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Escola Secundária Dr.

José Afonso
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS
CURSO PROFISSIONAL DE NÍVEL SECUNDÁRIO
MÓDULO 12 – 12ºAno
ÉPOCA: janeiro

Duração da Prova: 90 minutos


Ano letivo: 2013/2014

Material a utilizar:
►O aluno realiza a prova escrita na folha de teste da escola, apenas podendo usar, como material de escrita, caneta ou
esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.
►Não é permitido o uso de dicionário.
►Não é permitido o uso de corretor.

Leia, atentamente, o seguinte excerto de O Memorial do Convento.

A máquina estremeceu, oscilou como se procurasse um equilíbrio subitamente perdido, ouviu-se um


rangido geral, eram as lamelas de ferro, os vimes entrançados, e de repente, como se a aspirasse um
vórtice luminoso, girou duas vezes sobre si própria enquanto subia, mal ultrapassara ainda a altura das
paredes, até que, firme, novamente equilibrada, erguendo a sua cabeça de gaivota, lançou-se em flecha,
5 céu acima. Sacudidos pelos bruscos volteios, Baltasar e Blimunda tinham caído no chão de tábuas da
máquina, mas o padre Bartolomeu Lourenço agarrara-se a um dos prumos que sustentavam as velas e
assim pôde ver afastar-se a terra a uma velocidade incrível, já mal se distinguia a quinta, logo perdida
entre colinas, e aquilo além, que é, Lisboa, claro está, e o rio, oh, o mar, aquele mar por onde eu,
Bartolomeu Lourenço de Gusmão, vim por duas vezes do Brasil, o mar por onde viajei à Holanda, a que
10 mais continentes da terra e do ar me levarás tu, máquina, o vento ruge-me aos ouvidos, nunca ave
alguma subiu tão alto, se me visse el-rei, se me visse aquele Tomás Pinto Brandão que se riu de mim em
verso, se o Santo Ofício me visse, saberiam todos que sou filho predileto de Deus, eu sim, eu que estou
subindo ao céu por obra do meu génio, por obra também dos olhos de Blimunda, se haverá no céu olhos
como eles, por obra da mão direita de Baltasar, aqui te levo, Deus, um que também não tem a mão
15 esquerda, Blimunda, Baltasar, venham ver, levantem-se daí, não tenham medo.
Não tinham medo, estavam apenas assustados com a sua própria coragem. O padre ria, dava gritos,
deixara já a segurança do prumo e percorria o convés da máquina de um lado a outro para poder olhar a
terra em todos os seus pontos cardeais, tão grande agora que estavam longe dela, enfim levantaram-se
Baltasar e Blimunda, agarrando-se nervosamente aos prumos, depois à amurada, deslumbrados de luz e
20 de vento, logo sem nenhum susto, Ah, e Baltasar gritou, Conseguimos, abraçou-se a Blimunda e desatou a
chorar, parecia uma criança perdida, um soldado que andou na guerra, que nos Pegões matou um
homem com o seu espigão, e agora soluça de felicidade abraçado a Blimunda, que lhe beija a cara suja,
então, então. O padre veio para eles e abraçou-se também, subitamente perturbado por uma analogia,
assim dissera o italiano, Deus ele próprio, Baltasar seu filho, Blimunda o Espírito Santo, e estavam os três
25 no céu, Só há um Deus, gritou, mas o vento levou-lhe as palavras da boca. Então Blimunda disse, Se não
abrirmos a vela, continuaremos a subir, aonde iremos parar, talvez ao sol.

SARAMAGO, José, O Memorial do Convento


GRUPO I (100 pontos)

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas ao questionário sobre o texto lido.

1. Distinga, no texto, dados e personagens históricos e ficcionados. (20pontos)


2. Identifique os fatores a que se atribui, no texto, a subida da passarola. (20pontos)
3. Transcreva os segmentos textuais que sugerem o afastamento progressivo da passarola, após ter
levantado voo. (20pontos)
4. Interprete a comparação subentendida entre a subida de Bartolomeu de Gusmão e a subida de Cristo
ressuscitado ao céu. (20pontos)
5. Explique a perturbação do padre bem patente nas suas últimas palavras. (20pontos)

GRUPO II (50 pontos)

Leia atentamente o texto que se segue:

“Quase um Shakespeare”

Nobel globetrotter1, José Saramago fez do galardão recebido em 1998 um apostolado literário e
cívico. À VISÃO, dizia em 2008: “O Prémio Nobel não tem nenhuma espécie de caderno de
responsabilidades. Trata-se apenas de ir lá, receber a medalha, o diploma, o dinheiro, e se se quiser fica-
se por aí. A Academia sueca não nos pede explicações sobre como estamos a viver esse prémio. Mas
5 pensei que as minhas obrigações iam muito além do literário. O prémio era para um escritor, para a
literatura, para um certo modo de fazê-la, pensá-la, criá-la. Mas também era um prémio para Portugal.
[…] Não quer dizer que tenha andado por aí como embaixador da cultura portuguesa, há pessoas muito
mais responsáveis e com mais razões que podiam assumir-se como tal. Mas fiz tudo aquilo que podia.”
A língua foi-lhe uma pátria, como disse Pessoa. Um território de parágrafos corridos, vírgulas
10 alfandegárias, narradores metediços, efabulações fantásticas que guardavam parábolas, alegorias,
metáforas, maravilhamentos. E se, um dia, todos ficassem cegos? E se a morte não matasse? E se Caim
viajasse no tempo? E se Blimunda e Baltasar se perdessem nos olhos um do outro? E se um elefante
indiano atravessasse a Europa e mergulhasse no nevoeiro, como um escritor que enfrentasse a morte?
Foi com esta caixa de pandora que Saramago se sagrou vencedor de muitos prémios literários. Que se
15 tornou no escritor de quem Umberto Eco dizia ser um “delicado tecedor de parábolas”; que o ensaísta
Harold Bloom caracterizou, à altura do galardão sueco, como “extraordinário, quase um Shakespeare
entre os romancistas”; que Manuel Rivas descreveu como “um escritor muito valente”, com uma “nobre
mirada” que refletia a “derrota da humanidade”. Que Mário de Carvalho afiançou ser “um daqueles
escritores tocados pela Graça”. Que Maria Teresa Fernández de la Vega, vice-presidente do Governo
20 espanhol, descreveu, em plena elegia fúnebre, como um escritor que “fez soar as cordas da alma”, e que
nos recordou que “podemos e devemos ter grandes sonhos, tão grandes que nunca os percamos de
vista”.
Houve um voyeurismo impúdico, comovido (e ciumento?), em todos os que olharam e fotografaram
Pilar del Río a olhar então o seu marido, ainda orgulhosa por ele, ainda com ele. Sabemos que distribuiu
25 as flores recebidas em Lanzarote pelas campas do cemitério local. E que, no documentário José & Pilar,
confessa que soube logo que eles seriam para sempre. E que emprestou à violoncelista Irene Lima, para
interpretar um Bach sentido, o vestido vermelho que usara na cerimónia de atribuição do Nobel
(Saramago levara a samarra do avô e um discurso extraordinário sobre as suas raízes familiares).

CUNHA, Sílvia, in Visão


1. Para responder a cada um dos itens 1.1. a 1.7., selecione a única opção que permite obter uma afirmação
adequada ao sentido do texto.

1.1. A expressão “apostolado literário e cívico” (ll. 1-2) remete para


(A) o cargo de embaixador da cultura portuguesa atribuído a Saramago.
(B) o sentido de missão do escritor.
(C) uma exigência da Academia Sueca aos laureados com o Nobel.
(D) as obrigações literárias do autor.

1.2. Em “A Academia sueca não nos pede explicações” (l. 4), a anteposição do pronome pessoal ao verbo
decorre do facto de a oração
(A) integrar um verbo da terceira conjugação.
(B) apresentar polaridade negativa.
(C) ser subordinada adjetiva relativa.
(D) ser subordinada substantiva completiva.

1.3. Com o uso da forma do pronome pessoal “la” (l. 6) para retomar o referente “literatura” (l. 6), o
enunciador serve-se do mecanismo da
(A) anáfora.
(B) correferência não anafórica.
(C) catáfora.
(D) elipse.

1.4. A forma verbal “tenha andado” (l. 7) encontra-se conjugada no


(A) presente do conjuntivo.
(B) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
(C) pretérito imperfeito do conjuntivo.
(D) pretérito perfeito composto do conjuntivo.

1.5. Com as sucessivas interrogações retóricas das linhas 11 a 13,


(A) sugerem-se matérias para próximos romances.
(B) resume-se a intriga do livro mais conhecido do autor.
(C) assumem-se como hipotéticos os assuntos de algumas obras de Saramago.
(D) citam-se passagens de Memorial do Convento.

1.6. O uso conjugado dos elementos linguísticos “tão … que” (l. 21) confere ao enunciado um valor
(A) concessivo.
(B) concessivo.
(C) causal.
(D) comparativo.

GRUPO III (50 pontos)

Resuma o texto a seguir transcrito, constituído por trezentas e cinquenta e sete palavras, num texto de
cento e cinco a cento e trinta palavras.

Entre os povos primitivos, o céu era frequentemente encarado como outro mundo, situado acima da
terra. Essa maneira de pensar levou à ideia de que no céu haveria também planícies, povoadas por
espíritos considerados seres supremos. Tal analogia conduziu, em casos extremos, à ideia de que o céu
teria também o seu próprio céu.
5 Entre os mitos de muitos povos, é comum a suposição de que o céu e a Terra se encontravam
inicialmente muito próximos (conceção do abraço original) e que depois se separaram. Para justificar a
elevação posterior do céu, imaginaram-se várias explicações; gigantes que elevaram o céu sobre os seus
ombros; uma serpente que se ergueu, levantando o céu nos seus anéis; plantas que cresceram
prodigiosamente e afastaram o céu da Terra.
10 Estas tentativas de explicação desempenharam para os primitivos um papel semelhante à nossa
curiosidade científica. No entanto, as suas ideias sobre o Universo eram excessivamente influenciadas
pelas aparências, apoiando-se no testemunho, muitas vezes enganador, da perceção imediata. (…) Por
este motivo, as primeiras conceções sobre o Universo são fundamentalmente geoestáticas, isto é,
admitem que a Terra está fixa, eventualmente apoiada em algo. São também conceções geocêntricas,
15 pois consideram que a Terra ocupa o centro do Universo, movimentando-se o Sol, a Lua, os planetas e as
estrelas em torno dela.
As estrelas, muitas vezes imaginadas como um cenário permanente de fogueiras distantes ou como
almas que ascendiam ao céu, permitiam apesar de tudo, referenciar as posições dos astros que mudavam
de posição (…): o Sol, a Lua e os planetas. Os povos da Antiguidade rapidamente se aperceberam da
20 vantagem de agrupar as estrelas em constelações, o que permitia identificá-las posteriormente com
maior facilidade. As posições relativas das estrelas sugeriam-lhes figuras no céu que, com grande
imaginação, foram associadas a representações de animais, de heróis e outras figuras lendárias, de que
ainda hoje restam vestígios nos nomes atuais de muitas constelações. Também os planetas, sem exceção,
receberam nomes de antigos deuses, tradição que chegou aos nossos dias. No entanto, paralelamente a
25 esta imaginação exaltada, alguns povos desenvolveram calendários, cujo rigor hoje nos espanta, e
conseguiam prever alguns eclipses e até as posições aproximadas de alguns planetas.

Máximo Ferreira e Guilherme de Almeida, Introdução


à Astronomia e às Observações Astronómicas, Plátano

Bom Trabalho!

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