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LITERATURA E ALQUIMIA
C – CENTENO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CENTENO, Yvette K., Literatura e Alquimia Ensaios, Lisboa, Editorial Presença,
1987.
A CITAR (eventualmente) :
Prefácio:
"Julgo que não repugnará aos estudiosos a definição de misticismo como forma
de experiência da divindade, imediata e directa, ou sentida e julgada como tal.
Experiência que pode ser instantânea, súbita iluminação, ou resultar de longas
preparações interiores que visam atingir a Realidade Suprema, como escreve
G.G. Scholem em La Kabbale et sa Symbolique 1 (1ed. Payot, Paris, 1966).
O misticismo secular é uma forma de experiência (ou de procura) da divindade,
desligada de contextos tradicionais, embora eles possam servir às vezes de
ponto de partida, ou façam parte, directa ou indrectamente (consciente ou
inconscientemente), da formação cultural de certos meios, de certos indivíduos.
Pode aparecer uma mística sem ligação com qualquer autoridade religiosa. p. 9
(...) para Evelyn Underhill5 (5 Mysticism, Ed. Methuen and Co. Ltd., Londres) o
misticismo "é o nome do processo orgânico que envolve a perfeita consumação
do Amor de Deus", " a arte de estabelecer a relação consciente com o absoluto".
O homem é o centro de encontro de várias fases da realidade, como escreveu
Rudolph Eucken, e a experiência mística dá-lhe à última, à mais perfeita de
todas. Para Evelyn Underhill, que o cita, o misticismo não é uma opinião, não é
uma filosofia, nem uma teoria, nem uma doutrina religiosa, mas "uma actividade
inteiramente espiritual". A finalidade que o místico pretende atingir é "a união
consciente com um Absoluto vivo"6 (6 E. Underhill, Mysticism)
No místico, a união com Deus é consciente, pessoal, completa. (...) como no
alquimista.
Evelyn Underhill define três grupos diferentes de místicos: "A. Aqueles que
concebem o Perfeito como uma visão beatífica exterior a eles e muito afastada.
[...] B. Aqueles para quem o misticismo é, acima de tudo, uma relação pessoal e
íntima, a satisfação de um profundo desejo. [...] C. Aqueles que têm consciência
do Divino como uma Vida Transcendente imanente no mundo e no eu, e de uma
estranha semente espiritual dentro de si, através de cujo desenvolvimento o
Para E. Underhill as três cores que a prima materia assume ao longo da Obra:
negro, branco, vermelho, são "claramente análogas aos três tradicionais
estádios do caminho místico: Purgação, Iluminação, União"10. (10E. Undrerhill
ob.cit.) Pela purgação, correspondente ao solve (do solve e coagula alquímico),
se liberta o eu das suas impurezas, e se prepara para a Revelação final. Esta
Revelação implica e opera simultaneamente a transmutação do eu (do místico,
ou do alquimista), identificando-o com o Uno, a Divindade. A busca alquímica é a
aspiração à Unidade.
(...) o que o alquimista pretende é (...) libertar o ser mais interior, o "ser
espiritual", que a matéria , o homem, em si mesmos encerram. A alquimia é a
Também Serge Hutin, no seu livro sobre a alquimia13 (13S. Hutin, Histoire de
l'Alchimie, Bélgica, 1971), se refere à alquimia mística: "A terminologia alquímica
tinha um sentido figurado e designava o "Ouro Espiritual"." A finalidade da
alquimia não era a procura do ouro material: era a depuração da alma, a
metamorfose mística do espírito. Os "vis metais" eram os desejos e as paixões
terrestres, tudo o que impede o desenvolvimento do ser humano autêntico. A
pedra filosofal era o homem transformado pela transmutação mística. A
transmutação do chumbo em ouro era a elevação do indivíduo para o Belo, o
Verdadeiro, o Bom a realização do Arquétipo que cada um traz entre si. O
homem era a matéria mesma da Grande Obra e assim se explica a passagem
dos Sete Capítulos de Hermes: "A obra está convosco e em vós, de tal modo
que, achando-a em vós próprios, onde ela está continuamente, a tereis sempre
onde quer que estejais, em terra e no mar."14 (14idem)
(...) só o significado místico da alquimia é mesmo verdadeiro: "Fica sabendo que
os filósofos, por precaução, escreveram coisas diversas, a fim de que os
ignorantes, querendo só o ouro ou a prata ,fossem enganados..." 15 (15B. Valentin,
Les Douze Clefs de la Philosophie, Ed. de Minuit, 1956) (...) O ouro não é a
finalidade verdadeira da alquimia. "Tu és a própria matéria da Grande Obra",
escreve também, entre outros, Grillot de Grivry.
A alquimia é a arte da purificação do eu, que torna o homem capaz de aceder ao
Conhecimento, à Revelação, à Unificação Suprema. p. 14
Labirinto e Alquimia
Para Nicolas Flamel, alquimista francês do século XIV, a segunda fase da Obra,
a do branqueamento, ou albedo, é do mesmo modo um labirinto: «... porque aqui
se apresentam mil vias no mesmo instante...»7 (7 Nicolas Flamel, Le livre des
Figures Hieroglyphiques, 1612, reed. Denoël, Paris, 1970, pp. 121-122). O
labirinto é um laboratório. Nele se coagula, se dissolve, ora a terra, ora a água,
faz-se passar a matéria do negro ao branco, para poder chegar ao fim da Obra.
Todo o vocabulário hermético, por vezes tão confuso, não esconde senão uma
única realidade: a da progressão em direcção à luz, depois do afrontamento com
A porta que se abre, o fim que é um recomeço e o que mais será apenas
acessível àqueles que conseguem tornar-se em Pedra Filosofal.
Segundo comentário: