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Será preciso citar um trecho do texto seminal (de 1931, dois anos antes de Hitler
ascender ao poder) de Horkeimer, A presente situação da filosofia social e as tarefas de um
Instituto de Pesquisa Social: “pouco a pouco as discussões sobre a sociedade se
cristalizaram sempre mais claramente em torno de uma questão: o problema da
conexão que existe entre a vida econômica da sociedade, o desenvolvimento psíquico
dos indivíduos e as transformações que tem lugar nas esferas culturais em sentido
estrito – às quais pertencem não somente os assim chamados conteúdos espirituais
da ciência, da arte e da religião, mas também o direito, os costumes, a moda, a opinião
pública, o esporte, as formas de divertimento, o estilo de vida etc.” Aqui cabe ressaltar
três aspectos do que desde então foi chamado de materialismo interdisciplinar da
Teoria Crítica: 1) economia, cultura e subjetividade são postas como realidades
dialeticamente interdependentes, sem postular a primazia de qualquer uma sobre a
outra; 2) realidades eminentemente culturais como a moda e o divertimento são
assumidas como possuindo um conteúdo substancial, no sentido de poder de gerar
efeitos consideráveis na realidade, uma vez que a elas é atribuído um estatuto
sociológico comparável ao da religião e da ciência; 3) a vida psíquica dos indivíduos é
pensada como realidade eminentemente dialética, em estreita conexão de sentido com
as formas econômicas e culturais. Isso significa que ela é pensada não como a fonte
primeira das demais, mas também não como uma esfera a reboque das outras – ela
tem uma densidade própria que convém investigar.
Antes de tudo, cabe uma observação: não é a resposta isolada a um item que configura
um tipo de disposição psíquica autoritária. Uma análise complexa da inter-relação
entre os itens é pressuposto da interpretação do resultado de cada sujeito na escala F.
Se, de acordo com o primeiro item anteriormente citado, “as pessoas só aprendem
algo realmente importante por meio do sofrimento”, a interpretação levada a cabo em
A personalidade autoritária vai situar a resposta afirmativa a esse item como indicador
de “submissão autoritária”, isto é, de “atitude submissa e acrítica em relação às
autoridades morais idealizadas do grupo”. A concordância com a formulação do
segundo item, de que “as pessoas podem ser divididas em duas classes: os fracos e os
fortes” indicaria, na formulação dos pesquisadores, não só uma tendência no sentido
da “superstição e estereotipia”, a saber, “crença em determinantes místicos do
destino individual; disposição a pensar em categorias rígidas”, mas também uma
inclinação para “poder e ‘dureza’”, isto é, “preocupação com as dimensões
dominação-submissão, forte-fraco, líder-seguidor; identificação com figuras de
poder; ênfase exagerada em atributos convencionais do ego; afirmação exagerada de
força e dureza”. Finalmente, a concordância com a terceira asserção, “hoje em dia,
quando tantos tipos diferentes de pessoas circulam e entram em contato umas com as
outras, cada um tem de se proteger cuidadosamente para não pegar uma doença”,
seria indicativa de “projetividade”, entendida como “disposição a acreditar que
acontecem coisas selvagens e perigosas no mundo; projeção no exterior de impulsos
emocionais inconscientes”.
Dito de outro modo, esse sujeito não “é” uma personalidade autoritária, ele apresenta
(no momento do teste) uma dinâmica psíquica marcada por traços libidinais e
ideacionais que se associam a atitudes de preconceito e autoritarismo. Por fim, isso
não significa dotar a esfera psíquica do poder causal último na configuração de
atitudes políticas anti-democráticas e preconceituosas. Uma discussão mais ampla
dessa questão levaria às críticas de Adorno à psicologia do Ego (e mesmo ao conceito
de “personalidade”!), desde Minima moralia até trabalhos dos anos cinquenta e
sessenta – algo que não pode ser feito aqui. Contudo, é necessário assinalar que
Adorno e os pesquisadores de Berkeley, sem “psicologizar” fenômenos ideológicos e
políticos complexos, abriram caminhos importantes para a consideração da mediação
subjetiva de atitudes extremas como o preconceito e o entusiasmo por regimes de
força.
Como Susan Sontag notou certa vez, é preciso reconhecer que há para muitas pessoas
um fascínio peculiar e sombrio no fascismo. O legado de A personalidade autoritária
reside em apontar para os riscos de situações em que a propensão ao autoritarismo e
ao preconceito é estimulada pela dinâmica social dominante e pelas formas culturais
com maior poder de disseminação. Em outros termos, em dadas situações, certas
pessoas não terão de fazer um grande esforço subjetivo para aderir a pautas
discriminatórias e antidemocráticas, uma vez que elas já estarão instaladas nos seus
modos subjetivos de reação ao mundo. Seria o caso de se perguntar, hoje, se as
tendências subjetivas estruturantes que a pesquisa de Berkeley encontrou estariam
sendo estimuladas hoje pela sociedade e pela cultura: convencionalismo,
agressividade, oposição a tudo que é intelectual e subjetivo, submissão autoritária,
ênfase em estruturas rígidas de poder e dureza, tendência ao pensamento
estereotipado, tendência a uma desconfiança geral de tudo que é “outro”. Este seria
um trabalho a ser feito, não exatamente repetindo os itens e as escalas da pesquisa,
mas recuperando as suas intuições originais e a sua abordagem interdisciplinar.
Nossa opção hoje em dia é entre esclarecimento ou barbárie. Ou lutamos para nos
tornarmos conscientes de tudo que apela à agressão e ao preconceito em nós mesmos e
nos outros, ou abraçamos o fascinante fascismo daqueles que tiram sua sobrevivência
psíquica da vã satisfação de odiar.
Douglas Garcia Alves Júnior é doutor em filosofia pela UFMG, professor associado do
departamento de filosofia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), autor
Dialética da vertigem: Adorno e a filosofia moral (Escuta), entre outros.
(4) COMENTÁRIOS
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