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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0000.16.089662-7/001 Númeração 5002752-


Relator: Des.(a) Mariangela Meyer
Relator do Acordão: Des.(a) Mariangela Meyer
Data do Julgamento: 21/02/0017
Data da Publicação: 24/02/2017

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA INEXISTENCIA DE


RELAÇÃO JURÍDICA C/C INDENIZAÇÃO - INSTITUIÇÃO FINANCEIRA -
EMPRESTIMO CONSIGNADO - REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO -
NÃO DEMONSTRADA - DESCONTO INDEVIDO - RESPONSABILIDADE
CIVIL - DEVER DE REPARAR - REPETIÇÃO DO INDÉBITO -
CONFIGURADO - DANOS MORAIS - INDENIZAÇÃO DEVIDA.

- O fornecedor de produtos e serviços responde objetivamente pelos danos


decorrentes da falha no serviço, devendo ressarcir o ofendido, consoante
disposto no art. 14 do CDC.

- Nestes casos, o dever de reparar somente será afastado caso o prestador


do serviço comprove a existência de uma das excludentes previstas no § 3º
do aludido diploma normativo, a saber, inexistência do defeito, culpa
exclusiva do consumidor ou de terceiro.

- O banco responde pelos danos decorrentes de fraudes em operações


bancárias praticadas por terceiros, não se admitindo a excludente de
responsabilidade, porquanto se trata de fortuito interno, devendo a instituição
financeira suportar os riscos do empreendimento (súmula 479 do STJ).

- Assim, deixando a instituição financeira de comprovar a regularidade do


empréstimo contraído em nome do consumidor, deve ser reconhecida a
invalidade do negócio jurídico e, em consequência, determinada a restituição
dos valores indevidamente descontados do beneficiário previdenciário da
parte autora.

- O desconto indevido realizado no benefício previdenciário da

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requerente configura situação hábil a provocar abalos morais, tendo em vista


a natureza alimentar da referida verba, cabendo ao requerido arcar com o
pagamento de indenização por danos morais.

- O valor da indenização tem como objetivo compensar uma lesão que não
se mede pelos padrões monetários, devendo ser levado em conta as
peculiaridades de cada caso e principalmente o nível sócio-econômico das
partes, bem como a gravidade da lesão assim como também deve procurar
penalizar o responsável, buscando a sua conscientização, a fim de evitar
novas práticas lesivas.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.16.089662-7/001 - COMARCA DE SETE


LAGOAS - APELANTE(S): IARA CONCEICAO TEIXEIRA ABREU DOS
SANTOS - APELADO(A)(S): BANCO DO BRASIL SA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 10ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em dar provimento ao recurso.

DESA. MARIÂNGELA MEYER

RELATORA.

DESA. MARIÂNGELA MEYER (RELATORA)

VOTO

Trata-se de recurso de apelação interposto por IARA CONCEIÇÃO


TEIXEIRA ABREU DOS SANTOS em face da sentença proferida pelo MM.

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Juiz da 1ª vara cível da comarca de Sete Lagoas que nos autos da "ação
declaratória de inexistência de relação jurídica c/c ação de indenização por
danos morais" em face de BANCO DO BRASIL S/A, julgou improcedente o
pedido inicial, condenando a requerente ao pagamento de custas e
honorários de sucumbência arbitrados em 15% sobre o valor da causa,
suspensa a exigibilidade em virtude da gratuidade judiciária concedida.

Inconformada, insurge-se a apelante ao argumento de que os


documentos juntados pelo requerido não comprovam suas alegações. Diz
que o apelado não comprovou que o empréstimo foi realizado pela recorrente
ou pessoa por ela autorizada.

Sustenta que o banco requerido possui em seus caixas eletrônicos


câmeras que filmam a pessoa que está operando o equipamento.

Requer seja dado provimento ao recurso, reformando-se a sentença


primeva, para julgar procedentes os pedidos iniciais.

As contrarrazões foram apresentadas pelo apelado, defendendo que o


empréstimo realizado pela autora consiste em um limite de crédito
permanente disponibilizado na conta da corrente do cliente, feito diretamente
no caixa eletrônico. Afirma que tal operação não gera contrato, mas mero
extrato, sendo necessária a senha e o cartão pessoal do cliente para
conclusão do negócio. Defende a validade da contratação. Argumenta ser
indevida a indenização por danos morais. Aduz não ter havido prática de ato
ilícito pelo banco apelado. Requer seja negado provimento ao recurso.

Relatados, examino e ao final, decido.

Recurso próprio, tempestivo e devidamente preparado.

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Conheço do apelo, presentes os demais pressupostos de


admissibilidade.

Recebo a apelação nos termos do art. 1.012 do NCPC.

Cinge-se a controvérsia acerca da regularidade do empréstimo realizado


por meio da conta corrente da apelante, que está sendo descontado
diretamente de seu benefício previdenciário.

Inicialmente, saliento que a relação entabulada nos autos é de consumo,


estando autora e réu enquadrados no conceito de consumidor e fornecedor,
respectivamente, insculpido nos arts. 2º e 3º, do CDC.

Também é de se registrar que não resta a menor dúvida de que a


responsabilidade contratual da empresa requerida é objetiva, respondendo,
independentemente de culpa, nos termos do art. 14, do CDC, pela reparação
de danos causados pelo defeito do produto ou má prestação do serviço.

Veja-se a redação do mencionado dispositivo legal:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

(...)

§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:

I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;

II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

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Cumpre salientar que, nestes casos, o dever de reparar somente será


afastado caso o prestador do serviço comprove a existência de uma das
excludentes previstas no § 3º do aludido diploma normativo, a saber,
inexistência do defeito, culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Assim, há de se ponderar que, pelos influxos da legislação consumerista,


caberia à parte requerida demonstrar alguma hipótese excludente do dever
reparatório, eis que sua responsabilidade é objetiva, todavia, não o fez, tendo
apenas impugnado as alegações sem apresentar provas contundentes em
sentido contrário.

No caso concreto, verifica-se que o requerido, embora tenha defendido a


regularidade da dívida, limitou-se a apresentar meros documentos
unilaterais, extraídos de seu sistema, sem qualquer comprovante de que a
parte autora tenha contratado qualquer de seus serviços.

Cumpre salientar que caberia ao requerido demonstrar a regularidade da


contratação, não tendo se desincumbido de comprovar sequer que o valor do
empréstimo foi creditado na conta corrente da apelante.

Ao contrário, ao que tudo indica, embora o empréstimo esteja vinculado à


conta corrente da requerente, o valor não foi creditado diretamente nesta
conta, mas sim sacado diretamente na agência bancária (documento de
ordem nº 16).

Além disso, é de ressaltar que o empréstimo, como afirmado pelo próprio


apelado, foi contraído em agência bancária de outra cidade, distante da
residência da apelante, não havendo qualquer indício de que tenha sido
contraído pessoalmente por ela.

Com efeito, ao exercer sua atividade empresarial, é dever do requerido


cercar-se de cuidados no ato da contratação do negócio por seus clientes,
exigindo o mínimo de garantias da regularidade do contrato, tais como,
documentos do consumidor, contrato assinado

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por este, dentre outros.

E ao assim não atuar, o requerido assume os riscos de sua atividade


empresarial, inclusive de se submeter a fraude praticada por terceiros,
devendo suportar os ônus de tal conduta.

Registro que a ocorrência de fraudes em operações bancárias praticadas


por terceiros não pode ser considerada excludente de responsabilidade civil,
na medida em que se trata de fortuito interno, devendo a instituição
financeira suportar os riscos do empreendimento.

Sobre o tema, há súmula do Superior Tribunal de Justiça:

As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados


por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no
âmbito de operações bancárias.

(Súmula 479, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe 01/08/2012)

Nesse contexto, considerando que incumbia ao réu a comprovação da


contratação objeto da cobrança negada pela autora, a teor do que determina
o artigo 373, inciso II do Código de Processo Civil (art. 333, II do CPC/73), é
de se reconhecer a irregularidade do empréstimo objeto da lide.

Este Tribunal, mutatis mutandi, tem reconhecido a responsabilidade das


empresas que se limitam a juntar aos autos meros documentos unilaterais
extraídos de seu sistema:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DEBITO - DANOS MORAIS - DÉBITO NÃO COMPROVADO - ÔNUS DA
PROVA - NEGATIVAÇÃO INDEVIDA - DANO MORAL PRESUMIDO -
DEVER DE RESSARCIR - 'QUANTUM' - RAZOABILIDADE

- Incumbe à parte ré, nas ações declaratórias negativas, provar a

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existência de relação jurídica, porquanto é certo que, no plano fático, não se


pode atribuir ao autor o ônus de comprovar fato negativo.

- Sem provas contundes da existência do débito entre as partes, não se


prestando a juntada de cópias das telas do sistema da ré, uma vez que se
tratam de documentos unilaterais, há de se reconhecer como indevida a
inscrição do nome do autor em cadastro de restrição creditícia, decorrendo o
dano moral, nesta hipótese, do próprio ato ilícito, sendo desnecessária a
efetiva comprovação do prejuízo, por se tratar de dano in re ipsa, que advém
da própria negativação indevida.

- O 'quantum' indenizatório por dano moral não deve ser a causa de


enriquecimento ilícito nem ser tão diminuto em seu valor que perca o sentido
de punição. (TJMG - Apelação Cível 1.0452.14.008663-1/003, Relator(a):
Des.(a) Domingos Coelho, 12ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 13/07/2016,
publicação da súmula em 19/07/2016)

Assim, impõe-se reconhecer a irregularidade do empréstimo contraído


em nome da autora e, por consequência, a ilicitude dos descontos realizados
em seu benefício previdenciário.

E sendo indevida a cobrança, por certo que os valores já descontados


indevidamente devem ser restituídos à parte requerente, nos termos do
artigo 876 do CC, valor a ser apurado em liquidação de sentença.

Este tem sido o entendimento desta Câmara em casos semelhantes:

EMENTA: DESCONTO INDEVIDO EM BENEFÍCIO. INEXISTÊNCIA DO


CONTRATO. DESCONTO INDEVIDO. REPETIÇÃO SIMPLES. CADASTRO.
DANO MORAL. CARACTERIZAÇÃO. FIXAÇÃO DO VALOR DO DANO.
CARÁTER PEDAGÓGICO DA CONDENAÇÃO. VEDAÇÃO AO
ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. Se não há embasamento material, os
descontos havidos em benefício de aposentado são ilícitos e devem ser
cancelados. O valor solvido indevidamente deve ser repetido de maneira
simples. Se não há a demonstração de atuação zelosa por

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parte da instituição bancária, é devido o pagamento de indenização moral em


razão de desconto indevido em benefício previdenciário, pois isso
compromete o sustento da pessoa. A fixação do dano deve ser feita em
medida capaz de incutir ao agente do ato ilícito lição de cunho pedagógico,
mas sem propiciar o enriquecimento ilícito da vítima e com fulcro nas
especificidades de cada caso. (TJMG - Apelação Cível 1.0145.15.015471-
7/001, Relator(a): Des.(a) Cabral da Silva , 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 14/03/2016, publicação da súmula em 13/05/2016)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA


DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. DESCONTO EM FOLHA. BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. CONTRATAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
FRAUDE REALIZADA POR TERCEIRO. ATO ILÍCITO CARACTERIZADO.
DANOS MATERIAIS. OCORRÊNCIA. RESTITUIÇÃO SIMPLES DO
INDÉBITO. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. 'QUANTUM'
INDENIZATÓRIO. CRITÉRIOS. RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. EXCLUSÃO DOS
JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. ARBITRAMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 20, § 3º, DO
CPC. I - Aplicam-se as disposições do Código de Defesa do Consumidor à
vítima de evento danoso, nos termos do artigo 17 do CDC. II - Dispõe o art.
14 do CDC que "O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços..." O § 3º estabelece: "O
fornecedor do serviço só não será responsabilizado quando provar: I - que,
tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do
consumidor ou de terceiro". É a responsabilidade objetiva, pelo fato do
serviço. III - A contratação de empréstimo por terceiros não afasta a
responsabilidade da instituição financeira, a teor da aplicação da teoria do
risco do negócio. IV - Para se configurar lesão ao patrimônio imaterial é
preciso que a conduta antijurídica seja suficientemente grave de forma a
macular a dignidade, a honra ou a imagem do ofendido. V - Tendo em vista
que a responsabilidade da instituição financeira perante o consumidor é
objetiva, responderá ela por desconto indevido no benefício

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previdenciário de natureza alimentar deste, decorrente de contrato de


empréstimo consignado realizado por terceiro de má-fé. VI - Resta
caracterizada a lesão quando a instituição bancária, possuindo meios de
verificar a ocorrência de fraude, não adota as providências necessárias para
obstar tal prática. VII - A não produção de provas a derruir os fatos alegados
na petição inicial conduz à procedência do pedido de condenação do réu ao
pagamento de danos morais, resultante do indevido desconto de valores nos
benefícios de aposentadoria do autor. VIII - Na fixação de indenização por
dano moral, o julgador deve levar em conta o caráter reparatório e
pedagógico da condenação, de forma a não permitir o lucro fácil do ofendido,
mas também sem reduzir a verba a um valor ínfimo ou irrisório. IX - A teor
dos arts. 42, parágrafo único, do CDC, e 940 do Código Civil, a devolução
em dobro somente ocorrerá se a cobrança do valor desembolsado estiver
revestida de dolo ou má-fé por parte do credor. X - No tocante ao
arbitramento do quantum advocatício devido pelo sucumbente, o órgão
judicante deverá atender ao grau de zelo do profissional, ao lugar da
prestação do serviço, à natureza e importância da causa, ao trabalho
realizado pelo advogado e ao tempo exigido para o seu serviço. (TJMG -
Apelação Cível 1.0422.06.002446-6/001, Relator(a): Des.(a) Vicente de
Oliveira Silva, 10ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 17/05/2016, publicação
da súmula em 03/06/2016)

Quanto ao dano moral, o art. 5º, inciso X, da Constituição da República


de 1988, estabelece:

Art. 5º.

(...)

X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito de indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação.

A propósito do tema, SÉRGIO CAVALIERI FILHO in Programa de


Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, pg. 74/75, leciona que:

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Enquanto o dano material importa em lesão de bem patrimonial, gerando


prejuízo econômico passível de reparação, o dano moral é lesão de bem
integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a
integridade física e psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação à vítima.

O referido dano caracteriza-se pela violação dos direitos integrantes da


personalidade do indivíduo, atingindo valores internos e anímicos da pessoa,
tais como, a dor, a intimidade, a vida privada e a honra, entre outros.

Assim ensina YUSSEF SAID CAHALI:

Na realidade, multifacetário o ser anímico, tudo aquilo que molesta


gravemente a alma humana, ferindo-lhe gravemente os valores fundamentais
inerentes à sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está
integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como dano moral; (...). (in Dano
Moral, Ed. Revista dos Tribunais, 2ª edição, 1998, p. 20)

Nesse sentido, eis a jurisprudência desta Corte Revisora:

APELAÇÃO CÍVEL. DANO MORAL. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME DO


REQUERENTE NOS CADASTROS DE NEGATIVAÇÃO DE CRÉDITO.
AUSÊNCIA DE CONTRATO FIRMADO ENTRE AS PARTES. FRAUDE DE
TERCEIRO. INDENIZAÇÃO DEVIDA. DANO MORAL PRESUMÍVEL. Se o
nome do suposto devedor é indevidamente incluído nos cadastros de
proteção ao crédito por empresa que, agindo com displicência, firmou
contrato com terceira pessoa que se utilizou dos documentos daquele,
cabível se mostra a indenização por danos morais que, a propósito, se
presumem. (TJMG. Ap. Cível n. 1.0338.05.033489-9/001; Rel. Des, Luciano
Pinto, j.:05.06.2008)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. INSCRIÇÃO INDEVIDA.


INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. DANO IN RE IPSA. (...) A jurisprudência
deste Pretório está consolidada no sentido de que, na concepção

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moderna do ressarcimento por dano moral, prevalece a responsabilização do


agente por força do simples fato da violação. (...). (REsp 851522 / SP, Rel.
Min. César Asfor Rocha, j.:22.05.200, DJ 29.06.2007 p. 644)

Anota-se que houve o desconto de valores indevidamente do benefício


previdenciário da autora, verba de caráter alimentar e essencial à sua
subsistência, gerando um sentimento de insegurança e aflição na recorrente
diante da redução de sua renda mensal.

Desse modo, encontram-se presentes o ato ilícito, o nexo causal e o


dano (presumido) que impõe à instituição bancária o dever reparatório.

Já no que diz respeito ao quantum, não se olvida que o valor da


indenização, a qual fica a cargo do magistrado, deve atender às
circunstâncias do caso concreto, não podendo ser irrisório a ponto de nada
representar ao agente que sofre a agressão, assim como não pode ser
exagerado a ponto de propiciar enriquecimento sem causa, sem esquecer,
contudo, a função pedagógica de reprimenda pecuniária.

Em relação ao valor devido a título de indenização, preleciona


HUMBERTO THEODORO JÚNIOR:

Impõe-se rigorosa observância dos padrões adotados pela doutrina e


jurisprudência, inclusive dentro da experiência registrada no direito
comparado para evitar-se que as ações de reparação de dano moral se
transformem em expedientes de extorsão ou de espertezas maliciosas e
injustificáveis. As duas posições sociais e econômicas, da vítima e do
ofensor, obrigatoriamente, estarão sob análise, de maneira que o juiz não se
limitará a fundar a condenação isoladamente na fortuna eventual de um ou
na possível pobreza do outro. (THEODORO JÚNIOR, Humberto. Dano
Moral. 5ª ed. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2007).

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O ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma forma de


compensar o mal causado e não deve ser usado como fonte de
enriquecimento ou abusos. Dessa forma, a sua fixação deve levar em conta
o estado de quem o recebe e as condições de quem paga.

Esse numerário deve proporcionar à vítima satisfação na justa medida do


abalo sofrido, produzindo, no causador do mal, impacto bastante para
dissuadi-lo de igual procedimento, forçando-o a adotar uma cautela maior,
diante de situação como a descrita nestes autos.

Verifico, nesse aspecto, que o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais)


atende os objetivos outrora mencionados, tendo em vista que a autora teve
descontados valores de sua pensão indevidamente.

Isso posto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para reformar a


sentença apelada, julgando procedentes os pedidos iniciais, para declarar a
invalidade do empréstimo consignado realizado em nome da autora
declinado na exordial, condenando o requerido a restituir à requerente os
valores indevidamente descontados de seu benefício previdenciário, a ser
apurado em liquidação de sentença, bem como lhe pagar indenização por
danos morais, arbitrada em R$ 5.000,00 (cinco mil reais), acrescido de juros
de mora a contar da citação (art. 405 do CC).

Os valores a serem restituídos devem ser corrigidos pelo índice da CGJ


desde o desconto indevido de cada parcela e a indenização por danos
morais deve ser corrigida a partir desta decisão.

Inverto os ônus sucumbenciais e condeno o apelado ao pagamento de


custas e despesas processuais, bem como honorários de sucumbência,
arbitrados em 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

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DES. VICENTE DE OLIVEIRA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. MANOEL DOS REIS MORAIS - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO."

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