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SELIGMANN-SILVA

“Do ponto de vista do sobrevivente, o registro historiográfico é limitado e não dá conta da sua
“experiência”; já para o historiador, o testemunho é apenas uma fonte que deve ser utilizada com rigor,
corrigindo as suas falhas – típico do processo de recordação, sobretudo quando se trata da memória de
vivências traumáticas (...). Para a memória, o “passado” é ativo e justamente “não passa”. p.15-16

Cytrynowicz – “a historiografia pode auxiliar no trabalho da memória, na medida em que lhe forneceu
uma moldura. Por outro lado, a memória simultaneamente serve de tela para a pintura do passado e tende
a transbordar a moldura histórica” p.17

“Para ele [Walter Benjamin], a obra literária possui uma figura/marca (Gestalt) prosaica, para além do
belo e da mania platônica, que destrói a falsa aparência e constitui o seu núcleo “intocável”. Benjamin
afirma que é o teor prosaico/sóbrio da obra, originado na razão mecânica, mechanische Vernunft, que
(...) garante a eternidade das obras” p.19

ESCRITA DO TESTEMUNHO:

Appelfeld: a característica principal da literatura de testemunho “é que o sobrevivente, ao contar e


revelar, está, ao mesmo tempo, escondendo. [...] Essa escrita deve ser lida com precaução, de modo que
se veja não apenas o que aí se encontra, mas também, e essencialmente, o que está faltando” p.20
“Se o testemunho apresenta a história de uma perda, o essencial não pode ser apresentado de modo
direto; o testemunho é a apresentação de um desaparecimento e a sua leitura, a busca de traços que
indiquem tal “falta originária”. p.20-21

LITERATURA:
“De um lado, a necessidade premente de narrar a experiência vivida; do outro, a percepção tanto da
insuficiência da linguagem diante de fatos (inenarráveis) como também [...] a percepção do caráter
imaginável dos mesmos e da sua consequente inverossimilhança” p.46
PEREC apud SS: “o indizível não está escondido na escrita, é aquilo que muito antes a desencadeou”.
“A impossibilidade está na raiz da consciência. A linguagem/escrita nasce de um vazio – a cultura, do
sufucamento da natureza e o simbólico, de uma reescritura dolorosa do “real” (que é vivido como um
trauma)” p.48

TRAUMA:
“A experiência traumática é, para Freud, aquela que não pode ser totalmente assimilada enquanto ocorre.
[...] o testemunho seria a narração tanto desses fatos violentos, mas da resistência à compreensão dos
mesmos. A linguagem tenta cercar e dar limites àquilo que não foi submetido a uma forma no ato da sua
recepção”.
“Daí Freud destaca a repetição constante, alucinatória, por parte do “traumatizado” da cena violenta: a
história do trauma é a história de um choque violento, mas também de um desencontro com o real (em
grego, vale lembrar, “trauma” significa ferida). A incapacidade de simbolizar o choque [...] determina a
repetição e a constante “posterioridade”. p.49

MEMÓRIA E NARRAÇÃO:
“Os sobreviventes [...] defrontam-se a cada dia com a tarefa [...] de rememorar a tragédia de enlutar os
mortos. Tarefa árdua e ambígua, pois envolve tanto um confronto constante com a catástrofe, com a
ferida aberta pelo trauma – e, portanto envolve a resistência e a superação da negação -, como também
visa a um consolo nunca totalmente alcançável. Aquele que testemunha sobreviveu – de modo
incompreensível à morte [...]. Nele a morte [...] recebe novamente o cetro e império sobre a linguagem”
p.52

NECESSIDADE DO TESTEMUNHO:
“A leitura estética do passado é necessária, pois opõe-se à “musealização” do ocorrido. Ela está
vinculada a uma modalidade da memória que quer manter o passado ativo no presente. Ao invés da
tradicional representação, o seu respeito é do índice: ela quer apresentar, expor o passado, seus
fragmentos, ruínas e cicatrizes” p.57

FICÇÃO E REALIDADE:
“A verdade é que esse limite entre ficção e a ‘realidade’ não pode ser delimitado. E o testemunho
justamente quer resgatar o que existe de mais terrível no “real” para apresenta-lo. Mesmo que para isso
ele precise da literatura” p.375
Primo Levi:
“Chi ha vissuto la Gorgone non è tornato per raccontare, o è tornato muto. Come nessuno è mai tornato
a raccontare la sua morte” (I sommersi e i salvati) p.378

Na literatura de testemunho não se trata mais de imitação da realidade, mas sim de uma “manifestação”
do “real”. É evidente que não existe uma transposição imediata do “real” para a literatura: mas a
passagem para o literário, o trabalho do estilo e com a delicada trama de som e sentido das palavras que
constitui a literatura é marcada pelo “real” que resiste à simbolização (382-383)

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