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Resumo de “Estética da Recepção”.

Hellen Cristina Silva, 3º Letras Inglês/noturno

ZAPPONE, Mirian Hisae Yaegashi. Estética da Recepção. IN: BONNICI Thomas;


ZOLIN Lucia Osana (orgs). Teoria Literária: Abordagens históricas e tendências
contemporâneas. Maringá: UEM, 2004.

ESTÉTICA DA RECEPÇÃO

Caracterização geral e inserção histórica da Estética da Recepção


O assunto chave abordado no texto é o processo de leitura e seu espaço nos campos
filosófico e literário. Temos nos seguintes parágrafos uma apresentação da cronologia da
leitura enquanto atividade social e tema de estudos da teoria literária. Diz-nos Zappone
que “embora a relação leitura e literatura seja bastante evidente, o campo dos estudos
literários só passou a tematizá-la a partir das primeiras décadas do século XX”. Portanto
um fato relativamente novo na teoria literária, o interesse pela leitura e pela figura do
leitor são hoje considerados elementos importantes para caracterizar a literatura, sendo
tal figura privilegiada por tendências contemporâneas como a Estética da Recepção.
A Estética da Recepção vem recuperar a experiência da leitura e apresentá-la como base
para se pensar tanto o fenômeno literário quanto a própria história literária. A Estética da
Recepção funda-se na experiência do leitor, tendo-o como principal elemento, elevado ao
status de instância responsável por atribuir sentido àquilo que lê, em detrimento de autor
e texto, que perdem o título de “detentores do sentido”, incapazes de controlar ou
transmitir todos os sentidos, ideias e posições de seu produtor. Essas noções de autor,
texto e leitor são comentadas por Eagleton (1999), quando ele fala sobre o
desenvolvimento da teoria moderna da literatura e as tendências nele envolvidas,
separando essas noções em tópicos entendidos como estudos biográficos do autor,
preocupação excessiva com o texto e figura do leitor.
Segundo Eagleton (1999), diversos tipos de textos, de outras áreas das humanidades,
eram considerados literatura, pois não era necessário que o texto fosse fictício para ser
chamado de literário. O próprio caráter literário do romance chegou a ser posto em
dúvida no século 18, época em que textos científicos e filosóficos tinham importância
literária maior que qualquer drama. Para Zappone, as mudanças teóricas acerca da
influência exercida por cada um dos elementos relacionados ao texto (autor, texto e
leitor), estão ligadas ao desenvolvimento de modelos filosóficos que proporcionam novas
formas de pensar o mundo. Assim, Estética da Recepção como um modelo teórico de
interpretação do texto literário relaciona-se com a Fenomenologia de Edmund Husserl
(1859-1938), cuja proposta era repensar o problema da separação entre sujeito e objeto,
consciência e mundo, enfocando-se no método fenomenológico que consiste em ver
todas as realidades como puros fenômenos, ou seja, do modo como elas são percebidas
pela consciência. Ao experienciar a leitura, o leitor poderia apreender do texto o que é
essencial e imutável, transformando a obra literária, afetada pela percepção do leitor, no
que quer que sua consciência tenha apreendido dela.
Estética da Recepção e outras teorias baseadas no aspecto recepcional
Muitos autores discorreram sobre a literatura a partir do enfoque recepcional,
valorizando a figura do leitor e fazendo da leitura e seus mecanismos uma forma de
desvendamento do texto literário e de compreensão da literatura e as história. Entre os
autores citados por Zappone, podemos destacar Roland Barthes com seu O prazer do
texto (1937), Roman Ingarden e A obra de arte literária (1931), Wolfgang Iser com O ato
da leitura: uma teoria do efeito estético (1976) e Hans Robert Jauss com A história da
literatura como desafio à teoria literária (1967).
Esses diferentes olhares sobre a recepção de um texto literário ganharam status de
vertentes da Teoria da Recepção. Sendo elementos fundamentais para a caracterização
do fato literário, três linhas de abordagem das Teorias da Recepção são divisadas:
1. A expressão Estética da Recepção provém das ideias formuladas por Hans Robert
Jauss, que difundem o caráter artístico de um texto em razão do efeito que este
gera em seus leitores. Propõe assim, uma nova abordagem da história literária que
toma com princípio historiográfico o modo como as obras foram lidas e avaliadas
por diferentes públicos ao longo da história e no tempo atual.
2. Tendo como representantes Stanley Fish, Jonathan Culler e Wolfgang Iser, o
Reader-Response Criticism oensam nos efeitos que um texto pode desencandeiar
em seu leitor, considerando que o texto só ganha existência no momento da
leitura.
3. A Sociologia da leitura também é considerada uma teoria recepcional,
representada por Robert Escarpit, Roger Chartier e Pierre Bordieu. Os trabalhos
desses autores propõem o estudo da literatura através dos elementos que a
sustentam: público, o próprio livro e a leitura, além de privilegiar o processo de
produção de um texto literário, que sai das mãos do autor, passa pelo editor e
chega ao leitor.

Jauss: Nova história literária baseada na Estética da Recepção


Jauss critica a teoria literária anterior e contemporânea a ele, bem como o Formalismo e
o Marxismo (sociologia da literatura), pois tais linhas teóricas limitavam o aspecto
histórico da literatura à cronologia, apegando-se ao cânone seguro das “obras-primas”. A
sociologia da literatura, por exemplo, reduziu, segundo Jauss, a literatura a um mero
reflexo da realidade e do processo social. A proposta de Jauss para o dilema de com unir
em um só aspecto a estética e a história surge, então, através da incorporação de uma
dimensão até o momento pouco trabalhada pelos estudos literários: a dimensão do leitor.
Desse modo, o valor estético seria medido pela recepção inicial do leitor, que o compara
a outras obras já lidas e adquire novo parâmetro para avaliação de obras futuras. Tal
recepção seria sobreposta pela recepção dos leitores futuros, de forma contínua,
mostrando o significado histórico e o valor estético dos textos.

Sete teses para uma nova história da literatura


Em sua primeira tese, Jauss procura mostrar que a historicidade da literatura não repousa
em “fatos literários”, mas na experiência do leitor com a obra literária. Ao contrário dos
fatos históricos, o texto literário depende do leitor para se tornar um acontecimento
literário, pois esse texto é um ato de recepção, não uma ação ou um fato. A recepção de
um texto, diferentemente do acontecimento histórico, só tem consequências se for
propagada e apropriada por públicos posteriores.

A segunda tese de Jauss, que afirma que a experiência literária do leitor pressupõe um
conjunto de conhecimentos prévios (literários ou de vida), contrapõe-se à possível crítica
de que seus métodos historiográficos baseados nessa experiência do leitor pudessem
resultar numa leitura impressionista, subjetiva. Ao demarcar o modo como o leitor
confere sentido ao texto, Jauss entende esse conhecimento prévio de mundo como
sistemas histórico-literários de referência trazidos tanto pelo leitor quanto evocado pelas
obras. O sistema histórico-literário, que abrange todas as convenções literárias, é utilizado
pelo leitor em cada obra lida, e recebe o nome de horizonte de expectativa.

A terceira tese de Jauss propõe a noção de distância estética, que é entendida como o
afastamento entre o horizonte de expectativa preexistente no leitor e o horizonte de
expectativa suscitado por uma nova obra. Assim, a curta distância estética, por exemplo,
entre o horizonte de expectativa do leitor e o da obra, faz com que ela se acomode ao
horizonte de expectativa do leitor, aproximando-se do que Jauss chama de arte ligeira.
Esse é o caso de best-sellers e romances de banca de jornal, cujas convenções e sistemas
literários não se alteram. De outro modo, quando o horizonte de expectativa da obra se
afasta do horizonte do público leitor, o valor estético da obra tende a ser maior, pois esta
obra está propondo um novo horizonte, que força o público leitor à transformação de
seu próprio horizonte de expectativa, para que o horizonte antes desconhecido passe a
ser o sistema histórico-literário de referência para leituras posteriores.

Em sua quarta tese, Jauss tenta fundamentar seu método, posicionando-se contra os
métodos do objetivismo histórico nos estudos literários, para os quais o trabalho de
interpretação é um simples descortinar do sentido atemporalmente verdadeiro de um
texto. Procurando entender como os sentidos do texto são construídos ao longo da
história, Jauss vê a reconstrução do horizonte de expectativa de uma obra como uma
aspecto fundamental para essa construção de sentido. Para ele, a própria consciência que
interpreta um texto (leitor, críticos) está envolvida num processo histórico que afeta o
modo com esse texto é lido. Para explicar esse fenômeno, Jauss empresta um conceito de
Gadamer, a história do efeito, e afirma que o texto seria a resposta a perguntas feitas pelo
público, e que para entender o sentido de um texto-resposta, seria necessário
compreender a pergunta feita. Para tanto, é necessário também que o horizonte de
expectativas da obra e do público seja reconstruído.

Ao descrever o caráter diacrônico de seu projeto na história literária, Jauss, em sua quinta
tese, entende que o lugar de uma obra na série literária não pode ser determinado apenas
em razão de sua recepção inicial, baseando-se no contraste entre velho e novo no
momento de sua aparição. Não se trata, para ele, de ver a história literária como sucessão
de obras que tenham alcançado um ápice no interior de um sistema. A função de uma
obra depende, também, da história das recepções de um texto. Se o valor de uma obra
não é percebido no momento de sua recepção, devido à distância estética entre o
horizonte de expectativa da obra e o do público leitor, talvez seja necessário um longo
processo de recepção para que a obra seja compreendida.

Jauss afirma, em sua sexta tese, que deve-se levar em conta a leitura de uma obra no
momento de seu aparecimento, num movimento sincrônico a partir de critérios do
presente, além de serem lidas a partir de suas sucessivas recepções. Relacionar a obra ao
seu momento significaria reconstituir o horizonte de expectativa a partir do qual é
recebida como atual ou inatual, como ultrapassada ou perene.

O projeto de história literária de Jauss prevê também a observação dos efeitos da


literatura na vida prática de seus receptores. Jauss pretende que a literatura, ao abarcar a
experiência cotidiana do leitor, seja pensada em termos de seus efeitos estéticos, bem
como a partir de seus efeitos possíveis éticos, sociais e psicológicos. Tal literatura, com
uma certa função emancipadora, seria capaz de romper com a percepção comum que o
leitor tem dos próprios fatos da vida cotidiana, ao expandir o espaço limitado do
comportamento social rumo a novos desejos, pretensões e objetivos, abrindo, assim,
novos caminhos para a experiência futura. Este é o terceiro aspecto do projeto de Jauss,
apresentado em sua sétima tese.

Estética da Recepção: Limites e avanços

Em sua proposta de um novo tipo de história literária, Jauss acaba por propor novas
categorias para se pensar o que é a literatura. Se os textos são passíveis de diferentes
recepções, devido aos diferentes públicos que os lêem no tempo e no espaço, o status
desses textos também se modifica, o que força a reformulação dos critérios que definem
os textos literários. Porém, segundo Zappone, a teoria de Jauss esbarra em um problema,
a caracterização do leitor. O leitor idealizado por Jauss é um leitor com habilidades muito
refinadas de leitura, uma vez que ele precisa ter um conhecimento prévio de referências,
de diferentes gêneros e do uso estético e prático da linguagem. Trata-se, portanto, de um
leitor plenamente integrado nas estruturas do campo literário. Assim, a teoria da
Recepção proposta por Jauss abarca apenas em parte o aspecto social e histórico que
pretende abranger, ainda que suas idéias introduzam de forma mais sistemática a
discussão sobre o aspecto recepcional dentro dos estudos literários.

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