerteza considerável


na sua correta identificação em relação a certo produto ou departamento. Esse
aspecto será abordado de forma mais pontual no item que trata do rateio dos
custos indiretos de fabricação.
Exemplos: mão de obra indireta, depreciação, material de escritório, aluguel,
segurança, imposto predial, seguro da fábrica e assim por diante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O esforço efetuado nesta unidade foi no sentido de entender como a gestão e


conhecimento dos elementos que compõem o custo dos produtos são impor-
tantes para a manutenção das entidades.
Foram apresentados conceitos específicos dessa área, a diferenciação entre
custos, despesas, gastos fixos e variáveis com respectivos exemplos numéricos
e ilustrados.
Um dos principais pontos que chamo a atenção é para o correto entendi-
mento dos gastos fixos e variáveis, tendo em vista a abordagem que faremos na
próxima unidade com a apresentação de dois sistemas de custeio e a margem
de contribuição.

Custos Indiretos de Fabricação


IV

Foram também abordadas questões relacionadas ao controle da matéria-


-prima, as formas de cálculo da mão de obra e o que são os gastos indiretos de
fabricação.

Resumo dos gastos


Gasto

Consumo de bens e serviços

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CUSTOS DESPESAS
Gastos incorridos na produção Gastos incorridos no processo
de novos bens ou serviços de geração de receitas

FIXOS VARIÁVEIS FIXAS VARIÁVEIS


Total constante Total variável Total constante Total variável
em relação ao em relação ao em relação ao em relação ao
volume produzido volume produzido volume de receitas volume de receitas

INDIREITOS DIREITOS INDIREITAS DIREITAS


Apropriados Apropriados Apropriadas Apropriadas
subjetivamente por objetivamente por subjetivamente por objetivamente por
critérios de rateio meio de controles critérios de rateio meio de controles

Figura 13: Classificação dos gastos


Fonte: O autor

CONTABILIDADE DE CUSTOS: CONTROLES GERENCIAIS


138 - 139

1. O que são custos de produção de bens e serviços? Quais são os principais gastos
necessários para a produção de um bem?
2. Quais são os principais fatores de custos em uma indústria?
3. Como os gastos de uma empresa podem ser classificados?
4. Conceitue desembolsos. Dê exemplo de um desembolso depois da ocorrência
do gasto.
5. Conceitue despesas.
6. Conceitue perdas e desperdícios.
7. Como se classificam os gastos em relação às variações no volume da produção
e das vendas?
8. Como se classificam os gastos quanto à forma de identificação e apropriação aos
diversos produtos e serviços produzidos simultaneamente?
9. O que você entende por custos fixos?
10. Quais são as principais características dos custos fixos?
11. O que você entende por custos variáveis?
12. O que você entende por custos diretos?
13. O que você entende por custos indiretos?
MATERIAL COMPLEMENTAR

1. O que se entende por uma empresa industrial? Exemplifique um proces-


so industrial, ou seja, a transformação de matérias-primas em produtos
acabados.
2. De que maneira um eficiente sistema de apuração de custos pode contri-
buir para a sobrevivência das empresas? Levando em consideração que
essas empresas atuam em um ambiente extremamente competitivo e na
chamada economia globalizada.

Prezado(a) acadêmico(a), esse vídeo mostra aspectos sobre os custos indiretos:


<http://www.youtube.com/watch?v=4qut0Wnjq2Y>.

Esse vídeo apresenta questões relacionadas aos custos fixos e variáveis:


<http://www.youtube.com/watch?v=NEVLaYd9pXE>.

Essa obra, elaborada pelo CRC SP, apresenta conceitos sobre a construção e
utilização de modelos para análise de custos e para a tomada de decisões
por gestores de pequenas e microempresas.

<http://www.crcsp.org.br/portal_novo/publicacoes/manuais_pmes/con-
teudo/m04.pdf>.

CONTABILIDADE DE CUSTOS PARA NÃO CONTADORES


OLIVEIRA, Luís Martins de; PEREZ, José Hernandes Junior
Editora: ATLAS
Ano: 2005
Sinopse: O livro Contabilidade de Custos para Não Contadores é indicado como leitura
complementar, tendo em vista que evita uma linguagem excessivamente técnica, possibilitando
mesmo às pessoas com menor conhecimento contábil, fácil entendimento a respeito de
conteúdos, apuração, controle, análise e gestão de custos
Professor Me. Silvio César de Castro

V
CONTABILIDADE DE

UNIDADE
CUSTOS: ASPECTOS
DECISÓRIAIS

Objetivos de Aprendizagem
■■ Efetuar o Rateio dos Custos Indiretos de Fabricação.
■■ Conhecer os principais métodos de custeio.
■■ Calcular e interpretar a margem de contribuição.
■■ Calcular e interpretar o ponto de equilíbrio.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Identificar a mais adequada maneira de se efetuar o rateio dos CIFs
■■ Conhecer os dois métodos de custeio mais utilizados
■■ Reconhecer a utilização da Margem de Contribuição
■■ Verificar a partir de qual nível de atividades a empresa se torna
rentável
142 - 143

INTRODUÇÃO

Efetuar o rateio significa distribuir os custos, alicerçados em alguma base de


dados conhecida. Essa distribuição dos CIFs pode ocorrer de formas variadas, ou
seja, distribuir determinado custo para os produtos ou departamentos ou, ainda,
distribuir o custo de um departamento para o produto ou outro departamento.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

RATEIO DOS CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO – CIFS

Por meio da ilustração a seguir, pode-se visualizar de forma mais eficiente como
se efetua o rateio de um custo indireto. Nesse caso, foi utilizado como rateio o
aluguel da fábrica e o mesmo foi rateado (distribuído) pela quantidade de cada
produto produzido. Assim, pode-se dizer que o custo indireto foi rateado dire-
tamente sobre os produtos.

Exemplo de rateio do aluguel pela quantidade de cada produto produzido

5 9

R$ 10.00/20 = R$ 500,00
4 2
Divide-se pelo
Aluguel R$ 10.000 total de base de
rateio conhecida 5 + 9 + 4 + 2 = 20 produtos

R$ 500,00 5 R$ 2.500,00

4 R$ 2.000,00

9 R$ 4.500,00

2 R$ 1.000,00

Figura 14: Rateio dos custos indiretos de fabricação


Fonte: O autor

Introdução
V

Exemplo da distribuição de custo aos departamentos. Nesse caso, o custo indi-


reto é representado pelo aluguel e a base de dados conhecida que será utilizada
será a metragem (m2) ocupada em cada departamento. Utiliza-se então dizer
que o aluguel será rateado com base no espaço (m2) utilizado em cada departa-
mento. Custo: Aluguel $ 120.000.

DEPARTAMENTO ESPAÇO UTILIZADO (M2) CÁLCULO VALOR RATEADO


A 20 ($120.000/150)*20 $ 16.000
B 50 ($120.000/150)*50 $ 40.000

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
C 80 ($120.000/150)*80 $ 64.000
Total 150 _ $ 120.000
Quadro 13: Rateio de custo indireto ao departamento
Fonte: O autor

O cálculo efetuado segue o seguinte procedimento: valor do custo/dividido pelo


total da base de rateio conhecida x pelas partes do total da base de rateio conhecida.
Exemplo da distribuição de custo aos produtos. Nesse caso, o custo indireto é
representando pela energia elétrica e a base de dados conhecida que será utilizada
será a quantidade de peças produzidas dos produtos. Utiliza-se então dizer que
a energia elétrica será rateada com base na quantidade de produtos produzidos.
Custo: Energia elétrica $ 39.100.

PRODUTO QUANTIDADE PRODUZIDA CÁLCULO VALOR RATEADO


X 1.000 ($ 39.100/8500)*1000 $ 4.600
Y 2.000 ($ 39.100/8500)*2000 $ 9.200
Z 5.000 ($ 39.100/8500)*5000 $ 23.000
W 500 ($ 39.100/8500)*500 $ 2.300
Total 8.500 - $ 39.100
Quadro 14: Rateio de custo indireto para produto
Fonte: O autor

Exemplo do rateio do custo de um departamento para outro departamento. Nesse


caso, o custo indireto a ser distribuído é representado por $ 32.000, proveniente
dos custos com a biblioteca de uma universidade. A base de dados utilizada para
distribuição dos custos da biblioteca será a quantidade de alunos de cada curso

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


144 - 145

da universidade. Pode-se dizer que a base de rateio nesse caso será a quantidade
de alunos dos cursos da faculdade.

CURSOS QUANTIDADE DE ALUNOS CÁLCULO VALOR RATEADO


Administração 1.500 ($ 32.000/3.480)*1500 $ 13.793
Agronegócios 280 ($ 32.000/3.480)*280 $ 2.575
Direito 700 ($ 32.000/3.480)*700 $ 6.437
Ciências Contábeis 1.000 ($ 32.000/3.480)*1000 $ 9.195
Total 3.480 - $ 32.000
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 15: Rateio de custos de departamento para outro departamento


Fonte: O autor

Os cálculos efetuados seguem o seguinte procedimento: valor do custo indi-


reto ($ 32.000,00)/dividido pelo total da base de rateio conhecida (3.480 alunos)
x pelas partes que compõem o total da base de rateio conhecida (Administração
1.500; Agronegócios 280; Direito 700; e Ciências Contábeis 1.000).
Cabe ressaltar que não existe uma regra a ser seguida em relação ao critério
de rateio utilizado. Com isso, os valores alocados aos produtos ou departamen-
tos podem sofrer alterações extremamente significativas, apenas com a alteração
do critério utilizado na distribuição dos custos indiretos.
O principal problema de rateio dos custos indiretos de fabricação define-se
basicamente no método a ser utilizado. Seja qual for o método utilizado, sem-
pre haverá algum tipo de crítica a esta metodologia. Os métodos mais utilizados
para rateio dos custos indiretos de fabricação e aceitos por diversos autores são
os seguintes:

CUSTOS INDIRETOS MÉTODO DE RATEIO


Mão de Obra Indireta Número de empregados diretos ou custo da produção
Aluguel Espaço Ocupado
Depreciação de Máquinas e Quantidade de produtos fabricados ou tempo de fabri-
Equipamentos cação dos produtos
Depreciação do Prédio Espaço Ocupado
Energia Elétrica Espaço ocupado, pontos de energia ou quilowatts/horas

Rateio dos Custos Indiretos de Fabricação – CIFS


V

CUSTOS INDIRETOS MÉTODO DE RATEIO


Imposto Predial Espaço Ocupado
Custos dos materiais diretos ou quantidade de itens
Materiais Indiretos
produzidos
Água e Esgoto Número de empregados, horas trabalhadas
Seguro do Prédio Espaço Ocupado
Quadro 16: Critérios de rateio amplamente utilizados
Fonte: O autor

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MÉTODOS DE CUSTEIO

O objetivo fundamental dos métodos de custeio é apurar o custo de uma unidade


do produto fabricado. É através do método de custeio que se busca determinar
o custo unitário do produto, ou seja, o conhecimento do custo unitário do pro-
duto pelo administrador. Com essa informação, os gestores podem:
■■ Custear inventários para demonstrativos financeiros e para determinar
o lucro líquido do período.
■■ Supervisionar a gerência no planejamento e controle das operações.
■■ Acompanhar a gerência nas situações de tomadas de decisões (formação

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


146 - 147

de preço de venda, manter ou eliminar linhas de produtos, fabricar ou


comprar componentes, negociar preços especiais etc.).

Custeamento do produto é o processo de identificar o custo unitário de cada


produto produzido pela empresa, nas suas diferentes versões ou variações. Serão
abordados dois métodos de custeio, por absorção e variável.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CUSTEIO POR ABSORÇÃO

O custeio por absorção, de acordo com Martins (1992, pg. 39), “consiste na apro-
priação de todos os custos de produção aos bens elaborados e só os de produção;
todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os
produtos feitos”, ou seja, vem a ser a apropriação de todos os custos (sejam eles fixos
ou variáveis) à produção do período. Os gastos não fabris (despesas) são excluídos.
Pode-se, então, concluir que Custeio por Absorção é um processo de apura-
ção de custos, cujo objetivo é ratear todos os seus elementos (fixos ou variáveis)
em cada fase da produção.
O Manual de Contabilidade por Ações (1990 p. 510) define custeio por absor-
ção da seguinte forma:
[...] devem ser adicionados ao custo da produção os custos reais incor-
ridos, obtidos através da contabilidade geral, e pelo sistema por absor-
ção, o que significa a inclusão de todos os gastos relativos à produção,
quer diretos, quer indiretos com relação a cada produto.

Os custos referentes aos produtos em elaboração e aos produtos acabados não


vendidos constarão do estoque desses produtos.
O custeio por absorção é o único aceito pela Auditoria Externa, porque
atende aos princípios contábeis da Realização da Receita, da Competência e da
Confrontação. É o único aceito pelo Imposto de Renda.
O método de apuração dos custos unitários é tão somente o total de custos
apurados, dividido pelo volume de produção. Logo, se houver incorreção em
distinguir custo de despesa, haverá erro no cálculo do custo unitário.

Custeio por Absorção


Exemplo: Caso prático apresentado com base em artigo jornalístico publicado na Gaze-
ta Mercantil. Com base nas informações disponíveis, temos o custo de industrialização
de cada pote, utilizando:
a. o método do custeio por absorção; e
b. o método do custeio variável.

A Boa Pesca Ltda. é uma pequena empresa A Boa Pesca Ltda. processa anualmente 14
cearense especializada na industrialização toneladas de cartilagem, sendo que o ren-
dos resíduos de pescados. Tais resíduos são dimento é de 10% do peso desses resíduos,
adquiridos das diversas indústrias que ou seja, para cada quilo de cartilagem de
exploram as atividades de pesca na região. tubarão, obtêm-se 100 gramas do pó.

Um de seus principais produtos é um pó Cada pote de 100 gramas do produto


produzido com base na cartilagem de tuba- acabado (pó de cartilagem de tubarão) é
rão. Está comprovado cientificamente que vendido por $ 85,00.
esse pó é rico em cálcio e fósforo.
Seguem as informações sobre os gastos do mês de novembro da Boa Pesca Ltda.

BENEFICIADORA DE RESÍDUOS DE PESCADOS BOA PESCA LTDA.

Gastos do mês de novembro $


Gastos Variáveis
Transporte dos resíduos de cartilagem de tubarão (matérias-primas) 10.000
Custo com demais matérias-primas e materiais diretos 14.200
Custo total com a mão de obra para a industrialização 11.500
Manutenção das máquinas da fábrica 1.000
Energia elétrica da fábrica 500
Salários e comissões dos vendedores 3.000
Tributos sobre as vendas 10.400
Total 50.600
Gastos Fixos
Aluguel do prédio do escritório administrativo 1.500
Aluguel do prédio da fábrica 1.600
148 - 149

BENEFICIADORA DE RESÍDUOS DE PESCADOS BOA PESCA LTDA.

Energia elétrica do escritório 300


Seguro e vigilância da fábrica 700
Salários e encargos do pessoal administrativo 8.500
Depreciação das máquinas e equipamentos da fábrica 1.300
Depreciação das máquinas do escritório administrativo 250
Total 14.150
Total dos gastos variáveis mais fixos 64.750
Quadro 17: Boa Pesca - gastos do mês
Fonte: O autor

Durante o mês de novembro, foram produ- tubarão, com 100 gramas cada.
zidos 1.200 potes de pó de cartilagem de
Solução
a. Separação dos custos e despesas, fixos e variáveis.

BENEFICIADORA DE RESÍDUOS DE PESCADOS BOA PESCA LTDA.

Gastos do mês de novembro $

Custos variáveis de produção

Transporte dos resíduos de cartilagem de tubarão (matérias-primas) 10.000

Custo com demais matérias-primas e materiais diretos 14.200

Custo total com a mão-de-obra para a industrialização 11.500

Manutenção das máquinas da fábrica 1.000

Energia elétrica da fábrica 500

Total dos custos variáveis 37.200

Custos fixos de produção


BENEFICIADORA DE RESÍDUOS DE PESCADOS BOA PESCA LTDA.

Aluguel do prédio da fábrica 1.600

Seguro e vigilância da fábrica 700

Depreciação das máquinas e equipamentos da fábrica 1.300

Total dos custos fixos de produção 3.600

Total dos custos fixos e variáveis 40.800

Despesas variáveis e fixas

Salários e encargos do pessoal administrativo 8.500

Aluguel do prédio do escritório administrativo 1.500

Energia elétrica do escritório 300

Depreciação das máquinas do escritório administrativo 250

Salários e comissões dos vendedores 3.000

Tributos sobre as vendas 10.400

Total das despesas variáveis e fixas 23.950

Total dos gastos do mês = custos mais despesas 64.750

b. Demonstração do custo unitário – método do custeio por absorção

CUSTEIO POR ABSORÇÃO $

Total dos custos variáveis de produção 37.200


Total dos custos fixos de produção 3.600
Total dos custos 40.800
Quantidade de potes industrializados no mês 1.200
Custo de cada pote – custeio por absorção 34
150 - 151

c. Demonstração do resultado de novembro, utilizando o método do custeio por ab-


sorção.

$
a) Receitas brutas = 900 unidades x $ 85 76.500
Deduções das vendas brutas
b) Tributos sobre as vendas (10.400)
c) Receitas líquidas = (a) – (b) 66.100
Menos
d) Custo dos produtos vendidos = 900 unidades x $ 34 (30.600)
e) Lucro bruto = (c) – (d) 35.500
(–) Despesas variáveis e fixas
Salários e encargos do pessoal administrativo (8.500)
Aluguel do prédio do escritório administrativo (1.500)
Energia elétrica do escritório (300)
Depreciação das máquinas do escritório administrativo (250)
Salários e comissões dos vendedores (3.000)
f) Total das despesas variáveis e fixas (13.550)
Lucro líquido antes do imposto de renda e da contribuição social = (e) - (f) 21.950

No entanto, acredita-se que o método pode simplesmente por uma mudança do


de custeamento por absorção não pos- critério afetar o custo e consequentemente
sui utilidade relevante como instrumento a rentabilidade de um produto, sendo que
gerencial, tendo em vista que os critérios isso é, em termos práticos, inadmissível,
de rateio, na maioria das vezes, possui ele- pois uma mudança de critério de rateio não
vado grau de arbitrariedade. Esse aspecto, muda a maneira e o processo de fabrica-
como já foi mencionado anteriormente, ção de um produto em questão.
V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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CUSTEIO VARIÁVEL

O método de custeio variável é uma técnica de apropriação de custos que con-


sidera simplesmente os custos diretamente ligados aos produtos ou serviços
prestados como sendo custos variáveis. Dessa forma, somente os custos diretos
são alocados aos produtos, sendo que os custos indiretos entram na conta de
resultados do exercício sem interferir com as margens de lucros utilizadas como
auxílio na tomada de decisões. Uma das aplicações mais conhecidas desta téc-
nica é a análise de custo-volume-lucro e está referida principalmente à análise
de influência no lucro que as alterações no mix de produção e de vendas podem
trazer para a empresa.
O método de Custeio Variável é também conhecido como método de cus-
teamento direto. Segundo Martins (2004, p.178),
No Custeio Direto ou Custeio Variável, só são alocados aos produtos os
custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como des-
pesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os estoques
só vão, como consequência, os custos variáveis.

Só são apropriados à produção os custos variáveis, quer diretos, quer indire-


tos, os custos fixos que são contabilizados diretamente em débito da conta de
resultado (juntamente com as despesas) sob a alegação de que estes ocorrerão

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


152 - 153

independentes do volume de produção da empresa. Portanto, os custos fixos


não são considerados como custos de produção, e sim como despesas. Nesse
método, é levado em consideração que a infraestrutura da empresa não inter-
fere do processo de formação de custos dos produtos, pois, uma vez que ela é
concebida, os gastos ocorrem independentemente se houver ou não produção.
Esse método fere os princípios contábeis da Realização, Competência e
Confrontação porque os custos fixos são reconhecidos como despesas mesmo
nem todos os produtos fabricados tenham sido vendidos. O método de custeio
variável é indicado para tomadas de decisões. É um tipo de custeamento que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos


variáveis incorridos.
Os custos dos produtos vendidos e os estoques finais de produtos em elabo-
ração e produtos acabados só conterão custos variáveis.
Uma outra diferença em relação ao custeio por absorção, esta de natu-
reza formal, reside na maneira de apresentar a Demonstração dos Resultados.
No custeio variável, a diferença entre Vendas Líquidas e a soma de CPV (que
só contém custos variáveis) e Despesas Variáveis é denominada margem de
contribuição. A margem de contribuição propicia a verificação de quais os pro-
dutos e serviços que são mais ou menos lucrativos para a empresa, sem lançar
mão de formas de rateio discutíveis. Cada produto deve ter um percentual
de margem de contribuição que o mercado aceite pagar e não, simplesmente,
um aumento ou majoração em cima dos custos variáveis. Além de tudo isso,
o isolamento dos custos fixos facilita a gestão de sua magnitude em relação à
organização do todo.
Por meio dos mesmos dados utilizados no exemplo do custeio por absor-
ção, pode-se verificar como é efetuado o custeio variável:

Custeio Variável
V

Demonstração do custo unitário – método do custeio variável

CUSTEIO VARIÁVEL $
Total dos custos variáveis de produção 37.200
Quantidade de potes industrializados no mês 1.200
Custo de cada pote – custeio variável 31

Demonstração do resultado de novembro, utilizando o método do custeio variável.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a) Receitas brutas = 900 unidades x $ 85 76.500
Deduções das vendas brutas
b) Tributos sobre as vendas (10.400)
c) Receitas líquidas = (a) – (b) 66.100
d) Custo dos produtos vendidos = 900 unidades x $ 31 (27.900)
e) Lucro bruto = (c) – (d) 38.200
(–) Despesas variáveis e fixas
Salários e encargos do pessoal administrativo (8.500)
Aluguel do prédio do escritório administrativo (1.500)
Energia elétrica do escritório (300)
Depreciação das máquinas do escritório administrativo (250)
Salários e comissões dos vendedores (3.000)
f) Total das despesas variáveis e fixas (13.550)
g) Custos fixos de produção (3.600)
Lucro líquido antes do imposto de renda e da contribuição social =
21.050
(e) menos (f) menos (g)

Como base no mesmo exemplo utilizado no custeio por absorção, pode-se veri-
ficar as diferenças na utilização desses dois métodos. Durante o mês de abril,
foram produzidas 1.500 unidades e vendidas 1.300 unidades pelo valor de $
80,00 cada unidade.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


154 - 155

Primeiramente, são identificados os custos de produção do mês.


Total dos custos VÁRIÁVEIS de Fabricação
Custo unitário de Fabricação =
Quantidade de produtos fabricados
R$ 37.200
Assim sendo, Custo unitário de Fabricação = = R$ 31,00
1200

O método de Custeio Variável é também conhecido como método de cus-


teamento direto.
Segundo Martins (1991, p.178),
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

[...] no Custeio Direto ou Custeio Variável, só são alocados aos produ-


tos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como
despesas do período, indo diretamente para o Resultado; para os esto-
ques só vão, como consequência, os custos variáveis.

Esses aspectos podem ser observados por meio do quadro anterior. O custeio
direto/variável oferece mais informações úteis e relevantes para a tomada de
decisão do que as demais abordagens do método de custeio, principalmente por
evidenciar, de forma clara e objetiva, a margem de contribuição que a instituição
precisa ter para suportar determinado volume de atividade, de modo a absorver
os seus custos fixos e gerar resultados favoráveis.
O objetivo de qualquer informação contábil é sua utilização gerencial e o pro-
cesso de tomada de decisão, um sistema de custos não é um fim em si mesmo.
Em outras palavras, ele é uma ferramenta gerencial, que existe para fornecer
ao administrador dados de custos necessários para dirigir os assuntos de uma
organização. Assim, o método de custeio variável/direto é o método conceitu-
almente adequado para a gestão econômica do sistema empresa, no âmbito da
contabilidade de custos, enquanto o método de absorção não é adequado para
tomadas de decisão.
Só são apropriados à produção os custos variáveis, quer diretos, quer indi-
retos, os custos fixos contabilizados diretamente (juntamente com as despesas)
sob a alegação de que estes ocorrerão independentes do volume de produção da
empresa. Portanto, os custos fixos não são considerados como custos de produ-
ção, e sim como despesas.

Custeio Variável
V

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MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A margem de contribuição consiste na diferença entre o preço de venda e a soma
das despesas e custos variáveis de um produto ou serviço. Para que se possa chegar
à margem de contribuição, é de fundamental importância a segregação dos gastos
entre variáveis e fixos. A margem de contribuição pode ser apurada da seguinte forma:

FORMA DE APURAÇÃO EM QUE CONSISTE


Soma da margem de contribuição de todos os produtos fabri-
Global da empresa
cados e vendidos pela empresa em um determinado período.
Soma da margem de contribuição de todos os produtos
Global de uma filial fabricados e vendidos por uma das filiais da empresa em um
determinado período.
Consiste na apuração da margem de contribuição obtida pela
Departamental soma da margem de contribuição dos produtos fabricados e
vendidos por um departamento em um determinado período.
É obtido por meio da soma da margem de contribuição mul-
Total por Produto tiplicado pelo número de itens fabricados e produzidos de
um tipo de produto apenas em um determinado período.
Revela a margem de contribuição de uma unidade de um
Unitária
único produto.
Soma da margem de contribuição de todos os produtos
Divisão de Negócios fabricados e vendidos por uma das divisões de negócios da
empresa em um determinado período.
Quadro 18: Formas de apuração da margem de contribuição
Fonte:O autor

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


156 - 157

Lunkes (2004, p. 121) entende que “margem de contribuição é a quantia de


receita que permanece depois de deduzir os custos e despesas variáveis”, ou seja,
o lucro variável por unidade comercializada consiste no preço de venda menos
os gastos variáveis. Oliveira e Peres (2005, p. 222) afirmam que “entende-se por
margem de contribuição a diferença entre o preço de venda e a soma das despe-
sas e custos variáveis de um produto ou serviço”. E será com o conceito desses
dois últimos autores que esse assunto será tratado, ou seja,

Margem de contribuição = Preço de venda - custos variáveis - despesas variáveis.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Sendo custos variáveis e despesas variáveis = gastos variáveis, pode-se assim


simplificar:

Margem de contribuição = Preço de venda – Gastos Variáveis.

Oliveira e Peres (2005, p. 222) afirmam que:


A margem de contribuição é, em outras palavras, a “sobra financeira”
de cada produto ou divisão de uma empresa para a recuperação — ou
amortização — das despesas e dos custos fixos de uma entidade e para
a obtenção do lucro esperado pelos empresários [...]

a. Exemplo de margem do cálculo de contribuição unitária, total por pro-


duto e global:

PRODUTOS FABRICADOS E VENDIDOS NO MÊS DE ABRIL CARTEIRAS MESAS CADEIRAS


$ $ $
a. Preço de venda de cada unidade vendida 80,00 70,00 50,00
b. Gastos variáveis
b1. Despesas variáveis por unidade (5,15) (5,00) (4,50)
b2. Custos variáveis por unidade (36,00) (40,00) (22,00)
c. Margem de contribuição unitária 38,85 25,00 23,50
d. Quantidade produzida e vendida 1.300 unid. 1.600 unid. 2.500 unid.
e. Margem de contribuição total por produto (c
50.505,00 40.000 58.750,00
x d)
f. Margem de contribuição global da empresa no
149.255
mês
Margem de Contribuição
V

Por meio do quadro anterior, pode-se verificar que o produto por unidade que
apresenta a maior margem de contribuição no mês é a carteira, no entanto, o
produto que mais contribuiu para amortizar os gastos fixos da empresa foi aca-
deira, mesmo possuindo a menor margem de contribuição unitária. Isso foi
possível pelo fato do volume de vendas das cadeiras ter sido representativamente
superior às carteiras. Nesse sentido, é importante verificar que nem sempre o
produto que apresenta a maior margem de contribuição por unidade é o mais
interessante para a empresa, pois o volume produzido e comercializado é um
fato relevante nesse sentido.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
b. Exemplo de margem do cálculo contribuição por filial:

FILIAIS 01 02 03
$ $ $
Volume de vendas no mês 5.000.000 4.000.000 6.000.000
Gastos variáveis
Despesas variáveis no mês (1.000.000) (900.000) (1.800.000)
Custos variáveis no mês (1.500.000) (1.000.000) (2.200.000)
Margem de contribuição por filial 2.500.000 2.100.000 2.000.000
Margem de contribuição global da empresa 6.600.000

Da mesma forma como foi demonstrado no quadro anterior, pode-se identificar


a margem de contribuição por divisão de negócios ou departamentos da empresa.
Oliveira e Peres (2005) ressaltam que, por meio da análise da margem de
contribuição, é possível:
a. Verificar quais produtos são mais rentáveis e os menos rentáveis ou defi-
citários.
b. Qual foi o produto que mais contribuiu para amortizar os gastos fixos
da empresa.

Essas informações podem levar a decisões de quais produtos ou linha de produ-


ção podem ser fomentados, produtos a serem eliminados etc.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 158 - 159

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PONTO DE EQUILÍBRIO

Cogan (1999), ponto de equilíbrio corresponde à quantidade produzida, volume


de operações para o qual a receita iguala o custo total, pois é o ponto onde o lucro
líquido iguala a zero, podendo ser demonstrado em unidades físicas ou mone-
tárias. O modelo do ponto de equilíbrio tem por objetivo determinar o nível de
produção em termos de quantidade, ou de valor que se traduz pelo equilíbrio
entre a totalidade dos custos e das receitas. Para um nível abaixo desse ponto,
a empresa estará na zona de prejuízo e acima dele, na zona de lucratividade.
Portanto, nesse ponto, o nível de operação é tal que absorve a totalidade dos cus-
tos e despesas fixas, e acima dele, somente incidem os custos e despesas variáveis.

Ponto de Equilíbrio
V

Receita

Lucro
Ponto de Gastos
equilíbrio Variáveis

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Gastos Fixos

Volume de vendas/ Unidades


Gráfico 2: Formas de apuração da margem de contribuição
Fonte: O autor

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL (PEC)

Possibilita verificar o nível de atividades necessárias para recuperar todas as des-


pesas e custos de uma empresa, facilita a análise da lucratividade dos produtos
vendidos. No ponto de equilíbrio contábil, o resultado da empresa é igual a zero.
Fórmulas:

PONTO DE EQUILÍBRIO CONTÁBIL


PEC em unidades pro- Gastos fixos
duzidas PEC =
Margem de contribuição unitária
PEC em receita bruta Gastos fixos
PEC = x 100
% Margem de contribuição unitária
Quadro 19: Fórmulas ponto de equilíbrio contábil
Fonte: O autor

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. 160 - 161

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PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO (PEF)

Possibilita identificar o nível de produção e vendas em que o saldo de caixa é


igual a zero, assim, representa a quantidade de vendas necessária para cobrir os
gastos efetuados tanto operacionais quanto não operacionais. O ponto de equi-
líbrio financeiro exclui os gastos que não afetam o caixa da empresa, ou seja, não
são desembolsáveis, porém, são considerados para efeito do resultado contábil.
Os mais comuns são amortizações e depreciações.
Fórmulas:

PONTO DE EQUILÍBRIO FINANCEIRO


PEF em unidades produzi- Gastos fixos - Gastos não desemb.
das e vendidas. PEF =
Margem de contribuição unitária
PEF em receita bruta. Gastos fixos - Gastos não desemb.
PEF = x 100
% Margem de contribuição unitária
PEF + saldo de caixa Gastos fixos - Gastos não desemb. + SD Caixa Projetada.
projetado em unidades PEF =
produzidas e vendidas.
Margem de contribuição unitária

PEF + saldo de caixa proje- Gastos fixos - Gastos não desemb. + SD Caixa Projetada.
tado receita bruta. PEF = x100
% Margem de contribuição unitária

Quadro 20: Fórmulas ponto de equilíbrio financeiro


Fonte: O autor

Ponto de Equilíbrio Financeiro (PEF)


V

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PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO (PEE)

Por meio do ponto de equilíbrio econômico, é possível projetar os resultados

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que a empresa poderá obter em diversos níveis de atividades de produção e de
vendas, mantidas constantes as demais variáveis, tais como margem de con-
tribuição total das despesas e custos fixos. O ponto de equilíbrio econômico
corresponderá ao nível de atividade necessário para se atingir o resultado
esperado, ou projetado.
Fórmulas:

PONTO DE EQUILÍBRIO ECONÔMICO


Gastos fixos + Resultado Projetado
PEE em unidades produzidas PEE =
Margem de contribuição unitária
Gastos fixos + Resultado Projetado
PEE em receita bruta PEE = x 100
% Margem de contribuição unitária
Quadro 21: Fórmula ponto de equilíbrio econômico
Fonte: O autor

Ponto de equilíbrio, exemplo numérico.


A indústria de alimentos enlatados Sabor do Campo Ltda. obteve no mês de
setembro os seguintes dados de sua produção:

PREÇO DE VENDA POR UNIDADE $ 13,00


Gasto variável por unidade
Custo Variável $ 5,00
Despesa Variável $ 2,00
Gastos Fixos (custos fixos + despesas fixas no mês) $ 180.000,00

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


162 - 163

1. Qual o volume em quantidade de vendas que fará com que o resul-


tado da empresa seja zero? Ou seja, o ponto de equilíbrio contábil
em unidades?

Primeiramente, deve-se identificar qual a margem de contribuição e a margem


de contribuição %.

CÁLCULO DA MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO $ %


Preço de venda por unidade 13,00 100%
(-) gastos variáveis por unidade (7,00) (53,85)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(=) margem de contribuição por unidade 6,00 46,15

R$ 180.000
PEC = = 30.000
R$ 6,00

Isso significa que a empresa apresentará um resultado igual a zero quando pro-
duzir e vender 30.000 unidades de enlatado.

PRODUTOS FABRICADOS E VENDIDOS NO MÊS DE SETEMBRO ENLATADOS


$
a. Preço de venda de cada unidade vendida 13,00
b. Gastos variáveis
b1.Custos variáveis por unidade (5,00)
b2. Despesas variáveis por unidade (2,00)
c. Margem de contribuição unitária 6,00
d. Quantidade produzida e vendida 30.000 unid
e. Margem de contribuição total por produto (c x d) 180.000
f. Margem de contribuição global da empresa no mês 180.000
g. Gastos fixos do mês (180.000)
h. Resultado zero

2. Qual a receita bruta fará com que o resultado da empresa seja zero?

R$ 180.000
PEC = x 100 = R$ 390.000
46,15

Ponto de Equilíbrio Econômico (PEE)


V

PRODUTOS FABRICADOS E VENDIDOS NO MÊS DE SETEMBRO ENLATADOS


$
a. Receita Bruta 390.000
b. Gastos Variáveis ($ 7,00 x 30.000) (210.000)
c. Gastos Fixos (180.000)
d. Resultado zero

3. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de $ 12.000 corresponde


à depreciação do mês, quantas unidades do produto farão com que o
saldo de caixa seja igual a zero?

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
R$ 180.000 - R$ 12.000
PEF = 28.000 unid
R$ 6,00

PRODUTOS FABRICADOS E VENDIDOS NO MÊS DE SETEMBRO ENLATADOS


$
a. Preço de venda de cada unidade vendida 13,00
b. Gastos variáveis
b1.Custos variáveis por unidade (5,00)
b2. Despesas variáveis por unidade (2,00)
c. Margem de contribuição unitária 6,00
d. Quantidade produzida e vendida 28.000 unid
e. Margem de contribuição total por produto (c x d) 168.000
f. Margem de contribuição global da empresa no mês 168.000
g. Gastos fixos do mês (180.000)
h. Resultado (12.000)

Por meio do quadro anterior, pode-se perceber que no ponto de equilíbrio


financeiro o saldo de caixa é zero, porém o resultado contábil é negativo (prejuízo).
Isso é justificado pelo fato de que os gastos fixos permanecem em sua totalidade,
ou seja, não foi deduzido os $ 12.000 correspondentes às depreciações do mês.
4. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de $ 12.000 corresponde
à depreciação do mês, a receita bruta fará com que o saldo de caixa seja
igual a zero?

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


164 - 165

R$ 180.000 - R$ 12.000
PEF = x 100 = R$ 364.000
R$ 46,15

PRODUTOS FABRICADOS E VENDIDOS NO MÊS DE SETEMBRO ENLATADOS


$
a. Receita Bruta 364.000
b. Gastos Variáveis ($ 7,00 x 28.000) (196.000)
c. Gastos Fixos (180.000)
d. Resultado (12.000)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de $ 12.000 corresponde


à depreciação do mês, quantas unidades do produto farão com que o
saldo de caixa seja igual 18.000?

R$ 180.000 - R$ 12.000 + R$ 18.000


PEF = x 100 = R$ 364.000
R$ 6,00
6. Tendo em vista que entre os gastos fixos, o valor de $ 12.000 corresponde
à depreciação do mês, a receita bruta fará com que o saldo de caixa seja
igual $ 18.000?

R$ 180.000 - R$ 12.000 + R$ 18.000


PEF = x 100 = R$ 403.000
R$ 46,15

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando se fala em custos indiretos de fabricação, sempre surgem dúvidas sobre


qual o melhor método de distribuição desses custos, que quase na sua integrali-
dade são fixos e independem se existe ou não produtos fabricados em determinado
período, por exemplo, mês de maio. No Brasil, a economia “sugere” que as
medições de resultado das entidades ocorram mensalmente. Isso ocorre face ao
aluguel, que é reclamado mensalmente, os funcionários que são pagos mensal-
mente, a alguns impostos que são recolhidos mensalmente, condomínio, energia,
água e esgoto, ou seja, de forma geral, a periodicidade das obrigações no Brasil

Considerações Finais
V

ocorrem mensalmente, o que leva as empresas a também efetuarem medições


de seu desempenho uma vez ao mês. Mas, por exemplo, quanto do aluguel do
mês de maio devo distribuir para os vários tipos de produtos que fabrico, cada
especificação diferente de quantidade produzida, tempo de fabricação, matéria-
-prima consumida etc.? Existe consenso sobre como se distribuir alguns custos,
mas sempre existem dúvidas sobre a exatidão do valor dos custos distribuídos
aos departamentos ou produtos. E isso sempre será um desafio quando se fala
do adequado método de rateio dos custos indiretos.
O custeio por absorção leva em consideração os custos fixos e variáveis no

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cálculo custo de produção. É um processo de apuração de custos, cujo objetivo
é ratear todos os seus elementos (fixos ou variáveis) em cada fase da produção.
Já o custeio variável elimina esse problema de rateio, onde são considerados
custos de produção somente aqueles inerentes aos produtos produzidos (variá-
veis). É por meio do custeio variável que surge a margem de contribuição.
A margem de contribuição talvez seja o mais importante tema quando se
fala da fabricação de produtos e sua viabilidade e rentabilidade na comercializa-
ção. A margem de contribuição mede de forma brilhante o quanto determinado
produto oferece de sobra financeira para amortizar os gastos da entidade que
independem da existência de atividade (gastos fixos). Isso ocorre diretamente
conectado com o mercado, face o cálculo da margem de contribuição se iniciar
com o preço de venda, sendo depois deduzidos os gastos inerentes à fabricação
e venda daquele bem (gastos variáveis). Outro aspecto importante é o fato da
margem de contribuição medir não somente a sobra financeira de uma unidade
de determinado produto, bem como de toda a linha de produção de cada tipo
ou modelo de produto, total da empresa, filial, divisão de negócios, setor etc.
Avançando a unidade, pôde-se perceber que a margem de contribuição é que
oferece subsídios para a o cálculo do ponto de equilíbrio. Foram abordados três
pontos de equilíbrio, cada um ofertando metodologia de cálculo para se encon-
trar o nível de atividade em volume (quantidade) e faturamento (receita bruta).
Foi também apresentada uma metodologia de cálculo para múltiplos produtos.

CONTABILIDADE DE CUSTOS: ASPECTOS DECISÓRIAIS


166 - 167

1. Qual é a importância da correta identificação e separação dos custos e despesas


variáveis, para fins de determinação da margem de contribuição?
2. O que é margem de contribuição?
3. Cite exemplos de informações úteis que podem ser obtidas com apuração e aná-
lise das margens de contribuições.
4. O que é margem de contribuição de cada fator limitativo da produção?
5. Qual é a definição de ponto de equilíbrio contábil?
6. Qual é a definição de ponto de equilíbrio financeiro?
7. Qual é a definição de ponto de equilíbrio econômico?
8. Para obtenção do ponto de equilíbrio financeiro, por que devem ser excluídos os
gastos que não representam saídas de numerários?
MATERIAL COMPLEMENTAR

1. Existem autores que fazem crítica a respeito da metodologia do custeio


por absorção. Eles ressaltam que um dos problemas para a adoção desse
critério é a necessidade de ratear os custos fixos aos produtos utilizando
critérios inadequados de rateio. Comente essa problemática.
2. Existem autores que fazem crítica a respeito da metodologia do custeio
variável, argumentando que os custos fixos fazem parte do custo dos pro-
dutos e, portanto, nada justifica sua não inclusão nos custos de produção.
Comente essa crítica.

Prezado(a) acadêmico(a), esse vídeo mostra aspectos sobre Margem de Contribuição e Ponto de
Equilíbrio:
<http://www.youtube.com/watch?v=q-JRlgrAiEA>.
Esse vídeo apresenta explicações sobre o rateio dos custos indiretos de fabricação:
<http://www.youtube.com/watch?v=QO_oUO3tHSw>.

É um documento para orientar a utilização da contabilidade de custos como


uma forma de a empresa, a partir dos registros monetários e físicos de seus
gastos, controlar e tomar decisões gerenciais a respeito dos custos da sua
operação.
<http://bis.sebrae.com.br/GestorRepositorio/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/
73DD71A3DDF40DAC03256F9E00486BF2/$File/NT00030656.pdf>.

Contabilidade de Custos. 4a. Edição.


MARTINS, Eliseu
Editora: ATLAS
Ano: 2000
Sinopse: Essa obra apresenta modelos e exemplos dos conceitos utilizados nesse módulo, além de
argumentação com respaldo de todos os modelos sugeridos. Além de ser uma obra amplamente
utilizada no meio acadêmico e empresarial como obras de referências, inclusive para outros autores.
168 - 169

CONCLUSÃO

Se as organizações fossem como os seres humanos, no que tange à sua necessidade


por oxigênio para sobreviver, a contabilidade poderia ser condizente a tal elemento
para a sobrevivência dessas organizações. Sem ela, as organizações não passam de
um ambiente de caos, descontrole e ignorância administrativa. Porém, infelizmente
parece que isso não tem sido percebido por todos que ocupam cargos de gestão
nas organizações. Na realidade, isso parece que é percebido por poucos, ou pelo
menos externalizado por um ou outro. As únicas vezes que eu ouvi gestores de-
clararem abertamente que o conhecimento de assuntos contábeis para adminis-
tradores é tão importante como o fato de exercer tal função foi primeiramente em
2001 em uma pós-graduação em finanças, de um professor da Universidade Federal
de Contabilidade, durante uma atividade em uma das disciplinas que necessitava
da extração de algumas informações contábeis do Balanço Patrimonial e do De-
monstrativo de Resultado do Exercício. Esse professor, ao perceber a dificuldade da
grande maioria dos alunos em obter tais informações, indagou a sala perguntan-
do como administradores formados, fazendo curso de pós-graduação, não sabiam
contabilidade. O silêncio foi geral, enquanto a homilia durou por quase 20 minutos.
Outro momento que isso ocorreu na minha presença, por parte de um administra-
dor, foi em uma palestra em 2007 ministrada pelo presidente do Conselho Federal
de Administração do Paraná, na presença de professores e alunos de administração.
Eu costumo falar para os meus alunos que as organizações são criadas para satisfa-
zer alguma demanda do mercado. Mas e para os sócios/proprietários? Qual o seu
objetivo? Na grande maioria das empresas, o lucro é o objetivo, porque esse é o
objetivo dos proprietários. Alguns falam em sobrevivência, e eu rebato, como pode
sobreviver sem lucro? Sem resultado não existe felicidade. No entanto, o que é lu-
cro? O que é resultado? Faturamento, custo, despesa, gasto, patrimônio? Entre tais
elementos, pode-se dizer que a contabilidade é a linguagem das empresas. Sem
contabilidade não existe comunicação empresarial, e como pode o administrador
de empresas exercer sua função se não conhece a linguagem? Como pode você
participar de uma rodada de negociações em alemão se não sabe nem uma palavra
nesse idioma?
Pensando nessas questões, creio que este livro soluciona quase todas elas. Não pos-
so ser pretensioso e afirmar que com este material tudo aquilo que você precisa
como gestor do patrimônio da empresa foi solucionado e nenhuma obra existente
pode também afirmar isso. No entanto, pode-se afirmar que ela cumpriu o seu papel
plenamente. Inicialmente por meio de alguns aspectos introdutórios, demonstran-
do a contabilidade e seu posicionamento científico, os seus objetivos e usuários.
Apresenta também os atributos da informação contábil, os quais considero como
atributos para todo tipo de informação empresarial e não somente contábil.
Em seguida existe uma unidade dedicada à compreensão do objeto de estudo da
contabilidade, ou seja, o patrimônio. Depois são verificados, dos dois principais re-
latórios da contabilidade, o Balanço Patrimonial e o Demonstrativo de resultado.
CONCLUSÃO

Posterior a isso, tratamos de alguns pontos considerados importantes, o controle do


ativo permanente e o controle de estoques, face que os mesmos interferem direta-
mente no resultado das organizações.
Depois mudados um pouco o foco para a parte de produção da empresa, verifican-
do os termos e comportamentos dos custos gastos etc. Isso permite trabalharmos
os elementos de custos (matéria-prima, mão de obra e custos indiretos de fabri-
cação). Com a compreensão desses elementos passamos para a parte do custeio,
onde verifica-se a forma de alocação dos custos aos produtos. Um desses sistemas
de custeamento, o custo variável, permite o conhecimento e aplicação da margem
de contribuição e do ponto de equilíbrio por várias perspectivas.
170 - 171

REFERÊNCIAS

BORNIA, Antonio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas mo-


dernas. Porto Alegre: Bookman, 2002.
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por
ações. Diário oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,17 dez. 1976. Dis-
ponível em: <http://www.cosif.com.br/legislacao.asp>. Acesso em: 17 mar. 2014.
CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de ges-
tão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1993.
COGAN, Samuel. Custos e Preços-Formação e Análise. São Paulo: Pioneira, 1999.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 750/93. Princípios Funda-
mentais de Contabilidade (aprovados pelo Conselho federal de Contabilidade pela
Resolução CFC 750/93, publicada no DOU de 31/12/93.
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução 785/95, n. 1374. Dá nova re-
dação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL - Estrutura Conceitual para Elaboração e
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