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AGROECOLÓGICO
DE ANIMAIS DE
GRANDE PORTE
JOSÉ MAURICIO BUENO COSTA
JOÃO CARLO NORDI
MANEJO AGROECOLÓGICO DE
ANIMAIS DE GRANDE PORTE
1ª Edição
Administração Superior
Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo
Vice-reitor Prof. Dr. Marcos Roberto Furlan
Pró-reitor de Administração Prof. Dr.Francisco José Grandinetti
Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Luciano Ricardo Marcondes da Silva
Pró-reitora Estudantil Profa. Dra. Nara Lúcia Perondi Fortes
Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Prof. Dr. José Felício Goussain Murade
Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Ana Júlia Urias dos Santos Araújo
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Edson Aparecida de Araújo Querido Oliveira
Coordenação Geral EaD Profa. Dra. Patrícia Ortiz Monteiro
Coordenação Acadêmica Profa. Ma. Rosana Giovanni Pires
Coordenação Pedagógica Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
Coordenação Tecnológica Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga
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Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Ma. Fabrina Moreira Silva
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Coord. de Curso de Pedagogia Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Profa. Dra. Lídia Maria Ruv Carelli Barreto
Revisão ortográfica-textual Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos
Projeto Gráfico Me. Benedito Fulvio Manfredini
Diagramação Bruna Paula de Oliveira Silva
Autor José Mauricio Bueno Costa
João Carlo Nordi
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Horário de atendimento: 8h às 22h
ISBN: 978-85-9561-003-3
Bibliografia
vra do Reitor
Bons estudos!
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2
Apresentação
Neste livro-texto sobre o Manejo agroecológico de animais de grande porte, serão vistos
os princípios que norteiam a produção bovina, tanto para a produção de carne quanto de
leite orgânicos.
3
4
Sobre os autores
5
6
Caros(as) alunos(as),
Caros( as) alunos( as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e
indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo
estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
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8
Sumário
Apresentação .................................................................................................................... 3
Sobre o autor..................................................................................................................... 5
Objetivos......................................................................................................................... 15
2.3 Piquetes..................................................................................................................... 49
9
2.7 Principais Doenças que Atacam o Gado................................................................... 74
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Manejo Agroecológico de
Animais de Grande Porte ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.
EMENTA
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14
Objetivo Geral
Objetivos Específicos
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Introdução
Caro(a) estudante,
Bons estudos!
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Unidade 1
Figueiredo & Soares (2012) comentam que os sistemas orgânicos de produção animal
constituem parte da produção animal dentro dos sistemas produtivos orgânicos. Sistemas
orgânicos enquadrados na normativa oficial devem ser vistos como uma propriedade rural
ou um espaço rural onde tudo o que é produzido nele obedece aos princípios da produção
orgânica. Normalmente os sistemas produtivos orgânicos são constituídos por algumas
atividades agrícolas e pecuárias que se complementam no uso e na reposição dos recursos
naturais e nutrientes, dentro daquele espaço sob manejo orgânico.
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No Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Meio
Ambiente (ECO 92, popularizada no Brasil como Rio-92), organizações governamentais
e não governamentais já discutiam os impactos do desenvolvimento econômico sobre o
meio ambiente e resgataram o conceito de sustentabilidade na agropecuária. Tal
sustentabilidade deveria corresponder ao desenvolvimento econômico associado ao
desenvolvimento social e às regras de proteção ambiental (BAP, 2005).
Corte, o setor produtivo em geral reconheceu o manejo orgânico como uma alternativa
de produção economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta. A
avaliação era que a produção de carne bovina orgânica apresentava um potencial de
agregação de valor diferenciado sobre o produto convencional. A primeira iniciativa de
implementação da pecuária orgânica com intenções mercantis e também de inserção
desse processo em uma cadeia produtiva foi realizada pelo Grupo Independência
Alimentos, que finalizou seu processo de certificação no ano de 2001, ano em que
também foi concluída a certificação pelo IBD da primeira fazenda no Pantanal (BAP,
2005).
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Em 2004, três anos após a criação da primeira associação do setor, uma nova entidade de
produtores foi criada, a Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos
(ASPRANOR), abrangendo, além da pecuária bovina de corte, a pecuária de leite, ovinos,
suínos e aves. Embora tenha aproximadamente oito anos de evolução dentro do Brasil, a
pecuária orgânica certificada, em relação à cadeia produtiva, encontra-se em fase de
estruturação, razão por que os produtores ainda estão se organizando, sua legislação acha-
se em vias de regulamentação e os mercados permanecem indefinidos.
Ao final de 2005, a bovinocultura, parte da zootecnia especial que trata das técnicas para
a criação de bovinos brasileira, era praticada em quatro milhões de propriedades rurais,
envolvendo 200 milhões de cabeças, 28 milhões das quais foram abatidas em frigoríficos
oficiais para consumo interno e exportação e mais cerca de 10 milhões tiveram outro tipo
de abate (38 milhões foi o número de peles bovinas processadas nos curtumes brasileiros).
Nesse mesmo ano, o Brasil se tornou o maior produtor (8,5 milhões de toneladas de
carcaças) e o maior exportador de carne bovina. A produção de leite comercializado sob
supervisão oficial foi de 16 milhões de litros. Os maiores produtores brasileiros são os
estados de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Em relação ao leite orgânico, em 2012, a Embrapa Cerrados (DF) indicou que o Brasil
produziu 6,8 milhões de litros de leite orgânico, mas esse resultado representava menos
de 1% dos 32 bilhões de litros do produto convencional naquele ano. Em 2015, a Embrapa
Gado de Leite calculou que o mercado de leite orgânico obteve crescimento de 30% nos
três anos anteriores. Na época, a instituição apontava que o negócio era interessante para
o pecuarista, devido à maior margem de lucro. Mesmo diante de um cenário tão promissor
e apesar do crescimento da demanda, a produção de laticínios orgânicos, em geral, ainda
é incipiente e enfrenta diversos gargalos (SNA, 2016).
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1.2 Bovinocultura Orgânica
Além da carne, do leite e do couro, o boi fornece ainda outras matérias-primas como os
fâneros, ossos e vísceras. Também no passado, o estrume foi considerado fundamental
para fertilização dos campos agricultáveis.
Segundo Domingos (2005), muitos confundem o produto desse sistema, que é o boi
orgânico, com o chamado boi verde ou boi natural. O boi verde pode ser considerado um
sinônimo do boi convencional, pois é criado em pasto tratado com adubos sintéticos
solúveis, faz uso de antibióticos e medicamentos alopáticos e a suplementação alimentar,
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a qual é feita no confinamento, vale-se de plantas (milho e cana-de-açúcar, por exemplo)
originadas em sistemas convencionais de produção.
Já o boi orgânico é ecologicamente correto, pois é criado em pasto sem agrotóxico e sem
adubação química e é tratado com medicamentos homeopáticos. Ele também necessita de
certificação, o que garante que a criação foi realizada, de fato, conforme todas as normas
“orgânicas”, como não uso de fertilizantes industriais e inúmeras outras exigências.
Para que seja obtida a certificação da origem, dos cuidados e da qualidade da criação, os
criadores devem estar atentos também ao bem-estar dos animais, obedecendo aos
cuidados que envolvem o ambiente, o local e o transporte para o abatedouro, que deve ser
próximo às fazendas para não provocar estresse no animal (SEBRAE, 2015).
Fonte: Autores.
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1.3 Normas para Produção Orgânica
Segundo Soares et al., (2012), as normas para a produção orgânica são descritas como
parte das prioridades do governo. Em novembro de 2003, foi sancionada a Lei 10.831
(BRASIL, 2003) que caracteriza a agricultura orgânica nacional e, em março de 2004, foi
criada a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Agricultura Orgânica com objetivo de
incentivar a produção e a comercialização de produtos orgânicos.
Procedimentos recomendados:
Procedimentos restritos:
Procedimentos proibidos:
• Monocultura de forrageiras;
• Queimadas regulares;
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1.3.2 Atividade de Manejo do Rebanho e Instalações
Procedimentos recomendados:
• Desmame natural.
Procedimentos restritos:
Procedimentos proibidos:
Procedimentos recomendados:
• Aditivos naturais para ração e silagem (algas, plantas medicinais, aromáticas, soro
de leite, leveduras, cereais e outros farelos);
Procedimentos restritos:
• Descorna e castração.
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Procedimentos proibidos:
• Promotores de crescimento;
• Ureia;
• Restos de abatedouros;
• Aminoácidos sintéticos;
• Transferência de embriões;
De acordo com os princípios da agricultura orgânica, a atividade animal deve estar, tanto
quanto possível, integrada à produção vegetal, visando à otimização da reciclagem dos
nutrientes (dejetos animais e biomassa vegetal), à menor dependência de insumos
externos (rações e volumosos) e à potencialização de todos os benefícios diretos e
indiretos advindos dessa integração.
Em síntese, a qualidade de vida do animal tem profunda relação com sua predisposição a
doenças. Assim, o animal que é confinado com grande concentração de indivíduos, em
espaço limitado para locomoção, sem possibilidade de expressar seus modos naturais de
comportamento, fica sujeito a manifestações de estresse e a alterações no sistema
imunológico.
1.4 Certificação
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Figura 1.1: Ambiente institucional das certificações no Brasil.
Apelação: qualquer solicitação do cliente para que o IBD reconsidere uma decisão
referente à avaliação de conformidade. Para o NOP-USDA, o termo rebuttal
(contestação) corresponde à definição de apelação acima. O termo appeal (apelação) faz
referência exclusivamente às apelações endereçadas pelo cliente ao administrador do
programa e tratadas diretamente por ele (NOP 205.680 & 205.681).
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Ciclo de certificação: sequência das etapas que compõem o processo de certificação e
que devem ser repetidas visando à manutenção (renovação) do Certificado de
Conformidade.
Este guia foi elaborado para apresentar todas as informações necessárias sobre o processo
de certificação de produtos orgânicos. Os esquemas de certificação cobertos por esse
documento são:
National Organic Program – NOP (US): permite comercializar produtos orgânicos nos
Estados Unidos. O United States Department of Agriculture (USDA) é o proprietário e
gestor desse esquema, responsável pela acreditação dos organismos de certificação.
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O Ciclo de Certificação é composto das seguintes grandes etapas:
• Preparo da auditoria;
• Auditoria;
• Análise da auditoria;
• Decisão de certificação;
• Supervisão.
A Gerência Comercial IBD realiza uma análise crítica da solicitação conforme requisitos
da ISO17065, de modo a esclarecer quaisquer dúvidas e garantir que o IBD possui a
competência e os recursos necessários para realizar o serviço. Caso o solicitante já possua
– ou lhe tenha sido negada/ suspensa/ cancelada – a certificação para o esquema
requerido, será acionado o Procedimento de Transferência de Certificação (disponível sob
demanda) para assegurar a continuidade do processo desenvolvido pela certificadora
anterior. Caso não seja possível atender a tal demanda, o IBD informará os motivos.
A Gerência Comercial IBD elabora uma Proposta Comercial com base nas informações
submetidas pelo solicitante e nos Preços e Critérios de Certificação do IBD (disponíveis
sob demanda). O tempo de auditoria varia de acordo com os requisitos do esquema de
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certificação, bem como a complexidade, tamanho e riscos da operação. IBD é uma
empresa privada e sustenta suas atividades exclusivamente a partir das tarifas cobradas
pelos serviços de certificação.
A equipe responsável pela auditoria envia um modelo de plano de manejo para ser
preenchido com todas as informações relevantes às suas operações. É de fundamental
importância que esse documento seja completamente preenchido, pois permitirá otimizar
a realização da auditoria. O auditor designado pelo IBD analisará o Plano de Manejo e a
documentação pertinente, visando estabelecer uma visão crítica de sua abrangência,
detectar possíveis lacunas e solicitar complementações quando necessário. Essa análise
será formalizada por escrito, junto com o envio do Plano de Auditoria e da lista de
documentos, recursos e registros que deverão estar disponíveis durante a auditoria.
O Plano de Auditoria pode ser ajustado de comum acordo entre o cliente e o auditor, para
contemplar as particularidades de suas operações, e conciliar as disponibilidades de
agendas.
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A auditoria é conduzida como base no Plano de Auditoria, observando os critérios
específicos das normas aplicáveis. O auditor precisa estar sempre acompanhado por um
guia designado pelo cliente na reunião de abertura.
• Entrevistas;
• Observação de atividades;
• Exercício de rastreabilidade;
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1.4.5. Análise do Relatório e Decisão de Certificação
Quando a avaliação de uma auditoria resulta em decisão favorável, o IBD emite ou renova
o Certificado de Conformidade do cliente.
Os dados dos clientes requeridos pelo esquema de certificação são atualizados no site
IBD e nos bancos de dados do proprietário do esquema, quando aplicável.
O IBD poderá realizar auditorias sem aviso prévio a qualquer momento, de acordo com
os requisitos do esquema de certificação, para as operações que apresentam grau de risco
mais elevado ou precisam de investigação de potenciais não conformidades ou
reclamações.
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1.4.8 Recusa da Certificação
Nesse caso, os dados do cliente serão retirados do website IBD e dos bancos de dados do
proprietário do esquema, quando aplicável.
A coleta e análise de amostras são necessárias sempre que houver suspeita de uso de
substâncias/métodos proibidos ou de contaminação do produto certificado por
substâncias proibidas.
Todas as amostras coletadas pelos nossos auditores são analisadas por laboratórios
previamente qualificados, acreditados segundo a ISO17025.
O IBD valoriza muito a opinião de seus clientes e, por isso, pede que avaliem a conclusão
de cada processo de certificação mediante pesquisa de satisfação.
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• Credenciada internacionalmente pelas seguintes organizações:
• Credenciada internacionalmente;
• ISO 65.
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garantindo a manutenção da cultura pantaneira e a permanência do homem no campo,
melhorando o perfil de rentabilidade da atividade econômica nesta região”.
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1.7 Para saber mais
Sites
• http://www.agricultura.gov.br/desenvolvimento-sustentavelorganicos /
• http://www.serrano.neves.nom.br/dowloads/alimentosorganicos.pdf
• http://ibd.com.br/Media/arquivo_digital/c40fe6c4-51f3-414a-9936-
49ea814fd64c.pdf
1.8 Atividades
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44
Unidade 2
Identificação Taxonômica,
Alimentação e Sanidade dos Bovinos
Classificação Taxonômica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Subordem: Ruminantia
Infraordem: Pecora
Família: Bovidae
Subfamília Bovinae
• Gênero Bos
Espécies
Subespécies
2.2 Alimentação
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pastagens cultivadas.
Vários trabalhos com a utilização de pastagens para bovinos demonstraram que se deve:
• Manter árvores no pasto para garantir sombra para os animais e contribuir também
com a ciclagem de nutrientes (CARVALHO et al., 1998).
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2.3 Piquetes
O período de descanso das áreas compreendidas nos piquetes deve ter uma duração que
possibilite a plena recuperação do índice de área foliar e a máxima produção líquida de
forragem, de modo que a demanda por forragem pelos animais no período de ocupação
seja atendida.
Novilhas (peso médio 250 kg x 8=1200 kg/450 kg) = Ex.: 8 novilhas = 4,4 UA;
Bezerros (peso médio 150 kg x 14 = 2100 kg/450 kg) = Ex.: 14 bezerros = 4,6 UA;
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Quadro 2.1: Carga Máxima de Animal por Hectare para o Sistema Orgânico.
Para o manejo dos bovinos, existem basicamente dois sistemas de pastejo: o contínuo e o
rotacionado, os demais são derivações deles. No método de lotação rotacionado, para que
o pastejo seja uniforme, o formato dos piquetes deve ser quadrado ou retangular, não
tendo comprimento maior que três vezes a medida da largura. Pastos no formato de pizza
ou leque devem ser evitados devido ao maior pastoreio nas áreas de bebedouros e nos
saleiros que, em geral, ficam nos cantos. No sistema orgânico de produção, a área
disponível de pastagem/animal/dia deve ser o dobro da utilizada no sistema convencional.
O uso de cerca elétrica para a divisão de pasto é comumente utilizado, já que não machuca
o animal, pois o arame é liso, e o custo de implantação é aproximadamente quatro vezes
menor, quando comparado ao sistema convencional. Outrossim, as instalações exigidas
nesse caso são mais simples, consistindo principalmente de três partes: eletrificador, fio
condutor da cerca e aterramento.
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Figura 2.1: Sistema de pastejo rotacionado e contínuo (em faixa).
A falta de sombra na pastagem é fator limitante para a reprodução. Os bovinos são muito
sensíveis ao calor e o estresse leva à perda de peso, reduzindo a resistência a infecções e
também o crescimento pela menor produção de hormônios. Altas temperaturas diminuem
a produção e a qualidade do sêmen, causando baixo volume do ejaculado e maior
proporção de espermatozoides anormais. O estresse térmico parece prejudicar também o
início da puberdade em novilhas, efeito associado ao crescimento mais lento e ao
comprometimento da regulação neuro-hormonal. Daí a importância da arborização dos
pastos ou dos bosques naturais e artificiais para a proteção contra os ventos e,
principalmente, radiação solar. A proporção de árvores dispersas na pastagem deverá ser
de 5 a 20 árvores/ha (MONTOYA et al., 1994).
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Após a definição do número de dias de descanso e dos dias de ocupação de cada piquete
a ser utilizado, pode-se calcular o número ideal de piquetes na área. Para tanto, deve-se
utilizar a seguinte fórmula:
Quadro 3.2: Dias de descanso para algumas gramíneas forrageiras tropicais, após o
pastejo.
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Quadro 5.4: Procedimentos recomendados segundo as atividades.
2.4 Pastagens
Os ruminantes têm por hábito pastejar preferencialmente o topo das plantas, rebaixando
a altura da pastagem pouco a pouco, como se estivessem retirando a forragem em
camadas. Todavia em função da anatomia bucal, caracterizada pela extrema mobilidade
dos lábios e pela forma de apreensão do alimento pelos lábios, dentes e língua, eles são
bastante eficientes na separação e escolha do alimento ingerido, podendo apreender com
facilidade partes específicas da forragem, mesmo a de menor tamanho. Isso possibilita ao
animal, quando em pastejo, escolher as partes mais tenras e palatáveis da planta,
rejeitando as fibrosas e, portanto, de menor valor nutritivo. Dessa maneira, os ruminantes
conseguem realizar um pastejo bastante seletivo e rente ao solo. Em função disso, as
forrageiras mais indicadas são aquelas que suportam o manejo baixo, com intensa
capacidade de rebrota por meio de gemas basais e que possuem sistema radicular bem
desenvolvido, garantindo boa fixação ao solo.
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Por mostrarem acentuada preferência por forrageiras de porte médio a baixo, em
pastagens com plantas de porte mais elevado, com altura acima de 1,0 metro, os animais
tendem a explorar mais intensivamente as áreas marginais, resultando em
subaproveitamento da forragem das áreas centrais. Outra característica típica dos
ruminantes é o comportamento extremamente gregário, que dificilmente explora a
pastagem isoladamente, movimentando-se sempre em grupos. Em face disso, em
pastagens de porte mais alto, os ovinos tendem a apresentar intensa movimentação pela
área, mostrando maior preocupação em se manterem próximos uns dos outros, o que
prejudica o nível de ingestão de alimento e resulta em aumento de perdas por acamamento
devido ao pisoteio excessivo.
Outras forrageiras, normalmente utilizadas em pastagens para bovinos, têm sua utilização
dificultada por pequenos ruminantes devido ao porte excessivamente elevado ou por não
tolerarem o pastejo rente ao solo e o pisoteio intensivo. Nesse grupo, estão incluídas a
maioria das gramíneas dos gêneros Panicum (colonião), Chloris (Rhodes) e Setaria, que
ainda têm o agravante da baixa aceitabilidade.
Degradação de pastagens
55
de capacidade de recuperação natural para sustentar os níveis de produção e qualidade
exigidos pelos animais, assim como de superar os efeitos nocivos de pragas, doenças e
invasoras, culminando com a degradação avançada dos recursos naturais, em razão de
manejos inadequados (MACEDO, 1995).
A degradação de uma pastagem pode ser decorrente de uma série de fatores que, em
muitos casos, ocorre de forma concomitante. Os principais fatores determinantes da
degradação de um pasto são: falta de adaptação ao ambiente da espécie semeada; má
formação do pasto; manejo inadequado; invasão de plantas indesejáveis; ataque de pragas
e doenças; baixa fertilidade do solo e compactação do solo.
56
geadas e fotoperíodo; solo; topografia; susceptibilidade à erosão; impedimentos físicos;
deficiência ou excesso de água; impedimentos à mecanização; nível de fertilidade do solo;
profundidade e textura do solo.
57
As gramíneas do gênero Brachiaria, apesar da vantagem de propagação por semente e da
acentuada persistência e rusticidade, apresentam problemas de baixo valor nutritivo,
limitando a sua utilização àquelas categorias de menor exigência nutricional. Além disso,
em função do hábito de crescimento prostrado, dificultam o controle da verminose. Esses
aspectos são ainda agravados pela maior possibilidade de ocorrência de
fotossensibilização em ovelhas paridas e em animais mantidos exclusivamente sob essa
forrageira.
Segundo Agrosuisse (2001), o manejo agroecológico das pastagens é uma medida que
viabiliza, técnica e economicamente, uma propriedade de pecuária em função de ser um
modelo de baixo custo com otimização dos potenciais naturais das áreas. O precursor
desse princípio foi o pesquisador francês André Voisin, que definiu um sistema de rodízio
dos pastos para permitir períodos de pastejo com lotação adequada e períodos de descanso
suficientes para recomposição vegetal das forrageiras existentes nos pastos. Esse
princípio considera também como fundamental a diversificação das espécies vegetais
dentro das áreas de pastagens. Em sistemas de pastejo contínuo, ocorre uma seleção
negativa das plantas com predominância de poucas espécies; diminuindo a diversidade
de forragens e, consequentemente, a qualidade dos pastos.
Todos os seres vivos são formados por elementos químicos formadores de matéria viva.
O processo de ciclagem de nutrientes está condicionado ao velho princípio: “na natureza,
nada se perde, tudo se transforma”. Assim, os nutrientes na natureza fazem parte de um
ciclo que permanece dentro do ecossistema. Quando uma planta morre, as diversas
reações oriundas da decomposição transformam a matéria morta em nutrientes que
voltam às plantas e aos animais em forma de alimento. Existem diversos ciclos, sendo os
principais: carbono, potássio, nitrogênio, fósforo, etc.
59
Pastagem em Sistemas Silvipastoris
A integração também reduz o uso de agroquímicos, a abertura de novas áreas para fins
agropecuários e o passivo ambiental. Possibilita, ao mesmo tempo, o aumento da
biodiversidade e do controle dos processos erosivos com a manutenção da cobertura do
solo. Aliada a práticas conservacionistas, como o plantio direto, constitui uma alternativa
econômica e sustentável para elevar a produtividade de áreas degradadas.
60
ventilação sob a copa, já que a maior velocidade do ar auxilia a troca de umidade,
importante para a dissipação do calor dos bovinos (MARTINS, 2002).
61
✓ Permite o melhoramento dos pastos pela introdução de novas espécies mediante
sobressemeadura, ressemeadura e plantio na bosta;
O Partoreio Racional Voisin (PRV) preconiza quatro leis fundamentais para que os
agricultores familiares tenham sucesso no manejo dos pastos e na produtividade de leite
e carne. O método serve tanto para produção de leite quanto para produção de carne e
também pode ser usado para produção de ovinos, caprinos e bubalinos. As leis universais
do PRV são as seguintes:
Os pastos, quando têm descanso (quer dizer, após pastoreio o gado deixa de pastar num
piquete e passa para outro, deixando o pasto sem animais por algum tempo), rebrotam e
crescem vigorosamente, fazendo fotossíntese e armazenando energia e nutrientes nas
raízes para que, se forem cortados novamente pelos dentes dos animais, possam
rapidamente rebrotar e crescer.
O período de repouso entre dois cortes varia de acordo com cada espécie vegetal, com o
clima, com a temperatura, com a umidade e até mesmo com a fertilidade do solo, então é
importante que cada propriedade identifique o período de repouso para seus pastos. Cada
agricultor deve ser um pesquisador de sua propriedade.
62
2ª LEI UNIVERSAL DO PASTOREIO RACIONAL VOISIN – LEI DE
OCUPAÇÃO
“O tempo global de ocupação de uma parcela deve ser suficientemente curto para que um
pasto, cortado a dente no primeiro dia do tempo de ocupação, não seja cortado novamente
pelo dente dos animais, antes que estes deixem a parcela pastoreada” (MACHADO,
2004).
Nessas condições, muitas pastagens crescem rapidamente após serem pastoreadas. Por
exemplo, o capim-elefante ou mesmo a estrela africana, um dia após o corte a dente por
um animal, podem crescer de 3 a 5 centímetros. Esse crescimento é à custa das reservas
que estão acumuladas nas raízes. Se o tempo de ocupação for de mais de um dia, é
possível que o gado coma esse rebrote, o que faz com que esgote as reservas da planta e
descumpra a primeira lei do PRV. Os períodos curtos de ocupação é que fazem com que
o gado não coma o rebrote.
A lei do rendimento máximo permite que se faça o desnate de uma pastagem, ou seja, o
manejo da pastagem de forma a permitir com que os animais de maior exigência alimentar
comam a melhor parte da pastagem, aquela que se situa mais ou menos no um terço
superior da planta. As ponteiras das forrageiras têm maior digestibilidade e
palatabilidade, maior teor de proteína, vitaminas e minerais.
Os animais que consomem as partes superiores são beneficiados com pasto de melhor
qualidade e têm a possibilidade de apresentarem maior produtividade. Os animais de
menor requerimento alimentício, como vacas secas, novilhas e animais para engorda,
fazem o repasse, pastando as partes inferiores da forragem.
63
O manejo com desnate e repasse permite maximizar a produção, com alta produtividade
por área e com alto desempenho individual do lote de desnate. Esse manejo também ajuda
as vacas a “pegarem” cria rapidamente, logo após parirem.
“Para que uma vaca possa dar rendimentos regulares é necessário que não permaneça por
mais de três dias num piquete. Os rendimentos serão máximos se a vaca não permanecer
por mais de um dia num mesmo piquete” (MACHADO, 2004).
No primeiro dia, o pasto tem maior qualidade, está limpo, sem pisoteio e sem cheiro de
bosta e de urina. Lembre-se de que o gado não pasta onde defeca e urina.
Uma vaca tem uma boca que pasta e quatro patas que podem estragar o pasto, amassando-
o. À medida que a pastagem vai sendo pastoreada, o animal colherá cada vez menores
quantidades de pasto, sobrando para o segundo dia em diante um pasto mais fibroso e de
menor qualidade.
As pastagens cultivadas no Brasil são a base da produção animal. Elas cobrem extensas
áreas, hoje estimadas em cerca de 180 milhões de hectares, sendo mais de 85% delas
ocupadas com capins do gênero Brachiaria. Esse gênero é de origem africana e
compreende cerca de 100 espécies encontradas em regiões tropicais e subtropicais, as
quais são caracterizadas pela grande flexibilidade de uso e manejo, sendo tolerantes a
uma série de limitações e/ou condições restritivas de utilização para um grande número
de espécies forrageiras (OLTRAMARI & PAULINO, 2009). Dentro desse gênero,
destacam-se Brachiaria decumbens e Brachiaria brazantha cv. Marandu.
64
Brachiaria brazantha cv. Marandu
Andrade (2003) demonstrou que a amplitude ótima de condições de pasto para produção
de B. brazantha cv. Marandu varia de 20 a 40 cm no pós-pastejo. Pastos mantidos a 10
cm apresentaram aumento da população de plantas invasoras e diminuição de suas
reservas orgânicas (carbono e nitrogênio) ao longo do experimento, indicando ser essa
uma condição instável para essas plantas. Dentro dessa amplitude (20 a 40 cm), a
produção de forragem praticamente não variou e, nas condições do experimento (solo de
alta fertilidade e cerca de 300 kg N/ha), ficou em torno de 26 t MS/ha. No entanto, a
distribuição da produção variou significativamente, sendo que 76,84, praticamente 100%
foram mensurados durante as épocas de primavera e verão para os pastos mantidos a 20,
30 e 40 cm, respectivamente (ANDRADE, 2003; MOLAN, 2004).
De acordo com Gonçalves (2002), pastos mantidos mais baixos são desfolhados de forma
mais frequente que pastos mantidos mais altos, consequência direta e praticamente
exclusiva de maiores taxas de lotação. Essa maior frequência de desfolhação dos perfilhos
favorece maior número de desfolhações durante o período de vida das folhas, o que resulta
em eficiências de utilização da forragem mais elevadas em pastos mais baixos (82,3; 76,2;
69,4 e 68,7% para 10, 20, 30 e 40 cm, respectivamente).
Figura 5.3: Brachiaria brazantha cv. Marandu.
65
Cynodon
Em função de sua exigência por solos férteis e de características ligadas à sua propagação
que, quase sempre, é vegetativa (por mudas), os capins Cynodon têm sido empregados
principalmente em explorações leiteiras e para a produção de forragem conservada,
marcadamente feno.
Essa gramínea é perene e não rizomatosa, de crescimento prostrado com alta resistência
ao pastejo e pisoteio. Ela se desenvolve bem em regiões com precipitações de 635 até
1700 mm anuais, mas não suporta alagamento. Cresce em temperatura de até 5ºC,
sobrevivendo em condições de -2 ºC. É possível conseguir lotações de 2 UA/ha nas águas
e de 1.5 UA/ha quando irrigada na seca.
66
Vilela et al. (2006), trabalhando com pastagem de coast-cross, reportaram produções
diárias de leite de 15,54 e 19,15 kg/vaca e de 77,8 e 94,0 kg/ha, quando foram fornecidos,
para cada vaca, 3 e 6 kg de concentrado, respectivamente.
Alvim & Botrel (2001) avaliaram os efeitos de níveis de N (100, 250 e 400 kg/ha/ano)
aplicados em pastagem de coast-cross (Cynodon dactylon (L.) Pers.) sobre a produção de
leite de vacas da raça Holandesa. Os dados revelaram semelhanças estatísticas entre os
tratamentos quanto à produção individual de leite e aos teores de proteína bruta da
gramínea.
Gramínea perene estolonífera com grande massa folhear, rizomas grossos, que são os
caules subterrâneos que mantêm as reservas de carboidratos e os nutrientes que
proporcionam incrível resistência a secas, geadas, fogos e pastejos intensivos.
Pode ser plantada tanto em regiões frias quanto em regiões quentes de clima subtropical
e tropical, ou seja, em praticamente todo território nacional, em solos arenosos, mistos e
argilosos (não alagados), devidamente corrigidos e adubados. O plantio deve ser
realizado, em ramas com todas as gemas (nós), somente em solos bem molhados por
chuva ou irrigação, a uma profundidade de 10 a 15 centímetros em solos arenosos e mistos
e de 5 a 10 centímetros em solos argilosos, em sulcos ou covas, com espaçamento médio
de 1 metro entre linhas e 20 centímetros entre ramas, compactando simultaneamente com
os pés ou algum tipo de ferramenta. A formação se dará em torno de noventa dias.
67
Figura 6.4: Cynodon dactylon (L.) Pers cv. Tifton-85
É uma planta cespitosa de ciclo anual, com altura média de 1,3 m, folha decumbente com
largura média de 2,6 cm, de porte elevado. Lâminas e bainhas são glabras, sem
cerosidade. Os colmos são levemente arroxeados. As inflorescências são do tipo panícula,
com ramificações primárias longas e secundárias longas apenas na base. As espiguetas
são arroxeadas, glabras e uniformemente distribuídas.
Como ela é utilizada para pastejo direto, silagem e fenação, apresenta uma excelente
digestibilidade e palatabilidade. Exige condições de precipitação pluviométrica acima de
800 mm anuais, apresentando tolerância média à seca e ao frio. A profundidade de plantio
é de cerca de 0,5 a 1,0 cm, com produção de 20 a 26t/hc/ano de matéria seca. Excelente
para consorciação com todas as leguminosas, principalmente as trepadeiras.
69
Panicum maximum cv Mombaça
Pennisetum purpureum
Lucci et al. (1972), testando uma pastagem de capim-elefante, sob uma taxa de lotação
Tifton-85
Panicum Panicum maximum cv. Mombaça Mombaça
72
intortum) dentre outras, devendo ser escolhidas de acordo com a adaptação às condições
de solo, clima e adequação à gramínea em consórcio.
Algumas das leguminosas citadas acima são anuais, dependendo diretamente de nova
semeadura natural, mas mesmo as perenes podem necessitar de recrutamento de novas
plantas. Nesse caso, deve-se escolher espécies precoces que floresçam entre março e maio
(momento do ano que permite a vedação) e evitar as de florescimento tardio, entre junho
e julho, que é uma época de necessidade de utilização dos pastos. A adubação nitrogenada
admite produções de massa verde maiores que aquelas advindas da fixação de nitrogênio
pelas leguminosas, entretanto, é preciso analisar as recomendações para cada situação,
considerando a mesma citação para as gramíneas, já que o sistema orgânico não permite
adubação química.
A B C
D E F
Fonte: A) <www.suggest-keywords.com/>, acesso em: 30 out. 2016; B)
<www.flickr.com/photos/mingiweng/4820073281/>, acesso em: 30 out. 2016; C)
<commons.wikimedia.org>, acesso em: 30 out. 2016; E)
<www.rakesandbladesfl.com/cajanus.html>, acesso em: 30 out. 2016; F)
<www.jardimflordoleste.com.br/como-plantar-grama-amendoim/>, acesso em: 30 out. 2016.
73
animais não têm acesso ou têm apenas em situações preestabelecidas. É uma alternativa
interessante, pois se pode ter um manejo adequado da planta, permitindo boa persistência
e produção do estande. A parte aérea da leguminosa também pode ser cortada e fornecida
no cocho (a altura do corte depende principalmente da espécie).
Nesse caso, é possível fazer o uso de culturas intercalares visando à diminuição dos custos
de implantação. A rotação de culturas é um ponto forte nessa técnica, pois a cultura
subsequente se beneficiará dos resíduos da leguminosa.
Febre aftosa
Os prejuízos que essa doença pode causar são inúmeros, pois sua persistência prejudica a
imagem da carne perante países importadores. Além disso, ela causa baixo desempenho
do animal na produção de carne e leite, em consequência da perda de apetite e da febre.
Essa doença tem causa virótica e é altamente contagiosa. Sua transmissão pode ocorrer
pela ingestão de água, alimentos no cocho e pastos contaminados pela saliva de animais
doentes. Um agravante dessa doença é que o vírus que a transmite é muito resistente,
podendo sobreviver durante meses em carcaças congeladas.
O gado contaminado apresenta vesículas e erosões na mucosa da boca, nas tetas e nos
espaços entre os dedos. A temperatura se eleva consideravelmente, acompanhada de
ranger dos dentes, falta de apetite, dificuldade de mastigar, estalos ruidosos da língua e
salivação abundante.
Brucelose
Ela é causada por uma bactéria e disseminada geralmente por material contaminado,
como corrimento uterino, restos de placenta e líquidos fetais. Tais materiais, ao entrarem
em contato com a água, os pastos e os alimentos que são ingeridos ou mesmo com a pele
dos animais, transmitem a doença.
Na fêmea adulta, a brucelose pode ser detectada pela retenção da placenta, inflamação
uterina e subsequente aborto. Os touros podem se contaminar ao cobrirem as vacas,
contraindo epididimite, artrite e orquite. Nesses casos, os touros podem não apresentar
sintomas, mas têm o sêmen contaminado.
Carbúnculo sintomático
Para o tratamento de doenças, Brasil (2011) na Instrução Normativa nº 46, nos artigos 62
e 63 preconiza:
Art. 62. Todas as vacinas e exames determinados pela legislação de sanidade animal serão
obrigatórios.
Art. 63. No caso de doenças ou ferimentos em que o uso das substâncias permitidas no
Anexo II do Regulamento Técnico não esteja surtindo efeito e o animal esteja em
sofrimento ou risco de morte, excepcionalmente poderão ser utilizados produtos
quimiossintéticos artificiais:
75
§ 1º Quando se fizer uso de produtos quimiossintéticos artificiais, o período de carência
a ser respeitado, para que os produtos e subprodutos dos animais tratados possam voltar
a ter o reconhecimento como orgânicos, deverá ser duas vezes o período de carência
estipulado na bula do produto e, em qualquer caso, ser no mínimo de 96 horas;
§ 3º Cada animal só poderá ser tratado com medicamentos não permitidos para uso na
produção orgânica por, no máximo, duas vezes no período de um ano;
estabelecida por esse regulamento para cada espécie animal, sendo que ele, seus produtos,
subprodutos e dejetos não poderão ser vendidos ou utilizados como orgânicos.2.8
Tratamento
76
Quadro 9.8: Relação de substâncias permitidas na prevenção e
no tratamento de enfermidades dos animais orgânicos.
Substâncias
1. Enzimas;
2. Vitaminas;
3. Aminoácidos;
4. Própolis;
5. Microrganismos;
7. Fitoterápicos;
8. Florais;
9. Minerais;
77
2.9 Síntese da Unidade
• MELADO, J. Pastoreio Racional Voisin. [S. l.]: Aprenda Fácil, [s. d.].
Esse livro valoriza os aspectos práticos do Pastoreio Racional Voisin - PRV e suas
aplicações sem, contudo, menosprezar os fundamentos teóricos tão bem expostos
por Voisin e a experiência de seus principais seguidores.
• Plantas Forrageiras de A a Z
2.11 Atividades
79
80
Unidade 3
O manejo orgânico visa ao desenvolvimento econômico e produtivo que não polua, não
degrade e nem destrua o meio ambiente e que, ao mesmo tempo, valorize o homem como
o principal integrante do processo. A filosofia da produção orgânica é fornecer condições
que cumpram as necessidades em saúde e comportamento natural dos animais. Portanto,
a criação orgânica prioriza acesso ao campo livre, ao ar fresco, à água, ao sol, à grama,
ao pasto e à alimentação orgânica 100%. Os abrigos fornecidos devem ser designados
para permitir o conforto do animal e a oportunidade para exercícios.
Na produção orgânica, a criação não pode ser alimentada em recipientes plásticos ou com
fórmulas contendo ureia ou adubo. Aos animais não podem ser dados antibióticos ou
hormônios de crescimento. Para um animal crescer sob normas orgânicas, sua mãe deve
ter sido alimentada com ração orgânica pelo menos no último terço de gestação. O
controle é rígido e os animais são identificados por meio de uma ficha que contém o peso,
a alimentação e o calendário de vacinas.
3.2 Rastreabilidade
Para se comercializar a carne bovina orgânica ou seus derivados sob selo orgânico, os
mesmos devem ser produzidos em unidades de produção orgânica, seguindo
82
rigorosamente todas as normas técnicas determinadas por uma empresa de certificação
credenciada junto ao Poder Público. Além disso, o sistema de produção de carne orgânica
deve estar inserido em uma filosofia holística que se preocupe também com os aspectos
sociais e ambientais envolvidos. Um exemplo de norma fora do estrito contexto da
produção orgânica é a exigência que todas as crianças da fazenda estejam frequentando
regularmente uma escola.
A carne, quando comercializada sob essa tutela, já é por si própria 100% orgânica. Se um
consumidor adquirir hambúrguer orgânico, por exemplo, significa que toda a carne foi
produzida organicamente.
Além das exigências usuais da produção orgânica previstas na legislação brasileira e pelas
agências de certificação orgânica, o protocolo inclui um diagnóstico socioambiental das
propriedades rurais, com objetivo de criar uma base de dados para avaliar os ganhos
sociais e ambientais de longo prazo. Para realização dos diagnósticos, a ABPO
estabeleceu parceria com uma organização não governamental de produtores rurais, a
Aliança da Terra, que utiliza indicadores de sustentabilidade para determinar o
desempenho socioambiental de cada propriedade. Há ainda diversas orientações técnicas
específicas a serem seguidas, como as recomendações da Embrapa Pantanal quanto ao
manejo das pastagens, na preservação de áreas de capões e cordilheiras e na conservação
dos recursos hídricos. Finalmente, os compromissos assumidos no protocolo são
monitorados por um programa de auditoria interna da própria associação. Além da
atuação pró-ativa da ABPO, que é garantia que seus produtores vão “além do orgânico”,
a associação tem a vantagem de produzir em um ecossistema com aptidão natural para a
produção de bovinos de corte orgânicos, o Pantanal, cujo sistema de produção de gado de
83
corte é desenvolvido com características que o aproximam do sistema de produção
orgânico (EMBRAPA, 2008).
Fase de cria
Difere da anterior pelo fato de os machos serem retidos até 15 a 18 meses de idade, quando
então são comercializados. Estes são comumente denominados garrotes.
Essa atividade tem início com o bezerro desmamado e termina com o boi gordo.
Entretanto, em função da oferta de garrotes de melhor qualidade, também pode começar
com esse tipo de animal, o que, associado a uma boa alimentação, reduz o período de
recria/engorda. O mesmo ocorre com bezerros desmamados de alta qualidade. Embora
essa atividade tenha predominância de machos, verifica-se também a utilização de
fêmeas.
Nas décadas passadas, foi exercida pelos chamados “invernistas”. Estes se localizavam
em regiões de boas pastagens e aproveitavam a grande oferta de boi magro (24 a 36 meses
de idade) da época. Atualmente, encontra-se bastante restrita como atividade isolada,
sendo desenvolvida por um número reduzido de pecuaristas que também fazem a
terminação de fêmeas. Essa mudança de cenário se deve à expansão das áreas de
pastagens cultivadas em regiões onde tradicionalmente não existiam e, por consequência,
à redução da oferta de boi magro.
Sistema extensivo
3.6 Reprodução
Para que o manejo do rebanho de cria seja conduzido, é necessário que todos animais
sejam identificados. De acordo com a identificação dos animais, é possível verificar o
registro das ocorrências, como data de parto e intervalo entre partos, o que possibilita a
identificação dos animais improdutivos e que devem ser descartados por baixa
86
produtividade. Isso é de suma importância, visto que uma eficiente produção de bezerros
é necessária para manter o sistema de produção de carne.
O sistema de monta mais simples é aquele em que o touro permanece no rebanho durante
todo o ano. Nessa condição, os nascimentos se distribuem por vários meses do ano,
podendo ocorrer em épocas inadequadas, dificultando o manejo, não formando lotes
homogêneos, prejudicando o desenvolvimento dos bezerros e a fertilidade das fêmeas.
A estação de monta é o período estabelecido para que se obtenha concepção das matrizes
no rebanho por meio da monta natural. As vantagens em se definir uma estação de monta,
vão além da parição em uma época do ano favorável do ponto de vista das condições
ambientais, pois evita o desgaste dos touros, já que eles são poupados em épocas em que
as pastagens são menos produtivas. Ademais, outras vantagens da utilização da estação
de monta é o aperfeiçoamento da fertilidade e produtividade do rebanho, em virtude da
melhora do manejo nutricional.
A escolha do período do ano a ser estabelecido como estação de monta deve ter, como
critério prioritário, fatores que permitam o pleno funcionamento do sistema reprodutor da
matriz, razão por que a disponibilidade de alimento é fator determinante. Vacas que
chegam ao parto com boa condição corporal e encontram razoável disponibilidade de
alimento no pós-parto estarão aptas a retornar à atividade ovariana e conceber em período
de serviço inferior a 90 dias (PIRES, 2010).
O período da estação de monta pode se estender por até 120 dias, visto que a característica
do sistema de produção orgânico é trabalhar com animais rústicos sem intensificação de
tecnologia, com cio e cobertura naturais, sem inseminação artificial – que é proibida –,
sem uso de hormônios, de sincronização de cio ou qualquer outra técnica que possa
interferir no comportamento natural do animal. Para a relação touro-vaca, o tradicional é
de 1:25, essa relação foi estabelecida de forma aleatória e grande parte dos pecuaristas a
utilizam na prática.
A puberdade nos bovinos ocorre com o aparecimento do primeiro cio, o que não significa
que as fêmeas estão aptas à reprodução. Nas fêmeas das raças de grande porte, a
87
maturidade fisiológica ocorre quando o peso corporal atinge entre 320 na 350 kg de peso
vivo.
Com relação à atividade reprodutiva, as raças de bovinos de corte são poliéstricas anuais,
ou seja, desde que bem nutridas apresentam cio a intervalos médios de 21 dias, com
período de duração aproximada de 14 a 16 horas.
Novilhas prenhes devem ser manejadas em área distinta da das vacas e observadas com
maior frequência. As fêmeas mais próximas do parto devem ser conduzidas aos pastos-
maternidade, os quais devem ser constituídos por áreas de gramíneas de pequeno porte e
hábito de crescimento rasteiro, bem drenadas, com água e de preferência com sombra. Os
animais devem ser conduzidos para lá 15 dias antes da parição e retirados após 15 dias da
parição, onde serão conduzidas para os pastos de cria. Outra recomendação importante é
que os pastos-maternidades sejam localizados próximos do curral.
89
3.7 Manejo Geral
3.7.1 Cercas
As cercas podem ser de diversos tipos, mas, de maneira geral, são mais reforçadas nas
divisas da propriedade, junto às estradas e às áreas de lavoura. Uma boa cerca deve ser
construção simples, durável e ser efetiva na contenção dos bovinos. Existem diferenças,
quanto a essa efetividade, nos tipos de cerca destinados à contenção de vacas de cria,
bezerros, garrotes ou bois de engorda. Os tipos de cerca mais comuns são: cerca de arame
farpado, cerca de arame liso e cerca elétrica.
As cercas de arame liso, por sua vez, têm forte adoção devido ao menor custo de
construção, já que os mourões podem ter espaçamento de 8 a 16 metros, com balancins a
cada 2 metros. Nesse modelo, normalmente cinco fios de arame, esticados com catracas,
atravessam o mourão por meio de furos. As cercas elétricas proporcionam grande
economia em relação às cercas convencionais, tanto em quantidade de mourões e arame
quanto em facilidade de instalação. Entretanto, devem ser construídas de maneira correta
e bem instaladas para que funcionem adequadamente.
3.7.2 Instalações
91
✓ APARTADORES: podem ser de canto de curral, na saída do tronco e na saída
da balança.
3.7.3 Sanidade
Segundo Resende & Signoretti (2005), no sistema orgânico de produção de carne bovina,
os cuidados com a saúde e o bem-estar dos animais dependem da observação dos
seguintes princípios preventivos:
✓ Vacinas obrigatórias por lei são permitidas (aftosa e ou raiva), assim como
vacinas profiláticas se as doenças estiverem ocorrendo de forma endêmica ou
epidêmica;
Se um lote de animais for tratado de forma alopática ou com antibiótico mais do que três
93
vezes, ele perderá a certificação, devendo cumprir prazo de carência para liberação como
orgânico.
3.8 Raças
Nelore
Nelore é uma raça de gado bovino originária da Índia. Os primeiros exemplares da raça
chegaram ao Brasil, entre 1878 e 1883, e rapidamente se tornaram a raça de gado
predominante no rebanho brasileiro.
94
No Brasil, é o gado indiano mais selecionado para produção de carne. Apresenta uma
Figura 3.1: Nelore conformação excelente, é uma raça de
grande porte, na idade adulta os machos
podem atingir 1200 kg de peso vivo e as
fêmeas, 800 kg. É uma raça rústica com
boa capacidade de ganho de peso. É muito
participativa no rebanho nacional onde se
estima que 80% do gado de corte seja
nelore ou anelorado.
Fonte:
<://www.semenbovino.com.br/nelore.htm>.
Acesso em: 06 nov. 2016. Guzerá
A raça apresenta chifres bem desenvolvidos apontados para cima em forma de lira,
orelhas largas e medianas, com pelagem variando do cinza claro ao escuro.
No Brasil, o Guzerá é utilizado para produção de carne e de leite, é uma raça de grande
porte, os animais adultos atingem 900 kg e 600 kg de peso vivo, machos e fêmeas
respectivamente. É uma raça rústica, com boa capacidade de ganho de peso comparáveis
Fonte:
Fonte: <http://cdn.ruralcentro.com.br/1/2012/6/28/guzera-ilha-funda-full.jpg>. Acesso
<http://ruralcentro.uol.com.br/noticias/
em: 06 nov. 2016.
historia-da-raca-tabapua-56229>.
Acesso em: 06 nov. 2016.
95
ao Nelore. Devido à sua capacidade leiteira, em várias regiões ele foi selecionado para
formação de linhagens leiteiras.
Tabapuã
Raça nacional originária do Estado de São Paulo, formada a partir de 1940, na Fazenda
Água Milagrosa, no município de Tabapuã. O rebanho inicial formou-se por meio de um
touro mocho, filho de reprodutor Nelore, acasalado com fêmeas Nelore, Guzerá e Gir.
Devido à qualidade de seus descendentes, foi aproveitado intensamente em
acasalamentos com filhas e netas, fixando, por meio de seleção, um novo tipo de gado
para corte.
Brahman
96
É uma raça de grande porte, com pelagem branco-cinza, é mais baixo que o gado zebu da
Índia, porém de tronco mais compacto e profundo. O peso adulto é de 725 a 1000 kg e de
540 a 680 kg, para machos e fêmeas respectivamente. Apresenta acentuada tolerância ao
calor, boa longevidade e elevada habilidade materna, desmamando bezerros pesados.
• http://www.aptaregional.sp.gov.br/acesse-os-artigos-pesquisa-e-
tecnologia/edicao-2005/2005-julho-dezembro/127-sistema-organico-de-
producao-de-carne-bovina/file.html
3.11 Atividades
97
98
Unidade 4
Sistema semi-intensivo
Sistema extensivo
100
4.3 Alimentação
Vacas leiteiras apresentam uma elevada necessidade nutricional para conseguir manter-
se e produzir de forma adequada, o que implica a necessidade de volumoso suficiente
para atender às necessidades nutricionais ao longo do ano. Considerando-se a
estacionalidade de produção das plantas forrageiras tropicais, é fundamental a produção
de forragem na forma de capineiras, as quais apresentam elevada capacidade produtiva,
sendo o capim-elefante uma alternativa para corte no período das águas ou utilizar esse
alimento na forma de silagem no período seco. Outra alternativa é o uso da cana, cujo
momento ideal para corte é o período da seca, além das leguminosas citadas na Unidade
2 desse livro-texto. Também podem ser utilizadas forragens conservadas e o feno, que é
obtido por desidratação do material produzido na época das águas para ser suplementado
na época de escassez de forragem.
4.3.1 Capineiras
101
São necessários a correção do solo com calcário, o preparo do solo com aração e
gradagem, a execução de sulcos com profundidade de 25 a 30 cm para o plantio das mudas
do capim-elefante. O espaçamento entre as sementes deve ser de 50 a 70 cm, uma vez
que plantios mais espaçados proporcionam menor estande e favorecem o aparecimento
de plantas daninhas.
A adubação de plantio deve ser calculada com base na interpretação dos resultados da
análise prévia do solo. Para a adubação fosfatada, no plantio deve ser utilizada uma fonte
de fosfato de rocha, visto que os adubos químicos não são permitidos nesse sistema de
produção.
Com relação à adubação orgânica, de forma geral, aplicações entre 20 a 50 t/ha de esterco
bovino curtido é o recomendado. Normalmente de 3 a 4 toneladas de mudas são
suficientes para formar 1 ha de capineira. Os colmos devem ser distribuídos no fundo do
sulco, dois a dois, colocados em esquema de pé com ponta. As mudas devem ser cobertas
com 10 a 15 cm de terra. Para manter a área livre de plantas daninhas, proporcionando
melhores condições ao desenvolvimento da forrageira, devem ser feitas capinas sempre
que necessário. Uma vez estabelecida a capineira, seu corte deve ser feito rente ao solo,
estimulando o perfilhamento das touceiras. O material colhido deve ser picado e
disponibilizado no cocho para os animais.
4.3.2 Cana-de-Açúcar
102
• cultura perene, sendo cortada anualmente, com pequeno risco de frustação de
safra;
4.3.3 Pastagem
Segundo os mesmos autores, a produção de leite, observada com base na utilização das
pastagens e volumosos consorciados, apresentou diferenças significativas entre os
períodos das águas e de seca de 2006 a 2008. Mesmo o aumento da qualidade do
103
volumoso em consórcio com leguminosas não foi suficiente para manter a qualidade da
dieta dos animais. A média da produção por vaca oscilou entre 7,2 a 10,9 kg/vaca/dia para
o período seco e das águas, respectivamente, nos três anos avaliados. Esses dados são
semelhantes aos encontrados para a produção de leite orgânico nos levantamentos
realizados no Brasil de 9,2 kg/dia, durante a época das chuvas, e de 8,2 kg/dia na seca
(AROEIRA et al., 2005). Houve diferenças significativas também entre o período das
águas nos anos de 2006 e 2008 em relação à produção de leite das vacas em pastagem
consorciada do capim-tanzânia com o calopogônio em comparação com a produção de
daquelas em pastejo em áreas exclusivas com capim-tanzânia, (10,9 e 9,0 kg/vaca/dia e
10,8 e 8,9 kg/vaca/dia, respectivamente).
4.4 Reprodução
104
O sistema de monta mais simples é aquele onde o touro permanece no rebanho durante
todo o ano, conhecido como monta natural a campo. Esse deve ser o sistema empregado
na produção de leite orgânico, visto que respeita a liberdade do reprodutor.
Com relação às fêmeas de reposição, é importante ressaltar que, assim como em outros
animais, a puberdade ocorre com o aparecimento do primeiro cio, o que não significa que
as fêmeas estão aptas à reprodução. Nas fêmeas das raças de grande porte, as quais foram
descritas anteriormente, a maturidade fisiológica ocorre quando o peso corporal atinge
entre 320 a 350 kg de peso vivo.
Com relação à atividade reprodutiva, as raças de leite são poliéstricas anuais, ou seja,
desde que bem nutridas apresentam cio a intervalos médios de 21 dias, com período de
duração média de 14 a 16 horas.
Novilhas prenhes devem ser manejadas em área distinta da das vacas e observadas com
maior frequência. As fêmeas mais próximas do parto devem ser conduzidas ao pasto-
maternidade, os quais devem ser constituídos por gramíneas de pequeno porte e hábito de
crescimento rasteiro, áreas bem drenadas, com boa água e de preferência com sombra. Os
animais devem ser conduzidos entre 60 a, no mínimo, 21 dias antes da parição,
dependendo da condição corporal e do tipo de suplementação utilizado nessa fase. Uma
recomendação importante é que os pastos-maternidades sejam localizados próximos do
curral.
Tendo em vista a apartação do bezerro da mãe, deve haver um piquete próximo ao curral
para exercício e dentro do bezerreiro para ofertar uma suplementação alimentar com
volumoso e concentrado. Para os bezerros mais jovens, a utilização de feno é muito
interessante até que o rúmen esteja desenvolvido. A utilização de concentrado nessa fase
é de fundamental importância para o desenvolvimento do rúmen, visto que a apartação
da mãe impede que ele mame todo o leite necessário para o seu completo
desenvolvimento.
4.5.1 Cercas
Esse assunto já foi tratado na Unidade que fala dos bovinos de corte, mesmo assim não
custa reforçar que as cercas podem ser de diversos tipos: de arame farpado, de arame liso
e elétrica.
106
os mourões é que estabelece a contenção, porém a elevada quantidade de mourões é de
alto custo.
As cercas de arame liso, por sua vez, têm forte adoção devido ao menor custo de
construção, já que os mourões podem ter espaçamento de 8 a 16 metros, com balancins a
cada 2 metros. Nesse modelo, normalmente cinco fios de arame, esticados com catracas,
atravessam o mourão por meio de furos. As cercas elétricas proporcionam grande
economia em relação às cercas convencionais, tanto em quantidade de mourões e arame
quanto em facilidade de instalação. Entretanto, devem ser construídas de maneira correta
e bem instaladas para que funcionem adequadamente.
Caso o sistema seja de pastejo rotacionado, a cerca elétrica é a mais utilizada em função
da facilidade e do menor custo de implantação.
4.5.2 Instalações
107
leite produzido no intervalo da tarde-noite será ordenhado e comercializado e o leite da
manhã à apartação, à tarde, alimentará o bezerro até a desmama.
4.5.3 Sanidade
De acordo com Soares et al. (2000), para a prevenção de mastite (inflamação da glândula
mamária), é importante a higiene do ordenhador, dos equipamentos e do local de ordenha.
Entretanto, nos casos já instalados, uma série de medidas curativas, como homeopatia,
terapia do barro e fitoterapia, pode ser usada como tratamento alternativo aos antibióticos.
Algumas plantas medicinais como a camomila, tansagem e babosa estão na lista dos
recomendados para o tratamento de mastite, bem como o tratamento adjuvante com
massagem do úbere com o uso de pomadas de própolis, tansagem ou beladona. Para antes
e após a ordenha, recomenda-se a solução de iodo glicerinado + linhaça ou ácido
peracético.
Quando o bezerro fica com a mãe, a desinfecção das tetas pós-ordenha perde a finalidade,
pois ele irá mamar, retirando a solução aplicada. Importante nesse caso, como maneira
preventiva, é permitir um ambiente sadio e sem barro para as vacas em lactação.
4.6 Raças
Gir
Sindi
Girolando
110
A raça é fundamentalmente produto do
Figura 4.4: Girolando
cruzamento da raça holandesa com a gir,
passando por vários graus de sangue e
direcionada para a fixação do padrão racial no
grau de 5/8 holandes + 3/8 gir, objetivando um
produto produtivo e padronizado. A raça
girolando apresenta desempenhos
considerados bons para as regiões tropicais. A
Fonte: <http://iepec.com/tudo-sobre-a-
raca-girolando-na-pecuaria-leiteira/ >. média de produção em 305 dias foi de 3.927
Acesso em: 06 nov. 2016. kg. Para a característica reprodutiva, idade ao
primeiro parto, a raça apresentou média de 35
meses (AUAD et al., 2010).
Nesta Unidade, vimos os aspectos gerais relacionados à produção de leite orgânico, aos
sistemas de criação, à alimentação, abordando as capineiras, a cana-de-açúcar e as
pastagens para o gado leiteiro. Estudamos aspectos relacionados à reprodução e aos
cuidados com as fêmeas gestantes e os recém-nascidos.
111
Sites
4.9 Atividades
112
Referências
ACERGO, M. S. C. Plantas medicinais no controle de doenças no gado
leiteiro. São João da Urtiga, RS: EMATER, 2005.
113
BRASIL. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 007, DE 17 DE MAIO DE 1999.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento dispõe sobre normas para
a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. In: Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Legislação SisLegis – Sistema de
Consulta à Legislação. Disponível em: <http://agricultura.gov.br>. Acessado
em: 20 de outubro de 2016.
117
SOARES, J. P. G.; CAVALCANTE, A. C. R.; JUNIOR, E. V. H. Agroecologia e
sistema de produção orgânica para pequenos ruminantes. Disponível
em:<http.//www.alice.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/.../CD411JoaoPa
ulo.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016.
VOISIN, A. A vaca e seu pasto. Trad. Elson Lunardon. São Paulo: Mestre Jou,
1973.
118