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Óptica Geométrica 1

O QUE APRENDEREMOS 8
1.1 Raios de luz e sombra 8
Problema resolvido 1.1 Sombra de uma bola 9
1.2 Reflexão e espelhos planos 11
Imagem formada por um espelho plano 12
Exemplo 1.1 Comprimento de um espelho 14
1.3 Espelhos curvos 15
Espelhos esféricos convergentes 15
Espelhos esféricos divergentes 18
Exemplo 1.2 Imagem formada por um espelho
convergente 20
Aberração esférica 21
Espelhos parabólicos 22
Parábolas de rotação 23
1.4 Refração e a Lei de Snell 24
Princípio de Fermat 25
Exemplo 1.3 Profundidade aparente 25
Problema resolvido 1.2 Deslocamento dos
raios de luz em materiais transparentes 26
Reflexão interna total 28
Fibra óptica 29
Problema resolvido 1.3 Fibra óptica 30
Miragens 31
Dispersão cromática 32
Polarização por reflexão 33
O QUE JÁ APRENDEMOS |
G U I A D E E S T U D O PA R A E X E R C Í C I O S 34
Guia de resolução de problemas 35
Questões de múltipla escolha 35
Questões 35
Problemas 37

Figura 1.1 Formação de arco-íris primário e secundário pela refração e reflexão da


luz em gotas de chuva sobre a praia de Ka’anapali, em Maui, Havaí.
8 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

O QUE APRENDEREMOS
■ Em situações nas quais o comprimento de onda é pequeno ■ A luz é refratada (muda de direção) quando incide sobre um
comparado a outras escalas de comprimento em um sistema contorno entre dois meios opticamente transparentes.
físico, ondas de luz podem ser descritas como raios lumino-
■ A Lei de Snell estabelece que o produto do índice de refração
sos, movendo-se em trajetórias retilíneas, representando a
do meio do raio luminoso incidente vezes o seno do ângulo
direção de uma onda luminosa se propagando.
de incidência no contorno é igual ao produto do índice de
■ A lei da reflexão estabelece que o ângulo de incidência é igual refração do meio do raio luminoso refratado vezes o seno do
ao ângulo de reflexão. ângulo da luz transmitida.
■ Espelhos podem focalizar luz e produzir imagens governadas ■ Quando a luz atravessa o contorno entre dois meios e o ín-
pela equação dos espelhos, a qual estabelece que o inverso da dice de refração do segundo meio é menor do que o índice
distância ao objeto mais o inverso da distância à imagem é de refração do primeiro meio, há um ângulo crítico de inci-
igual ao inverso da distância focal do espelho. dência acima do qual não há refração e, em vez disso, a luz é
totalmente refletida.

O estudo da luz é dividido em três campos: óptica geométrica, óptica ondulatória e óptica
quântica. Este capítulo discute a óptica geométrica, na qual luz é caracterizada como raios. A
óptica quântica se utiliza do fato de a luz ser quantizada, sua energia é localizada em partículas
pontuais chamadas fótons (Capítulos 4 e 5).
Arcos-íris (Figura 1.1) podem ser vistos somente quando há gotas de água no ar e o sol
está atrás do observador. Por quê? O motivo tem a ver em como as gotas de água refletem e
refratam a luz – os dois processos ópticos que são o assunto principal deste capítulo.
Já vimos que luz é uma onda, mas neste capítulo iremos examinar situações em que o
comprimento de onda é pequeno quando comparado às demais dimensões físicas do siste-
ma. Nesse caso, podemos ignorar o caráter ondulatório da luz e considerar somente como
a luz viaja pelo ar – ou vidro ou água ou qualquer outro meio. Modelar a luz dessa forma é
suficiente para explicar a óptica de espelhos, lentes e outros dispositivos ópticos, incluindo
prismas e até mesmo arco-íris. Mais adiante, no Capítulo 3, iremos examinar sistemas nos
quais o comprimento de onda não é tão pequeno e veremos como isso origina outros fenô-
menos ópticos.
Este capítulo considera em primeiro lugar a luz visível, mas lembre-se que as leis da refle-
xão, refração e formação de imagem também se aplicam a outros tipos de ondas eletromagné-
ticas. Por exemplo, muitas propriedades úteis das ondas de rádio são baseadas na reflexão e na
refração.

1.1 Raios de luz e sombra


Vimos que as ondas eletromagnéticas se espalhavam esfericamente a partir de uma fonte pon-
tual. As esferas concêntricas amarelas na Figura 1.2 representam o espalhamento de frentes de
onda esféricas da luz emitida por uma lâmpada incandescente (uma frente de onda é o local
geométrico dos pontos que têm o mesmo valor instantâneo para o campo elétrico). As flechas
pretas são os raios de luz, os quais são perpendiculares à frente de onda em cada ponto do
espaço e apontam na direção e no sentido da propagação da luz. As ondulações em vermelho
representam o campo elétrico oscilante.
Ondas luminosas longe da fonte podem ser tratadas como ondas planas cujas frentes de
onda viajam em linha reta (Figura 1.3). Esses planos viajando podem ainda ser representados
por vetores paralelos ou por flechas perpendiculares às superfícies dos planos. Neste capítulo,
iremos tratar a luz como um raio viajando em uma linha reta enquanto dentro de um meio
homogêneo. Tratando a luz como raios nos permitirá analisar e resolver um grande número de
problemas práticos, ambos geometricamente e por meio de várias construções.
A experiência do dia a dia nos diz que a luz viaja em linha reta. Não podemos enxergar
Figura 1.2 Luz se espalhando de facilmente que a luz é uma estrutura ondulatória ou uma estrutura quântica, visto que os com-
uma fonte. Amarelo: frentes de onda primentos de onda da luz visível (400-700 nm) são pequenos comparados às estruturas que
esférica; vermelho: campo elétrico formam a nossa experiência do cotidiano (algumas notáveis exceções, como películas de sabão,
oscilante; preto: raios. serão discutidas no Capítulo 3).
Capítulo 1 Óptica Geométrica 9

d D

R
r

Figura 1.3 Planos representando frentes de onda de uma onda de luz se


propagando. As oscilações senoidais em vermelho representam o campo Figura 1.4 Luz brilhando através de uma abertura sobre uma tela.
elétrico ou magnético oscilante. As flechas pretas são os corresponden-
tes raios de luz que são sempre perpendiculares à frente de onda.

Uma pessoa posicionada fora do brilho dos raios do Sol irá ver sombras causadas pelos obje-
tos sob a luz do Sol. Os limites das sombras serão delimitados com razoável precisão; dessa forma,
o indivíduo concluirá que a luz se propaga em linhas retas e os objetos bloqueiam os raios de luz
vindos do Sol quando eles colidem com o objeto. Uma sombra é criada onde a luz é interceptada,
enquanto áreas iluminadas são criadas onde os raios de luz não interceptados continuam em li-
nhas retas e atingem o solo ou outras superfícies. A sombra não é completamente escura, porque
a luz é espalhada por outras superfícies e ilumina parcialmente a área sombreada, e o limite da
sombra não é completamente preciso, pois o Sol tem um diâmetro não desprezível. Apesar disso, a
formação de sombras ainda fornece credibilidade à hipótese do movimento retilíneo da luz.
Essa observação pode ser feita de uma forma mais controlada colocando-se um cartão
contendo um pequeno orifício no meio na frente da luz emitida por uma lâmpada incandes-
cente (Figura 1.4), o que produz uma mancha circular brilhante sobre a tela – a imagem. Assim,
uma abertura menor irá produzir uma imagem menor sobre a tela. Uma abertura maior irá
produzir uma imagem maior.
Se a fonte luminosa for suficientemente pequena (“tipo pontual”), a semelhança de triân-
gulos na Figura 1.4 pode ser utilizada para achar a relação entre o tamanho da abertura (r), o
tamanho da imagem (R), a distância entre a fonte luminosa e a abertura (d) e a distância entre
a abertura e a tela (D):

(1.1)

Essa equação é referida algumas vezes como a lei dos raios.

PROBLEMA RESOLVIDO 1.1 Sombra de uma bola


A luz de uma pequena lâmpada incandescente cria a sombra de uma bola sobre uma parede. O
diâmetro da bola é de 14,3 cm e o diâmetro da sombra da bola é de 27,5 cm. A bola está afastada
1,99 m da parede.

PROBLEMA
A que distância se encontra a lâmpada incandescente da parede?

SOLUÇÃO

PENSE
A lâmpada incandescente é pequena, significando que podemos desprezar seu tamanho e tratá-la
como uma fonte pontual. O triângulo formado pela lâmpada e pela parede é semelhante ao triân-
gulo formado pela lâmpada e pela sombra. Foi fornecida a distância da bola até a parede, assim
podemos achar a distância da lâmpada até a bola, adicionando esse comprimento à distância da
bola à parede, obtendo a distância da lâmpada até a parede.
Continua →
10 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

DESENHE
A Figura 1.5 mostra o desenho de uma lâmpada incandescente projetando a sombra de uma bola
sobre uma parede.

PESQUISE
Lâmpada O triângulo formado pela lâmpada e pela bola é semelhante ao triângu-
incandescente Bola Parede
d D
lo formado pela lâmpada e pela sombra. Usando a equação 1.1, pode-
mos escrever:

r R

onde r é o raio da bola, R é o raio da sombra projetada sobre a parede,


d é a distância da lâmpada até a bola e D é a distância da bola até a
parede.
Figura 1.5 Lâmpada projetando a sombra de uma bola sobre
uma parede. SIMPLIFIQUE
Podemos rearranjar a lei dos raios, obtendo

Isolando os termos envolvendo a distância da lâmpada à bola no lado esquerdo, obtemos

Resolvendo para a distância da lâmpada à bola leva a

A distância da lâmpada até a parede dlâmpada é

CALCULE
Colocando nossos valores numéricos, temos

ARREDONDE
Registramos nosso resultado com três algarismos significativos

S O L U Ç Ã O A LT E R N AT I VA
Avaliando nosso resultado, calculamos a razão de r/d e comparamos o resultado com a razão
R/(d+D), que devem ser iguais de acordo com a lei dos raios – equação 1.1. A partir do exposto
anterior, notamos que a distância da lâmpada até a bola é 2,16 m. A primeira razão é

A segunda razão é

Nossas razões concordam dentro do erro de arredondamento; assim, nossa resposta parece razoável.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 11

Como uma segunda avaliação do nosso resultado, podemos analisar os casos limite e ver se
eles concordam com nossas expectativas. O que acontece com nosso resultado no caso limite em
que a distância d da lâmpada até a bola é grande comparada à distância D da bola até a parede?
Esse é um caso análogo à luz do Sol atingindo a bola e projetando uma sombra. Nessa situação,
sabemos que a sombra é aproximadamente do mesmo tamanho que a bola. E o caso limite na
nossa fórmula r/d=R/(d+D) confirma tal fato, uma vez que d  D vemos que r/d=R/(d+D) ≈ R/d
e assim r ≈ R.
O que acontece com o caso inverso, com d  D, onde a lâmpada está muito próxima da bola
quando comparada à distância entre a bola e a parede? O tamanho da sombra diverge. Nossa fór-
mula também mostra esse caso limite, porque R=(d+D)r/d ≈ rD/d  r, ou seja, o raio da sombra
se torna muito grande comparado ao raio da bola.

Vamos finalizar esta discussão introdutória dos raios de luz e do traçado dos raios de luz com
uma observação muito importante: o sentido dos raios é reversível. Na discussão que segue da
reflexão e refração em superfícies através de fronteiras entre diferentes meios, raios de luz irão
surgir com um sentido implícito, como se emergissem dos objetos e então espalhados ou refra-
tados. Mas todos os traçados de raios são igualmente válidos se o sentido dos raios é revertido.
Guarde isso em mente conforme continuamos com os exemplos e as derivações.

1.2 Reflexão e espelhos planos


Alguns objetos (lâmpadas incandescentes, fogo, Sol) emitem luz e, portanto, são fontes pri-
márias de luz. Objetos que não são fontes primárias de luz podem ser vistos porque eles
refletem a luz. Há dois tipos diferentes de reflexão: difusa e especular. Na reflexão difusa, as
ondas luminosas ao colidirem com a superfície do objeto são espalhadas randomicamen-
te. Na reflexão especular, todas elas são refletidas da mesma forma. A maioria dos objetos
apresenta reflexão difusa, na qual a cor da luz refletida é uma propriedade não somente do
comprimento de onda da luz incidente antes da reflexão, mas também das propriedades da
superfície do objeto que reflete a luz. A diferença entre reflexão difusa e especular está na (a)
rugosidade da superfície na escala do comprimento de onda da luz. Para uma superfície
mostrando reflexão especular, os vetores normais locais na superfície (setas vermelhas na
Figura 1.6b) estão alinhados, ao passo que para uma superfície mostrando reflexão difusa
eles não estão (Figura 1.6a).
Um espelho é uma superfície que reflete luz de forma especular. Aqui estudaremos so- (b)
mente os espelhos “perfeitos” – aqueles que não absorvem qualquer luz e que refletem 100% da
Figura 1.6 Orientação dos vetores
luz incidente, independente da intensidade da luz incidente. Vimos que luz é um tipo de onda
normais para uma superfície mostran-
eletromagnética. A luz visível consiste em ondas eletromagnéticas com comprimentos de onda do (a) reflexão difusa e (b) reflexão
de aproximadamente 400 nm a 700 nm. Para um espelho ser considerado perfeito, ele deve especular.
refletir 100% da luz incidente pelo menos nesta faixa de comprimentos de onda. Não se atinge
perfeição em espelhos de forma fácil.
Espelhos convencionais de banheiros consistem em uma peça de vidro com uma arma-
dura de metal por trás. Normalmente eles são suficientes para nossas necessidades, mas não
são espelhos perfeitos. Você pode verificar isso com auxílio de uma caixa de remédios com
três lados espelhados. Abra as laterais da esquerda e da direita até o ponto em que fiquem
defronte uma da outra, parecendo paralelas, e então coloque sua cabeça entre elas. Você verá
um grande número de suas próprias reflexões, com a luz emitida de sua cabeça ricochete-
ando para frente e para trás várias vezes entre os dois espelhos até que atinja seus olhos. A
imagem formada pela luz que sofreu múltiplas reflexões é notavelmente fosca (Figura 1.7).
A razão é que cada reflexão absorve uma fração de intensidade da luz incidente, talvez da
ordem de 1%.
Em 1998, Yoel Fink, na época um estudante de graduação no MIT, inventou o “omnidirec-
tional dieletric mirror”, que pode ser considerado perfeito no sentido definido anteriormente,
com perda por absorção menor que 0,0001%. Ele fez isso utilizando muitas camadas alterna-
das, de aproximadamente 1 ␮m de espessura, de um polímero e um vidro semicondutor. Essa
Figura 1.7 Reflexão da luz entre dois
pesquisa foi feita inicialmente com financiamento do “Defense Advanced Research Projects espelhos planos quase exatamente
Agency” (DARPA), e agora essa tecnologia está sendo implementada com sucesso para criar paralelos.
12 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

ferramentas extremamente avançadas de cirurgia a laser, sendo outro exemplo de como os


avanços na pesquisa em física moderna continuam conduzindo a descobertas tecnológicas fan-
r
tásticas, mesmo em um campo há muito tempo estabelecido como a óptica geométrica.
i Começaremos com espelhos planos, delgados. Para reflexão dos espelhos planos, há uma
lei simples para raios de luz incidente sobre a superfície do espelho conhecida como a lei da re-
flexão: o ângulo de incidência i é igual ao ângulo de reflexão r, os quais são sempre medidos
Figura 1.8 O ângulo de incidência é a partir da normal à superfície, que é definida como uma linha perpendicular à superfície do
igual ao ângulo de reflexão pela re- espelho plano. Como consequência, o raio incidente, a normal e o raio refletido se encontram
flexão da luz em um espelho plano. A no mesmo plano (Figura 1.8).
linha tracejada é normal (perpendicu- Matematicamente, a lei da reflexão é dada por
lar) ao espelho.
(1.2)
Raios paralelos incidentes em um espelho plano são refletidos de tal forma que os raios refleti-
dos também são paralelos (Figura 1.9), pois toda normal à superfície (linha tracejada na Figura
1.8) é paralela a outras normais.

Imagem formada por um espelho plano


Uma imagem pode ser formada pela luz refletida de um espelho plano. Por exemplo, quando
você para na frente de um espelho, vê a sua imagem que parece estar atrás do espelho. Essa per-
cepção ocorre porque o cérebro assume que os raios de luz que alcançam os olhos viajaram em
linhas retas sem mudança de direção. Assim, se os raios de luz parecem se originar em um ponto
(digamos, atrás do espelho), o olho (ou câmera) vê uma fonte de luz naquele ponto, esteja ou
não a fonte de luz lá. Esse tipo de imagem, da qual a luz não emana, é denominado de imagem
(a)
virtual. Pela sua natureza, imagens virtuais não podem ser mostradas em uma tela. Em contras-
te, imagens reais são formadas em um local no qual você pode fisicamente colocar um objeto,
como uma tela ou um dispositivo de carga acoplada (CCD) de uma câmera.
O próximo exemplo irá esclarecer a noção de imagem virtual. Na Figura 1.10, cada ponto
na superfície da chama da vela emite luz, com os raios de luz se afastando orientados radial-
mente. Um observador pode localizar a chama da vela no espaço traçando de forma reversa os
raios de luz até o ponto onde eles se interceptam. A maioria desses raios está traçada em cinza,
e os raios de luz que atingem o espelho estão realçados em preto. Cada um deles foi refletido de
acordo com a lei básica da reflexão (equação 1.2), com o ângulo de reflexão relativo à normal
à superfície sendo igual ao ângulo de incidência. Os raios refletidos também têm um ponto no
qual eles se interceptam, o qual é encontrado dando-se continuidade aos raios refletidos atrás
do espelho (linhas escuras tracejadas). Entretanto, para o observador, a luz parece se originar
de um ponto atrás do espelho, que é a localização da imagem formada pelo espelho.

(b)
Figura 1.9 (a) Raios de luz paralelos
em um espelho plano. (b) Setas so-
brepostas aos raios de luz.

Figura 1.10 Imagem de uma vela como vista em um espelho (linha azul).
Capítulo 1 Óptica Geométrica 13

Imagens formadas por espelhos planos aparecem invertidas esquerda-direita porque os


raios de luz incidentes sobre a superfície do espelho são refletidos de volta sobre o outro lado
da normal. Assim, temos o termo imagem do espelho. Aprofundaremos esse ponto a seguir,
com o auxílio das Figuras 1.12 e 1.13.
No entanto, primeiro vamos considerar quantitativamente o processo da formação de
imagens com um espelho plano (Figura 1.11) a partir da utilização da técnica do traçado de
raios. Veremos que uns poucos raios são suficientes para construir a imagem e estamos livres
para selecionar os mais convenientes.
Para esta construção de imagem, escolhemos o caso em que um objeto com altura h0 é
colocado a uma distância d0 do espelho. Seguindo a convenção usual, o objeto é representado
por uma seta, que indica a altura e orientação do objeto. O objeto está orientado de forma que a
origem da seta esteja no eixo óptico, o qual é definido como normal ao plano do espelho (para
um espelho plano, o eixo óptico pode ser mostrado passando por qualquer ponto do espelho,
mas mais adiante, quando examinarmos os espelhos curvos, veremos que há uma localização
única para o eixo óptico.) Três raios de luz determinam onde a imagem é formada.
1. O primeiro raio de luz parte do fundo da seta ao longo do eixo óptico. Esse raio reflete
diretamente sobre si mesmo. A extrapolação desse raio refletido ao longo do eixo
óptico para a direita do espelho indica que a parte inferior da imagem está localizada
sobre o eixo óptico.
2. O segundo raio de luz parte do topo da seta paralelo ao eixo óptico e é refletido dire-
tamente sobre si mesmo. A extrapolação desse raio passando o espelho é mostrada na
Figura 1.11 como uma linha tracejada.
3. O terceiro raio parte do topo da seta e atinge o espelho onde o eixo óptico intercepta
o espelho, e é refletido com um ângulo igual ao seu ângulo de incidência. A extrapo-
lação do raio refletido é mostrada como uma linha tracejada na Figura 1.11.
As extrapolações desses dois últimos raios se interceptam em um ponto onde o topo da ima-
gem se forma (Figura 1.11). É evidente que todos os raios oriundos da seta que atingem o
espelho – não somente os dois raios mostrados aqui – extrapolam-se de tal forma que eles in-
terceptam a imagem. A imagem tem uma altura hi e está localizada a uma distância di à direita
do espelho. Na Figura 1.11 o triângulo amarelo é congruente com o triângulo azul. Assim,

(1.3)
e

(1.4)
Por convenção, o sinal da distância da imagem, para uma imagem virtual produzida por
um espelho, é negativa. Dessa forma, usamos o valor em módulo para a distância da imagem na
equação 1.4. A imagem produzida por um espelho plano tem a mesma distância em relação ao
espelho do que o objeto posicionado na frente dele. Além disso, a imagem aparece na posição
vertical e do mesmo tamanho do objeto. Por que as imagens do espelho aparecem invertidas
esquerda-direita e não invertidas de cima para baixo? Uma pessoa posicionada em frente a um
espelho plano observa sua imagem conforme a Figura 1.12. A imagem vista por uma pessoa pode
ser construída com dois raios de luz conforme mostrado, mas, é claro, os raios de luz se originam
de todos os pontos visíveis da pessoa. A imagem é ereta (tem a mesma orientação que o objeto,
não “invertida”) e virtual (é formada atrás da superfície do espelho).

Espelho
plano
do di

Raio 2
ho Objeto 90°i 90°r Imagem hi
Raio 3
Eixo i r
óptico Raio 1 r

Figura 1.12 Uma pessoa em pé na


frente de um espelho vê uma imagem
Figura 1.11 Diagrama de raios para a imagem formada por um espelho plano. virtual de si mesma.
14 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

E sobre a aparente inversão esquerda-direita? Na Figura 1.13, a imagem virtual é


novamente construída com dois raios, sendo que todos os outros apresentam mesmo
comportamento. A figura mostra que de fato o espelho faz uma inversão de trás para
frente e não inversão esquerda-direita ou de cima para baixo. Se você segurar uma
seta apontando para a direita e olhar no espelho, a seta ainda estará apontando para
a direita! Você pode notar que uma pessoa real tem seu relógio no seu pulso direito.
Ela observa que seu eu virtual usa o relógio no pulso esquerdo somente porque o
Figura 1.13 Uma pessoa sentada na frente cérebro imagina que a imagem foi formada por uma rotação de 180º através de um
de um espelho vê a imagem dela mesma no eixo vertical e não por uma inversão de trás para frente. Se você acha isso muito com-
espelho. plicado, talvez a seguinte visualização funcione: suponha que você pinte as letras da
sua universidade sobre sua testa preparando-se para o grande jogo. Então você pega
um pedaço de fita adesiva branca, colocando-a sobre as letras pintadas em sua testa.
Conforme você retira a fita, parte da tinta gruda nela. Se você colocar a fita mais longe, você
verá a parte adesiva da fita que entrou em contato com a tinta, e as letras impressas nela estão
tipo revertidas pelo espelho. Olhar a sua imagem no espelho é exatamente como olhar a parte
adesiva da fita.
Se você observar uma imagem de si mesmo através de uma webcam em seu computador,
você se verá como as outras pessoas o veem – a imagem da webcam não é invertida de trás para
frente. Essa imagem é confusa devido a sua longa experiência vendo-se através de um espelho.
Cada movimento que você faz parece ir no sentido oposto daquela imagem que você esperava.
Por essa razão, alguns pacotes de software de videoconferência apresentam agora uma imagem
invertida que representa a inversão de trás para frente inerente a uma imagem de espelho, o que
está mais de acordo com a experiência comum.

EXEMPLO 1.1 Comprimento de um espelho

PROBLEMA
Um indivíduo com 184 cm de altura deseja comprar um espelho no qual ele possa enxergar todo
o seu corpo. Seus olhos distam 8 cm do topo de sua cabeça. Qual é a altura mínima necessária
para o espelho?

SOLUÇÃO
Por simplicidade, representamos o indivíduo por uma haste de 184 cm de altura com os olhos
a 8 cm do topo da haste (este número não importa, conforme a discussão que segue mostrará),
segundo apresentado na Figura 1.14.

Topo da cabeça
Olhos
8 cm

r
184 cm
i

Espelho

Pés
Pessoa Imagem
Figura 1.14 Distância e ângulos para um indivíduo em pé na frente de um espelho, que é a linha azul.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 15

Primeiro, considere qual caminho a luz oriunda dos pés do indivíduo deve Olhos
percorrer para atingir seus olhos. A luz partindo dos pés é representada por uma
seta vermelha na Figura 1.14. O ângulo de incidência sobre o espelho, i , é igual
ao ângulo de reflexão do espelho, r . Podemos desenhar dois triângulos que in-
(184 cm - 8 cm)/2
cluem esses ângulos (Figura 1.15).
Esses dois triângulos são congruentes, já que i = r, cada um deles tem um
ângulo reto e eles compartilham um lado comum. Portanto, os lados verticais r
de cada triângulo devem ter o mesmo comprimento. A soma dos dois lados é i
igual à altura da pessoa menos a distância do topo da cabeça do indivíduo até
seus olhos. Dessa forma, o lado vertical de cada triângulo tem o comprimento de
(184 cm − 8 cm)/2, conforme indicado na Figura 1.15. (184 cm - 8 cm)/2
Vemos agora que o fundo do espelho precisa se estender somente até uma Espelho
altura de (184 cm − 8 cm)/2 = 88 cm acima do piso. Uma análise semelhante
dos dois triângulos congruentes nos fornece o lado de cima do espelho, o qual Pés
deve ser (8 cm)/2=4 cm abaixo do topo da cabeça do indivíduo. Assim, a altura Pessoa
mínima do espelho é 184 cm – 88 cm = 92 cm. Esse espelho tem exatamente Figura 1.15 Dois triângulos congruentes formados pela
metade da altura do indivíduo. Então, um espelho que tem metade do tamanho luz vinda dos pés do indivíduo.
de um indivíduo permite a visualização de todo o seu corpo. Esse resultado não
depende da distância dos olhos até o topo da cabeça do indivíduo ou o quão
perto do espelho o indivíduo está. Entretanto, ele depende de como o espelho
está pendurado, devendo ser posicionado de forma que o topo do espelho esteja a meio caminho
entre os seus olhos e o topo da sua cabeça.

1.3 Espelhos curvos


Quando a luz é refletida a partir da superfície de um espelho curvo, os raios de luz seguem a
lei da reflexão em cada ponto da superfície. Os raios de luz que são paralelos antes de atingir
o espelho são refletidos em diferentes direções, considerando a parte do espelho que eles atin-
gem. Dependendo de quando o espelho é côncavo ou convexo, podem ser formados raios de
luz convergentes ou divergentes.

Espelhos esféricos convergentes


i
Considere um espelho esférico com uma superfície refletora no seu lado interno. Esse é um es-
pelho côncavo. A Figura 1.16 representa esta superfície esférica refletora como o segmento de C r
um círculo. O eixo óptico do espelho, representado aqui pelo desenho de uma linha horizontal
tracejada, é uma linha através do centro da esfera, marcado como C na Figura 1.16. Imagine
que um raio de luz horizontal acima do eixo óptico está incidindo sobre a superfície do espe-
lho, paralelo ao eixo óptico. A lei da reflexão se aplica no ponto onde o raio de luz atinge o espe-
lho. A normal à superfície neste ponto, a linha tracejada na Figura 1.16, é uma linha radial que
passa pelo centro da esfera. No triângulo isósceles da Figura 1.16, você pode notar que cada um
dos lados mais curtos do triângulo possui cerca de metade do comprimento do lado mais lon- Figura 1.16 Um raio de luz horizon-
go, indicando que r é pequeno. Portanto, o raio refletido cruza o eixo óptico aproximadamente tal é refletido através do ponto focal
na metade do caminho entre o espelho e o ponto C. de um espelho côncavo.
Agora suponha que existam vários raios de luz horizontais incidentes sobre o espelho es-
férico (Figura 1.17). Cada raio de luz obedece a lei da reflexão em cada ponto. Dessa forma,
cada raio irá cruzar o eixo óptico na metade do caminho entre o espelho e o ponto C. Esse
ponto de cruzamento F é chamado de ponto focal. A menos que especificado de outra forma, C F
considera-se que todos os raios horizontais estejam próximos o suficiente do eixo óptico para
passar através de F na reflexão.
O ponto F é metade do caminho entre o ponto C e a superfície do espelho. O ponto C está
localizado no centro da esfera, assim a distância de C da superfície do espelho é simplesmente
o raio do espelho, R. Dessa forma, o foco f de um espelho esférico convergente é

(1.5)
Figura 1.17 Vários raios de luz para-
Raios de luz incidentes sobre um espelho convergente verdadeiro são mostrados na Figura 1.18. lelos refletidos através do ponto focal
de um espelho côncavo.
16 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

Agora vamos considerar a formação de imagens reais com um espelho con-


vergente, tal como o da Figura 1.19. Um objeto com altura h0 é colocado à distân-
cia d0 do espelho, onde d0 > f. O objeto é representado por uma seta, que indica a
altura e orientação do objeto. O objeto é orientado de forma que a origem da seta
esteja sobre o eixo óptico, o qual, como antes, é normal à superfície do espelho
esférico ao longo da linha passando através do centro C da esfera. Quatro raios de
luz determinam onde a imagem é formada.
1. O primeiro raio de luz parte da base da seta ao longo do eixo óptico e
normalmente não é mostrado. Esse raio meramente indica que a origem
(a) da imagem está localizada sobre o eixo óptico.
2. O segundo raio de luz parte do topo da seta paralelo ao eixo óptico e
refletido através do ponto focal do espelho.
3. O terceiro raio parte do topo da seta, passa através do centro da esfera, C,
e então é refletido voltando sobre si mesmo.
4. O quarto raio parte do topo da seta, passa através do ponto focal, F, e se
reflete voltando de forma paralela ao eixo óptico.
Os últimos três raios se cruzam em um ponto onde a imagem do topo do objeto
é formada (Figura 1.19). De fato, todos os raios da ponta de seta que atingem o
espelho – não somente os três mostrados aqui – se cruzam na imagem. Dessa
forma, dizemos que o espelho focaliza os raios para formar a imagem.
(b) A reconstrução do caso especial mostrado na Figura 1.19 descreve uma ima-
Figura 1.18 (a) Raios de luz paralelos refletidos gem real (do mesmo lado do espelho que o objeto, não atrás do espelho), com
para o ponto focal por um espelho convergente. (b) altura hi à distância di da superfície do espelho. Essa imagem tem uma altura hi, à
A mesma imagem com as setas sobrepostas. qual é designado um valor negativo para indicar que a imagem é invertida e está à
distância di do espelho. Por convenção, essa distância da imagem é definida como
positiva devido ao fato de que a imagem se encontra do mesmo lado do espelho que o objeto.
A imagem é invertida e, nesse exemplo, tem seu tamanho reduzido conforme o objeto que
produziu a imagem. Uma imagem é chamada de real quando uma tela colocada na posição da
imagem fornece uma precisa projeção da imagem naquele ponto. Para uma imagem virtual, os
raios de luz não passam através da imagem e, portanto, nenhuma luz atinge uma tela colocada
na posição da imagem.
Agora vamos reconstruir outro caso para um espelho convergente, onde d0 < f (Figura
1.20). O objeto se encontra sobre o eixo óptico, e três raios de luz determinam onde a imagem
é formada.
1. O primeiro raio meramente indica que a origem da imagem se encontra sobre o eixo
óptico e normalmente não é mostrado.
2. O segundo raio parte do topo do objeto paralelo ao eixo óptico e é refletido através do
ponto focal.
3. O terceiro raio deixa o topo do objeto ao longo de um raio e é refletido de volta sobre
si mesmo através do centro da esfera.

Espelho

ho C F
hi

do

di

Figura 1.19 Imagem produzida por um espelho convergente de um objeto com distância do objeto maior do que o foco do espelho.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 17

Espelho

ho hi

C F do di

Figura 1.20 Imagem produzida por um espelho convergente com distância menor do objeto do que o foco do espelho.

Os raios refletidos claramente são divergentes. Para determinar a localização da imagem, de-
vemos extrapolar os raios refletidos para o outro lado do espelho. Esses dois raios se cruzam a
uma distância di da superfície do espelho, produzindo uma imagem com altura hi.
Nesse caso, a imagem é formada no lado oposto do espelho em relação ao objeto, uma
imagem virtual – por convenção, é atribuído um valor negativo à quantidade di para indicar
que a imagem é virtual. Para um observador, a imagem aparece como se estivesse atrás do
espelho, como foi o caso para o espelho plano. A imagem é ereta e maior que o objeto. Esses
resultados para do < f são um tanto diferentes daqueles para do > f. Espelhos de barbear ou para
maquiagem são geralmente espelhos convergentes, cuja face é posicionada mais próxima do
que o foco, produzindo uma imagem ereta e maior.
Antes de tratar sobre os espelhos divergentes, vamos formalizar a convenção de sinais para
distâncias e alturas.
1. Todas as distâncias no mesmo lado do espelho que o objeto são definidas como positi-
vas, e todas as distâncias no lado oposto do espelho em relação ao objeto são definidas
como negativas. Portanto, f e do são positivas para espelhos convergentes.
2. Para imagens reais, di é positivo; para imagens virtuais, di é negativo.
3. Se a imagem é direita, então hi é positivo, enquanto se a imagem é invertida, hi é ne-
gativo.
Podemos derivar a equação do espelho (equação 1.6), a qual relaciona a distância do objeto do,
a distância da imagem di e o foco do espelho f:

(1.6)

Os sinais dos termos nessa equação são baseados nas convenções recém-definidas.
Espelho

DEMONSTRAÇÃO 1.1 Equação do espelho esférico


do
A equação do espelho esférico pode ser derivada começando por um
espelho esférico que tem um comprimento focal f. Um objeto de al- ho 1
tura ho se encontra sobre o eixo óptico à distância do da superfície do
espelho (Figura 1.21). 2
hi f
Desenhe um raio a partir do topo do objeto paralelo ao eixo óptico
que se reflete através do ponto focal. Faça um segundo raio do topo
do objeto passando pelo ponto focal e se refletindo paralelamente di
ao eixo óptico. A imagem é formada com altura hi à distância di do
espelho. Forme um triângulo reto com altura ho e base do (triângu-
lo verde 1 na Figura 1.21). Forme também um segundo triângulo Figura 1.21 Os dois triângulos semelhantes 1 e 2 na derivação da
reto com –hi > 0 como altura e di como base (triângulo verde 2 na equação do espelho esférico.
Figura 1.21). Utilize a lei da reflexão para um raio atingindo o es-
pelho sobre o eixo óptico – os ângulos indicados nos dois triângu-
Continua →
18 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

los são os mesmos, portanto os dois triângulos são similares.


Espelho
Assim,

do ou
(i)
ho 3
Agora vamos observar a mesma geometria, mas considerar dois
4 triângulos diferentes. Um triângulo reto (triângulo amarelo 4 na
hi f
Figura 1.22) é definido pela altura –hi e pelo comprimento da
base di – f. O segundo triângulo (triângulo amarelo 3 na Figura
di 1.22) é definido pela altura ho e pela base f. Esses dois triângulos
são congruentes, assim

Figura 1.22 Os dois triângulos semelhantes 3 e 4 na derivação da ou


equação do espelho esférico.
Substituindo a equação (i) para a razão dos comprimentos deri-
vados anteriormente, obtemos

Multiplicando ambos os lados dessa equação por f, temos

Finalmente, dividindo ambos os lados dessa equação pelo produto fdi leva à equação do espelho
esférico:

A ampliação m do espelho é definida como

(1.7)
Note que a ampliação m é negativa para a situação usada na derivação. Algebricamente, isso
ocorre porque hi < 0. O significado de m negativo é que m < 0 nos informa que a imagem é
invertida. A Tabela 1.1 resume as características das imagens formadas por um espelho conver-
gente para cinco diferentes classes de distâncias do objeto.

Espelhos esféricos divergentes


Suponha que temos um espelho esférico com a superfície refletora sobre o lado de fora da
esfera (Figura 1.23).
Este é um espelho convexo, e os raios refletidos divergem. Na Figura 1.23, essa superfície
esférica refletora é indicada por um semicírculo. O eixo óptico do espelho é uma linha através

r

i Tabela 1.1 Características da imagem para espelhos convergentes


C Caso Tipo de imagem Orientação da imagem Ampliação
do< f Virtual Ereta Aumenta
do= f Real Ereta Imagem no infinito
f < do< 2f Real Invertida Aumenta
Figura 1.23 Reflexão de um raio de do= 2f Real Invertida Mesmo tamanho
luz horizontal em um espelho esférico do > 2f Real Invertida Reduzida
divergente.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 19

do centro da esfera, representada pela linha horizontal pontilhada. Imagine que um raio
de luz horizontal acima do eixo óptico incide sobre a superfície do espelho. No ponto
em que o raio de luz atinge o espelho, a lei da reflexão se aplica. F C
Em contraste com o espelho convergente, a normal aponta para fora do centro da
esfera. Quando extrapolamos a normal através da superfície da esfera, ela intercepta o
eixo óptico da esfera no seu centro, marcado como C na Figura 1.23. Quando observa-
mos o raio refletido, parece que ele vem do centro da esfera.
Suponha que muitos raios horizontais estão incidindo sobre esse espelho esférico
(Figura 1.24). Cada raio de luz obedece a lei da reflexão. Os raios divergem e parece que
não formam qualquer tipo de imagem. Entretanto, se os raios refletidos são extrapo-
lados através da superfície do espelho, todos eles irão interceptar o eixo óptico em um
ponto, o qual é chamado de ponto focal do espelho divergente.
A Figura 1.25a mostra cinco raios de luz paralelos incidentes sobre um espelho
esférico divergente real. As linhas pontilhadas na Figura 1.25b representam a extrapola- Figura 1.24 A reflexão de raios de luz pa-
ção dos raios refletidos mostrando o ponto focal. ralelos a partir da superfície de um espelho
divergente.
Agora, vamos discutir as imagens formadas pelos espelhos
divergentes (Figura 1.26). Novamente, usamos três raios.
1. O primeiro raio estabelece que a origem da seta esteja
sobre o eixo óptico e em geral não é mostrada.
2. O segundo raio parte do topo do objeto, viajando para-
lelamente ao eixo óptico, e é refletido a partir da super-
fície do espelho de forma que sua extrapolação cruze
o eixo óptico a uma distância da superfície do espelho
igual ao comprimento focal do espelho.
3. O terceiro raio se origina no topo do objeto e é orien-
tado de forma que sua extrapolação intercepte o centro
da esfera. Esse raio é refletido voltando sobre si mesmo.
Os raios refletidos divergem, mas os raios extrapolados con-
(a)
vergem a uma distância di a partir da superfície do espelho no
lado do espelho oposto ao do objeto. Os raios convergem a uma
distância hi acima do eixo óptico, formando uma imagem ereta,
reduzida no lado do espelho oposto ao do objeto. Essa imagem é
virtual, pois os raios de luz de fato não passam através dela. Essas
características (imagem ereta, reduzida, virtual) são válidas para
todas as distâncias do objeto em relação ao espelho divergente.
Esses espelhos são geralmente usados em lojas para fornecer aos
funcionários na frente da loja uma ampla visão nos corredores
abaixo e para o espelho retrovisor externo do lado do passageiro
nos automóveis.
No caso de um espelho divergente, o comprimento focal f
é negativo, já que o ponto focal do espelho está no lado oposto
ao do objeto. Um valor negativo também é atribuído ao raio de
uma espelho divergente. Assim, (b)
Figura 1.25 (a) Raios de luz paralelos refletidos a partir de um espe-
lho esférico divergente. (b) As setas correspondem aos raios de luz,
com as linhas pontilhadas representando os raios de luz extrapolados.
A distância ao objeto do é sempre tomada como positiva. Rear-
ranjando a equação dos espelhos (equação 1.6), que também é
válida para um espelho divergente, obtemos
1.1 Pausa para teste
(1.8) Você se encontra a 2,50 m em
frente de um espelho diver-
Se do é sempre positivo e f é sempre negativo, di é sempre negativo. Aplicando a equação 1.7
gente com comprimento focal
para a ampliação, percebemos que m é sempre positivo. Examinado a Figura 1.26 também f = −0,500 m. O que você vê no
notamos que a imagem é sempre reduzida em tamanho. Dessa forma, um espelho divergente espelho? (A resposta “Eu mes-
(mesmo que do > ) sempre produzirá uma imagem virtual, ereta e reduzida. mo” não é boa o suficiente!)
20 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

Espelho
R
f

ho hi
do F C
di

Figura 1.26 Imagem formada por um objeto colocado defronte um espelho esférico divergente.

EXEMPLO 1.2 Imagem formada por um espelho convergente


Considere um objeto de 5,00 cm de altura colocado a 55,0 cm de um espelho convergente com
distância focal 20,0 cm (Figura 1.27).

Figura 1.27 Um objeto (seta ver-


de) que forma uma imagem através
de um espelho convergente.

PROBLEMA 1
Onde é formada a imagem?

SOLUÇÃO 1
Podemos usar a equação do espelho para achar a distância da imagem di em termos da distância
do objeto do, e da distância focal do espelho f,

Foi especificado que o espelho é convergente, assim o comprimento focal é positivo. A distância
da imagem é

1.1 Exercícios
PROBLEMA 2
de sala de aula Qual é o tamanho e a orientação da imagem formada?
Um pequeno objeto é posicio-
nado em frente a um espelho SOLUÇÃO 2
convergente de raio R = 7,50 A ampliação é dada por
cm de forma que a distância da
imagem iguala-se à distância do
objeto. A que distância o pe-
queno objeto está do espelho? onde ho é a altura do objeto e hi é a altura da imagem formada. A altura da imagem é então

a) 2,50 cm
b) 5,00 cm
A ampliação lateral é
c) 7,50 cm
d) 10,0 cm
e) 15,0 cm Assim, a imagem formada é invertida e reduzida.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 21

Aberração esférica
As equações que demonstramos para espelhos esféricos e

se aplicam somente para raios de luz que estão próximos ao eixo

óptico. Se os raios de luz estão longe do eixo óptico, eles não serão focalizados
através do ponto focal do espelho, levando a uma distorção da imagem. Estri-
tamente falando, não há um ponto focal preciso nessa situação. Essa condição
é chamada de aberração esférica.
A Figura 1.28 mostra vários raios de luz próximos do eixo óptico inci-
dente no espelho esférico convergente. Os raios incidentes mais longe do eixo
óptico são refletidos de modo que eles atravessam o eixo óptico mais próximo
ao espelho do que os raios que incidem sobre o espelho mais próximo ao eixo.
Conforme os raios aproximam-se do eixo óptico, eles são refletidos através de Figura 1.28 Raios de luz paralelos incidentes sobre um
espelho esférico convergente, mostrando a aberração
pontos cada vez mais próximos ao ponto focal.
esférica.

DEMONSTRAÇÃO 1.2 Aberração esférica para espelhos convergentes


Até agora assumimos que os raios de luz paralelos ao eixo óptico e que estão próximos ao
eixo são refletidos de forma que cruzam o eixo óptico no ponto focal do espelho. O ponto R
focal se encontra na metade do raio de curvatura do espelho. Entretanto, os raios de luz 2
R

que estão longe do eixo óptico não são refletidos através do ponto focal. Para derivar uma 2
d
expressão para o ponto no qual os raios paralelos que estão afastados do eixo óptico cru- 
C F
zam o eixo, desenhamos a seguinte geometria na Figura 1.29.
x y
Partimos de um raio de luz paralelo ao eixo óptico e a uma distância d deste. O raio
se reflete e cruza o eixo a uma distância y do espelho. O raio faz um ângulo  em relação à
normal à superfície do espelho, o qual é o raio R do espelho esférico. A lei da reflexão nos diz
que o ângulo de incidência do raio sobre a superfície do espelho é igual ao ângulo de reflexão.
Defina a distância do centro do espelho esférico ao ponto no qual o raio refletido
cruza o eixo óptico como x. Desenhe uma linha do ponto onde o raio cruza o eixo per-
pendicular à normal. Isso forma dois triângulos retângulos congruentes com ângulo , Figura 1.29 Geometria para a aberração es-
hipotenusa x, e lados adjacentes R/2, tal que férica de um espelho esférico convergente.

Podemos expressar também  em termos de d como

A distância y é dada por

Relembrando a identidade trigonométrica cos(sen–1(x)) = podemos reescrever nosso resul-


tado para y como

Continua →
22 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1.2 Pausa para teste Podemos ver que para d R, 1 ⫺ (d/R)2 艐 1 e y 艐 R/2, o que concorda com a equação 1.5. Pode-
mos fazer uma aproximação melhor utilizando a expansão em série de Maclaurin
Considere um espelho esférico
convergente com R = 7,20 cm
sem assumir que os raios de luz
incidentes estão próximos do
Tomando x ⫽ (d/R) 1, podemos fazer a aproximação
eixo óptico do espelho. Entre-
tanto, os raios incidentes são
paralelos ao eixo. Calcule a posi-
ção na qual os raios de luz refle-
tidos interceptam o eixo óptico
se os raios incidentes estão Assim, a quantidade de aberração esférica é dada aproximadamente por
a) 0,720 cm afastado do eixo
óptico.
b) 0,800 cm afastado do eixo
óptico.
c) 1,80 cm afastado do eixo
óptico.
d) 3,60 cm afastados do eixo Espelhos parabólicos
óptico. Os espelhos parabólicos têm uma superfície que reflete a luz de uma fonte distante para o pon-
to focal incidente em qualquer lugar sobre o espelho. Assim, todo o tamanho do espelho pode
ser usado para coletar luz e formar imagens que não sofrem de aberração esférica. A Figura
1.30 mostra raios de luz vertical incidentes sobre um espelho parabólico. Todos
os raios são refletidos através do ponto focal do espelho.
Se uma parábola é descrita por uma equação y(x) = ax2, então seu ponto focal
y está localizado no ponto (x = 0, y = 1/(4a)). Seu comprimento focal é, portanto,

(1.9)
Os espelhos parabólicos são mais difíceis de fabricar do que espelhos esféri-
cos e são mais caros. Os maiores telescópios refletores usam espelhos parabólicos
f de forma a evitar aberração esférica. Muitos faróis de automóveis usam refletores
parabólicos com a mesma ideia, mas enviam luz no sentido oposto: a fonte de
luz é colocada no ponto focal, e o refletor envia luz para fora em um feixe forte
paralelo ao eixo óptico, conforme ilustrado na Figura 1.31. No entanto, em um
futuro não muito distante, faróis de automóveis incandescentes irão provavel-
mente ser trocados por faróis de LED, que usarão pequenas lentes para realizar
a mesma tarefa.
A Figura 1.31(a) mostra a luz alta e a luz baixa dos faróis de um veículo. Os
x
refletores parabólicos para os faróis são facetados. Uma face é uma área plana so-
bre o refletor. Essas faces ajudam a produzir a distribuição de luz necessária para
Figura 1.30 Raios de luz refletidos por um espelho
os faróis. A Figura 1.31(b) mostra a lâmpada de luz para o feixe de luz do farol no
parabólico.
foco do espelho parabólico, que funciona como um refletor para a luz produzida
pela lâmpada, formando um feixe de luz paralelo e focalizado.

Refletor
parabólico

Figura 1.31 (a) Montagem do farol


para um carro. A luz da esquerda é
a luz baixa, e a luz da direita é a luz
alta. (b) O desenho mostra a luz alta Bulbo de luz
com a lâmpada no foco do refletor
parabólico. (a) (b)
Capítulo 1 Óptica Geométrica 23

As antenas de TV por satélites (“discos”) encontradas em muitos


telhados também têm forma parabólica. Esses discos de satélites não
são espelhos no sentido de que eles não refletem luz visível de forma
especular. Mas eles ainda são espelhos parabólicos na faixa de compri- 
F
mentos de onda usada para transmissão de TV por satélite.
dy

Parábolas de rotação
dx
Para aplicações ópticas de precisão, obviamente é melhor ter espelhos
parabólicos. Por exemplo, no Capítulo 2 veremos que espelhos para-
bólicos enormes são usados em telescópios. Uma maneira muito inte-
–mg
ressante de fabricar espelhos parabólicos é colocando um líquido em
movimento de rotação. Em cada ponto sobre a superfície do líquido, a Figura 1.32 Geometria de uma parábola em rotação e diagrama
superfície será perpendicular à força do fluido agindo sobre aquele ele- de corpo livre para um elemento de fluido da superfície. A força
mento de superfície. Esta força deve ser somada à força da gravidade exercida pelo fluido sobre o elemento de superfície é mostrada
agindo no elemento de superfície, –mg para fornecer a força centrípe- em magenta. Ele precisa equilibrar a força da gravidade (verme-
lho) e fornecer a força centrípeta (verde) necessárias para man-
ta resultante, a qual é necessária para manter o elemento de superfície
ter o elemento se movendo em uma trajetória circular.
sobre uma trajetória circular (Figura 1.32). No sistema de coordenadas
xy escolhido aqui, a força centrípeta é –m .2

O ângulo  do elemento de superfície em relação à horizontal é dado por  = dy/dx (veja


Figura 1.32). O mesmo ângulo pode também ser usado para expressar as componentes da força 1.3 Pausa para teste
. A componente vertical de tem que equilibrar a força da gravidade, e a componente hori- Mostre que a derivada de y(x) =
zontal tem que fornecer a força centrípeta resultante, ( /2g)x para a superfície de
2 2

um líquido em rotação pode ser


obtida a partir de argumentos de
conservação de energia.
Dividir essas duas equações uma pela outra leva a  = (2/g)x. Anteriormente, nós mostramos
que  = dy/dx, assim

Integrando, então, resulta na forma desejada para a superfície

2
que é uma parábola. Como o comprimento focal de uma parábola do tipo y = ax é f = 1/(4a), o
comprimento focal deste espelho parabólico obtido de um líquido em rotação é

A rotação de superfícies líquidas tem sido usada com sucesso para construir grandes es-
pelhos para telescópios. Um espelho desse tipo é mostrado na Figura 1.33. Neste momento, há
projetos para construir uma versão bem maior desse tipo de telescópio na Lua. Mesmo que por
enquanto isto possa parecer ficção científica, um telescópio desse tipo seria muito mais barato
de construir do que um com espelho sólido. Como não há atmosfera na Lua, o telescópio não
sofreria os efeitos da distorção atmosférica ocasionada em todos os telescópios baseados na Figura 1.33 Telescópio de espelho
superfície da Terra. E ele pode ser construído em uma escala muito maior do que é possível líquido da University of British Co-
com os telescópios baseados em satélites tipo o Telescópio Espacial Hubble. (Falaremos sobre lumbia.
telescópios com muito mais detalhes no Capítulo 2.)

1.2.3 Exercícios de sala de aula


Suponha que você tem um telescópio de espelho líquido de comprimento focal f1, e você quer
dobrar esse comprimento focal. Que ajustes você tem que fazer à velocidade angular de rotação de
seu espelho líquido?
a) reduzi-la por um fator de 0,5 b) reduzi-la por um fator de 0,707 c) mantê-la igual
d) aumentá-la por um fator de 0,707 e) aumentá-la por um fator de 2
24 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1.4 Refração e a Lei de Snell


Tabela Índices de refração A luz viaja a velocidades diferentes em materiais opticamente transparentes. A razão da ve-
1.2 para alguns materiais locidade da luz no vácuo dividido pela velocidade da luz no material é chamada de índice de
comuns* refração do material. O índice de refração n é dado por

Índice de (1.10)
Material refração
onde c é a velocidade da luz no vácuo e v é a velocidade da luz no meio. A velocidade da luz em
Gases um meio físico tal como vidro é sempre menor do que a velocidade da luz no vácuo. Assim, o
Ar 1,000271 índice de refração de um material é sempre maior do que ou igual a 1, e por definição, o índice
Hélio 1,000036 de refração do vácuo é 1. A Tabela 1.2 lista os índices de refração de alguns materiais comuns.
Dióxido de Car- 1,00045 Em geral, o índice de refração é uma função do comprimento de onda da luz, mas a tabela for-
bono nece os valores para a luz visível. Voltaremos à dependência do comprimento de onda no fim
Líquidos desta seção na discussão sobre dispersão cromática.
Água 1,333 Quando a luz atinge a superfície limite entre dois materiais transparentes, parte dela é
Álcool metílico 1,329 refletida, mas normalmente parte da luz cruza o contorno para o outro material e é refratada
Álcool etílico 1,362 no processo. Refração significa que os raios de luz não viajam em uma linha reta durante a
Glicerina 1,473 passagem de um meio para outro, mas mudam de direção. Quando a luz cruza uma superfície
Benzeno 1,501 partindo de um meio com um índice de refração menor n1 para um meio com um índice de
refração maior n2, os raios de luz alteram sua direção desviando-se no sentido da normal à
Óleo típico 1,5
superfície (Figura 1.43). Mudança de direção no sentido da normal significa que o ângulo de
Sólidos
refração 2 é menor do que o ângulo de incidência 1.
Gelo 1,310
A Figura 1.35 mostra raios de luz reais no ar incidentes sobre uma superfície limite entre
Fluoreto de cálcio 1,434
ar e vidro. Os raios de luz são refratados no sentido da normal. A luz refletida também pode
Quartzo fundido 1,46 ser observada.
Sal 1,544 Quando a luz cruza uma superfície vinda de um meio com um índice de refração mais
Poliestireno 1,49 alto n1 para um meio com um índice de refração mais baixo n2, os raios de luz são desviados, se
Acrílico típico 1,5 afastando da normal (Figura 1.36). Desviar afastando-se da normal indica que 2 > 1.
Vidro típico 1,5 A Figura 1.37 mostra raios de luz reais no vidro incidente sobre a superfície entre vidro e
Quartzo 1,544 ar. Os raios de luz são refratados se afastando da normal.
Diamante 2,417 A partir das medidas dos ângulos de incidência e de refração dos raios em meios com
diferentes índice de refração, podemos construir uma lei de refração baseada em observa-
* Para luz com comprimento de onda
de 589,3 nm ções empíricas, a qual pode ser expressa
como

(1.11)
onde n1 e 1 são o índice de refração e o
ângulo de incidência (relativos à normal à
superfície) no primeiro meio, e n2 e 2 são o
índice de refração e o ângulo do raio trans-
mitido (relativos à normal à superfície) no
(a) segundo meio. Essa lei de refração também
n1 n2 > n1
n1 n2 < n1

1
1

n2
n2

2
(b) 2
Figura 1.35 (a) Raios de luz refratada
quando cruzam a superfície entre ar e vi-
Figura 1.34 Raio de luz refratados na superfí- dro. (b) Setas sobrepostas aos raios lumi-
cie de separação de dois meios com n1 < n2. O nosos. As linhas tracejadas são normais à Figura 1.36 Raios de luz refratados na superfí-
raio refletido não é mostrado. superfície. cie entre dois meios ópticos com n1 > n2.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 25

é chamada de Lei de Snell. Ela não pode ser provada usando somente óptica de raios;
entretanto, no Capítulo 3 esta lei será deduzida usando óptica ondulatória.
O índice de refração do ar é muito próximo de 1, conforme mostrado na Tabela 1.2, e
neste livro iremos assumir sempre que o índice de refração do ar nar = 1. É muito comum
para a luz incidir em vários meios a partir do ar, dessa forma escrevemos a fórmula para
refração da luz incidente sobre uma superfície com índice de refração nmeio como

(1.12) (a)

onde ar é o ângulo de incidência (em relação à normal à superfície) para luz no ar e meio
é o ângulo do raio de luz refratado (em relação à normal à superfície) no meio. Note que
ar é sempre maior do que meio!
Observe também que para a luz oriunda de um meio para o ar, a fórmula é a mesma
(equação 1.12)! Esse é um caso especial de uma regra geral obtida anteriormente: todos
os valores definidos pelo traçado de raios continuam válidos se o sentido dos raios de
luz é revertido. Por exemplo, mudando o sentido das setas sobre a linha vermelha na
Figura 1.36 ainda leva a um caminho fisicamente válido para um raio de luz que cruza a
fronteira entre os dois meios. (b)
Figura 1.37 (a) Raios de luz refratada quando
Princípio de Fermat cruzam a superfície entre o vidro e o ar. (b)
Citamos há pouco que a Lei de Snell não pode ser provada somente com a óptica de Setas sobrepostas aos raios luminosos. As li-
raios. Mas há um qualificador para essa afirmação, em que se você aceitar o Princípio nhas tracejadas são normais à superfície.
de Fermat, então a Lei de Snell emerge automaticamente. O Princípio de Fermat, ou
princípio do menor caminho, conforme expresso por Fermat em 1657, afirma que a trajetória
realizada por um raio de luz entre dois pontos no espaço é o caminho que levar o menor tempo.
Como podemos provar a Lei de Snell dessa forma? O ponto-chave é a conexão entre a velo-
cidade da luz em um meio, v, e o índice de refração, n, que foi estabelecido na equação 1.10. Se a
luz se move em diferentes velocidades em dois meios, então o Princípio de Fermat é completa-
mente equivalente a vencer uma corrida de aquatlo, que nós já resolvemos no nosso livro Mecâ-
nica, Capítulo 2, Exemplo 2.6, e no texto que segue. Naquele problema, calculamos o ângulo com
o qual um competidor deve nadar para a costa numa corrida que consiste em nadar para a praia
(com uma dada velocidade) e correr ao longo da praia (com outra velocidade). Vencer a corrida
significa obter o menor tempo, que é exatamente o que postula o Princípio de Fermat.
Se você aceitou o Princípio de Fermat e quer provar a Lei de Snell, então tudo o que você
tem que fazer é rever a solução para o Exemplo 2.6. Mas, é claro,
você pode perguntar de onde vem o Princípio de Fermat. Usar o
tempo mínimo para vencer uma corrida parece óbvio. Porém, o que
faz os raios de luz entender que eles devem ir do ponto A até o pon-
to B no menor tempo possível? A resposta para isso pode ser en- daparente 2
2 1
contrada no Princípio de Huygens. Entretanto, para ganhar a com- dreal
x
preensão da física por trás desse princípio, precisamos esperar até o
Capítulo 3, quando revisitaremos o modelo da luz como uma onda.

x
2
EXEMPLO 1.3 Profundidade aparente x

Você está em pé à beira de um lago e olhando para a água em um ân-


daparente
gulo de 2 = 45,0° com a vertical conforme mostrado na Figura 1.38. 1
Você vê um peixe na lagoa. A profundidade real do peixe é dreal
dreal = 1,50 m. 2

PROBLEMA
Qual é a profundidade aparente do peixe do seu ponto de vista?

SOLUÇÃO
Figura 1.38 Você está olhando para a superfície de um lago em um
Raios de luz do peixe são refratados na superfície da água para os
seus olhos em um ângulo de 45,0o conforme mostra a Figura 1.38. ângulo de 2 = 45,0 e vê um peixe sob a água. Os raios emitidos pelo
o

peixe que atingem os seus olhos são mostrados no cone semitranspa-


Continua → rente, com o centro da linha do cone representado por uma linha sólida.
26 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

Na figura, mostramos não somente um raio, mas uma coleção de raios emitidos de um ponto
sobre o corpo do peixe em torno do raio central (cone semitransparente). Onde os olhos veem a
intersecção desses raios é onde localizamos o peixe.
A profundidade aparente do peixe está localizada ao longo da linha vermelha pontilhada mos-
trada na Figura 1.38 extrapolada da direção dos raios de luz conforme chegam em seus olhos. Esta
linha extrapolada faz um ângulo de 2 = 45,0° com a normal em relação à superfície da água.
Usando a Lei de Snell, podemos calcular o ângulo 2 que os raios de luz do peixe devem fazer
1.3 Exercícios
na superfície da água:
de sala de aula
Se o mesmo peixe que nada na
mesma profundidade é visto por Usando nar = 1,00 e nágua = 1,333 da Tabela 1.2, podemos calcular [1]:
um observador diferente, e esse
outro observador vê o peixe sob
um ângulo 2 maior do que o
valor especificado no Exemplo
1.3, então ele vê o peixe a uma Definimos a distância horizontal entre o ponto onde os raios de luz cruzam a superfície da água e
profundidade aparente que é o peixe como x, como mostrado na Figura 1.38. Podemos, então, definir o triângulo vermelho e o
a) maior do que a calculada no triângulo azul. No triângulo vermelho temos
Exemplo 1.3.
b) a mesma que calculamos no
Exemplo 1.3.
e no triângulo azul
c) menor do que aquela calcula-
da no Exemplo 1.3.

Resolvendo cada uma dessas duas equações para x e igualando uma à outra, obtemos

que podemos resolver para a profundidade aparente do peixe:

Assim, o peixe parece estar mais próximo da superfície da água do que ele realmente está.

ar
n

(a)
PROBLEMA RESOLVIDO 1.2 Deslocamento dos raios de luz em
materiais transparentes
t
Um raio de luz no ar incide sobre uma folha de material transparente com espessura t = 5,90 cm e
d com índice de refração n = 1,5. O ângulo de incidência é ar = 38,5° (Figura 1.39a).
ar
PROBLEMA
dif meio Qual é a distância d que o raio é deslocado após passar sobre a folha?
L
meio
ar SOLUÇÃO
n
PENSE
Os raios de luz são refratados para a normal conforme entram na folha transparente e se refratam
(b) afastando-se da normal quando deixam a folha transparente. Após passar pela folha, o raio de luz
Figura 1.39 (a) Raio de luz inciden- é paralelo ao raio de luz incidente, mas está deslocado. Usando a Lei de Snell, podemos calcular
te sobre uma folha de material trans- o ângulo de refração na folha transparente. Tendo este ângulo, podemos usar trigonometria para
parente com espessura t e índice de calcular o deslocamento dos raios de luz que passaram pela folha.
refração n. (b) Ângulos de incidência
e refração conforme o raio entra e sai DESENHE
da folha. A Figura 1.39b mostra um desenho do raio de luz passando sobre uma folha transparente.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 27

PESQUISE
O raio de luz incide sobre a folha com um ângulo ar. A Lei de Snell relaciona o ângulo incidente
ao ângulo refratado, meio, através do índice de refração do material transparente n,

(i)
Podemos resolver esta equação para o ângulo de refração:

(ii)
Chamemos de L a distância que o raio de luz percorre na folha transparente. Usando a Figura
1.39b, podemos relacionar a espessura t da folha com o ângulo de refração:

(iii)
Se dif é a diferença entre o ângulo de incidência e o ângulo de refração, conforme mostrado na
Figura 1.39b, então

(iv)
Podemos ver na Figura 1.39b que o deslocamento do raio de luz d pode ser relacionado à distância
que o raio de luz percorre na folha e a diferença entre o ângulo de incidência e o ângulo refratado,

(v)

SIMPLIFIQUE
Podemos combinar as três equações anteriores (ii), (iii) e (iv) para obter

onde, da equação (i)

CALCULE
Calculamos primeiro o ângulo de refração, usando a equação (i)

Depois calculamos o deslocamento do raio de luz, usando a equação (v)

ARREDONDE
Registramos nosso resultado com três algarismos significativos,
d = 1,57 cm.

S O L U Ç Ã O A LT E R N AT I VA
Se o raio de luz incidisse perpendicularmente sobre a folha (ar = 0°), o deslocamento do raio
seria zero. Para calcular qual seria o deslocamento no limite conforme o ângulo de incidência se
aproxima de ar = 90°, podemos reescrever a equação (v) como

Continua →
28 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1.4 Exercícios usando a identidade trigonométrica sin (–) = sen  cos  – cos  sen . Tomando ar = 90°, obtemos
de sala de aula
No problema resolvido 1.2,
assumimos que o material
transparente estava imerso no Portanto, nosso resultado deve estar entre zero e a espessura da folha. Nosso resultado é d = 1,57
ar. Se o colocarmos imerso em cm, comparado com d = 5,90 cm para ar = 90°, assim ele parece consistente.
outro material, digamos água, o
que você deveria esperar para o
deslocamento do raio de luz sob
o mesmo ângulo de incidência? Reflexão interna total
Assuma que o índice de refração Agora vamos considerar a luz viajando em um meio óptico com índice de refração n1 e que
daquele material transparente cruza o limite com outro meio óptico com um índice de refração n2 tal que n2< n1. Nesse caso,
ainda é maior do que o da água. a luz é curvada se afastando da normal. Conforme aumentamos o ângulo de incidência 1, o
a) Ele será maior. ângulo da luz transmitida 2 se aproxima de 90o. Quando 1 excede o ângulo para o qual 2 =
90o, ocorre reflexão interna total em vez de refração; toda a luz é refletida internamente. O
b) Ele será o mesmo.
ângulo crítico c para o qual se tem reflexão interna total é dado por
c) Ele será menor.

ou

(1.13)
o
já que sen 90 = 1. Você pode perceber dessa equação que a reflexão interna total pode ocorrer
somente para luz viajando através de um meio com um índice de refração maior para um meio
com um índice de refração menor, pois o seno do ângulo não pode ser maior do que 1. Para
ângulos menores do que c, parte da luz é refletida e parte é transmitida. Para ângulos maiores
do que c, toda a luz é refletida e nada é transmitido.
Se o segundo meio é o ar, então podemos fazer n2 = 1 e obter uma expressão para o ân-
gulo crítico para reflexão interna total para luz deixando um meio com índice de refração n e
entrando no ar:

(1.14)
A reflexão interna total é ilustrada na Figura 1.40. Nessa figura, raios de luz estão viajando em
vidro com índice de refração n da direita embaixo para a esquerda em cima. Na Figura 1.40a, raios
de luz estão incidindo no contorno entre vidro e ar e são refratados de acordo com a Lei de Snell.
Na Figura 1.40b, raios de luz estão incidindo sobre o contorno sob o ângulo crítico de reflexão
interna total, c. Nesse ângulo, os raios refratados têm um ângulo 2 = 90o, conforme ilustrado pela
seta tracejada. Os raios de luz na Figura 1.40c estão incidindo sobre o contorno com um ângulo
maior do que o ângulo crítico de reflexão interna total, 1 > c, e assim toda luz é refletida.

2
2 = 90°
Ar Ar Ar
n n n
1 c 1
c 1

(a) (b) (c)


Figura 1.40 Raios de luz viajando através do vidro com índice de refração n da direita embaixo para a
esquerda em cima estão incidindo no contorno entre vidro e ar. Os painéis de cima são fotos e os painéis
de baixo são desenhos ilustrando as trajetórias dos raios de luz. (a) A luz é refratada no contorno. Uma
pequena quantidade de luz também é refletida no contorno, mas é muito fraca para ser vista na foto.
(b) A luz está incidindo sobre o contorno sob o ângulo crítico para reflexão interna total. (c) A luz é
totalmente refletida de volta no contorno.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 29

Fibra óptica
Uma aplicação importante da reflexão interna total é a transmissão da luz em fibras ópticas. A
luz é injetada em uma fibra sempre que o ângulo de incidência na superfície externa da fibra é
maior do que o ângulo crítico para reflexão interna total. A luz é então transportada pelo com-
primento da fibra conforme ela ricocheteia repetidamente dentro da fibra óptica. Dessa forma,
fibras ópticas podem ser usadas para transportar luz de uma fonte para um destino. A Figura
1.41 mostra um maço de fibras ópticas com o final das fibras apontando para a câmera. A outra
extremidade das fibras ópticas está conectada a uma fonte de luz. Note que as fibras ópticas
podem transportar luz em outras direções e não apenas em uma linha reta. A fibra pode ser cur-
vada tanto quanto o raio de curvatura da dobra não seja pequeno o suficiente para permitir que Figura 1.41 Luz transportada de
a luz viajando na fibra óptica tenha ângulos de incidência i menores do que c. Se i < c, a luz uma fonte de luz pela fibra óptica.
será absorvida pelo revestimento em torno da superfície da fibra. Esses argumentos se aplicam a
fibras ópticas com diâmetros do núcleo maiores do que 10 μm, isto é, um núcleo com diâmetro
grande comparado ao comprimento de onda da luz.
Um tipo de fibra óptica usada para comunicação digital consiste em um núcleo de vidro
envolto por revestimento feito de vidro com um índice de refração menor do que o do núcleo.
O revestimento é então coberto para prevenir danos (Figura 1.42).
Para uma fibra óptica comercial típica, o material do núcleo é de SiO2 dopado com Ge para
aumentar o índice de refração. A fibra óptica comercial típica pode transmitir luz por 500 m
com pequenas perdas. A luz é gerada usando-se diodos emissores de luz (LEDs) para produzir
luz com longo comprimento de onda. A luz é gerada por pulsos curtos. Pequenas perdas de luz
não afetam o sinal digital porque os sinais digitais são transmitidos como bits binários em vez
de sinais analógicos. O tanto quanto esses bits forem registrados corretamente, a informação
é transmitida impecável, em contraste com os sinais analógicos, que seriam imediatamente
degradados com qualquer perda no sinal. A cada 500 m os sinais são recebidos, amplificados e
retransmitidos. Dessa forma, altas taxas de transmissão de dados que são imunes à interferên-
cia podem ser transmitidas por longas distâncias. Esse cenário explica a física por trás da fibra
óptica que é o suporte principal da internet moderna.
Fibras ópticas também são usadas para transmissão de sinais analógicos, se a distância so-
bre a qual o sinal tem que ser transportado não é muito grande, somente de uns poucos metros.
Uma aplicação de transmissão de sinais analógicos via fibra óptica é o endoscópio, e dispositivos
similares como o boroscópio. Um endoscópio é utilizado para olhar dentro do corpo humano
sem a necessidade de cirurgia, enquanto o boroscópio é utilizado para ver locais pequenos e de

Capa Revestimento
Revestimento

Núcleo Núcleo
Figura 1.42 A estrutura de uma fibra
óptica incorporando reflexão interna
total.

Lente ocular

Lente

Fonte de luz

Fibra óptica

Figura 1.43 (a) Um endoscópio. (b)


Uma imagem de dentro do estômago
(a) (b) usando um endoscópio.
30 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

difícil acesso em máquinas. Um endoscópio típico é mostrado na Figura 1.43a. O endoscópio


usa pequenas lentes para produzir uma imagem da área de interesse. A imagem produzida pelas
lentes é focalizada em uma extremidade de um punhado de centenas de fibras ópticas. Esse
punhado de fibras ópticas tem um diâmetro pequeno e é flexível o suficiente para ser inserido
dentro do corpo humano através de vários orifícios, como o esôfago. Cada fibra transporta um
pixel de imagem para a outra extremidade do punhado de fibras ópticas onde uma segunda len-
te reproduz a imagem que está sendo vista pelo profissional da área da saúde. Um endoscópio
pode ter de 7.000 a 25.000 fibras produtoras de imagem. Além disso, outro conjunto de fibras
ópticas transporta luz para iluminar a região de interesse. Em geral, a extremidade final do en-
doscópio pode ser remotamente articulada para observar as áreas desejadas.

PROBLEMA RESOLVIDO 1.3 Fibra óptica


Considere uma longa fibra óptica com índice de refração n = 1,265 que está cercada por ar – não
há revestimento. A extremidade da fibra é polida para ser plana e perpendicular ao comprimento
da fibra. Um raio de luz de um laser incide do ar no centro da face circular da fibra óptica.

PROBLEMA
Qual é o ângulo máximo de incidência para este raio de luz que será confinado e transportado
pela fibra óptica? Despreze qualquer reflexão quando a luz penetra na fibra.

SOLUÇÃO

PENSE
O raio de luz será refratado conforme entra na fibra óptica. Uma vez dentro da fibra óptica, se o
ângulo de incidência sobre a superfície da fibra óptica é maior do que o ângulo crítico para refle-
xão interna total, então a luz é transmitida sem perda.

c DESENHE
90° ⫺ c
A Figura 1.44 mostra um desenho do raio de luz entrando na fibra óptica e se refletindo na
n superfície interna.
ar
PESQUISE
Figura 1.44 Luz entrando numa fibra óptica O ângulo crítico para reflexão interna total c na fibra para luz vinda do ar é dado por
e perfazendo reflexão interna total.

(i)
onde n é o índice de refração da fibra óptica. Para a luz entrando na fibra óptica, a Lei de Snell nos
diz que uma vez que nar = 1,
sen ar ⫽ n sen meio, (ii)
onde meio é o ângulo do raio de luz refratado na fibra. Da Figura 1.44 podemos ver que
meio ⫽ 90° ⫺ c. (iii)

SIMPLIFIQUE
Podemos resolver a equação (ii) para obter o ângulo máximo de incidência,
ar ⫽ sen⫺1(n sen meio).
Usando a equação (iii) podemos escrever
ar ⫽ sen⫺1(n sen(90° ⫺ c)) ⫽ sen⫺1(n cos c)
onde usamos a identidade trigonométrica sen(90o – ) = cos . Podemos usar a equação (i) para obter
Capítulo 1 Óptica Geométrica 31

CALCULE
Colocando os valores numéricos, temos

ARREDONDE
Registramos nosso resultado com quatro algarismos significativos, pois o índice de refração foi
dado com essa precisão:

S O L U Ç Ã O A LT E R N AT I VA
O ângulo crítico para reflexão interna total para a fibra óptica é

A Lei de Snell na entrada da fibra óptica nos fornece

Logo, meio = 37,77o = 90o – c = 90o – 52,23o = 37,77o, e nosso resultado parece coerente.

Miragens
Miragens são geralmente associadas com viagens em desertos. Parece que vemos um oásis com
água a distância. Quando nos aproximamos deste lugar aprazível, ele desaparece. Entretanto,
não é preciso viajar pelo deserto para observar o fenômeno. Em geral, podemos enxergar uma
miragem quando estamos viajando por uma longa autoestrada em um dia muito quente. Um
exemplo de tal miragem é mostrado na Figura 1.45a.
A miragem é causada pela refração no ar próximo à superfície da estrada quente. O ar próxi-
mo à superfície da estrada está mais quente do que o ar afastado da superfície. Como mostrado na
Figura 1.45b, o índice de refração do ar diminui conforme sua temperatura se eleva. Portanto, o ar
próximo à estrada tem um índice de refração menor do que o ar mais frio acima dele. Quando a luz
de objetos distantes passa através dessa camada, ela é refratada para cima, como ilustrado na Figura
1.45c. A aparência de água é criada por luz refratada do céu. Vemos a imagem como se fosse luz
refletida a partir da superfície da água, como pode ser notado da Figura 1.45a. Outros objetos tam-
bém são visíveis na miragem mostrada na Figura 1.45a, tais como árvores e faróis de automóveis.
Mantendo-se em movimento, rapidamente percebemos que não há água sobre a pista.

1,00030
1,00028
1,00026
nar

1,00024
1,00022
1,00020
0 20 40 60 80
T (°C)
Figura 1.45 (a) Uma miragem na estrada
(b) quente. Parece haver água sobre a pista e
Objeto os objetos parecem refletidos a partir da
distante superfície da água. (b) Índice de refração
Ar frio, maior n do ar como uma função da temperatura.
(a)
(c) Diagrama de raios mostrando luz de
Estrada Ar quente, menor n
Imagem um objeto distante sendo refratada pela
aparente camada de ar próxima à superfície da es-
(c) trada quente.
32 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1 Dispersão cromática
O índice de refração de um meio óptico depende do comprimento de onda da luz viajando na-
quele meio. A dependência do índice de refração com o comprimento de onda da luz significa
que luz de diferentes cores é refratada diferentemente na interface entre dois meios ópticos.
n
b
Esse efeito é chamado de dispersão cromática.
r
Em geral, o índice de refração para um dado meio óptico é maior para pequenos com-
primentos de onda do que para comprimentos de onda maiores. Portanto, a luz azul é mais
refratada do que a luz vermelha. Podemos notar que b ⬍ r na Figura 1.46.
Figura 1.46 Dispersão cromática A luz branca consiste da superposição de todos os comprimentos de onda visíveis. Quan-
para luz refratada através da superfí- do um feixe de luz branca é projetado através de um prisma de vidro (Figura 1.47), a luz branca
cie entre dois meios ópticos. incidente é separada nos diferentes comprimentos de onda visíveis, pois
cada comprimento de onda é refratado em um ângulo diferente. A Fi-
gura 1.47 mostra três raios refratados, para luz vermelha, verde e azul,
mas a luz branca contém um contínuo de comprimentos de onda, como
podemos observar em um arco-íris.
Um arco-íris é um exemplo comum de dispersão cromática (Figura
1.48). Quando gotas de ar estão suspensas no ar e você observa as gotas
de água com o Sol nas costas, você vê um arco-íris. A luz branca do Sol
n ⫽ 1,5 penetra na gota de água, se refrata na superfície da gota, e é transmiti-
da através da gota para o outro lado. Aqui há reflexão interna total, e é
transmitida novamente para a superfície da gota, onde deixa a gota e de
novo é refratada. Nos dois passos da refração, o índice de refração é di-
ferente para comprimentos de onda distintos. O índice de refração para
luz verde é 1,333, enquanto o índice de refração para luz azul é 1,337,
Figura 1.47 A luz branca incidindo sobre um prisma de vi- e para a vermelha é 1,331. Ocorre um contínuo de índices de refração
dro é separada nas suas cores componentes pela dispersão para todas as cores.
cromática. Um arco-íris típico é mostrado na Figura 1.1, onde você pode ver
a luz azul na parte interna do arco-íris e a luz vermelha na parte exter-
na. O arco do arco-íris apresenta um ângulo médio de 42° em relação à direção do Sol. Outra
característica do arco-íris é evidente nesta fotografia: a região interna do arco-íris parece
mais brilhante do que as regiões externas do arco. Você pode entender esse fenômeno obser-
vando a trajetória que os raios de luz percorrem conforme são refratados nas gotas de chuva
(Figura 1.49).
Você pode ver apartir desse diagrama que a maior parte da luz que é refratada e refletida
de volta para o observador tem um ângulo menor do que 42°. Para ângulos menores do que
42°, a maior parte da luz é refratada e refletida de volta para o observador, embora não haja
uma separação observável dos comprimentos de onda porque as cores dispersadas por um raio
se misturam com as cores dispersadas por outro raio e formam luz branca. Para ângulos gran-
des, não há luz enviada de volta para o observador por esse processo – dessa forma, do lado
Figura 1.48 A dispersão cromática externo do arco do arco-íris aparece muito menos luz. Mesmo assim alguma luz ainda aparece
em uma gota de água esférica produz lá porque é espalhada por outras fontes.
um arco-íris.
A Figura 1.1 também tem um arco-íris secundário. O arco-íris
secundário aparece com um ângulo maior do que o arco-íris primário,
42° e nele a ordem das cores é invertida. O arco-íris secundário é criado
por luz que se reflete duas vezes dentro das gotas de chuva (Figura
1.50). Em contraste com a situação mostrada na Figura 1.48, quando o
raio na Figura 1.50 atinge a gota pela terceira vez (após uma refração
e uma reflexão), nem toda a luz se refrata e deixa a gota. Ao contrá-
rio, uma parte dela perfaz reflexão interna total novamente e então se
refrata para fora da gota, formando o arco-íris secundário. Na Figura
1.50, é possivel notar que o ângulo com que emergem os raios azul e
vermelho é invertido comparado com o raio azul e com o vermelho
da Figura 1.48 para o arco-íris primário. Para o arco-íris secundário
também há um ângulo preferido, nesse caso de aproximadamente 50°,
Figura 1.49 Trajetórias percorridas por raios de luz paralelos em no qual os raios paralelos entrando na gota se espalham para o arco-
uma gota de água esférica. -íris secundário.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 33

42°
50°
Arco-íris
secundário

Figura 1.50 Dispersão cromática e dupla refração em Arco-íris


uma gota de chuva produzindo o arco-íris secundário. primário

Figura 1.51 Geometria do espalhamento da luz na formação dos arco-íris


primário e secundário.

Finalmente, combinando nossas observações para os arco-íris primário e secundário 1.5 Exercícios
leva a um entendimento quantitativo do fenômeno físico por trás da Figura 1.1. Os ângu- de sala de aula
los observados dos arco-íris primário e secundário em relação ao Sol são mostrados na
Figura 1.51. A luz do Sol atinge um pedaço
de vidro sob um ângulo de in-
cidência de i = 33,4 . Qual é a
o

Polarização por reflexão diferença no ângulo de refração


Agora vamos lidar com uma forma de criar luz polarizada, ou pelo menos parcialmente po- entre o raio de luz vermelha
larizada. Quando a luz é incidente a partir do ar em um meio óptico tal como vidro ou água, (λ = 660,0 nm) e o raio de luz
parte da luz é refletida e parte da luz é refratada. A luz refletida nessa situação é parcialmente violeta (λ = 410,0 nm) dentro
polarizada. Quando a luz é refletida em certo ângulo, chamado de ângulo de Brewster, B, a luz do vidro? O índice de refração
refletida é completamente polarizada na horizontal, conforme ilustrado na Figura 1.52. para luz vermelha é n = 1,520,
e o índice de refração para luz
O nome ângulo de Brewster foi dado após o físico escocês Sir David Brewster (1781-1868)
violeta é n = 1,538.
ter demonstrado este efeito em 1815. O ângulo de Brewster ocorre quando os raios refletidos
são perpendiculares aos raios refratados. A Lei de Snell dos diz que a) 0,03° d) 0,26°

nar senB ⫽ nvidro senr , b) 0,12° e) 0,82°

onde r é o ângulo do raio refratado. A Figura 1.52 mostra que c) 0,19°

180° ⫽ B ⫹ r ⫹ 90°
pois os raios refletidos e os raios refratados são perpendiculares um ao Não polarizada Polarizada perpendicular
B ao plano de incidência
outro. Essa relação entre os ângulos pode ser escrita como B
nar = 1,0
r ⫽ 90° ⫺ B . nvidro = 1,5
Substituindo isso na Lei de Snell resulta em r

nar senB ⫽ nvidro sen(90° ⫺ B) ⫽ nvidro cos(B), Parcialmente polarizada paralela
o que pode ser rearranjado para finalmente obtermos ao plano de incidência

Figura 1.52 A luz não polarizada incide do ar no vidro.


Quando o ângulo de incidência é igual ao ângulo de Brews-
(1.15) ter, B, a luz refletida é 100% polarizada perpendicular ao
onde fizemos uso da identidade trigonométrica tg ⫽ sen/cos. A equação plano de incidência. A luz refratada é parcialmente polariza-
1.15 é chamada de Lei de Brewster. da paralela ao plano de incidência.
O fato de que a luz no ar, refletida a partir de superfícies como a água,
ser de forma parcial polarizada horizontalmente significa que aquele brilho da luz do Sol na
superfície da água pode ser bloqueado por óculos de sol cobertos com filtro cuja polarização
permita somente a passagem de luz verticalmente polarizada através dele.
34 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

O Q U E J Á A P R E N D E M O S | G U I A D E E S T U D O PA R A E X E R C Í C I O S
■ O ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão, i = r. ■ A luz é refratada (muda de direção) ao cruzar a interface en-
tre dois meios com diferentes índices de refração. Essa refra-
■ A distância focal de um espelho esférico é igual à metade do
ção é governada pela Lei de Snell: n1 sen 1 = n2 sen 2.
raio de curvatura, f = R. O raio R é positivo para espelhos
■ O ângulo crítico para reflexão interna total na interface en-
convergentes (côncavos) e negativo para espelhos divergentes
tre dois meios com diferentes índices de refração é dado por
(convexos).
sen c = (n2 ≤ n1).
■ Para imagens formadas com espelhos esféricos, a distância do
objeto, a distância da imagem e a distância focal do espelho ■ O ângulo de Brewster, B, é o ângulo de incidência de luz a
partir do ar para um meio com índice de refração maior na
estão relacionadas pela equação do espelho, qual a luz refletida está completamente polarizada na direção
Aqui, do é sempre positivo, enquanto di é positiva se a ima- horizontal. O ângulo é dado pela Lei de Brewster: tg B = n2/n1,
gem estiver do mesmo lado do espelho que o objeto e nega- onde n2 > n1.
tiva se a imagem estiver do outro lado. A distância focal f é
positiva para espelhos convergentes (côncavos) e negativa
para espelhos divergentes (convexos).

T E R M O S – C H AV E
Aberração esférica, p. 21 Espelho convexo, p. 19 Lei da reflexão, p.12 Princípio do menor
Ampliação, p. 18 Fibras ópticas, p. 29 Lei de Brewster, p. 33 caminho, p. 25
Ângulo de Brewster, p. 33 Foco, p. 15 Lei de Snell, p. 24 Raios de luz, p. 8
Dispersão cromática, p. 32 Frentes de onda, p. 8 Lei dos raios, p. 9 Reflexão interna total,
Eixo óptico, p. 13 Imagem, p. 12 Óptica geométrica, p. 8 p. 28
Equação do espelho, p. 17 Imagem real, p. 12 Ponto focal, p. 15 Refração, p. 24
Espelho, p. 11 Imagem virtual, p. 12 Princípio de Fermat,
Espelho côncavo, p. 15 Índice de refração, p. 24 p. 25

N OVO S S Í M B O L O S E E Q UAÇ Õ E S
i, ângulo de incidência do, distância ao objeto hi, altura da imagem
r, ângulo de reflexão di, distância à imagem n= , índice de refração

t = i, lei da reflexão f, distância focal n1 sen 1 = n2 sen 2, Lei de Snell

c, ângulo crítico de reflexão total ho, altura do objeto tg B = n2/n1, n2 > n1, Lei de Brewster

R E S P O S TA S D O S T E S T E S
1.2 Podemos usar o resultado da Demonstração 1.2
1.1
Distância ao Distância ao
eixo (cm) espelho (cm)

Notamos que conforme nos 0,72 3,58


Dessa forma, você vê uma versão ereta e pequena de você
mesmo. aproximamos do eixo óptico, 0,8 3,58
a distância do ponto de 1,8 3,48
cruzamento se aproxima da
3,6 3,04
distância focal f = R/2 = 3,60 cm.
1.3 Energia cinética de rotação K = mω2x2; Energia
potencial U = mgy. Iguale-as e encontre x2ω2/2g.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 35

GUIA DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS


1. Desenhar um diagrama grande, com indicações claras e resolver um problema usando a equação do espelho, um dese-
precisas, deve ser o primeiro passo para resolver quase todos nho preciso pode ajudá-lo a encontrar a resposta aproximada
os problemas de óptica. Inclua todas as informações que você e a conferir seus cálculos.
tem e todas as informações que você precisa encontrar. 3. Quando você calcula distâncias para espelhos, lembre-se
Lembre-se que os ângulos são medidos a partir da normal da convenção de sinais e seja cuidadoso para usá-las corre-
para a superfície e não da superfície para ela mesma. tamente. Digamos que se um diagrama indica uma imagem
2. Será necessário, normalmente, desenhar somente dois raios invertida, mas seus cálculos não têm um sinal negativo, volte
principais para localizar a imagem formada por espelhos, para a equação inicial e confira os sinais de todas as distâncias
mas você deve desenhar um terceiro raio para checar se todos e os comprimentos focais.
foram desenhados de no correto. Mesmo que seja necessário

Q U E S T Õ E S D E M Ú LT I P L A E S C O L H A
1.1 A lenda diz que Arquimedes ateou fogo na frota romana d) é igual a 90° − ângulo de reflexão.
quando esta invadia Siracusa. Arquimedes criou um espelho e) pode ser maior do que, menor do que ou igual ao ângulo
________ enorme e focalizou os raios do Sol nos navios ro- de reflexão.
manos.
1.4 Parado em uma piscina cheia de água, em que condições
a) plano c) parabólico convergente você verá um reflexo do cenário do lado oposto através da re-
b) parabólico divergente flexão interna total da luz do cenário?
1.2 Quais das seguintes interfaces combinadas têm o menor a) Seus olhos nivelados com a água.
ângulo crítico? b) Observando a piscina a um ângulo de 41,8o.
a) luz indo do gelo para o diamante. c) Sob nenhuma condição.
b) luz indo do quartzo para o acrílico. o
d) Você observa a piscina a um ângulo de 48,2 .
c) luz indo do diamante para o vidro. 1.5 Você está usando um espelho e uma câmera para tirar
d) luz indo do acrílico para o diamante. seu retrato. Você focaliza a câmera em você mesmo através do
e) luz indo do acrílico para o quartzo. espelho. O espelho está a uma distância D de você. Para que
distância você deve colocar o ajuste do foco na câmera?
1.3 Para reflexão especular de um raio de luz, o ângulo de
incidência a) D b) 2D c) D/2 d) 4D
a) deve ser igual ao ângulo de reflexão. 1.6 Qual é o fator de ampliação para um espelho plano?
b) é sempre menor do que o ângulo de reflexão. a) +1 c) maior do que +1
c) é sempre maior do que o ângulo de reflexão. b) −1 d) não é definido para um espelho plano

QUESTÕES
1.7 A figura mostra a dife- Índice de refração, n Índice de refração, n
rença entre o perfil do índi- nnúcleo nnúcleo ⫽ n(r)
ce de refração de uma fibra nrevestimento nrevestimento
chamada de índice degrau
comparada ao perfil do ín-
Raio Raio
dice de refração em uma fi-
bra chamada de índice gra- Núcleo 50 ␮m Núcleo 50 ␮m
dual. Analisando a luz se
propagando através da fibra
da perspectiva da óptica de
raios, comente a trajetória Revestimento Revestimento
seguida pelos raios ao en-
trarem em cada uma das 125 ␮m 125 ␮m
duas fibras.

Índice degrau Índice gradual


36 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1.8 Uma placa de Plexiglas de 2,00 cm de espessura e índice 1.12 Muitos dispositivos com fibras ópticas têm especificados
de refração de 1,51 é colocada sobre um livro de física. A placa os ângulos mínimos de curvatura. Por quê?
tem lados paralelos. O texto está na altura y = 0. Considere 1.13 Um estudante de física está observando um disco de bate-
dois raios de luz que estão deixando a letra “t” do texto sob a ria, a parte de cima tem a forma aproximada de uma superfície
placa de Plexiglas e se dirigindo para um observador que está esférica côncava. A superfície é suficientemente polida de for-
acima do Plexiglas, olhando para baixo. Desenhe sobre a figu- ma que ele mal consegue formar o reflexo do seu dedo quando
ra a posição aparente y do texto sob a placa de Plexiglas. Dica: colocado acima do disco. Conforme ele move seu dedo se
De onde no Plexiglas esses raios parecem se originar para o aproximando e se afastando da superfície, você pergunta a ele o
observador? Usando dois raios A e B após terem deixado o que ele está fazendo. Ele responde que está estimando o raio de
Plexiglas, determine a altura aparente (posição y) do texto sob curvatura do disco da bateria. Como ele pode fazer isso?
o Plexiglas conforme visto pelo observador. Este experimento
pode ser feito por você facilmente. Se você não tem um bloco 1.14 Responda se verdadeiro ou falso com uma explicação
de vidro ou uma placa de Plexiglas, você pode usar um copo para o seguinte: O comprimento de onda da luz do laser de He-
de água com fundo chato sobre o texto. -Ne na água é menor do que seu comprimento no ar – o índice
de refração da água é 1,33.
1.15 Entre os instrumentos que os astronautas da Apollo dei-
Observador xaram na Lua estão refletores usados para refletir feixes de raio
laser de volta para a Terra, o que permitiu medir a distância
Terra-Lua com uma precisão jamais obtida até então (incerte-
Ar zas da ordem de uns poucos centímetros em relação a 384.000
n2 = 1,00
km), para estudo de ambos, mecânica celestial e atividade de
placas tectônicas na Terra. Os refletores não são espelhos ordi-
D = 2,00 cm nários, mas uma rede de cantos de cubos, cada um consistindo
Plexiglas em três espelhos planos fixos, perpendiculares uns aos outros,
25,0°
A B n1 = 1,51 como faces adjacentes de um cubo. Por quê? Explique o fun-
y=0 cionamento e as vantagens dessa configuração.
o o o
1.16 Um prisma triangular de 45 –45 –90 pode ser usado
para reverter um raio de luz. A luz entra perpendicular à hipo-
1.9 Um único espelho esférico côncavo é usado para criar tenusa do prisma, reflete-se nas arestas e emerge perpendicu-
uma imagem de uma fonte com 5,00 cm de altura que está lar à hipotenusa novamente. As superfícies do prisma não são
localizada na posição x = 0 cm, a qual está 20 cm à esquerda espelhadas. Se o prisma é feito de vidro com índice de refração
do ponto C, o centro de curvatura do espelho, conforme mos- nvidro = 1,520 e o prisma está cercado por ar, o raio de luz será
trado na figura. O tamanho do raio de curvatura do espelho refletido com uma perda mínima de intensidade (há perdas
é 10,0 cm. Sem por reflexão conforme a luz entra e sai de um prisma).
mover o espelho, a) Isso irá ocorrer se o prisma estiver debaixo da água, a qual
como podemos
tem um índice de refração de nH2O = 1,333?
reduzir a aberra-
ção esférica pro- b) Tais prismas são usados de preferência em espelhos, para
duzida por este C desviar o caminho óptico em binóculos de qualidade. Por quê?
20,0 cm 10,0 cm
espelho? Haverá 1.17 Um objeto tem sua imagem formada por um espelho
alguma desvan- esférico convergente conforme mostrado na Figura 1.19, du-
tagem na sua plicada a seguir. Suponha que um pano preto é colocado entre
aproximação para o objeto e o espelho de forma que ele cubra tudo o que está do
reduzir a aberra- x lado de cima do eixo do espelho. Como será afetada a imagem?
ção esférica? x⫽0
1.10 Se você Espelho
R
enxerga um objeto no fundo de uma piscina, a piscina parece f
menos funda do que ela realmente é.
冷hi冷
a) Do que você aprendeu, calcule o quão funda uma piscina ho do
parece ser se ela tem de fato 4 m de profundidade e você olha di
diretamente para baixo. O índice de refração da água é 1,33.
b) A piscina parecerá mais ou menos funda se você olhar para 1.18 Você está debaixo da água em um lago e olha para a su-
ela por outro ângulo que não o vertical? Responda qualitativa- perfície, notando que o Sol está no céu. O Sol está realmente
mente, sem usar uma equação. mais alto do que você observa ou ele está mais abaixo?
1.11 Porque existe refração? Isto é, qual a razão física de uma 1.19 Segurando uma colher na frente do seu rosto, o lado
onda se mover com uma velocidade diferente em um novo convexo na sua direção, estime a localização da imagem e sua
meio em relação ao meio original? ampliação.
Capítulo 1 Óptica Geométrica 37

1.20 Um forno solar usa um grande espelho parabólico (vá- dam 6000 K (a temperatura da fotosfera do Sol) em um forno
rios andares de espelhos foram construídos) para focalizar a solar? Como, ou, por que não?
luz do Sol para aquecer um alvo. Uma grande fornalha solar
pode derreter metais. É possível obter temperaturas que exce-

PROBLEMAS
Um • e dois •• indicam um crescente nível de dificuldade dos desenho. Qual é a altura hi da imagem? A imagem é direita ou
problemas. invertida (direita = apontando para cima, invertida = de cabeça
para baixo)? Ela é real ou virtual?
Seção 1.2 1.27 Espelhos convexos são geralmente usados como retro-
1.21 Uma pessoa se senta a 1,0 m na frente de um espelho visores laterais em automóveis. Em muitos desses espelhos há
plano. Qual é a localização da imagem? o aviso “Objetos no espelho estão mais próximos do que eles
1.22 Um periscópio consiste em dois espelhos planos e é utili- parecem”. Assuma que um espelho convexo tem um raio de
zado para ver objetos quando um obstáculo impede a visuali- curvatura de 14,0 cm e nele há um carro que está 11,0 m atrás
zação direta. Suponha que George está olhando através de um do espelho. Para um espelho plano, a imagem estaria a 11,0 m
periscópio para o Homem do Chapéu Amarelo, cujo chapéu e a ampliação seria 1. Encontre a distância da imagem e a am-
está a do = 3,0 m do espelho superior, e suponha que os dois pliação para esse espelho.
espelhos planos estejam separados por uma distância L = 0,4 1.28 Um objeto de 5,0 cm é colocado a uma distância de 30
m. Qual é a distância D da imagem final do chapéu amarelo cm de um espelho convexo de comprimento focal de 10 cm.
em relação ao espelho de baixo? Determine o tamanho, a posição e a orientação da imagem.
1.23 Uma pessoa se encontra no ponto P relativo a dois espe- 1.29 A ampliação de um espelho convexo é 0,60 vezes para
lhos planos orientados em 90°, como mostrado um objeto a 2,0 m do espelho. Qual é a distância focal desse
na figura. A que distância as imagens da pessoa espelho?
P
estarão uma em relação à outra para o obser- 2m • 1.30 Um objeto está localizado a 100 cm de um espelho côn-
vador? 2m cavo de comprimento focal de 20 cm. Outro espelho côncavo
• 1.24 Mesmo os melhores espelhos absorvem de comprimento focal de 5 cm está localizado 20 cm na frente
ou transmitem a luz incidente neles. Os espe- do primeiro espelho côncavo. Os lados espelhados dos dois
lhos de mais alta qualidade podem refletir 99,997% de inten- espelhos se encontram frente a frente. Qual é a localização da
sidade da luz incidente. Suponha um quarto cúbico de 3,00 imagem final formada pelos dois espelhos e a ampliação total
m de lado onde construiram-se deste espelhos paredes, teto dada pela combinação?
e chão. O quão devagar este quarto ficará escuro? Estime o •• 1.31 A forma de um espelho elíptico é descrita pela curva
tempo necessário para a luz neste quarto cair a 1,00% do valor
inicial após a unica fonte de luz apenas ser desligada. com semieixo maior a e semieixo menor b. O

Seção 1.3 foco dessa elipse são os pontos (c, 0) e (−c, 0), com c = (a2 –
b2)1/2. Mostre que qualquer raio de luz no plano xy, que passa
1.25 O raio de curvatura de um espelho convexo é 25 cm.
através de um dos focos, irá se refletir passando pelo outro.
Qual é sua distância focal?
Galerias de murmúrios fazem uso desse fenômeno com ondas
1.26 Um único espelho esférico côncavo é usado para criar sonoras.
uma imagem de uma fonte de 5,00 cm de altura que está loca-
lizada na posição Seção 1.4
x = 0 cm, a qual 1.32 Qual é a velocidade da luz no vidro cujo índice de refra-
se localiza a 20,0 ção é 1,52?
cm à esquerda do
1.33 Uma fibra óptica com índice de refração de 1,5 é usada
centro de curva- C para transportar luz de comprimento de onda de 400 nm.
tura C do espelho, 20,0 cm 10,0 cm
Qual é o ângulo crítico para a luz ser transportada através
conforme mostra dessa fibra sem perdas? Se a fibra estiver imersa em água? Em
a figura. O raio óleo?
de curvatura do
espelho tem um 1.34 Um laser de hélio-neon produz luz com comprimento de
x
tamanho de 10,0 onda de λvac = 632,8 nm no vácuo. Se essa luz passa através da
x⫽0
cm. Calcule a água, cujo índice de refração é 1,333, qual será então
posição xi onde a) sua velocidade? c) seu comprimento de onda?
a imagem é formada. Use o sistema de coordenadas dado no b) sua frequência? d) sua cor?
38 Física para Universitários: Óptica e Física Moderna

1.35 Um raio de luz incide a partir da água com índice de ma que nenhuma luz passe para o revestimento é ␣max=14,033o,
refração de 1,333 sobre uma placa de vidro cujo índice de re- calcule a diferença percentual entre o índice de refração do nú-
fração é 1,73. Qual é o ângulo de incidência, para termos luz cleo e o índice de refração do revestimento.
refletida totalmente polarizada? •• 1.40 Use a Figura 1.49 e prove que o arco do arco-íris pri-
• 1.36 Suponha que você está em pé no fundo de uma piscina mário representa o ângulo de 42o da direção do Sol.
de mergulho olhando para a superfície acima, que assumimos •• 1.41 Use o Princípio de Fermat para derivar a lei da reflexão.
estar calma. Olhando para cima você vê uma janela circular
•• 1.42 O Princípio de Fermat, no qual a óptica geométrica
para o “mundo exterior”. Se seus olhos estão aproximadamente
pode ser derivada, estabelece que a luz se desloca segundo
2 metros abaixo da superfície, qual é o diâmetro dessa janela
uma trajetória que minimiza o tempo de viagem entre dois
circular?
pontos. Considere um feixe de luz que percorre uma distância
• 1.37 Um raio de luz incide sobre um prisma triangular equilá- horizontal D e uma distância vertical h, através de dois gran-
tero de índice de refração 1,23. O raio é paralelo à base do prisma des blocos de material, com uma interface vertical entre os
quando ele se aproxima do pris- materiais. Um dos materiais tem uma espessura de D/2 e índi-
ma. O raio entra no prisma no ce de refração n2. Determine a equação envolvendo os índices
ponto médio de um de seus lados de refração e os ângulos a partir da horizontal que a luz faz
conforme mostrado na figura. na interface (1 e 2), os quais minimizam o tempo para esse
Qual é a direção do raio quando deslocamento.
ele emerge do prisma triangular?
• 1.38 Um feixe de laser colima- Problemas adicionais
do atinge o lado (A) de um bloco de vidro com um ângulo de 1.43 Suponha que sua altura é 2,0 m e você está a 50 cm e em
20,0° em relação à horizontal, como mostrado na figura. O bloco pé na frente de um espelho plano.
tem um índice de refração de 1,55 e está imerso no ar com índice a) Qual é a distância da imagem?
de refração de 1,00.
b) Qual é a altura da imagem?
O lado esquerdo do
bloco de vidro é c) A imagem está invertida ou direita?
vertical (90° com a n ⫽ 1,00 n ⫽ 1,55 n ⫽ 1,00 d) A imagem é real ou virtual?
horizontal) enquan- 1.44 Um raio de luz de comprimento de onda 700 nm viajando
to o lado direito (B) no ar (n1 = 1,00) incide em uma superfície com líquido (n2 =
20,0°
forma 60° com a B 1,63).
horizontal. Deter- A
a) Qual é a frequência do raio refratado?
mine o ângulo BT,
em relação à hori- b) Qual é a velocidade do raio refratado?
90,0° 60,0°
zontal na qual a luz c) Qual é o comprimento de onda do raio refratado?
Horizontal
sai da superfície B. 1.45 Você tem um espelho esférico com raio de curvatura de
• 1.39 Em uma fibra de índice degrau, o índice de refração sofre +20 cm (ou seja, a face côncava está de frente para você). Você
uma descontinui- está olhando para um objeto cujo tamanho quer que dobre na
dade (salto) na in- Índice de refração, n imagem, assim pode vê-lo melhor. Onde você deve colocar o
terface núcleo-re- nnúcleo
objeto? Onde estará a imagem? Ela será real ou virtual?
vestimento, 1.46 Você está submerso em uma piscina de mergulho. Qual
nrevestimento
conforme mostrado é o ângulo máximo que você pode ver a luz vinda acima da
na figura. A luz in- superfície da piscina? Isto é, qual é o ângulo para reflexão in-
fravermelha com Raio
Núcleo
terna total da água para o ar?
comprimento de
9 ␮m 1.47 A luz atinge a superfície da água com um ângulo de inci-
onda de 1550 nm se
dência de 30° em relação à linha normal. Qual é o ângulo entre
propaga em tal fibra
o raio refletido e o raio refratado?
de índice degrau
através de reflexão
Revestimento 1.48 Um enfeite de árvore de Natal esférico e metálico tem
interna total na in- um diâmetro de 8,00 cm. Se um Papai Noel está próximo à la-
terface núcleo-re- 125 ␮m reira, 1,56 m adiante, onde ele irá ver seu reflexo no ornamen-
vestimento. O índi- to? A imagem é real ou virtual?
ce de refração para 1.49 Um dos fatores que faz o diamante ser muito brilhante é
o núcleo em 1550 seu ângulo crítico relativamente pequeno. Compare o ângulo
nm é nnúcleo = 1,48. crítico do diamante no ar em relação ao ângulo crítico do dia-
Se o ângulo máxi- Revestimento, nrevestimento⫽? mante na água.
Ar
mo ␣max no qual a máx 1.50 Que tipos de imagens, reais ou virtuais, são formadas por
luz pode ser acopla- max Núcleo, nnúcleo ⫽ 1,48 uma espelho convergente quando o objeto é colocado a uma
da na fibra, de for- distância do espelho que está
Capítulo 1 Óptica Geométrica 39

a) além do centro de curvatura do espelho, da equação, a reversão temporal (tempo negativo) também é
b) entre o centro de curvatura e metade do centro de curva- uma solução.
tura, e a) Suponha que alguma configuração de densidade de carga
c) mais próxima do que metade do centro de curvatura. elétrica ρ, densidade de corrente campo elétrico e campo
magnético é solução das equações de Maxwell. Qual é a cor-
1.51 Em que ângulo  mostrado no
40° respondente solução de tempo-reverso?
diagrama deve um feixe de luz penetrar
na água de forma que o feixe refletido b) Como, então, os “espelhos de sentido único” (espelhos uni-
forme um ângulo de 40° em relação à direcionais) funcionam?
normal à superfície da água? •• 1.56 Retorne ao Exemplo 1.3 e use os números fornecidos
lá. Ainda, assuma que seus olhos estão a uma altura de 1,70 m
acima da água.

a) Calcule o tempo que leva para a luz percorrer a distância
entre o peixe e os seus olhos.
• 1.52 Um espelho côncavo forma uma imagem real que é
o dobro do tamanho do objeto. O objeto é então deslocado b) Calcule o tempo que a luz leva sobre uma linha reta entre o
de forma que a nova imagem real produzida tem três vezes o peixe e os seus olhos.
tamanho do objeto. Se a imagem foi deslocada de 75 cm em c) Calcule o tempo que a luz leva partindo de uma trajetória
relação à sua posição inicial, qual a distância que o objeto foi vertical para cima a partir do peixe até a superfície da água e
deslocado e qual é a distância focal do espelho? então diretamente para os seus olhos.
• 1.53 Que profundidade aparente um ponto no meio de uma d) Calcule o tempo que a luz leva em uma linha reta da posi-
piscina de 3 m de profundidade terá para uma pessoa em pé ção aparente do peixe para seus olhos.
do lado de fora dela a 2 m na horizontal acima do ponto? Uti- e) O que você pode afirmar a respeito do Princípio de Fermat
lize 1,3 como índice de refração da piscina e 1 para o ar. pelos números anteriores?
• 1.54 Na figura, qual é o menor 1.57 Se você quer construir um espelho líquido de compri-
ângulo de incidência i para o feixe mento focal de 2,50 m, qual a velocidade angular que você
sofrer reflexão interna total na su- deve girar seu líquido?
perfície do prisma tendo um índice Ar
•• 1.58 Uma proposta para um telescópio baseado no espaço
␪i
de refração de 1,5? é colocar um grande espelho líquido em rotação na Lua. Su-
Vidro
ponha que você deseje um espelho líquido de 100,0 m de diâ-
Ar metro e queira que ele tenha uma distância focal de 347,5 m. A
aceleração gravitacional da Lua é 1,62 m/s2.
70°
a) Qual é a velocidade angular de seu espelho?
•• 1.55 A Reflexão e a refração, como todas as características b) Qual é a velocidade linear de um ponto no perímetro do
clássicas da luz e outras ondas eletromagnéticas, são governa- espelho?
das pelas equações de Maxwell. As equações de Maxwell são c) Qual altura acima do centro se encontra o perímetro do
invariantes por translação temporal, ou seja, para cada solução espelho?

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