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DISCIPLINA:
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3. Objectivo específico.............................................................................................................................. 1
6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 6
2. Objectivo Geral
O trabalho em alusão tem objectivo geral: compreender que tipo de cidadania foi
construído em Moçambique, sua prevalência e sua aplicabilidade na sociedade moçambicana.
3. Objectivo específico
Compreender os conceitos básicos inerentes ao tema em alusão;
No que toca a técnica de recolha de dados, o grupo fez uso de Microsoft world10.
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5. A CIDADANIA EM MOÇAMBIQUE
Sendo Moçambique um país resultado da dominação colonial portuguesa, a diversidade
étnica é algo conflituoso de tal forma que, os moçambicanos transfronteiriços vivem quase
sempre num dilema, pois acabam não sabendo a que realidades efectivamente pertencem, por
partilharem com os cidadãos dos países vizinhos não só a mesma língua, como também a mesma
cultura. Partimos da seguinte premissa: factores convergentes contribuíram para que em
Moçambique se criasse uma cidadania passiva, via Estado e, para melhor defendermos a nossa
postura adoptamos uma cronologia provavelmente conflituosa. Entenda-se que não se trata aqui
de criar balizas cronológicas definitivas, consideramos apenas algumas etapas que melhor se
enquadrariam à nossa reflexão. Com a criação da Frelimo em 1962 e o início da luta armada em
1964, os indígenas e alguns assimilados, pela primeira vez tiveram a oportunidade de comungar
os mesmos ideais, lutando por uma causa comum, na esperança de poderem viver num país livre
e sentirem-se cidadãos em toda sua plenitude. Houve aqui uma mudança significativa onde os
indígenas tiveram que aceitar uma entidade abstracta como a pátria, como objecto de lealdade
suprema, acima da família e de outros grupos primários. Este já era um ingrediente mais do que
crucial para a criação da cidadania. A Frelimo era para os indígenas (de ora em diante
moçambicanos), o seu representante único e legítimo, o aglutinador de todas as aspirações e
vontades, enfim, o único veículo para obtenção da cidadania. O surgimento de um inimigo
comum despertou sentimentos de patriotismo nunca antes vistos. Não se questionava aqui o que
era ser cidadão, quais os direitos e deveres, mas a pátria acima de tudo.
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a população partilhasse dos ideais comuns, isto é, do fim da guerra como pressuposto para a
liberdade e a democracia.
Em 1990 entrou em vigor a nova constituição que reza o direito à participação dos
cidadãos na vida política, o direito a livre associação, etc. A nova constituição foi para muitos
moçambicanos a grande oportunidade de pela primeira vez participar activamente na vida
política, formar grupos de interesse ou até mesmo voltar a acreditar num Moçambique onde se
pudesse consolidar a democracia. Em 1994, realizaram-se as primeiras eleições livres e
multipartidárias. O moçambicano, que não conhecia o voto secreto e directo, sentiu-se livre e
simultaneamente desordenado, por confrontar-se com uma nova realidade.
Capela (2004), analisando pode-se notar que em Moçambique a cidadania foi construída de
cima para baixo, isto é, foi construída uma cidadania passiva e/ou estado-cêntrica. Tal
passividade resulta de vários factores, dentre eles: a delimitação das fronteiras (imposta pelo
Estado colonial); o período da revolução socialista onde o processo de construção da nação foi
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através da submissão da população ao Estado; o fato da Frelimo ter agido numa lógica de partido
único, no qual a manifestação do movimento social na sua diversidade era inaceitável; a crença
numa ”revolução” do Estado, que se transformou no instrumento privilegiado e o lugar de
realização da unidade nacional e construção da cidadania e, por último, a guerra civil que dividiu
os moçambicanos, fazendo com que uma vez mais o Estado continuasse a dirigir os destinos do
País seguindo uma nova realidade, mas, criando uma cidadania cada vez mais passiva.
Clapham (2012), Não é, porém, necessário adoptar uma definição tão rígida de cidadania
para se reconhecer que é possível falar de cidadania mesmo quando existem circunstâncias
estruturais que limitam o alcance da sua prática. Na verdade, é possível defender a ideia segundo
a qual a história moçambicana se teria constituído no exercício eficaz de cidadania. Durante o
período colonial, por exemplo, a sua extensão dentro de certos limites jurídicos a apenas alguns
sectores da população – aos europeus e aos “assimilados” – fez dela uma possibilidade real para
a maioria da população e passou a ser a base da mobilização da acção individual e colectiva
Dito doutro modo, a cidadania parece ganhar a sua força como ideia normativa que serve de
referência não só para os políticos como também para a população dum modo geral. Quando é
possível exigir a cidadania e colocar essa exigência no centro da confrontação política, torna-se
legítimo falar de cidadania, mesmo quando a sua exigência resulta da sua negação.
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6. CONCLUSÃO
Não quisemos aqui concluir que não existe reacção popular as iniciativas governamentais,
mas sim mostrar que até mesmo o desenvolvimento de tais acções, ou atitudes contestatórias têm
sempre o viés da aquisição da nossa cidadania, portanto a via estado-cêntrica é intrínseca ao
desenvolvimento da nossa história cidadã.
Quando se questiona a falta de agressividade do cidadão perante os inúmeros
acontecimentos do quotidiano, uma das respostas que se pode dar é que tal atitude seria sem
dúvida resultado do nosso percurso, que acabou contribuindo para a criação de uma cidadania
súbdita e às vezes paroquial. Dai a inferência de termos desenvolvido uma cidadania.
Sem dúvida que cabe a nós lutar por uma verdadeira cidadania como contraposição a esta
cidadania construída.
Claro que se pode questionar, como é que um povo que se rebelou e lutou pela
independência do seu país pode ter constituído uma cidadania passiva? Ou como é que um povo
que mesmo durante o período colonial manifestava-se organizando greves, pode ter adquirido a
cidadania via Estado? O que aconteceu na verdade foi que todas essas conquistas foram
reivindicadas e aglutinadas num Estado que, com o decorrer do tempo foi favorecendo algumas
elites transformando-se num Estado elitista e clientelista, como resultado da adopção da via
socialista. E como o socialismo concentra uma burocracia complexa que segundo Weber (2000),
após a sua instalação está entre as formas mais difíceis de destruir, o que agora vivemos não é
nada mais do que apanágio do nosso percurso.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPELA, José. Moçambique pelo seu povo. Porto: Afrontamento, 1994.
CARVALHO, José. M de, Cidadania: tipos e percursos, Estudos históricos, Rio de
Janeiro, 1996.
HEDGES, David, História de Moçambique Vol. II: Moçambique no Auge do
Colonialismo, 2ª ed. Maputo: Imprensa universitária, 1999.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967
ROSÁRIO, Lourenço do, “Contribuição para uma reflexão sobre a ideia de
identidade e cidadania em Moçambique, Lisboa: Edições universitárias Lusófonas,
1996.
MELBER, B, Economia e sociedade - Fundamentos da sociologia compreensiva. Vol.
I 4ª edição. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000.
TURNER, Fundamentos da sociologia compreensiva. Vol. I 4ª edição. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 1990.