Sei sulla pagina 1di 14

CIBERFEMINISMO NO BRASIL: CONSTRUINDO IDENTIDADES DENTRO DOS

LIMITES DA REDE

Debora Albu1

Resumo: Essa pesquisa analisa a emergência do ciberfeminismo no Brasil na última década. O


conceito oferece três enquadramentos possíveis para o desenvolvimento de narrativas sobre
feminismo, seus significados e re/produções. A principal pergunta de pesquisa é como e porque
mulheres jovens se engajam no ciberfeminismo no Brasil e quais significados são atrelados a isso. O
trabalho argumenta que o ciberfeminismo é entendido e utilizado em três dimensões: como uma
plataforma, como uma identidade e como uma forma de ativismo. Apesar das representações
otimistas do conceito da literatura, a pesquisa também discute algumas limitações do mesmo em cada
uma dessas dimensões, como a falta de institucionalidade, as barreiras para o empoderamento e a
divisão interna do movimento feminista.
Palavras-chave: Cyberfeminismo, Brasil, Jovens, Internet, ativismo.

Introdução
Ciberfeminismo é um conceito em disputa dentro da teoria feminista nas últimas duas
décadas, tendo sido apresentado como uma filosofia (Paterson, 1992; Hawthorne e Klein, 1999),
como uma conexão entre mulheres e o ciberespaço (Plant, 1996), como uma ferramenta de
empoderamento (Millar, 1998; Lee, 2006; Harris, 2008; Martin e Valenti, 2012; Keller, 2012;
Zeillinger, 2013; Keller, 2015), como um lugar de resistência (VNS Matrix, 1991; Daniells, 2009;
Pierce, 2010), como um chamado para inclusão e solidariedade (Braidotti, 1996; Wilding, 1998;
Thelandersson, 2014) e como uma utopia (Haraway, 1991). Todos esses diferentes significados e
usos apontam para o ciberfeminismo como um projeto múltiplo, ainda em construção tanto no nível
teórico quanto prático.

Ciberfeminismo é uma expressão do movimento feminista que se dá no espaço da sociedade


civil. Essa esfera foi analisada pela teoria feminista majoritariamente pelo viés das tradições liberais
(Dahlerup, 1994; Dean, 1996; Phillips, 1999; Phillips 2002). Nancy Fraser (1997) apresenta o
conceito de “contra-públicos subalternos” como uma crítica efetivadessas leituras, que conceituam o
espaço público, a sociedade civil e os públicos como alheios à gênero. Esses públicos marginalizados
também navegam o espaço público, construindo lugares de resistência e alterando seu status como
periféricos.

1
Debora Albu é mestre em Gênero e Desenvolvimento pela London School of Economics e pesquisadora da área de
Democracia e Tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio).

1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
No Brasil, em sua maioria, são as mulheres jovens que performam o ciberfeminismo em
diversas frentes. Elas criam canais de mídia independentes, como blogs e revistas virtuais, páginas de
redes sociais e grupos de discussão, seminários online, canais de vídeo (Lemos, 2009; Vieira, 2012;
Schlindwein, 2012). Todas essas diferentes formas de engajamento online sugerem que diferentes
mulheres têm diferentes necessidades, identidades e possibilidades. Isso resulta nesta miríade de
agendas feministas, a qual pode ser explorada a partir de dois caminhos: a diversidade permite que
uma pluralidade de vozes seja ouvida e considerada, contudo, pode acarretar em uma dissonância que
enrijece as possibilidades de coalizões para objetivos e lutas comuns (Cunha, 2013).

Sob a luz desses conceitos e ideias, esse artigo analisará os entendimentos e usos do
ciberfeminismo no Brasil por mulheres jovens: como elas se engajam no movimento feminista por
meio do ciberfeminismo? O que essa expressão de ativismo oferece para o movimento? Existem
limites da aplicação prática desse conceito? O trabalho argumenta que mulheres jovens se apropriam
do ciberfeminismo de três formas: como uma plataforma, como uma identidade e como uma prática.
Primeiramente, o ciberfeminismo acontece na ciberesfera, a qual oferece possibilidades para o debate,
para o posicionamento do indivíduo como cidadão e para o aprendizado, espaço esse que difere
daqueles não-virtuais, que são, em sua maioria, mais hierarquizados. Além disso, o ciberfeminismo
se tornou um estímulo para que essas mulheres jovens se identifiquem como feministas e reifica as
identidades de “mulher” e “jovem” por meio do conhecimento e do discurso. Finalmente, mulheres
jovens veem no ciberfeminismo uma ferramenta para o ativismo, se empoderando online, quebrando
silêncios opressivos e promovendo agendas feministas.

Todavia essas possibilidades apresentam limitações. Como um espaço, o ciberfeminismo nem


sempre consegue transformar debates frutíferos sobre questões feministas em ganhos “reais” de
direitos das mulheres e igualdade de gênero. Discursos conservadores da direita mainstream política
no Brasil, a influência das igrejas evangélicas na política e a crise que sucedeu o impeachment da
primeira presidenta eleita no país, Dilma Rousseff, demonstram que a falta de força e de caráter
institucional do ciberfeminismo não permitem que o mesmo concretize esses avanços. Na perspectiva
do ciberfeminismo como um a ferramenta para processos de subjetivação, ele é bloqueado por
dinâmicas de reação negativa (“backlash”), críticas excessivas (“trashing”) e silenciamento
(Crenshaw, 1993; Collins, 2000; Mann, 2014), o que acarreta efeitos negativos para o ciberfeminismo
como instrumento de auto-empoderamento e agência.

2
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
A metodologia empregada está baseada em fontes primárias e secundárias. Como fonte
primária, são utilizadas entrevistas realizadas com treze jovens brasileiras ciberfeministas por meio
de um questionário semi-estruturado, o qual desenvolveu cada uma das três dimensões de análise
apresentadas acima. Além dessas entrevistas, sete plataformas de mídia feminista independente
virtual foram revisadas, sendo identificados tópicos e conceitos comuns com as entrevistas em seus
tutoriais e publicações. Todo o material foi investigado por meio de análise de discurso e de conteúdo
em conexão com a literatura secundária sobre a área.

Esse artigo está organizado em três seções: a primeira delineará os debates teóricos
envolvendo os conceitos de sociedade civil na teoria feminista e de ciberfeminismo. A segunda trará
a análise desenvolvida, dividida em duas subseções: das oportunidades e das limitações do conceito
em questão. Por fim, a conclusão fará uma breve recapitulação da discussão bem como apresentará
pontos para debate e pesquisas futuras.

Delineando o debate

A teoria feminista vem debatendo ciberfeminismo desde a década de 1980. Apesar da


dificuldade em se definir uma genealogia única do conceito, para muitos autores, o conceito tem sua
origem no trabalho de Donna Haraway (Braidotti, 1996; Wilding, 1998; Hawthorne e Klein, 1999;
Paasonen, 2011). Haraway (1991) descreve o “ciborgue” como um “híbrido de máquina e organismo”
que, como um “encorporamento” positivo para as mulheres, pode “definir uma polis tecnológica
baseada em parte na revolução das relações sociais dentro do oikos, o lar” (Haraway, 1991, p.151).
Esse ciborgue - antes localizado na divisão público/ privado - cria um novo tipo de cidadania, a
“cidadania ciborgue” e, por meio da “escrita ciborgue”, consegue mudar o mundo que “[...] lhe marca
como outro” (Haraway, 1991, p.175). Neste ensaio, a autora produz a base de significação do
ciberfeminismo como uma identidade e como uma forma de ativismo.

O ciberfeminismo enquanto plataforma é realçado por diversos fatores Eble and Breault,
2002; Gerrard, 2002; Gordon, 2008; Daniells, 2009; Pierce, 2010; Martin and Valenti, 2012; er, 2012;
Keller, 2015). Primeiro, o ciberespaço é a alternativa aos espaços offline, mais difíceis de serem
acessados, dada a concentração regional de oportunidades, riqueza e as barreiras geográficas
existentes. Segundo, plataformas feministas online são entendidas como espaços seguros quando
justapostas a espaços não-virtuais (White, 2016), pois permitem certa anonimidade e uma não-

3
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
exposição física. Terceiro, essas plataformas re/criam ambientes comunitários onde mulheres podem
dividir experiências e procurar apoio sobre violência de gênero em suas mais variadas formas, sendo
muito similares aos grupos de conscientização das décadas de 1960 e 1970. Por fim, a Internet 2.0
aumenta a conectividade e o alcance pelo desenvolvimento das mídias sociais, nas quais os sujeitos
são não só consumidores passivos de conteúdo, mas também produtores e disseminadores disso
(Pruchniewska, 2016), ou seja, novas vozes marginalizadas podem ter papéis fundamentais nesta
dinâmica.

Já enquanto prática, o ciberfeminismo é múltiplo, oferecendo uma diversidade de táticas de


engajamento e de participação na sociedade civil (Harris, 2008; Daniells, 2009; Martin and Valenti,
2012). Jovens feministas estão criando uma “cultura de participação” por meio do ciberfeminismo:
postando, escrevendo blogs, tweetando e produzindo discurso online que as empodera (Harris, 2008;
Keller, 2012; Dixon, 2014; Portwood-Stacer and Berridge, 2014; Khoja-Moolji, 2015; Olson, 2016).
Essas estratégias micropolíticas de participação permitem que tenham uma atuação não mais limitada
ao espaço privado; uma vez públicas, essas vozes criam um coro de diferentes demandas e agendas
(Harris, 2008; Gordon, 2008).

Contudo o ciberfeminismo também apresenta barreiras para o crescimento da solidariedade e


avanço de agendas do movimento (Loza, 2014; Mann, 2014; Baer, 2016). A pluralidade do
movimento e o fato de todas possuírem vozes pode incorrer em argumentos contra-produtivos que
criam ambientes tóxicos no ciberespaço, limitando o potencial dessa estratégia (Goldberg, 2014;
Bahadur, 2014). Essa toxicidade gera alguns problemas, dos quais três abordaremos nesse trabalho:
silenciamento (Crenshaw, 1993; Collins, 2000; Mann, 2014), crítica excessiva personalizada –
“trashing” (Freeman, 1976) e policiamento de tom (Cross, 2015).

A literatura brasileira não explora o ciberfeminismo de maneira tão abrangente. O fato de ser
tão recente faz com que a análise do conceito sob o viés acadêmico não tenha ganho força apesar de
seu rápido desenvolvimento na prática (Lemos, 2009; Vieira, 2012; Schlindwein, 2012). Muitas
autoras consideram esse desenvolvimento positivo, já que permite a democratização do movimento
no Brasil, construindo pontes entre diversos grupos de mulheres, provendo um espaço para a
manifestar suas demandas (Vieira, 2012; Bernardes, 2014; Lagner et al, 2015). Outra característica
ressaltada na literatura é a conectividade, especialmente com as mídias sociais (Bernades, 2014;
Lagner et al, 2015), que constrói potencial de crescimento e fortalecimento do movimento. Esta
pesquisa visa analisar não só um blog (Lima, 2013; Ventura and Rodrigues, 2015) ou página de

4
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Facebook específicos (Ferreira, 2013; Rodrigues and Luvizotto, 2014; Santos and Barros, 2015;
Rodrigues et al, 2016), mas sim desenvolver uma análise mais ampla sobre o fenômeno no país.

Ciberfeminismo como oportunidade

“A Internet oferece um espaço de possibilidades ontológicas”: potencial para o ciberfeminismo


como extensão da sociedade civil

A ideia da Internet como uma espécie de ágora virtual (Castells, 2008; Castells, 2010; Castells,
2012) foi reforçada nas entrevistas: todas as mulheres entrevistadas relataram usar essa plataforma
para debater e aprofundar seus entendimentos sobre o feminismo. As representantes da revista
“Capitolina”, por exemplo, afirmam que a razão principal para desenvolver o conteúdo de forma
digital é o fato desse espaço permitir mais interação com as pessoas leitoras do que meios impressos.
O editorial da plataforma “Blogueiras Feministas” afirma que seu objetivo é “[...] discutir o
feminismo. Em todas as suas pluralidades e particularidades. [...] nós queremos refletir sobre os
assuntos que circundam a criação de um mundo mais justo e igualitário para todas as pessoas”
(Blogueiras Feministas, n.d.). Esses exemplos explicitam ideais democráticos presentes no feminismo
e no conceito feminista de sociedade civil (Fraser, 1997; Phillips, 2002).

Outro relevante aspecto ressaltado pelas entrevistadas é o alcance possível da Internet


(Palczewski, 2001; McCaughey and Ayers, 2003; Garret, 2006). Representantes dos canais de mídia
reforçaram o ponto da difusão da informação, justificando que empodera mulheres ao apresentar
novas possibilidades e ideias. Uma representante da revista “Capitolina” relembrou o fato dessa
informação ser - desconsiderado o custo de acesso - gratuita, logo, mais acessível para meninas e
mulheres mais pobres. Esse alcance e velocidade faz com que debates viralizem e saiam das margens
para o centro, conforme canais de mídia mainstream começar a debater tais assuntos, como é o caso
da campanha #MeuPrimeiroAssédio, da ONG Think Olga.

Alcance também está relacionado com a in/formalidade do conteúdo produzido nessas


plataformas: seu tamanho e a ausência de jargões acadêmicos permitem que grupos de meninas e
adolescentes, por exemplo, se engajem e, consequentemente, se aproximem do movimento feminista.
R.M. diz “Eu acho maravilhoso que uma geração inteira de meninas possa dizer ‘Meu corpo, minhas
regras’ e pronto”. Além disso, conteúdo feminista consegue atingir públicos-alvo fora da academia,

5
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
desconstruindo essa divisão dentro do feminismo, já que essas plataformas possibilitam mulheres das
periferias (territoriais e de saber) aprender e produzir seu próprio “conhecimento situado” (Haraway,
1988).

Plataformas feministas online também quebram sistemas hierarquizados de poder dada sua
fluidez e, de certa forma, sua falta de institucionalização. Para a revista “Capitolina” e o “Blogueiras
Feministas”, essa característica permite uma maior inclusão e membrezia de regiões diferentes do
Brasil, descentralizando o foco das regiões Sudeste e Sul: organizar a produção de conteúdo online
evita a criação de uma “periferia do trabalho”, a qual pode marginalizar algumas escritoras / criadoras,
abrindo divisões desnecessárias (S.S.).

As características explicitadas acima - compartilhamento, alcance, horizontalidade - apontam


para a possibilidade da construção de comunidades, considerando diferenças de identidade e
localidade dentre mulheres. O conceito de Mohanty de “diferença comum” funciona aqui como uma
lente para entender as oportunidades de empatia e solidariedade entre mulheres brasileiras (Mohanty,
2003), dado que plataformas feministas online oferecem o espaço necessário para a troca de opiniões
e construção de objetivos comuns por meio do debate.

“Essa identidade só ganhou um nome” – Criando relações com o feminismo

Quando perguntadas sobre sua relação com o feminismo, as entrevistadas se auto-


identificaram como feministas. A maioria começou a usar ativamente essa identidade como uma
“marca” quando adolescentes, durante o ensino médio ou a graduação. Além de espaços como
coletivos feministas nas escolas ou universidades, plataformas feministas online tiveram uma grande
relevância ao formatar sua relação com o feminismo. A materialização ou institucionalização desses
espaços facilitou o engajamento e processos de subjetivação das entrevistadas. Um ponto em comum
destacado nas respostas foi o fato de se identificarem com agendas feministas antes de se
identificarem como feministas per se. T.T. afirma que “muitas mulheres da minha família se
posicionavam próximas a ideias feministas, apesar de não usarem essa palavra”, o que a levou a
enquadrar seu feminismo em uma etapa mais avançada de sua vida.

Para elas, os motivos para se identificarem enquanto feministas variam desde “é algo natural”
até “é uma necessidade”. Segundo A.P., “Eu faço isso, porque eu preciso. É um desconforto pessoal”.

6
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Outras consideram algo “natural”, como um esforço para compreender o mundo e, conforme
perceberam desigualdades de gênero em diferentes esferas, elas sentiram a necessidade de assumirem
essa identidade, sendo ativas na busca por justiça de gênero em suas ações: “Foi muito natural para
mim e, consoante ao crescimento do movimento, percebi que era muito similar à minha forma de
pensar; era, de certa forma, inevitável: essas ideias já se alinhavam ao que eu acreditava, foi mais
uma questão de dar um nome a isso” (L.F.).

Dessa forma, o mote “o pessoal é político” está imbricado nesse processo de identificação
com o feminismo para essas jovens mulheres (Hanisch, 1969), devido à sua necessidade de politizar
suas crenças e experiências pessoais. Essa politização é fundamentalmente conectada ao processo de
se tornar cidadã por meio das mídias sociais, parte de suas vidas cotidianas (Harris et al 2007; Biesta
et al, 2009; Coleman, 2006; Wood, 2014).

“Não estou quebrando meu silêncio sozinha” – Significados de engajamento no ciberfeminismo

A fim de entender como mulheres jovens se engajam com o ciberfeminismo no Brazil, é


importante entender porque o fazem. A primeira razão reportada se conecta ao processo de formação
de identidade em duas frentes: tanto como jovens quanto como mulheres. Ser jovem significa, para
muitas das entrevistadas, ter crescido em concomitância com a popularização da Internet, tornando
essa plataforma parte de suas vidas cotidianas em diversos aspectos, desde socializar com amigos até
advogar por direitos das mulheres em posts ou blogs: elas existem enquanto sujeitos na Internet.
Muitas apontam que em seus momentos de vida atuais não há tempo para engajamento offline - em
protestos na rua ou encontros feministas presenciais - e, por isso, o ciberativismo “se encaixa” em
suas rotinas e possibilidades. Essa “falta de tempo” sugere que mulheres jovens possuem restrições
que são específicas ao seu grupo etário e, diferentemente de meninas e adolescentes, se engajar no
ciberfeminismo não seria necessariamente sua primeira opção enquanto ativistas feministas: é, senão,
a opção viável. Segundo M.B.: Eu queria que minha vida enquanto ativista fosse mais integrada
[online e offline], mas por uma série de razões, isso não é possível, incluindo a falta de tempo e de
variedade e o acesso aos grupos que se encontram offline”.

Como mulheres, as informantes destacaram a ideia de necessidade: porque são mulheres, elas
precisam lutar por igualdade de gênero; elas devem ser quem aponta essa questão em todos os espaços
em que ocupam. Assim, se estão na Internet, elas precisam ser ativistas feministas nesse espaço.

7
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Políticas de identidade atuam de forma essencial como uma das razões para o engajamento online. É
um processo co-constituitivo e constante: elas se engajam online e se tornam feministas e se
identificam como feministas porque se engajam online. Esse “transbordar” do pessoal para o público
se revela como uma catarse, combinando emoções como medo e raiva: “Eu sou feminista, porque, se
eu não for, enquanto mulher, eu não vou sobreviver e ser capaz de fazer e ser aquilo que acredito. Eu
sou ativista porque preciso ser” (T.B.).

Essa dinâmica “contamina” mais mulheres mais rápido e de diferentes contextos, criando um
efeito bola de neve positivo. Duas informantes usaram a caraterística de alcance para justificar seu
engajamento online. Para elas, nessa esfera elas conseguem alcançar audiências maiores do que o
fariam offline e iniciar conversas e debates que não seriam possíveis em seus círculos offline. A
repetição dessa característica indica a importância da pluralidade para essas mulheres jovens e laços
com as agendas da chamada “Terceira Onda” feminista.

Finalmente, um terceiro tópico comum é o empoderamento. “Blogueiras Negras”, “Think


Olga” e “Geledés” usam esse termo em suas páginas institucionais e em suas políticas editoriais: “
[...] além de ser tratada como uma ferramenta de visibilidade, comunicação é considerado um link
para o empoderamento” (Geledés, n.d.). Representantes da revista “Capitolina” argumentam pela
necessidade de dar “voz e espaço” para meninas e adolescentes, lhes dando “inspiração, não
aspiração”. Empoderamento tem diferentes significados a partir de diferentes identidades. S.R., uma
jovem mulher negra, resume esse processo:

“Nós somos silenciadas durante nossas vidas inteiras, especialmente mulheres negras.
Escrever foi a forma que encontrei para quebrar esse silêncio e, ao fazê-lo, entendi que não
estava quebrando meu silêncio sozinha, estava quebrando vários silêncios. [...] É parte do meu
empoderamento e minha descoberta como mulher negra.”

Limites do ciberfeminismo
“É um veneno com o qual feministas se auto-contaminam” – Silenciando irmãs

O silenciamento foi uma das táticas identificadas pelas entrevistadas como um componente
negativo no ciberfeminismo, funcionando como uma limitação de seu potencial transformador. Em
alguns casos, resulta da crítica excessiva personalizada - o “trashing”: alvos são assediados e atacados
de forma tão incisiva que são silenciadas e desistem de participar nessas plataformas. Também é
importante considerar disputas de poder que giram em torno de “qual feminismo é mais correto”. No

8
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Brasil, um dos debates que provocou muitas ações de “trashing” e de silenciamento é o tema da
prostituição e o projeto de lei “Gabriela Leite”, do deputado federal Jean Wyllis (PSOL), a qual afirma
regular a profissão, criando uma espécie de estatuto. Muitas das informantes mencionaram essa
questão como um dos debates recentes que polarizam as ciberfeministas na rede: aquelas que seguem
o feminismo radical - que são contra o PL - escrevem de maneira agressiva sobre suas posições em
plataformas online, desencorajando outras feministas com opiniões divergentes de se manifestarem.

Esse exemplo traz evidências de que buscar consenso dentro das “diferenças comuns”
(Mohanty, 2003) nem sempre é atingível, mesmo na ciberesfera, que oferece mais possibilidades de
debate do que o espaço offline. Como pergunta R.M.: “É mais importante discutir o que o feminismo
é ou não do torná-lo um princípio garantidor da liberdade de expressão para todas as mulheres?”.

“Essas rachas e vulgaridades me deixam sem esperança” – “Trashing” online, uma nova
modalidade

Outra limitação do potencial do ciberfeminismo é o ato de “trashing”, conceito conhecido


dentro da literatura (Freeman, 1976). Todavia, diferentemente de como era praticado, “trashing”
agora ganhou uma modalidade online, em que mulheres xingam, agridem e destroem outras mulheres
em plataformas na ciberesfera.

“Feminismo online pode ser complexo, às vezes: ele repete erros que já foram cometidos por
outras feministas no passado, como ‘trashing’; muitas mulheres se atacam indiretamente, não
por causa de suas divergências políticas, mas em um sentido pessoal, atacando seu
comportamento, a forma como se vestem [...]. Isso cria divisões e isolamento dentro do
movimento”. (S.R.)

Duas informantes afirmam que “trashing” acontece no ciberfeminismo exatamente porque,


em espaços virtuais, as mulheres não necessariamente se conhecem e, mesmo que seja o caso, elas
não estão “frente a frente” (T.D.B.). Além disso, a dimensão textual é aspecto fundamental na
Internet: tudo fica registrado e pode ser usado contra outra mulher, gerando um “cultura de
revanchismo” (M.C.). Esse aspecto foi o que desencorajou diversas entrevistadas a participarem de
forma ativa em grupos de discussão online, dado o elemento “tóxico” desses ambientes, o que limita
o desenvolvimento de debates produtivos e saudáveis.

9
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Conclusão

Essa pesquisa teve como objetivo entender como e porque mulheres jovens se engajam com
o ciberfeminismo no Brasil na última década. O artigo argumentou que elas enquadram essa relação
a partir de três perspectivas: ciberfeminismo como plataforma, como identidade e como forma de
ativismo. A dimensão espacial oferece uma plataforma possível e necessária para advogar pelos
direitos das mulheres e para expressar opiniões no debate público, funcionando como uma extensão
da sociedade civil (Fraser, 1992; Fraser, 1997).

Ciberfeminismo também foi entendido como uma ferramenta para processos de auto-
identificação como jovens, mulheres e feministas. Plataformas online funcionam como espaços de
descoberta pessoal e empoderamento, pelas quais elas começam suas jornadas como ativistas pela
igualdade de gênero (Harris, 2008; Keller, 2012; Keller, 2015) e criam ligações solidárias entre si
(Mohanty, 2003; Thelandersson, 2014), rompendo ciclos de silenciamento no nível individual e
coletivo (Vickery, 2010).

Contudo, ciberfeminismo tem limitações dentro de cada um desses enquadramentos. Dada sua
própria ontologia, o ciberespaço é mais horizontal e menos estruturado do que instituições offline.
Em um país com pouca tradição de participação cívica - visto o recente processo de redemocratização
- advogar por causas online não é suficiente para avançar agendas feministas de maneira tão efetiva.
Além disso, o ciberfeminismo cai em armadilhas antigas de “trashing” (Freeman, 1976) e de
silenciamento (Crenshaw, 1993; Collins, 2000; Mann, 2014), que impõe limites ao seu potencial para
a solidariedade e a ação coletiva.

Nesse sentido, a pesquisa objetivou desconstruir a visão predominante de que espaços online
sempre promovem mais democratização e participação e incorporam os aspectos positivos de
horizontalidade da rede (Castells, 2008; Castells, 2010; Castells, 2012) e de fluidez e horizontalidade
(Phillips, 1999; Phillips, 2002). Visto que todas as características da rede são aumentadas, os pontos
negativos também são aprofundados: diferença se transforma em divergência, debates se transformam
em querelas, antipatias se transformam em ódio. O movimento feminista, especialmente por meio do
ciberfeminismo, poderia se beneficiar ao focar nas convergências e pontos de consenso e
solidariedade, respeitando a pluralidade.

10
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Referências

Baer, H. (2016) Redoing feminism: digital activism, body politics, and neoliberalism, Feminist Media Studies, 16:1, 17-
34, DOI: 10.1080/14680777.2015.1093070

Bahadur, N. (2014) Why the Problem of Online Toxicity is not the Same Thing as White Feminists vs. Non-White
Feminists. Huffington Post, January 29, 2014. Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/nina-bahadur/why-the-
problem-of-online-toxicity-feminism_b_4689113.html

Bernardes, M. (2014). Uma Reflexão Inicial sobre Feminismo na Internet: Gênero e Corpo. Congresso Internacional
Comunicação e Consumo 2014.

Biesta et al (2009). Understanding Young People’s Citizenship Learning in Everyday Life: The role of Contexts,
Relationships and Dispositions. Education, Citizenship and Social Justice. Vol.4, No.1, p.5-24.

Blogueiras Feministas. Editorial. Blogueiras Feministas. Disponível em: http://blogueirasfeministas.com/editorial/

Braidotti, R. (1996). Cyberfeminism with a difference. Disponível em


http://www.let.uu.nl/womens_studies/rosi/cyberfem.htm.

Castells, M. (2008). The New Public Sphere: Global Society, Communication Networks and Global Governance. Annals
The American Academy of Political and Social Science. 616. Março 2008, p. 78-93.

Castells, M. (2010) The rise of the network society. Oxford, UK: Blackwell.

Castells, M. (2012). Networks of Outrage and Hope: Social Movements in the Internet Age. Polity Press: Cambridge.

Coleman, S. (2016). Digital Voices and Analogue Citizenship: Bridging the Gap Between Young People and the
Democratic Process. Public Policy Research, Dezembro 2006 – Fevereiro 2007.

Collins, P. H. (2000). Black Feminist Thought. Routledge: New York.

Crenshaw, K. (1993). Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence Against Women of Colour.
Stanford Law Review, Vol. 43: Julho 1993, p.1242-1299.

Cross, K. (2015). Words for Cutting: Why We Need to Stop Abusing “The Tone Argument”. Feministing, April 23, 2015.
Disponível em: http://feministing.com/2015/04/23/words-for-cutting-why-we-need-to-stop-abusing-the-tone-argument/

Daniels, J (2009) Rethinking Cyberfeminism(s): Race, Gender, and Embodiment. Women's Studies Quarterly, Vol. 37,
No. 1/2, Technologies (Spring - Summer, 2009), p. 101-124

Dean, J. (1996) Solidarity of Strangers: feminism after identity politics. California: University of California Press.

De Lara et al (2016). #MeuAmigoSecreto: Feminismo Além das Redes. Edições Rio de Janeiro: Rio de Janeiro.

Dixon, K. (2014) Feminist Online Identity: Analyzing the Presence of Hashtag Feminism. Journal of Arts and Humanities,
Vol.3, No.7, p.34.

Eble, M. and Breault, R. (2002). The Primetime Agora: Knowledge, Power and Mainstream resource venues for Women
Online. Computers and Composition, Vol. 19, p. 315-329.

Ferreira, G.S. (2013) Feminismo e Redes Sociais na Marcha das Vadias no Brasil. Revista Ártemis, Vol. XV, No.1,
Janeiro/Julho, p.33-43.

Fraser, N. (1989). Unruly Practices: Power Discourse and Gender in Contemporary Social Theory. Polity Press:
Cambridge.

Fraser, N. (1992) ‘Rethinking the public sphere: a contribution to the critique of actually existing democracy’. In:
Calhoun, C. (ed) Habermas and the Public, MIT Press: Cambridge, p. 109–142.

11
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Fraser, N. (1997) Rethinking the Public Sphere: a Contribution to the Critique of Actually Existing Democracy, In: Justice
Interruptus: Critical reflections on the postsocialist condition, Routledge.

Freeman, J. (1976). Trashing: The Dark Side of Sisterhood. Ms. Magazine, Abril 1976, p. 49-51; p.92-98.

Geledés (2015). Trashing: O Lado Sombrio da Sororidade. Geledés. Disponível em: http://www.geledes.org.br/trashing-
o-lado-sombrio-da-sororidade/

Geledés. Geledés – Missão Institucional. Geledés. Disponível em: http://www.geledes.org.br/geledes-missao-


institucional/

Goldberg, M. (2014). Feminism’s Toxic Twitter Wars. The Nation, Janeiro 29, 2014. Available at:
https://www.thenation.com/article/feminisms-toxic-twitter-wars/

Gordon, H. G. (2008) Gendered Paths to Teenage Political Participation: Parental Power, Civic Mobility, and Youth
Activism. Gender and Society, Vol. 22, No. 1 (Fevereiro, 2008), p. 31-55.

Hanisch, C. (1969). The personal is political. In: Firestone, S. and Koedt, A. Notes from the Second Year: Women’s
Liberation. New York, p.76-78.

Haraway, D. J. (1991). Simians, cyborgs, and women: The reinvention of nature. London: Free Association Books.

Harris, A. (2004) Future Girl: Young Women in the Twenty-first Century, Routledge, New York.

Harris, A. (2008) ‘Young women, late modern politics, and the participatory possibilities of online cultures’, Journal of
Youth Studies, Vol. 11, No. 5, p. 481–495.

Harris et al. (2007) Young People and Citizenship: An Everyday Perspective. Youth Studies Australia, Vol. 26, No. 3, p.
19-27.

Hawthorne,S. & Klein, R. (Eds.), CyberFeminism: Connectivity, critique creativity (pp. 116). Melbourne: Spinifex.

Keller, J. M. (2012) VIRTUAL FEMINISMS, Information, Communication & Society, Vol.15, No.3, p.429-447, DOI:
10.1080/1369118X.2011.642890

Keller, J.M. (2015) Girls’ Feminist Blogging in a Postfeminist Age. Routledge: New York.

Lagner et al (2015). O Movimento Feminista e o Ativismo Digital: Conquistas e Expansão Decorrentes do Uso das
Plataformas Online. 3o Congresso Internacional de Direito e Contemporaneidade, Edição 2015.

Lee, J. A. (2006). Locality, Participatory Action Research, And Racialized Girls’s Struggles for Citizenship. In Jiwani,
Y.; Steenbergen, C.; Mitchell, C. (eds) Girlhood: Redefining the Limits. Black Rose Books: Montreal / New York /
London, p. 89-108.

Lemos, M.G. (2009). Ciberfeminismo: Novos Discursos do Feminino em Redes Eletrônicas. Pontifícia Universidade
Católica São Paulo.

Lima, Q. S. (2013). Blogueiras Feministas e o Discurso de Divulgação do Feminismo no Ciberespaço. Universidade


Federal do Rio Grande do Sul. VI Seminário de Estudos em Análise do Discurso – Michel Pêcheux: 30 anos de uma
presença. Porto Alegre, 15 a 18 Outubro 2013

Loza, S. (2014) Hashtag feminism, #SolidarityIsForWhiteWomen, and the other #FemFuture. Ada: A Journal of Gender,
New Media, and Technology, No.5. doi:10.7264/N337770V

Mann, L. (2014) What Can Feminism Learn from New Media?, Communication and Critical/Cultural Studies, Vol.11,
No.3, p.293-297, DOI: 10.1080/14791420.2014.926244

Martin, C. and Valenti, V. (2012) #FemFuture: Online Revolution. Volume 8: New Feminist Solutions. Barnard
University College.

Millar, M.S. (1998) Cracking the Gender Code: who rules the wired world. Toronto: Second Story Press.

12
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Mohanty, C. T. (2003a) Under Western Eyes: Feminist Scholarship and Colonial Discourses’, In Mohanty, C. T.
Feminism Without Borders: Decolonizing Theory, Practicing Solidarity. Durham: Duke University Press, p. 17-42.

Mohanty, C. T. (2003b). Under Western Eyes Revisited: Feminist Solidarity through anti-capitalist struggles. In:
Mohanty, C. T. Feminism Without Borders: Decolonizing Theory, Practicing Solidarity. Durham: Duke University Press,
p.221-251.

Olson, C (2016) #BringBackOurGirls: digital communities supporting real-world change and influencing mainstream
media agendas, Feminist Media Studies, DOI: 10.1080/14680777.2016.1154887

Paasonen, S. (2011) Revisiting cyberfeminism. Communications, Vol.36, p.335-352

Palczewski, C.H. (2001). Cyber-movements, New Social Movements, and Counterpublics. In: Asen, R. and Brouwer,
D.C. (eds.) Counterpublics and the State. State University of New York Press: Albany.

Patterson, N. (1992). Cyberfeminism. Electronic document at http://www.vacuumwoman.com/CyberFeminism/cf.txt.

Phillips, A. (1999) Who Needs Civil Society? A Feminist Perspective. Dissent, Inverno, 56-61.

Phillips, A. (2002) Does feminism need a conception of civil society? In: Kymlicka, W. and Chambers, S. (eds)
Alternative conceptions of civil society. Ethikon series in comparative ethics. Princeton University Press.

Pierce, T (2010) Singing at the Digital Well: Blogs as Cyberfeminist Sites of Resistance. Feminist Formations, Vol. 22,
No. 3, Women in the Middle East (Outono 2010), p. 196- 209

Plant, Sadie. 1997. Zeroes and Ones: Digital Women and the New Techno culture. London: Fourth Estate.

Portwood-Stacer, L. and Berridge, S. (2014) Introduction: The Year in Feminist Hashtags. Feminist Media Studies, Vol.
14, No.6, p.1090.

Pruchniewska, U. M. (2016) Working across difference in the digital era: riding the waves to feminist solidarity, Feminist
Media Studies, Vol.16, No.4, p.737-741, DOI:10.1080/14680777.2016.1190045

Rodrigues, L.M. and Luvizotto, C.K. (2014). Feminismo na Internet: o Caso do Coletivo da Marcha das Vadias e sua
Página no Facebook. Colloquium Humanarum, Vol. 11, Especial, Julho/Dezembro, 2014, p. 367-375.

Rodrigues, Z.M.T. et al (2016). O Papel da Página “Empodere Duas Mulheres” na Expansão do Movimento Feminista
nas Redes Sociais. XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, São Paulo, SP, 05 a 09/09/2016.

Santos, N. O. e Barros, J.F. (2015). O movimento feminista no Facebook: uma análise das Páginas Moça, Você é Machista
e Feminismo sem Demagogia. Simpósio Internacional de Tecnologias e Narrativas Digitais.

Schlindwein, A.F. (2012). Dos periódicos oitocentistas ao ciberfeminismo: a circulação das reivindicações feministas no
Brasil. Universidade de Campinas.

Thelandersson, F. (2014). A Less Toxic Feminism: Can the Internet Solve the Age Old Question of How to Put
Intersectional Theory into Practice?. Feminist Media Studies, 14:3, 527-530, DOI: 10.1080/14680777.2014.909169

Think Olga (2013). Chega de Fiu-Fiu: Resultado da Pesquisa. Think Olga, 9 Setembro, 2013. Disponível em:
http://thinkolga.com/2013/09/09/chega-de-fiu-fiu-resultado-da-pesquisa/

Think Olga (2015). Hashtag Transformação: 82 mil Tweets sobre o #PrimeiroAssedio. Think Olga, 26 Outubro, 2015.
Available at: http://thinkolga.com/2015/10/26/hashtag-transformacao-82-mil-tweets-sobre-o-primeiroassedio/

Think Olga. About Us. Think Olga. Available at: http://thinkolga.com/a-olga/

Ventura, M.S. and Rodrigues, L.M. (2015). Feminismo e a Formação da Rede Online: A Questão do Aborto no Blogueiras
Feministas em Tempos de Eleições Presidenciais. Revista Latino-Americana de Jornalismo, Vol.2, No.2, July/December
2015, p.100-114.

13
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Vickery, J.R. (2010). Blogrings as Virtual Communities for Adolescent Girls. In: Mazzarella, S. A. (2005). Girl Wide
Web: Girls, the Internet, and the Negotiation of Identity. New York: Peter Lang.

Vieira (2012). Comunicação e Feminismo: as possibilidades da era digital. Universidade de São Paulo.

VNS Matrix (1991). Cyberfeminist manifesto for the 21st century. Electronic document at

http://www.obn.org/reading_room/manifestos/html/cyberfeminist.html.

Wilding, F. (1998). Where’s the feminism in cyberfeminism? paradoxa,:international feminist art journal, Vol. 1, No.2,
p.613.

Zoonen, L. (2001) Feminist Internet Studies, Feminist Media Studies, Vol.1, No.1, p.67-72, DOI:
10.1080/14680770120042864

Cyberfeminism in Brazil: Constructing Identities within the Limits of the Web

Astract: This research aims at analysing the emergence of cyberfeminism in Brazil in the past decade.
This concept offers three possible framings for the development of new narratives about feminism,
its meanings, productions and reproductions. The main research question addressed is how and why
young women engage with cyberfeminism in Brazil and which meanings are attached to it. The main
argument is that cyberfeminism is understood as a platform, as an identity and as a form of activism.
Despite optimistic representations of the concept in the literature, this research also discusses some
limitations cyberfeminism presents regarding each of these framings.
Keywords: Cyberfeminism, feminist movement, cyberactivism, Brazil, civil society.

14
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

Potrebbero piacerti anche