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1.1 - INTRODUÇÃO
O solo tem concepções diferentes de acordo com quem o está estudando. Para o geologia e
agronomia, solo é o material encontrado à superfície da terra, servindo de sustentação para os vegetais.
Para a construção civil, solo pode ser entendido como todo material encontrado na camada
superficial da crosta terrestre que pode ser removido por um instrumento cortante qualquer, sem a
utilização de explosivos.
Apostila - Mecânica dos solos 2
Pode-se afirmar que quando um solo é apropriado para construção civil, deve ser impróprio para fins
de agricultura. Um solo muito compacto, é conveniente para obras civis, mas é péssimo para a agricultura.
Do mesmo modo, um solo poroso (com muitos vazios) é bom para a agricultura, mas ruim para construção.
Cada rocha e cada maciço rochoso se decompõem de uma forma própria, influenciados pelo
intemperismo que sofre. Porções mais fraturadas se decompõem mais intensamente do que as partes
maciças, certos minerais constituintes das rochas são mais solúveis que outros. O intemperismo está
continuamente em atividade, alterando o solo, transformando as partículas em outras cada vez menores.
Os fatores mais importantes na formação dos solos são:
- Rocha de origem; - Clima;
- Topografia; - Ação de organismos vivos;
- Tempo de ação dos fatores anteriores.
Quanto à formação dos solos, podemos classificá-los em três grupos principais: solos residuais;
solos sedimentares (ou transportados) e solos orgânicos.
São os que sofrem a ação dos agentes transportadores. Podem ser classificados em:
- aluvionares – quando transportados pela água;
- eólicos – quando transportados pelo vento;
Apostila - Mecânica dos solos 3
O solo é constituído de uma fase sólida e de uma fase fluída (água e/ou gases). Pode-se dizer que
o solo é um conjunto de partículas sólidas que deixam espaços vazios entre si, sendo que esses vazios
podem estar preenchidos com líquidos (água), com gases (ar), ou ambos.
São as que dão as características e as propriedades do solo conforme sua forma, tamanho e textura.
As formas das partículas têm grande influência nas propriedades do solo. As principais formas das
partículas são :
a) Poligonais angulares
- São irregulares. Exemplo: areias, siltes e pedregulhos;
b) Poligonais arredondadas
- Possuem a superfície arredondada, normalmente devido ao
transporte pela a ação da água. Exemplo: seixo rolado;
c) Lamelares
- Possuem duas dimensões predominantes,
típica de solos argilosos. Exemplo: argila;
d) Fibrilares
- Possuem uma dimensão predominante. Típicos de solos orgânicos.
Apostila - Mecânica dos solos 4
1.5 - EXERCÍCIOS:
1 - Como ocorre a formação do solo? Existem vários fatores que influenciam na formação do solo. Quais são
esses fatores?
2 - Como são originados os solos orgânicos? Por que os solos orgânicos não são indicados para a construção
civil?
3 - O intemperismo é dividido em duas fases. Quais são essas fases? Comente sobre cada uma delas.
2.1 - INTRODUÇÃO
Ps sólidos Vs
Pesos Volumes
Ps: Peso das partículas sólidas ou Peso seco do solo Vs: Volume das partículas sólidas
Pa: Peso da água Va: Volume da água
Par: Peso do ar (considerado desprezível) Var: Volume do ar
Pt: Peso total do solo Pt = Ps + Pa Vv: Volume de vazios Vv = Va + Var
Psat: Peso do solo saturado Vt: Volume total do solo Vt = Vs + Vv
Unidades usuais para peso: g, kg, t ou Vt = Vs + Va + Var
Unidades usuais para volume: cm3, dm3, m3
Apostila - Mecânica dos solos 6
a) Peso específico aparente do solo natural (γ) : é a relação entre o peso total (Pt) e o volume
total (Vt), para a umidade natural do solo.
Pt
γ= (g/cm3; kg/dm3; t/m3)
Vt
b) Peso específico aparente do solo seco (γs) : é a relação entre o peso das partículas sólidas
c) Peso específico real ou das partículas sólidas (γg) : é a relação entre o peso das partículas
sólidas ou peso seco (Ps) e o volume das partículas sólidas (Vs). Varia pouco de um solo a outro,
oscilando entre 2,5 e 2,9 g/cm3.
Ps
γg = (g/cm3; kg/dm3; t/m3)
Vs
d) Peso específico da água (γa) : é a relação entre o peso da água (Pa) e o volume da água (Va).
Pa
γa = = 1g/cm3 = 1kg/dm3= 1t/m3
Va
Como o peso específico da água é igual a 1 (um), o peso da água (Pa) será sempre
numericamente igual ao volume da água (Va) e vice-versa.
e) Peso específico aparente do solo saturado (γsat): quando o solo tem todos os seus vazios
preenchidos com água, dizemos que está saturado. Nesta situação, definimos o peso do solo
como sendo o peso do solo saturado (Psat). O peso específico aparente do solo saturado é a
relação entre o peso do solo saturado (Psat) e o volume total (Vt).
Psat
γ sat = (g/cm3; kg/dm3; t/m3)
Vt
f) Peso específico aparente do solo submerso (γsub): para uma camada de solo abaixo do
lençol freático, as partículas sólidas sofrerão o empuxo da água. Assim, o peso específico efetivo
ou peso específico aparente do solo submerso (γsub) será o peso específico aparente do solo
g) Densidade relativa das partículas (δ): é a relação entre o peso específico das partículas
sólidas ou peso específico real (γg) e o peso específico da água (γa). É um valor adimensional
(sem unidade), variando na natureza entre 2,5 a 2,9.
γg
δ= (sem unidade)
γa
a) Porosidade (η) : é a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume total (Vt). Teoricamente o
valor mínimo é igual a 0% e o máximo igual a 100%.
Vv Vv
η= × 100 (em %) ou η= (sem unidade)
Vt Vt
A porosidade não permite acompanhar a variação de volume do solo, pois ao se variar o volume
de vazios o volume total também será alterado.
Apostila - Mecânica dos solos 8
b) Índice de vazios (ε) : é a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume das partículas
sólidas (Vs). Na teoria o valor mínimo é igual a 0% e não há um valor máximo definido.
Vv Vv
ε= × 100 (em %) ou ε= (sem unidade)
Vs Vs
O índice de vazios permite verificar a variação volumétrica do solo ao longo do tempo, pois podemos
considerar que o volume das partículas sólidas (Vs) é constante.
c) Grau de saturação (S%) ou (S) : é a relação entre o volume de água (Va) e o volume de
vazios (Vv). Pode variar entre 0% (solo seco) e 100% (solo saturado).
Va Va
S% = x100 (em %) ou S= (sem unidade)
Vv Vv
h=
S×ε
γ=
(1 + h) × γ γ=
(δ + S × ε )
δ (1 + ε ) g (1 + ε )
γg δ+ε
γs = γ sat =
(1 + ε ) (1 + ε )
2.4 - EXEMPLO
Uma amostra de solo saturado tem volume de 17,4 cm3 e peso de 29,8 g. Após secagem em estufa, o peso
passou para 19,6 g. Pede-se para determinar:
- o teor de umidade (h)
- o peso específico aparente do solo natural (γ)
- o peso específico aparente do solo saturado (γsat)
- o peso específico aparente do solo seco (γs)
- o peso específico das partículas sólidas (γg)
- a densidade relativa (δ)
- o índice de vazios (ε)
- a porosidade (η)
- o grau de saturação (S)
Pa água Va = Vv
Ps = 19,6g sólidos Vs
Apostila - Mecânica dos solos 9
Pt
- o peso específico aparente do solo natural (γ): γ=
Vt
Pt 29,8
γ= →γ= → γ = 1,71g / cm 3
Vt 17,4
Psat
- o peso específico aparente do solo saturado (γsat): γ sat =
Vt
Quando a amostra é saturada o peso total (Pt) é igual ao peso do solo saturado (Psat), portanto o γsat = γ
γ sat = 1,71g / cm 3
Ps
- o peso específico aparente do solo seco (γs): γs =
Vt
Ps 19,6
γs = → γs = → γ s = 1,13g / cm 3
Vt 17,4
Ps
- o peso específico das partículas sólidas (γg): γg =
Vs
Inicialmente é necessário determinar o valor do volume das partículas sólidas (Vs). Como a
amostra está saturada, temos que o volume de vazios é igual ao volume de água → Va = Vv
Pa
Como γ a = = 1g/cm3 , temos que Pa = Va → Va = 10,2 cm3
Va
Na amostra saturada Vt = Vv + Vs → Vt = Va + Vs → 17,4 = 10,2 + Vs → Vs = 7,2 cm3
Ps 19,6
γg = → γg = → γ g = 2,72g / cm 3
Vs 7,2
γg
- a densidade relativa (δ): δ =
γa
γg 2,72
δ= →δ= → δ = 2,72
γa 1
→ A densidade relativa (δ) será sempre numericamente igual ao peso específico das
Vv
- o índice de vazios (ε): ε=
Vs
Vv 10,2
ε= →ε= → ε = 1,42 ou ε = 142%
Vs 7,2
Vv
- a porosidade (η): η= × 100
Vt
Vv 10,2
η= × 100 → η = × 100 → η = 58,6% ou η= 0,586
Vt 17,4
Apostila - Mecânica dos solos 10
Va
- o grau de saturação (S): S% = x100
Vv
Neste caso, não é necessário calcular o valor do grau de saturação, pois quando o solo é dito
saturado já estamos afirmando que S% = 100% ou que S = 1.
2.5 - EXERCÍCIOS
1 - O peso de uma amostra saturada é 805g. O volume correspondente é 500 cm3. Esta amostra depois de
seca passou a pesar 720g. Pede-se calcular:
a) h% b) Ps c) Pa
d) Vs e) Vv f) ε
g) η h) γ i) γs
j) S%
2 - Uma amostra de um solo pesa 22 kg. O volume correspondente a este amostra é 12,2 dm3. Desta
amostra subtrai-se uma parte, para a qual determina-se: Pt = 70g; Ps = 58g; γg= 2,67g/cm3. Pede-se
determinar:
a) h% b) Ps da amostra maior c) Pa da amostra maior
d) Vs da amostra maior e) Vv da amostra maior f) ε
g) η h) γ i) γs
j) S% k) γsat
3 - Uma determinada amostra de solo tem peso específico aparente natural de 1,8 g/cm3 e teor de umidade
de 30%. Qual o peso específico aparente do solo seco?
4 - Uma determinada amostra de solo tem peso específico aparente seco de 1,7 g/cm3 e teor de umidade de
23%. Qual o peso específico aparente natural?
5 - Uma determinada amostra de solo tem peso específico aparente seco de 1,6 g/cm3 e peso específico
aparente natural de 1,8 g/cm3. Qual o teor de umidade da amostra ?
6 - O peso específico de um solo no estado natural é de 1,8 g/cm3, o teor de umidade é de 25% e a
densidade relativa das partículas sólidas é 2,65. Determine:
a) γ b) γs c) γg
d) ε e) η f) S
g) Qual será o peso da parte sólida de uma amostra em seu estado natural que tenha peso total de 3,5t?
7 - O peso específico de um solo no estado natural é de 1,75 g/cm3 e o seu teor de umidade é de 6%. Qual
a quantidade de água a ser adicionada, por m3, para que o teor de umidade passe a 13%?
8 - O teor de umidade de uma amostra é de 25%, o peso inicial da amostra é de 300g. Qual a quantidade
de água existente na amostra?
9 - Uma amostra de solo úmido pesa 920g, com teor de umidade de 30%. Que quantidade de água é
necessária acrescentar nessa amostra, para que o teor de umidade passe para 35%?
10 - Uma amostra de solo saturado tem peso total de 500g e volume de 235 cm3. Sabendo que a umidade
da amostra é de 15%. Calcule:
a) Quantidade de água
11 - Um solo possui grau de saturação igual a 1, teor de umidade igual a 30% e densidade relativa das
partículas igual a 2,66. Determine:
a) Índice de vazios
b) Peso específico aparente do solo natural
c) Peso específico aparente do solo seco
d) Quantidade de água existente em 1 m3 de solo
Apostila - Mecânica dos solos 11
12- O peso específico do solo natural é de 2,1 g/cm3 , seu teor de umidade é de 12% e a densidade relativa
das partículas é 2,65. Determine:
a) Peso específico aparente do solo seco
b) Índice de vazios
c) Grau de saturação do solo
d) Quantidade de água existente em 1 m3 de solo
Apostila - Mecânica dos solos 12
3 - GRANULOMETRIA DE UM SOLO
3.1 - INTRODUÇÃO
A primeira característica que diferencia os solos é o tamanho das partículas que os compõem, pois
são as partículas sólidas que dão as características e as propriedades ao solo conforme sua forma, tamanho
e textura.
Granulometria é a distribuição, em porcentagem, dos diversos tamanhos de grãos. Desse modo,
determina-se a dimensão das partículas e as proporções relativas que elas se encontram, obtendo-se a
distribuição granulométrica. Para essa determinação é necessário fazer atravessar uma amostra de solo por
peneiras, por meio de um processo de vibração (mecânico ou manual). As peneiras são colocadas
ordenamente, superpondo-as na ordem de série, sempre iniciando pela de maior abertura de malha.
A análise granulométrica, ou seja, a determinação das dimensões das partículas dos solos e das
proporções relativas em que elas se encontram, é representada, graficamente, pela curva granulométrica.
Esta curva é traçada por pontos de um diagrama semilogarítmico, no qual, sobre o eixo das abscissas, são
marcados os logaritmos das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas as porcentagens, em
peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão considerada.
Apostila - Mecânica dos solos 13
De acordo com a NBR 6502/1995 as dimensões dos solos podem ser divididas em diferentes
parcelas:
- Matacão : 20 cm ≤ dimensão < 100 cm
- Pedra de mão : 6 cm ≤ dimensão < 20 cm
- Pedregulho : 2 mm ≤ dimensão < 60 mm
- Areia : 0,06 mm ≤ dimensão < 2,0 mm
- Silte: 0,002 mm ≤ dimensão < 0,06 mm
- Argila: dimensão ≤ 0,002 mm
3.4 - PENEIRAS
Para a separação dos sólidos, de um solo, em diversas frações, utilizam-se peneiras de aberturas de
malha padronizada (ABNT, ASTM, etc).
Porcentagem que passa: peso de material que passa em uma determinada peneira, referido ao peso seco
da amostra;
Porcentagem retida: porcentagem retida numa determinada peneira, referido ao peso seco total da
amostra;
Porcentagem retida acumulada: soma dos percentuais retidos nas peneiras superiores, com o
percentual retido na peneira em estudo;
Diâmetro efetivo: diâmetro correspondente a 10% do peso total, de todas as partículas menores que ele;
def = d10
Cu ≥ 15 → solo desuniforme
Um solo em que o coeficiente de uniformidade é igual a 1 (um) está composto de partículas de
mesmo tamanho (mal graduado). Por outro lado, valores maiores do que a unidade indicam uma variedade
no tamanho das partículas, podendo o coeficiente de uniformidade atingir valores da ordem de 300 ou 400,
no caso dos solos residuais, sem que isso signifique que o solo seja bem graduado. Um solo bem graduado
apresenta uma distribuição proporcional do tamanho de partículas, de forma que os espaços deixados pelas
partículas maiores sejam ocupados pelas menores. Tais solos, quando bem compactados, normalmente
apresentam alta resistência, o que é de bastante interesse para aplicação, na prática.
Coeficiente de curvatura: medida da forma e simetria da curva granulométrica. É menos usado que o
(d30 ) 2
coeficiente de uniformidade. Cc =
d60 ×d10
3.6 - SEDIMENTAÇÃO
Para a porção fina dos solos (silte e argila) o peneiramento é praticamente impossível, pois as
peneiras deveriam ter aberturas de malhas excessivamente pequenas, difíceis de serem obtidas
industrialmente ou de serem preservadas com o uso. Neste caso emprega-se a técnica de sedimentação. O
método consiste em colocar uma certa quantidade de solo dispersa num frasco de água contendo um
agente antifloculante para se obter uma suspensão final. As partículas cairão sob a ação da gravidade, em
meio resistente segundo a lei de Stokes, que diz que as velocidades são proporcionais ao quadrado dos
diâmetros das partículas. Neste trabalho não entraremos em detalhes sobre esta técnica.
Apostila - Mecânica dos solos 15
- Antes de iniciar propriamente a análise granulométrica deve-se passar a amostra de solo pela
peneira de nº 10 (abertura de 2,0 mm).
- Para a parcela de solo que ficar retida nesta peneira realiza-se o peneiramento grosso, onde se
utilizam as peneiras 2” (50,8mm), 1 1/2” (38,1mm), 1” (25,4mm), 3/4” (19,1mm), 3/8” (9,52mm),
4 (4,76mm) e 10 (2,0 mm).
- Da parcela que passa pela peneira nº 10 retira-se uma amostra com cerca de 120g, que pode ser
utilizada tanto no peneiramento fino quanto na sedimentação.
- Para a realização do peneiramento fino deve-se passar a amostra pela peneira nº200
(0,075mm), o material que fica retido é passado pelas peneiras 16 (1,19mm), 30 (0,59 mm), 40
(0,42mm), 60 (0,25mm), 100 (0,149mm) e 200 (0,074mm).
Amostra Peneira
de solo nº 10
(2 mm)
Material
SEDIMENTAÇÃO
que passa
Peneira retido
nº 200 PENEIRAMENTO
(0,075 mm) FINO
3.7.2 - Cálculos
( M t − Mg )
a) Massa total da amostra seca: Ms = + Mg
(1 + h)
Em que:
Ms = massa total da amostra seca
Mt = massa total da amostra úmida
Mg = massa do material seco retido na peneira de 2,0 mm;
h = teor de umidade da amostra do material passado na peneira de 2 mm.
Apostila - Mecânica dos solos 16
b) Porcentagens retidas de materiais nas peneiras de 50, 38, 19, 9,5, 4,8, e 2,0 mm - Peneiramento
Mi
grosso: Pret = × 100
Ms
Em que:
Pret = porcentagem de material retido em cada peneira
Ms = massa total da amostra seca
Mi = massa do material retido em cada peneira
c) Porcentagens retidas acumuladas de materiais que ficam nas peneiras de 50, 38, 19, 9,5, 4,8, e 2,0 mm -
Em que:
Pret. acumulada = porcentagem acumulada de material retido acima de cada
peneira
Pret = porcentagem de material retido em cada peneira
d) Porcentagens de materiais que passam nas peneiras de 50, 38, 19, 9,5, 4,8, e 2,0 mm - Peneiramento
grosso: Ppassa = 100 − Pret. acumulada
Em que:
Pret. acumulada = porcentagem acumulada de material retido acima de cada
peneira
Ppassa = porcentagem de material que passa em cada peneira.
e) Porcentagens retidas de materiais nas peneiras de 1,2, 0,6, 0,42, 0,25, 0,15 e 0,075mm,- Peneiramento
M
fino: Pret = i ×N
Mf
Em que:
Pret = porcentagem de material retido em cada peneira
Mf = massa da amostra seca do material que passa na peneira de 2,0 mm
Mi = massa do material retido em cada peneira
N = porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm
f) Porcentagens retidas acumuladas de materiais que ficam nas peneiras de 1,2, 0,6, 0,42, 0,25, 0,15 e
Em que:
Pret. acumulada = porcentagem acumulada de material retido acima de cada
peneira
Pret = porcentagem de material retido em cada peneira
g) Porcentagens de materiais que passam nas peneiras de 1,2, 0,6, 0,42, 0,25, 0,15 e 0,075mm -
Peneiramento fino: Ppassa = N − Pret. acumulada
Em que:
N = porcentagem de material que passa na peneira de 2,0 mm
Pret. = porcentagem acumulada de material retido acima de cada
acumulada
peneira
Ppassa = porcentagem de material que passa em cada peneira.
Apostila - Mecânica dos solos 17
3.8 – EXEMPLO
Uma amostra úmida de solo (Mt) com massa de 1000g foi passada na peneira nº 10
(2,0mm). O material que ficou retido,foi seco e pesado, sendo que a massa seca do material (Mg)
foi igual a 40g. A umidade média (h) do solo determinada foi de 5%. Do material que passou pela
peneira 10, retirou-se uma parcela que foi seca e pesada, obtendo-se uma massa da amostra seca
(Mf) de 120g. Realizou-se o peneiramento grosso e fino do material, obtendo-se as massas retidas
em cada peneira. Construa a curva granulométrica do solo e determine seu coeficiente de
uniformidade (Cu), seu coeficiente de curvatura (Cc) e classifique quanto à uniformidade.
Dados
Massa total úmida Mt = 1000 g
Massa do material seco retido na peneira de 2,0 mm Mg = 40 g
Teor de umidade médio h= 5 % ou 0,05
( M t − Mg )
Massa total da amostra seca M s = + Mg Ms= 954,29 g
(1 + h)
Massa da amostra seca do material que passa na
Mf= 120 g
peneira de 2,0 mm
Peneiramento grosso
Peneiras Material retido Porcentagens de material
Número abertura (g) Pret (%) Pret acumulada (%) Ppassa (%)
2” 50,80 5 0,52 0,52 99,48
1 1/2” 38,10 5 0,52 1,05 98,95
1” 25,40 5 0,52 1,57 98,43
3/4” 19,10 5 0,52 2,10 97,90
3/8” 9,52 5 0,52 2,62 97,38
4 4,76 7,5 0,79 3,41 96,59
10 2,00 7,5 0,79 4,19 N = 95,81
Total Mg = 40
Mi
Pret =
Ms
× 100 ; Pret. acumulada = ∑P ret ; Ppassa = 100 − Pret. acumulada
Peneiramento fino
Peneiras Material retido Porcentagens de material
Número abertura (g) Pret (%)* Pret acumulada (%) Ppassa (%)
16 1,19 12,5 9,98 9,98 85,83
30 0,59 17,5 13,97 23,95 71,86
40 0,42 20 15,97 39,92 55,89
60 0,25 20 15,97 55,89 39,92
100 0,149 25 19,96 75,85 19,96
200 0,074 25 19,96 95,81 0,00
Total Mf = 120
Mi
* Obs: Pret =
Mf
×N;
Pret. acumulada = ∑P ret ; Ppassa = N − Pret. acumulada
Apostila - Mecânica dos solos 18
100
Porcentagem que passa (%) 90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
d10 d30 d60
0,01 0,1 1 10 100
diâmetro (mm)
DA CURVA GRANULOMÉTRICA OBTÉM-SE:
d10 = def = 0,11 mm d60
Cu = Cu = 4,09
d30 = 0,19 mm
def
(d30 ) 2
Cc = Cc = 0,73
d60 = 0,45 mm d60 ×d10
3.9 – EXERCÍCIOS
1- Construa a curva granulométrica do solo abaixo. Encontre também o diâmetro efetivo, o grau de
uniformidade e coeficiente de curvatura e classifique o solo de acordo com a uniformidade.
2 - Trace a curva granulométrica do solo que apresenta as seguintes porcentagens (passando) e, a seguir:
90,0
80,0
70,0
% que passa
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0,001 0,010 0,100 1,000 10,000 100,000
diâmetro (mm)
areia pedregulho
argila silte pedra de
fina média grossa fino médio grosso mão
Apostila - Mecânica dos solos 19
4.1- INTRODUÇÃO
Plasticidade é a propriedade que os solos têm de serem moldados, sob certas condições de
umidade, sem variação de volume e sem ruptura. É a propriedade mais importante da argila.
Um solo argiloso, de acordo com seu teor de umidade, poderá apresentar características iguais às de
um líquido ou de um sólido. Entre estes dois estados limites, o solo passará por dois estado intermediários
que serão apresentados a seguir.
A passagem de um estado para outro não é repentina, mas sim, gradual, o que torna difícil
estabelecer um critério, para demarcar os limites entre os diversos estados. Para caracterizar as mudanças
dos estados de consistências foram definidos os limites de consistência. De fato, esses limites são
estabelecidos arbitrariamente, a partir de ensaios padronizados. Os limites de consistência são também
conhecidos como limites de Atterberg, que foi quem primeiro se preocupou em estabelecê-los.
O estado líquido é a situação em que o solo tem uma umidade muito elevada, apresenta-se como
um fluído denso (lama líquida). À medida que a água evapora, o solo endurece, e para uma determinada
umidade (h), o solo perde a capacidade de fluir, mas poderá ser moldado e conservar sua forma. Este teor
de umidade é definido como limite de liquidez (LL). O solo encontra-se agora no estado plástico.
A água do solo continuará a evaporar até que a plasticidade desapareça e o solo se desmanchará ao
ser trabalhado. O teor de umidade correspondente à perda de plasticidade é definido como limite de
plasticidade (LP). O solo neste momento passa para o estado semi-sólido. Continuando a secagem, o
solo atingirá um teor de umidade em que ao secar não haverá redução do seu volume. Este teor de umidade
é definido como limite de contração (LC). O solo finalmente se encontra no estado sólido.
Variação
de volume
Líquido
Plástico
Semi-
Sólido Sólido
Teor de
LC LP LL umidade
O Limite de Liquidez (LL) pode ser determinado pelo método do aparelho de Casagrande ( NBR
6459 / 1984). É definido como o teor de umidade para o qual temos que dar 25 golpes, para que se feche
13 mm de comprimento do sulco feito no solo disposto na concha metálica do aparelho de Casagrande.
Para a determinação do Limite de Liquidez (LL), de acordo com a NBR 6459, é necessário utilizar o
solo com, no mínimo, 5 umidades diferentes, encontrando os respectivos números de golpes para o
fechamento de 13 mm do sulco. Os teores de umidade utilizados no ensaio são manipulados, pois temos
que obter umidades diferentes. Quanto maior o teor de umidade, menor será o número de golpes
necessários para fechar o sulco.
Os valores obtidos são lançados em um gráfico semilogarítmico em que as ordenadas se têm os
teores de umidade e nas abscissas o numero de golpes. Traça-se a reta média, que passa por esses pontos,
e determina-se o teor de umidade correspondente a 25 golpes, o qual será o limite de liquidez do solo. A
figura a seguir ilustra a forma de obtenção do limite de liquidez. O resultado deve ser expresso em
porcentagem, aproximando-se para o número inteiro mais próximo.
Apostila - Mecânica dos solos 21
Limite de Liquidez
Teor de umidade (%) 70
60
LL
50
40
10 20 25 30 40 50 60 70 80 90 100
Número de golpes (N)
O Limite de Plasticidade (LP) é o teor de umidade que separa o estado plástico do semi-sólido. O
ensaio deve ser realizado de acordo com a NBR 7180/1984. O equipamento necessário à realização do
ensaio é muito simples: uma placa de vidro com uma face esmerilhada (fosco) e um cilindro padrão de 3
mm de diâmetro.
Define-se como Limite de Plasticidade o teor de umidade no qual um cilindro de solo executado com
a palma da mão, por meio de movimentos regulares de vaivém, sobre a placa de vidro fosco, começa a
fissurar ao atingir o diâmetro padrão de 3 mm e comprimento de 10 cm. É necessário repetir o ensaio no
mínimo três vezes para a obtenção de um valor médio.
Se as fissuras aparecerem em um rolinho com diâmetro maior que 3 mm, o solo já está no estado
semi-sólido. Nesse caso é necessário acrescentar água na amostra. Se o rolinho atingir um diâmetro menor
que 3 mm sem se fissurar, o solo ainda se encontra no estado plástico. Nesse caso é necessário retirar um
pouco da umidade.
Apostila - Mecânica dos solos 22
O Limite de Contração (LC) é o teor de umidade que separa o estado semi-sólido do sólido.
Corresponde ao teor de umidade a partir do qual o solo não mais se contrai, mesmo que continue perdendo
peso. Ou seja, o índice de vazios da amostra é o mesmo, quer quando esteja saturado ou completamente
seco. O ensaio deste limite deve ser realizado de acordo com a NBR 7183/1982.
Uma estimativa do Limite de Contração (LC) é realizada através dos índices físicos:
1 1
LC = − , onde δ é a densidade relativa e γs é o peso específico aparente do solo seco.
γs δ
C=
(Vini − Vsec ) × 100
Vini , onde C = grau de contração
Vini = volume inicial da amostra do solo
Vsec = volume seco da amostra do solo
4.7- EXERCÍCIOS
1- No ensaio para determinar o Limite de Liquidez, você obteve os resultados abaixo. Determine o valor do
Limite de Liquidez.
Nº de golpes 49 31 23 19 12
Umidade 16 20 21 23 27
2- Determine o valor do Limite de Liquidez, sabendo que os resultados obtidos nos ensaios foram os
seguintes:
Nº de golpes 34 30 21 15 10
Umidade 39 41 45 50 55
4- A umidade natural (h) de um determinado solo é de 20%. Sabe-se que esse solo possui:
- Limite de Plasticidade (LP) = 15,0%; - índice de Plasticidade (IP) = 11,0%;
- Vini = 3,0 dm3 ; - Vsec = 2,8 dm3 ; - γs = 2,29 kg/dm3 ; - δ = 2,65.
Classifique o solo quanto ao estado de consistência, ao índice de plasticidade, ao índice
de consistência e ao índice de contração.
5- Um determinado solo está com umidade natural (h) de 10%. Sabendo que esse solo possui:
- Limite de Liquidez (LL) = 27,0%; - Limite de Plasticidade (LP) = 13,0%;
- Vini = 4,0 dm3 ; - Vsec = 3,9 dm3 ; - γs = 2,10 kg/dm3 ; - δ = 2,65.
Classifique o solo quanto ao estado de consistência, ao índice de plasticidade, ao índice
de consistência e ao índice de contração.
6- Para um determinado solo foi colhida uma amostra, a qual foi analisada no laboratório, sendo obtidos os
seguintes dados:
Ensaio de Nº de golpes 30 27 23 20 18
Casagrande Umidade 30 33 39 45 48
5.1- INTRODUÇÃO
O solo sendo um material que ocorre na natureza nas mais diferentes formas, para ser utilizado
como fundação ou material de construção, necessita ser classificado de modo que se possam formular
métodos de projetos baseados em algumas propriedades de cada grupo. Deste modo foram desenvolvidos
vários sistemas de classificação, cada um adequado a uma utilização dos solos ou a métodos de projeto.
Têm-se sistemas com base na formação dos solos, na classificação pedológica (geologia), com base no
tamanho das partículas e aqueles que levam em consideração mais de um parâmetro do solo.
5.2.1 - Matacão
Fragmento de rocha, transportado ou não, comumente arredondado por intemperismo ou abrasão,
com uma dimensão compreendida entre 200 mm e 1m.
5.2.2 - Pedra-de-mão
Fragmento de rocha com diâmetros compreendidos entre 60 mm e 200mm.
5.2.3 - Pedregulho
Solos formados por minerais ou partículas de rochas, com diâmetros compreendidos entre 2 mm e
60 mm. Quando arredondados ou semi-arredondados, são denominados cascalho ou seixo.
5.2.4 - Areia
Solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas, com diâmetros
compreendidos entre 0,06 mm e 2 mm.
Quanto à compacidade a areia pode ser:
fofa (pouco compacta) : 0 < GC ≤ 1/3
mediamente compacta : 1/3 < GC ≤ 2/3
compacta : 2/3 < GC ≤ 1
e max − e nat
Grau de Compacidade (GC)=
e max − e min
5.2.4 - Silte
Solo que apresenta baixa ou nenhuma plasticidade, e que exibe baixa resistência quando seco ao ar.
Suas propriedades dominantes são devidas à parte constituída pela fração silte. É formado por partículas
com diâmetros compreendidos entre 0,002 mm e 0,06 mm. Forma torrões facilmente desagregáveis pela
pressão dos dedos.
5.2.5 - Argila
Solo de granulação fina constituído por partículas com dimensões menores que 0,002 mm,
apresentando coesão e plasticidade. Quando seco os torrões são dificilmente desagregáveis por pressão dos
dedos.
Apostila - Mecânica dos solos 26
AREIA ARGILA
- não apresenta plasticidade - apresenta plasticidade
- permeável - impermeável
- poucas deformações - grandes deformações
- índice de vazios de médio a baixo - alto índice de vazios
- não retém água - retém água
- não se expande - pode ser expansiva
- baixa superfície específica - grande superfície específica
Superfície específica : é a soma das superfícies de todas as partículas contidas na unidade de volume (ou
peso) do solo
Quanto mais fino o solo, maior será sua superfície específica. Constitui uma das razões da diferença entre as
propriedades dos solos argilosos e arenosos.
rocha alterada
rocha-mãe
Apresentam-se na natureza não-saturados, com elevados índices de vazios , resultando numa baixa
capacidade de suporte. Quando compactados sua capacidade de suporte é elevada, sendo por isso muito
utilizados na pavimentação. Depois de compactado apresenta contração se o teor de umidade diminuir, mas
não apresenta expansão na presença de água.
Exemplos:
CL - solo argiloso de baixa compressibilidade
SM - solo arenoso com certa quantidade de silte
GP - solo pedregulhoso, mal graduado
MH - solo siltoso de alta compressibilidade
OL - solo orgânico de baixa compressibilidade
Apostila - Mecânica dos solos 29
Os nomes pedras, cascalho ou pedregulho (gravel), areia (sand) e finos - compreendendo silte e
argila - são usados para definir a escala de granulometria no tamanho das partículas do solo, tendo sido
adotadas, arbitrariamente. Os limites de tamanho adotados pelo SUCS estão apresentados na tabela a seguir,
vale ressaltar que estes limites de tamanho são diferentes dos adotados pela norma brasileira.
Finos (silte e argila) passando na peneira n° 200 (menor que 0,075 mm)
A3 > 50 < 10 NP 0
% P#200<35%
A2-4 0
A2-5 0
A2
A2-6 <4
A2-7 <4
Grupo A-1 - 0 material típico deste grupo é constituído de mistura bem graduada de fragmentos de
pedra ou pedregulhos, areia grossa, areia fina e um aglutinante de solo não plástico ou fracamente plástico.
No entretanto, este grupo inclui também fragmentos de pedra, pedregulho, areia grossa, cinzas vulcânicas,
etc., que não contêm aglutinantes de solo
Subgrupo A-1-a - Inclui os materiais contendo, principalmente, fragmentos de pedra pedregulho, com
ou sem material fino bem graduado, funcionando como aglutinante.
Subgrupo A-1-b - Inclui os materiais constituídos, principalmente, de areia grossa, cora ou sem
aglutinante de solo bem graduado.
Apostila - Mecânica dos solos 32
Grupo A-2 - Este grupo inclui grande variedade de materiais que se situam entre os grupos A-1 e A-3
e também entre os materiais constituídos de mistura silte-argila dos grupos A-4, A-5, A-6 e A-7. Inclui todos
os solos com 35% ou menos passando na peneira n° 200, mas que não podem ser classificados como A-1 ou
A-3, devido ao teor de finos que contêm, ou a plasticidade, ou ambos excedendo os limites estabelecidos
para os citados grupos.
Subgrupos A-2-4 e A-2-5 - Incluem solo contendo 35% ou menos, passando na peneira n° 200, com
uma porção menor retida na peneira n° 40, possuindo as características dos grupos A-4 ou A-5. Estes grupos
abrangem os materiais tais como pedregulho e areia grossa, em que o teor de silte e o índice de plasticidade
ultrapassam os limites estabelecidos para o Grupo A-1, e ainda areia fina com silte não plástico excedendo os
limites do Grupo A-3.
Subgrupos A-2-6 e A-2-7 - Incluem solos semelhantes aos descritos nos subgrupos A-2-4 e A-2-5-,
exceção feita da porção de finos que contem argila plástica com características dos grupos A-6 ou A-7. Os
efeitos combinados dos índices de plasticidade maiores que 10 e percentagem passando na peneira n° 200,
maiores que 15, estão refletidos nos valores dos índices do grupo de 0 a 4.
Grupo A-3 - 0 material típico deste grupo é areia fina de praia ou de deserto, sem silte ou argila, ou
possuindo pequena quantidade de silte não plástico. 0 grupo inclui também misturas de areia fina mal
graduada e quantidades limitadas de areia grossa e pedregulho depositados pelas correntes.
Tipo IG
A4 <8
A5 < 12
% P#200>35%
A6 < 16
A7-5 <20
A7-6 <20
Grupo A-4 - 0 solo típico deste grupo é siltoso não plástico, ou moderadamente plástico, possuindo,
geralmente, 5% ou mais passando na peneira n ° 200. Inclui também misturas de solo fino siltoso com até
64% de areia e pedregulho retidos na peneira n° 200. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 8, as
percentagens crescentes de material grosso, dando origem a valores decrescentes para os índices de grupo.
Grupo A-5 - 0 solo típico deste grupo é semelhante ao que foi descrito no A-4, exceto que ele é,
geralmente, de caráter diatomáceo ou micáceo, altamente elástico, conforme indica seu elevado limite de
liquidez. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 12; esses valores crescentes revelam o efeito combinado
do aumento dos limites de liquidez e das percentagens decrescentes de material grosso.
Grupo A-6 - O solo típico deste grupo é argiloso, plástico, tendo, geralmente, 75% ou mais de
material passando na peneira n ° 200. O grupo inclui também misturas de solos finos argilosos, podendo
conter até 64% de areia e pedregulho retidos na peneira n ° 200. Os solos deste grupo comumente sofrem
Apostila - Mecânica dos solos 33
elevada mudança de volume entre os estados seco e úmido. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 16,
esses valores crescentes mostram o efeito combinado do aumento dos índices de plasticidade e diminuição
dos materiais grossos.
Grupo A-7 - O solo típico deste grupo é semelhante ao descrito no grupo A-6, com a diferença
que possui as características de alto limite de liquidez do grupo A-5, podendo ainda ser elástico e estar
sujeito a elevada mudança de volume. Os valores dos índices do grupo vão de 1 a 20; este aumento
indica o efeito combinado de crescimento dos limites de liquidez e dos indices de plasticidade, bem
como a diminuição dos materiais grossos.
Subgrupo A-7-5 - Encerra materiais com índice de plasticidade moderado em relação ao limite
de liquidez, podendo ser altamente elástico e sujeito a elevadas mudanças de volume.
Subgrupo A-7-6 - Inclui materiais com elevados indices de plasticidade em relação aos limites de
liquidez, estando sujeitos a elevadas mudanças de volume.
O índice de grupo (IG) é um número inteiro variando de 0 a 20, definifor da capacidade de suporte
do terreno de fundação de um pavimento. Quanto maior o IG, mais pobre será o material do subleito.
O IG é calculado pela fórmula:
IG = 0,20 x a + 0,005 x a x c + 0,01 x b x d
Onde:
a e b são coeficientes granulométricos;
c e d são coeficientes de plasticidade;
P10 - porcentagem que passa na peneira nº 10;
P40 - porcentagem que passa na peneira nº 40;
P200 - porcentagem que passa na peneira nº 200;
LL - limite de liquidez;
IP - índice de plasticidade.
a = P200 - 35 , para 35 < P200 < 75; b = P200 - 15, para 15 < P200 < 55
a = 0 , para P200 ≤ 35; b = 0 , para P200 ≤ 15;
a = 40, para P200 ≥ 75 b = 40, para P200 ≥ 55.
Se P200 ≤ 35 - IG = 0
Se 15 < P200 < 35 e IP ≤ 10 - IG = 0
Apostila - Mecânica dos solos 34
5.7- Exercícios
Determine a classificação dos solos a seguir, de acordo com os sistemas SUCS e TRB
6.1- INTRODUÇÃO
O solo está sujeito a pressões ou tensões advindas de cargas externas (edifício, casa, rodovia, etc) e
tensões devidas ao peso próprio das camadas de solo que estão sobre ele, também conhecidas como
pressões ou tensões virgens. Essas tensões virgens representam a componente do peso próprio. O peso do
solo (ou das diversas camadas de solo) depende da espessura das suas camadas e dos respectivos pesos
específicos.
Peso = γ × Volume
Peso = γ × Área × altura
γ × Área × altura
Pr essão =
Área
Pr essão = γ × altura
escoamento, bombeamento, etc) a parcela da pressão neutra deixará de existir. Dessa forma para se manter
o equilíbrio a pressão efetiva terá que aumentar.
SOLO SECO (µ = 0) → σ = σ’
σ=γxh
µ=0
Assim σ’ = σ − µ = γ x h
σ (t/m²)
0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0
Areia fofa
γ = 1,6 t/m³
4,8
-3
Pedregulho
γ = 2,1 t/m³
-5
9,0
m
-3
Argila mole
σ
γ = 1,6 t/m³
σ'
u
-7
Pedregulho
γ = 2,1 t/m³
-10
m
Apostila - Mecânica dos solos 37
6.3- EXERCÍCIOS
1) Calcular a pressão total, neutra e efetiva, na primeira camada de um solo, sabendo-se que o nível do
lençol freático coincide com a superfície do terreno, o peso específico do solo nesta camada é de 1,80 t/m3, e
que a espessura da camada é de 3,00m. Fazer o gráfico (em escala) das pressões.
2) Calcular as pressões totais, neutras e efetivas, nas camadas de solo como o perfil abaixo, sabendo-se que
o nível da água encontra-se a um metro da superfície do terreno.
CAMADA PROF. INICIAL PROF. FINAL γ (t/m3) Observação
I 0,0 m 1,0 m 1,50 Sem água
II 1,0 m 3,0 m 1,80 Com água
3) Calcular as pressões totais, neutras e efetivas, nas camadas de solo como o perfil abaixo, sabendo-se que
o nível do lençol freático encontra-se a três metros da superfície do terreno.
CAMADA PROF. INICIAL PROF. FINAL γ (t/m3) Observação
I 0,0 m 3,0 m 1,60 Sem água
II 3,0 m 7,0 m 1,80 Com água
III 7,0 m 11,0 m 1,70 Com água
7.1- INTRODUÇÃO
Muitas vezes o solo de um determinado local não apresenta as condições requeridas pela obra. Ele pode ser
pouco resistente, muito compressível ou apresentar características que deixam a desejar de um ponto de
vista econômico. Seria razoável em tais circunstâncias, simplesmente relocar a obra.
Uma outra solução é utilizar um método de estabilização e melhoria do solo por vias mecânicas, denominado
de compactação.
A compactação visa reduzir o volume de vazios do solo. A compactação tem em vista dois aspectos:
aumentar a intimidade de contato entre os grãos e tornar o solo (aterro) mais homogêneo melhorando as
suas características de resistência, deformabilidade e permeabilidade.
7.3- EMPREGO
O início da técnica de compactação é creditada ao engenheiro Ralph Proctor, que, em 1933, publicou suas
observações sobre a compactação de aterros. Mostrou que a compactação é função de quatro variáveis:
a) Peso específico seco;
b) Umidade;
c) Energia de compactação
d) Tipo de solo.
A compactação dos solos tem uma grande importância para as obras de terra, pois consegue promover no
solo um aumento de sua resistência e uma diminuição de sua compressibilidade e permeabilidade.
Apostila - Mecânica dos solos 39
O processo de compactação gera a diminuição dos vazios do solo pela expulsão do ar contido nos seus
vazios. As cargas aplicadas que compactam o solo são geralmente de natureza dinâmica e o efeito
conseguido é imediato.
γs
γs,máx
S = 100%
hot h
O peso específico seco aumenta com o teor de umidade até atingir um valor máximo, decrescendo com a
umidade a partir de então. O teor de umidade para o qual se obtém o maior valor de γs (γsmax) é denominado
de teor de umidade ótimo (ou simplesmente umidade ótima).
O ramo da curva de compactação anterior ao valor de umidade ótima é denominado de "ramo seco" e o
trecho posterior de "ramo úmido" da curva de compactação.
Apostila - Mecânica dos solos 40
No ramo seco, a umidade é baixa, a água contida nos vazios do solo exerce uma função aglutinadora entre
as partículas. Dificultando a expulsão do ar. À medida que se adiciona água ao solo torna-se mais fácil o
rearranjo dos grãos. O que permite a saída do ar.
No ramo úmido, a umidade é elevada e a água se encontra livre no solo, absorvendo grande parte da energia
de compactação. O que diminui a eficiência da compactação.
7.8- INFLUÊNCIA DA ENERGIA DE COMPACTAÇÃO
Quanto maior a energia de compactação, menor o valor do teor de umidade ótimo e maior o valor do peso
específico seco máximo.
γs
S = 100%
Os solos grossos tendem a exibir uma curva de compactação com um maior valor de γsmax e um menor valor
de hot do que solos contendo grande quantidade de finos.
γs
A compactação do solo deve proporcionar, para a energia de compactação adotada, a maior resistência
estável possível.
O gráfico a seguir apresenta a variação da resistência do solo, obtida por meio de um ensaio de penetração
realizado com uma agulha Proctor, em função de sua umidade de compactação. Conforme se pode observar,
quanto maior a umidade menor a resistência do solo.
h
Apostila - Mecânica dos solos 42
Os solos não devem ser compactados abaixo da umidade ótima, por que ela corresponde a umidade que
fornece estabilidade ao solo. Não basta que o solo adquira boas propriedades de resistência e deformação,
elas devem permanecer durante todo o tempo de vida útil da obra.
Caso o solo fosse compactado com umidade inferior a ótima ele iria apresentar resistência superior àquela
obtida quando da compactação no teor de umidade ótimo. Contudo este solo poderia vir a saturar em campo
(em virtude do período de fortes chuvas) vindo alcançar uma umidade correspondente a curva de saturação
do solo, para o qual o solo apresenta valor de resistência praticamente nulo. No caso do solo ser compactado
na umidade ótima, o valor de sua resistência cairia um pouco, estando o mesmo ainda a apresentar
características de resistência razoáveis.
7.11- EQUIPAMENTOS DE CAMPO
Os princípios que estabelecem a compactação dos solos no campo são essencialmente os mesmos discutidos
anteriormente para os ensaios em laboratórios.
Os valores de peso específico seco máximo obtidos são fundamentalmente função do tipo do solo, da
quantidade de água utilizada e da energia específica aplicada pelo equipamento que será utilizado, a qual
depende do tipo e peso do equipamento e do número de passadas sucessivas aplicadas.
7.11.1 - Soquetes
É um tambor metálico com protuberâncias (patas) solidarizadas, em forma tronco-cônica e com altura de
aproximadamente de 20cm. Podem ser auto propulsivos ou arrastados por trator. É indicado na compactação
de outros tipos de solo que não a areia e promove um grande entrosamento entre as camadas compactadas.
A camada compactada possui geralmente 15cm, com número de passadas variando entre 4 e 6 para solos
finos e de 6 e 8 para solos grossos. As características que afetam a performance dos rolos pé-de-carneiro são
a pressão de contato, a área de contato de cada pé, o número de passadas por cobertura e estes elementos
dependem do peso total do rolo, o número de pés em contato com o solo e do número de pés por tambor.
Apostila - Mecânica dos solos 43
Trata-se de um cilindro oco de aço, podendo ser preenchido por areia úmida ou água, a fim de que seja
aumentada a pressão aplicada. São usados em bases de estradas, em capeamentos e são indicados para
solos arenosos, pedregulhos e pedra britada, lançados em espessuras inferiores a 15cm. Este tipo de rolo
compacta bem camadas finas de 5 a 15cm com 4 a 5 passadas.
Os rolos lisos possuem pesos de 1 a 20t e freqüentemente são utilizados para o acabamento superficial das
camadas compactadas. Para a compactação de solos finos utilizam-se rolos com três rodas com pesos em
torno de 7t para materiais de baixa plasticidade e 10t, para materiais de alta plasticidade.
Os rolos lisos possuem certas desvantagens como, pequena área de contato e em solos mole afunda
demasiadamente dificultando a tração.
Apostila - Mecânica dos solos 44
Os rolos pneumáticos são eficientes na compactação de capas asfálticas, bases e subbases de estradas e
indicados para solos de granulação fina e arenosa. Os rolos pneumáticos podem ser utilizados em camadas
de até 40 cm e possuem área de contato variável, função da pressão nos pneus e do peso do equipamento.
Pode-se usar rolos com cargas elevadas obtendo-se bons resultados. Neste caso, muito cuidado deve ser
tomado no sentido de se evitar a ruptura do solo.
Nos rolos vibratórios, a freqüência da vibração influi de maneira extraordinária no processo de compactação
do solo.
- São utilizados eficientemente na compactação de solos granulares (areias), onde os rolos
pneumáticos ou Pé-de-Carneiro não atuam com eficiência.
- A espessura máxima da camada é de 15cm.
Para que se possa efetuar um bom controle de compactação do solo em campo, temos que atentar para os
seguintes aspectos:
- tipo de solo;
- espessura da camada;
- entrosamento entre as camadas;
- número de passadas;
- tipo de equipamento;
- umidade do solo;
- grau de compactação alcançado.