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Resumo:
Uma visão mais ampla de alomorfia faz reconhecer, em grande número de
palavras do léxico português, uma variedade de formas que remetem
exatamente aos mesmos conceitos. De modo geral, o falante circula
inconscientemente entre as formas, que são, na realidade, heranças latinas
subjacentes ao vocabulário, possibilitando maior amplitude no trato com as
palavras. Para tanto, basta que se apliquem certos princípios sob os quais
ocorrem as variações sempre que se tratar de circunstâncias idênticas. Este
trabalho alerta para as semelhanças gráficas e fônicas entre palavras, ainda
que pequenas diferenças, à primeira vista, obscureçam a sua relação de
parentesco.
Palavras-chave: alomorfia; metaplasmo; variação.
INTRODUÇÃO
1
Professor Adjunto da Universidade Federal de Sergipe- UFS. Estágio de Pós-doutoramento com
supervisão de Nelly Carvalho.
2
Cf. HECKLER, Evaldo et alii. Estrutura das palavras. São Leopoldo: Unisinos, 1994.
3
Cf. VIARO, Mário Eduardo. Por trás das palavras. Manual de etimologia do português. São Paulo:
Globo, 2004.
4
Cf. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
Cf. FARIA, Ernesto. Vocabulário Latino. Belo Horizonte: Garnier, 2001.
_____________ Dicionário latino-português.Belo Horizonte: Garnier, 2003.
Cf. SARAIVA, F. R. dos Santos. Dicionário latino-português. Belo Horizonte: Garnier, 2000.
Importa, antes de tudo, compreender o real conceito dos termos com os quais
se lida. Observa José Lemos Monteiro5 que pouco adianta saber que a morfologia se
ocupa das formas das palavras se não se tem clara a noção do que seja forma. Para
os gregos a morphê (radical morph) caracteriza a forma, a figura, o aspecto, os
traços do rosto, da expressão fisionômica6 e é exatamente o que se busca
reconhecer nas palavras ao investigar-lhes as configurações com que se
apresentam no léxico. Juntando-se ao adjetivo grego allos7 - outro (radical all), a
expressão alomorfe, tal como é usada pelos especialistas, indica outra forma.
A morfologia, pois, em sendo uma disciplina da lingüística, ocupa-se também
das formas internas das palavras e, uma vez conhecidos os elementos formais de
que elas se constituem, decifra-lhes o significado e propõe a sua classificação. O
grande desafio consiste na identificação de todos os elementos, chegando-se às
unidades mínimas, muito propriamente designadas de monemas (monos, uno), o
que caracteriza a unidade, aquilo que não se pode mais dividir.
Numa ótica sincrônica, a maioria destas unidades formais mínimas é composta
de morfes presos, ou seja, sem qualquer chance de uso isoladamente. O significado,
portanto, que cada uma dessas partes acrescenta às palavras não permite,
geralmente, a comunicação se tomado fora do contexto maior em que se insere para
garantir o termo em uso. É o que caracteriza as chamadas formas presas das
análises morfológicas.
Os compêndios de morfologia costumam alertar para a existência de dois ou
mais morfes correspondendo a um mesmo morfema, isto é, guardando o mesmo
significado e a semelhança formal, tendo apenas variações sutis, as quais não
parecem fugir aos princípios norteadores das mudanças grafofônicas.
Não se trata do processo de sinonímia pelo qual se pretende dizer as mesmas
coisas, porém sob o recurso de morfes pertencentes a outras famílias.
Evaldo Heckler et alii8 parecem ter observado a abordagem tímida dos
compêndios de morfologia e, com muita propriedade, além da ampliação conceitual
de alomorfia e da demonstração de sua incidência em diferentes pontos da palavra,
conseguem apresentar listas exaustivas de famílias que possuem formas variadas
do mesmo radical, muitas das quais imperceptíveis ao primeiro olhar que lhes tenha
sido direcionado.
Em perspectiva igualmente diacrônica, mostra-se a abordagem de Mário
Eduardo Viaro9, que, após tecer considerações sobre o descaso para com as
línguas clássicas nos cursos de letras das universidades brasileiras, insiste no valor
do conhecimento histórico do português.
5
Cf. MONTEIRO, José Lemos. Morfologia portuguesa. Campinas: Pontes, 2002, p. 11.
6
Cf. C. ALEXANDRE. Diccionaire grec-français. Paris: Hachette et cie., 1884, verbete morphê, ês, p.
926.
7
Cf. C.ALEXANDRE. Ibidem, verbete allos, e, o, p. 64.
8
Cf. HECKLER, Evaldo et alii, op. cit.
9
Cf. VIARO, Mário Eduardo, op. cit.
10
Cf. PIMENTA. Reinaldo. A casa da mãe Joana. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
SILVA,Dionísio da. De onde vêm as palavras II. São Paulo: Mandarim, 1997.
11
Cf. MONTEIRO, José Lemos, op. cit.
12
Cf. ZANOTTO, Normélio. Estrutura mórfica da língua portuguesa. Caxias do Sul: EDUCS. 1996. P.
42.
13
Cf. MONTEIRO, José Lemos, op; cit. p. 34.
14
Cf. VASCONCELOS, Carolina Michaelis de. Lições de filologia portuguesa. Lisboa: Martins Fontes.
1964, p . 266.
15
Cf. MOURA NEVES, Maria Helena de. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p.
118.
16
Cf. COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática histórica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1976, p
134-163.
3 CONCLUSÃO
4 REFERÊNCIAS