Sei sulla pagina 1di 93

Economia e Mercados

Amanda Aires Vieira

Curso Técnico em Administração


Educação a Distância
2019
EXPEDIENTE

Professor Autor
Amanda Aires Vieira

Design Educacional (1.ed. 2017)


Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa (1.ed. 2017)


Letícia Garcia

Diagramação (2.ed. 2019)


Jailson Miranda

Catalogação e Normalização
Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129)

Coordenação (1.ed. 2017)


Antonio Silva

Coordenação Executiva (1.ed. 2017)


George Bento Catunda
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Geral (1.ed. 2017)


Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Julho, 2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

V657e
Vieira, Amanda Aires.
Economia e Mercados: Curso Técnico em Administração: Educação a distância / Amanda
Aires Vieira. – 2.ed. – Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa,
2019.
90 p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em julho de 2017 através de convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. Economia. 2. Demanda. 3. Oferta. 4. Equilíbrio. 5. Produção. 6. Custos. 7.


Macroeconomia. I. Vieira, Amanda Aires. I. Título.

CDU – 330

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129


Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 5

1. Competência 01 | Conhecer a definição e a importância da economia para as organizações ......... 6

1.1Definições e leis da economia..................................................................................................................... 6

1.1.1 O que é economia? ................................................................................................................................. 6

1.1.2 As áreas da Economia ............................................................................................................................. 8

1.1.3 Alguns conceitos básicos importantes .................................................................................................... 9

1.1.4 Leis econômicas .................................................................................................................................... 14

1.1.5 A escassez de recursos x necessidades e desejos ilimitados ................................................................ 16

1.1.6 A tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento .............................................................. 17

1.2 Entendendo o funcionamento de uma economia ................................................................................... 21

1.2.1. O fluxo circular da riqueza ................................................................................................................... 21

2. Competência 02 | Classificar os mercados, conhecendo os conceitos de demanda e oferta ........ 30

2.1 Teoria dos preços ..................................................................................................................................... 30

2.1.1 Lei da demanda ..................................................................................................................................... 31

2.1.2 Deslocamento da curva de demanda ................................................................................................... 38

2.1.3. Lei da oferta ......................................................................................................................................... 50

2.1.4 Deslocamento da curva de oferta no mercado .................................................................................... 52

2.1.5 Ponto de equilíbrio................................................................................................................................ 55

2.1.6 Dinâmica de mercado ........................................................................................................................... 58

3.Competência 03| Compreender os fundamentos da macroeconomia ............................................ 62

3.1 As funções e as formas de atuação do governo ...................................................................................... 62

3.1.1 A função distributiva ............................................................................................................................. 63

3.1.2. A função alocativa ................................................................................................................................ 73

3.1.3 A função estabilizadora ......................................................................................................................... 75

3.1.4 A função reguladora .............................................................................................................................. 76

3
4.Competência 04| Entender a teoria e a prática em operações cambiais......................................... 80

Conclusão ............................................................................................................................................. 83

Referências ........................................................................................................................................... 84

Minicurrículo do Professor ................................................................................................................... 90

4
Introdução

Queridos alunos,

Começamos hoje o curso de ECONOMIA!


Esse tema tem como objetivo desenvolver a sua análise crítica da realidade empresarial.
Além disso, a disciplina pretende expor os fundamentos da economia, enfatizando o papel da
empresa e a importância desses conhecimentos para o empresário. Ao final da disciplina, você vai
poder compreender o funcionamento da economia e como a empresa que você administra poderá
responder às variações do ambiente econômico. Logo, estudaremos temas como: o que é a
economia; sistemas econômicos; a economia de mercado; demanda/oferta e equilíbrio, estruturas
de mercado; PIB; câmbio; juros e outros tópicos de macroeconomia.
Vamos ao que interessa? Compreender o que é e como a economia funciona? No tópico
01 da nossa disciplina abordaremos a definição de economia e quais as principais definições desta
disciplina.

5
Competência 01

1. Competência 01 | Conhecer a definição e a importância da economia


para as organizações

O que é Economia?
1.1Definições e leis da economia

Para estudar as decisões econômicas de famílias, empresas e governos, é necessário,


inicialmente, entender do que trata a economia. Apesar de ser uma palavra largamente utilizada
como sinônimo de previdência, o significado de economia não é, muitas vezes, plenamente
compreendido. Esta seção busca esclarecer esse aspecto, respondendo à seguinte questão: o que é
economia?

1.1.1 O que é economia?

Um ponto inicial para compreender o conceito de economia diz respeito à análise


etimológica dessa palavra. O termo economia se origina do grego, oikonomia: oikos (casa), nomos
(costume, lei, ou também, administrar, gerir) e ια (sufixo relativo a assuntos como ciência, doutrina
e profissão). Assim, oikonomia poderia ser traduzida como a “ciência da administração da casa”.

Na administração de um domicílio, um chefe de família precisa decidir sobre diversos


assuntos, tais como: o quanto adquirir de alimentos e energia elétrica; se deve comprar uma nova
geladeira a prazo ou esperar até ser possível comprar à vista; se deve investir em uma reforma ou
trocar de residência; se deve contratar alguém ou realizar os trabalhos domésticos por conta própria;
se deve aceitar a promoção em seu emprego (e trabalhar mais horas) ou recusá-la (e ter mais tempo
disponível para o lazer).

A tarefa de administrar envolve escolhas, não somente nas casas, como também nas
empresas e órgãos públicos. As decisões estão relacionadas a objetivos que podem ser alcançados de

6
Competência 01

maneiras diferentes, cada uma delas dependente de diferentes métodos e condições para a utilização
dos recursos disponíveis.
Assim, a economia é uma ciência social que estuda como os agentes econômicos decidem
empregar recursos na produção de bens e serviços, de modo a distribui-los entre as pessoas e grupos
da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.
Essa noção mais fundamental de economia acabou sendo alterada ao longo dos anos.
Mais recentemente, a maior parte dos livros tem trazido a noção do conceito de economia de uma
forma diferente. Dentre as formas possíveis, eu gosto de uma particularmente utilizada no livro de
Introdução à Economia do A. Gremaud et all que diz o seguinte:

“Economia é a ciência da escolha quando os


recursos são escassos, ou seja, insuficientes para
satisfazer necessidades e desejos
ilimitados dos indivíduos”

Assim, em cima desse conceito, eu gosto de reforçar a ideia da escolha! Na verdade, toda
vez que se falar em economia, vai se falar no processo de escolher algo. E por que eu preciso escolher?
Por uma razão simples: embora eu queira, eu não posso ter tudo! Se você pensar dessa forma, nunca
mais vai esquecer-se do conceito de economia!

Toda vez que se falar em economia, você vai sempre lembrar-


se de ESCOLHA!

Essa informação nos será útil mais adiante!

Figura 1. Mulher rodeada de sapatos refletindo sobre escolha


Fonte: GettyImages.pt
Descrição da imagem: Mulher vestida com t-shirt e calça preta, com cabelo de cor ruivo, amarrada no alto da cabeça,
com o dedo indicador da mão direita na boca, e cotovelo apoiado no joelho sentada no chão rodeada de sapatos de salto
em processo de escolha de qual calçado adquirir.

7
Competência 01

Um vídeo de que gosto demais é apresentado no youtube para que


você possa dar uma olhadinha em como o conceito de escolha fica
bastante nítido! Disponível em:
www.youtube.com/watch?v=HGizAyRFqYA

Por que esse vídeo fala sobre economia? Por uma razão simples: as crianças precisam
ESCOLHER se desejam consumir agora ou no futuro. A ideia de previdência não é nem a parte
principal do vídeo. O que eu quero que você compreenda é a necessidade de escolher, tópico
fundamental quando se fala em economia.
Logicamente, saber o que é economia não é o suficiente. Assim, na seção seguinte
conversaremos um pouco sobre alguns dos principais conceitos básicos de economia.

1.1.2 As áreas da Economia

A teoria econômica é dividida em três grandes ramos: microeconomia, macroeconomia


e desenvolvimento econômico. A etimologia das duas primeiras palavras já ajuda a perceber a
diferença básica entre as áreas de atuação: enquanto a microeconomia estuda as partes, a
macroeconomia estuda o TODO.

Ao estudar e procurar relacionar os grandes agregados, a macroeconomia não analisa em


profundidade o comportamento das unidades econômicas individuais, tais como famílias e firmas, a
fixação de preços nos mercados específicos, os efeitos de oligopólios em mercados individuais, etc.
Essas são preocupações da microeconomia. A macroeconomia é aplicada no estudo das relações
entre os grandes agregados econômicos. Ela se ocupa da economia como um todo, buscando
respostas para a determinação de cada uma dessas variáveis globais. Por exemplo, no mercado de
bens e serviços, o conceito de Produto Nacional é um agregado de mercados agrícolas, industriais e
de serviços; no mercado de trabalho, a macroeconomia preocupa-se com oferta e demanda de mão
de obra e com a determinação dos salários e do nível de emprego, mas não considera diferenças de
qualificação, gênero, idade, origem da força de trabalho, etc. Quando considera apenas o nível da

8
Competência 01

taxa de juros, não são destacadas devidamente as diferenças entre os vários tipos de aplicações
financeiras.
O custo dessa abstração é que os pormenores omitidos são muitas vezes importantes. A
abstração, porém, tem a vantagem de permitir estabelecer relações entre grandes agregados e
proporcionar melhor compreensão de algumas das interações mais relevantes da economia, que se
estabelecem entre os mercados de bens e serviços, de trabalho e de ativos financeiros e não
financeiros, assim como as intervenções do governo.
Dessa forma, não existe conflito entre a teoria macro e a teoria microeconômica. A
diferença fundamental seria uma questão de foco. Ao analisar os preços em determinado mercado,
a microeconomia considera que os preços dos demais mercados não são alterados, seguindo a
hipótese do ceteris paribus. Na macroeconomia, analisa-se o nível geral de preços, ignorando-se as
mudanças de preços relativos de bens dos diferentes mercados.
Assim, a teoria macroeconômica preocupa-se tanto com questões conjunturais – ou de
curto prazo – quanto com questões estruturais – ou de longo prazo. Entre as questões conjunturais,
destacam-se a análise do desemprego e da inflação. As questões estruturais estão associadas a
problemas como o desenvolvimento econômico, distribuição de renda, crescimento econômico,
globalização ou progresso tecnológico.

1.1.3 Alguns conceitos básicos importantes

Para definir economia, foram empregados alguns termos que podem não ser de
conhecimento comum, ou que possuem sentidos diferentes em outros ramos do conhecimento
como, por exemplo: necessidades, agentes econômicos e firmas. A fim de esclarecer o emprego
desses termos na ciência econômica, definiremos, também, alguns conceitos adicionais, que serão
amplamente utilizados no decorrer do nosso estudo.

Necessidade: sensação de desejar algo.


O conceito de necessidade pode ser dividido em duas partes: a necessidade primária e a
secundária.
Vamos dar uma olhada nesses conceitos?

9
Competência 01

a) Necessidade primária: a satisfação é imperiosa (obrigatória), como se alimentar.


b) Necessidade secundária: a satisfação não é fundamental, como adquirir um carro
novo.

Figura 2 – Cadeia das Necessidades


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A imagem mostra uma pirâmide da Cadeia de Necessidades dividida em duas partes. A base da pirâmide
representa a Necessidade Primária, considerada obrigatória, a exemplo da alimentação. No topo está a Necessidade
Secundária, cuja satisfação não é fundamental, exemplo de carro novo.

Bens e serviços: os meios através dos quais as necessidades são satisfeitas.


a) Bens livres: abundantes, postos à disposição pela natureza (não produzidos pelo
homem). Exemplo: ar, água.
b) Bens econômicos: bens escassos, geralmente produzidos pelo homem. São
classificados como bens de consumo ou de produção.
c) Bens de consumo: voltados para o consumo final (podem ser duráveis ou não).
Exemplo: peças do vestuário, televisão, carros.

Bens de produção: destinados à produção de outros bens. Podem ser bens de capital ou
bens intermediários.

a) Bens de capital: bens de produção que podem ser utilizados várias vezes.
Exemplo: máquinas, computadores de alta tecnologia, fornos industriais.

10
Competência 01

b) Bens intermediários: bens de produção que são utilizados uma única vez (são
transformados durante o processo produtivo).
Exemplo: alguns artigos agrícolas, como o trigo e a soja.

Bens livres
Bens e Bens de
consumo
Serviços
Bens
Bens de capital
Econômicos
Bens de
produção
Bens de capital

Figura 3 – Tipos de bens


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: Fluxograma em horizontal em 4 etapas. O primeiro quadrante inicia com Bens e Serviços e divide em dois
quadrantes. O superior de bens livres e o segundo de bens econômicos. Na sequencia o quadrante de bens econômicos
se subdivide em bens de consumo e bens de produção. E o bens de produção se subdivide em bens de capital.

Fatores de produção (ou insumos produtivos): recursos básicos na produção de bens e


serviços. Comumente são divididos em: terra, trabalho, capital e tecnologia.

a) Terra: fator de produção relacionado aos recursos naturais.


b) Trabalho: insumo produtivo relacionado à mão de obra.
c) Capital: fator de produção relacionado aos equipamentos utilizados na produção.
d) Tecnologia: insumo relacionado ao conhecimento quanto à forma de produzir
algo (o “modus operanis”).

11
Competência 01

Figura 4 – Fatores de produção


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa os quatro fatores de produção, dispostos dois a dois. Em cima está escrito terra com a
foto de uma costa marinha; ao lado escrito trabalho e quatro homens vestidos de laranja com capacete trabalhando;
abaixo está escrito capital e a foto de cédulas e moedas; por fim, escrito tecnologia com a figura de um quebra-cabeça
com computadores e um boneco em cima.

Aqui vale uma ressalva: veja que no grupo fatores de produção não se incluem as
matérias-primas (bens intermediários)! A diferença entre o que é um fator de produção e o que é
uma matéria-prima é vista no quadro abaixo.

A diferença entre fator produtivo e matéria-prima está ligada à reutilização durante


o processo de produção. Os fatores produtivos podem ser reutilizados após a
produção de um bem, enquanto a matéria-prima não, ou seja, eu posso reutilizar um
trabalhador para fazer 600 carros, mas a chapa de aço que vai em um carro não pode
ser utilizada para fabricar o segundo carro!

Figura 5. Diferença entre fator produtivo e matéria-prima


Fonte: Elaborado pela autora.
Descrição da imagem: Símbolo de reciclagem e descrição dentro do quadro que trata a diferença entre fator produto e
matéria-prima que está ligada à reutilização durante o processo de produção.

12
Competência 01

Agentes econômicos: entidades que atuam contribuindo e influenciando o


funcionamento do sistema econômico. São as famílias, as firmas, o governo e o resto do mundo.

a) Famílias: indivíduos e unidades familiares da economia. Desempenham o papel


de consumidores e de proprietários de alguns dos fatores de produção (a essa
altura, você já sabe de cor os fatores de produção, não é?).
b) Firmas: unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar os bens e serviços.
Também são compradoras dos fatores produtivos que são de posse das famílias.
c) Governo: todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o
controle do Estado, em todas as suas esferas (federal, estadual, municipal). É
possível que o Estado também atue na produção de algum bem, através de
empresas estatais, mas nós, por simplificação do entendimento, não vamos entrar
nesse mérito, ok?
d) Resto do mundo: indivíduos, firmas ou governos que não estão localizados dentro
de determinada área geográfica, mas que influenciam a economia local.
e) Racionalidade: em economia, entende-se como a busca do melhor para si por
parte de um agente: o consumidor racional escolhe os produtos que o deixam
mais satisfeito possível, e as firmas racionais buscam o maior lucro possível.

Novamente, aqui, vale uma ressalva: existem indivíduos que não agem de forma racional,
a exemplo dos dependentes químicos ou dos compradores compulsivos. Embora esses agentes façam
parte da sociedade, eles não são ponto de estudo para a economia, dado que nem sempre eles
buscarão o que é melhor para si. Dessa forma, só consideraremos como fonte de análise em
economia, os agentes racionais.
• Mercado: local físico ou não onde é estabelecida a interação entre compradores
(demanda) e produtores (oferta) de um determinado bem ou serviço.
• Economia: eventualmente, esse termo pode ser utilizado como um substituto para
sistema econômico de uma determinada região. Então, quando se fala em economia

13
Competência 01

brasileira, na verdade está se falando no sistema econômico brasileiro. É a mesma


coisa, ok?
• Otimização: em matemática, melhorar uma função significa determinar qual o seu
valor máximo (maximização) e/ou seu valor mínimo (minimização) dadas as
restrições existentes.

Para que eu preciso do conceito de otimização, professora? Porque, dado que os agentes
são racionais e buscam o que é melhor para si, eles irão buscar, continuamente, maximizar satisfação
(para os consumidores) e lucros (para as empresas) ou minimizar despesas (para os consumidores) e
custos (para as empresas). Assim, no fundo, no fundo, os agentes econômicos estão otimizando suas
funções subjetivas!1
Agora que nós compreendemos o que é economia e alguns dos conceitos básicos,
precisamos compreender como a economia funciona. Para isso, vamos ter que compreender, antes,
algumas leis econômicas, nosso próximo tópico.

1.1.4 Leis econômicas

Um dos objetivos da ciência econômica é encontrar as leis que possam reger o


comportamento dos agentes e o efeito de suas decisões no restante do sistema econômico. Para
tanto, os economistas observam como os diversos agentes atuam com relação a situações
aparentemente semelhantes, de forma a identificar a existência de algum tipo de padrão.
Contudo, uma dificuldade no trabalho dos economistas está associada ao fato de que
essas situações são apenas semelhantes. Para entender o porquê, pode-se tomar como exemplo o
trabalho de um físico, como Galileu, por exemplo. Para que discorresse sobre a gravidade, Galileu
teve de repetir experimentos em ambientes exatamente iguais para, apenas assim, ser possível a ele
afirmar a existência de uma força que sempre atrai todos os corpos para a terra.

1
Nós não entraremos no detalhe da análise, dado que o nosso curso é de noções fundamentais, mas só para que você
compreenda, consumidores e empresas buscam sempre aperfeiçoar funções matemáticas sujeitas a restrições de mesma
ordem.

14
Competência 01

No caso dos economistas, estudar situações exatamente iguais é difícil, principalmente


porque repetir as condições não depende dos pesquisadores. Imagine que um economista é
contratado para analisar a procura dos consumidores por um determinado bem. A decisão de cada
indivíduo a respeito de comprar ou não o bem pode ser influenciada por diversos fatores, e o
comportamento de um mesmo indivíduo também pode ser diferente a depender das circunstâncias
que ele enfrente no momento. Por exemplo, basta pensar no valor que você dá a uma sombrinha em
um dia de sol e em um dia de chuva!
No entanto, apesar das dificuldades, o estudo econômico evoluiu bastante e os
economistas conseguiram identificar um padrão no comportamento dos agentes em diversas
situações. Assim, pode-se considerar a existência de leis econômicas de dois tipos:

• Leis gerais: válidas para qualquer estágio de evolução da sociedade;


• Leis específicas: próprias de cada modo de produção ou de cada formação
socioeconômica.

As leis econômicas servem para fins práticos e transformam-se em regras quando


utilizadas na busca por objetivos.
Um exemplo das leis econômicas aparece no estudo dos mercados de bens e serviços. As
leis da oferta e da demanda (ou procura), analisadas com maior rigor no decorrer das aulas, explicam
o funcionamento do mercado e como ele reage a mudanças nos comportamentos tanto de
consumidores quanto de produtores. A análise de um determinado fato que altera a procura (ou a
oferta) sob a luz dessas duas leis permite que sejam estabelecidos os seus possíveis efeitos sobre a
economia.
Outro exemplo é a lei da mão invisível, primeiramente formulada por Adam Smith
(considerado por muitos o pai da ciência econômica). Segundo essa lei, quando firmas e indivíduos
atuam racionalmente, ou seja, cada um buscando o melhor para si mesmo, o sistema econômico
opera de modo mais eficiente.

Problemas Econômicos

15
Competência 01

Como analisado anteriormente, observamos que os agentes econômicos precisam


escolher como usar os recursos ou fatores produtivos2 que dispõem de modo a atender suas
necessidades. A partir dessa ideia, ratificamos que a economia é o campo das ciências sociais que
estuda as escolhas.
As decisões dos indivíduos, das firmas e dos governos são quase sempre difíceis de serem
tomadas devido à complexidade das questões envolvidas. A partir de agora, passamos a analisar as
singularidades que norteiam as decisões econômicas.

1.1.5 A escassez de recursos x necessidades e desejos ilimitados

Como visto, a economia é definida como a ciência da escolha quando os recursos são
escassos, ou seja, insuficientes para satisfazer necessidades e desejos ilimitados dos indivíduos. O
conceituado economista Paul W. Samuelson divide esse conceito em duas questões importantes:

• Os recursos são escassos;


• As necessidades são ilimitadas e se renovam.

Considerando essas duas importantes questões, o economista N. Gregory Mankiw define


ainda a economia como o estudo de como uma sociedade administra seus recursos escassos.
Assim, nem sempre é possível atender TODAS as necessidades e desejos de modo
simultâneo, caracterizando um problema econômico muito relevante e de difícil solução. As pessoas
escolhem entre modos de produção e alternativas de distribuição dos resultados das atividades
produtivas entre os vários grupos da sociedade. A teoria econômica procura fornecer uma
alternativa eficiente3 para a alocação dos recursos de modo a maximizar a satisfação das
necessidades e dos desejos.
Essa dita alternativa eficiente, por sua vez, deve responder aos três principais problemas
em economia. Quais são esses problemas é o que veremos agora.

2
Os fatores de produção são necessários no processo de fabricar bens e serviços. Em economia, esses fatores são
distribuídos em três grupos: Terra – recursos naturais; Capital – máquinas e equipamentos; Trabalho – Mão de obra
qualificada e não qualificada.
3
A eficiência é uma propriedade que a sociedade tem de obter o máximo possível a partir de seus recursos escassos.

16
Competência 01

1.1.6 A tríade dos problemas centrais e seu inter-relacionamento

A sociedade precisa escolher entre formas alternativas de utilização dos recursos


disponíveis de maneira a operar eficientemente. Para isso, a economia procura responder a três
questões:

1. O que produzir e em que quantidade?


Quais os produtos e serviços deverão ser produzidos para satisfazer da melhor forma
possível as necessidades da sociedade?

2. Como os bens devem ser produzidos?


Que tecnologias e métodos de produção utilizar? Que matérias-primas deverão ser
utilizadas para produzir determinado produto? Como maximizar a produção tendo em conta os
recursos disponíveis?

3. Para quem os bens são produzidos?


Como repartir os rendimentos disponíveis entre os diferentes agentes econômicos?
Quem deverá ganhar mais e quem deverá ganhar menos?
A depender da forma como as sociedades respondem as essas três questões, temos
diferentes sistemas de organização econômica como resultado. Os dois extremos dessas formas
seriam: economias centralizadas e economias de mercado. Nas economias centralizadas, as
principais decisões relacionadas à produção dos bens são tomadas pelo governo. Já nas economias
de mercado, é o próprio mercado (interação entre oferta e demanda, que veremos na aula que vem)
que responde às três questões.

17
Competência 01

Economia Centralizada Economia Descentralizada

. Sistemas Planificados,
socialistas . Livre concorrência e
iniciativa
. Leis de mercado são
suprimidas ou mitigadas . Atendimento às leis
ao máximo mercado

.Tomada de decisões
econômicas pelo poder
público.

Figura 7 – Tipos de Economia


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição da imagem: Quadro, onde o quadro interno à esquerda representa a diferença entre economia centralizada
ou planificada onde o funcionamento do sistema de preços é regulado por um planejador social retratado pelo agente
econômico Governo. E o quadro interno à direita representa a economia descentralizada onde se apresenta a satisfação
dos interesses dos agentes econômicos e desconsidera a presença do governo.

Mas vamos continuar com nossa aula e falar sobre Alocações eficientes no sentido de
Pareto.
Alocação eficiente de Pareto!
Eis aí um conceito extremamente importante em economia!
Pareto apresentou alguns conceitos importantes no sentido de bem-estar. Assim,
algumas noções, antes de responder são necessárias:

1. Uma alocação ou situação é eficiente no sentido de Pareto se não há uma forma de


melhorar a situação de uma pessoa sem piorar a situação de outra. Sobre isso, vamos ver um
exemplo:
Digamos que existam apenas duas pessoas na economia, o Sr. e a Sra. Silva.

18
Competência 01

Figura 8 – Distribuição de Riqueza


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: Lado a lado estão duas figuras, uma azul e outra rosa. A imagem em azul é um boneco e abaixo está escrito
Sr. Silva, sob este se tem a palavra riqueza e a cifra de 999 reais. Ao lado está a figura de uma boneca, abaixo escrito Sra.
Silva e sob a mesma, escrito riqueza com a cifra de um real.

Digamos ainda que o total de riquezas dessa economia soma R$ 1.000,00 que são
distribuídos da seguinte forma: R$ 999,00 para o Sr. Silva e R$ 1,00 para a Sra. Silva.
Nesse caso, nós observamos que a nossa economia está longe de ser justa, certo? Mas,
será que ela é eficiente no sentido de Pareto?
Veja, existe alguma forma de melhorar a situação da Sra. Silva sem piorar a situação do
Sr. Silva?
Por exemplo, se a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ela ficaria em uma situação melhor? Sim,
certamente, mas veja que, para que isso acontecesse o Sr. Silva teria que ficar em uma situação
“menos boa”, pois, para que a Sra. Silva recebesse R$ 1,00, ele teria que perder esse valor! Nesse
caso, não há como melhorar a situação de um agente econômico sem piorar a situação do outro.
Essa situação é o que Pareto chamou de eficiência.
Mas, existem situações ou alocações ineficientes no sentido de Pareto?

19
Competência 01

Figura 9 – Distribuição de Riqueza


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Lado a lado estão duas figuras, uma azul e outra rosa. A imagem em azul é um boneco e abaixo está escrito
Sr. Silva, sob este se tem a palavra riqueza e a cifra de 999 reais. Ao lado está a figura de uma boneca, abaixo escrito Sra.
Silva e sob a mesma escrita riqueza com a cifra de um real.

Sim, para ver isso, vamos fazer outro exemplo:


Imagine agora que o Sr. Silva possua R$ 900,00 e a Sra. Silva continue com o seu rico R$
1,00. Continuamos dizendo que existem R$ 1.000,00 nessa economia, certo?
Nessa situação agora, é possível melhorar o estado da Sra. Silva sem piorar a do Sr. Silva?
Nesse caso, sim! Veja que, por exemplo, o governo pode dar a Sra. Silva R$ 50,00, sem que isso
implique em uma retirada do Sr. Silva. Como essa situação permite a melhora de um agente sem a
piora do outro, ela é chamada como uma alocação ineficiente no sentido de Pareto.
Quando uma alocação é ineficiente no sentido de Pareto nós dizemos que existe a
possibilidade de uma melhora de Pareto, ou seja, há uma forma de deixar um agente melhor sem
deixar outro necessariamente pior!
Uma pergunta que se faz é: como responder, de forma eficiente a essas três perguntas?
Se os recursos são escassos, como o agente econômico deve realizar suas escolhas? Em um mundo
onde há escassez, qualquer escolha que se faça implica, necessariamente, na renúncia de diversas
alternativas disponíveis. Esta renúncia representa um custo, que é um dos conceitos mais
importantes da economia: o custo de oportunidade.

20
Competência 01

Figura 10 – Custo de oportunidade


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Do lado esquerdo há a foto dos pés de uma mulher calçada com um sapato de salto alto, listrado na cor
branca e preta, com laço preto em cima escrito a palavra escolhas; entre as figuras um grande X ; do lado direito fotos
de bolsa, brincos e vestidos e acima escrito “Renúncia de Alternativas Disponíveis”.

1.2 Entendendo o funcionamento de uma economia

1.2.1. O fluxo circular da riqueza

É necessário compreender as interações entre os agentes econômicos a fim de melhor


compreender as intervenções governamentais. Embora não seja pedida diretamente a compreensão
gráfica do que ocorre em uma economia, uma vez entendida a direção e o que ocorre em cada
mercado, você não terá problemas para verificar o que acontece em toda a economia e poderá
analisar, com tranquilidade, se determinada assertiva da questão está correta. Por isso, essa parte da
nossa aula será destinada à compreensão mais geral do que estudaremos ao longo das nossas cinco
aulas. Uma vez compreendido esse mapa da mina, farei menção diversas vezes ao longo de todas as
nossas aulas para que fique bem reforçado e para que você possa ter uma visão ampliada.
Para compreender a macroeconomia, precisamos, inicialmente, saber o que é um
modelo: um modelo é como um mapa; ele ilustra a relação entre as coisas. Assim como um mapa
não mostra todos os detalhes da paisagem, omitindo árvores, e pontos menos relevantes, o modelo

21
Competência 01

simples não poderá mostrar tudo que acontece na complexidade de um sistema econômico4.
Contudo, assim como o mapa nos leva ao local onde desejamos chegar, o modelo simples
desenvolvido nessa parte permitirá ter uma compreensão melhor das relações econômicas.
Para saber o que acontece em um sistema econômico, é preciso, antes de qualquer coisa,
compreender quais são os agentes econômicos que atuam nesse sistema. Um agente econômico,
como já vimos, é uma pessoa ou entidade que toma decisões econômicas. Em uma economia
simplificada dizemos que existem quatro agentes econômicos: as famílias (que buscam maximizar o
nível de satisfação através de um processo de otimização), as firmas ou empresas (que buscam
maximizar os lucros também através de um processo de otimização), o governo (que busca maximizar
o bem-estar social) e o resto do mundo (uma representação dos três agentes citados que não estão
dentro do território em análise).
Esses quatro agentes interagem em espaços chamados mercados. Assim, apenas
reforçando, um mercado é um local, físico ou não, no qual agentes econômicos procedem à troca de
bens por uma unidade monetária ou por outros bens. Em uma economia, existirão três mercados-
chave: bens e serviços (onde são comercializados os bens destinados ao consumo final), fatores
Produtivos (onde são comercializados fatores necessários à produção, como trabalho, terra e capital)
e ativos financeiros.

Em uma economia, os quatro agentes (famílias, empresas, governos e resto


do mundo) interagem em três mercados: bens e serviços, fatores produtivos
e ativos financeiros.

Figura 11. Alusão ao mercado como espaço onde agentes econômicos


Fonte: GettyImages
Descrição: Grupos de bonecos, em pares, de cores diferentes, verde, laranja, azul, laranja, roxo, amarelo, verde e
laranja ao centro com linhas que os conectam formando um hexágono. E dentro do quadro vizinho à direita nomeado
os quatro agentes: famílias, empresas, governos e resto do mundo que interagem entre os três mercados: bens e
serviços, fatores produtos e ativos financeiros.

4
Sistemas Econômicos são arranjos historicamente constituídos, a partir dos quais os agentes econômicos são levados a
empregar recursos e a interagir via produção, distribuição e uso dos produtos gerados, dentro de mecanismos
institucionais de controle e de disciplina, que envolvem desde o emprego dos fatores produtivos até as formas de
atuação, as funções e os limites de cada um dos agentes.

22
Competência 01

Antes de estudar a economia acima descrita, iniciaremos analisando uma economia mais
simplificada. Uma situação em que só existem dois agentes: famílias e empresas (economia fechada
– não há comunicação com o resto do mundo – e sem governo); e apenas dois mercados: bens e
serviços e fatores produtivos, conforme mostrado na figura abaixo, denominada de fluxo circular da
riqueza.

Figura 12 –Fluxo econômico para o caso de uma economia fechada e sem governo.
Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa o sistema circular de quatro elementos: “Famílias”, “Mercados de Bens e Serviços”,
“Empresas” e “Mercado de Fatores de Produção”, em que setas azuis mostram o fluxo de “Pagamento”, “Renda” ,
“Despesas” e “Receitas”; já as setas vermelhas, no sentido inverso, mostram “Oferta de Bens e Serviços”, “Demanda de
Bens e Serviços”, “Oferta de Fatores de Produção” e “Pagamento dos Fatores de Produção”.

De forma simplificada, nesse fluxo circular da riqueza, as famílias são proprietárias de


fatores de produção (terra, capital e trabalho) e os fornecem às firmas, através do mercado dos
fatores de produção. As firmas combinam os fatores de produção e produzem bens e serviços, que
são fornecidos às famílias por meio do mercado de bens e serviços. Essas são as transações, que
formam os fluxos reais, descritos na figura em cor de rosa.

23
Competência 01

Assim, as firmas produzem bens e serviços e os ofertam no mercado de bens e serviços.


Esses produtos serão adquiridos pelas famílias que, para poder pagar por esses bens, precisam ofertar
seus fatores às empresas. Assim, a terra, o capital e o trabalho, que são de propriedade das famílias,
serão utilizados pelas empresas para produzir bens e serviços que serão consumidos pelas famílias,
seguindo um fluxo indefinido que se retroalimenta.
Para cada elo do fluxo real, descrito acima, existe um fluxo monetário. Os fluxos reais
possuem uma contrapartida monetária, ou seja, são efetuados pagamentos na moeda corrente: as
firmas remuneram as famílias quando adquirem os fatores de produção e as famílias pagam as firmas
pelo consumo dos bens e serviços produzidos. Essas operações compõem o fluxo monetário.
Percebe-se que toda renda dos agentes se deve a alguma contribuição sua no processo produtivo.
Por isso, o fluxo econômico também é denominado de fluxo circular da renda. Esse fluxo monetário
é representado em azul na figura.
Logicamente, você percebe que esse modelo não condiz com a nossa complexa realidade
(discutiremos mais nos exercícios)! Não é comum encontrarmos economias fechadas, sem o contato
com o resto do mundo, e é ainda mais improvável encontrar uma economia sem governo. Por isso,
embora bastante simplificado, o fluxo acima descrito não se reporta a uma realidade factível.
Observando isso, começaremos a tornar o nosso modelinho mais completo. Começando,
adicionaremos o agente GOVERNO na análise. Nessa economia, conforme você observa na figura 2,
o Governo não se comunica diretamente com as empresas. O único contato que o agente Governo
estabelece é com o outro agente, família. Esse fato deve ser levado em consideração, pois, o
Governo deseja maximizar, entre outras coisas, o bem-estar social.
Para atingir esse objetivo, o governo deve tirar recursos das famílias ricas (através dos
impostos) e destinar às pobres (através das transferências governamentais), sendo desnecessário o
contato direto com as empresas.
Além de tributar e transferir recursos, o governo atua ainda na economia através das
compras governamentais de bens e serviços realizadas no mercado de bens e serviços. Note que,
nessa economia, o governo não atua no mercado de fatores (veremos como isso acontece na aula
01).
Uma coisa que você poderá notar posteriormente é que a única forma que o governo tem
de se “comunicar” com as empresas é através do mercado de bens e serviços. Como nessa economia
hipotética o governo não atua no mercado de fatores, poderá fazer essa ligação com as firmas através

24
Competência 01

da imposição de impostos sobre os bens (não sobre os rendimentos auferidos pelas empresas) ou
ainda impondo preços máximos ou mínimos, além de tarifas e subsídios. Um último ponto que se
pode considerar a respeito da existência do governo e de seu contato com as empresas diz respeito
às compras governamentais, pois o governo também compra! Ele adquire os bens e serviços providos
pelas empresas quando deseja realizar uma obra pública, por exemplo.
Tudo isso pode ser visto na figura abaixo:

Figura 13 - Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo.


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”, “Firmas” e
“Marcado de Fatores”, como uma relação circular mediada pelo governo.

Agora, a nossa economia começa a ficar um pouco mais alinhada com o que acontece nos
sistemas econômicos mais complexos.

Veja que, só com esses pontos iniciais, nós já começamos a compreender melhor o Estado
e suas funções econômicas governamentais (redução da desigualdade de renda), assim como a
atuação do governo na economia (através de impostos, transferências e compras governamentais).
Logicamente, como foi dito anteriormente, essa é uma versão bastante introdutória, nada muito
complexa. Na aula que vem, vamos entrar fundo nesses conceitos.

25
Competência 01

Dando continuidade, precisamos verificar o surgimento do agente resto do mundo na


nossa economia, até porque a maioria esmagadora dos países se comunica com outros países. E como
o resto do mundo se comunica com a nossa economia? Através do mercado de bens e serviços,
comprando produtos nacionais e vendendo produtos de outras nacionalidades. Assim, quando o
resto do mundo adquire nossas mercadorias no mercado de bens e serviços, estamos exportando e
quando o resto do mundo vende bens no nosso mercado de bens e serviços, estamos importando.
A figura 3 mostra o surgimento do resto do mundo na economia.

Figura 14 - Fluxo circular da riqueza de uma economia aberta


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”, “Firmas” e
“Mercado de Fatores”, como uma relação circular, mediada pelo governo, que por sua vez está relacionado com o resto
do mundo.

Até agora, observamos que os quatro agentes se encontram, simultaneamente, apenas


no mercado de bens e serviços. Cabendo ao mercado de fatores a interação entre empresas e
famílias, apenas.
O modelo até aqui formulado é bastante complexo, mas não mostra a totalidade das
relações existentes entre os agentes. Isso porque até agora desconsideramos a existência de um

26
Competência 01

mercado vital no sistema econômico: o mercado financeiro ou de ativos financeiros5. Assim como
no mercado de bens e serviços, o mercado financeiro também conta com a presença simultânea dos
quatro agentes econômicos: as famílias atuam nesse mercado enviando a parte da renda não
consumida (a poupança privada), as empresas operam no mercado através da tomada de
empréstimos para investimentos e a posterior emissão de títulos da dívida e emissão de ações,
enquanto o GOVERNO e o resto do mundo podem tanto tomar quanto conceder empréstimos ao
sistema financeiro nacional. O fluxo circular da riqueza expandido é mostrado na figura 4.

Figura 15 - Fluxo circular da riqueza de uma economia fechada e com governo


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”, “Firmas” e
“Mercado de Fatores” como uma relação circular, mediada pelo governo, que por sua vez está relacionada com o resto
do mundo, e com os mercados financeiros.

5
O Mercado Financeiro é formado por quatro segmentos de mercado:
• Mercado de Crédito: destinado, prioritariamente, a fornecer recursos financeiros para as famílias;
• Mercado de Capitais: destinado, fundamentalmente, à emissão de crédito para capital de giro das
empresas;
• Mercado Monetário: utilizado pelo governo para emitir moeda e fazer política monetária;
• Mercado Cambial: utilizado para a conversão entre a moeda nacional e as demais moedas estrangeiras.

27
Competência 01

O fluxo circular da riqueza conecta os quatro setores da economia: famílias, firmas,


governos e resto do mundo. Tudo isso através dos três tipos de mercados: os fundos fluem das firmas
para as famílias na forma de salários (remuneração do fator produtivo trabalho), juros (remuneração
do fator produtivo capital), e aluguéis (remuneração do fator produtivo terra), através do mercado
de fatores. Depois de pagar os impostos ao governo e receber do governo as transferências, a família
aloca a renda restante, ou seja, a renda disponível entre poupança privada e o gasto com consumo.
Através dos mercados financeiros, a poupança privada e os fundos do resto do mundo são canalizados
para gastos de investimentos das firmas, tomada de empréstimo pelo governo, tomada e concessão
de crédito de estrangeiros e transações de estrangeiros com ações. Além disso, os fundos fluem do
governo e das famílias para as firmas, para pagar pela compra de bens e serviços. Finalmente,
exportações para o resto do mundo geram um fluxo de fundos que entra na economia e as
importações levam a um fluxo de fundos que sai da economia.
Assim, quando se soma os gastos de consumo com bens e serviços, os gastos de
investimentos pelas firmas, as compras governamentais de bens e serviços e as exportações e, em
seguida, subtrai-se o valor das importações, o fluxo total de riqueza representado por esse gasto é o
gasto total com bens e serviços produzidos em um país, uma variável muito importante para uma
economia, conforme veremos adiante. De modo equivalente, esse é o valor de todos os bens e
serviços produzidos no país, isto é, o Produto Interno Bruto (PIB) da economia.
É claro que isso aqui está, de fato, extremamente simplificado, mas, como eu já tinha dito,
isso faz parte da noção de modelo enquanto simplificação. Mas, disso tudo o que é que, de fato, nos
interessa em um primeiro estágio?
É interessante que você saiba que no mercado de bens e serviços não existe apenas um
tipo de mercado, mas ALGUMAS estruturas. São elas: Concorrência Perfeita, Concorrência
Monopolística, Oligopólio e Monopólio. Existem ainda outras, como o oligopsônio e o monopsônio.
Há, ainda, o mercado contestável, mas nós vamos falar sobre essa estrutura quando nos reportarmos
ao mercado em concorrência perfeita. Além disso, é interessante que você compreenda como os
consumidores e empresas atuam no mercado de bens e serviços e como o governo pode influenciar
esse mercado. Por fim, é importante que você note que esses mercados podem ter falhas e que,
quando essas falhas acontecem, cabe ao governo fazer intervenções através de um processo
regulatório!
Viu como está tudo conectado desde o início?

28
Competência 01

A pergunta que você pode estar se fazendo agora é: quanto, no máximo, uma economia
pode produzir? Para analisar isso, precisamos ter o conhecimento de uma fronteira muito importante
na economia: a curva de possibilidade de produção6.

6
A Curva ou Fronteira de Possibilidade de Produção é um gráfico que mostra as combinações de produto que a economia
tem possibilidade de produzir dados os fatores de produção e de tecnologia de produção disponíveis.

29
Competência 02

2. Competência 02 | Classificar os mercados, conhecendo os conceitos de


demanda e oferta

2.1 Teoria dos preços

Durante muito tempo, os economistas buscaram descobrir o que determina o valor das
coisas. O que faz, por exemplo, o carro ter um valor tão alto e o sal um valor tão baixo. Dessa procura,
surgiram duas teorias: a teoria objetiva, que afirma que o valor de um bem depende do esforço e do
trabalho para sua obtenção e a teoria subjetiva, que associa que o valor do bem depende da sua
utilidade e do seu nível de escassez.
Posteriormente, essas suas teorias foram reunidas e o valor do bem, agora, é
determinado como o resultado do seu custo de produção (associado ao esforço e ao trabalho) e da
sua preferência (associada à necessidade ou ao desejo).
De fato, os bens oferecidos no mercado têm preços. O preço é definido como o valor do
bem expresso em moeda. Segundo a teoria econômica, os preços são resultado da interação entre
dois agentes: os consumidores (que se preocupam com a utilidade dos bens) e as empresas (que
representam o esforço ou os custos de produção).

O PREÇO DE UM BEM é definido como valor desse bem expresso


em moeda. Ele é resultado da interação entre os consumidores e as
empresas.

Hoje, buscamos analisar, com detalhes, como acontece a formação de preços em uma
economia e alguns dos problemas econômicos mais importantes, além de estudar os fatores que
influenciam na escolha da quantidade que será demandada e que será ofertada de um determinado
bem, assim como definir o equilíbrio de mercado. Para começar, vamos compreender o conceito de
microeconomia?
Conceito de MICROECONOMIA
Diferentemente da macroeconomia, que estuda o agregado (como visto no fluxo circular da riqueza analisado
na competência anterior), a microeconomia é o ramo da economia que estuda o comportamento dos agentes
econômicos, ou seja, qualquer indivíduo ou entidade que desempenha um papel na economia. A

30
Competência 02

microeconomia estuda como e por que consumidores, empresas, governo, trabalhadores, investidores, entre
outros, tomam decisões econômicas, ou fazem escolhas.

É de interesse de estudo da microeconomia, ainda, a forma pela qual os agentes econômicos interagem de
modo a formar unidades maiores, os mercados. Sendo assim, a microeconomia explica, entre outras questões,
a formação dos preços, a quantidade ofertada ou demandada e o quanto será investido. Assim, poderemos
inferir porque os mercados dos bens são diferentes, e como são influenciados por políticas econômicas e
mudanças no ambiente internacional. Para começar a compreender o mercado, analisaremos, inicialmente,
porque as famílias ou consumidores consomem. Toda a análise do consumo é vista, na microeconomia, através
da demanda.

Mas, antes disso, eu te pergunto: se o preço da gasolina aumentar (como temos visto nos
últimos tempos), você consumirá mais gasolina ou menos gasolina?

2.1.1 Lei da demanda

Antes de definir a lei da demanda, queria saber o que você respondeu na questão acima!
Você comprará mais, menos ou a mesma quantidade? Possivelmente, você respondeu que comprará
menos gasolina quando o preço aumentar, não foi isso?
Essa relação inversa entre o preço de um bem e a quantidade que um consumidor planeja
comprar (ou a quantidade demandada desse bem) é conhecida por Lei da Demanda. Ela estabelece
uma relação negativa entre a quantidade consumida e o preço do bem em questão.
Agora, eu te pergunto o seguinte: sob as condições dadas anteriormente, você comprará
menos SEMPRE? Olhe, pense bem, eu estou perguntando se você comprará SEMPRE uma quantidade
menor?
Do jeito que a questão foi posta, você não pode dizer que SEMPRE comprará menos. Por
quê? Por uma simples razão: imagine que você ganhe o prêmio do Big Brother Brasil. Você vai
comprar menos gasolina mesmo possuindo uma renda maior? Possivelmente não, né?!
Ou, ainda, imagine que o preço do álcool combustível chegue a R$ 100,00/l. Ainda assim
você comprará menos gasolina?
Dessa forma, do jeito que está posta a lei, ela acaba sendo aplicada em pouquíssimos
casos e termina sendo violada em muitos outros. Pensando nisso, os economistas adicionaram uma

31
Competência 02

hipótese bastante importante e que tornará a lei válida para a maioria esmagadora dos casos. Essa
hipótese é denominada de Hipótese de Ceteris Paribus.
A expressão em latim ceteris paribus significa algo como “todos os demais fatores
relevantes permanecem inalterados”, ou seja, agora com a adição dessa hipótese, a lei da demanda
se torna válida e afirma que à medida que o preço de um bem aumenta, os consumidores estarão
dispostos a consumi-lo em menor quantidade, considerando que todas as demais variáveis que
podem influenciar o seu comportamento se mantêm constantes, ou seja, na hipótese de Ceteris
Paribus. A relação negativa entre quantidade e preço para o consumidor ocorre porque, em alguns
casos, a renda dos indivíduos se torna insuficiente para adquirir o produto e, em outros, os indivíduos
optam por algum substituto próximo mais barato.

A LEI DA DEMANDA, afirma que com tudo o mais mantido


constante, a quantidade demandada de um bem diminui quando o
preço dele aumenta.

Como exemplo desse fato, imagine que os preços dos rodízios de sushi aumentem. Com
essa elevação, você levará em conta a possibilidade de ir, por exemplo, a um rodízio de carnes ou
massas. Nesse caso, você reduzirá a quantidade demandada de sushi porque estará trocando esse
produto por carnes, um substituto que ficou, relativamente, mais barato (observe que o uso do
“relativamente” é importante porque o preço do rodízio de carnes, de fato, não diminuiu).
Outra possibilidade é que com o aumento do preço do rodízio do sushi, você não poderá
ir tantas vezes ao restaurante, pois, já que o seu salário não aumentou igualmente com o preço do
rodízio, o seu poder de compra ficou reduzido.
Em termos matemáticos, a Lei da demanda vira uma função, a função demanda, que
informa a quantidade de um bem que será procurada para cada nível de preço. Analiticamente:

32
Competência 02

Função demanda:
A função demanda pode ser representada, graficamente, através da curva de demanda,
também conhecida unicamente como demanda. No gráfico cartesiano temos que o preço se
encontra no eixo vertical e a quantidade demandada no eixo horizontal.7
Para compreender como o gráfico funciona, vamos analisar a sua construção. Ainda
analisando a gasolina que ficou mais cara, vamos colocar no gráfico (próxima página) a situação inicial.
Nesse caso, você consumia a quantidade Q1 ao preço P1.

Figura 16 – Composição da demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P e o ponto P1, Q1 é o único determinado.

Ainda seguindo a análise anterior, imagine agora que o preço aumente. O que
acontecerá? Você reduzirá a quantidade demandada! Analiticamente:

7
Observe aqui que, diferentemente do que ocorre em um gráfico na matemática em que a variável dependente (no
nosso caso, quantidade) fica no eixo vertical e a variável independente (no caso, preço) fica no eixo horizontal, na
economia, ocorre o inverso. Isso é feito apenas para simplificar o raciocínio.

33
Competência 02

Figura 17 - Composição da demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. São determinados os pontos Q0 e P2 e ponto P1, Q1.

Assim, depois dos ajustes, teremos a seguinte estrutura:

Figura 18 – Composição da demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: a figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. São determinados os pontos Q0 e P2 e ponto P1, Q1.

Finalmente, para desenhar a curva de demanda, basta ligar os pontos no plano cartesiano.
E Voilà:

34
Competência 02

Figura 19– Curva de demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelos pontos Q0 e P2 e o ponto P1, Q1.

A curva de demanda representa a relação entre preço de um bem e a quantidade


demandada desse bem.
A curva de demanda representa o comportamento do agente econômico chamado
consumidor. Para preços mais altos, as pessoas consumirão menos do bem, pois os bens substitutos
ficarão relativamente mais baratos, levando o consumidor a adquirir mais desses bens. O aumento
dos preços também reduz a renda real (poder de compra) do consumidor, o que gera uma retração
no consumo do bem.
Antes de continuar, gostaria de fazer três observações:
I. O termo “relativamente” muitas vezes acaba sendo utilizado de forma incorreta. Nesse caso,
o “relativamente” pode ser mais bem compreendido com um exemplo: imagine que você
compra sempre a mesma marca de, digamos, margarina. Um belo dia você chega ao
supermercado e observa que a margarina aumentou de preço! Não é que ela ficou,
necessariamente, mais cara que a melhor margarina que existe no mercado, mas ela ficou,
simplesmente, mais cara. Em uma situação como essa você pode pensar: “Ah, por esse preço,
eu vou levar a margarina de marca Y. Ela é mais cara, mas para pagar mais pela margarina que
eu vinha consumindo, não vale a pena”. Já aconteceu isso com você? Se sim, quando esse fato
ocorre, é justamente o funcionamento mental da nossa curva de demanda! Legal, né?

35
Competência 02

II. Embora a curva de demanda pareça muito mais uma reta, na verdade ela possuirá um formato
que nós economistas chamamos de convexo. Como, para fins mais simples, a curva e a reta
estabelecem a relação negativa entre quantidade de preço, vamos utilizar a reta por ser mais
simples de desenhar, ok?
III. Por fim, quando falamos em variação do preço, os efeitos dessa variação incidirão sobre a
quantidade demandada (por exemplo, Q1 e Q2), não sobre a demanda ou curva de demanda.
Ou seja, quando o preço varia, nós teremos um movimento ao longo da curva de demanda
(como mostrado pela setinha vermelha no gráfico acima) e não da curva de demanda. A
compreensão disso é fundamental e nós vamos voltar a esse ponto mais algumas vezes!

A curva de demanda pode representar as escolhas de apenas um dos consumidores de


uma economia ou de todos de uma forma agregada. No primeiro caso temos a demanda individual,
que graficamente é representada pela curva de demanda individual, e no segundo caso tem-se a
curva de demanda de mercado, representada na figura abaixo.
Pode-se, facilmente, obter a curva de demanda de mercado somando-se todas as
quantidades demandadas por cada consumidor para cada preço. Na figura abaixo, a demanda
agregada de um bem foi calculada para apenas três consumidores. Quando o preço de mercado for
igual a $4, o consumidor A não adquire o bem (note que a quantidade é zero para a D A quando o
preço é $ 4,00), e os consumidores B e C compram, digamos, 6 e 10 unidades, respectivamente.

Figura 20 – Curva de demanda de mercado


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela quantidade e o das
ordenadas pelo preço. Três retas, DA, DB, DC e Demanda de mercado são representadas no gráfico.

36
Competência 02

A demanda de mercado é representada como a soma das demandas individuais dos


consumidores.
Assim, a curva de demanda de mercado representa o somatório das demandas
individuais. Para o preço de $ 4,00, o consumidor A não demandará desse bem. Como os
consumidores B e C demandarão, respectivamente, 6 e 10 unidades, teremos que, ao preço de $ 4,00,
a demanda de mercado será de 16 unidades.

A demanda de mercado é a curva que relaciona cada um dos preços


possíveis à quantidade demandada por todos os consumidores

Para ver a importância de definição da lei da demanda e da curva de demanda de mercado


vamos resolver a primeira questão da aula?
Antes de prosseguirmos, contudo, vale aqui duas explicações importantes:

1. Toda vez, eu disse TODA, que houver uma variação no preço do bem em análise, haverá um
deslocamento ao longo da curva de demanda! Sempre, sempre, sempre! Mais na frente, nós
vamos ver que outros fatores irão deslocar a demanda, mas ainda não chegamos neles.

2. A segunda vai levar um pouco mais de tempo para explicar:


Em economia, a maior parte dos bens obedece à lei da demanda, ou seja, para esses bens,
quando o preço aumenta, a quantidade diminui e vice-versa. Há uma simples e notória relação entre
quantidade e preços sob a hipótese de ceteris paribus. Contudo, essa relação, não é válida para todos
os bens. Existe um tipo de bem, que analisaremos agora, que não obedece à lei da demanda. Esse
bem se chama de Bem de Giffen. Antes de defini-lo, vou te contar uma historinha, ok? Aliás, essa
historinha é bastante recorrente em todos os livros de economia.
Os bens de Giffen foram encontrados inicialmente na Inglaterra da Revolução Industrial.
Durante esse tempo, a batata inglesa era um dos bens que fazia parte do menu básico do proletariado.
O economista Giffen, analisando o comportamento da classe trabalhadora, observou que os

37
Competência 02

consumidores não se comportavam da forma esperada quando havia uma variação no preço desse
bem.
Assim, todas as vezes que os preços caíam, as pessoas passavam a demandar (ou
procurar) menos o bem e, quando o preço aumentava, os consumidores passavam a demandar mais
do bem.
Nesse caso, diferentemente do que acontece com um bem ordinário, a curva de demanda
de um bem de Giffen possui inclinação positiva! É isso mesmo, tudo o que vale para a maioria quase
absoluta dos bens não vale para o bem de Giffen!
Ainda bem, esses bens não são solicitados em termos gráficos, porque isso tornaria a
nossa análise bastante complicada, sendo solicitado apenas em questões mais teóricas.
Infelizmente, por outro lado, não existem muitos outros exemplos sobre tipos de bens de
Giffen para que eu possa explicar a você. A maioria esmagadora dos livros traz apenas a noção da
batata inglesa na Inglaterra na época da Revolução Industrial. Assim, hoje, por exemplo, as batatas
não são mais consideradas bens de Giffen.
Entendido?
Nós vamos voltar ainda algumas vezes a noção de bem de Giffen hoje. À medida que a
aula for progredindo, passaremos a analisar ainda mais esse bem, ok?
Mas vamos continuar o nosso trabalho. Nós vimos como a curva de demanda é construída
e vimos ainda como acontecem os movimentos ao longo da curva. A partir de agora, vamos
compreender quais fatores levam a variações da curva de demanda.
Vamos lá?

2.1.2 Deslocamento da curva de demanda

A curva de demanda relaciona a procura por um determinado bem a seu preço. De forma
mais específica, mostra que a demanda é menor para preços maiores. Assim, nós vimos que é possível
mostrar que a quantidade demandada de um produto depende do preço que será cobrado por ele.
Mas, o preço não é o único fator que determina a quantidade demandada de um bem. A única coisa
que faz você comer sushi é o preço? Será que o preço da carne não afetaria, em nenhuma hipótese,
o seu consumo?

38
Competência 02

Pois é, fatores como a existência de substitutos próximos e o preço que é cobrado por
eles também influenciam a demanda de um bem. Por exemplo, a manteiga é uma substituta próxima
para a margarina, sendo assim, um aumento no preço da manteiga pode induzir a troca desse bem
por margarina, o que aumenta o consumo desse último bem.
Os fatores listados anteriormente modificam a quantidade consumida, sem que haja uma
mudança nos preços. Em outras palavras, a quantidade demandada é maior ou menor para um
mesmo preço anterior. Vamos analisar isso, intuitivamente?
Imagine que a curva de demanda abaixo represente a sua demanda por cinema:

Figura 21 – Curva de demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelos pontos Q 0 e P2 e o ponto P1, Q1.

Inicialmente, você está no ponto (A). Digamos, por hipótese, que você vai ao cinema duas
vezes por mês (Q1 = 2) e paga R$ 17,00 (P1 = 17). Imagine agora que você ganhou a última edição do
Big Brother Brasil. Com essa nova renda, você irá mais vezes ou menos vezes ao cinema?
Possivelmente, mais vezes, não é? Nesse caso, eu posso dizer que você irá mais vezes ao cinema
pagando o mesmo preço pelo ticket ou que, para a mesma quantidade de vezes que você vai ao
cinema, você poderia pagar mais por saída.

39
Competência 02

Figura 22 – Curva de demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelos pontos Q 0 e P2 e o ponto P1, Q1.

Nos dois casos, é possível notar que haverá um movimento para fora da curva de
demanda original. Quando isso acontece, dizemos que há um deslocamento paralelo da curva. Esse
deslocamento é mostrado na figura abaixo (onde D1 é a demanda original e D2 é a demanda final):

Figura 23 – Curva de demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. Duas linhas azuis são demonstradas no gráfico, uma em cada ponto.

40
Competência 02

Ora, eu não falei em variação de preço, mas de outra variável que não preço. No caso
acima, eu falei de uma variação na renda do consumidor! Logicamente, outras variáveis farão com
que ocorra o mesmo movimento, são elas:
• Gostos ou preferências;
• Expectativas;
• Preço de bens relacionados.

Grosso modo, a renda e essas três variáveis são as mais frequentes como determinantes
de alteração na curva de demanda. Lógico, podem existir outras, mas essas seriam os quatro maiores
grupos.
Para que fique simples a compreensão, como a demanda representa o consumidor, tudo
que alterar a vida desse agente econômico, alterará a curva de demanda dele! Simples assim!
Antes de seguirmos adiante, vamos esclarecer os três outros fatores e detalhar como a
renda afeta a vida do consumidor. Inicialmente, vamos analisar os gostos e as preferências.
Comecemos com uma pergunta bastante reflexiva: nós nos vestimos hoje da mesma forma que nos
vestíamos há 10 anos? Possivelmente, não. Não, porque não cabe, não porque a moda já passou, não
porque você se mudou para um lugar mais frio como o Canadá! Então, o nosso padrão de consumo é
alterado não apenas porque o preço mudou, mas também porque nossas necessidades e desejos
também mudaram! Assim, alterações nos gostos e nas preferências modificam por demais o nosso
padrão de consumo.
Um segundo fator que altera a demanda de um determinado consumidor é a expectativa
sobre o futuro. Por exemplo, imagine agora que você sabe que amanhã vai chover (no meu caso,
nevar), será que você não mudará o seu consumo de guarda-chuvas hoje? Possivelmente, sim. Nesse
caso, a sua demanda mudou (ela será deslocada) não porque está chovendo agora, mas porque a sua
crença é de que chova no dia seguinte. A nossa crença sobre o futuro é o que os economistas chamam
de expectativas.
Vamos continuar analisando:
Existe outra variável que afeta o padrão de consumo de uma pessoa. Esse fator se chama
preço dos bens relacionados. Vamos compreender melhor. Vamos analisar a demanda de uma
pessoa por açúcar quando os preços de dois bens relacionados a ele são alterados separadamente.

41
Competência 02

Imagine, inicialmente, que o preço do café aumente. Imagine ainda que essa pessoa só
compre açúcar para tomar café e só toma café adoçado. Nesse caso, como o preço do café aumentou,
essa pessoa comprará menos café, certo? Assim, como ela só toma café com açúcar, comprará menos
açúcar também, não é isso? Logo, o aumento do preço do café levará a uma redução na demanda
pelo açúcar! Mais uma vez, veja que eu não falei em variação do preço do açúcar, hein?
Vamos mais: imagine agora que não foi o preço do café, mas o preço do adoçante que
aumentou. Agora, com o aumento do preço do adoçante, você passará a comprar mais açúcar, para
poder compensar a falta do adoçante.

Nesse ponto, vale uma consideração: veja que nós faremos movimentos
de forma separada, ou seja, um fator variando de cada vez. Nada de variar
tudo na mesma hora, porque vira uma coisa incompreensível! Em
economia, nós trabalhamos com o que se denomina de estática
comparativa. Nela, cada variável é alterada de forma isolada

No caso acima, você deve ter notado uma coisa bem interessante: quando o preço do
café aumentou, a demanda por açúcar diminuiu enquanto que quando o preço do adoçante
aumentou, a demanda por açúcar também aumentou! Alguma explicação para isso??
Sim, e ela é bem simples! O café e o açúcar, assim como o feijão com arroz ou o queijo e
a goiabada são consumidos de forma conjunta, é o que se chama de bens complementares. Já para
o caso do açúcar e do adoçante, nós vamos consumir aquele que for mais barato. Nesse caso, os bens
são denominados de bens substitutos! Essa classificação é absolutamente importante que você
compreenda.
Então, se falou em variação do preço dos bens relacionados, eu só sei para onde vai a
demanda se eu souber qual a relação que existe entre os bens em análise: se de substitutibilidade ou
de complementaridade!
Compreendido?

42
Competência 02

Para finalizar a lista de itens que deslocam a demanda por alterar o comportamento do
consumidor, vamos falar com mais detalhe sobre uma variação da renda, iniciado no começo dessa
parte da aula.
Pergunta simples:
Se você tirasse na loteria, você consumiria mais de tudo?
Possivelmente, você pensou que sim, mas eu te direi que não! E a explicação para isso é
bem objetiva.
Se você tirasse na loteria, você certamente viajaria mais vezes pela Europa ou compraria
um carro melhor ou ainda iria a restaurantes mais caros. Contudo, com o aumento da sua renda, você
vai tomar menos ônibus ou comer menos carne de conserva! Logo, o aumento da renda induz ao
aumento no consumo de alguns bens e redução no consumo de outros.
Assim, quando consumo e renda variam no mesmo sentido, dizemos que o bem é
chamado de bem normal. São os bens que quando a renda aumenta, o consumo aumenta e quando
a renda diminui o consumo também diminui. Por outro lado, quando a renda e o consumo variam em
sentidos contrários, o bem é chamado de bem inferior.
Compreendido?
Graficamente, mudanças que promovem um crescimento da demanda para um mesmo
preço deslocam a curva de demanda para DIREITA. Dentre essas mudanças estão: aumento nos
preços de bens substitutos, redução do preço de bens complementares, crescimento da renda,
alterações das preferências que promovem o consumo. Por outro lado, fatores que reduzem a
demanda para um mesmo preço deslocam a curva para ESQUERDA, por exemplo: uma redução dos
preços de bens substitutos, redução da renda ou alterações nas preferências que reduzem o
consumo.
Logicamente é muita informação, eu sei, eu sei, mas eu não quero que você decore! Você
já tem muitas outras disciplinas em que é preciso decorar conceitos. No meu caso, eu quero que você
compreenda. A princípio parece complicado, mas à medida que nós formos fazendo os exercícios
juntos, prometo que a coisa vai ficar mais clara.
A figura abaixo mostra exemplos de deslocamento da curva de demanda. Considerando
a curva do meio (D2) como inicial, um aumento da demanda leva a curva para uma posição como a

43
Competência 02

ocupada pela linha mais clara (D3) e uma redução da demanda leva a curva a ocupar uma posição
como a curva mais escura (D1).
Para compreender esse raciocínio é bastante simples: para um preço de R$ 1,00, se a
minha renda aumentar, eu consumirei mais, para qualquer nível de preços, ou seja, ao invés de
consumir Q2, vou passar a consumir Q3, dado que o bem é normal. Raciocínio inverso vale para a
linha mais escura e a quantidade de Q1.

Figura 24 – Deslocamentos da Curva de Demanda


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. São marcados pontos D1, D2 e D3. Três linhas azuis são demonstradas no gráfico, uma em cada
ponto.

Uma mudança na quantidade demandada, a qualquer preço dado, é representada


graficamente pelo movimento da curva de demanda original para uma nova posição.
Entendido até aqui?
Antes de passarmos a analisar a questão da empresa e da curva de oferta, gostaria de
explicar um ponto: os efeitos renda e substituição, oriundos da variação do preço, também
denominado de efeito preço. Esse ponto é bem importante porque nos permite entender melhor o
bem de Giffen, que nós começamos a compreender no início da aula. Vamos ver?
Você lembra que quando o preço aumenta a quantidade demandada diminui, não é?
Explicando de forma mais técnica, existe uma relação entre um aumento do preço do bem, a troca
por um substituto que ficou relativamente mais barato e a perda do poder de compra pelo

44
Competência 02

consumidor. Assim, podemos dizer que o comportamento do consumidor com relação ao preço
decorre da atuação conjunta de dois efeitos: o efeito-renda e o efeito-substituição.
Vejamos como compreender esses efeitos: com o aumento do preço, uma parte da
redução da minha demanda por determinado bem quando o seu preço aumenta pode ser explicada
pelo fato de que haverá um estímulo para que eu busque alternativas para satisfazer minha
necessidade pelo bem que teve o aumento de preço, por exemplo. Assim, passarei a olhar de outra
maneira os bens substitutos. Basta lembrar-se do caso do Sushi, mostrado inicialmente na aula. Com
o aumento do preço dos rodízios de sushi, você procurará ir mais vezes ao rodízio de carnes ou de
massas, por exemplo. Nesse caso, para o consumidor, as carnes e massas são substitutos do sushi.
Dizemos que rodízios de sushi, carnes e massas são substitutos no consumo.
Uma forma bem simples de verificar o efeito-substituição é a seguinte: você está no
supermercado e observa que aquele bem que você costumava comprar mais barato está, agora, mais
caro. Você olha o produto e pensa: “Por esse preço aqui, esse bem está muito caro para o que ele me
traz. Prefiro comprar esse produto B, que é mais caro, mas pelos menos é melhor e a diferença nem
é tão grande assim, mesmo...”. Já aconteceu isso com você? Porque comigo, já.
O outro efeito que explica a redução do consumo de um bem é o efeito-renda. Esse efeito
decorre da perda de poder aquisitivo causado pelo aumento de preço de um bem que faz parte da
cesta de compras do consumidor.
Para compreender melhor o efeito-renda, vale aqui um exemplo matemático. Digamos
que eu gaste, semanalmente, R$ 63,00 em rodízios de sushi (eu vou três vezes durante a semana e
pago, em cada uma delas, R$ 21,00). Agora, considere que a minha renda semanal é de R$ 200,00.
Digamos agora que o preço do rodízio de sushi dobre, passando a ser R$ 42,00. Ao novo preço do
rodízio de sushi, se eu, como consumidor, quisesse adquirir a mesma quantidade de sushi que eu
demandava antes do aumento, eu teria que gastar o dobro de antes, ou seja, R$ 126,00, restando
agora R$ 74,00 para os outros bens e não R$ 137,00 como anteriormente, o que, consequentemente,
me forçará a deixar de comprar vários itens. Dessa forma, o aumento do preço do sushi faz com que
haja um efeito de “empobrecimento” do consumidor. Ficou claro?
Um fato complicador ainda no que diz respeito ao efeito renda é que ele depende de cada
tipo de bem: normal, inferior ou de Giffen. O quadro abaixo apresenta uma explicação de como você

45
Competência 02

precisará compreender o efeito renda, e assim, o efeito preço, para cada tipo de bem. Vamos
analisar?
Antes de começar, algumas explicações básicas:
O efeito preço, como o próprio nome diz, fala sobre a variação de preços. No nosso caso,
vamos considerar sempre um aumento de preços para poder ver a diferença entre os bens, certo?
Fica como tarefa de casa ver as reduções!
Depois, vou colocar os sinais de (+) ou (-) nos efeitos renda e substituição para que você
compreenda se houve um aumento ou uma diminuição da quantidade demandada, certo?

Vamos lá, sem decorar!

1. Imagine, primeiramente, que o preço das laranjas aumente. Nesse caso, você vai trocar
laranja por um bem que ficou relativamente mais barato, digamos, a maçã (veja que o preço da maçã
aqui pouco importa). Assim, o efeito substituição será negativo, já que você reduzirá a quantidade
demanda de laranja. Isso é mostrado no quadro abaixo.
Imagine agora o seguinte: com um aumento do preço da laranja, você ficou mais rico ou
mais pobre? Veja, com um aumento de preço, seu poder de compra diminuiu já que você agora precisa
de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de bens. Logo, para simplificar, diremos que você
ficou mais pobre, ok?
Continuando, agora que você ficou mais pobre você vai comprar mais ou menos laranja?
Como a laranja é, para a maioria das pessoas, um bem normal, nesse caso, você comprará menos
laranja, correto? Assim colocaremos um (-) no efeito renda para a laranja, ok?

EFEITO PREÇO EFEITO SUBSTITUIÇÃO EFEITO RENDA TIPO DE BEM

Aumento no das (-) (-) Normal


preço laranjas (+)

Tabela 1 – Efeito preço


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A tabela está dividida em quatro colunas. Da esquerda para a direita a primeira coluna está nomeada com o
efeito preço e na linha inferior está escrito aumento no preço das laranjas acompanhado do sinal mais. A segunda
coluna está denominada como efeito substituição acompanhado do sinal menos. Seguido pela coluna denominada
efeito renda acompanhado do sinal menos e na sequência a coluna denominada tipo de bem e na linha inferior escrito
normal.

46
Competência 02

O que podemos dizer sobre os efeitos renda e substituição para o caso do bem normal?
Podemos dizer que esses efeitos se reforçam! Falou-se em bem normal, eu já sei que os dois efeitos
atuam na mesma direção, ou seja, quando o preço aumenta, por exemplo, haverá uma redução da
quantidade demandada do bem normal porque houve uma redução por parte do efeito substituição
e outra por parte do efeito renda!
Vamos continuar: imagine agora o que acontece com a sardinha enlatada.
2. Digamos que o preço da sardinha enlatada aumente. Assim como no caso anterior, você
demandará menos sardinha porque comprará, por exemplo, carne em conserva! Assim, podemos
dizer que também para esse bem o efeito substituição será negativo, já que um aumento do preço
induz as pessoas a demandarem menos de determinado bem, substituindo-o.
Agora vamos pensar no poder de compra do consumidor: assim como no caso da laranja,
com um aumento do preço, haverá uma redução do poder de compra do consumidor, certo?
Mas em que a sardinha enlatada é diferente da laranja? Em uma simples explicação: para
a maior parte das pessoas, a sardinha enlatada é um bem inferior! Ou seja, quando a renda diminui,
as pessoas usualmente consomem mais do bem!

Pois é, eu disse a você que não seria simples...


Veja, estamos falando do poder de compra dos consumidores! Logo, como o consumidor
está mais pobre, ele tenderá a consumir mais de determinado bem, logo o efeito renda será positivo,
como mostrado no quadro abaixo:

EFEITO PREÇO EFEITO SUBSTITUIÇÃO EFEITO RENDA TIPO DE BEM

Aumento no da (-) (+) Inferior


preço sardinha
enlatada (+)
Tabela 2 – Efeito preço
Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A tabela possui quatro colunas. Da esquerda para à direita a primeira coluna está denominada com o efeito
preço e na linha inferior está escrito: aumento no preço da sardinha enlatada. Seguida da coluna denominada com o
nome efeito substituição e na linha inferior o sinal de menos. Na sequência tem a coluna denominada efeito renda e na
linha inferior o sinal de mais. A última coluna está denominada com o nome tipo de bem e na linha abaixo a palavra
inferior.

47
Competência 02

Nesse caso, para os bens inferiores usuais, embora a demanda aumente por causa do
efeito renda, o efeito substituição se sobrepõe ao efeito renda, logo, quando o preço de determinado
bem aumenta, a demanda é reduzida! (Embora diminua menos que para o caso dos bens normais!).
RESUMINDO: para o caso dos bens inferiores, diremos que os efeitos renda e
substituição não se reforçam, eles caminham no sentido contrário, prevalecendo o efeito
substituição!
Por fim, vamos recordar o glorioso caso das Batatas inglesas na Inglaterra da Revolução
industrial: os bens de Giffen
3. Imagine agora que houve um aumento de preços para as nossas batatas inglesas. Nesse
caso, assim como nos dois casos anteriores, as pessoas trocarão o bem que ficou relativamente mais
caro por outros que ficaram relativamente mais baratos, correto? Dessa forma, assim como nos casos
anteriores, o efeito substituição das batatas inglesas possuirá um sinal contrário ao efeito preço.
Continuando. De forma exatamente igual ao que acontece com os bens inferiores, com o
aumento dos preços, haverá uma redução do poder de compra dos consumidores. Assim, como o bem
de Giffen é um tipo de bem inferior, haverá um aumento da quantidade demandada das batatas.
Dessa forma, o efeito renda dos bens de Giffen também será positivo.
Ora, então, em que os bens de Giffen se diferem dos bens inferiores?
A diferença está na intensidade dos efeitos renda e substituição. Para o caso dos bens
inferiores, prevalecerá o efeito substituição. Já no caso dos bens de Giffen, prevalece o efeito renda.
Assim, quando o preço aumenta, a quantidade demandada também aumentará! O quadro a seguir
mostra esse efeito.

EFEITO PREÇO EFEITO SUBSTITUIÇÃO EFEITO RENDA TIPO DE BEM


Aumento no preço das (-) (+) Bem de Giffen
batatas inglesas na Inglaterra
durante a Revolução
industrial (+)
Tabela 3 – Efeito preço
Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Tabela com quatro colunas sendo a primeira denominada de efeito preço e na linha inferior escrito: aumento
no preço das batatas inglesas na Inglaterra durante a Revolução Industrial acompanhada do sinal de mais. Segunda
coluna denominada de efeito substituição e na linha inferior o sinal de menos. Na sequência a terceira coluna

48
Competência 02

denominada de efeito renda e na linha abaixo o sinal de mais. E a última coluna denominada tipo de bem e na linha
inferior o nome bem de Giffen

Viu que o Bem de Giffen exige um entendimento diferenciado?


O quadro abaixo mostra um resumo dos três tipos de bens!

EFEITO PREÇO EFEITO SUBSTITUIÇÃO EFEITO RENDA TIPO DE BEM


Aumento no preço das (-) (-) Normal
laranjas (+)
Aumento no preço da (-) (+) Inferior
sardinha enlatada (+)
Aumento no preço das (-) (+) Bem de Giffen
batatas inglesas na
Inglaterra durante a
revolução industrial (+)

Tabela 4 – Efeito preço


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Tabela com quatro colunas sendo a primeira denominada de efeito preço, na linha logo abaixo o aumento no
preço das laranjas acompanhadas do sinal mais, na segunda linha, aumento no preço da sardinha enlatada
acompanhada do sinal mais e na terceira linha aumento no preço das batatas inglesas na Inglaterra durante a revolução
industrial acompanhada do sinal mais. Na segunda coluna efeito substituição e na segunda, na terceira e na quarta linha
o sinal de menos. Na sequência a coluna denominada de efeito renda na linha abaixo seguido do sinal menos, e nas
linhas abaixo, terceira e quarta linha os sinais de mais. Na quarta e última coluna denominada tipo de bem e na linha
abaixo normal. Na segunda linha a palavra inferior e na terceira linha escrito Bem de Giffen.

Para que não restem dúvidas, vamos ver um exemplo numérico para diferenciar bem os
bens inferiores e de Giffen?

Continuando com a sardinha enlatada e as batatas inglesas...


Imagine que o preço da sardinha enlatada aumente. Nesse caso, do lado do efeito
substituição, haverá uma redução de, digamos, 5 na quantidade demandada. Por outro lado, haverá
um aumento de 3 devido ao efeito renda positivo. Assim, o efeito líquido será de -2. Logo, um aumento
no preço leva a uma redução na quantidade demandada do bem! Compreendido agora?
Vamos ver agora o caso das batatas: um aumento de preços levará a uma redução na
quantidade demandada devido ao efeito substituição. Assim, digamos que a redução seja de 3. O
efeito renda, por sua vez, foi positivo e de 5. Logo, para o caso dos bens de Giffen, com uma variação

49
Competência 02

positiva do preço do bem, haverá, também, uma variação positiva na quantidade demandada. Dessa
forma, o bem de Giffen será o único tipo de bem a não respeitar a lei da demanda, já que possui uma
inclinação positiva! Mais fácil agora?

Uma coisa que você deve observar sempre no que diz respeito ao efeito
preço e ao efeito substituição é que eles SEMPRE possuirão sinais
contrários, para quaisquer tipos de bens! O
sinal do efeito renda dependerá do tipo de bem. Para os bens normais, ele
será o mesmo do efeito substituição. Para os bens inferiores, ele será
contrário, mas menor. No caso dos bens de Giffen, ele também será
contrário e ainda maior que o efeito substituição.

Resumindo: “Quando se verifica um aumento no preço de um bem ou serviço, isto tem


como consequência uma redução na quantidade demandada, que corresponde ao efeito total. Este
efeito total resulta da soma do efeito-substituição e do efeito-renda”.

2.1.3. Lei da oferta

Da mesma forma em que a lei da demanda estabelece um padrão de comportamento do


consumidor perante o preço de um bem, a lei da oferta também analisa o comportamento, agora da
empresa, quando se depara com um diferente nível de preço. De acordo com a Lei da Oferta, um
crescimento no preço de um bem aumenta o incentivo para os produtores ofertá-lo no mercado, se
tudo o mais que interfere no comportamento da empresa se mantém constante (sob a hipótese de
Ceteris Paribus). Para se observar a veracidade desse fato, basta considerar o que ocorreu na
economia brasileira no início do século XX, quando o país era o maior produtor mundial de café: com
o aumento dos preços dessa mercadoria, os cafeicultores da época possuíam incentivos para produzir
ainda mais, elevando o número de hectares destinados à produção dessa cultura.
Assim como a lei da demanda estabelece a função de demanda, a lei da oferta também
define a função oferta que informa que quantidade será produzida para cada preço:

• Função oferta:

50
Competência 02

A curva de oferta representa essa relação positiva entre preço e quantidade ofertada.
Para compreender a formulação da curva de oferta, faremos um exercício similar ao
realizado para construir a curva de demanda. Comecemos por uma historinha:
No Brasil, Pernambuco (meu querido estado) é o maior produtor de mangas (inclusive as
sem caroço) do país. Essas mangas são diretamente enviadas para a Europa e lá concorrem com as
mangas de Israel. Imagine que, por alguma razão, Israel entre em guerra com a Palestina. Como nós
vimos pela curva de possibilidade de produção na aula demonstrativa, ele não poderá continuar
produzindo a mesma quantidade de mangas que usualmente fazia. Logo, haverá uma redução na
quantidade de mangas que vai para a Europa. Com essa quantidade menor no mercado europeu,
haverá um aumento de preços, correto? O que acontecerá em Pernambuco, os produtores
aumentarão a sua produção! Logo, quando o preço (por alguma razão) aumenta, a quantidade
ofertada também aumentará!
Graficamente, temos o seguinte:
O ponto A no gráfico mostra a quantidade inicialmente ofertada de mangas por
Pernambuco no mercado europeu:

Fonte: Elaborado pela autora


Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q1 e P1.

Em seguida, haverá um aumento no preço da manga no mercado Europeu. Isso levará


Pernambuco a aumentar a sua produção:

51
Competência 02

Figura 26: Composição da oferta


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. São determinados os pontos P1 e Q1 e P2 e Q2.

Agora, novamente, é tarefa simples! Basta apenas ligar os pontos, o que é mostrado no
último gráfico e Voilà! Eis que temos a curva de oferta dessa economia! Simples assim!
A curva de oferta representa a relação entre preço de um bem e a quantidade ofertada
desse bem.
A curva de oferta representa o comportamento das empresas. Assim, aumentos nos
preços levarão às empresas a oferecer mais produtos no mercado, mostrando, dessa forma, uma
relação direta entre preços e quantidades. Vale reforçar aqui que, assim como no caso da demanda,
aumentos nos preços do bem em questão vão levar a movimentos ao longo da curva de oferta.
Felizmente, para o caso da oferta das empresas, nós não teremos exceções como o caso dos bens de
Giffen para o consumidor.\o/ Isso torna a análise de oferta bem mais simples que a análise de
demanda inicialmente observada.
Assim como existem fatores que deslocam a curva de demanda, existirão fatores que
deslocarão a curva de oferta. Esses fatores serão apresentados agora.

2.1.4 Deslocamento da curva de oferta no mercado

Assim como para demanda, a quantidade ofertada de um determinado bem não depende
exclusivamente do seu preço. Mas, assim como no caso da demanda, não é apenas o preço que altera
a quantidade ofertada. Existirão outros fatores que alterarão a oferta das empresas. Por exemplo,
uma questão essencial para uma empresa decidir a quantidade que ofertará no mercado está

52
Competência 02

relacionada aos seus custos de produção. Assim, se uma empresa consegue reduzir seus custos de
produção, ela pode disponibilizar no mercado uma mesma quantidade com um menor preço.
Contudo, não são apenas os custos que alteram a oferta das empresas. Outros fatores
também gerarão o mesmo efeito. Abaixo, são mostrados os outros fatores que influenciam a oferta
das empresas:

• Tecnologia;
• Expectativas.

Assim, tecnologia, custos e expectativas são os três maiores grupos de fatores que
influenciam a oferta. Graficamente, representa-se essa situação através do deslocamento da curva
de oferta para baixo e para a direita, quando há um aumento da oferta (via redução de custos, ou
avanços tecnológicos, por exemplo). Caso os custos de produção aumentem ou exista uma retração
tecnológica, a curva de oferta se desloca para cima.
No que diz respeito aos custos de produção de uma empresa, esses podem crescer devido
a um aumento no preço de um determinado insumo ou fator de produção, ou a um aumento nas
taxas e impostos cobrados. Por outro lado, os custos podem se reduzir devido a uma diminuição no
preço dos insumos ou fatores de produção, redução dos impostos e criação ou aumento de subsídios.
É possível, ainda, que os custos se reduzam devido a uma alteração na forma de se produzir o bem,
em outras palavras, devido a uma evolução tecnológica.
Os deslocamentos da curva de oferta são apresentados na figura abaixo. Considerando a
curva S2 como a curva de oferta inicial, a curva S3 representará um aumento na oferta, enquanto a
curva S1 representará uma retração.

53
Competência 02

Figura 27 – Deslocamentos da Curva de Oferta


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. São marcados dois pontos S1, S2 e S3. Três linhas nas cores verde (S1), vermelho (S2) e amarelo
(S3) são demonstradas no gráfico, em cada ponto, uma.

Uma mudança na quantidade ofertada, a qualquer preço dado, é representada


graficamente pelo movimento da curva de oferta original para uma nova posição.
Antes de prosseguirmos, uma dúvida que pode ter surgido na sua mente está ligada ao
deslocamento da curva. Acima, eu disse que você deslocaria a curva de oferta para a direita e para
baixo quando houvesse um aumento da quantidade ofertada, não foi isso? Para clarear e exterminar
as suas dúvidas, faço uma explicação simples:
Suponha que haja um avanço tecnológico em uma determinada firma. Nesse caso, ela
poderá produzir mais unidades a um mesmo nível de preço ou ainda produzir a mesma quantidade
cobrando um preço bem menor.
Nesse ponto a que chegamos você deve ter notado que, uma vez compreendido todo o
raciocínio sobre o comportamento do consumidor, fica muito mais fácil entender o comportamento
do empresário, porque os comportamentos são contrários!

54
Competência 02

Quando a questão falar em aumento da demanda, você deverá lembrar que


quando a demanda aumenta, ela vai para a direita e para cima! No caso de
um aumento da oferta, a curva irá para a direita e para baixo!
Para ficar mais simples ainda de compreender: falou-se em aumentos da
demanda ou da oferta, as curvas irão para a DIREITA! As reduções
implicarão em movimentos para a
ESQUERDA! Se vai para cima ou para baixo, com o deslocamento paralelo,
você observará isso!
FICA A DICA!

2.1.5 Ponto de equilíbrio

Como vimos na aula demonstrativa, o local físico ou não onde existe a interação de empresas e consumidores
se chama mercado. Considera-se que um mercado está em equilíbrio quando a quantidade demandada de
um produto se iguala à quantidade ofertada, ou seja, quando a economia encontra o seu ponto de equilíbrio.
Como foi visto acima, pelas equações da demanda e da oferta, a quantidade demandada e a ofertada de um
bem dependem de seu preço. Então, há um preço para o qual a quantidade de oferta se iguala a de demanda,
esse é chamado de preço de equilíbrio, e a quantidade associada é a quantidade de equilíbrio.
Graficamente, nós temos um equilíbrio de mercado (ou o ponto de equilíbrio) quando há o cruzamento entre
a curva de oferta e a curva de demanda de determinado bem.
O equilíbrio econômico de mercado é um resultado quando a quantidade ofertada é igual à quantidade
demandada, considerando o número de produtores como dado. O equilíbrio de mercado é uma situação
onde, dado um determinado nível de preços, a quantidade demandada é idêntica à quantidade ofertada.
Nessa situação, não existem sobras ou excessos de produtos. Além disso, o equilíbrio de mercado é estável,
ou seja, se não existir mudanças no comportamento do consumidor e/ou do produtor, esse equilíbrio não
será alterado.
O preço de equilíbrio é determinado igualando as funções demanda e oferta – ou seja, igualando as
quantidades. Resolvendo essa equação, encontra-se o preço de equilíbrio. No equilíbrio a quantidade
demandada é igual à quantidade ofertada:

55
Competência 02

Figura 28 – Equilíbrio de Mercado


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q0 e P0. Por esta passam as retas E em sentido
crescente e a reta D em sentido decrescente. A intersecção destas linhas é o Ponto de Equilíbrio, representado pela
seta vermelha.

Caso o preço que vigora no mercado fosse maior que o preço de equilíbrio, a quantidade
ofertada superaria a quantidade demandada, pois, com o aumento de preço, existiria uma redução
na quantidade demandada e um aumento da quantidade ofertada, assim, o mercado apresentaria
um excesso de oferta (ou escassez de demanda). Essa situação é mostrada na figura abaixo. Caso
contrário, se o preço de mercado for inferior ao preço de equilíbrio, então a quantidade demandada
será superior àquela ofertada pelas firmas, caracterizando um excesso de demanda (ou escassez de
oferta).

56
Competência 02

Figura 29 – Excesso de Oferta


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q0 e P0. Por esta passam as retas S(linha vermelha),
em sentido crescente, e a reta D(linha azul), em sentido decrescente. Acima do ponto de intersecção destas linhas é o
Excesso de Oferta.

Figura 30 – Excesso de Demanda


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q 3 e P3. Por esta passam as retas S(linha vermelha),

57
Competência 02

em sentido crescente, e a reta D(linha azul), em sentido decrescente. Abaixo do ponto de intersecção destas linhas é o
Excesso de Demanda.

Quando ocorre esse tipo de desequilíbrio, acredita-se que o próprio mercado tende a
corrigi-lo. No caso de um excesso de demanda, os produtores perceberão que podem aumentar um
pouco o preço e a quantidade produzida, e no caso de um excesso de oferta serão obrigados a fazer
o oposto. Essa confiança no livre ajustamento do mercado recebe o nome de Lei da Mão Invisível
(formulada inicialmente por Adam Smith).
Observe que, até aqui, consideramos que o ponto de equilíbrio não se altera. E isso é
verdade, se nenhuma variável que afeta a vida da empresa ou a vida do consumidor for alterada, esse
ponto tende a se perpetuar indefinidamente. A questão é que os fatores que afetam a vida do
consumidor e/ou do produtor não são imutáveis. Para compreender o que acontece nesses casos,
precisamos compreender a dinâmica do mercado, último item da aula de hoje.

2.1.6 Dinâmica de mercado

Como vimos, alguns fatores podem modificar a quantidade demandada ou ofertada de


um bem para um mesmo nível de preço. Caso isso ocorra, observa-se uma mudança no equilíbrio,
havendo um ajustamento tanto na quantidade, como no nível de preços, isso porque o antigo
equilíbrio passa a ser uma situação de excesso de demanda ou de oferta.
Para que você compreenda melhor, vamos analisar um exemplo: considere que, no
gráfico abaixo, a economia está no seu equilíbrio inicial no ponto A, mostrado abaixo. Suponha que,
por alguma razão (seja aumento da renda, seja alteração dos gostos, etc.) a demanda aumente
(deslocando a curva de demanda para direita, para uma posição como a curva tracejada), com todo
o mais constante, teremos uma demanda maior que oferta, como mostrado pelo ponto B. Como é
possível observar, haverá um excesso de demanda ou uma escassez de oferta. A pergunta que se faz
é: como atender a essa nova demanda? Ela só poderá ser satisfeita se houver um aumento dos
preços! É como se a empresa estivesse dizendo: querem consumir mais, terão que pagar mais por
isso! Como você sabe, à medida que o preço aumenta, os consumidores tendem a consumir menos.
Isso é mostrado pela setinha subindo ao longo da nova curva de demanda e da curva de oferta. O
novo ponto de equilíbrio é estabelecido no ponto C. Esse aumento de preços é necessário para que
se incentive a produção de mais unidades por parte das firmas.

58
Competência 02

Figura 31 – Aumento da Demanda.


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q1 e P1. Por esta passam as retas S(linha vermelha),
em sentido crescente, e a reta D(linha azul), em sentido decrescente. Abaixo do ponto de intersecção destas linhas é o
Excesso de Demanda.

Nesse gráfico, ocorre um aumento da demanda, decorrente, por exemplo, do aumento


na renda dos consumidores. Conforme analisamos anteriormente, para qualquer preço os
consumidores demandarão quantidades maiores. A seta indica a direção da mudança. A oferta, por
outro lado, permaneceu inalterada porque nenhum dos fatores que podem provocar seu
deslocamento (tecnologia, custos ou expectativas) modificou-se. Assim, as consequências
decorrentes do aumento da demanda são o aumento da quantidade e o preço de equilíbrio. Desse
modo, se compararmos o Ponto de Equilíbrio Final (decorrente do aumento de demanda) com o
Ponto de Equilíbrio Inicial (anterior à mudança) verificaremos que a quantidade de equilíbrio final é
maior que a quantidade de equilíbrio inicial e o preço de equilíbrio final também é maior que o Preço
de Equilíbrio Inicial.
De forma contrária, caso ocorra uma redução da demanda, se o preço for mantido
inalterado, haverá um excesso de oferta, e, nesse caso, as firmas desejariam vender mais do que a
quantidade que a demanda desejaria comprar. Assim, para reequilibrar o mercado, haveria uma
redução tanto na quantidade ofertada quanto nos preços.

59
Competência 02

No caso de um aumento na oferta (curva de oferta se deslocando para baixo), ou seja, se


as firmas podem produzir mais a um mesmo preço, então o equilíbrio inicial também se transformaria
em uma situação de excesso de oferta. A nova quantidade de equilíbrio seria maior, refletindo a maior
possibilidade de produção das firmas, mas com menor preço – a demanda somente pode adquirir a
quantidade adicional caso o preço se reduza. Nessa situação, é como se os consumidores dissessem:
querem vender mais? Nós só compramos por um preço menor!
Por fim, se a oferta se contrai, ou seja, as firmas precisam cobrar mais para produzir uma
mesma quantidade (ou, de modo equivalente, elas produzem menos a um mesmo preço), então o
antigo equilíbrio se tornaria um excesso de demanda. Para que o novo equilíbrio seja alcançado, o
preço deve aumentar e a quantidade se reduzir. A figura abaixo mostra a dinâmica de mercado
quando há um aumento da oferta.

Figura 32 – Aumento da oferta.


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa um gráfico cartesiano em que o eixo das abcissas é representado pela letra Q e o das
ordenadas pela letra P. A linha do gráfico é determinada pelo ponto Q 1 e P1. Por esta passam as retas S(linha vermelha),
em sentido crescente, e a reta D(linha azul), em sentido decrescente. Ao lado da reta S nos pontos Q 3, P3 e Q2 e P1,
passa a reta S’ (azul pontilhada).

Nesse gráfico, ocorre um aumento na oferta, decorrente, por exemplo, da descoberta de


uma nova tecnologia de produção. Apenas para recordar, verifique que, nesse caso, para qualquer

60
Competência 02

preço, os produtores produzirão quantidades maiores. A seta indica o sentido da mudança. A


demanda, por outro lado, permaneceu inalterada porque nenhum dos fatores que podem provocar
o seu deslocamento (como renda, preço de um bem relacionado, preferências ou expectativas) sofreu
qualquer modificação. Veja como o aumento da oferta vai resultar em um deslocamento na
quantidade de equilíbrio, que, no entanto, será acompanhado por uma queda no preço de equilíbrio.
Desse modo, se compararmos o Ponto de Equilíbrio Final (decorrente do aumento da oferta) com o
Ponto de Equilíbrio Inicial (anterior à mudança) verificaremos que a quantidade de equilíbrio final é
maior que a quantidade de equilíbrio inicial e o preço de equilíbrio final é menor que o preço de
equilíbrio inicial.

Fica como trabalho de casa verificar, graficamente, o que ocorre quando a demanda ou a oferta sofrem uma
redução, ok?

61
Competência 03

3.Competência 03| Compreender os fundamentos da macroeconomia

3.1 As funções e as formas de atuação do governo

Figura 33 – Fluxo circular da riqueza


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”, “Firmas” e
“Mercado de Fatores”, como uma relação circular, mediada pelo “Governo”, que por sua vez está relacionada com o
resto do mundo e com os Mercados Financeiros em relação às “Exportações”, “Importações”, “Tomada de
Empréstimos”, e “Compras Governamentais”.

Lembra-se dessa figurinha?


Na verdade, o que eu quero que você analise agora é a função do governo, que está
marcada com o círculo vermelho. Veja que, como dissemos na aula passada, o governo se comunica,
nesse diagrama, diretamente apenas com o agente econômico família. Nesse contato, o governo tira
dinheiro das famílias ricas (família do Sr. Silva) e transfere para as famílias pobres (família da Sra.
Silva). Com esse movimento, o governo executa a sua primeira função na economia, a função
distributiva. Vamos entender o que é essa função?

62
Competência 03

3.1.1 A função distributiva

Quando se falar em função distributiva, você vai lembrar-se, imediatamente, de impostos


e transferências! Por que isso? Porque o governo (quando atua como um bom planejador social)
deseja distribuir o dinheiro para todo mundo, ora bolas! O governo não quer que o dinheiro fique
concentrado na mão de poucas famílias, ele deseja que o dinheiro seja o mais bem distribuído
possível entre todos que fazem parte de uma economia.
Esse caso vai lembrar o que nós vimos com o Sr. e a Sra. Silva. O governo não quer que o
dinheiro fique todo na mão do Sr. Silva e vai aplicar um imposto sobre a riqueza dele, o nosso famoso
imposto de renda.
Assim, quando o governo estabelece alíquotas de imposto de renda, por exemplo, ele
está, na verdade, aplicando um instrumento para efetivar a sua função distributiva objetivando
reunir recursos para promover uma melhor distribuição de renda na sociedade.
Logicamente, apenas a aplicação do imposto de renda 8(cujas alíquotas atuais variam de
7,5% a 27,5% no Brasil, a depender da renda declarada da pessoa) não indica que o governo
conseguirá realizar uma melhor distribuição. Nesse caso, ele também tem que fazer uma política de
transferências.
As transferências, por sua vez, seguem o fluxo contrário ao dos impostos (como nós
vimos na figura acima). Elas são destinadas às pessoas que possuem menor nível de rendimentos.
Exemplos de transferências, no Brasil, são as nossas bolsas: bolsas de estudo, Bolsa Família, auxílio-
gás, etc.
Logicamente, no caso brasileiro, infelizmente, os indicadores não corroboram muito essa
função do nosso governo, pois, embora tenhamos uma carga tributária semelhante à observada nos
países europeus, a nossa renda é tão mal distribuída quanto a renda dos países africanos, ou seja, o
governo tira dos ricos e não consegue repassar, integralmente, para os pobres, (mais tarde veremos
por que isso acontece) classificando o Brasil como um dos países de maior desigualdade de renda no
planeta!
Com esse fluxo de saída das famílias ricas (impostos) e entrada nas famílias pobres
(transferências), é possível observar que a função distributiva, como vimos acima no fluxo circular

8
Fonte de consulta: Imposto de renda, 2019. Disponível em: https://impostoderenda2019.net.br/tabela-imposto-de-
renda-2019/. Acesso em: fevereiro, 2019.

63
Competência 03

da riqueza expandido, até aqui, diz respeito apenas ao contato entre governos e famílias. É dessa
forma que o governo afeta diretamente os consumidores.
Mas, analisando de uma forma mais ampla, nós sabemos que o governo não implanta
apenas impostos sobre as famílias, ele pode (e faz com certa frequência) aplicar impostos sobre os
bens também! Esses tipos de impostos não incidirão diretamente sobre o consumidor mais rico, mas
sobre toda a economia. É como se, olhando o fluxo circular da riqueza, analisássemos o governo
dentro do mercado de bens e serviços, gerando alterações nos preços.
A partir de agora, e daqui até o final das funções do governo, ele não irá mais afetar
diretamente os consumidores, mas atuará de forma indireta, via mercado de bens e serviços. Vamos
ver?
Além do Imposto de Renda, temos ainda, no Brasil, o ICMS, o ISS, o CIDE, todos os tributos
que não incidem diretamente sobre a renda das pessoas, mas sobre o preço dos bens e serviços
utilizados. Logo, seguindo esse preceito, não serão apenas as famílias ricas que pagarão os impostos,
mas as famílias mais pobres também.
E como esse tipo de imposto pode gerar uma redução na desigualdade de renda ou uma
melhor distribuição dos recursos? Simples, a ideia é que esses impostos sejam direcionados, via
transferências, para as famílias mais pobres, fazendo com que elas sejam mais que reembolsadas
pelos gastos com impostos, sendo beneficiadas pela implantação do tributo.
O funcionamento desse tipo de tributação foi visto de acordo com o último edital. De toda
forma, faço uma revisão para que não fique nenhuma ponta no edital. Vamos ver isso de forma mais
analítica?
Antes de falar de impostos, é preciso compreender o que existia antes dele para saber
qual o seu impacto. Assim, antes de qualquer coisa, falaremos sobre excedentes do consumidor e do
produtor. Veja que não são excessos, mas excedentes! Isso fará toda a diferença. Para entender o
que significa, comecemos por algo tipicamente brasileiro.
Seu time está na final do campeonato estadual e você não tem o ingresso. Aliás, os
ingressos estão esgotados! O que você faz? Vai para frente do estádio negociar com o cambista, claro!
Você leva no bolso R$ 100,00 e sabe que não poderá pagar mais do que isso (até porque
o cambista não aceita cartão de crédito). Os seus R$ 100,00 são o que os economistas chamam de
preço reserva.

64
Competência 03

O preço reserva é quanto, no máximo, você está disposto a pagar para comprar
determinado bem. Nem um centavo a mais. Para verificar isso, é só você perguntar a você mesmo se
já se questionou até quanto pagaria para ter um bem, e sem nem R$ 1,00 a mais.
Observe no gráfico abaixo que os consumidores estariam dispostos a pagar mais do que
o preço de equilíbrio, a diferença entre esses valores corresponde a uma vantagem obtida pelo
consumidor.

Figura 34 – Excedentes
Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo a parte interna em duas cores. A partir do ponto 5, abaixo está na cor
verde claro (excedente do produtor) e acima, amarelo (excedente do consumidor).

No caso do exemplo acima, se você comprar o ingresso por R$ 70,00, terá um ganho de
R$ 30,00.
Essa vantagem ocorre até a quantidade de equilíbrio. Então, a região do gráfico
delimitada pelo preço de mercado e a demanda é uma medida do benefício do consumo, sendo
denominada de excedente do consumidor (a área amarela no gráfico).

65
Competência 03

No caso dos produtores, o raciocínio é semelhante. O benefício na venda de cada unidade


também é definido pela diferença entre o preço que recebe e aquele que estaria disposto a vender
cada unidade.
Pense no cambista. Ele tem um ingresso e está disposto a vender por R$ 30,00. Caso ele
consiga vender por R$ 50,00, ele terá um ganho de R$ 20,00. Essa diferença entre o preço que se está
disposto a vender (que normalmente estará associado aos custos) e o preço de venda é o que
chamamos excedente do produtor.
Assim como para os consumidores, esse benefício existe até a quantidade de equilíbrio,
e é denominado excedente do produtor. Graficamente, o excedente do produtor é representado
pela região delimitada pelo preço de equilíbrio e a curva de oferta (a área verde do gráfico).
A soma do excedente do consumidor com o excedente do produtor pode ser entendida
como uma medida de bem-estar.
E qual a relação existente entre o excedente dos consumidores e produtores e os
impostos governamentais? É isso que veremos agora!
Imagine que o governo implante determinado imposto. O que isso significa,
economicamente? Isso diz que nós, consumidores, pagaremos mais e as empresas receberão
menos. No gráfico abaixo digamos que o imposto signifique uma alíquota total de R$ 4,00. Nesse
caso, essa alíquota é mostrada, graficamente, pela linha vermelha. Vamos ver?

66
Competência 03

Figura 35 – Excedentes
Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo a parte interna em duas cores. A partir do ponto 5, abaixo está na cor
verde claro (Preço Recebido pelo Produtor) e acima, amarelo (Preço Pago pelo Consumidor).

Nessa situação, o que acontece?


Com a nova alíquota do imposto, os consumidores pagarão agora R$ 7,00 e as empresas
receberão R$ 3,00. No gráfico abaixo, os novos preços são mostrados em linhas verdes.
Qual o ganho do governo? O ganho obtido pelo governo será dado pela soma dos
quadrados (A) e (B) mostrados abaixo.

67
Competência 03

Figura 36 – Excedentes
Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo a parte interna em duas cores. A partir do ponto 5, abaixo, está na cor
azul claro, representado pela letra B e acima, amarelo, representado pela letra A.

Para fazer a conta dos ganhos do governo não é difícil. É só multiplicar a alíquota pela
nova quantidade vendida, como acima. Então, governo colocou imposto sobre um bem, ele vai
ganhar uma boa grana com isso! Mas, e o resto da sociedade, estará feliz (em termos de bem-estar)
com essa política?
A primeira coisa que podemos observar é que haverá perdas de bem-estar (perdas de
excedentes) tanto para o consumidor quanto para o produtor. Isso pode ser mostrado ainda no
gráfico acima. Veja que quando o governo instaura um imposto, ele ganha, mas a sociedade perde.
Os consumidores perdem o trapézio vermelho em termos de bem-estar e os produtores perdem o
trapézio azul! A questão é que essas não são as únicas perdas para a sociedade! Vamos ver com calma
no gráfico.

68
Competência 03

Figura 37 – Excedentes
Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo. A parte interna está em duas cores, a partir do ponto 5, abaixo, na cor
verde claro, representado pela letra B e D; acima, amarelo, representado pela letra A e C.

Veja o seguinte, antes, a nossa quantidade de equilíbrio era Q0, mas agora Q0 não está
mais disponível! Logo, também houve outra perda de bem-estar porque houve uma limitação da
quantidade de equilíbrio. Isso é mostrado pelos triângulos C e D.

69
Competência 03

Figura 38 – Excedentes
Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo a parte interna em duas cores. A partir do ponto 5, abaixo, na cor
verde claro, representado pela letra B e D; acima, amarelo, representado pela letra A e C.

Agora, ficou fácil de ver o saldo do imposto para os dois agentes econômicos. Para os
consumidores, a perda é dada pela soma do quadrado (A) e do triângulo (C). Para os produtores, a
perda é dada pela soma do quadrado (B) com o triângulo (D).

Fazendo uma continha simples, temos o seguinte:


Ganho para o governo = + A + B
Perda do consumidor =-A–C
Perda do produtor =-B–D
Resultado =-C–D
Ou seja, para a economia, sempre que o governo implantar um imposto, haverá uma
perda de bem-estar. Essa perda é chamada de perda de peso morto. Entendido?
Apenas para finalizar essa parte dos impostos, a perda de peso morto dependerá da
elasticidade preço da demanda e da oferta. Quanto mais inelásticas forem as curvas, menor será a
perda de peso morto. Logo, como os bens mais necessários possuem, normalmente, a menor
elasticidade preço da demanda, tendem a ser os bens mais tributados. Assim, justifica-se a

70
Competência 03

intervenção do governo na imposição de impostos na água mineral, na gasolina, etc. Infelizmente,


economicamente é melhor tributar a água a tributar o anel de brilhantes. O anel possui uma grande
elasticidade de preço da demanda. A água é quase perfeitamente inelástica.
Assim, pode-se dizer que no Brasil o fato dos impostos incidirem sobre os bens
(principalmente os inelásticos) pode ser considerado como o maior problema do sistema tributário
nacional já que esses bens serão consumidos, prioritariamente, pelas camadas mais desprovidas,
fazendo com que o nosso sistema de arrecadação seja fortemente ineficiente.
Para terminar as formas de atuação do governo quando na execução da função
distributiva, precisamos conversar sobre os três últimos itens: os subsídios, as tarifas e as quotas.
Eles são os itens mais curtos, por isso, foram agrupados.
Para o primeiro caso, o subsídio é exatamente o contrário do que foi visto no imposto. Se
a alíquota do imposto pode ser vista como uma perda social, o imposto é visto como o ganho.
Contudo, de forma contrária ao que acontece no caso do imposto, o subsídio aumenta a quantidade
de equilíbrio.

Figura 39– Excedentes


Fonte: Elaborada pela autora
Descrição: A figura representa o gráfico cartesiano em que a linha S, crescente, que corta o ponto Q 0 e P5, intersecta a
linha D, decrescente, no mesmo ponto, dividindo a parte interna em duas cores. A partir do ponto 5, abaixo, na cor
verde claro e acima, amarelo. Após o ponto de intersecção está escrito Valor do Subsídio.

71
Competência 03

No que diz respeito às quotas, elas são determinadas como uma limitação da quantidade
produzida. Nesse caso, embora as empresas desejem comercializar os bens, não poderão porque o
governo limita a quantidade.
Por fim, no que diz respeito às tarifas, elas serão implementadas principalmente no
comércio entre os países. Elas são nada menos que um aumento de preços dos bens importados. Isso
ajuda no aumento da produção doméstica, além de gerar ganhos para os empresários.

Resumindo, para finalizar, toda vez que falarmos sobre


a função distributiva do governo, eu quero que você recorde
primeiro do objetivo: equidade de renda. Depois, preciso que você
se lembre
das formas de atuação: impostos, transferências, preço
máximo, preço mínimo. Há ainda os subsídios e as quotas que
podem ser utilizados como formas de atuação.

Figura 40: Todos pela equidade


Fonte: GettyImages
Descrição: A imagem mostra uma esfera e dentro da mesma, bonecos de cores diversas. Abaixo da figura tem a frase:
“todos pela equidade”.

Figura 41 – Função distributiva


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Figura da esquerda para à direita com quadro azul, escrito: função distributiva, na sequencia seta contornada
em vermelha escrito: formas de atuação apontado para colchete que abrange cinco retângulos, na ordem vertical de

72
Competência 03

cima para baixo, o primeiro retângulo contornado na cor vermelha escrito impostos, o segundo retângulo contornado
na cor verde escrito transferências, o terceiro retângulo com contorno na cor vermelho escrito: preços máximos. No
quarto retângulo contornado na cor verde está escrito preços mínimos e no quinto e último retângulo contornado na
cor vermelha está escrito tarefas e quotas.

3.1.2. A função alocativa

Agora que já compreendemos de que forma o governo diminui a desigualdade de renda,


vamos compreender como o governo atua no sentido de prover bens e serviços públicos. Essa ação
é o que chamamos de função alocativa.
Muitos alunos confundem as funções alocativa e distributiva desempenhadas pelo
governo, já que elas parecem ser bastantes semelhantes em um ponto: elas visam a melhorar a
qualidade de vida da população de menor renda. Contudo, diferentemente da função distributiva, a
função alocativa está ligada à atuação do governo enquanto provedor de bens públicos ou
semipúblicos.
Antes de continuar, vale aqui uma explicação simples sobre os bens públicos. De maneira
diferente ao que você viu no Direito, em Economia um bem público pode ter origem privada (embora
na maior parte dos casos não haja a produção de bens públicos por agentes privados). Assim, um bem
público é qualquer bem que seja não excludente (ou seja, de acordo com o Krugman, o fornecedor
não pode impedir o consumo do bem por pessoas que não pagam por ele) e não rival (ou seja, ainda
de acordo com o Krugman, quando mais de uma pessoa pode consumir a mesma unidade do bem ao
mesmo tempo). Um bom exemplo de bens públicos puros seria o farol de navegação marítima. O produtor do
farol não pode impedir que os navios sejam guiados por ele. Além disso, o fato de eu utilizar o farol como guia
não impede que você também o utilize.
Logicamente, não é simples encontrar um bem público puro, dessa forma, além de prover
o bem público puro, o governo também oferece os bens semipúblicos (bens que são rivais e não
excludentes ou não rivais e excludentes).
Dessa forma, quando o governo produz, por exemplo, saúde pública, ele está atuando
segundo a sua função alocativa. É ainda dentro da função alocativa que nós podemos chamar o
governo de produtor. Quando produz determinados bens, o governo acaba por prover produtos e
serviços que, no livre mercado, não seriam oferecidos pelas empresas.

73
Competência 03

Note que, no caso da execução da função alocativa, o governo não atua diretamente em
contato com qualquer agente econômico. Ele o faz de forma indireta, atuando no mercado de bens
e serviços.
Outra forma de atuação do governo quando da execução da função alocativa pode ser
observada através da emissão de subsídios às empresas. Nesse caso, o governo acaba gerando uma
conexão direta com as empresas, provocando o aparecimento de uma nova setinha no diagrama do
fluxo circular da riqueza, como vemos abaixo.

Figura 42 – Fluxo circular da riqueza


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: A figura representa a relação entre os elementos: “Famílias”, “Mercado de Bens e Serviços”,
“Firmas” e “Mercado de Fatores”, como uma relação circular, mediada pelo Governo, que por sua vez está relacionado
com o “Resto do Mundo”, e com os “Mercados Financeiros” em relação às “Exportações”, “Importações”, “Tomada de
Empréstimos”, e “Compras Governamentais”.

No caso acima, nós podemos observar claramente que esse tipo de intervenção
governamental fere o princípio do fluxo circular da riqueza justamente por cortar o círculo gerado.
Em muitos casos, o governo realiza esse tipo de intervenção via isenção de impostos, incentivando as
empresas a produzir bens que seriam providos pela iniciativa pública.

74
Competência 03

Finalmente, vale notar que, muitas vezes, quando o governo executa a sua função
alocativa ele está também executando a função distributiva, já que como o governo está produzindo
bens públicos que atendem à população de menor faixa de renda (como hospitais públicos, escolas
públicas, etc.), ele acaba por melhor distribuir os recursos da economia também!

Figura 43 – Função alocativa


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Da esquerda para à direita quadro na cor azul escrito função alocativa. No centro seta vermelha em direção
do quadro à direita escrito formas de atuação. No quadro vermelho à direita escrito provisão de bens públicos .

3.1.3 A função estabilizadora

Eis aí uma função que o governo realiza na macroeconomia! Ele estabiliza o que nós
chamamos de ciclos econômicos. Como ele faz isso?
Simples: todo mundo quer que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresça 15% por
ano. Certo? Com o crescimento do PIB, mais produtos são gerados, mais empregos são criados. O
Brasil entra em um círculo virtuoso de crescimento! Mas qual o risco de crescer assim?
O risco de crescer desse jeito é que tal crescimento, quando não realizado de forma
sustentável, pode gerar inflação ou ainda uma recessão em um período posterior, o que seria muito
ruim para a sociedade.
Observando isso, o governo busca estabilizar a economia para que a economia nem cresça
de forma desordenada nem entre em uma recessão extrema.
Para executar a função estabilizadora, o governo utiliza o que nós chamamos de políticas
econômicas. As duas mais conhecidas são as políticas fiscal e monetária. A primeira é a atuação direta
do governo no mercado de bens e serviços. A segunda é a atuação no mercado monetário (uma parte
do mercado de ativos financeiros). Por terem características bastante específicas, as formas de

75
Competência 03

atuação do governo quando da execução da função estabilizadora serão vistas na aula que vem. Por
hora, eu preciso que você compreenda que quando nós falarmos em função estabilizadora,
estaremos falando da intervenção do governo na macroeconomia, não na micro, como vimos com as
funções distributiva e alocativa.

Figura – 44 Função estabilizadora


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Figura da esquerda para a direita com quadro contornado na cor azul escrito função estabilizadora. Na
sequência seta com contorno na cor vermelha indicando colchete que abrange dois retângulos. Na parte superior
retângulo contornado de vermelho escrito Política Fiscal e na parte inferior retângulo na cor verde escrito: política
monetária

3.1.4 A função reguladora

Antes de falar sobre a função reguladora propriamente dita, é preciso que você note que
na questão anterior ela não foi considerada como uma das funções do governo. Embora sua
importância seja cada vez maior na economia, ainda não existe concordância entre os economistas
sobre sua caracterização ou não como função do governo. Na questão 9, que veremos a seguir, ela é
considerada como função do governo. Dessa forma, se aparecerem apenas as três primeiras funções,
consideraremos a alternativa como correta. Se aparecerem as quatro funções, consideraremos essa
a alternativa correta, ok?
Primeira coisa que nós precisamos saber: por que os governos regulam?
A razão para que, no Brasil, exista uma forte preocupação com a regulação tem crescido
ao longo dos últimos 20 anos. Desde o governo Collor9, em que se iniciou o processo de privatizações
no Brasil, a provisão de serviços de utilidade pública (como energia, telefonia, gás, etc.) tem sido

9
Síntese sobre o Governo Collor. História de Tudo. Fonte: https://www.historiadetudo.com/governo-collor. Acesso em:
fevereiro, 2019.

76
Competência 03

realizada por empresas privadas. Assim, para evitar que essas empresas realizem práticas abusivas, o
governo atua na economia regulando a ação dessas empresas.
Uma informação importante e que nem sempre é de conhecimento geral diz respeito ao
processo de privatização. Veja que, nesse processo, o governo não deixa de ser o titular do serviço
prestado. Na verdade, com a privatização, o governo apenas muda de posição: deixa de ser o
provedor ou prestador do serviço, passando a ser o cedente (ele cede o direito de produzir
determinado bem ou serviço) e o regulador (ele verifica se os preços ou tarifas cobradas estão de
acordo com as estruturas de custos da empresa).
Logicamente, não são apenas as empresas privatizadas que sofrem regulação. Todo e
qualquer ato de empresas privadas que possam ser caracterizados como abusivos são analisados pelo
governo na implementação de sua função reguladora. Um exemplo não tão recente diz respeito à
parceria entre TAM e GOL na oferta de serviços de voos comerciais. Embora fosse extremamente
interessante para as duas empresas, tal prática não foi autorizada pelo governo, uma vez que poderia
caracterizar a formação de um cartel dentro do setor aéreo comercial brasileiro.
Assim, seja regulando empresas privatizadas ou empresas privadas, o governo, com a
função reguladora, consegue manter o grau de concorrência nos mercados, o que gera ganhos de
eficiência, gerando, de forma mais ampla, ganhos de bem-estar.
Para que seja possível regular os mercados, é preciso que o governo utilize instrumentos.
Entre os instrumentos mais frequentes, as Agências Reguladoras se destacam por se encarregarem
de zelar pelo interesse público, garantindo o fornecimento, a qualidade do serviço e a adequação das
tarifas empregadas. De acordo com o professor Heber Carvalho, podemos citar os principais objetivos
da regulação como sendo:
• O bem-estar do consumidor;
• A melhoria da eficiência alocativa, onde se realiza o maior volume de transações
econômicas, com a geração de maior renda agregada possível;
• A melhoria da eficiência distributiva, onde, em virtude da regulação, é reduzida a
capacidade do produtor de apropriar excedentes econômicos;
• A melhoria da eficiência produtiva, em que se busca o máximo de rendimento ao
menor custo;

77
Competência 03

• Universalização e qualidade dos serviços (a serem prestados por um preço justo, não
o menor possível);
• Interconexão entre os diferentes provedores (interoperabilidade da rede pública);
• Segurança e proteção ambiental;
• Estabelecimento de regras de concorrência, definindo quais mercados serão abertos,
para quantos concorrentes e como assegurar uma justa competição;
• Determinação da estrutura tarifária, principalmente no que diz respeito ao tipo de
mecanismo de controle das tarifas dos segmentos regulamentados.

Finalmente, abaixo, vemos as principais funções do órgão regulador:


• A defesa e interpretação das regras, além da sugestão de novas regras que facilitem
as relações que resolvam os conflitos entre os atores – incluindo também os conflitos
com o poder concedente;
• A definição operacional de alguns conceitos fundamentais a serem incluídos nos
contratos de concessão;
• A investigação e a denúncia de atividades anticompetitivas ou abuso do monopólio
concedido (esse último ponto vale, principalmente, para as empresas privatizadas em
que o serviço de utilidade pública é unicamente oferecido por elas).

Por fim, para concluir a parte teórica da aula de hoje, posto aqui uma lista que contempla
algumas Agências Reguladoras no Brasil. Você não precisará decorar esse material, basta apenas dar
uma olhada para ficar familiarizado com o assunto, ok?
• Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL): autarquia que tem como função
implementar a política nacional de energia elétrica, assim como fiscalizar as
atividades do setor e prevenir e repreender as infrações da ordem econômica,
respeitando o que for de competência do CADE, além de participar das licitações de
contratos de concessão de energia elétrica.
• Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL): autarquia destinada a coordenar
a reestruturação do sistema de telecomunicações, além de participar das licitações
de contratos de concessão de telefonia.

78
Competência 03

• Agência Nacional do Petróleo (ANP): autarquia vinculada ao Ministério de Minas e


Energia, que fiscaliza e regula as atividades relacionadas à indústria petrolífera.
• Agência Nacional de Saúde (ANS): autarquia vinculada ao Ministério da Saúde que
controla e regula a relação entre prestadores e consumidores na área da saúde.
• Superintendência de Seguros Privados (SUSEP): órgão do Ministério da Fazenda
responsável por fiscalizar o mercado de seguros e previdências privadas.
• Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE): autarquia vinculada ao
Ministério da Justiça que pune infrações à ordem econômica, controla condutas e
previne atos de concentração que possam apresentar danos à concorrência.

Figura 45 – Função reguladora


Fonte: Elaborado pela autora
Descrição: Da esquerda para à direita quadro contornado na cor azul escrito: função reguladora. Na sequência seta
contornada na cor vermelha apontado para retângulo contornado na cor verde escrito: agências reguladoras.

79
Competência 04

4.Competência 04| Entender a teoria e a prática em operações cambiais


Para concluirmos este capítulo sobre noções de macroeconomia, falta abordarmos uma
questão fundamental: o câmbio!
Acompanhe trecho do texto do economista Carlos Escóssia (2009), reproduzido do seu
blog:
Da mesma forma que todo bem tem um valor, as moedas nacionais também têm seu
valor, seu preço - que é a taxa de câmbio 10- que expressa o preço da moeda externa em relação à
moeda nacional. Se a taxa de câmbio hoje é 2.34 R$/US$, significa dizer que o preço do dólar
americano, em termos do real brasileiro, é de R$ 2,34 para cada dólar.
Como todo preço, a taxa de câmbio é basicamente determinada pela “lei da oferta e da
procura”. Se a procura é maior que a oferta, o preço do dólar, em reais, sobe. Se a oferta é maior que
a procura, consequentemente, o preço cai. São vários os fatores que podem influenciar a
oferta/demanda por dólares, daí a dificuldade que os economistas têm em prever o comportamento
da taxa de câmbio.
O Banco Central é quem define o que os economistas chamam de política ou regime
cambial. Existem duas políticas cambiais extremas:
Na primeira, chamada de política de câmbio fixo, que é uma taxa com que os países se
comprometem a manter o mesmo poder de paridade por meio do Banco Central (BC) e satisfazer
qualquer oferta ou demanda por dólares que o mercado possa necessitar. Isto é, o Banco Central
entra no mercado de câmbio e diz que, para ele, o dólar vale dois reais e trinta e quatro centavos
(2.34 R$/US$), e garante a compra ou venda de qualquer quantidade de dólares que o mercado
ofertar a esse preço. Neste caso, o dólar fica parado em 2.34 R$/US$, porque o Banco Central anula,
comprando ou vendendo dólares, qualquer que seja a pressão de aumento ou queda de seu preço.
A principal vantagem da taxa de câmbio fixa está na integração dos mercados internacionais em uma
rede de mercados conexos, que não têm incertezas e nem são especulativos.

10
Veja mais sobre a taxa de câmbio no material complementar.

80
Competência 04

Outro tipo de política cambial é definido pela ausência do Banco Central no mercado de
câmbio. As taxas flutuam livremente, respondendo aos efeitos da oferta e da procura. Temos, neste
caso, o regime de câmbio flutuante, que possibilita o equilíbrio contínuo do balanço de pagamento.
Existe, ainda, outro tipo de política cambial, que seria intermediária entre o câmbio fixo
e o câmbio flutuante, que é a política de bandas cambiais, na qual o Banco Central não define um
preço único para o dólar, e sim um intervalo (banda), dentro do qual ele pode flutuar livremente. Se
a banda, por exemplo, for fixada entre 2.20 R$/2.50 R$, o Banco Central só entra no mercado se o
dólar cair abaixo de 2.20 R$, quando, então, o BC entra comprando dólares, ou, no caso de o dólar
subir acima de 2.50 R$, o BC entra vendendo dólares.
Quando um país, através do seu Banco Central, faz opção por um regime de câmbio fixo
ou flutuante, é de suma importância que se tenha uma noção abalizada do valor correto do câmbio
para a economia naquele momento. O conhecimento desse valor (que os economistas chamam de
câmbio de equilíbrio) é o referencial que pode definir o sucesso de um regime de câmbio fixo, ou
mesmo o bom funcionamento de um regime de câmbio flutuante.
Quando a moeda nacional tem sua taxa de câmbio decrescida, ela tende a ficar mais
barata no mercado de câmbio perante as outras moedas, iniciando um processo de desvalorização;
internamente, em tese, isso pode propiciar as exportações, pois a moeda nacional mais barata
permite que os produtos do país fiquem com um preço mais atrativo no mercado internacional.
Enquanto ocorrer um aquecimento nas exportações e na competitividade de venda de
produtos, por outro lado há grandes perdas sobre as importações, pois, a partir do momento em que
a moeda de seu país fica mais barata, a estrangeira passa a representar um valor mais alto na sua
aquisição e, consequentemente, na aquisição de insumos, produtos e serviços de outros países.
Quando a importação desses produtos é insubstituível, ocorre elevação do preço final no
mercado interno e externo. Quando o Estado é completamente dependente das importações para a
manutenção de sua produção e de seu mercado consumidor interno, esse cenário pode gerar
inflação.
As taxas cambiais não podem ser utilizadas de maneira artificial como instrumento de
controle de erros nos gastos públicos e perdas mercadológicas. Entre as entidades internacionais, o

81
Competência 04

FMI (Fundo Monetário Internacional) é responsável por fiscalizar o funcionamento e uso das taxas
cambiais.11
Por outro lado, quando a moeda de um país se valoriza consideravelmente, as
exportações perdem a competitividade no mercado internacional, havendo queda no custo das
importações. Esse quadro em excesso pode gerar baixas nas receitas internas e desemprego porque
haverá, neste caso, uma procura maior por produtos importados.
No Brasil, entre os anos de 1940 e 1980, a política cambial seguia as taxas oficiais fixadas
pelo governo, sob as restrições de conversão de moedas. Até os anos 1950, as divisas cambiais eram
distribuídas por meios de lotes e leilões. Até o ano de 1989, o Brasil se planejava a partir de uma
política cambial baseada na variação da paridade do poder de compra e do enfoque das mudanças
de preços entre o mercado interno e externo.
A política do câmbio flutuante iniciaria a partir dos anos 1990, durante o governo Collor,
num sistema que determinava o valor do câmbio a partir da decisão de bancos e corretoras sobre a
compra e venda do dólar. Em 1994, no fim do governo Itamar Franco, o Plano Real instituiu a paridade
do real 12com o dólar como meio de estabilizar a moeda. A paridade foi destituída no segundo
mandato do governo FHC, quando a moeda brasileira passou a depender da fluidez do mercado – tal
política cambial foi mantida por ações do governo durante os dois mandatos do governo Lula e Dilma.

11
Veja mais sobre a atividade do FMI no material complementar.
12
Plano Real. Fonte: Politize. Disponível em: https://www.politize.com.br/plano-real/ Acesso em: fevereiro, 2019

82
Conclusão
Como você deve ter observado, economia é um estudo bastante interessante e pode te
ajudar, e muito, nas decisões do dia a dia. Espero que você tenha observado que você pode ter
nuances de economia tanto na sua decisão sobre estudar ou não matemática até no momento em
que você deverá escolher a sua carreira profissional. São nesses momentos em que você vê o quão
proveitoso pode ser estudar economia.
Agora, é com você. Há muita coisa para explorar em economia!
Um abraço forte e nos vemos na próxima!!

83
Referências

Acemoglu, D., P. Aghion, F.Zilibotti. Distance to frontier, selection, and economic growth. Working
Paper No. 9066. National Bureau of Economic Growth.

Acharya, V. A Theory of Systemic Risk and Design of Prudential Bank Regulation, Working Paper,
London Business School, 2001.

Adachi, A, Romero, C. (2011), Rombo no Panamericano vai a R$ 4 bilhões e BTG faz oferta, 28 de
janeiro. Página consultada em 20 de abril de 2012 www.valor.com.br/arquivo/869871/rom bo-
nopanamericano-vai-r-4-bi-e-btg-faz-oferta

Alexander, C. Model of Markets, BM&F, 2007.

Arnaud, A. Abordagem Híbrida para Otimização de Redes Neurais Artificiais para Previsão de Séries
Temporais. UFPE, Dissertação de Mestrado, 2007.

Bagehot, W. Lombard Street, 1962 ed. Irwin, Homewood, IL, 1873.

Baer, W., A Economia Brasileira, Editora Nobel, 2009

Barnhill, T. e M. R. Souto. Stochastic Volatilities and Correlations, Extreme Values and Modeling the
Financial and Economic Environment under which Brazilian Banks Operate, IMF Working

Paper, 2007

Barnhill, T. e W. Maxwell. Modeling Correlated Interest Rate, Exchange Rate, and Credit Risk in Fixed
Income Portfolios, Journal of Banking and Finance 26, 347-374, 2002.

Barnhill, T., P. Papapanagiotou, and M. R. Souto. Preemptive Strategies for the Assessment and
Management of Financial System Risk Levels: An Application to Japan with Implications to Emerging
Economies. Review of Pacific-Basin Financial Markets and Policies 7 (1), 1-42, 2004.

Barnhill, T., P. Papapanagiotou, e L. Schumacher, Measuring Integrated Market and Credit Risk in

Bank Portfolios: an Application to a Set of Hypothetical Banks Operating in South Africa, Financial
Markets, Institutions, and Instruments, forthcoming.

BBC Londres (2011), Crédito cria ‘Fachada de prosperidade’ no Brasil, diz Financial Times, 18 de
maio. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/econo
mia,credito-cria-fachada-de-prosperidade-no-brasil-diz-financial-times,67493,0.htm

BANCO CENTRAL www.bc.gov.br Acessado em 15 de janeiro de 2012

Blackburn, K.; Y. Hung. A theory of growth, financial development and trade. Econômica 65, 104124,
1998.

Birchler, U.; M. Bütler. Information Economics. Routledge Press, 2007

84
BMF & BOVESPA www.bovespa.com.br Acessado em 15 de janeiro de 2012.

Canuto, O., Lima. G., Price stability and banking sector distress in Brazil after 1994. Rio de Janeiro:
UERJ, Instituto de Economia, Texto Para Discussão 388, 1996.

Corrar, J., E. Paulo, E. Dias Filho, Análise Multivariada: para os cursos de administração, ciências
contábeis e economia, 2007.

Cavalcanti, T.; A. Villamil. On the welfare and distributional implications of intermediation costs
Anais do X Encontro Regional de Economia do Nordeste, Fortaleza, 2005.

Cavalcanti, V., A. Vieira, A. Silva Neto, Mota, D., Lima, R., Modelos de previsão para dados de alta
frequência: Um estudo comparativo utilizando os modelos de redes neurais e ARIMA para o caso
do preço futuro do açúcar. Anais do XLVII Congresso da Sober, 2009.

Cherubine, G., L. Dowbor. O mapa da crise financeira. Le Monde Diplomatique, jan/2009.

Demirgüç-Kunt, A., Detragiache, E., The determinants of baking crises: evidence from developing and
developed countries. IMF Working Paper, 1997.

Diamond, D. V, P. Dybvig. Bank Runs, Deposit Insurance, and Liquidity. Journal of Political Economy
91 (3), 401-419, 1983.

Elsinger, H., A. Lehar, M. Summer. Risk Assessment for Banking Systems, Working Paper, University
of Vienna, 2003.

Feijó, C., Contabilidade Social. Editora Campus, 2004.

Ferguson, C., Inside Job, 02 de fevereiro, DVD, 2010

Ferreira, R. Matemática Financeira Aplicada. Editora Atlas, 2008.

Filgueiras, C., Manual de Contabilidade Bancária, Editora Campus, 2010

Freitas, M. Os efeitos da crise global no Brasil: aversão ao risco e preferência pela liquidez no
mercado de crédito, Estudos Avançados, 2009

Frascaroli, B., Costa Silva, L., Silva Filho, O. (2009). Os Ratings de Risco Soberano e os

FundamentosMacroeconˆomicos dos Países: Um Estudo Utilizando Redes Neurais Artificiais,


Revista Brasileira de Finanças, Vol. 7, Nº1, PP 73-106

Froufe, C. (2011), Cade aprova compra do Panamericano pelo BTG Pactual, 04 de maio. Página
consultada em 20 de abril de 2012.
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+geral,cadeaprova-compra-do-panamericano-
pelo-btg-pactual,65479,0.htm

85
Fucidji, J.; D. Mendonça. Determinantes do Crédito Bancário: uma análise com dados em painel para
as maiores instituições. Anais do XII Encontro Regional de Economia do Nordeste, Fortaleza, 2007.

Galetovic, A. Specialization, intermediation and growth. Journal of Monetary Economics 38, 549559,
1996

Gately, E. Neural Networks for Financial Forecasting. John Wiley & Sons, Inc, United States, 1996.

Giambiagi, Fábio e Villella, André. Economia Brasileira Contemporânea. Ed. Campus.

Goldsmith, R. Financial Structure and Development. Yale University Press, New Haven, CT, 2010
Gorton,G., Banking Panic and Business Cycles. Oxford Economic Papers, 1988.

Gurley, J., Shaw, E. Financial aspects of economic development. American Economic Review, 45, 515-
538, 1955.

Hall, M., Muljawan, D., Suprayogi & Moordena, L., Using The Artificial Neural Network (ANN) to

Assess Bank Credit Risk: A Case Study of Indonesia, Loughborough University, Working Paper, 2008.

Hall, M., Muljawan, D., Suprayogi & Moordena, L., Using The Artificial Neural Network (ANN) to

Assess Bank Credit Risk: A Case Study of Indonesia, Loughborough University, Working Paper, 2008.

Hardy, D. C.; Pazarbasioglu, C. Leading indicatores of banking crises: was Asia different? Washington:
International Monetary Fund, 1998. (IMF Working Paper, n. 91)

Hausmann, R., The Roots of Banking Crises: The Macroeconomic Context. Inter-American

Development Bank, Working Paper 318, 1996

Janot, M., Modelos de Previsão de Insolvência Bancária no Brasil. Trabalhos para Discussão nº 13,
Brasília: Banco Central do Brasil, 2001

King, R.; R. Levine. Finance and growth: Schumpeter might be right. Journal of Monetary Economics
108, 717-738, 1993.

Krugman, P. Introdução à Economia, Editora Campus, 2008.

Laffont, J.; D. Martimort. The Theory of Incentives – The Principal-Agent Model, Princeton University
Press, 2002.

Levine, R., Finance and Growth: Theory and Evidence. In.: AGHION, P., DURLAUF, S. (Ed.). Handbook
of Economic Growth, Vol. 1A. Elsevier, 2005.

Li, Z.; Zhao, X.. Macroeconomic Effect in Corporate Default. Department of Economics, York
University, 2006.

86
Lucas, R. On the mechanisms of economic development. Journal of Monetary Economics. 22, 3-42,
1988.

Macedo, F. (2010), PF classifica cúpula do Panamericano de ‘verdadeira organização criminosa’, 19


de dezembro. Página consultada em 20 de abril de 2012. www.estadao.com.br/noticias/impres so,pf-
classifica-cupula-do-panamericano-de-verdadeira-organizacao-criminosa,655530,0.htm

Macedo, F., 2011. Polícia Federal decide indiciar Rafael Palladino. 29 de outubro. Página consultada
em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,poli cia-federal-
decide-indiciar-rafael-palladino,90249,0.htm

Macedo, F. (2012), PF cita Silvio Santos como ‘investigado’ no caso Panamericano, 10 de fevereiro.
Página consultada em 20 de abril de 2012. www.estadao.com.br/noticias/impresso,pf-cita-silvio-san
tos-como-investigado-no-caso-panamericano-,833806,0.htm

Mandic, D. P.; Chambers, J. A. Recurrent Neural Networks for Prediction. John Wiley & Sons, LTD,
(Baffins Lane, chichester, West Sussex) England, 2001.

Mckinnon R. Money and Capital in Economic Development. Brooking Institution, Washington DC,

1973

Mcnelis, P., Neural Networks in Finance: Gaining Predictive Edge in the Market, Elsevier Academic
Press, 2005.

Meier, G., Seers, D., Pioneers in Development. Oxford University Press, New York,

Miller, M. Financial markets and economic growth. Journal of Applied Corporate Finance 11, 8-14,
1998.

Modé, L. (2011), Além da fraude, rombo se explica por erros técnicos 02 de fevereiro. Página
consultada em 20 de abril de www.estadao.com.br/noticias/impresso,alem-da-fraude-rombo-se-ex
plica-por-erros-tecnicos,674080,0.htm

Morales, F. Financial intermediation in a model of growth through creative destruction.


Macroeconomics Dynamics 7, 363-393, 2003.

Moreira, T., Fatores determinantes de crises cambiais e bancárias. Revista Econômica do Nordeste,
Fortaleza, v. 33, n. 2, 2002.

Nakagawa, F. (2010), BC aprova aquisição de 49% do Panamericano pela Caixa. 20 de julho. Página
consultada em 20 de abril de 2012.
http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+geral,bcaprova-aquisicao-de-49-do-
panamericano-pela-caixa,28223,0.htm

Pavani, L., Oliveira, E. Panamericano revela prejuízo ainda maior em 2010. 17 de maio. Página
consultada em 20 de abril de 2012. www.estadao.com.br/noticias/impresso,panamericano-
revelaprejuizo-ainda-maior-em-2010,720061,0.htm

87
Portugal, M., L. Fernandes. Redes Neurais Artificiais e Previsão de Séries Econômicas: Uma
Introdução. 2000

Público (2011), BC aprovou venda do Panamericano mesmo sob suspeita, 23 de novembro. Página
consultada em 20 de abril de 2012.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral,bcaprovou-venda-do-panamericano-
mesmo-sob-suspeita,93289,0.htm

Público (2010), Não houve falha da fiscalização do BC nem demora para agir, diz BC, 10 de
novembro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
economia+brasil,nao-houve-falha-da-fiscalizacao-do-bc-nem-demora-para-agir-diz-bc,42892,0.htm

Público (2010), Fraude no Panamericano foi identificada há cinco semanas pelo BC. 10 de novembro.
Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
economia,fraude-no-panamericano-foi-identificada-ha-cinco-semanas-pelo-bc,42809,0.htm

Público (2010), Banco Central aponta suspeitos no Panamericano, 05 de dezembro. Página


consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+geral
,banco-central-aponta-suspeitos-no-panamericano,46229,0.htm

Público (2010), O caso do Panamericano, 11 de novembro. Página consultada em 20 de abril de

2012. www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-caso-do-panamericano,638153,0.htm

Público (2011), Panamericano tem rombo maior que R$ 2,5 bi e vai precisar de mais dinheiro, 26 de
janeiro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
negocios+setor-financeiro,panamericano-tem-rombo-maior-que-r-25-bi-e-vai-precisar-de-
maisdinheiro,52572,0.htm

Público (2011), Proer privado resgata Silvio Santos, 01 de fevereiro. Página consultada em 20 de abril
de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+setor-financeiro,proer-privadoresgata-
silvio-santos,53186,0.htm

Público (2011), Panamericano divulga o balanço e confirma rombo de R$ 4,3 bilhões, 16 de


fevereiro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
economia,panamericano-divulga-balanco-e-confirma-rombo-de-r-43-bilhoes,55196,0.htm

Público (2011), Justiça bloqueia contas de empresas de ex-presidente do Panamericano, 06 de


fevereiro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
negocios+setor-financeiro,justica-bloqueia-contas-de-empresas-de-ex-presidente-
dopanamericano,53915,0.htm

Público (2012), PF conclui inquérito sobre fraudes no Panamericano e indicia 22 executivos, 08 de


fevereiro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
economia,pf-conclui-inquerito-sobre-fraudes-no-panamericano-e-indicia-22-executivos,102202,0.ht
m

88
Rocha, F., Previsão de Falência Bancária: Um modelo de risco proporcional. Pesquisa e Planejamento
Econômico¸ Rio de Janeiro, v. 29. nº1, Abril, 1999.

Rochet, J-C; J Tirole. Inter-bank Lending and Systemic Risk, Journal of Money, Credit, and Banking 28
(4), 733-762, 1986.

Rumelhart, D. E., Mcclelland, J., Parallel Distributed Processing, vol. 1, MIT Press, 1986.

Samuelson, P., Nordhaus, W. Economics. Berkeley Publication, 1991.

Schumpeter, J.; Die Theorie der Wirschaftlichen Entwicklung, 1911

Silva, E., Porto Júnior, S., Sistema financeiro e crescimento econômico: uma aplicação de regressão
quantílica. Anais do IX Encontro Regional de Economia do Nordeste, Fortaleza, 2004.

Silva Júnior, A. (2010), FGC: liquidação do Panamericano teria efeito perverso, 10 de novembro.
Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/economia+
geral,fgc-liquidacao-do-panamericano-teria-efeito-perverso,42784,0.htm

Silva Júnior,A., 2011. Caixa abre processo contra auditores do Panamericano. 11 de fevereiro. Página
consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+ge ral,caixa-
abre-processo-contra-auditores-do-panamericano,54781,0.htm

Silva Júnior, A., Friedlander, D., Fundo garantidor já deu R$ 7,5 bi a bancos pequenos. 14 de
setembro. Página consultada em 20 de abril de 2012. http://economia.estadao.com.br/noticias/
economia+geral,fundo-garantidor-ja-deu-r-75-bi-a-bancos-pequenos,83978,0.htm

Scrivano, R., Fundo garante aplicações no Panamericano, 11 de novembro. Página consultada em 20


de abril de 2012. http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,fundo-garante-aplicacoes-
nopanamericano,638208,0.htm

Stiglitz, J.; B. Greenwald. Rumo a um novo paradigma em economia monetária. Tradução por Laura
Knapp e Cecília Camargo Bartalotti. Tradução de: Towards a new paradigm in monetary economics.

Ed. Francis, São Paulo – SP, 2004.

Stiglitz, J. E. Some aspects of the pure theory of corporate finance: bankruptcies and takeovers.

Bell Journal of Economics, v. 3, p. 458-82, l972.

Vieira, A. Avaliação de insolvência no sistema bancário: uma aplicação para o caso brasileiro. UFPE,
Dissertação de Mestrado, 2010.

Whalen, G. A proportional hazards model of bank failure: an examination of its usefulness as an


early warning tool. Economic Review, Federal Reserve Bank of Cleveland, First Quarter, p. 21-31,
1991.

89
Minicurrículo do Professor

Amanda Aires Vieira


Economista pela Universidade Federal de Pernambuco com extensão universitária na
Universität Zürich, na Suíça. Mestra em Economia também pela UFPE com dissertação premiada no
III Prêmio de Economia Bancária pela Federação Brasileira de Bancos. Doutora em Economia pela
Universidade Federal de Pernambuco com extensão na Université Laval, Canadá. Professora de
Economia e Finanças da Faculdade Boa Viagem. Assessora de Economia do Governo do
Estado de Pernambuco e autora dos livros Economia Brasileira para Concursos e Economia para
concursos - 1000 exercícios para concursos. Comentarista de Economia da rádio CBN.

90

Potrebbero piacerti anche