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DANÇA E EDUCAÇÃO FÍSICA: É OU NÃO É!!!!!


Adriana de Faria Gehres
Universidade de Pernambuco
(UPE) e Centro de Formação e Pesquisa das
Artes Cênicas Teatro Apolo-Hermilo (Prefeitura do
Recife)

agehres@yahoo.com

Nossa abordagem da relação Dança e Educação Física no ensino formal se


estabelece considerando nossas inquietações estreitamente relacionadas ao ensinar e
aprender dança no seu sentido mais latu. Nesse texto compartilharemos algumas
constatações/reflexões evidenciadas a partir de nossas experiências como professora e
artista.
A primeira constatação, elaborada através da realização de pesquisa exploratória,
afirma que a dança no ensino, no Brasil, estabelece-se prioritariamente sob a forma
extracurricular e quando se manifesta sob a forma curricular está, majoritariamente,
vinculada à componente curricular Educação Física.
A segunda debruça-se sobre o corpo de conhecimentos sistematizados para a dança
no ensino, no Brasil. Historicamente observamos que, no âmbito da Educação Física, há
uma apropriação tradicional da dança como atividade rítmica, uma vez que se
considerava/considera a Educação Física como a componente curricular responsável pelo
desenvolvimento das qualidades físicas1. Uma outra perspectiva de ensinar/aprender dança,
ainda no campo da Educação Física, é como atividade motora, considerando-se que cabe a
Educação Física, entre outros, desenvolver as habilidades motoras básicas e específicas
(Tani et alli, 1988). Numa outra vertente que procura romper com as perspectivas de
Educação Física/atividade física/motora, identificamos os trabalhos de Soares et alli (1992),
Brasileiro (2001), as quais abordam a dança, a partir de uma perspectiva crítica, como
conhecimento sócio-histórico-político-cultural. Essas propostas, entretanto, apresentam

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Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Educação Física, ainda que não apresentem uma perspectiva de
Educação Física como atividade relativa ao desenvolvimento de qualidades físicas, sucumbe à tradição
nomeando os conteúdos afetos à dança como “atividades rítmicas”.
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pouquíssimos elementos de ordem teórico-metodológica que nos ajudem a compreender de


forma mais profunda e específica, o ensinar/aprender próprio da dança.2.
Já no âmbito do Ensino da Arte, temos, indiscutivelmente, os trabalhos de Marques
(2003a, 2003b, 1998a, 1998b, 1996, 1995)3, declaradamente uma admiradora/seguidora da
obra do educador brasileiro Paulo Freire, a qual vem sistematizando uma proposta crítica e
multifacetada para a dança no ensino, considerando os elementos próprios do processo de
sistematização do ensino da dança, e antenada com as necessidades dos cidadãos e do
sistema de ensino no Brasil. A autora insere-se no âmbito das propostas críticas
desenvolvidas por autoras mulheres e americanas (do Norte e do Sul), tais como: Taylor
(1996), Stinson (1998a, 1998b, 1995, 1993, 1988), Shapiro (1998a, 1998b, 1996).
Considerando as duas constatações expostas anteriormente, estabelecemos as
seguintes reflexões:
a) a dança deve estar no ensino fundamental e médio de forma múltipla, sob a forma
curricular e/ou não curricular, desenvolvida por profissionais de Educação Física
e/ou do Ensino da Arte, com e sem especialização em dança, ou ainda por
profissionais com preparação acadêmica específica em dança, pois a dança está
presente nas comunidades escolares, como diversão, possibilidade de
profissionalização, transcendência, atividade física, técnica corporal e outros.
Tornar o acesso sistemático a ela um direito dos escolares, significa ampliar
conseqüentemente a vivência dos seus significados no sentido de se apropriar desses
como atores/atrizes sociais: cidadãos;
b) o conhecimento acumulado no campo da dança no ensino no Brasil necessita ser
ampliado; fortemente socializado e discutido; e profundamente avaliado do ponto de
vista da atuação conseqüente dos profissionais que a ela se dedicam. A preparação
profissional mais específica, com certeza irá se estabelecer prioritariamente nas
licenciaturas em dança, mas não pode nem deve deixar de existir de forma ainda
mais profunda nos cursos de graduação em Educação Física e Ensino da Arte. Esses

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O que queremos dizer com isto?! Embora esses trabalhos apontem para uma apropriação da dança em toda a
sua plenitude - assim como o fazem os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino da Arte, identificamos a
ausência de elementos próprios à sistematização do ensino da dança ao longo da história, os quais se
desenvolvem, mais especificamente, no campo da dança como arte (dança clássica, dança moderna, dança
pós-moderna, dança expressionista alemã, nova dança, entre outras).
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Isabel A. Marques fez parte da equipe que elaborou os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino da Arte
sob a coordenação da professora Ana Mae Barbosa.
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dois profissionais devem atuar de forma conjunta nos sistemas de ensino público
com vistas a qualificar o ensino da Educação Física e da Arte de forma a não torná-
las prisioneiras, respectivamente, conforme nos apontam suas histórias, dos esportes
e das artes visuais, numa vertente muitas vezes mais técnica que artística ou mais
espontaneísta que conseqüente, amplificando o acesso à dança em nossa sociedade.
Por fim, retornando à provocação inicial proposta pelo título do nosso mini-
curso/texto, gostaríamos de afirmar que Dança e Educação Física é uma relação que “foi, é
e sempre será”, na medida em que a primeira apresenta-se como uma produção humana que
pode e deve ser sistematizada/ensinada a todos os cidadãos no exercício de seu direito de
acesso ao conhecimento universal e, a segunda, é um campo de conhecimento abrangente
passível de refletir sobre a dança como cultural corporal de movimento, entendida como
conhecimento sócio-histórico-político-social, desde que resguardada toda a sua
“especificidade”.

REFERÊNCIAS
Brasileiro, L. T. O conhecimento no currículo escolar: o conteúdo dança em aulas de
Educação Física na perspectiva crítica. 2001. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro
de Educação – Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Marques, I. M. M. A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003a.
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possíveis. a. 02, edição especial, 2003b, pp. 23-28.
_______. (1998a). Body, dance and contemporary education. Pró-posições. n. 09, v. 02,
1998a, pp. 70-78.
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Shapiro, S. B. Toward transformative teachers: critical and feminist perspectives in dance
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_____. Dance, power and difference: critical and feminist perspectives on dance education.
Champaign: Human Kinetics, 1998b.
______. Toward transformative teachers: feminist perspectives in dance education.
Impulse, v. 04, 1996, pp. 37-47.
Soares, C.L. et alli. Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
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Stinson, S. Curriculum and the morality of aesthetics. Pró-posições. v. 09, n. 02. 1998a, pp.
23-34.
______. Seeking a feminist pedagogy for children’s dance. In.: Shapiro, S. (Ed.) Dance,
power and difference: critical and feminist perspectives on dance education. Champaign:
Human Kinetics, 1998b.
______. Uma pedagogia feminista para a dança da criança. Pró-posições, v. 06, n. 03, 1995,
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______. A place called dance in school: reflecting on what the students say. Impulse, n. 01,
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______. Dance for young children: finding the magic in movement. Reston: National
Dance Association and American Alliance for Health, Physical Education and Dance, 1988.
Stinson, S. W., Blumenfeld-Jones, D., & Van Dyke, J. Voices of adolescents students: an
interpretative study of meaning in dance. Proceedings of 4th Conference of Dance and
Child International. London, Great Britain, 1988, pp. 296-308.
Tani et alli, Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista.
São Paulo: E.P.U., 1988.
Taylor, S. B. Dança em uma época de crise social: em direção a uma visão transformadora
de dança-educação. Revista Comunicações e Artes, n. 17, v. 28, 1996, pp. 65-74.

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