Sei sulla pagina 1di 69

CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

DIREITO E LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
2

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
UNIDADE 1 – NOÇÕES BÁSICAS AO DIREITO AMBIENTAL ................................. 4
1.1 DIREITO AMBIENTAL: DEFINIÇÃO ............................................................................ 4
1.2 DIREITO AMBIENTAL NO BRASIL ............................................................................. 4
1.3 HISTÓRICO ........................................................................................................... 5
1.4 CONCEITOS IMPORTANTES .................................................................................... 8
1.4.1 MEIO AMBIENTE ................................................................................................. 8
1.4.2 BEM AMBIENTAL ................................................................................................ 8
1.4.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................................... 8
1.4.4 DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL ............................................................. 8
1.4.5 POLUIÇÃO ......................................................................................................... 8
1.4.6 POLUIDOR ......................................................................................................... 9
1.4.7 RECURSOS AMBIENTAIS ..................................................................................... 9
1.4.8 DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................... 9
1.5 PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ....................................................................... 9
1.6 ÉTICA AMBIENTAL ............................................................................................... 14
1.7 CLASSIFICAÇÕES DO MEIO AMBIENTE ................................................................... 17
1.8 RESPONSABILIDADE CIVIL AMBIENTAL .................................................................. 18
1.9 AÇÃO CIVIL PÚBLICA ........................................................................................... 21
1.10 PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NA PROBLEMÁTICA AMBIENTAL.............................. 24
1.11 DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA NA QUESTÃO AMBIENTAL ..................... 26
UNIDADE 2 – LEI 6.938/81....................................................................................... 29
2.1 SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE ............................................................... 31
2.2 CONSTITUIÇÃO FEDERAL E O MEIO AMBIENTE ....................................................... 33
UNIDADE 3 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL .............................................................. 38
3.1 RELAÇÃO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PRINCIPAL .................................................. 38
3.2 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO E AFINS ............................................................. 53
3.2.1. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE ........................................................... 53
3.2.2. ÁREAS DE RESERVA LEGAL ............................................................................. 53
3.2.3 FAUNA ............................................................................................................ 54
3.2.4 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ........................................................................... 54
3.3 CRIMES AMBIENTAIS ........................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 68
3

INTRODUÇÃO

Atualmente, estamos vivenciando um novo drama social, que se desenrola


num palco que é, ao mesmo tempo, o cenário e um dos atores, junto com a
sociedade e o Poder Público. Trata-se do drama da sobrevivência no planeta em
que vivemos. A vida no planeta Terra depende da água, do ar e do solo, para
salvaguardar todos os aspectos da vida humana no que concerne à saúde e ao
bem-estar de seus habitantes e à qualidade do meio ambiente que precisa ser
preservada.
É iminente que os problemas relacionados aos recursos naturais e sociais,
intimamente associados, sejam considerados como uma cadeia complexa de inter-
relacionamentos, já que a má utilização desses recursos gera riscos e danos à vida
humana; as atividades humanas, em conjunto com os avanços tecnológicos faz com
que estes riscos e danos se agigantem em ocorrência e escala de
comprometimento, ameaçando não só a saúde e a qualidade da vida no planeta,
mas o próprio bem-estar público, financeiro e ocupacional da sociedade.
Entretanto, os efeitos indesejáveis, traduzidos por esses riscos, poderão ser
mitigados ou evitados a partir da consciência ecológica de todos os atores
envolvidos nesse drama, quando puderem modificar as ações causadoras desses
efeitos, resultando num processo que poderíamos chamar de gerenciamento
ambiental, obtido principalmente através do desenvolvimento sustentável.
4

UNIDADE 1 – NOÇÕES BÁSICAS AO DIREITO AMBIENTAL

1.1 Direito Ambiental: definição


Direito Ambiental é um conjunto de normas jurídicas relacionadas à proteção
do meio ambiente. Pode ser conceituado como direito transversal ou horizontal, pois
abrange todos os ramos do direito, estando intimamente relacionado com o Direito
Constitucional, Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Penal, Direito Processual e
Direito do Trabalho.
O Direito Ambiental diz respeito à proteção jurídica do meio ambiente. Para
facilitar a sua abordagem didática, CELSO ANTÔNIO PACHECO FIORILLO (2015)
divide o meio ambiente em natural, artificial, cultural e do trabalho. Essa divisão não
é a única, pois muitos autores costumam não incluir o meio ambiente do trabalho
dentro do objeto do direito ambiental.
A legislação ambiental faz o controle de poluição em suas diversas formas. A
quantidade de normas dificulta a complexidade técnica, o conhecimento e a
instrumentalização e aplicação do Direito nesse ramo do Direito. O ideal é a
extração de um sistema coerente, cuja finalidade é a proteção do meio ambiente.
Para a aplicação das normas de Direito Ambiental, é importante compreender as
noções básicas e adequá-las à interpretação dos direitos ambientais.

1.2 Direito Ambiental no Brasil


Os antecedentes históricos da legislação ambiental brasileira remontam às
Ordenações Filipinas1 que estabeleciam normas de controle da exploração vegetal
no país, além de disciplinar o uso do solo, conspurcação de águas de rios e
regulamentar a caça. Sobre a evolução histórica da legislação, o principal trabalho
nessa matéria é o livro de Ann Helen Wainer (1992).
Na Lei n° 4.717/652 foram tratados de forma pioneira assuntos relacionados
ao Direito Material Fundamental. Todavia, a matéria do meio ambiente só foi

1
As Ordenações Filipinas, ou Código Filipino, é uma compilação jurídica que resultou da reforma do
código manuelino, por Filipe II de Espanha (Felipe I de Portugal), durante o domínio castelhano. Ao
fim da União Ibérica (1580-1640), o Código Filipino foi confirmado para continuar vigente em Portugal
por D. João IV.
2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4717.htm que regula a ação popular
5

introduzida em nosso ordenamento jurídico através da Lei 6.938/81 3, que


estabeleceu a PNMA – Política Nacional do Meio Ambiente. Em 1985, foi editada a
Lei nº 7.3474, que proporcionou a oportunidade de agir processualmente, através da
Ação Civil Pública, toda vez que houvesse lesão ou ameaça ao meio ambiente, ao
consumidor, aos bens e aos direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico. No projeto da citada Lei, em seu artigo 1º, inciso IV, foi a primeira
oportunidade de se falar de defesa dos direitos difusos e coletivos do cidadão.
A Constituição Federal de 19885, no entanto, trouxe ao nosso ordenamento
jurídico a defesa dos bens coletivos, através da inclusão da redação constante no
artigo 225. Admite, inclusive, a existência de uma terceira espécie de bem: o bem
ambiental. Esse bem é caracterizado por não ter uma propriedade definida, isto é,
não é interesse único do particular, nem tampouco é considerado bem público: é um
bem comum, de uso coletivo de todo um povo.
A ação civil pública, entretanto, foi introduzida novamente em nosso
ordenamento jurídico quando da edição da Lei 8.078/906, que acrescentou o inciso
IV, do artigo 1º, da Lei 7.347/85, anteriormente vetado. A Lei nº 8.078/90 também
definiu os direitos metaindividuais, criando os institutos dos direitos difusos,
coletivos, individuais e homogêneos.

1.3 Histórico
No Século XXI, é fácil observar que a sobrevivência humana no planeta
esteve sempre condicionada à sua interação com o meio ambiente. Historicamente,
essa percepção nem sempre se deu de forma tão nítida como a que temos nos dias
de hoje, já que a primeira ideia de proteção da natureza foi concebida não pela
consciência de sua necessidade e utilidade na vida do homem, mas sim pelo temor
a Deus. Ao longo do tempo, com as descobertas e revoluções tecnológicas, adquire-
se o entendimento de que a preservação do meio ambiente como um todo é questão
primordial para a manutenção da vida na Terra.

3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm com inclusões diversas.


4 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7347orig.htm
5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
6 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm, com alterações dadas pela Lei
nº 13.425/17.
6

Esse despertar ecológico é bastante recente, dado que até os anos 1960,
poluir era permitido. Espantoso também é o teor da Lei Federal 2.126/60 que definia
padrões para o lançamento de esgotos domésticos e industriais nos cursos d’água,
estabelecendo o prazo de um ano para que as prefeituras com mais de 10 mil
habitantes e indústrias se adequassem às absurdas exigências. Mesmo assim,
alguns passos importantes foram dados, como a edição do Código Florestal
abordando conceitos utilizados ainda hoje.
A relação homem-natureza foi consagrada em 1972 na Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, que reuniu representantes de diversos
países para discutirem a responsabilidade de cada um na busca da implementação
de um modelo que levasse em conta a grave crise ambiental, econômica e social
pelo qual a humanidade passava. No entanto, os representantes brasileiros, na
contramão daquela tendência, afirmaram que em nosso território a poluição era bem
vinda, por gerar o tão almejado desenvolvimento industrial, fato que foi amplamente
criticado pela comunidade internacional.
No Brasil, algumas medidas foram tomadas para mitigar a postura adotada,
mas é certo que o marco inicial se deu com a Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente de 1981 (Lei nº 6.938/81), ainda vigente, substituindo a antiga legislação
antes setorizada. A referida lei instituiu o SISNAMA – Sistema Nacional de Meio
Ambiente (art. 6), visando harmonizar o desenvolvimento socioeconômico e o meio
ambiente, mediante a adoção de condições para o desenvolvimento sustentável, ou
seja, explorando os recursos naturais conscientemente, de acordo com os
interesses da segurança nacional, garantindo principalmente à proteção da
dignidade da vida humana. Posteriormente, a Constituição da República consagra
esse entendimento, ao dedicar pela primeira vez um capítulo ao meio ambiente. E
mais, busca nossa Lei Maior preservar não só o bem jurídico vida, como também a
sadia qualidade de vida em um ambiente ecologicamente equilibrado, minimizando
os riscos para as presentes e futuras gerações.
Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem
Brundtland para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Burtland foi uma escolha natural para este papel, à medida que
sua visão da saúde ultrapassa as barreiras do mundo médico para os assuntos
ambientais e de desenvolvimento humano. Em abril de 1987, a Comissão
Brundtland, como ficou conhecida, publicou um relatório inovador, “Nosso Futuro
7

Comum”, que traz o conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso


público. De acordo com o relatório, o desenvolvimento sustentável é o
desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a
habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento de 1992 põe fim a qualquer questionamento externo sobre a
posição adotada pelo Brasil, já que sediou o evento popularmente conhecido como
ECO-92. Foi debatido o paradigma de desenvolvimento sustentável direcionado para
o crescimento com responsabilidade, cujo alicerce é o fortalecimento das ações
integradas da sociedade, fazendo com que as decisões contemplem aspectos
ambientais, sociais e econômicos. A “Cúpula da Terra”, como ficou conhecida,
adotou a ‘Agenda 21’, um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu
desenvolvimento sustentável, a culminação de duas décadas de trabalho que se
iniciou em Estocolmo em 1972.
Para assegurar o total apoio aos objetivos da Agenda 21, a Assembleia Geral
estabeleceu, em 1992, a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável como uma
comissão funcional do Conselho Econômico e Social. A Cúpula da Terra também
levou à adoção da Convenção da ONU sobre a Diversidade Biológica (1992) e a
Convenção da ONU de Combate à Desertificação em Países que sofrem com a
Seca e/ou a Desertificação, Particularmente na África (1994).
Dez anos depois, em 2002, ocorreu em Joanesburgo, na África do Sul, a
Rio+10; e em 2012, novamente no Rio de Janeiro, ocorreu a Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Em setembro de 2015, ocorreu em Nova York, na sede da ONU, a Cúpula de
Desenvolvimento Sustentável. Nesse encontro, todos os países da ONU definiram
os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova
agenda de desenvolvimento sustentável que deve finalizar o trabalho dos ODM e
não deixar ninguém para trás. Com prazo para 2030, mas com o trabalho
começando desde já, essa agenda é conhecida como a Agenda 2030 para o
Desenvolvimento Sustentável.
8

1.4 Conceitos Importantes


1.4.1 Meio Ambiente
Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem Física,
Química e Biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas
(Conceito extraído do Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio
Ambiente).
Obs.: o conceito legal não abrange amplamente todos os bens jurídicos
tutelados, restringindo-se ao meio ambiente natural, como se verá.

1.4.2 Bem Ambiental


Definido constitucionalmente como sendo de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida das presentes e futuras gerações. (Art. 225, caput, CF/88).

1.4.3 Desenvolvimento Sustentável


Modelo de desenvolvimento amplamente discutido na ECO-92, resultando no
documento conhecido como Agenda 21, em que se busca basicamente a harmonia
entre o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais de forma
consciente, equilibrada ou sustentável.

1.4.4 Degradação da qualidade ambiental


Alteração adversa das características do meio ambiente (Conceito extraído do
Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente).

1.4.5 Poluição
Degradação da qualidade ambiental resultante de atividades, que ou
indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; criem
condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente
a biota7; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lancem
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
(Conceito extraído do Art. 3, § I, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio
Ambiente).

7
Biota representa o conjunto de todos os seres vivos de uma determinada região.
9

1.4.6 Poluidor
Pessoa física ou jurídica de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (Conceito extraído
do Art. 3, § IV, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio Ambiente).
1.4.7 Recursos Ambientais
A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o
mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora
(Conceito extraído do Art. 3, § V, da Lei 6.938/81 da Política Nacional do Meio
Ambiente).

1.4.8 Direito Ambiental


O Direito Ambiental, como o meio ambiente, não possui um conceito preciso
acerca de sua definição. Contudo, pode-se afirmar que o Direito Ambiental trabalha
as normas jurídicas dos vários ramos do direito, bem como se relaciona com outras
áreas do saber humano como a Biologia, a Física, a Engenharia, o Serviço Social,
entre outras. É, portanto, o Direito Ambiental, uma matéria multidisciplinar que busca
adequar o comportamento humano com o meio ambiente que o rodeia. Outra
importante constatação é o fato de ser um direito difuso, ou seja, pertence a todos
os cidadãos e não a uma ou outra pessoa ou conjunto de pessoas determinadas.

1.5 Princípios do Direito Ambiental


Princípios são os mandamentos básicos e fundamentais nos quais se alicerça
uma ciência. São as diretrizes que orientam uma ciência e dão subsídios à aplicação
das suas normas.
Os princípios são considerados como normas hierarquicamente superiores às
demais normas que regem uma ciência. Em uma interpretação entre a validade de
duas normas, prevalece aquela que está de acordo com os princípios da ciência.
Apesar de ser uma ciência jurídica nova, o Direito Ambiental já conta com princípios
específicos que o diferenciam dos demais ramos do Direito, apesar dos autores
divergirem um pouco na colocação dos princípios. Aliás, nomes de alguns princípios
diferenciam de autor para autor. Abaixo seguem os princípios norteadores do Direito
Ambiental, que entendemos ocorrer.
São eles:
10

Princípio da Legalidade: necessidade de suporte legal para obrigar-se a


algo. Obrigatoriedade de obediência às leis (art. 5, II da Constituição Federal).
Princípio da Supremacia do Interesse Público: a proteção ambiental é um
direito de todos, ao mesmo tempo em que é uma obrigação de todos (art. 225, CF).
Isto demonstra a natureza pública desse bem, o que leva a sua proteção a obedecer
ao princípio de prevalência do interesse da coletividade, ou seja, do interesse
público sobre o privado na questão de proteção ambiental.
Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: por ser o meio
ambiente equilibrado um direito de todos (art. 225, CF) e ser um bem de uso comum
do povo, é um bem que tem caráter indisponível, já que não pertence a este ou
aquele.
Princípio da Obrigatoriedade da Proteção Ambiental: esse princípio está
estampado no art. 225, caput, da Constituição Federal, que diz que o Poder Público
e a coletividade devem assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente sadio e
equilibrado.
Princípio da Prevenção ou Precaução: baseado no fundamento da
dificuldade e/ou impossibilidade de reparação do dano ambiental. Artigo 225, §1º, IV
da Constituição Federal, que exige o EIA/RIMA; Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, princípio 15, que diz:

De modo a proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deve ser


amplamente observado pelos Estados, de acordo com as suas
necessidades. Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a
ausência de absoluta certeza científica não deve ser utilizada como razão
para postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para prevenir a
degradação ambiental.

Princípio da Obrigatoriedade da Avaliação Prévia em Obras


Potencialmente Danosas ao Meio Ambiente: a obrigatoriedade da avaliação
prévia dos danos ambientais em obras potencialmente danosas ao público está
disciplinada pelo art. 225 da Constituição Federal que obriga o Estudo de Impacto
Ambiental e o seu respectivo relatório (EIA, RIMA).
Princípio da Publicidade: os Estudos de Impacto Ambiental e os seus
respectivos relatórios (EIA, RIMA) têm caráter público, por tratar do envolvimento de
elementos que compõe um bem de todos, ou seja, o meio ambiente sadio e
equilibrado (art. 225, CF). Por essa razão, deve haver publicidade ante sua natureza
11

pública. A Resolução nº 9, de dezembro de 19878 do CONAMA, disciplina a


audiência pública na análise do RIMA.
Princípio da Reparabilidade de Dano Ambiental: esse princípio vem
estampado em vários dispositivos legais, iniciando-se na Constituição Federal, art.
225, §3º, em que se diz que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, as sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. O
art. 4º, VII, da Lei 6.938/85, também obriga o poluidor e o predador a recuperar e/ou
indenizar os danos causados.
Princípio da Participação: princípio 10 da Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento de 1992; art. 225, CF, esclarece que a coletividade
deve preservar o meio ambiente. Participação na elaboração de leis; participação
nas políticas públicas através de audiências públicas e participação no controle
jurisdicional através de medidas judiciais como ação civil pública, mandado de
segurança coletivo, mandado de injunção e ação popular.
Princípio da Informação: em se tratando do tema ambiental, a sonegação
de informações pode gerar danos irreparáveis à sociedade, pois poderá prejudicar o
meio ambiente que além de ser um bem de todos, deve ser sadio e protegido por
todos, inclusive pelo Poder Público, nos termos do art. 225, da Constituição Federal.
Ademais, pelo inciso IV do citado artigo, o Poder Público, para garantir o meio
ambiente equilibrado e sadio, deve exigir estudo prévio de impacto ambiental para
obras ou atividades causadoras de significativa degradação do meio ambiente, ao
que deverá dar publicidade; ou seja, tornar disponível e público o estudo e o
resultado, o que implica na obrigação de fornecimento de informação ambiental.

- Art. 216, § 2º, da CF: disciplina o patrimônio cultural, traz especificamente que
“cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação
governamental e as providências para franquear a sua consulta a quantos dela
necessitem”.
- Lei 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente): prevê a divulgação de dados e
informações ambientais para a formação de consciência pública sobre a
necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico (art.

8
Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=60
12

4º, V). No art. 9º, XI, diz que entre os instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente está a garantia da prestação de informações relativas ao meio ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las quando inexistentes, inclusive.
- Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor): traz a obrigação de informação
em vários de seus artigos.
- Lei 8.974/959 (Lei da Biossegurança): está previsto que os órgãos responsáveis
pela fiscalização dos Ministérios envolvidos na temática e ali citados devem
“encaminhar para publicação no Diário Oficial da União, resultado dos processos
que lhe forem submetidos a julgamento, bem como a conclusão do parecer técnico”.
(art. 7º VIII).
- Lei 9.433/9710 (Política Nacional de Recursos Hídricos): estabelece como um de
seus instrumentos, o sistema de informações sobre os recursos hídricos (art. 5º).
- Lei 7.661/9811 (Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro): determina em seu art.
8º que os dados e as informações resultantes do monitoramento exercido sob
responsabilidade Municipal, Estadual ou Federal na Zona Costeira, comporão o
Subsistema Gerenciamento Costeiro, integrante do Sistema Nacional de Informação
sobre o Meio Ambiente – SINIMA.
- Agenda 21, capítulo 40: determina, em suma, que no processo do desenvolvimento
sustentável, tanto o usuário, quanto o provedor de informação devem melhorar a
disponibilidade da informação.
- Decreto 2.51912, de 1998: a Convenção sobre Diversidade Biológica aderida pelo
Brasil pelo citado decreto prevê (art. 17º) a obrigatoriedade do intercâmbio de
informações, disponibilizando-as ao público.
- Dec. 2.741, de 199813: na Convenção Internacional de Combate à Desertificação,
determina a divulgação das informações obtidas nos trabalhos científicos sobre a
temática (art. 18).

9 Revogada pela Lei nº 11.105, de 2005 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-


2006/2005/Lei/L11105.htm#art42).
10 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm
11 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7661.htm
12 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2519.htm
13 Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1998/decreto-2741-20-agosto-1998-
343203-publicacaooriginal-1-pe.html
13

Princípio da Função Sócio-Ambiental da Propriedade: com o advento da


Constituição Federal de 1988, a propriedade passou a ter seu uso condicionado ao
bem-estar social e a ter, assim, uma função social e ambiental, conforme consta dos
seus artigos. 5º, XXIII, 170, III e 186, II. Para o Direito Ambiental, o uso da
propriedade só pode ser concebido se respeitada sua função sócio-ambiental,
tornando-se assim mais um dos seus princípios orientadores.
Princípio do Poluidor-Pagador: declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento de 1992, princípio 16, art. 4º, Lei 6.938/81 (Política Nacional do
Meio Ambiente) e Lei 9.433/9714 (Lei das Águas) e art. 225, § 3º Constituição
Federal.
Princípio da Compensação: esse princípio não está expressamente previsto
na legislação, mas existe em virtude da necessidade de se encontrar uma forma de
reparação do dano ambiental, principalmente quando irreversível. O causador do
dano irreversível pode fazer uma compensação com uma ação ambiental. Exemplo:
o aterro irreversível de uma lagoa onde há vida selvagem, pode ser compensado
com medidas de proteção efetiva em um lugar similar, ou mesmo a restauração de
uma outra lagoa próxima. O art. 8º, da Lei 6.938/81, diz que compete ao CONAMA,
entre outras coisas, homologar acordos visando à transformação de penalidades
pecuniárias na obrigação de executar medidas de interesse para a proteção
ambiental. Estando aí uma possibilidade de se compensar o prejuízo com uma ação
ambiental.
Princípio da Responsabilidade: todo aquele que praticar um crime
ambiental estará sujeito a responder, podendo sofrer penas na área administrativa,
penal e civil. Lei 9.605/9815, que trata dos crimes ambientais; Lei 6.938/81, art. 14º,
que trata da responsabilidade objetiva do degradador.
Princípio do Desenvolvimento Sustentável: declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento de 1992, Princípio 3, que definiu o desenvolvimento
sustentável. Agenda 21.
Princípio da Educação Ambiental: Art. 225, § 1º, VI, da Constituição
Federal, prevê o princípio da educação ambiental ao dizer que compete ao Poder
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

14 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm


15 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm
14

conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A educação


ambiental tornou-se um dos principais princípios norteadores do direito ambiental.
Está previsto ainda na Agenda 21.
Princípio da Cooperação Internacional: como a poluição pode atingir mais
de um país, além do que a questão ambiental tornou-se uma questão planetária,
assim como a proteção do meio ambiente, a necessidade de cooperação entre as
nações, o princípio da cooperação internacional, tornou-se uma regra a ser
obedecida, estabelecendo-se assim mais um princípio norteador do Direito
Ambiental. Princípio 2 da Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a Rio-92.
Princípio da Soberania dos Estados na Política Ambiental: Agenda 21.

1.6 Ética Ambiental


A palavra ética vem do grego ETHOS que significa: modo de ser, caráter
enquanto forma de vida do homem. Ética é a forma de proceder ou de se comportar
do ser humano no seu meu social, sendo, portanto uma relação intersocial do
homem, seus parâmetros são as condutas aceitas no meio social e têm raízes no
fato da moral como sistema de regulamentação das relações intersociais humanas,
assentando-se em um modo de comportamento.
Portanto, a ética é uma ciência da moral e pode ser definida como: a teoria ou
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade (VASQUEZ, 1993).
Podemos, também, dividi-la em:
ética normativa, que são as recomendações;
ética teórica, quando explica a natureza da moral relacionada às
necessidades sociais.
Enquanto teoria, a ética estuda e investiga o comportamento moral dos
homens, tendo seu valor como teoria naquilo que explica e não no fato que
recomenda ou prescreve. Atualmente, ante as correntes intuitivas, positivas e
analíticas, a ética foi reduzida à análise da linguagem moral, abstraindo-se as
questões morais (VASQUEZ, 1993).
Resultado disso é que a moral e a ética perderam significado social, dando-se
hoje em dia importância à obtenção finalista do sucesso pessoal e material a
qualquer custo, ficando assim reduzidas a preceitos delimitadores das relações
profissionais (Códigos Éticos), restando apenas a ética normatizada e direcionada
15

às profissões, não havendo mais uma ética universal. Dessa forma, passamos por
uma crise ética e moral, faltando uma orientação ética geral.
Como ciência da moral, a ética como conhecemos está relegada a um plano
inferior social, deixando de ser uma orientadora do comportamento humano como
dantes. Uma nova forma de relação ética vem surgindo, como pretendemos
demonstrar, ante a degradação ambiental em larga escala e o desenvolvimento
científico, o qual vem desvendando a origem do homem, tirando-o do pedestal de
espécie superior.
Toda a sociedade é responsável pela degradação ambiental, pois o rico polui
com sua atividade industrial, comercial, entre outras; o pobre polui por falta de
condições econômicas de viver condignamente e por falta de informações, já que a
maioria é semi-analfabeta; e o Estado polui por falta de informações ecológicas de
seus administradores, gerando uma política desvinculada dos compromissos com o
meio ambiente.
Somando isso aos novos conhecimentos científicos que concluem que o
homem faz parte da natureza, como vemos, por exemplo, na teoria evolucionista de
Darwin, pela qual a raça humana tem origem no mesmo ancestral dos grandes
macacos e evolui como todos os demais seres viventes. E, ainda, a Teoria de Gaia
de Lovelock para a qual a Terra, Gaia, é um ser vivo que pulsa em vida plena com
todos os seus seres, incluindo o homem, em igualdade de condições, surgiu a
necessidade do ser humano rever a sua ação predatória e, consequentemente, seu
comportamento integral, fazendo com que a visão antropocêntrica que rege a
conduta humana, tendo o homem como o centro do universo, comece a perder
força.
Ética antropocêntrica: a ética antropocêntrica, defendida principalmente por
Kant, que orientou e deu base para as doutrinas posteriores, estuda o
comportamento social do homem entre si, levando-o a condição de espécie superior
pela razão, perde campo para uma nova visão: a visão ecocêntrica.
Ética ecocêntrica: essa nova visão ecocêntrica que podemos definir como o
homem centrado em sua casa – “oikos” = casa em grego –, ou seja, o homem
centrado no tudo ou no planeta como sua morada, permite o surgimento de uma
ética que estuda também o comportamento do homem em relação à natureza global;
com ela, o ser humano passa a entender melhor a sua atuação e responsabilidade
para com os demais seres vivos. Então, surge a necessidade de uma nova forma de
16

conduta em relação à natureza. Uma nova concepção filosófica homem-natureza. A


ética passa a ser também, nesse caso, um estudo extrassocial e extrapola os limites
intersociais do homem, nascendo assim, uma nova ética diversa da ética tradicional.
Surge a ética ambiental. Com ela, nós passamos a ter mais “humildade zoológica” e,
consequentemente, passamos a ter um novo entendimento da vida. Mas para que
isso ocorra, é necessário que tenhamos uma plena conscientização da problemática
ambiental, caracterizando esta como ter pleno conhecimento de algo e o seu
processo dá-se internamente, refletindo-se nas ações. Essa nova filosofia
ecocêntrica e a conscientização fazem com que o ser humano passe a se preocupar
com suas ações entendendo que ele faz parte na natureza, não é o “dono da
Natureza”. Assim, espera-se que esse passe a compreender que a Natureza não
está ali para servi-lo, mas para que ele possa sobreviver em harmonia com os
demais seres. Percebendo isso, o ser humano passará a se preocupar com suas
ações, passará a ter ações coerentes em relação à Natureza e mesmo às suas
ações intersociais passam a ser direcionadas à causa da preservação da vida
global. Então, estará ele desenvolvendo cada vez mais uma “visão holística” do
mundo, ou seja, uma visão global. Essa nova consciência e visão global trazem a
necessidade de desenvolver uma nova linha de conduta ética com a Natureza,
formando uma nova interligação ética homem-natureza.
Ética ambiental: podemos definir essa Ética Ambiental como a conduta, ou a
própria conduta, comportamental do ser humano em relação à natureza, decorrente
da conscientização ambiental e consequente compromisso personalíssimo
preservacionista, tendo como objetivo a conservação da vida global.
Uma nova relação ética: com essa nova ética, diferente da ética tradicional,
pautamos toda a sua vida e assim estaremos agindo sempre com um maior
compromisso ético. Compromisso criado por nós, dentro de nós. Sem nenhuma lei
que não seja a nossa consciência. Esse compromisso ético é personalíssimo, de
modo que não está adstrito a nenhum outro compromisso. É um compromisso de
todos os conscientes. É um compromisso da sociedade consciente. É ético, não
legal. Não se trata de obrigação legal, mas moral e ética de cada um. O
compromisso ético reflete-se em ações éticas, isto é, em ações coerentes com os
princípios éticos da pessoa, de modo que as ações impulsionadas por essa nova
ética homem-natureza trarão resultados favoráveis à preservação ambiental e,
17

consequentemente, a melhoria da qualidade de vida, ficando assim criada uma


barreira ética protegendo a natureza como um todo.
A ética ambiental aqui exposta passa a ser o início de uma nova ordem
mundial, é uma nova filosofia de vida do ser humano alicerçada em novos valores
extrassociais humanos. Sua base científica é o estudo da relação homem-natureza,
englobando nesse binômio todas as raças humanas e todos os seres existentes,
abrangendo também os inanimados como o solo, o ar e a água. Tudo que existe tem
sua importância e passa a fazer parte dessa nova relação ética. Essa nova ética
ajudará a formar uma humanidade consciente de sua posição perante a vida no
planeta Terra e dará origem a uma nova postura, um novo comportamento calcado
na preservação global da natureza, sendo uma nova esperança de vida. A
colocação em prática dessa nova forma de comportamento ético propiciará uma
enorme satisfação subjetiva e íntima em cada indivíduo e, consequentemente, da
sociedade humana de estar contribuindo com responsabilidade para a preservação
do maior bem que existe, que é a Natureza como um todo. Isso nos dará a
esperança de poderemos prolongar a existência de nossa espécie nesse planeta
com condições mais dignas, permitindo que possamos usufruir juntamente com os
demais seres desse bem que é a vida, só existente por comprovação científica na
nave-mãe Terra. Uma nova forma comportamental e uma nova esperança de vida,
daí a importância de se conscientizar todos os segmentos da sociedade para essa
nova relação ética.

1.7 Classificações do Meio Ambiente


Apesar de para muitos ainda persistir a equivocada concepção de que
preservar o meio ambiente é proteger somente a fauna e a flora,
contemporaneamente, o meio ambiente, enquanto bem jurídico constitucionalmente
tutelado, pode ser enquadrado sob cinco prismas diferenciados: i) o meio ambiente
natural; ii) o meio ambiente artificial; iii) o meio ambiente cultural; iv) o meio ambiente
do trabalho; e, v) o patrimônio genético.
i) Cuida dos recursos naturais: interações com a atmosfera, a águas, o solo, o
subsolo, os elementos da biosfera, a fauna, a flora e a zona costeira. (Lei 6.938/81).
Biosfera: conjunto de regiões da Terra onde existe vida.
ii) Construído pela ação humana, transformando os espaços naturais em espaços
urbanos (Art. 21, XX; 182 e segs., e 225 CF/88).
18

iii) Relacionado com os bens da natureza material e imaterial, os conjuntos urbanos


e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.
iv) Protege o homem em seu local de trabalho mediante observância às normas de
segurança (Art. 7º, XXII; 200, VII e VIII CF/88).
v) Informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou
espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes
seres vivos (Lei 13.123/201516).

1.8 Responsabilidade Civil Ambiental


Para que tratemos da responsabilidade civil decorrente de danos ambientais,
é de suma importância que primeiramente façamos um estudo sobre a
responsabilidade civil e sua classificação.
A palavra responsabilidade tem sua origem etimológica no verbo latino
respondere, de spondeo, primitiva obrigação de natureza contratual do Direito
Romano, pela qual o devedor se vinculava ao credor nos contratos verbais, tendo,
portanto, a ideia e a concepção de responder por algo.
Segundo ÁLVARO VILLAÇA AZEVEDO (2011), responsabilidade civil “é a
situação de indenizar o dano moral ou patrimonial decorrente de inadimplemento
culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei”.
Quanto à classificação da responsabilidade civil, temos duas teorias: a
subjetiva e a objetiva.
A teoria subjetiva tem na culpa seu fundamento basilar, só existindo a culpa
se dela resulta um prejuízo. Todavia, essa teoria não responsabiliza aquela pessoa
que se portou de maneira irrepreensível, distante de qualquer censura, mesmo que
tenha causado um dano. Aqui, argui-se a responsabilidade do autor quando existe
culpa, dano e nexo causal.
A teoria objetiva não exige a comprovação da culpa e hodiernamente tem sido
subdividida em pura e impura.
A responsabilidade civil é objetiva pura quando resultante de ato lícito ou de
fato jurídico, como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve indenizar o
prejuízo decorrente de sua ação. Nesse caso, a lei deve dizer, expressamente, que

16 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13123.htm


19

o indenizador deve indenizar independentemente de culpa, como nos danos


ambientais (art. 14, § 1º, da Lei 6938/81), nos danos nucleares (art. 4, da Lei nº
6.453/7717) e em algumas hipóteses do Código do Consumidor.
Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva impura existe quando alguém
indeniza, por culpa de outrem, como no caso do empregador que, mesmo não tendo
culpa, responde pelo ato ilícito de seu empregado (Súmula 341 do Supremo Tribunal
Federal).

Responsabilidade Civil por Danos Ambientais: após breve explanação


sobre as teorias da responsabilidade civil, podemos finalmente abordar o tema no
âmbito dos danos ambientais. O legislador pátrio consagrou a teoria da
responsabilidade objetiva no que tange à responsabilização decorrente de danos
ambientais, tendo como base a teoria do risco, segundo a qual cabe o dever de
indenizar àquele que exerce atividade perigosa, consubstanciando ônus de sua
atividade o dever de reparar os danos por ela causados e, assim, para que se prove
a existência da responsabilidade por danos ambientais, basta a comprovação do
dano existente e do nexo causal, conforme veremos mais detalhadamente a seguir.
A culpa não precisará ser provada.

Previsão Legal:
Decreto-Lei nº 79.437/7718: promulgou a Convenção Internacional sobre
Responsabilidade Civil por Danos Causados por Poluição por Óleo.
Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977: trata da responsabilidade civil por
danos nucleares, prevendo em seu artigo 4º que “será exclusiva do operador da
instalação nuclear, nos termos desta Lei, independentemente da existência de culpa,
a responsabilidade civil pela reparação de dano nuclear causado por acidente
nuclear”.
Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: lei na Política Nacional do Meio
Ambiente, artigo 14, § 1º:

17 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6453.htm


18 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D79437.htm
20

Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor


obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar
os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade
para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados
ao meio ambiente.

Lei nº 7.347/85: Ação Civil Pública.


Constituição Federal, 1988:
Art. 21, inciso XXIII, alínea “c” – referente aos danos causados por atividade
de exploração de energia nuclear, sob regime de permissão, são autorizadas
a produção, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida igual
ou inferior a duas horas19;
Art. 225, § 2º e 3º – o primeiro tratando das condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, sujeitando os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados; e o segundo referente àquele
que explorar recursos minerais, ficando obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
Lei nº 7.797/89: Fundo Nacional do Meio Ambiente.
Lei nº 7.802/8920: dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos
resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências.

Natureza Jurídica do Meio Ambiente: como expresso no artigo 225, caput


da Constituição Federal, o meio ambiente é bem de uso comum do povo. Assim,
tratando-se de responsabilidade civil ambiental, deverá ser levada em conta a tutela
do direito de toda a qualidade de vida, da compensação pelo equilíbrio ambiental.

19
Redação dada pela Emenda Constitucional nº 49, de 2006
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc49.htm#art1).

20 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm


21

Dano Ambiental: o dano ambiental pode ser compreendido como qualquer


lesão aos recursos ambientais, causando a degradação e, consequentemente, o
desequilíbrio ecológico. Caracteriza-se pela pluralidade de vítimas. Quando ocorre o
dano ambiental, afeta-se o direito de viver em meio ambiente ecologicamente
equilibrado e da fruição desse bem de uso comum de todos, como consagrado no
artigo 225 de nossa Constituição Federal. Assim, não apenas a agressão à natureza
que deve ser objeto de reparação, mas também a privação do equilíbrio ecológico,
do bem-estar e da qualidade de vida imposta à coletividade.
Nexo causal: na responsabilidade objetiva, além do dano supra explanado,
também se deve provar o nexo de causalidade, ou seja, a relação entre a ocorrência
do dano e a fonte causadora. Se o dano for causado por mais de uma fonte,
havendo pluralidade de agente degradadores, todos deverão responder
solidariamente, nos termos do artigo 942 do Código Civil (Lei 10.406/200221).
Conclusão: os danos causados ao meio ambiente poderão ser tutelados por
diversos instrumentos jurídicos, com destaque para a ação civil pública, ação
popular e mandado de segurança coletivo, porém, antes que cheguemos a este
ponto, é mister que o princípio da prevenção prevaleça, pois é muito melhor prevenir
do que reparar, e, além disso, em muitos casos, o prejuízo ao meio ambiente é
irreversível.

1.9 Ação Civil Pública


Neste item apresentamos um esboço com algumas características da ação
civil pública, para que o interessado tenha uma ideia do que se trata.
Histórico: os grandes movimentos ambientais mundiais geram
conscientização da problemática ambiental. A degradação ambiental mais a
impunidade geraram a necessidade de se encontrar formas de proteção jurídica ao
meio ambiente e assim surgiram as leis relacionadas à sua proteção, cujo conjunto
acabou se tornando o que chamamos de Direito Ambiental.
Devido aos reflexos da class actions americana – que é o instrumento
adequado à tutela dos interesses coletivos à defesa de grupos de pessoas ou
segmentos sociais, surgiu no direito brasileiro a ação civil pública ou coletiva
disciplinada pela Lei 7.347/85, tendo sido prevista posteriormente também pelo art.

21 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm


22

129, III, da Constituição Federal, que prevê o instrumento de tutela de interesses da


sociedade.
Definição: a ação civil pública é a ação de caráter público que protege o meio
ambiente os consumidores e os direitos difusos e coletivos, entre outros. Essa ação
é civil porque se processa perante o juízo cível e é pública porque defende o
patrimônio público, bem como os direitos difusos e coletivos.
Natureza Jurídica: eminentemente processual.
Objeto: condenação em pecúnia ou obrigação de fazer ou não fazer (art. 3º
da Lei 7.347/85).
Protege: o meio ambiente; o consumidor; bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico e qualquer outro interesse difuso ou
coletivo e infração da ordem pública.
INTERESSES DIFUSOS: indivisível, titulares pessoas indetermináveis.
INTERESSES COLETIVOS: indivisível, os titulares são grupos, classes ou
categorias.
Atualmente tem-se entendido que o objeto da ação civil pública é muito
amplo, em vista do que dispõe o inc. IV do art. 1º da Lei 7.347/85 quando diz “rege a
lei qualquer outro interesse difuso ou coletivo” e o art. 110 do Código do
Consumidor.
Foro: local do dano (art. 2º). Havendo intervenção ou interesse da União,
autarquia ou empresa pública federal, e não houver Vara da Justiça Federal na
Comarca, será competente o juízo estadual local e em segunda instância o Tribunal
Regional Federal da Região respectiva. De acordo com a Medida provisória nº
2.180-35, de 2001, a propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo para todas
as ações posteriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir ou o
mesmo objeto.
Prescrição: ação imprescritível.
Cautelar: possibilidade. Atualmente, com a possibilidade do adiantamento da
tutela pretendida (art. 300, Código de Processo Civil, Lei 13.105/201522), pode ser
pedida liminar no bojo da ação (art. 12º da Lei 7.347/85).
Legitimidade Ativa: Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, o
Distrito Federal, Municípios, autarquias, empresas públicas, fundações, sociedades

22 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm


23

de economia mista e associações que incluam, entre suas finalidades institucionais,


a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou
religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (art. 5º
da Lei 7.347/85).
Legitimidade Passiva: o causador do dano.
Denunciação da Lide: não cabe, pois a responsabilidade objetiva não pode
ser acumulada com a responsabilidade por culpa.
Litisconsorte Ativo Facultativo: possibilidade.
Inquérito Civil: procedimento administrativo investigatório, com natureza
jurídica inquisitorial. (art. 8º, § 1º da Lei 7.347/85). É peça fundamental, podendo ser
dispensável apenas em casos de urgência e relevância assim reconhecidas. A
instauração do inquérito civil preparatória da ação civil pública é atribuição do
Ministério Público, sendo sua função constitucional, nos termos do art. 129, III, da
Constituição Federal.
Compromisso de Ajustamento: previsto no inquérito (art. 5º, § 6º da Lei
7.347/85), bem como na ação.
Arquivamento: pelo MP (art. 9º da Lei 7.347/85).
Código de Processo Civil: aplicação subsidiária (art. 19º da Lei 7.347/85).
Reparação de Dano: para reparar dano ambiental que é a lesão aos
recursos ambientais (Lei 6.938/81, art. 3º, V):
a- retorno ao “status quo ante” pela reparação ou recuperação;
b- indenização em dinheiro, forma final.
Responsabilidade Objetiva: no caso de dano ambiental, independente de
prova de culpa. Pressupostos: ação ou omissão do réu; evento danoso; relação de
causalidade.
Meio Ambiente: patrimônio indispensável do Estado.
Sentença: efeito coisa julgada erga omnes (art. 16 da Lei 7.347/85), exceto
se a ação for julgada improcedente por deficiência de provas. Ou seja: a sentença
civil fará coisa julgada perante terceiros e frente a todos e não somente perante as
partes. Coisa julgada é quando a sentença não está mais sujeita a recurso ordinário
ou extraordinário, tornando-se imutável e indiscutível (art. 502 do Código de
Processo Civil, CPC/2015).
24

1.10 Participação da Sociedade na Problemática Ambiental


A Constituição Federal, em seu art. 225, caput, diz que o meio ambiente sadio
e equilibrado é um bem de uso comum do povo, insuscetível de apropriação por
quem quer que seja. Como dito em outras ocasiões, “Meio Ambiente” pode ser
definido como o conjunto de condições e de fatores físicos, químicos, climáticos e
biológicos, entre outros, que favorece a existência, a manutenção e o
desenvolvimento da vida animal e vegetal em interdependência em determinada
área.
Esse conjunto de condições é necessário à existência de vida animal e
vegetal e é de suma importância, devendo ser protegida, daí porque é contemplado
pela nossa Carta Magna, mas para sua proteção, é necessária uma sistemática
legal eficaz, bem como uma fiscalização concreta na execução das políticas
ambientais e na execução de obras que demandem depredação ao meio ambiente.
Por último, é importante que seja permitida a provocação e consequente atuação do
Poder Judiciário na repreensão dos transgressores para que seja mantida a ordem
pública ambiental.
Essas medidas referidas já encontram respaldo jurídico no Brasil, uma vez
que é possibilitada a participação popular na apresentação de projetos de leis nos
âmbitos Federal, Estadual e Municipal, limitando-se apenas a um certo número de
cidadãos. Assim, as entidades ambientais e os cidadãos em conjunto podem iniciar
o processo legislativo participando efetivamente na elaboração de leis de proteção
ambiental.
Também podem participar na fiscalização e na execução de obras e na
política ambiental em discussão pública quando da elaboração do Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), peças
fundamentais e obrigatórias nas obras com potencial de degradação ao meio
ambiente. Dessa forma, a sociedade pode também participar e exarar um controle
ambiental na execução de obras que demandem custo ecológico. Observa-se,
ainda, que a Constituição do Estado de São Paulo em seu artigo 193, caput, e XVIII,
garante a participação da coletividade na proteção ao meio ambiente.
Por último, para que se possa efetivamente barrar qualquer iniciativa
predatória ao meio ambiente, podem e devem os cidadãos e/ou as entidades
sociais, provocar a atuação jurisdicional do Estado, dispondo para isso da ação
direita da inconstitucionalidade de lei ou ato normativo; da ação civil pública, ação
25

popular constitucional para o fim de anular ato lesivo ao patrimônio público;


mandado de segurança coletivo às entidades associativas, aos partidos políticos e
aos sindicatos para defender interesses transindividuais; e ainda o mandado de
injunção em se faltando norma regulamentadora a agasalhar um direito reconhecido.
Assim, conclui-se que no ordenamento jurídico brasileiro há normas legais
suficientes para que a sociedade como um todo possa participar na criação de leis
ambientais, na fiscalização das atividades danosas ao meio ambiente, bem como
proteger esse com medidas jurídicas eficazes, conforme normas abaixo
relacionadas.
Basta a boa vontade da coletividade aliada a uma conscientização da
importância da preservação da natureza, sendo esse o mais rico legado que
podemos deixar aos nossos descendentes.
Legislação sobre a temática: Constituição Federal, art. 225, caput - Meio
Ambiente como bem de uso comum do povo, insuscetível de apropriação.
Meio Ambiente: conjunto de condições e de fatores físicos, químicos,
climáticos e biológicos, entre outros, que favorecem a existência, a manutenção e o
desenvolvimento da vida animal e vegetal em interdependência em determinada
área.
PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA APRESENTAÇÃO DE
PROJETOS DE LEIS: arts. 14, II, III; 29, XI e 61, § 2º da Constituição Federal e no
caso de São Paulo nos arts. 22, IV e 24, § 3º, 1 e 2 da Constituição Estadual.
PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA FISCALIZAÇÃO E NA
EXECUÇÃO DE OBRAS: na elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e no
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Lei 6.938/80, Lei 6.803/80, Dec. 88.351/83,
Res. 001/8623, do CONAMA. Constituição do Estado de São Paulo, art.193, caput,
XVIII.
PARTICIPAÇÃO POPULAR E DE ENTIDADES NA PROTEÇÃO LEGAL:
provocando a atuação jurisdicional do Estado mediante: ação direta da
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo (art. 102, I, “c”, art. 103 da C.F.); ação
civil pública art. 129, III, e § 1º da C.F. c.c. Lei 7.347 de 24.07.85; ação popular
constitucional art .5º, LXXIII da C.F.) para o fim de anular ato lesivo ao patrimônio
público; mandado de segurança coletivo (art. 5º, LXXI da C.F.) às entidades

23 Alterada pelas Resoluções nº 11, de 1986, nº 05, de 1987, e nº 237, de 1997.


26

associativas, aos partidos políticos e aos sindicatos para defender interesses


transindividuais; e ainda o mandado de injunção (art. 5º, LXXII da C.F.) em se
falando norma regulamentadora a agasalhar um direito reconhecido.

1.11 Desconsideração da Pessoa Jurídica na Questão Ambiental


Como se sabe, as pessoas jurídicas não se confundem com as pessoas
físicas de seus sócios, sendo essa distinção amplamente reconhecida na legislação
e na doutrina brasileiras.
Porém, já há algum tempo essa diferenciação clássica vem sofrendo algumas
limitações e restrições, notadamente quando se constata que a pessoa jurídica foi
utilizada para fraudar ou impedir a responsabilização por atos fraudulentos, como
por exemplo, constituição da empresa para acobertar negócios ilegais dos sócios e a
delapidação do patrimônio social no correr de processo com o intuito de prejudicar
credores.
Todas as sociedades civis ou comerciais devem ter como objeto fins lícitos e
quando cometem algum ato ilícito devem responder por ele, o que normalmente
ocorre de forma monetária como nos casos de indenizações civis, trabalhistas, entre
outros. Também pode acabar respondendo drasticamente com o patrimônio pela
má-administração, culminando muitas vezes com a falência, o que liquida as suas
possibilidades no mercado. Tudo isso forma o contexto de atividade normal de risco
da sociedade.
Mas quando ela é constituída com o intuito de fraudar, acobertar objetos
ilícitos ou ainda passa a dificultar a sua responsabilização patrimonial com
mecanismos ilegais, estará sujeita a ser desconsiderada para a recuperação dos
bens ou para que seus sócios respondam com seu patrimônio pelos atos praticados
por ela, aplicando-se assim o instituto jurídico denominado “desconsideração da
personalidade jurídica”.
A desconsideração da pessoa jurídica ou da personalidade jurídica, ou ainda
do inglês “disregard of legal entity” já vem sendo aplicada no Brasil há alguns anos,
estando a matéria praticamente consolidada tanto na doutrina quanto na
jurisprudência. Com a entrada em vigor da Lei nº 9.605, de 13.2.98 (Lei dos Crimes
Ambientais), o referido instituto voltou à tona já que é previsto especificamente em
se tratando de ilícitos de cunho ambiental (art. 4º); pois vejamos.
27

A citada lei ambiental prevê também inovações interessantes como a


possibilidade de condenação do diretor, administrador, membro de conselho e órgão
técnico, auditor, gerente, preposto ou mandatário de pessoa jurídica que sabendo da
conduta criminosa de outrem elencada na lei deixar de impedir sua prática, quando
podia agir para evitá-la (art. 2º). E ainda a possibilidade de responsabilização
administrativa, civil e penal das pessoas jurídicas por infrações cometidas por
decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado no
interesse ou benefício da sua entidade (art. 3º).
Já seu art. 4º diz que: “poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre
que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à
qualidade do meio ambiente”, estando aí prevista expressamente a figura da
“desconsideração da personalidade jurídica” na esfera dos crimes ambientais. Isto é
muito importante, pois a aplicação desse instituto permite a justiça inibir a fraude de
pessoas que utilizam as regras jurídicas da sociedade para fugir de suas
responsabilidades ou mesmo agir fraudulentamente.
Ademais, não podemos esquecer que no caso dos crimes ambientais o bem
tutelado é o meio ambiente que é considerado como bem de uso comum do povo
(art. 225 da Constituição Federal), ou seja, é um bem difuso e de interesse de todos,
que deve ser defendido por todos. Desse modo, a pessoa jurídica que praticar algum
ilícito ambiental responderá juntamente com a pessoa física causadora do dano
entre as elencadas no art. 2º, pelos atos praticados por esta em seu nome (art. 3º).
Também aquele que se esconder por detrás de uma sociedade, seja qual for, para
praticar atos delituosos contra a qualidade do meio ambiente natural, artificial,
cultural e do trabalho, deverá responder administrativa, civil e penalmente por eles,
com aplicação do instituto da “desconsideração da pessoa jurídica”.
Aliás, é bom observar também, quanto à indenização na esfera civil, que a
responsabilidade objetiva está em vigor, bastando ser averiguado o dano e a autoria
para gerar a obrigação de indenizar, pois a Lei nº 9.603/98 não excluiu a
responsabilidade na esfera civil; e nem poderia por existir previsão constitucional
nesse sentido - art. 225, §3º (CF/88) e Lei 6.938/81 que institui a Política Nacional do
Meio Ambiente e regulamenta o tema, prevendo-o em seu art. 14, § 1º.
Portanto, as empresas ou indústrias em geral devem estar atentas às
questões ambientais para que possam adaptar suas atividades e parques industriais
28

aos novos anseios mundiais preservacionistas senão quiserem estar expostas a


sanções que poderão inviabilizar seu empreendimento.
29

UNIDADE 2 – LEI 6.938/8124

A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional


de Meio Ambiente (PNMA), seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá
outras providências, foi realmente um marco histórico para o Brasil, momento a partir
do qual nossos recursos ambientais passaram a vislumbrar proteção e preservação.
A Lei de PNMA foi responsável pela inclusão do componente ambiental na
gestão das políticas públicas e decisiva inspiradora do Capítulo do Meio Ambiente
na Constituição de 1988. Transformou a visão sobre a temática ambiental nos
empreendimentos brasileiros, orquestrando um processo fundamental para a
evolução do País rumo ao Desenvolvimento Sustentável (FIORI; LARA; JARDIM,
2006).
De acordo com o art. 1º, a lei é fundamentada nos incisos VI e VII do art. 23 e
art. 235 da CF/88, estabelecendo a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos e formulação e aplicação, constituindo ainda o Sistema Nacional do
Meio Ambiente (Sisnama) e instituindo o Cadastro de Defesa Ambiental (redação
dada pela Lei nº 8.028/90.
Segundo LUÍS PAULO SIRVINSKAS (2005), a lei em questão definiu
conceitos básicos como o de meio ambiente, de degradação e de poluição e
determinou os objetivos, diretrizes e instrumentos, além de ter adotado a teoria da
responsabilidade.
De acordo com RICARDO CARNEIRO (2003), a política ambiental é a
organização da gestão estatal no que diz respeito ao controle dos recursos
ambientais e à determinação de instrumentos econômicos capazes de incentivar as
ações produtivas ambientalmente corretas.

A PNMA se resume no conjunto de metas e mecanismos que visam reduzir


os impactos negativos da ação antrópica – aqueles resultantes da ação
humana – sobre o meio ambiente. Como toda política, possui justificativa
para sua existência, fundamentação teórica, metas e instrumentos, e prevê
penalidades para aqueles que não cumprem as normas estabelecidas.
Interfere nas atividades dos agentes econômicos e, portanto, a maneira pela
qual é estabelecida influencia as demais políticas públicas, inclusive as
políticas industriais e de comércio exterior (LUSTOSA et al., 2003, p. 135).

24 Para alterações na referida lei, bem como anexos, verificar em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm
30

Sendo assim, por Política Nacional do Meio Ambiente se compreende as


diretrizes gerais estabelecidas por lei que têm o objetivo de harmonizar e de integrar
as políticas públicas de meio ambiente dos entes federativos, tornando-as mais
efetivas e eficazes.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação,
melhoria e recuperação da qualidade ambiental para a vida, visando assegurar, no
país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança
nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
Dessa maneira, o objetivo geral da Política Nacional do Meio Ambiente está
dividido em preservação, melhoramento e recuperação do meio ambiente. Preservar
é procurar manter o estado natural dos recursos naturais impedindo a intervenção
dos seres humanos. Significa perenizar, perpetuar, deixar intocados os recursos
ambientais (ANTUNES, 2000).
Melhorar é fazer com que a qualidade ambiental se torne progressivamente
melhor por meio da intervenção humana, realizando o manejo adequado das
espécies animais e vegetais e dos outros recursos ambientais (SIRVINSKAS, 2005).
É a atribuição ao meio ambiente de condições melhores do que ele apresenta
(ANTUNES, 2000).
Recuperar é buscar o status quo ante de uma área degradada por meio da
intervenção humana, a fim de fazer com que ela volte a ter as características
ambientais de antes (SIRVINSKAS, 2005).
A recuperação é o objetivo mais difícil, em alguns casos até impossível, de
ser alcançado, tendo em vista as características próprias do dano ambiental, sendo
mais importante do que a punição de um degradador a imposição da recuperação do
que foi degradado quando isso for possível (ANTUNES, 2000).
Em 2012, com a Lei nº 12.651 (Código Florestal), que dispõe sobre a
proteção da vegetação nativa e altera as Leis nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, nº
9.393, de 19 de dezembro de 1996, e nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006;
revoga as Leis nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, e nº 7.754, de 14 de abril de
1989, e a Medida Provisória nº 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; dando outras
providências e, na sequência, a Lei nº 12.727 de 17 de outubro de 2012, foram
estabelecidos limites de uso da propriedade, que deve respeitar a vegetação
existente na terra, considerada bem de interesse comum a todos os habitantes do
Brasil.
31

Entre as principais atualizações do Código Florestal Brasileiro, podemos


destacar a obrigatoriedade de proteger e usar, de forma sustentável, as florestas,
consagrando o compromisso do País com a compatibilização e harmonização entre
o uso produtivo da terra e a preservação da água, do solo e da vegetação. Da
mesma forma, incentiva a pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação
para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a preservação das
florestas e demais formas de vegetação nativa. Outra alteração bastante significativa
foi quanto ao uso das faixas marginais de qualquer curso d’água natural, perene e
intermitente. Foi incluído também o Capítulo III – A, que aborda o uso
ecologicamente sustentável dos apicuns e salgados, estes podendo ser utilizados
em atividades de carcinicultura e salinas, contanto que se garanta a manutenção da
qualidade da água e do solo.

2.1 Sistema Nacional do Meio Ambiente


O Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISAMA, congrega os órgãos e
instituições ambientais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
cuja finalidade primordial é dar cumprimento aos princípios constitucionalmente
previstos e nas normas instituídas, apresentando a seguinte estrutura:
CONSELHO DE GOVERNO: órgão superior de assessoria ao Presidente da
República na formulação das diretrizes e política nacional do meio ambiente.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA): órgão consultivo
e deliberativo. Assessora o Governo e delibera sobre normas e padrões compatíveis
com o meio ambiente, estabelecendo normas e padrões federais que deverão ser
observados pelos Estados e Municípios, os quais possuem liberdade para
estabelecer critérios de acordo com suas realidades, desde que não sejam mais
permissivos.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA): planeja, coordena, controla e
supervisiona a política nacional e as diretrizes estabelecidas para o meio ambiente,
executando a tarefa de congregar os vários órgãos e entidades que compõem o
SISAMA.
INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS (IBAMA): é vinculado ao MMA. Formula, coordena,
fiscaliza, controla, fomenta, executa e faz executar a política nacional do meio
ambiente e da preservação e conservação dos recursos naturais.
32

INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE


(ICMBio): autarquia em regime especial vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e
integrada Sisnama. Foi criado pela lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007. É
responsável por propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as unidades
de conservação federais, além de fomentar e executar programas de pesquisa,
proteção, preservação e conservação da biodiversidade e exercer o poder de polícia
ambiental para a proteção da biodiversidade em todo o Brasil. Surgiu de uma
reestruturação do IBAMA, anteriormente responsável por tais atribuições.
ÓRGÃOS SECCIONAIS: são os órgãos ou entidades estaduais responsáveis
pela execução de programas, projetos, controle e fiscalização das atividades
degradadoras do meio ambiente.
ÓRGÃOS LOCAIS: órgãos municipais responsáveis pelo controle e
fiscalização de atividades degradadoras.

Os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente (art. 9º) são: os


padrões de qualidade ambiental; o zoneamento ambiental; o licenciamento; os
incentivos à produção; as unidades de conservação; o sistema de informação do
meio ambiente; o cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa
ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias necessárias à
preservação do ambiente; o Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, anual
divulgado pelo IBAMA; a prestação de informações; o Cadastro Técnico Federal de
atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadora dos recursos naturais, os
instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros.
Dentre as penalidades aos infratores da Política Nacional do Meio Ambiente,
temos:
Penalidades administrativas: multas, perda ou restrição de incentivos e
benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público e suspensão de atividades (art.
14). Penalidades previstas nas legislações Federal, Estadual e Municipal, além da
possibilidade de o poluidor ter de indenizar ou reparar o dano ambiental,
independentemente de culpa.
33

2.2 Constituição Federal e o Meio Ambiente


Com relação ao Meio Ambiente nas Constituições Estrangeiras, antes do
Brasil, alguns países já haviam-no tutelado em suas Constituições: Portugal (1976),
Espanha (1978), Equador (1979), Peru (1979), Chile (1980) e Guiana (1980).
O Meio Ambiente na Constituição Brasileira decorre do ano de 1988. Neste
ano, nossa Lei Fundamental, pela primeira vez na história, abordou o tema meio
ambiente, dedicando a este um capítulo, que contempla não somente seu conceito
normativo, ligado ao meio ambiente natural, como também reconhece suas outras
faces: o meio ambiente artificial, o meio ambiente do trabalho, o meio ambiente
cultural e o patrimônio genético, também tratados em diversos outros artigos da
Constituição.
O Art. 225 exerce na Constituição o papel de principal norteador do meio
ambiente, devido a seu complexo teor de direitos, mensurado pela obrigação do
Estado e da Sociedade na garantia de um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, já que se trata de um bem de uso comum do povo que deve ser
preservado e mantido para as presentes e as futuras gerações.

Capítulo VI - Do Meio Ambiente


Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
34

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas,


métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o
meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais à crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional e sua
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados,
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei Federal, sem o que não poderão ser instaladas.
§ 7º - Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo,
não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais, desde que
sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição
Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio
cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o
bem-estar dos animais envolvidos25.

Artigos Constitucionais dedicados ao meio ambiente ou a ele vinculados:


Art. 5º: XXIII; LXXI; LXXIII.

25
Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm).
35

Art. 20: I; II; III; IV; V; VI; VII; IX; X; XI e § § 1º e 2º.


Art. 21: XIX; XX; XXIII a, b e c; XXV.
Art. 22: IV; XII; XXVI.
Art. 23: I;III; IV; VI; VII; IX; XI.
Art. 24: VI; VII; VIII.
Art. 43: § 2º, IV e §3º.
Art. 49: XIV; XVI.
Art. 91: § 1º, III.
Art. 129: III.
Art. 170: IV.
Art. 174: §§ 3º e 4º.
Art. 176 e §§.
Art 182 e §§.
Art. 186.
Art. 200: VII; VIII.
Art. 216: V e §§ 1º, 3º e 4º.
Art. 225.
Art. 231.
Art. 232.
Arts. 43 e 44 do ADCT.

No que diz respeito às competências, a Constituição, além de consagrar a


preservação do meio ambiente, anteriormente protegido somente a nível
infraconstitucional, procurou definir as competências dos entes da federação,
inovando na técnica legislativa, por incorporar ao seu texto diferentes artigos
disciplinando a competência para legislar e para administrar. Essa iniciativa teve
como objetivo promover a descentralização da proteção ambiental. Assim, União,
Estados, Municípios e Distrito Federal possuem ampla competência para legislarem
sobre matéria ambiental, apesar de não raro surgirem os conflitos de competência,
principalmente junto às Administrações Públicas.

Competência Privativa da União


Somente pode ser exercido pela União, salvo mediante edição de Lei
Complementar que autorize os Estados, o ato de legislar sobre as matérias
36

relacionadas com as águas, energia, populações indígenas, jazidas e outros


recursos minerais, além das atividades nucleares de qualquer natureza.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza.
Parágrafo Único: lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas a este artigo.

Competência Comum
O Art. 23 concede à União, Estados, Municípios e o Distrito Federal
competência comum, pela qual os entes integrantes da federação atuam em
cooperação administrativa recíproca, visando alcançar os objetivos descritos pela
própria Constituição. Nesse caso, prevalecem as regras gerais estabelecidas pela
União, salvo quando houver lacunas, as quais poderão ser supridas, por exemplo,
pelos Estados, no uso de sua competência supletiva ou suplementar.

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e


dos Municípios:
III - proteger os documentos, obras e outros bens de valor histórico, artístico e
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e
de outros bens de valor histórico, artístico e cultural;
VII- preservar as florestas, a fauna e a flora;
VIII- fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento
alimentar;
IX- promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico;
X- combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI- registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e
exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.
37

Parágrafo Único: Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a


União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.

Competência Concorrente
Implica no estabelecimento de moldes pela União a serem observados pelos
Estados e Distrito Federal.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar
concorrentemente sobre:
VI- florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição;
VII- proteção ao patrimônio histórico, artístico, turístico e paisagístico;
VIII- responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, turístico e paisagístico.
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão
competência legislativa plena, para atender suas peculiaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia
da lei estadual, no que lhe for contrário.

Competência Municipal
A Constituição estabelece que mediante a observação da legislação Federal e
Estadual, os municípios podem editar normas que atendam à realidade local ou até
mesmo preencham lacunas das legislações Federal e Estadual (Competência
Municipal Suplementar).
Art. 30. Compete aos Municípios:
I- legislar sobre assuntos de interesse local;
II- suplementar a legislação Federal e a Estadual no que couber.
38

UNIDADE 3 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

3.1 Relação da Legislação Ambiental Principal


Ação Civil Pública
Lei nº 7.347, de 24.7.85 – disciplina a ação civil pública de responsabilidade
por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico, e dá outras providências.
Lei 11.448, de 15.1.2007 – altera o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de
1985, que disciplina a ação civil pública, legitimando para sua propositura a
Defensoria Pública.

Agricultura
Lei nº 6.894, de 16.2.80 – dispõe sobre a inspeção e a fiscalização da
produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes, estimulantes ou
biofertilizantes, remineralizadores e substratos para plantas, destinados à
agricultura, e dá outras providências. Regulamentada pelo Decreto nº 86.955, de
18.2.82.
Lei nº 7.802, de 11.7.89 – dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a
produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação,
o destino final dos resíduos e embalagem, o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras
providências. Regulamenta pelo Decreto nº 98.816/90.
Lei nº 8.171, de 17.1.91 – dispõe sobre a política agrícola.
Lei n° 9.272, de 03.05.96 – acrescenta incisos ao Artigo 30 da Lei 8.171, de
17 de Janeiro de 1991, que dispõe sobre a política agrícola.
Lei nº 9.974, de 6.6.00 – altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que
dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem,
o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a
utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o
registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus
componentes e afins, e dá outras providências.
Decreto nº 3.550, de 27.7.00 – dá nova redação a dispositivos do Decreto nº
98.816, de 11 de janeiro de 1990, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a
39

produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a


comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação,
o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a
inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins.
Lei nº 10.298, de 30.10.01 – acrescenta incisos ao art. 3o da Lei nº 8.171, de
17 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política agrícola.
Lei nº 10.327, de 12.12.01 – acrescenta inciso II ao art. 6º da Lei nº 8.171, de
17 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política agrícola.
Lei nº 11.718, de 2008 – acrescenta artigo à Lei nº 5.889, de 8 de junho de
1973, criando o contrato de trabalhador rural por pequeno prazo; estabelece normas
transitórias sobre a aposentadoria do trabalhador rural; prorroga o prazo de
contratação de financiamentos rurais de que trata o § 6º do art. 1º da Lei nº11.524,
de 24 de setembro de 2007; e altera as Leis nº 8.171, de 17 de janeiro de 1991, nº
7.102, de 20 de junho de 1993, nº 9.017, de 30 de março de 1995, e nº 8.212 e nº
8.213, ambas de 24 de julho de 1991.
Lei nº 12.058, de 2009.
Lei nº 13.158, de 2015 – altera os arts. 48 e 103 da Lei nº 8.171, de 17 de
janeiro de 1991, com a finalidade de instituir, entre os objetivos do crédito rural,
estímulos à substituição do sistema de pecuária extensivo pelo sistema de pecuária
intensivo e ao desenvolvimento do sistema orgânico de produção agropecuária.

Água
Decreto nº 23.777, de 23.1.34 – regulariza o lançamento de resíduo industrial
das usinas açucareiras nas águas pluviais.
Decreto nº 24.643, de 10.07.34 – decreta o Código de Águas.
Decreto-lei nº 3.094, de 05.03.41 – dispõe sobre as fontes de águas minerais,
termais e gasosas.
Decreto-lei nº 3.763, de 25.10.41 – consolida disposições sobre águas e
energia elétrica, e dá outras providências.
Decreto-lei nº 7.841, de 08.08.45 – código de Águas Minerais.
Lei n° 3.824, de 23.11.60 – torna obrigatória a destoca e consequente limpeza
das bacias hidráulicas, dos açudes, represas ou lagos artificiais.
40

Decreto nº 50.877, de 29.06.61 – dispõe sobre o lançamento de resíduos


tóxicos ou oleosos nas águas interiores ou litorâneas do País, e dá outras
providências.
Decreto nº 94.076, de 05.03.87 – institui o Programa Nacional de Microbacias
Hidrográficas, e dá outras providências.
Lei nº 7.661, de 16.5.88 – institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro.
Decreto nº 1.530, de 22.06.95 – declara a entrada em vigor da Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, concluída em Montego Bay, Jamaica, em
10 de dezembro de 1982.
Lei nº 9.433, de 8.1.97 – institui a Política Nacional dos Recursos Hídricos (Lei
das Águas).
Decreto nº 4.613, de 11.3.03 - regulamenta o Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, e dá outras providências.
Decreto nº 2.869, de 09.12.98 – regulamenta a cessão de águas públicas
para exploração da aquicultura, e dá outras providências.
Lei nº 9.984, de 17.7.00 – dispõe sobre a criação da Agência Nacional de
Águas – ANA.
Lei nº 10.670, de 14.05.03 – institui o dia nacional da água.
Lei nº 10.881, de 09.06.04 – dispõe sobre os contratos de gestão entre a
Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de
Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União, e dá outras
providências.
Lei nº 12.334/2010 – estabelece a Política Nacional de Segurança de
Barragens.
Lei nº 12.651, de 2012 – estabelece medidas para proteção das florestas
existentes nas nascentes dos rios.

Amianto
Lei nº 9.055, de 01.06.95 – disciplina a extração, industrialização, utilização,
comercialização e transporte do asbesto/amianto e dos produtos que o contenham,
bem como das fibras naturais e artificiais, de qualquer origem, utilizadas para o
mesmo fim, e dá outras providências.
41

Ar
Resolução CONAMA nº 3/1990 – estabelece os padrões de qualidade do ar
no Brasil.

Biossegurança/ Biodiversidade
Decreto nº 2.519, de 16.3.98 – promulga a Convenção sobre Diversidade
Biológica, assinada no Rio de Janeiro, em 5 de junho de 1992.
Decreto nº 4.284, de 26.06.02 – institui o Programa Brasileiro de Ecologia
Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia – PROBEM, e dá
outras providências.
Decreto nº 4.339, de 22.08.02 – institui princípios e diretrizes para a
implementação da Política Nacional da Biodiversidade.
Lei nº 11.105, de 24.3.2005 – regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º do art.
225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados –
OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS,
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre
a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro
de 1995, e a Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º,
6º, 7º, 8º, 9º, 10º e 16º da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras
providências.

Biotecnologia/Engenharia Genética
Decreto nº 2.929, de 11.1.99 – promulga o Estatuto e o Protocolo do Centro
Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia, adotados em Madri, em 13 de
setembro de 1983, e em Viena, em 4 de abril de 1984, respectivamente, e assinados
pelo Brasil, em 5 de maio de 1986.
Decreto nº 3.945, de 28.09.01 – define a composição do Conselho de Gestão
do Patrimônio Genético e estabelece as normas para o seu funcionamento,
mediante a regulamentação dos arts. 10, 11, 12, 14, 15, 16, 18 e 19 da Medida
Provisória nº 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, que dispõem sobre o acesso ao
patrimônio genético, a proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado, a
repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para
sua conservação e utilização, e dá outras providências.
42

Lei nº 10.332, de 19.12.01 – institui mecanismo de financiamento para o


Programa de Ciência e Tecnologia para o Agronegócio, para o Programa de
Fomento à Pesquisa em Saúde, para o Programa Biotecnologia e Recursos
Genéticos – Genoma, para o Programa de Ciência e Tecnologia para o Setor
Aeronáutico e para o Programa de Inovação para Competitividade, e dá outras
providências.
Decreto nº 4.154, de 07.03.02 – regulamenta a Lei nº 10.332, de 19 de
dezembro de 2001, na parte que institui mecanismo de financiamento para o
Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos – Genoma, e dá outras
providências.
Lei 13.123, de 2015 – dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a
proteção e o acesso ao conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de
benefícios para conservação e uso sustentável da biodiversidade.

Crimes ambientais
Lei nº 9.456, de 28.4.97 – institui o direito de proteção de cultivares, e dá
outras providências.
Lei nº 9.605, de 13.2.98 – dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
Decreto nº 3.179, de 21.9.99 – dispõe sobre a especificação de sanções
aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências.
Lei nº 13.052, de 8 de dezembro de 2014 – altera o art. 25 da Lei nº 9.605, de
12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras
providências, para determinar que animais apreendidos sejam libertados
prioritariamente em seu habitat e estabelecer condições necessárias ao bem-estar
desses animais.
Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 – dispõe sobre a utilização e
proteção da vegetação nativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 – regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I,
II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza, e dá outras providências.
43

Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006 – dispõe sobre a gestão de florestas


públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio
Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de
Desenvolvimento Florestal – FNDF; altera as Leis nº 10.683, de 28 de maio de 2003,
nº 5.868, de 12 de dezembro de 1972, nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nº
4.771, de 15 de setembro de 1965, nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, e nº 6.015,
de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências.
Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010 – institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras
providências.

Cultura
Lei nº 8.313/91 (Lei Rouanet) – restabelece princípios da Lei n° 7.505, de 2 de
julho de 1986, institui o Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac); e dá outras
providências.
Lei nº 8.685/93 – cria mecanismos de fomento à atividade audiovisual; e dá
outras providências.

Desertificação
Decreto nº 2.741, de 20.08.98 – promulga a Convenção Internacional de Combate à
Desertificação nos Países Afetados por Seca Grave e/ou Desertificação,
particularmente na África.

Direito Espacial
Lei nº 9.994, de 24.07.00 – institui o Programa de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico do Setor Espacial; e dá outras providências.

Ecoturismo
Lei n° 6.513, de 20/12/77 – dispõe sobre a criação de Áreas Especiais e de Locais
de Interesse Turístico; sobre o inventário com finalidades turísticas dos bens de
valor cultural e natural.
44

Educação Ambiental
Lei nº 9.795, de 27.4.99 – dispõe sobre a educação ambiental, institui a
Política Nacional de Educação Ambiental; e dá outras providências.
Decreto nº 4.281, de 25.06.02 – regulamenta a Lei nº 9.795, de 27 de abril de
1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental; e dá outras
providências.

Energia Elétrica
Lei nº 10.847, de 15.03.04 – autoriza a criação da Empresa de Pesquisa
Energética – EPE; e dá outras providências.

Estatuto da Cidade
Lei nº 10.257, de 10.7.01 – regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana; e dá outras providências.

Estatuto da Terra
Lei nº 4.504, de 30.11.64 – dispõe sobre o Estatuto da Terra; e dá outras
providências.

Fauna
Decreto nº 24.645, de 10.7.34 – dispõe sobre maus tratos em animais.
Decreto nº 28.524, de 18.08.50 – promulga a Convenção Internacional para a
Regulamentação da Pesca da Baleia e o Regimento anexo à mesma, assinados em
Washington, em 2 de dezembro de 1946.
Decreto nº 46.873, de 16.09.59 – promulga o Protocolo Adicional à
Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, entre os
Estados Unidos do Brasil e outros países, assinado em Washington, em 4 de
dezembro de 1956.
Lei nº 5.197, de 31.1.67 – dispõe sobre a proteção à fauna.
Decreto-Lei nº 221, de 28.2.67 – dispõe sobre a proteção e estímulo à pesca.
Decreto nº 63.234, de 12.09.68 – institui o “Dia da Ave”, e dá outras
providências.
45

Decreto Legislativo nº 77, de 05.12.73 – aprova o texto da Convenção


Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia, concluída em
Washington, em 2 de dezembro de 1946.
Decreto nº 73.497, de 17.01.74 – promulga a Convenção Internacional para a
Regulamentação da Pesca da Baleia.
Decreto nº 76.623, de 17.11.75 – promulga a Convenção sobre Comércio
Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção
(convenção esta regulamentada pelo Decreto nº 3.607, de 21.09.00).
Lei nº 7.173, de 14.12.83 – dispõe sobre o estabelecimento e funcionamento
de jardins zoológicos.
Lei nº 7.643, de 18.12.87 – proíbe a pesca de cetáceo nas águas
jurisdicionais brasileiras.
Decreto n° 97.633, de 10.04.89 – dispõe sobre o Conselho Nacional de
Proteção à Fauna – CNPF, e dá outras providências.
Decreto n° 66, de 18.03.91 – promulga a Convenção Para a Conservação das
Focas Antárticas, concluída em Londres, a 1° de Junho de 1972.
Lei nº 9.605, de 13.2.98 – dos crimes ambientais.
Decreto nº 3.607, de 21.09.00 – dispõe sobre a implementação da Convenção
sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo
de Extinção – CITES, e dá outras providências (convenção esta promulgada pelo
Decreto nº 76.623, de 17.11.75).
Lei nº 9.985, de 2000 – altera a Lei nº 5.197, sobre a proteção à fauna.
Decreto nº 3.842, de 13.06.01 – promulga a Convenção Interamericana para a
Proteção e a Conservação das Tartarugas Marinhas, concluída em Caracas, em 1º
de dezembro de 1996.
Decreto nº 4.256, de 03.06.02 – promulga o Protocolo Adicional ao Acordo
para a Conservação da Fauna Aquática nos Cursos dos Rios Limítrofes entre o
Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Paraguai,
celebrado em Brasília, em 19 de maio de 1999.
Lei nº 10.519, de 17.07.02 – dispõe sobre a promoção e a fiscalização da
defesa sanitária animal quando da realização de rodeio, e dá outras providências.
Lei nº 11.794, de 2008 – regulamenta o inciso VII do § 1 do art. 225 da
Constituição Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico de animais;
revoga a Lei nº 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá outras providências.
46

Florestas e vegetação nativa (Flora)


Lei nº 6.607, de 7.12.78 – declara o pau-brasil Árvore Nacional, institui o Dia
do Pau-Brasil, e dá outras providências.
Decreto nº 84.017, de 21.9.79 – aprova o Regulamento dos Parques
Nacionais Brasileiros.
Lei nº 6.902, de 27.4.81 – dispõe sobre a criação de Estações Ecológicas e
Áreas de Proteção Ambiental.
Decreto nº 318, de 31.10.91 – promulga o novo texto da Convenção
Internacional para a Proteção dos Vegetais.
Decreto nº 750, de 10.2.93 – dispõe sobre o corte, a exploração e a
supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de
regeneração de Mata Atlântica, e dá outras providências.
Lei nº 9.605, de 13.2.98 – dos crimes ambientais.
Decreto nº 2.707, de 4.8.98 - promulga o Acordo Internacional de Madeiras
Tropicais, assinado em Genebra, em 26 de janeiro de 1994.
Decreto Legislativo nº 28, de 19.04.99 – aprova o texto da Convenção
Internacional para a Proteção de Obtenções Vegetais, de 2 de dezembro de 1961,
revista em Genebra, em 10 de novembro de 1972 e 23 de outubro de 1978.
Lei nº 12.651, de 2012 – institui o novo Código Florestal. Dispõe sobre a
proteção da vegetação nativa.

Fundo Nacional do Meio Ambiente


Lei n° 7.797, de 10.07.89 – cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente, e dá
outras providências.
Decreto nº 3.524, de 26.06.00 – regulamenta a Lei nº 7.797, de 10 de julho de
1989, que cria o Fundo Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

Geral
Decreto nº 58.054, de 23.03.66 – promulga a Convenção para a proteção da
flora, fauna e das belezas cênicas dos países da América.
Decreto nº 80.978, de 12.12.77 – promulga a convenção relativa à proteção
do patrimônio mundial, cultura e natural, de 1972.
Decreto nº 86.028, de 27.05.81 – institui em todo o Território Nacional a
Semana Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
47

Decreto n° 1.205, de 01.08.94 – aprova a Estrutura Regimental do Ministério


do Meio Ambiente e da Amazônia Legal, e dá outras providências.
Decreto nº 1.905, de 16.05.96 – promulga a Convenção sobre Zonas Úmidas
de Importância Internacional, Especialmente como “Habitat” de Aves Aquáticas,
Conhecida como Convenção de Ramsar, de 02 de fevereiro de 1971.
Decreto nº 4.326, de 08.08.02 – institui, no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente, o Programa Áreas Protegidas da Amazônia – ARPA, e dá outras
providências.
Lei nº 11.516, de 28 de agosto de 2007 – criação do Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Índios
Lei nº 5.371, de 05.12.67 – autoriza a instituição da “Fundação Nacional do
Índio”, e dá outras providências.
Lei n° 6.001, de 19.12.73 – dispõe sobre o Estatuto do Índio.
Decreto nº 1.141, de 19.05.94 – dispõe sobre as ações de proteção
ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas.
Decreto nº 1.775, de 08.01.96 – dispõe sobre o procedimento administrativo
de demarcação das terras indígenas, e dá outras providências.
Decreto nº 3.799, de 19.04.01 – altera dispositivos do Decreto nº 1.141, de 19
de maio de 1994, que dispõe sobre as ações de proteção ambiental, saúde e apoio
às atividades produtivas para as comunidades indígenas.

Informação Ambiental
Lei nº 10.650, de 16.04.03 - dispõe sobre o acesso público aos dados e
informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama.

Mar
Lei n° 2.419, de 10.02.55 – institui a Patrulha Costeira, e dá outras
providências.
Lei nº 7.542, de 26.09.86 – dispõe sobre a pesquisa, exploração, remoção e
demolição de coisas ou bens afundados, submersos, encalhados e perdidos em
águas sob jurisdição nacional, em terreno de marinha e seus acrescidos e em
48

terrenos marginais, em decorrência de sinistro, alijamento ou fortuna do mar, e dá


outras providências.
Lei nº 7.661, de 16.5.88 – institui o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro.
Lei nº 8.617, de 4.1.93 – dispõe sobre o mar territorial, a zona econômica
exclusiva e a plataforma continental brasileiros dão outras providências.
Decreto nº 2.956, de 3.2.99 – aprova o V Plano Setorial para os Recursos do
Mar.
Lei nº 10.166, de 27.12.00 – altera a Lei nº 7.542, de 26 de setembro de 1986,
que dispõe sobre a pesquisa, exploração, remoção e demolição de coisas ou bens
afundados, submersos, encalhados e perdidos em águas sob jurisdição nacional, em
terreno de marinha e seus acrescidos e em terrenos marginais, em decorrência de
sinistro, alijamento ou fortuna do mar, e dá outras providências.

Mudanças Climáticas
Decreto nº 3.515, de 20.06.00 – cria o Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, e dá outras providências.
Decreto nº 6.263, de 21.11.2007 – institui o Comitê Interministerial sobre
Mudança do Clima – CIM, orienta a elaboração do Plano Nacional sobre Mudança
do Clima, e dá outras providências.
Lei nº 12.187/2009 – institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima –
PNMC, e dá outras providências.
Decreto nº 7.390/2010 – regulamenta a PNMC; estabelece os planos setoriais
de mitigação e de adaptação às mudanças climáticas.

Ozônio
Decreto Legislativo nº 91, de 15.12.89 – aprova os textos da Convenção de
Viena para a Proteção da Camada de Ozônio, de 1985, e do Protocolo de Montreal
sobre Substâncias que destroem a Camada de Ozônio, de 1987.
Decreto nº 99.280, de 06.06.90 – promulgação da Convenção de Viena para a
Proteção da Camada de Ozônio e do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que
Destroem a Camada de Ozônio.
Decreto nº 181, de 24.07.91 – promulga os Ajustes ao Protocolo de Montreal
Sobre Substâncias que destroem a Camada de Ozônio, de 1987.
49

Decreto Legislativo nº 32, de 16.06.92 – aprova o texto das Emendas ao


Protocolo de Montreal sobre Substâncias que destroem a Camada de Ozônio,
adotadas em Londres, em 29 de junho de 1990.
Decreto Legislativo nº 51, de 29.05.96 – aprova o texto das Emendas ao
Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio,
adotadas em Copenhague, em 25 de novembro de 1992.
Decreto nº 2.679, de 17.7.98 – promulga as emendas ao Protocolo de
Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assinadas em
Copenhague, em 25 de novembro de 1992.
Decreto nº 2.699, de 30.7.98 – promulga a emenda ao Protocolo de Montreal
sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio, assinada em Londres, em
29 de junho de 1990.

Parcelamento do Solo
Lei n° 6.766, de 19.12.79 – dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, e
dá outras providências.

Patrimônio Artístico Nacional


Decreto-Lei nº 25, de 30.11.37 – organiza a proteção do Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional.
Lei n° 3.924, de 26/06/61 – dispõe sobre os Monumentos Arqueológicos e
Pré-históricos.
Lei nº 9.605, de 13.2.98 – dos crimes ambientais.

Pesca
Decreto-Lei nº 221, de 28.2.67 – dispõe sobre a proteção e estímulo à pesca.
Lei n° 7.643, de 18.12.87 – proíbe a Pesca de Cetáceos nas Águas
Jurisdicionais Brasileiras, e dá outras providências.
Decreto nº 1.694, de 13.11.95 – cria o Sistema Nacional de Informações da
Pesca e Aquicultura – SINPESQ, e dá outras providências.
Decreto nº 2.840, de 10.11.98 – estabelece normas para operação de
embarcações pesqueiras nas águas sob jurisdição brasileira, e dá outras
providências.
50

Lei 11.959, de 2009 – dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento


Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras, revoga a
Lei nº 7.679, de 23 de novembro de 1988, e dispositivos do Decreto-Lei nº 221, de
28 de fevereiro de 1967, e dá outras providências.

Política Nacional do Meio Ambiente


Lei nº 6.938, de 31.8.81 – dispõe sobre a Política do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Regulamentada
pelo Decreto nº 99.274/90.
Lei nº 10.165, de 27.12.00 – altera a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,
que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, e dá outras providências.

Poluição
Decreto-Lei nº 1.413, de 14.08.75 – dispõe sobre o controle da poluição do
meio ambiente provocada por atividades industriais.
Decreto nº 76.389, de 03.10.75 – dispõe sobre as medidas de prevenção e
controle da poluição industrial de que trata o Decreto-Lei 1.413, de 14 de agosto de
1975, e dá outras providências.
Decreto Legislativo nº 74, de 30.09.76 – aprova o texto da Convenção
Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por
Óleo.
Decreto nº 79.437, de 28.03.77 – promulga a Convenção Internacional sobre
Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo, 1969.
Decreto nº 83.540, de 04.06.79 – regulamenta a aplicação da Convenção
Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por
Óleo, de 1969, e dá outras providências.
Decreto nº 87.566, de 16.09.82 – promulga o texto da Convenção sobre
Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matérias,
concluída em Londres, em 29 de dezembro de 1972.
Lei nº 8.723, de 28.10.93 – dispõe sobre a redução de emissão de poluentes
por veículos automotores, e dá outras providências.
51

Lei nº 9.966, de 28.04.00 – dispõe sobre a prevenção, o controle e a


fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias
nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional, e dá outras providências.
Decreto nº 4.136, de 20.02.02 – dispõe sobre a especificação das sanções
aplicáveis às infrações às regras de prevenção, controle e fiscalização da poluição
causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em
águas sob jurisdição nacional, prevista na Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, e dá
outras providências.
Decreto nº 8.127, de 22 de outubro de 2013 – institui o Plano Nacional de
Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição
Nacional, altera o Decreto nº 4.871, de 6 de novembro de 2003, e o Decreto nº
4.136, de 20 de fevereiro de 2002, e dá outras providências.

Processual
Lei n° 1.533, de 31/12/51 – Mandato de Segurança.
Lei n° 4.717, de 29/06/65 – Ação Popular.
Lei n° 7.347, de 24/07/85 – Ação Civil Pública.

Queimadas
Decreto nº 2.661, de 8.7.98 – regulamenta o artigo 27 da Lei nº 4.771/65.
Lei nº 9.605, de 13.2.98 – dos crimes ambientais, arts.14 e 15.
Lei nº 12.651, de 2012 – institui o novo Código Florestal. Dispõe sobre a
proteção da vegetação nativa.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN)


Decreto nº 1.992, de 05.06.96 – dispõe sobre o reconhecimento das Reservas
Particulares do Patrimônio Natural, e dá outras providências.
Decreto nº 5.746, de 5 de abril de 2006 – regulamenta o art. 21 da Lei nº
9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza.

Saneamento
Lei n° 5.318, de 26.09.67 – institui a Política Nacional de Saneamento e cria o
Conselho Nacional de Saneamento.
52

Lei n° 11.445, de 05.01.07 – estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico.
Lei nº 13.308, de 6 de julho de 2016 – altera a Lei nº 11.445/2007, que
estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico, determinando a
manutenção preventiva das redes de drenagem pluvial.

Segurança Nuclear
Lei nº 6.453, de 17 de outubro de 1977 - Dispõe sobre a responsabilidade civil
por danos nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com
atividades nucleares, e dá outras providências.
Decreto nº 2.648, de 01.07.98 – promulga o Protocolo da Convenção de
Segurança Nuclear, assinada em Viena, em 20.09.1994.

Solo
Lei nº 6.766, de 19.12.79 – dispõe sobre parcelamento do solo urbano.
Lei nº 7.876, de 13.11.89 – institui o Dia Nacional da Conservação do Solo a
ser comemorado, em todo o País, no dia 15 de abril de cada ano.
Lei nº 10.257, de 10.07.01 – regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana, e dá outras providências.

Taxas Ambientais
Lei nº 9.960, de 28.1.00 – institui a Taxa de Serviços Administrativos – TSA,
em favor da Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA, estabelece
preços a serem cobrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis – IBAMA, cria a Taxa de Fiscalização Ambiental – TFA.

Terceiro Setor
Lei nº 9.790, de 23.3.99 – dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de
direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de
Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências.
53

3.2 Áreas de preservação e afins


3.2.1. Áreas de Preservação Permanente
Alguns espaços territoriais e seus componentes foram assinalados na
expressiva maioria dos Estados brasileiros, como “áreas de preservação
permanente” (APP), que são espaços, tanto de domínio público quanto de domínio
privado, que limitam constitucionalmente o direito de propriedade, levando-se em
conta, sempre, a função ambiental da propriedade (art. 170, VI da CF/88). No
entanto, é desnecessária a desapropriação da área de preservação permanente,
pois a mesma não inviabiliza totalmente o exercício do direito de propriedade. As
Constituições Estaduais protegem esses espaços por elas delineados, com a
garantia de que somente mediante lei, eles poderão ser alterados ou suprimidos.
(Art. 225, § 1º, III da CR/88). A Resolução CONAMA 302 de 20/03/2002 estabeleceu
que a APP tem a “função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem estar das populações humanas”. A APP é constituída pela
flora – florestas e demais formas de vegetação (art. 3º, caput, do Novo Código
Florestal) e constitui área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo
e assegurar o bem-estar das populações humanas; fauna, solo, ar e águas
(Resolução CONAMA 303 de 20/03/2002).

3.2.2. Áreas de Reserva Legal


Da mesma forma que as áreas de preservação permanente, a Reserva
Florestal Legal decorre de normas legais que limitam o direito de propriedade. A
diferença entre elas diz respeito ao que concerne a dominialidade, pois que as Áreas
de Reserva Legal dos arts. 12 a 24 do Novo Código Florestal incide somente sobre o
domínio privado ao passo que as Áreas de Preservação Permanente incidem sobre
o domínio privado e publico. A área de reserva legal, é uma area localizada no
interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar à
conservação e à reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação
da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa (art. 3º, III, do Novo Código Florestal). Para assegurar o direito ao meio
54

ambiente ecologicamente equilibrado, como bem de uso comum do povo e essencial


à sadia qualidade de vida, incumbe ao Poder Público definir, em todas as unidades
da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente
protegidos, sendo a alteração e supressão permitidas somente através de lei. Assim
a Área de Reserva Legal, não só é protegida pela lei ordinária como pela própria
Constituição da República. Portanto, a não ser por consentimento expresso da Lei
Federal, nem o proprietário privado nem o Poder Executivo (quaisquer órgãos da
Administração Pública) podem consentir na diminuição e na supressão da Área de
Reserva Legal. (Art. 225, § 1º, III da CR/88).

3.2.3 Fauna
Conjunto de espécies animais que vivem num determinado país ou região,
entendendo-se que fauna silvestre não significa exclusivamente a fauna encontrada
na selva, pois o marco referencial legal para diferenciar fauna doméstica da não
domesticada, foi “a vida natural em liberdade” ou “fora do cativeiro”, segundo o
estabelecido na lei que caracterizou a fauna a ser protegida como os animais que
vivem naturalmente fora do cativeiro (art. 1º da Lei 5.197/67).
Competência para Legislar Sobre Fauna: a Constituição Federal inseriu o
tema “fauna” na competência concorrente da União e dos Estados (art. 24, VI da
CF/88). A Lei 9.605/98 definiu com espécies de fauna silvestre todos aqueles
pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou
terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos
limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. (art. 29, § 3 º da Lei
9.605/98 - Lei de Crimes Ambientais).

3.2.4 Unidades de Conservação


As Unidades de Conservação integram o SNUC (Sistema Nacional de
Conservação), criado em 2000, pela Lei 9.985. São entendidas como sendo o
espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com
características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, com
objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração,
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (art. 2º, I da Lei 9.985/2000).
Divide-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso
Sustentável (art. 7º, da Lei 9.985/2000). O art 22 esclarece que as unidades de
55

conservação são criadas por ato do Poder Público. Nada impede, contudo, que se
utilize à lei, como instrumento para sua criação.

Unidades de Conservação
Lei nº 9.985, de 18.6.00 – regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da
Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, e dá
outras providências.
Decreto nº 4.340, de 22.08.02 – regulamenta artigos da Lei 9.985, de 18 de
julho de 2.000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza – SNUC, e dá outras providências.

Unidades de Proteção Integral => Compostas por cinco categorias de unidades de


conservação:
Estação Ecológica;
Reserva Biológica;
Parque Nacional;
Monumento Natural;
Refúgio de Vida Silvestre.

Na Estação Ecológica, além da preservação da natureza, também ocorrem as


pesquisas científicas.
Na Reserva Biológica, a biota e outros atributos naturais são preservados
integralmente, mediante a não intervenção humana direta ou modificações
ambientais, salvo quando necessárias para recuperar os ecossistemas alterados e
as ações de diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.
Nos Parques Nacionais existe a preservação dos ecossistemas naturais de
grande relevância ecológica e beleza cênica. É o local onde ocorrem pesquisas
científicas, desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental,
bem como recreação e turismo ecológico.
No Refúgio de Vida Silvestre são garantidas condições para a existência ou
reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou
migratória.
56

Unidades de Uso Sustentável => Compostas por sete categorias de unidades de


conservação:
Área de Proteção Ambiental;
Área de Relevante Interesse Ecológico;
Floresta Nacional;
Reserva Extrativista;
Reserva de Fauna;
Reserva de Desenvolvimento Sustentável;
Reserva Particular do Patrimônio Natural.

Área de Proteção Ambiental: trata-se de uma área extensa, podendo ter


ocupação humana, constituída por atributos abióticos, bióticos, estéticos ou
culturais, cuja finalidade é proteger a diversidade biológica, disciplinar a ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Art. 15 da Lei
9.985/2000.
Área de Relevante Interesse Ecológico: sua extensão é bem pequena, com
pouco ou nenhum adensamento humano. Caracteriza-se por conter exemplares
raros da biota regional, proporcionando a manutenção dos ecossistemas naturais,
de importância regional ou local. Art. 16 da Lei 9.985/2000.
Floresta Nacional: predominam as espécies nativas. Propõe-se ao uso
múltiplo sustentável dos recursos florestais e da pesquisa científica. Art. 17 da Lei
9.985/2000.
Reserva Extrativista: ocupada por populações extrativistas tradicionais, visa
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Art. 18 da Lei
9.985/2000.
Reserva de Fauna: ocupada por populações animais nativas, sejam elas
terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias. É um local apropriado para
estudos técnico-científicos sobre manejo sustentável da fauna. Art. 19 da Lei
9.985/2000.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável: trata-se de área natural, ocupada
por populações tradicionais. Sua base é a exploração dos recursos naturais de
forma sustentável, levando em conta às condições ecológicas locais, fundamentais
na proteção da natureza e na manutenção da diversidade biológica. Art. 20 da Lei
9.985/2000.
57

Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada, gravada com


perpetuidade para conservação da diversidade biológica. Art. 21 da Lei 9.985/2000.

3.3 Crimes Ambientais


Para que possamos compreender qual o exato significado da expressão
“crimes ambientais”, é de suma importância que estudemos separadamente os
conceitos de crime e de ambiente.
Segundo Damásio E. de Jesus (2015), o conceito material de crime é “a
violação de um bem penalmente protegido”, e sob o aspecto formal define-se crime
como um “fato típico e antijurídico”. Para que ocorra um fato típico, é necessário que
haja uma conduta humana dolosa ou culposa, um resultado, um nexo entre a
conduta e o resultado e o enquadramento do fato a uma norma penal que o
incrimine. Já a antijuridicidade é “a relação de contrariedade entre o fato típico e o
ordenamento jurídico”.
Ambiente, por sua vez, é a área onde vivem os animais, sendo definido ainda
meio ambiente pela Lei nº 6.938/81, art. 3º, I como conjunto de condições, leis,
influências, alterações e interações de ordem Física, Química e Biológica, que
permite, obriga e rege a vida em todas as suas formas.
Assim, crime ambiental é qualquer dano ou prejuízo causado aos elementos
que compõem o meio ambiente, protegidos pela legislação.

Lei dos Crimes Ambientais


Com a entrada em vigor da Lei 9.605, de 13/02/98 (Lei dos Crimes
Ambientais), o Brasil deu um grande passo legal na proteção do meio ambiente, pois
a nova legislação traz inovações modernas e surpreendentes na repreensão à
destruição ambiental; pois vejamos.
Em seus 82 artigos, a referida lei atualiza a legislação esparsa, revogando
muitos dispositivos, bem como apresenta novas penalidades, reforça outras
existentes e impõe mais agilidade ao julgamento dos crimes prevendo o rito sumário
(art. 27) com a aplicação da lei das pequenas causas (Lei 9.099/95). Possibilita a
incriminação da pessoa física e institui a co-responsabilidade incluindo a pessoa
física do diretor, administrador ou membro que tenham causado danos (art. 2º).
Outra novidade, aliás muito oportuna, é a possibilidade do juiz utilizar o
instituto da desconsideração da pessoa jurídica (Disregard of Legal Entity), quando
58

em detrimento da qualidade do meio ambiente houver abuso de direito (art. 4º), o


que propiciará incriminar aquele que se esconde atrás de uma pessoa jurídica para
praticar crimes ambientais, prevendo condenação de decretação de liquidação
forçada com o perdimento do seu patrimônio em favor do Fundo Penitenciário
Nacional, após considerá-lo como instrumento do crime (art. 24).
É importante ressaltar que o artigo que previa a responsabilidade objetiva
criminal foi vetado, mas a responsabilidade objetiva na esfera civil continua em vigor
por força do art. 14, §1º, da Lei 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio
Ambiente e pelo fato da presente lei tratar apenas de ilícitos penais e administrativos
contra o ambiente.
Prevê penas alternativas à prisão como: prestação de serviços à comunidade
ou à entidade ambiental; interdição temporária de direitos; cassação de autorização
ou licença concedidas pela autoridade competente; suspensão parcial ou total de
atividades; prestação pecuniária; recolhimento domiciliar (art. 8 ao 13).
Importantíssimas novidades são: a colocação dos atos degradatórios contra a
flora como crimes (art. 38 ao 53) e extrair de florestas de domínio público ou
consideradas de preservação permanente ou unidade de conservação, sem prévia
licença, permissão ou autorização competente, pedra, areia, cal ou quaisquer
espécies minerais como crime com detenção de seis meses a um ano e multa (art.
44).
Protege também os animais, impondo severas penas nos casos previstos nos
seus dispositivos (art. 29 ao 37) e prevê ainda os crimes de poluição a vários
elementos como o ar, a água e demais componentes do meio ambiente que venham
a resultar danos à saúde humana, provoquem mortandade de animais ou destruição
significativa da flora (art. 54). Elenca os crimes contra o ordenamento urbano e o
patrimônio cultural (art. 62 ao 65), proibindo inclusive a pichação ou grafitagem de
edificações ou monumentos urbanos (art. 65), com pena de detenção de três meses
a um ano e multa e, se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em
virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a
1 (um) ano de detenção e multa.
Interessante também é que possibilita a condenação do autor do crime
ambiental custear programas de projetos ambientais e contribuir com entidades
ambientais ou culturais, públicas ou privadas (art. 23, I e IV), o que é muito salutar
uma vez que praticamente todos os crimes ambientais degradam a natureza, assim
59

essa seria uma forma de tentar recuperá-la incentivando uma entidade da área.
Inclusive entendemos que a entidade que iniciou o processo ou que participou com
informações deve ter preferência da justiça para receber o auxílio do réu.
As multas administrativas ficaram bem mais inibidoras, pois podem chegar a
R$ 50 milhões (art. 75), bem como autoriza a sua lavratura por funcionários de
órgãos ambientais oficiais (art. 70), o que termina a dúvida quanto à
constitucionalidade de sua aplicação por agente ambiental.
Esses são alguns dos principais pontos a destacar na Lei dos Crimes
Ambientais, que define os crimes e as infrações administrativas contra o meio
ambiente, faltando agora à sociedade assimila-la para que se diminua a degradação
ambiental, juntamente com as autoridades competentes que têm a responsabilidade
de aplicá-la efetivamente.

Crimes Contra a Fauna


Para que saibamos realmente o que é crime contra a fauna, devemos
primeiramente citar o conceito de fauna, que é o conjunto dos animais existentes em
uma determinada região.
Segundo o artigo 225, § 1º, VII da Constituição Federal,

incumbe ao Poder Público proteger a flora e a fauna, vedadas, na forma da


lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade.

Constituem crimes contra a fauna, conforme a Lei nº 9.605/98, arts. 29-37:


1. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da
autoridade competente, ou em desacordo com a obtida; Também se enquadram
nesse tipo legal quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou
em desacordo com a obtida; quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou
criadouro natural; quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em
cativeiro ou depósito, utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna
silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos,
provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou
autorização da autoridade competente.
60

2. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem


a autorização da autoridade ambiental competente.
3. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e
licença expedida por autoridade competente.
4. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. Também são albergados nesse
tipo penal quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que
para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
5. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o
perecimento de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes,
lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras. Incorre nas mesmas penas quem
causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aquicultura de domínio
público; quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem
licença, permissão ou autorização da autoridade competente; quem fundeia
embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos ou
corais, devidamente demarcados em carta náutica.
6. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares
interditados por órgão competente, incorrendo nas mesmas penas aquele que:
pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores
aos permitidos; pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a
utilização de aparelhos, apetrechos, técnicas e métodos não permitidos; transporta,
comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha e
pesca proibidas.
7. Pescar mediante a utilização de: explosivos ou substâncias que, em
contato com a água, produzam efeito semelhante; substâncias tóxicas, ou outro
meio proibido pela autoridade competente.

Crimes Contra a Flora


Entende-se por flora o conjunto de espécies vegetais localizadas em
determinada região.
A flora brasileira é constituída pelos seguintes espaços que são protegidos
por lei:
Áreas de Preservação Permanente – APP (Novo Código Florestal, art. 3º).
61

Espaços Territoriais Especialmente Protegidos (CF, art. 225, § 1º, III), que são
as Reservas Biológicas, Reservas Ecológicas, Estações Ecológicas, Parques
Nacionais, Estaduais e Municipais, Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais,
Área de Proteção Ambiental, Áreas de Relevante Interesse Ecológico e Reservas
Extrativistas.
Patrimônio Nacional (CF, art. 225, § 4º), sendo a Floresta Amazônica, Mata
Atlântica, Serra do Mar, Pantanal Mato-Grossense e Zona Costeira.
No Brasil, pela existência de grande diversidade de vegetação, há uma
divisão da flora em quatro tipos:
- Formações Vegetais;
- Formações Complexas;
- Formações Herbáceas;
- Formações Litorâneas.

Constituem crimes contra a flora (arts. 38-53 da Lei 9.605/98):


1. destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente,
mesmo que em formação ou utilizá-la com infringência das normas de proteção;
2. sestruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio
avançado ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com
infringência das normas de proteção;
3. cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem
permissão da autoridade competente;
4. causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de
que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 06 de junho de 1990,
independentemente de sua localização;
5. provocar incêndio em mata ou floresta;
6. fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano;
7. extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação
permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de
minerais;
62

8. cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato


do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra
exploração, econômica ou não, em desacordo com as determinações legais;
9. receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá
acompanhar o produto até o final beneficiamento, incorrendo nas mesmas penas
quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou guarda madeira, lenha,
carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para todo o tempo
da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente;
10. impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas
de vegetação;
11. destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas
de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia;
12. destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora
de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação;
13. desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou
nativa, em terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão
competente;
14. comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente;
15. penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou
instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos
florestais, sem licença da autoridade competente.

Poluição e Outros Crimes


A definição de poluição pode ser dada conforme discorre a Lei nº 6.938/81
como

a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou


indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou
sanitárias do meio ambiente; lancem matérias ou energia em desacordo
com os padrões ambientais estabelecidos.
63

Estão elencados os seguintes crimes na seção referente à poluição e outros


crimes ambientais (arts. 54-61 da Lei 9.605/98):
1. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou
possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortalidade de
animais ou a destruição significativa da flora. Se esse crime tiver os resultados de:
tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; causar
poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público
de água de uma comunidade; dificultar ou impedir o uso público das praias; ocorrer
por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
regulamentos, haverá aumento de pena, pois será o tipo qualificado, incorrendo
ainda nas mesmas penas quem deixar de adotar, quando assim o exigir a
autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental
grave ou irreversível.
2. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a
competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a
obtida, incorrendo nas mesmas penas quem deixa de recuperar a área pesquisada
ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou
determinação do órgão competente.
3. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer,
transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância
tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo
com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos. Incorrerá nas
mesmas penas quem abandona os produtos ou substâncias referidos ou os utiliza
em desacordo com as normas de segurança.
4. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte
do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente
poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes ou
contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.
5. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à
agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas.
64

Crimes Contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural


Nos termos dos arts. 62-65 da Lei 9.605/98, constituem crimes contra o
ordenamento urbano e o patrimônio cultural:
1. destruir, inutilizar ou deteriorar – bem especialmente protegido por lei, ato
administrativo ou decisão judicial; arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca,
instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão
judicial;
2. alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente
protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor
paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico,
etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em
desacordo com a concedida;
3. promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim
considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, histórico,
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da
autoridade competente ou em desacordo com a concedida;
4. pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento
urbano.

Crimes Contra a Administração Ambiental


São considerados crimes contra a administração ambiental (arts. 66-69 da Lei
9.605/98):
1. fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade,
sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização
ou de licenciamento ambiental;
2. conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em
desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja
realização depende de ato autorizativo do Poder Público;
3. deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir
obrigação de relevante interesse ambiental;
4. obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de
questões ambientais;
65

5. elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer


outro procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou
parcialmente falso ou enganoso, inclusive por omissão.

Sanções e Aplicação de Pena


Pena é a sanção que será imposta pelo Estado, por provocação de uma ação
penal, à pessoa que praticar um ato ilícito, previsto em lei, tendo como finalidade
evitar que seja praticada essa conduta delituosa novamente.
A Lei de Crimes Ambientais prevê as seguintes categorias de penas:
a) Pena privativa de liberdade:
É aquela em que o sujeito condenado deverá cumprir sua pena em regime
penitenciário. Conforme consta no art. 33 do Código Penal brasileiro, há três
espécies de regimes penitenciários: regime fechado, em que o indivíduo terá a
execução de sua pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; regime
semiaberto, sendo a pena executada em colônia agrícola, industrial ou
estabelecimento similar; e, regime aberto, na qual a pena executa-se em casa de
albergado ou estabelecimento adequado. Deve-se ressaltar ainda que há dois tipos
de penas privativas de liberdade: detenção e reclusão.
b) Pena restritiva de direitos:
Esse tipo de pena substituirá a aplicação da pena restritiva de liberdade.
Conforme o art. 7º da Lei nº 9.605/98, deverão ser observadas as seguintes
condições para que haja essa conversão de penas:
tratar-se de crime culposo ou se houver a aplicação de pena privativa de
liberdade inferior a quatro anos;
a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a
substituição seja suficiente para efeitos de reprovação e prevenção do crime. Essa
pena poderá ser: prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de
direitos, suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e
recolhimento domiciliar.
c) Multa:
Consiste na cominação de um valor pecuniário à pena aplicada ao réu. No
Brasil, adotou-se o sistema do dia-multa, levando-se em conta o rendimento do
66

condenado durante um mês ou um ano, dividindo-se o montante por 30 ou 365 dias.


O resultado equivalerá ao dia-multa. As penas serão agravadas se:
I - houver reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - tiver o agente cometido a infração:
para obter vantagem pecuniária;
coagindo outrem para a execução material da infração;
afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio
ambiente;
concorrendo para danos à propriedade alheia;
atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do
Poder Público, a regime especial de uso;
atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
em período de defeso à fauna;
em domingos ou feriados;
à noite;
em épocas de seca ou inundações;
no interior do espaço territorial especialmente protegido;
com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
mediante fraude ao abuso de confiança;
mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas
públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes;
facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
A pena será atenuada se:
I - o agente for de baixo grau de instrução ou escolaridade;
II - houver arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea
reparação do dano ou limitação significativa da degradação ambiental causada;
III – houver comunicação prévia pelo agente, do perigo iminente de
degradação ambiental;
IV – houver colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do
controle ambiental.
67

Uma das inovações é a punição à pessoa jurídica que cometer qualquer dos
crimes tipificados na Lei de Crimes Ambientais. A pessoa jurídica infratora submeter-
se-á às penas de multa, restritivas de direitos (suspensão parcial ou total das
atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; proibição de
contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou
doações) e prestação de serviços à comunidade (custeio de programas e de
projetos ambientais; execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas).

Crimes Juninos-Balões
A importantíssima e muito mencionada Lei 9.605/98, sobre condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente, estabelece no art. 42 que fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais
formas de vegetação é crime contra a flora, com pena de um a três anos de
detenção e/ou multa. Essa multa, conforme o art. 59 do decreto nº 6.514, de 22 de
julho de 2008, é de mil a dez mil reais por unidade. No caso de reincidência, o valor
pode ser triplicado.
A proibição contra soltura de balões é antiga e também constou do Cód.
Florestal de 1965, art. 26, “f”, como contravenção e já estava capitulada na Lei das
Contravenções Penais de 1941, parágrafo único do art. 28, junto com outras
infrações contra a incolumidade pública.
Assim, o que antes era só contravenção penal, agora é crime mesmo, sendo
justa a aplicação de sanções severas, diante dos grandes riscos e prejuízos que os
balões juninos indiscutivelmente podem provocar, especialmente na época da seca.
Há até uma nota oficial de alerta do Ministério da Aeronáutica (atual Comando da
Aeronáutica) para os pilotos, principalmente estrangeiros, que não conhecem e se
assustam com esse perigoso folclore. Isso porque, na capital paulista, a área de
maior incidência desses crimes é a zona norte, nas proximidades dos Aeroportos de
Guarulhos e de Marte. As autoridades desse setor chamam os balões de “objetos
voadores não tripulados” e muitos deles carregam fogos de artifício, ampliando os
riscos para o ambiente e para as pessoas. Portanto, balão é caso de polícia!
68

REFERÊNCIAS

Básicas
MARCHESAN, Ana Maria Moreira; STEIGLEDER, Annelise Monteiro; CAPPELLI,
Sílvia. Direito Ambiental. 7 ed. São Paulo: Verbo Jurídico, 2013. 414 p.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 15 ed.


São Paulo: Saraiva, 2015. 1005 p.

Complementares
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. 4 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2000

AZEVEDO, Álvaro Villaça. Teoria Geral das Obrigações e Responsabilidade Civil. 12


ed. São Paulo: Atlas, 2011. 352p.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação brasileira sobre meio ambiente. 2. ed.


Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

CARNEIRO, Ricardo. Direito ambiental: uma abordagem econômica. Rio de Janeiro:


Forense, 2003.

COPOLA, Gina. Elementos de Direito Penal. 1 ed. São Paulo: Temas e Ideias, 2003.
256p.

FIORI, Ana Maria; LARA, Graça; JARDIM, Simone Silva. Anos de PNMA – A lei que
implantou nossa política ambiental atinge a maturidade (2006). Disponível em:
http://www.ambientelegal.com.br/25-anos-a-lei-que-implantou-nossa-politica-
ambiental-atinge-a-maturidade/

JESUS, Damásio E. Direito Penal - parte geral. 36 ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
807p.

JUNGSTEDT, Luiz Oliveira Castro. Direito Ambiental: Legislação. 2 ed. Rio de


Janeiro: Thex, 2002. 817p.

LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira et al. Política ambiental. In: MAY, Peter H.,
LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira e VINHA, Valéria da (orgs). Economia do meio
ambiente: teoria e prática. Rio de Janeiro, Elsevier, 2003.

SILVA, Bruno Campos. Direito Ambiental: Enfoques Variados. 1 ed. Rio de Janeiro:
Lemos & Cruz, 2004. 640 p.

SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 10 ed. São Paulo:
Malheiros, 2013. 374p.

SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 3 ed. São Paulo: Saraiva,
2005.
69

SIRVINSKAS, Luís Paulo. Tutela Penal do Meio Ambiente. 4 ed. São Paulo: Saraiva,
2011.

VASQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. 14 ed. São Paulo: Civilização Brasileira, 1993.

WAINER, Ann Helen. Legislação ambiental brasileira: evolução histórica do direito


ambiental. Revista forense, v. 88, n. 318, p. 19-26, abr./jun. 1992.

Potrebbero piacerti anche