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Introdução

A produção arquitetônica atual apresenta uma grande assimetria no que


diz respeito à apropriação formal com intenção estética dos sistemas estruturais
dos edifícios. Ora a estrutura não tem destaque formal limitando-se à sua função
de sustentação, ora ela é trabalhada como elemento formal de destaque na
arquitetura.
A nossa hipótese é de que a maior ou menor ênfase dada ao sistema
estrutural está relacionada à maior ou menor valorização da tecnologia na
concepção dos projetos de arquitetura. Na maioria dos edifícios construídos no
presente momento o sistema estrutural tem seu valor reduzido à função: dar
sustentação ao edifício. Embora seja este seu papel fundamental, reduzir ao
mero desempenho da função parece-nos inaceitável. Há exceções, obras que
não se alinham com a maioria dos edifícios construídos atualmente, que
amparam a nossa posição. Pois neles, a estrutura do edifício é o elemento de
maior destaque na composição arquitetônica. Vejamos dois exemplos de autoria
de Santiago Calatrava.
No Centro de Artes Visuais de Valência, na Espanha, a estrutura em
concreto armado presente nos planos horizontal, vertical e inclinado é o principal
elemento da composição arquitetônica. Calatrava, buscando caracterizar
metáforas com formas vivas, se apropria do sistema estrutural como uma
escultura. No caso da estrutura metálica presente na estação de metrô da Expo
97 em Lisboa, Portugal, a metáfora com uma floresta tem como elemento
principal o sistema estrutural que cobre o pátio de trens.
O presente artigo quer discutir o papel funcional e formal dos sistemas
estruturais dos edifícios considerando a produção arquitetônica atual. Outro
aspecto a ser mencionado é o tratamento desta abordagem de apropriação
formal com intenção estética dos sistemas estruturais no âmbito do ensino na
engenharia e arquitetura.
O que segue está ordenado em quatro tópicos a saber:
1. possibilidades de valorização formal com intenção estética dos sistemas
estruturais; 2. valorização do desenho da estrutura na concepção arquitetônica;
3. a abordagem pedagógica dos sistemas estruturais; 4. conclusões.
1. As possibilidades da valorização formal com intenção estética dos sistemas
estruturais: o caráter tecnológico
A concepção arquitetônica abarca diferentes dimensões teóricas, que
podem ser definidas como questões de projeto (1). Ou seja, variáveis a serem
equacionadas na proposição, as quais são relativas a três aspectos: o lugar, a
técnica e o programa.
A técnica é o aspecto ao qual nos debruçaremos. Ela pode ser vista como
meio que viabiliza a realização e o funcionamento do edifício, mas também como
um fim como possibilidade formal a ser valorizada com intenção estética. Neste
segundo caso, são estratégias claras que põem em relevo os aspectos técnicos,
é o caso, por exemplo: o desenho do sistema estrutural, a forma de fechamentos
verticais e protetores solares, a resolução formal das coberturas de edificações.
Nos casos onde os aspectos técnicos não são valorizados, o seu papel se reduz
à função primeira, sem maior expressão no todo arquitetônico.
Cunha (2) diz que a técnica apresenta duas dimensões de abordagem: a
“funcional”, vinculada ao “funcionamento” do edifício (3); e a dimensão
“representativa”, por intermédio da qual a técnica ganha valor simbólico. Nesses
casos, em se tratando de sistemas estruturais, observa-se a riqueza da
composição formal no que diz respeito à resolução estrutural da edificação.
Nos casos de valorização da técnica através da nítida expressão do
sistema estrutural na arquitetura, essa valorização tem diversas motivações: [1]
seja por demanda do programa, como é o caso dos projetos de terminais de
aeroportos entre outros [2] pelo sistema estrutural como é o caso das estruturas
espaciais, ou pelas vigas e pilares inclinados que põe em relevo a forma dos
vigamentos, dos pilares, como também dos próprios planos horizontais.

O edifício administrativo da Mercedes Benz em Berlim e o edifício de


escritórios em Dresden são demonstrações dessa valorização dos sistemas
estruturais, no caso, em contexto europeu. Em ambos os casos existe uma
valorização da estrutura e, naturalmente, uma grande atenção ao detalhe.
No caso do edifício administrativo da Mercedes Benz em Berlin,
Alemanha, observa-se o cuidado com a resolução da estrutura do plano
horizontal. O encontro das peças, cabos atirantados, o próprio desenho da
cobertura, são aspectos que evidenciam a preocupação e valorização formal
do sistema estrutural.
No caso do edifício de escritórios em Dresden, Alemanha, o sistema
estrutural da área do café valoriza o edifício. Ou seja, a resolução estrutural da
área da cafeteria resolve o problema da área em balanço necessária, e ao
mesmo tempo cria um espaço dinâmico e movimentado.
Opostamente, nos casos em que o sistema estrutural cumpre apenas
função de sustentação verificamos que não há maior destaque formal à
estrutura.

Assim, face ao exposto acima, pode-se inferir que a escolha, definição e


resolução formal do sistema estrutural vincula-se à ênfase dada à técnica na
concepção da arquitetura. No caso da definição da estrutura apenas como um
elemento de sustentação da edificação, o sistema estrutural é explorado na sua
dimensão funcional, ou seja, sem destaque, sem peso, sem influência na
composição formal da edificação. Já no caso da valorização da dimensão
representativa da técnica através da expressão formal do sistema estrutural
adotado, há maior clareza e maior cuidado com o detalhe e a estrutura tende a
ser tratada como um elemento dinamizador da forma do prédio.
A seguir, apresentam-se possibilidades de valorização do desenho do
sistema estrutural na edificação, no sentido da valorização da dimensão
representativa da técnica.
2. A valorização do desenho da estrutura na concepção arquitetônica: o caso
das estruturas metálicas
A nossa hipótese é de que, normalmente, nas edificações onde se
verifica a valorização do desenho do sistema estrutural há a intenção de
destacar o valor simbólico da técnica. Quer seja em decorrência do fato do
programa do edifício remeter ao desenvolvimento tecnológico como o caso já
citado dos aeroportos, quer seja pela intenção de vincular a imagem de uma
instituição, pública ou privada, ao arrojo e atualidade das técnicas mais
modernas. Nesses casos observa-se uma recorrência na utilização de
estruturas em aço, sem restringir-se aos sistemas estruturais, que faz sentido
pelo caráter imediato (4) do material que remete, em alguns contextos, à
modernidade e ao desenvolvimento científico e tecnológico.
Quando o sistema estrutural é valorizado, o sistema de vigas e pilares assume
um papel na definição formal do edifício. Os pilares, nesses casos, ora são
trabalhados inclinados, como é o caso da Câmara de Deputados do Estado
Saxônia, em Dresden, Alemanha, em que os pilares fora do prumo dinamizam
a resolução formal da edificação; ora são trabalhados como elementos
articulados e apresentam-se de forma autônoma,como o Aeroporto de
Stansted, Inglaterra, onde se destaca o caráter escultural do conjunto viga-
pilar. O fato é que, nesses casos, os pilares ganham destaque na resolução
formal da arquitetura. (5)

O conjunto viga-pilar, ainda nesses casos de valorização do desenho do


sistema estrutural, também ganha expressão formal de destaque,
principalmente na resolução de coberturas metálicas, como é o caso da
estação de metrô de superfície na cidade de Dresden, Alemanha.
Ao mesmo tempo em que os sistemas estruturais em aço tendem a ser
lidos como signos de desenvolvimento tecnológico e modernidade,
destacadamente nas soluções que primam pela leveza; cabe salientar também
que as treliças espaciais são outra forma de qualificar o espaço pela sua
configuração física dinâmica.
Considerando o acima exposto, pergunta-se:
O ensino dos sistemas estruturais tem possibilitado a sua compreensão
funcional e formal? Os sistemas estruturais têm sido abordados por
engenheiros e arquitetos nas suas possibilidades de valorização formal com
intenção estética? Senão, como é possível ampliar uma abordagem ampla e
não redutiva da questão da estrutura na concepção dos projetos de edifícios? É
com o intuito de formular tais respostas que apresentamos o que vem a seguir.
3. A abordagem pedagógica dos sistemas estruturais
Dois aspectos devem ser considerados acerca da valorização formal
com intenção estética no projeto de sistemas estruturais.
O primeiro deles é que a estrutura em uma edificação faz parte do todo a
ser construído sendo, portanto, um dos elementos geradores do espaço,
portanto faz sentido que ela seja trabalhada também como elemento formal. Ou
seja, limitar o ensino dos sistemas estruturais apenas à abordagem funcional
limita a sua compreensão e o seu desenvolvimento, o seu papel é um duplo
entre a função e a forma, a primeira estrutura o edifício, a segunda o
pensamento.
Essa abordagem ampla é reforçada, por exemplo, pelo trabalho do
ilustre arquiteto Norman Foster, pois nos seus projetos verifica-se um extremo
cuidado e valorização da estrutura desde as fases iniciais de concepção do
projeto de um edifício. Desde os primeiros esboços já se depreende a
preocupação de valorizar e dinamizar o espaço construído pela proposta
estrutural. As figuras abaixo ilustram a preocupação do arquiteto com o caráter
escultural do sistema estrutural. É isso que ilustra os esquemas para o projeto
do Edifício HSBC em Shangai, Japão. (6)

O segundo ponto a ser mencionado é a necessidade de fomentar uma


abordagem interdisciplinar no ensino de sistemas estruturais. O ensino de
projeto de arquitetura deve ser praticado de modo solidário ao ensino dos
sistemas estruturais por meio de um trabalho conjunto das disciplinas de
projeto arquitetônico e sistemas estruturais com o intuito de fomentar as
dimensões funcional e formal na prática de projeto.
4.Conclusões
Como considerações finais, três aspectos devem ser destacados.
Inicialmente, é importante o reforço do entendimento de que os sistemas
estruturais apresentam um papel funcional e um formal no projeto de
arquitetura. O papel funcional é vinculado às necessidades de sustentação e
manutenção do objeto arquitetônico na sua forma desejada. Já o formal,
vinculado às possibilidades de destaque na composição arquitetônica. Nesse
caso, vale destacar que a resolução formal de uma solução estrutural faz parte
de um todo arquitetônico e que a ênfase compositiva do sistema estrutural na
arquitetura vincula-se diretamente à valorização da dimensão tecnológica no
projeto.
Um segundo aspecto a ser mencionado nas conclusões vincula-se as
múltiplas possibilidades de valorização do sistema estrutural na arquitetura do
edifício, destacando a necessidade da relação direta da maior ênfase na
resolução do sistema estrutural com a conceituação do projeto de arquitetura.
Este aspecto relaciona-se diretamente com o terceiro ponto a ser destacado
nas conclusões deste artigo. A valorização do sistema estrutural deve estar
presente desde a fase de conceituação e de concepção do projeto de
arquitetura, não sendo, portanto, um elemento de arquitetura fruto de um
processo de recortar-colar.

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