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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


-EMERJ-

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA.QERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVC2 2016

PROVA: 28/11/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Em diálogo com o trabalho de Robert Dahl, defina o conceito de "poliarquia"


apresentado pelo autor.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Explique o que foi o "realismo jurídico" e defina se pode ser considerado uma
teoria do direito ou uma teoria da decisão judicial.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Ação levada ao STF pede proteção de direitos às vítimas da epidemia de zika.


Proteção social e interrupção da gravidez estão entre pedidos da ADI.
Na ação direta de inconstitucionalidade protocolada nesta quarta-feira (24/8) no
Supremo Tribunal Federal (STF) pede que sejam garantidos direitos que estariam sendo
violados diante da epidemia do vírus zika no Brasil: acesso à informação, planejamento
familiar, interrupção da gravidez, proteção social e garantia ao transporte. Trata-se da ADI
5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) e coordenada
pela Anis - Instituto de Bioética. Segundo o grupo, o Estado brasileiro é omisso ao deixar
desamparadas as famílias afetadas pela síndrome congênita do zika, responsável pelo
nascimento de crianças com microcefalia e outras desordens neurológicas. "Esta é uma ação
por direito à saúde, a planejamento familiar, à proteção social à maternidade, à infância e à
deficiência. São muitos pedidos porque são muitas as violações", explica a advogada Sinara
Gumieri, da Anis. Os autores reforçam que o texto é uma denúncia da negligência do Estado
brasileiro. "São violações múltiplas. E nem a crise política, nem as olimpíadas são
justificativas para que o Estado se desresponsabilize. Por isso levamos o caso ao STF",
afirma. Na petição de 90 páginas, ainda sem relator ou previsão de chegada ao plenário da
Suprema Corte, o grupo reivindica que as mulheres tenham acesso a métodos
contraceptivos de maior eficácia, como o DIU hormonal e repelentes, e que as crianças
afetadas pela síndrome do zika tenham garantia a reabilitação e transporte para serviços de
saúde, (publicado no Portal Jota Estadão em 24.08.16)
Após a leitura do trecho do artigo, analise a incidência do judiciário nas
políticas públicas e como o tema se relaciona com o processo de redemocratização
(CF/88) e as transformações institucionais no sistema de justiça. Você poderá utilizar
autores da ciência política e as categorias por eles mobilizadas para análise deste
fenômeno, relacionando com o caso apresentado.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


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Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
-EMERJ-

TEORIA GERAL DO DIREITO

PROVA REGULAR -CIWC-2016.2

Questão 1
(Professora Izabel - 3,5 pontos)
Tema 9

Em diálogo com o trabalho de Robert Dahl, defina o conceito de "poliarquia"


apresentado pelo autor.

GABARITO:

O aluno deverá descrever o conceito trabalhado em sala de aula, segundo o qual, para
Robert Dahl a "democracia de larga escala" ou "poliarquia" demanda a existência de
seis instituições políticas: 1. Agentes eleitos 2. Eleições livres, justas e freqüentes; 3.
Liberdade de expressão; 4. Fontes alternativas de informação; 5. Autonomia
Associativa; e 6. Cidadania inclusiva.
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
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TEORIA GERAL DO DIREITO

PROVA REGULAR - CRV C - 2016.2

Questão 2
(Professora Izabel - 3,5 pontos)
Tema 3

Explique o que foi o "realismo jurídico" e defina se pode ser considerado uma teoria
do direito ou uma teoria da decisão judicial.

GABARITO:

O aluno deverá descrever o realismo jurídico, como um movimento ocorrido nos


Estados Unidos e na Escadinávia, sendo o primeiro liderado por juristas e sociólogos do
direito e o segundo por filósofos. Caso seja considerado uma "teoria do direito"
considera que só pode ser chamado de direito, aquilo que é produzido pelos Tribunais.
A partir da crítica de Hart, passou a ser considerado "teoria da decisão judicial",
baseada nas seguintes premissas: 1. Ceticismo quanto à influência de materiais
jurídicos convencionais (legislação e precedentes) sobre o juiz; 2. crítica ao mito
formalista (juiz não faz mera adequação do fato à norma) mas sim o que os orienta são
os efeitos da sentença (mais intuições, palpites, preconceitos); 3.elementos racionais
apenas justificam a decisão tomada antes.
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TEORIA GERAL DO DIREITO

PROVA REGULAR -CPIVC- 2016.2

Questão 3
Tema: 7 e 8
(Professora: Ana Paula Sciammarella - 3,0 pontos)

Ação levada ao STF pede proteção de direitos às vítimas da epidemia de zika. Proteção
social e interrupção da gravidez então entre pedidos da ADI.
Na ação direta de inconstitucionalidade protocolada nesta quarta-feira (24/8) no
Supremo Tribunal Federal (STF) pede que sejam garantidos direitos que estariam sendo
violados diante da epidemia do vírus zika no Brasil: acesso à informação, planejamento
familiar, interrupção da gravidez, proteção social e garantia ao transporte. Trata-se da
ADI 5581, ajuizada pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP) e
coordenada pela Anis - Instituto de Bioética. Segundo o grupo, o Estado brasileiro é
omisso ao deixar desamparadas as famílias afetadas pela síndrome congênita do zika,
responsável pelo nascimento de crianças com microcefalia e outras desordens
neurológicas. "Esta é uma ação por direito à saúde, a planejamento familiar, à
proteção social à maternidade, à infância e à deficiência. São muitos pedidos porque
são muitas as violações", explica a advogada Sinara Gumieri, da Anis. Os autores
reforçam que o texto é uma denúncia da negligência do Estado brasileiro. "São
violações múltiplas. E nem a crise política, nem as olimpíadas são justificativas para
que o Estado se desresponsabilize. Por isso levamos o caso ao STF", afirma. Na petição
de 90 páginas, ainda sem relator ou previsão de chegada ao plenário da Suprema
Corte, o grupo reivindica que as mulheres tenham acesso a métodos contraceptivos de
maior eficácia, como o DIU hormonal, e repelentes e as crianças afetadas pela
síndrome do zika tenham garantia à reabilitação e transporte para serviços de saúde.
(publicado no Portal Jota Estadão em 24.08.16)

Após a leitura do trecho do artigo, analise a incidência do judiciário nas políticas


públicas e como o tema se relaciona com o processo de redemocratização (CF/88) e
as transformações institucionais no sistema de justiça. Você poderá utilizar autores
da ciência política e as categorias por eles mobilizadas para análise desde fenômeno,
relacionando com o caso apresentado.

Gabarito:
0 aluno deverá indicar os estudos sobre o fenômeno da "judicialização de políticas",
com demandas judiciais que direcionam políticas e governo ou pleiteiam a efetivação
de direitos. O fenômeno relaciona, por um lado, o ativismo e a mobilização dos
agentes judiciais e, por outro lado, as dificuldades de afinidade entre princípios
constitucionais relacionados à políticas sociais e a realidade das administrações
executivas. O aluno poderá, ainda, abordar os sentidos de "judicialização da política" e
"politização da justiça" como expressões correlatas (que indicariam os efeitos da
expansão do poder judiciário no processo decisório das democracias
contemporâneas). Poderá indicar que judicializar a política relaciona-se com o uso de
métodos típicos da decisão judicial na resolução de disputas e demandas nas arenas
políticas com a ampliação das áreas de atuação dos tribunais pela via do poder de
revisão judicial de ações legislativas e executivas. Além disso, poderá indicar que no
Brasil Werneck Vianna usou o termo para descrever as transformações constitucionais
pós 88, possibilitando o maior protagonismo dos tribunais, decorrente da ampliação
dos instrumentos de proteção judicial.
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA FINAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV C 2 2016

PROVA: 07/12/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Para Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, qual o fundamento de validade da
norma jurídica?

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

O Positivismo Jurídico defende o formalismo do direito e a imperatividade das


normas. Qual a relação entre estas características do direito e o surgimento do Estado
Moderno?

3a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Kant empresta fundamento moral aos direitos subjetivos; neste sentido, pode-se
dizer um fundamento racional. Como difere essa fundamentação do direito da proposta por
Hobbes em sua formulação: "AUCTORITAS, NON VERITAS FACIT LEGEM" (A autoridade,
não a verdade, faz a lei)?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
- EMERJ -

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

PROVA FINAL- CP IV C - 2016.2

Questão 1.

Para Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, qual o


fundamento de validade da norma jurídica?

Valor da questão: 3 pontos. Tema 1

Resposta.

O aluno deve abordar que para o autor o direito se apresenta como


um sistema de normas, que empresta validade a norma jurídica.
Para o autor, o fundamento de uma norma será sempre outra
norma, nunca um fato, e uma norma de hierarquia superior.
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TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA

PROVA FINAL-CP IV C - 2016.2

Questão 2.

O Positivismo Jurídico defende o formalismo do direito e a


imperatividade das normas. Qual a relação entre estas
características do direito e o surgimento do Estado Moderno?

Valor da questão: 3,5 pontos. Tema 1

Resposta.

O aluno deve abordar que o Estado Moderno surge para produzir


com sua autoridade as normas das relações sociais, e as normas
posta pelo Estado sao jurídicas, garantidas pela coação da forca
estatal.
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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

PROVA FINAL -CP IV C - 2016.2

Questão 3.

Kant empresta fundamento moral aos direitos subjetivos, neste


sentido, pode-se dizer um fundamento racional. Como difere essa
fundamentação do direito da proposta por Hobbes em sua
formulação: "AUCTORITAS, NON VERITAS FACIT LEGEM" (A
autoridade, nao a verdade, faz a lei)?

Valor da questão: 3,5 pontos. Tema 4

Resposta.

Deve abordar a oposição entre duas formas teóricas de


fundamentação do direito, na Teoria Política: uma fundamentação
na razão, outra na vontade.
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA DE 2a CHAMADA DE TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV BC 1 2016

PROVA: 30/05/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

de "sanção"'Simnn^n^0^0
ae TnCeÍt°
sanção e a importância de ambos de "deverpara
os vocábulos jurídico", sua
o Direito. relação com a noção

2a QUESTÃO: (Valor -3,5 pontos)

3a QUESTÃO: (Valor -3 pontos)

RSsrsírTdiK500 traçada entre direit° objetiv°e direit° subietiv° ™* ^


rarT£H¥
c^çõeT ^ VÍ?t0 r fa2,d°S SUJeÍt0S' ^«ares^e podere0
Sampaio.
2003 IntoSuçEZ È^^SSJ!^
p. 145) **J*&"
Dire't0- tecn,ca' (FERRAZ São
dec,sá0' dominação. JÚNI0R-
Paulo:Térci°
Atlas,
jurídicasCtam°endoaS
Çonçeficão keteen^ana «LlLJf a2
^ * *»*• busca e,iminar» ^icotomias
2 mj:todoló9,co reducionista. A partir da

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova 2a Chamada- CP IV BC - 2016.1
Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo eConstitucionalização do Direito"


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007^
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito eFormação


Humanistica. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.


Questão: 1

Tema - 2

Analise *formação do conceito de "dever jurídico", sua relação com anoção de


•'sanção" eaimportância de ambos os vocábulos para oDireito.

R:- P^veriurídico éaconduta exifida. Este conceito começou aser teorizado apartir de
Cristiano Tomásio, no início do século XVIII. Anteriormente, não era considerado
categoria independente, mas obrigação de ordem moral, que ordenava aobediência do
Direito. Ojurisconsulto alemão distinguiu a obligatio interna, que estabelecia
imperativo apenas para aconsciência, da obligatio externa, correspondente ao dever
jurídico eque osituava no plano da objetividade.
Emmanuel Kant distinguiu os dois deveres apenas quanto aos motivos da ação enão em
relação ao conteúdo de cada um, pois achava que todos os deveres jurídicos
expressavam, direta ou indiretamente, deveres morais.
Somente no século XIX, com John Austin foi que se operou, de uma forma mais
esclarecida, aindependência do dever jurídico em relação àmoral eaalguns elementos
psicológicos. Ojurisconsulto inglês concebeu a estrutura da norma como mandato e
formulou uma noção sistemática do dever jurídico, que considerou como componente
essencial ao Direito.

Modernamente, sob o influxo do pensamento Kelseniano, a doutrina vincula a


problemática do dever jurídico, de uma forma predominante, aos aspectos normativos
do Direito.

Já asanção consiste em todo equalquer processo de garantia daquilo que se determina


em uma regra, isto é, uma garantia ao cumprimento do deverjurídico previsto na norma.
Ofenômeno jurídico representa, neste particular, uma forma de organização da sanção.
Verifica-se, deste modo, uma passagem gradual na solução dos conflitos, do plano da
força bruta para oplano da força jurídica. OPoder Público coloca-se em lugar dos
indivíduos, chamando asi adistribuição da justiça, oque assinala um momento crucial
na história da civilização.
Deste modo, como salientou Miguel Reale, pode-se afirmar que oDireito é, ao mesmo
tempo, um meio eum fim. "É um meio na medida em que sua estrutura esua força
originam-se historicamente, através de mil vicissitudes, para possibilitar aos indivíduos
uma vida condigna no seio de uma comunidade fundada nos valores da paz e
desenvolvimento. Por outro lado, oEstado se põe como fim, enquanto representa, etão-
somente enquanto representa, concomitantemente, uma ordem jurídica e uma ordem
econômica, cujos valores devem ser respeitados por todos como condições de
coexistência social harmônica, onde os direitos de cada um pressupõem iguais direitos
dos demais, assegurando-se cada vez mais a plena realização desse ideal ético"
(REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 25 ed. São Paulo: Saraiva, 2001 p
80). 'V'
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TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA


Prova 2a Chamada - CP IV BC- 2016.1
Bibliografia:

AÍ^Sf/n w1? Roberto-"Neoconsti^ionaliSmo eConstitucionalização do Direito".


t^^ZJt- "Ref°rma d° Estad°- * °9' Março-abVmaio, 2007,
%^^^£F™*° N°ÇÕeS <** *»*» earmação
d«o^^ ***** a° EstUd° d° ^ téc-, ^cisão,
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.
Questão: 2

Tema -1

Disserte sobre as acepções da palavra Direito, evidenciando o chamado


"enfraquecimento operacional" da expressão "direito natural".

R:.0 aluno deverá evidenciar que, usualmente, otermo éempregado em sete sentidos
básicos:

a) Como direito positivo: éaquele posto pela vontade do Estado. Nâo deve ser
confundido com odireito escrito, uma vez que odireito positivo pode ser nâo escrito,
como na tradição dacommon law;
b) Como direi^ubjetiva: trata-se do direito objetivo que retoma sobre osujeito como
prerroganva aeste atribuída, que se manifesta nas versões básicas de direito eventual
direrto hqmdo ecerto, direito adquirido emera expectativa de direito;
c) Como vajor: refere-se ao valor dajustiça;
d) Como fato social: de regulação do meio social, abordado, preferencialmente, na
Sociologia Jurídica;
£) C°m0 fe"ômeno normativo ohjrtivo: que se distingue da subjetividade moral, mas
que é, ao mesmo tempo, diverso ecomplementar aela, num movimento que compõe o
próprio ethos humano eque épróprio da Filosofia do Direito;
f) Como Ciência do Direito: que, ao tomar otermo direito como ciência ecaracterizar o
seu objeto, permite analisar as diversas percepções deste fenômeno como norma, fato,
valor, justiça, manifestação do ethos, etc.
Já aexpressão "direito natural" não foi indicada como uma das acepções da palavra
direito em virtude de seu "enfraquecimento operacional», que decorre, sobretudo, da
promulgação dos direitos fundamentais nas Constituições, que, de alguma forma,
positivou odito direito natural (FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução ao
Estudo do Direito. 7ed. São Paulo: Atlas, 2013).
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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova 2a Chamada - CP IV BC - 2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio 2007
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.


Questão: 3

Tema - 3

Tradicionalmente, adistinção traçada entre direito objetivo edireito subjetivo visa a:


Realçar que odireito éum fenômeno objetivo, que não pertence aninguém socialmente,
que éum dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é
também um fenômeno subjetivo, visto que faz dos sujeitos, titulares de poderes,
obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio
Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo:
Atlas, 2003, p. 145).
Contudo, Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, busca eliminar as dicotomias
jurídicas, mantendo-se fiel ao seu monismo metodológico reducionista. Apartir da
concepção kelseniana, explique a teoria do rl,W0 subjetivo cnmn mero "rf.Wn
reflexo",

R:. Oaluno deverá indicar que:


a) Kelsen entende que apenas quando um indivíduo é juridicamente obrigado a uma
determinada conduta em face de um outro é que se diz que este tem direito subjetivo, ou
seja, este nada mais é que um reflexo do deverjurídico;
b) Deste modo, Kelsen admite a existência de um direito subjetivo em sentido técnico.
Resulta de uma técnica particular da qual se vale o direito objetivo para conferir a um
indivíduo não qualificado como "órgão" o poder jurídico de pôr em movimento um
processo, por meio de uma ação, para alcançar uma decisão judicial que aplique uma
sanção concreta como reação à violação do dever;
c) Kelsen reserva o uso da expressão "direito subjetivo" para designar a circunstância
jurídica do próprio direito objetivo em uma relação sui generis com um sujeito, caso em
que o direito objetivo se transforma em direito subjetivo quando está à disposição de
uma pessoa.
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- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVB 12016

PROVA: 01/04/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

"Judiciário pode obrigar Estado a reformar presídios, decide STF:O Supremo


Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 13, que o Poder Judiciário poder obrigar o
Executivo a realizar obras emergenciais em presídios mesmo quando o Estado alegar
ausência de recursos orçamentários. A decisão foi tomada por unanimidade. Os ministros
analisaram um recurso apresentado à Corte pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. A
ação contesta uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado que entendeu
como "descabida" uma ação civil pública que obrigou o governo do Estado a reformar o
Albergue Estadual de Uruguaiana, cidade gaúcha na região fronteiriça. Embora o caso
específico seja sobre o Rio Grande do Sul, o caso tem repercussão geral, ou seja, o que for
decidido vale para casos semelhantes tanto para a União quanto para os Estados. A
argumentação pelo Ministério Público foi feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, que defendeu a intervenção do Judiciário na realização de obras em presídios. O
procurador-geral disse que a situação penitenciária do País é "vergonhosa"(...). Janot
sustentou sua argumentação afirmando que a precariedade do sistema penitenciário fere
direitos democráticos previstos na Constituição Federal. (...) Relator do caso, o presidente do
STF, ministro Ricardo Lewandowski, votou pela intervenção do Judiciário em casos
emergenciais quando houver omissão do Executivo. Para o relator, a argumentação sobre
falta de verbas é uma "absoluta falácia". (...) Ao proferir o seu voto, Barroso disse que os
presos têm liberdade restrita por determinação do Estado. "Se Estado se arroga no poder de
privar essas pessoas de liberdade, tem o dever de exercer seus deveres de proteção dessas
pessoas, questão sob sua guarda por decisão sua", defendeu. "Entendo que o Judiciário não
só pode como deve interferir para determinar a realização de obras em presídios cuja
situação seja atentatória à condição de dignidade da pessoa. "(Estadão, 13/08/2015)

A partir da leitura dos trechos da reportagem acima transcrita, analise, da


perspectiva da Teoria do Direito e da Política, a situação apresentada.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Aborde a questão concernente às fontes do Direito, em particular os aspectos mais


relevantes atinentes às fontes formais e materiais, explicitando ainda a importância da
jurisprudência e o papel das súmulas vinculantes para a construção do Direito.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Considerando que a Lei "A" revogou inteira e expressamente a Lei "B", é possível
que as duas leis mantenham-se vigentes simultaneamente em algum momento? Justifique.

ATENÇÃO: Resoonda uma única auestão em cada folha.


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
Prova Regular - CP IV B - 2016.1

Questão: /

Tema 7: Políticas Públicas e o papel do juize Políticas Públicas e o papel do juiz


Professora: Ana Paula Sciammarella

"Judiciário pode obrigar Estado a reformar presídios, decide STF.O Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira, 13, que o Poder Judiciário poder obrigar o
Executivo a realizar obras emergenciais em presídios mesmo quando o Estado alegar
ausência de recursos orçamentários. A decisão foi tomada por unanimidade. Os
ministros analisaram um recurso apresentado à Corte pelo Ministério Público do Rio
Grande do Sul A ação contesta uma decisão do Tribunal de Justiça do Estado que
entendeu como "descabida" uma ação civil pública que obrigou o governo do Estado a
reformar o Albergue Estadual de Uruguaiana, cidade gaúcha na região fronteiriça.
Embora o caso específico seja sobre o Rio Grande do Sul, o caso tem repercussão
geral, ou seja, o que for decidido vale para casos semelhantes tanto para a União
quanto para os Estados. A argumentação pelo Ministério Público foi feita pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que defendeu a intervenção do
Judiciário na realização de obras em presídios. O procurador-geral disse que a
situação penitenciária do País é "vergonhosa"(...). Janot sustentou sua argumentação
afirmando que a precariedade do sistema penitenciário fere direitos democráticos
previstos na Constituição Federal (...) Relator do caso, o presidente do STF, ministro
Ricardo Lewandowski, votou pela intervenção do Judiciário em casos emergenciais
quando houver omissão do Executivo. Para o relator, a argumentação sobre falta de
verbas é uma "absoluta falácia". (...) Ao proferir o seu voto, Barroso disse que os
presos têm liberdade restrita por determinação do Estado. "Se Estado se arroga no
poder de privar essas pessoas de liberdade, tem o dever de exercer seus deveres de
proteção dessas pessoas, questão sob sua guarda por decisão sua", defendeu. "Entendo
que o Judiciário não só pode como deve interferir para determinar a realização de
obras em presídios cuja situação seja atentatória a condição de dignidade da
/?motf. "(Estadão, 13/08/2015)

A partir da leitura dos trechos da reportagem acima transcrita, analise, da


perspectiva da teoria do direito e da política, a situação apresentada.
Gabarito: Oaluno poderá contextualizar que ajudicialização de políticas envolve um
fenômeno relaciona por um lado, o ativismo e a mobilização dos agentes judiciais. E,
por outro lado, as dificuldades de afinidade entre princípios constitucionais relacionados
àpolíticas sociais earealidade das administrações executivas. Oaluno poderá, ainda,
abordar os sentidos de judicialização da política" e "politização da justiça" como
expressões correlatas (que indicariam os efeitos da expansão do Poder Judiciário no
processo decisório das democracias contemporâneas. Considerando que judicializar a
política, relaciona-se com ouso de métodos típicos da decisão judicial na resolução de
disputas e demandas nas arenas políticas com a ampliação das áreas de atuação dos
tribunais pela via do poder de revisão judicial de ações legislativas eexecutivas). Alem
disso, poderá indicar que, no Brasil, Werneck Vianna usou o termo para descrever as
transformações constitucionais pós 88, possibilitando o maior protagonismo dos
tribunais, decorrente da ampliação dos instrumentos de proteção judicial. Esses
instrumentos teriam sido "descobertas por minorias parlamentares, governos estaduais,
associações civis e profissionais." Neste contextos, a figura do magistrado tem
adquirido cada vez mais importância nos debates políticos e sociais. A
redemocratização garantiu o advento de uma nova constituição que expandiu o poder
judiciário, deixando de ser técnico-especializado ese transformou num agente político.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
Prova Regular - CP IV B - 2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo eConstitucionalização do Direito''.


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abnl-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questão: -

Tema 2: Fontes do Direito

Aborde a questão concernente às fontes do direito, em particular os aspectos mais


relevantes atinentes às fontes formais e materiais, explicitando ainda a importância da
jurisprudência eopapel das súmulas vinculantes para aconstrução do Direito.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) As fontes materiais são pré-jurídicas ese configuram por toda a gama de fenômenos
sociais, econômicos, culturais, históricos etc; que condicionam o desenvolvimento do
direito, sendo sua fonte de produção. Já as fontes formais ora representam os processos
pelos quais odireito se positiva, ora os próprios instrumentos produzidos, positivados
ou reconhecidos como aptos a serem aplicados juridicamente, oque gera uma confusão
semântica e terminológica;
b) Ajurisprudência éoconjunto de decisões uniformes econstantes dos tribunais,
resultantes da aplicação de normas acasos semelhantes, constituindo uma norma geral
aplicável atodas as hipóteses similares ou idênticas;
c) Nos países de tradição consuetudinária, os precedentes judiciais vinculam as
decisões. Já o sistema romanístico caracteriza-se pela não vinculação dos juizes aos
Tribunais superiores, podendo tanto juizes quanto Tribunais mudar aorientação de seus
julgados. Com base no princípio da independência da magistratura, ojuiz deve julgar
segundo a lei e sua consciência;
d) Apositivação das súmulas vinculantes éclaramente oesforço mais expressivo de
adaptação do sistema de common law ao nosso civil law. Neste particular, deve-se
destacar aEmenda Constitucional n°. 45/04, que instituiu as súmulas vinculantes, e a
Lei n°. 11.417/06, que veio regulamentar o procedimento de edição, revisão e
cancelamento das mesmas.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
Prova Regular - CP IV B - 2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questão: j

Tema 3: Eficácia da lei no tempo

9) Considerando que a Lei UA" revogou inteira e expressamente a Lei "B", é possível
que as duas leis mantenham-se vigentes simultaneamente em algum momento?
Justifique.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Com base no art. Io da LINDB, "salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada";
b) Isto significa que o vigor da lei, que é sua força vinculante, pode ser desacoplado
cronologicamente do momento da publicação, quando começa sua vigência: a lei vige,
mas não vigora;
c) Deste modo, é possível que, durante o período de vacatio legis da lei revogadora,
mantenham-se vigentes tanto a lei revogada quanto a revogadora.
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- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA FINAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVC1 2016

PROVA: 09/06/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

John Rawls, em sua Teoria da Justiça, afirmou que: "Desse modo, digamos que uma
sociedade é bem ordenada quando não apenas tende a promover o bem-estar dos próprios
membros, mas também quando é regulada de maneira eftiva por uma concepção pública de
justiça. Isso significa que se trata de uma sociedade em que 1) cada um aceita e sabe que
os outros aceitam os mesmos princípios de justiça e 2) as instituições fundamentais da
sociedade costumam satisfazer esses princípios e, em geral, de modo reconhecido. (...) Do
ponto de vista da justiça como equidade, a posição originária de igualdade corresponde ao
estado natural da teoria tradicional do contrato social. (...) Os princípios de justiça são
escolhidos sob um véu da ignorância . Isso assegura que, na escolha dos princípios,
ninguém seja beneficiado ou prejudicado pelo acaso natural ou pela contingência das
circunstâncias sociais".
Um importante jusfilósofo do início do século XX foi Gustav Radbruch. Segundo as
palavras de Heinrich Scholler sobre o pensamento de Radbruch: "o Direito é a realidade ,
que tem o sentido de servir ao caminho do Direito ou a idéia da Justiça. (...) Direito é o que
tem a finalidade de fazer justiça.(...) Pelo visto, o conceito de Justiça de Radbruch não é
positivista, já que a norma somente pode ser vista como Direito quando a justiça pelo menos
é intencionada. (...) Como a idéia da finalidade, ele entende o direito do bem geral e da
justiça social. Aqui se mostra uma tensão entre a segurança do Direito e a justiça, ou seja,
por uma decisão subjetiva, que impede a obediência no caso de uma Lei Vergonhosa
(Schandgesetz), ou seja, uma lei contrária à consciência".
A partir dos textos, apresente os principais aspectos das teorias de John Rawls e
Gustav Radbruch, mencionando qual teoria jusfilosófica eles criticam, indicando o ponto
central filosófico no qualambos buscam base para fundamentar suas próprias teorias.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Explique o que levou Kelsen a qualificar o Direito como uma ciência formal hipotético-
dedutiva e em que medida seu Normativismo Jurídico se aparta do Positivismo.
3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)
No julgamento da ADPF 54 (interrupção da gestação do feto anencéfalo), o Ministro
Gilmar Mendes "Evidenciou a relevância do amicus curiae como fonte de informação para a
Corte, além de cumprir função integradora importante no Estado de Direito, tendo em conta o
caráter pluralista e aberto de sua admissão, fundamental para o reconhecimento de direitos e
a realização de garantias constitucionais". Portanto, o Ministro afirmou que a figura do
amicus curiae seria imprescindível para auxiliar os ministros a formarem sua cognição sobre
o caso, pois a questão ultrapassava, e muito, o jurídico, onde o Direito teria que lançar mãos
de conhecimentos e expressões típicas de uma outra área, ou como mencionou Nicklas
Luhmann, de um outro subsistema.
A partir do caso citado, explique o motivo de o Direito ser considerado pelo autor
mencionado um sistema "operativamente fechado e cognitivamente aberto" e como esse
pensamento se diferencia de uma visão mais clássica positivista normativista.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


e*

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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova Final - CP IV C - 2016.1
Questão; 1

Tema - 5

John Rawls, em sua Teoria da Justiça, afirmou que: "Desse modo, digamos
que uma sociedade é bem ordenada quando não apenas tende a promover o
bem estardos próprios membros, mas também quando é regulada de maneira
eftiva poruma concepção pública de justiça. Isso significa que se trata de uma
sociedade em que 1) cada um aceita e sabe que os outros aceitam os mesmos
princípios de justiça e 2) as instituições fundamentais da sociedade costumam
satisfazer esses princípios e, em geral, de modo reconhecido. (...) Do ponto de
vista da justiça como equidade, a posição originária de igualdade corresponde
ao estado natural da teoria tradicional do contrato social. (...) Os princípios de
justiça são escolhidos sob um véu da ignorância . Isso assegura que, na
escolha dos princípios, ninguém seja beneficiado ou prejudicado pelo acaso
natural ou pela contingência das circunstâncias sociais".
Um importante jusfilósofo do início do século XX foi Gustav Radbruch. Segundo
as palavras de Heinrich Scholler sobre o pensamento de Radbruch: "o Direito é
a realidade , que tem o sentido de servir ao caminho do Direito ou a idéia da
Justiça. (...) Direito é o que tem a finalidade de fazer justiça. (...) Pelo visto, o
conceito de Justiça de Radbruch não é positivista, já que a norma somente
pode ser vista como Direito quando a justiça pelo menos é intencionada. (...)
Como a idéia da finalidade, ele entende o direito do bem geral e da justiça
social. Aqui se mostra uma tensão entre a segurança do Direito e ajustiça, ou
seja, por uma decisão subjetiva, que impede a obediência no caso de uma Lei
Vergonhosa (Schandgesetz), ouseja, uma leicontrária à consciência".
A partir dos textos, apresente os principais aspectos das teorias de John Rawls
e Gustav Radbruch, mencionando qual teoria jusfilosófica eles criticam,
indicando o ponto central filosófico no qual ambos buscam base para
fundamentar suas próprias teorias.

GABARITO

O aluno deveria primeiramente discorrer sobre John Rawls apresentando a


opção desse autor pelo neocontratualismo, explicando o que seria a idéia
clássica do contratualismo e como seria essa nova vertente dessa teoria,
demonstrando a importância dos conceitos da "posição original" e sua relação
com o "véu da ignorância" como mecanismo da busca pela manutenção da
relação harmônica entre o liberalismo e o igualitarismo, explicando cada uma
dessas idéias. Posteriormente, o aluno deveria apresentar o pensamento de
Gustav Radbruch, demonstrando conhecer a crítica feroz desse autor a
confusão entre legalidade e legitimidade que ocorre dentro do pensamento
positivista normativista kelseniano, pois os valores morais deverão sempre
estar ínsitos no Direito, nas leis, pois caso contrário será tal lei injusta,
vergonhosa, e sendo assim não deverá ser cumprida. Assim, ambos os autores
são partícipes da chamada virada kantiana no Direito, onde a moralidade foi
reintroduzida, criticando assim o positivismo de Hans Kelsen que dava primazia
a norma e a sua correta elaboração, sem se preocupar em realizar um estudo
axiológico da mesma. O ponto central filosófico onde ambos vão buscar
fundamento será dentro do pensamento kantiano, da teoria da moralidade
kantiana, em obras como a Metafísica dos Costumes, Fundamentação da
Metafísica dos Costumes, e a Paz Perpétua.
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TEORIA GERRAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova Final - CP IV C - 2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questão: 2

Tema -1

Explique o que levou Kelsen a qualificar o Direito como uma ciência formal hipotético-
dedutiva e em que medida seu Normativismo Jurídico se aparta do Positivismo.

R:. O aluno deverá evidenciar que Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito,
publicada originalmente em Viena, em 1934, buscou promover uma autonomia
epistemológica rigorosa desta área do saber.
Sua pretensão era purificar a Ciência do Direito, retirando de suas reflexões quaisquer
resíduos conceituais da Sociologia, Política, Psicologia etc.
O objeto da Ciência Jurídica é a norma, que a tudo atribui significado próprio, sob o
prisma especificamente jurídico.
Neste sentido, recebe influência do positivismo, mas rompe com ele, por não considerar
o direito um fato (situado no mundo do ser), mas um conjunto de normas (mundo do
dever ser). Assim, ao dividir todas as possibilidades de conhecimento válido em dois
grandes grupos - o das ciências naturais (conhecimento empírico) e o das ciências
formais hipotético-dedutivas (matemática e lógica) - Kelsen parte para uma apreciação
das normas em si mesmas, desconsiderando os fatos que as põem e a eficácia delas
sobre a realidade, caracterizando a Ciência Jurídica como uma ciência formal

hipotético-dedutiva.

A Ciência do Direito é uma "espectadora" não de fatos sociais, como queria o


positivismo, mas de normas, tomadas como arcabouços lógicos autorizados
objetivamente e unificados numa norma não autorizada pela vontade, mas deduzida pelo
intelecto (norma fundamental).
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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova Final - CP IV C-2016.1

Questão: 3

Tema -1

No julgamento da ADPF 54 (interrupção da gestação do feto anencéfalo), o


Ministro Gilmar Mendes "Evidenciou a relevância do amicus curiae como fonte
de informação para a Corte, além de cumprir função integradora importante no
Estado de Direito, tendo em conta o caráter pluralista e aberto de sua
admissão, fundamental para o reconhecimento de direitos e a realização de
garantias constitucionais". Portanto, o Ministro afirmou que a figura do amicus
curiae seria imprescindível para auxiliar os ministros a formarem sua cognição
sobre o caso, pois a questão ultrapassava, e muito, o jurídico, onde o Direito
teria que lançar mãos de conhecimentos e expressões típicas de uma outra
área, ou como mencionou Nicklas Luhmann, de um outro subsistema.
A partir do caso citado, explique o motivo de o Direito ser considerado pelo
autor mencionado um sistema "operativamente fechado e cognitivamente
aberto" e como esse pensamento se diferencia de uma visão mais clássica
positivista normativista.

GABARITO

Para Niclas Luhmann, o Direito seria um sistema "operativamente fechado e


cognitivamente aberto" pois em diversos casos terá que se apropriar de
conceitos e conhecimentos de outras áreas, de outros sub sistemas (pois o
Direito também é um sub sistema dentro do grande sistema social que a
sociedade) como no caso a medicina, para poder resolver as querelas, as
questões submetidas à apreciação do Poder Judiciário. No caso em tela, tendo
em vista os ministros do STF não serem versados em questões médicas
tiveram que se apropriar de conhecimentos desse sub sistema para
conseguirem resolver a questão da ADPF 54. Essa posição de Luhmann se
diferencia da teoria clássica positivista normativista pois acredita que não existe
a possibilidade de apenas utilizar a linguagem e o conhecimento jurídico para
resolver determinadas questões, onde se fará necessário a utilização de outros
conceitos e conhecimentos. Portanto, o Direito será operativamente fechado
pois possuiu uma linguagem própria, mas será congnitivamente aberto pois em
determinados casos precisará recorrer a conhecimentos meta jurídicos para
decidir questões.
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV B 2 2016

PROVA: 05/10/2016

Ia QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

(...) Não obstante, é mister que Governo Federal trate a Judicialização como
conseqüência e não causa de um problema. Há mais de uma década discute-se a
possibilidade de uma força-tarefa entre os operadores do Direito e os profissionais da saúde
para se resolver esta questão. Entretanto, enquanto apolítica do Governo Federal nao fizer
sua parte, com ações, mudanças de gestão, previsões de gastos e uma atenção especial
aos hospitais públicos, o Judiciário continuará servindo como porta de acesso àqueles que
conseguem pagar advogados para ter privilégios ou para serem colocados à frente nas filas
de espera para os diversos procedimentos da rede SUS.
Na direção inversa àquela que poderia diminuir os números relacionados à
Judicialização da Saúde, o governo discute as desvinculações orçamentárias que atingem o
financiamento da saúde previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. Editada
pelo Planalto, a PEC 241 prevê teto de gastos do governo federal pelos próximos 20 anos e
acaba com a vinculação de verbas do Orçamento para as áreas da Saúde e Educação, o
que representará diminuição dos gastos da União nessas áreas.
Em um sistema de lógica de conto de fadas, o governo sugere que a população pare
de adoecer (ou de viver) durante os próximos 20 anos para que os recursos (jà escassos)
voltem a ser aplicados em percentual maior no setor. Não parece um cenário crível quando
se lembra que especialistas em saúde dizem que os recursos precisam ser maiores e mais
bem-aplicados.
É desejável que sejam criadas varas especiais nos Estados para recebimento dos
processos judiciais de solicitação de atendimento ao SUS, como pedidos de medicamentos e
de tratamento hospitalar. Êfundamental ter um juiz especializado na área da saúde para que
decisões mais justas sejam tomadas para a sociedade. Ainda que os pedidos sejam para
favorecimento do indivíduo, na maioria das vezes, a decisão de forma indireta atingirá a
sociedade, seja pelos recursos desviados de programas coletivos, seja porque osgastos dos
sistemas privados influenciam diretamente no aumento das mensalidades de todos os
usuários.
Desde 2009, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo de trabalho que
traça diretrizes aos magistrados quanto às demandas judiciais que envolvem a assistência à
saúde. Em 2010, institui-se o Fórum Nacional do Judiciário para monitoramento e resolução
das demandas de assistência à Saúde - Fórum da Saúde, haja vista o reconhecimento da
importância do tema para o Direito - haja vista sua função social.

. P\.1CX? 1
A partir da leitura do trecho do artigo intitulada "Judicialização da saúde:
muitas causas para tratar, poucas soluções" (publicado no jornal Estadão em
21.09.16), apresente como o tema tratado no artigo vem sendo analisado do ponto de
vista da ciência política.

2a QUESTÃO: (Valor - 4 pontos)

A teorização do Estado Democrático de Direito parte de duas idéias básicas: "O


Estado limitado pelo direito e o poder político estatal legitimado pelo povo. O direito é o
direito interno do Estado; o poder democrático é o poder do povo que reside no território ou
pertence ao Estado" (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 6 ed. Coimbra/Portugal: Livraria Almedina, 2002, p.231).
Discorra sobre as concepções de Estado, apontando como se formou o Estado de
Direito, sobretudo a partir do "mie of law" norte-americano.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Conceito é a essência das coisas, o que as define. Se retirada sua essência, algo
deixa de ser o que é. Contudo, afigura-se tarefa difícil dar o conceito preciso de Direito, pois
a palavra tem ampla significação, conforme a corrente adotada para a leitura do fenômeno
jurídico. Neste passo, explicite os sete sentidos básicos do termo direito, isto é, como: a)
direito positivo; b) direito subjetivo; c) valor; d) fato social; d) fenômeno normativo objetivo; e)
ciência do Direito.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

FMFR T
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
-EMERJ-

PROVA REGULAR - CP IV B - 2016.2

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

3^ Questão (3 pontos)

Tema: O conceito de Direito. (1)

Conceito é a essência das coisas, o que as define. Se retirada sua essência, algo deixa de ser o
que é. Contudo, afigura-se tarefa difícil dar o conceito preciso de Direito, pois a palavra tem
ampla significação, conforme a corrente adotada para a leitura do fenômeno jurídico. Neste
passo, explicite os sete sentidos básicos do termo direito, isto é, como: a) direito positivo; b)
direito subjetivo; c) valor; d) fato social; d) fenômeno normativo objetivo; e) ciência do Direito
(3,0 pontos).

R.: O aluno deverá evidenciar que, usualmente, o termo é empregado em sete sentidos
básicos:

a) Como direito positivo: é aquele posto pela vontade do Estado. Não deve ser confundido
com o direito escrito, uma vez que o direito positivo pode ser não escrito, como na tradição da
common law;

b) Como direito subjetivo: trata-se do direito objetivo que retorna sobre o sujeito como
prerrogativa a este atribuída, que se manifesta nas versões básicas de direito eventual, direito
líquido e certo, direito adquirido e mera expectativa de direito;

c) Como valor: refere-se ao valor da justiça;

d) Como fato social: de regulação do meio social, abordado, preferencialmente, na Sociologia


Jurídica;

e) Como fenômeno normativo objetivo: que se distingue da subjetividade moral, mas que é, ao
mesmo tempo, diverso e complementar a ela, num movimento que compõe o próprio ethos
humano e que é próprio da Filosofia do Direito;
f) Como Ciência do Direito: que, ao tomar o termo direito como ciência e caracterizar o seu
objeto, permite analisar as diversas percepções deste fenômeno como norma, fato, valor,
justiça, manifestação do ethos, etc.

Já a expressão "direito natural" não foi indicada como uma das acepções da palavra direito em
virtude de seu "enfraquecimento operacional", que decorre, sobretudo, da promulgação dos
direitos fundamentais nasConstituições, que, de alguma forma, positivou o dito direito natural
(FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito. 7 ed. São Paulo: Atlas,
2013).
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
- EMERJ -

PROVA REGULAR - CP IV B - 2016.2

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

12 Questão (3 pontos)

Tema: Políticas Públicas e o papel do juize o juize a construção da democracia. (7 E8)

Professora: Ana Paula Sciammarella

(...) Não obstante, é mister que Governo Federal trate a Judicialização como conseqüência e
não causa de um problema. Há mais de uma década discute-se a possibilidade de uma força-
tarefa entre os operadores do Direito e os profissionais da saúde para se resolver esta questão.
Entretanto, enquanto a política do Governo Federal não fizer sua parte, com ações, mudanças
de gestão, previsões de gastos e uma atenção especial aos hospitais públicos, o Judiciário
continuará servindo como porta de acesso àqueles que conseguem pagar advogados para ter
privilégios oupara serem colocados àfrente nas filas de espera para os diversos procedimentos
da rede SUS.
Na direção inversa àquela que poderia diminuir os números relacionados à Judicialização da
Saúde, o governo discute as desvinculações orçamentárias que atingem o financiamento da
saúde previstos na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241. Editada pelo Planalto, a PEC
241 prevê teto de gastos do governo federal pelos próximos 20 anos e acaba com a vinculação
de verbas do Orçamento para as áreas da Saúde e Educação, o que representará diminuição
dos gastos da União nessas áreas.
Em um sistema de lógica de conto defadas, o governo sugere que a população pare de adoecer
(ou de viver) durante os próximos 20 anos para que os recursos (já escassos) voltem a ser
aplicados em percentual maior no setor. Não parece um cenário crível quando se lembra que
especialistas emsaúde dizem que os recursos precisam sermaiores e mais bem aplicados.
Edesejável que sejam criadas varas especiais nos Estados para recebimento dos processos
judiciais de solicitação de atendimento ao SUS, como pedidos de medicamentos e de
tratamento hospitalar. Éfundamental ter um juiz especializado na área da saúde para que
decisões mais justas sejam tomadas para a sociedade. Ainda que os pedidos sejam para
favorecimento do indivíduo, na maioria das vezes, a decisão de forma indireta atingirá a
sociedade, seja pelos recursos desviados de programas coletivos, seja porque os gastos dos
sistemas privados influenciam diretamente no aumento das mensalidades de todos os
usuários.
Desde 2009, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) criou um grupo de trabalho que traça
diretrizes aos magistrados quanto às demandas judiciais que envolvem a assistência à saúde.
Em 2010, institui-se o Fórum Nacional do Judiciário para monitoramento e resolução das
demandas de assistência à Saúde - Fórum da Saúde, haja vista o reconhecimento da
importância do tema para o Direito - haja vista suafunção social
A partir da leitura do trecho do artigo intitulada "Judicialização da saúde: muitas causas
para tratar, poucas soluções" (publicado no jornal Estadão em 21.09.16), apresente como o
tema tratado no artigo vem sendo analisado do ponto de vista da ciência política.

Gabarito: O aluno deverá indicar os estudos sobre o fenômeno da "judicialização de políticas",


com demandas judiciais que direcionam políticas e governo ou pleiteiam a efetivação de
direitos. O fenômeno relaciona, por um lado, o ativismo e a mobilização dos agentes judiciais
e, por outro lado, as dificuldades de afinidade entre princípios constitucionais relacionados à
políticas sociais e a realidade das administrações executivas. O aluno poderá, ainda, abordar os
sentidos de "judicialização da política" e "politização da justiça" como expressões correlatas
(que indicariam os efeitos da expansão do poder judiciário no processo decisório das
democracias contemporâneas). Poderá indicar que judicializar a política relaciona-se com o
uso de métodos típicos da decisão judicial na resolução de disputas e demandas nas arenas
políticas com a ampliação das áreas de atuação dos tribunais pela via do poder de revisão
judicial de ações legislativas e executivas. Além disso, poderá indicar que no Brasil Werneck
Vianna usou o termo para descrever as transformações constitucionais pós 88, possibilitando o
maior protagonismo dos tribunais, decorrente da ampliação dos instrumentos de proteção
judicial.
Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro
-EMERJ-

PROVA REGULAR - CP IV B - 2016.2

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA

22 Questão (4 pontos)

Ateorização do Estado Democrático de Direito parte de duas idéias básicas, onde: "O Estado
limitado pelo direito e o poder político estatal legitimado pelo povo. O direito é o direito
interno do Estado; o poder democrático é o poder do povo que reside no território ou
pertence ao Estado" (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 6ed. Coimbra/Portugal: Livraria Almedina, 2002, p.231).
Discorra sobre as concepções de Estado, apontando como se formou o Estado de Direito,
sobretudo a partir do "rule of law" norte-americano (4,0 pontos).

R.: Oaluno deverá citar as seguintes concepções de Estado e apontar as características abaixo
indicadas:

a) Concepção natural-oreanicista:

- Segundo Aristóteles, a família seria a associação natural e responsável por necessidades


cotidianas do homem, que consiste em um animal político por natureza.
- Famílias se unem e constituem aldeias. Várias aldeias unidas em uma comunidade
suficientemente grande para ser quase independente ou autossuficiente, assegurando obem
viver, proporcionam o surgimento da cidadeou Estado.
- OEstado é uma forma natural de associação cuja natureza é a sua finalidade, ou seja, a
perfeição e a autossuficiência.

b) Concepções contratualistas:

-Hobbes: oser humano é individualista e sua liberdade no estado natural impede oconvívio,
que só se estabelece a partir de um contrato social, para o qual se entrega a um governo
absoluto o poder de estabelecer uma ordem jurídica.
-Locke: vislumbra um processo histórico constituído por três fases: oestado de natureza ideal
(onde nascem os direitos fundamentais, como a liberdade, a igualdade e a propriedade); o
estado de natureza real (representado tanto pela guerra como pelo arbítrio, no qual os direitos
naturais não são garantidos) e o estado civil (no qual o estado de natureza não é suprimido,
mas recuperado em sua forma atual).
- Rousseau: Ocontrato social é concebido como um vetor da razão. Neste sentido, combate o
absolutismo e defende a predominância da bondade humana no estado de natureza, o poder
equilibrado, a defesa dos direitos naturais da pessoa e a igualdade.

c) Concepção formal:

- Hans Kelsen elabora uma teoria normativista de Estado, na qual o fundamento deste situa-se
no conjunto normativo que o constitui.

- O Estado é criado pela ordem jurídica, sendo a personificação da comunidade subordinada à


ordem jurídica o que constitui a própria comunidade.
- Avontade coletiva não serve como fundamento para o Estado, uma vez que não existe uma
ordem que expresse esta vontade coletiva, na medida em que pressuporia a existência de
estados mentais idênticos, o que não ocorre.
-Adominação que caracterizaria o Estado pretende a legitimidade e deve ser considerada por
governantes e governados como legítima se realizada segundo o prescrito em uma ordem
jurídica pressuposta como válida por "dominantes" e "dominados".

d) Concepção ético-material:

- Hermann Heller critica a concepção normativista ao afirmar que esta ignora a realidade a
qual o Estado está submetido diariamente ao tratar a legitimidade como legalidade.
- O "Estado vive da sua justificação", sendo esta específica para cada contexto histórico,
segundo as necessidades de cada geração.
- OEstado não pode ser justificado exclusivamente por normas e seus sentidos objetivos,
demandando para sua fundamentação valores socialmente compartilhados.
- O Estado justifica-se quando se corporifica na organização necessária que garanta os
princípios morais do Direito, entendidos estes simultaneamente como realidade e norma, ou
seja, gozando da aquiescência voluntária da sociedade e da imperatividade heterônoma do
direito positivo, ambos fundam-se em um direito suprapositivo e ético.
O Estado de Direito

e) Estado de Direito:

-Comumente traduzido por conceitos que incorporam os seguintes elementos:


a) garantia dos direitos individuais;
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO E DA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA

Prezada Sr\ Neusa Corredeira,

Hm resposta ao e-mail enviado sob o título "Minuta —solicitação de revisão correção


prova EMERT, venho esclarecer o que se segue:

2a QUESTÃO:

Em relação à segunda questão, reproduzida abaixo e acompanhada do respectivo


gabarito, indico a pontuação atribuída a cada item constante do gabarito em vermelho.
Acredito que, deste modo, cada aluno poderá compreender a nota obtida e,
consequentemente, apresentar eventual recurso:

2) A teorização do Estado Democrático de Direito parte de duas idéias básicas, onde:


"O Estado limitado pelo direito e o poder político estatal legitimado pelo povo. O
direito é o direito interno do Estado; o poder democrático é o poder do povo que reside
no território ou pertence ao Estado" (CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito
Constitucional e Teoria da Constituição. 6 ed. Coimbra/Portugal: Livraria Almedina,
20G2,p.231).
Discorra sobre as concepções de Estado, apontando como se formou o Estado de
Direito, sobretudoa partir do "rale oflaw" norte-americano (4,0 pontos).
R.: O aluno deverá citar as seguintes concepções de Estado e apontar as características
abaixo indicadas:

a) Concepção natural-organicista (0,75 ponto):


^
Segundo Aristóteles, a família seria a associação natural e responsável por
necessidades cotidianas do homem, que consiste em um animal político por natureza.
- Famílias se unem e constituem aldeias. Várias aldeias unidas em uma comunidade

suficientemente grande para ser quase independente ou autossuficiente, assegurando o


bem viver, proporcionam o surgimento da cidade ou Estado.
- O Estado é uma forma natural de associaçãocuja natureza é a sua finalidade, ou seja, a
perfeição e a autossuficiência.

b) Concepções contratualistas (0,75 ponto):


Hobbes: o ser humano é individualista e sua liberdade no estado natural impede o
convívio, que só se estabelecea partir de um contrato social, para o qual se entrega a um
governo absoluto o poder de estabelecer uma ordem jurídica.
- l.ocke: vislumbra um processo histórico constituído por três fases: o estado de
natureza ideal (onde nascem os direitos fundamentais, como a liberdade, a igualdade e a
propriedade); o estado de natureza real (representado tanto pela guerra como pelo
arbítrio, no qual os direitos naturais não são garantidos) e o estado civil (no qual o
estado de natureza não é suprimido, mas recuperado em sua forma atual).
- Rousseau: O contrato social é concebido como um vetor da razão. Neste sentido,

combate o absolutismo e defende a predominância da bondade humana no estado de


natureza, o poder equilibrado, a defesa dos direitos naturais da pessoa e a igualdade.

c) Concepção formal (0,75 ponto):


Hans Kelsen elabora uma teoria normativista de Estado, na quaí o fundamento deste
situa-se no conjunto normativo que o constitui.
- O Estado é criado pela ordem jurídica, sendo a personificação da comunidade
subordinada à ordem jurídica o que constitui a própria comunidade.
- A vontade coletiva não serve como fundamento parao Estado, uma vez que não existe
uma ordem que expresse esta vontade coletiva, na medida em que pressuporia a
existência de estados mentais idênticos, o que não ocorre.
- A dominação que caracterizaria o Estado pretende a legitimidade e deve ser
considerada por governantes e governados como legítima se realizada segundo o
prescrito em uma ordem jurídica pressuposta como válida por "dominantes" e
"dominados"
J) Concepção ético-material (0,75 ponto):
- Hermann Heller critica a concepção normativista ao afirmar que esta ignora a
realidade a qual o Estado está submetido diariamente ao tratar a legitimidade como
legalidade.
- O 'Estado vive da suajustificação", sendo esta específicapara cada contexto histórico,
segundo as necessidades de cada geração.
- O Estado não pode ser justificado exclusivamente por normas e seus sentidos
objetivos, demandando para sua fundamentação valores socialmente compartilhados.
- O Estado justifica-se quando se corporifica na organização necessária que garanta os
princípios morais do Direito, entendidos estes simultaneamente como realidade e
norma, ou seja, gozando da aquiescência voluntária da sociedade e da imperatividade
heterônoma do direito positivo, ambos fundam-se em um direito suprapositivo e ético.
C) Estado de Direito

e) Estado de Direito (1,0 ponto).:


- Comumente traduzido por conceitos que incorporam os seguintes elementos:
a) garantia dos direitos individuais;
b) limitação dos poderes políticos, ambas por meio do Direito.
- A norma jurídica, no Estado de Direito, realiza, a partir de sua supremacia, a sujeição
isonômica de todos os membros da sociedade. Assim, as características do Estado de
Direito, em si, correlacionam-se, não por acaso, com os movimentos do
c on sti tuci onali smo.

- Concepções do Estado de Direito:


a) Estado "legal" ou de direito alemão;
b) Éíat de droit francês;
c) Rule of law norte-americano.
- O Estado de Direito (rule of law) norte-americano construiu mecanismos institucionais
limitadores do exercício do poder por maiorias, objetivando evitar que a maioria,
representada pelo Legislativo, viesse a configurar-se como tirânica.
- Configurado pela junção do mecanismo de freios e contrapesos ao federalismo,
inovou, a partir do caso Marbury versus Madison (1803), quando passou a admitir a
revisão judicial de atos do Poder Legislativo, transformando a Constituição no limite
para o exercício dos poderes do Estado e do povo, através da maioria legislativa.

ã/tf
- ü Estado de Direito é concebido paralimitar o poder soberano, seja do monarca ou do
povo A adjetivação do Estado como de direito é derivada diretamente da forma
limitadora do poder soberano, ou seja, da Constituição e da lei, assumindo, também, a
denominação Estado Constitucional.

No que tange à terceira questão da prova, abaixo reproduzida, acompanhada do


respectivo gabarito, pode-se facilmente perceber que não ha qualquer incongruência
entre a solicitação do enunciado e o gabarito fornecido, mas apenas um erro material no
enunciado.

Foi requerido que os alunos explicitassem sete sentidos do termo direito, porém, tanto
na enumeração do enunciado quantono gabarito foram cobrados apenas seis sentidos do
vocábulo direito. Como já esclarecido, trata-se apenas de erro material, pois, em lugar
de usete" deveria constar "seis".

Contudo, tal equívoco não justifica a revisão das notas atribuídas, pois não influenciou
na distribuição dos pontos. Aproveito para indicar, a seguir, em vermelho, como realizei
a correção:

3) Conceito é a essência das coisas, o que as define. Se retiradasua essência, algo deixa
de ser o que é. Contudo, afigura-setarefe difícil dar o conceito preciso de Direito, pois a
paiarera tem ampla significação,, conforme a corrente adotada para a leitura do fenômeno
jurídico. Neste passo, explicite os sele sentidos básicos do termo direito, isto é, como a)
direito positivo, b) direito subjetivo; c) valor; d) fato social; d) fenômeno normativo
cèjetivo; e) ciência do Direito (3,0 pontos).
RO aluno deverá evidenciar que, usualmente, o termo é empregado em sete sentidos
básicos:

a) Como direito positivo: é aquele posto pda vontade do Estado. Não deve ser
confundido com o direito escrito, uma vez que o direito positivo pode ser não escrito,
como na tradição da common law (0,5 ponto);

ã/^
b) Comodireito subjetivo: trata-se do direito objetivo que retorna sobreo sujeitocano
prerrogativa a este atribuída, que se manifesta nas versões básicas de direito eventual,
direito líquido e coto, direito adquirido e mera expectativa de direito (0,5 ponto),
c) Corno valor, refere-se ao valor da justiça (0,5 ponto);
d) Cama fato social de regulação do meio social, abordado, preferencialmente, na
Sociologia Jurídica (0,5 ponto);
e) Cano fenômeno normativo objetivo: que se distingue da subjetividade moralT mas
que é, ao mesmo tempo, diverso e complementar a ela, num movimentoque compõe o
próprioethos humano e que é próprio da Filosofiado Direito (0,5 ponto);
í) Como Ciênciado Direito: que, ao tomar o termo direito como ciência e caracterizar o
seu objeto, permite analisar as diversas percepções deste fenômeno como norma, fato,
valor, justiça, manifestação do ethos, etc (0,5 ponto).
Jfá a expressão "direito naftuaF não foi indicada como uma das acepções da palavra
direito em virtude de sai "enfraquecimento operacional", que decorre, sobretudo, da
promulgação dos direitos fundamentais nas Constituições, que, de alguma forma,
positivou o dito direito natural (FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio htírodução ao
Estmh do Direito. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2013) (embora não fosse necessário abordar a
L*\p!cssào direito natural", ainda atribuí até 0,25 para os alunos que se esqueceram de
mencionar algum dos outros sentidos, mas mencionaram este).

>a alegação de que apenastrês definições foram comentadas em sala, esta não se
sustenta, pois abordei todos os seis conceitos solicitados, inclusive na mesma ordem
exigida pelo enunciada o que pode ser comprovado pelo plano de aula que envio anexo
(vide slides 2 e 3). Trata-se do material que utilizo para ministrar este conteúdo e que
disponibílizo a todos os alunos.

inicio de toda aula, peço ao monitor da turma (pie salve o ptaw> de aula e encaminhe
a todos os alunos.

Acredito que estes esclarecimentos sejam suficientes e possam servir de fimdamento


para a interposiçao de eventuais recursos. Sigo a disposição para analisar os eventuais
recursos apresentados e parao que mais a EMERJ demandar.

#/*
fim, no que tange a bibliografia solicitada, informo que já a enviei em resposta a
mensagem anterior, porém reproduzo abaixo minhas sugestões:

- BROCHADO, Maria. Magistratura Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

- HOLMES JR_, OliverWendell. TheOwotíotZ^w New Yorfc Dover, 1991

- HOJLMES JR., Oliver Wendell. The EssentkdHohnes Chicago: Chicago University


Press, 1992

- MACIEL, José Fábio Rodrigues. Formação humanística em Direito. 2 ed São Paulo:


Saraiva, 2015.

NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 38 ed Rio de Janeiro: Forense,


2016.

Reiterominha expressãode elevado apreço*» distim» rn^deraçan

>de Janeiro, 10 de novembro de 2016.

Damd Queiroz Pereira


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVB2 2015

PROVA: 11/11/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Adistinção traçada entre direito objetivo e direito subjetivo visa a realçar que o direito
é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém socialmente, que é um dado cultural,
composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é também um fenômeno
subjetivo, visto que faz dos sujeitos titulares de poderes, obrigações, faculdades,
estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo
do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas, 2003, p. 145).
Deste modo, tendo em vista que a norma, embora esteja posta fora do sujeito,
destina-se a ele, ou a ser cumprida por cada sujeito destinatário dela, defina direito
subjetivo à luz da teoria da vontade, proposta por Bernard Windscheid. apresentando
as críticas a ela endereçadas.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Considerando que a Lei "A" revogou inteira e expressamente a Lei "B", é possível
que as duas leis mantenham-se vigentes simultaneamente em algum momento? Justifique.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Apresente a natureza do poder político e os modos de conservar esse poder


segundo a concepção de Platão/Aristóteles e de Maquiavel.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

F.MF.RJ -
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO EDA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA
CP IV B-2015.2

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) A distinção traçada entre direito objetivo e direito subjetivo visa a:


Realçar que o direito é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém socialmente,
que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é
também um fenômeno subjetivo, visto que faz dos sujeitos, titulares de poderes,
obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio
Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. Sào Paulo:
Atlas, 2003, p. 145).
Deste modo, tendo em vista que a norma, embora esteja posta fora do sujeito, destina-se
a ele, ou a ser cumprida por cada sujeito destinatário dela, defina direito subjetivo à
luz da teoria da vontade, proposta por Bernard Windscheid. apresentando as

críticas a ela endereçadas.

R:. O aluno deverá indicar que:


a) Bernard Windscheid define o direito subjetivo como o poder ou domínio da vontade
livre do homem que o ordenamento protege e confere;
b) Crítica: nem sempre a vontade pode ser reconhecida como essência de um direito,
isto ocorre em relação aos incapazes, ao nascituro e mesmo no que tange às pessoas
jurídicas, que não têm vontade psicológica;
c) Adere a essas situações o fato de que o direito de uma pessoa não desaparece pelo
simples fato de ela não tomar conhecimento dele, sem mencionar que há direitos que
são irrenunciáveis por ato de vontade de seu titular.

2) Considerando que a Lei "A" revogou inteira e expressamente a Lei "BH, é possível
que as duas leis mantenham-se vigentes simultaneamente em algum momento?
Justifique.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Com base no art. Io da LINDB, "salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar
em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada";
b) Isto significa que o vigor da lei, que é sua força vinculante, pode ser desacoplado
cronologicamente do momento da publicação, quando começa sua vigência: a lei vige,
mas não vigora;
c) Deste modo, é possível que, durante o período de vacatio legis da lei revogadora,
mantenham-se vigentes tanto a lei revogada quanto a revogadora.

3) Apresente a natureza do poder político e os modos de conservar esse poder segundo a


concepção de Platão/Aristóteles e de Maquiavel.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Piatão e Aristóteles na antigüidade grega definiram a Política como a ciência da polis,
ou seja, da cidade, encarregada de cuidar do sersocial e coletivo que é o homem;
b) Nesta perspectiva, o homem é um animal político por natureza, que deve viver em
sociedade, pois somente ele, entre todos os animais, possui o dom da palavra. Apalavra
possibilita a comunicação, formando a família do Estado. Toda cidade é uma
associação, e esta tem em vista um bem, pois o homem só luta pelo que considera um
bem; e o bem mais elevado de todos e que possibilita todos os demais é a cidade ou
sociedade política;
c) Nicolau Maquiavel, em sua obra O Príncipe, apresenta uma nova versão de Ciência
Política. Ele pressupõe a natureza corrompida dos homens, voltada à satisfação de suas
paixões, razão pela qual é preciso que sejam mantidos submissos para que a vida em
sociedade seja possível. Logo, a Ciência Política deve refletir sobre a ordenação do
grupo social pela força exercida pelos poucos chefes que são capazes de conquistar e
manter o poder sobre os dominados.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVC1 2016

PROVA: 16/05/2016

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

A distinção traçada entre direito objetivo e direito subjetivo visa a:


Realçar que o direito é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém
socialmente, que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro
lado, é também um fenômeno subjetivo, visto que faz dos sujeitos, titulares de poderes,
obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio
Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo: Atlas,
2003, p. 145).
Deste modo, tendo em vista que a norma, embora esteja posta fora do sujeito,
destina-se a ele, ou a ser cumprida por cada sujeito destinatário dela, várias teorias
buscaram definir direito subjetivo. Aponte as críticas endereçadas à teoria de Bernard
Windscheid por Rudolf Von lhering e que conceito de direito subjetivo este último
desenvolve.

2a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz em seu preâmbulo: Considerando


que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos
seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no
mundo; Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em
cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos
direitos do Homem e das liberdades fundamentais;(...).

A partir do texto acima transcrito, relacione o conteúdo da Declaração Universal dos


Direitos do Homem com as concepções sobre a natureza do direito subjetivo trabalhadas em
sala de aula.

3a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Defina ato antijurídico, explicitando em que medida se relaciona com a noção


de "responsabilidade".

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

PA /f Í 7 0 T
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TEORIA GERRAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova regular - CP IV C - 2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Tema - 3

A distinção traçada entre direito objetivo e direito subjetivo visa a:


Realçar que o direito é um fenômeno objetivo, que não pertence a ninguém socialmente,
que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é
também um fenômeno subjetivo, visto que faz dos sujeitos, titulares de poderes,
obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio
Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo:
Atlas, 2003, p. 145).
Deste modo, tendo em vista que a norma, embora esteja posta fora do sujeito, destina-se
a ele, ou a ser cumprida por cada sujeito destinatário dela, várias teorias buscaram
definir direito subjetivo. Aponte as críticas endereçadas à teoria de Bernard
Windscheid por Rudolf Von Ihering e que conceito de direito subjetivo este ultimo
desenvolve.

R:. O aluno deverá indicar que:


a) Bernard Windscheid define o direito subjetivo como o poder ou domínio da vontade
livre do homem que o ordenamento protege e confere;
b) Crítica: nem sempre a vontade pode ser reconhecida como essência de um direito,
isto ocorre em relação aos incapazes, ao nascituro e mesmo no que tange às pessoas
jurídicas, que não têm vontade psicológica;
c) Neste particular, Ihering define direito subjetivo como o interesse juridicamente
protegido. Para definir interesse deve-se adotar interpretação ampla: bem é tudo aquilo
que possa ser útil a alguém; valor é a medida da utilidade de um bem; e interesse é um
valor em sua relação peculiar com o indivíduo e suas aspirações, abarcando desde
apreciações pecuniárias até a honra, vínculos familiares etc.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova Regular-CP IV C-2016.1

Questões: 2

Tema 3

(3 pontos)

A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz em seu preâmbulo: Considerando


que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e
dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui ofundamento da liberdade, dajustiça e
da paz no mundo; (...) Considerando que os Estados membros se comprometeram a
promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal
e efetivo dos direitos do Homem e das liberdadesfundamentais; (...).

A partir do texto acima transcrito, relacione o conteúdo da declaração universal


dos direitos do homem com as concepções sobre a natureza do direito subjetivo
trabalhadas em sala de aula.

O aluno deverá relacionar o texto acima com as teorias jusnaturalistas sobre


a natureza do direito subjetivo, que dão a ele um caráter metafísico, de
maneira não só essencialista como universalizante. Além disso, podem
correlacionar com a teoria formalista de Hans Kelsen que, em oposição,
afirma que o direito subjetivo nada mais é do que o próprio direito objetivo,
derivando daí a importância de se taxar os direitos humanos considerados
universais.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


Prova Regular-CP IV C-2016.1

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões: 3

Tema 2

Defina ato antijurídico, explicitando em que medida se relaciona com a noção de


"responsabilidade".

R:. Ao aluno deverá apontar que a noção dos atos ilícitos é uma conquista do Direito
moderno, trazida pelos pandectistas alemães do século XIX. O Código Civil alemão -
BGB de 1898 - foi o primeiro a trazer o conceito de ato ilícito.
Contudo, conforme já previa o Direito Romano, a ninguém é lícito causar dano a
outrem; há o dever jurídico do neminem laedere.
Entende-se o ato ilícito como sendo toda conduta humana que viole um dever jurídico
preexistente, imposto por leL gerando conseqüências lesivas aos interesses de outrem.
De qualquer modo, verificada a prática do ato ilícito, surge sempre uma nova relação
jurídica, em que o autor do ato assume um deverjurídico de reparar a infração.
Neste sentido, o art. 186 do CC/02 preleciona que: "Aquele que, por ação ou omissão
voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito".
Além disso, o referido Códex prevê em seu art. 187 a figura do abuso de direito que
consiste no exercício irregular ou abusivo de direito pelo seu titular; é a conduta lícita
que se mostra desconforme com a finalidade que o ordenamento pretende alcançar e
promover naquela circunstânciafática, caracterizando, também, espécie de ato ilícito.
Neste particular, cumpre destacar que, no Direito Penal, há a reserva absolutada lei; não
há crime sem previsão legal. No Direito Civil, por sua vez, há o dever do neminem
laedere; qualquer ação ou omissão pode gerar a responsabilidade, desde que viole
direito e cause prejuízo a outrem (princípio da atipicidade dos atos ilícitos).
Por fim, insta mencionar que a idéia da responsabilidade (civil) é mais ampla do que a
do ato ilícito. Não são apenas os atos ilícitos os geradores da responsabilidade civil;
também os atos lícitos geram a obrigação de reparação, como, por exemplo, o estado de
necessidade (arts. 929 e 188, II, CC/02).
k *
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
- EMERJ -
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA DE 2* CHAMADA DE TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVABC2 2015
PROVA: 03/12/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JUNIUK lercio oanp contudo, Hans

mAirn ^direito reflexo".

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)


Aborde a auestão concernente às fontes do direito, em particular os aspectos mais
relevante atentais fontes formais e materiais, explicitando ainda a importanc.a da
juSSSSnSíoSlíl das súmulas vinculantes para aconstrução do Direto.
3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)
Asociedade brasileira é muito desigual. Logo,.o juiz tem de ser um agente de
transformação social. Posicione-se acerca da afirmação anterior.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO EDA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA
PROVA DE 2a CHAMADA - CP IV ABC2015.2
Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) Tradicionalmente, adistinção traçada entre direito objetivo edireito subjetivo visa a:


Realçar que odireito éum fenômeno objetivo, que não pertence aninguém socialmente,
que é um dado cultural, composto de normas, instituições, mas que, de outro lado, é
também um fenômeno subjetivo, visto que faz dos sujeitos, titulares de poderes,
obrigações, faculdades, estabelecendo entre eles relações (FERRAZ JÚNIOR, Tércio
Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão, dominação. São Paulo:
Atlas. 2003. p. 145).
Contudo, Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, busca eliminar as dicotomias
jurídicas, mantendo-se fiel ao seu monismo metodológico reducionista. A partir da
concepção kelseniana, explique a teoria do direito subjetivo como mero "direito
reflexo".

R:. O aluno deverá indicar que:


a) Kelsen entende que apenas quando um indivíduo é juridicamente obrigado a uma
determinada conduta em face de um outro é que se diz que este tem direito subjetivo, ou
seja, este nada mais é que um reflexo do dever jurídico;
b) Deste modo, Kelsen admite a existência de um direito subjetivo em sentido técnico.
Resulta de uma técnica particular da qual se vale o direito objetivo para conferir a um
indivíduo não qualificado como "órgão" o poder jurídico de pôr em movimento um
processo, por meio de uma ação, para alcançar uma decisão judicial que aplique uma
sanção concreta como reação à violação do dever;
c) Kelsen reserva o uso da expressão "direito subjetivo" para designar a circunstância
jurídica do próprio direito objetivo em uma relação sui generis com um sujeito, caso em
que o direito objetivo se transforma em direito subjetivo quando está à disposição de
uma pessoa.

2) Aborde a questão concernente às fontes do direito, em particular os aspectos mais


relevantes atinentes às fontes formais e materiais, explicitando ainda a importância da
jurisprudência e o papel das súmulas vinculantes para a construção do Direito.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) As fontes materiais são pré-juridicas e se configuram por toda a gama de fenômenos
sociais, econômicos, culturais, históricos etc; que condicionam o desenvolvimento do
direito, sendo sua fonte de produção. Já as fontes formais ora representam os processos
pelos quais o direito se positiva, ora os próprios instrumentos produzidos, positivados
ou reconhecidos como aptos a serem aplicados juridicamente, o que gera uma confusão
semântica e terminológica;
b) A jurisprudência é o conjunto de decisões uniformes e constantes dos tribunais,
resultantes da aplicação de normas a casos semelhantes, constituindo uma norma geral
aplicável a todas as hipóteses similares ou idênticas;
c) Nos países de tradição consuetudinária, os precedentes judiciais vinculam as
decisões. Já o sistema romanístico caracteriza-se pela não vinculação dos juizes aos
Tribunais superiores, podendo tanto juizes quanto Tribunais mudar a orientação de seus
julgados. Com base no princípio da independência da magistratura, o juiz deve julgar
segundo a lei e sua consciência;
d) A positivação das súmulas vinculantes é claramente o esforço mais expressivo de
adaptação do sistema de common law ao nosso civil law. Neste particular, deve-se
destacar a Emenda Constitucional n°. 45/04, que instituiu as súmulas vinculantes, e a
Lei n°. 11.417/06, que veio regulamentar o procedimento de edição, revisão e
cancelamento das mesmas.

3) A sociedade brasileira é muito desigual. Logo, o juiz tem de ser um agente de


transformação social. Posicione-se acerca daafirmação anterior.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Aperspectiva de socialização do processo, principalmente no pós-Segunda Guerra, e
da estruturação de Tribunais Constitucionais contribuiu para delinear um magistrado
mais atuante, como uma espécie de "garantidor das promessas", dando azo ao que se
denominou ativismo judicial e suprindo anseios que deveriam ser atendidos pelos
demais Poderes, em especial pelo Executivo;
b) É como se o juiz fosse responsável por comunicar os anseios sociais com as regras
jurídicas existentes no ordenamento jurídico, sejam estas satisfatórias em sua
normatividade abstrata ou não, sobretudo para assegurar o cumprimento dos direitos de
segunda dimensão;
c) Neste sentido, os Tribunais pátrios têm baseado seus julgamentos em decisões
anteriormente proferidas, fazendo o que se denominou bijuralismo no Canadá, isto é,
realiza-se uma mixagem de modelos jurídicos (civil law e common law);
d) Aprincipal crítica é que os leading cases são invocados por aparente similitude sem
fundamentação compatível com o vetor hermenêutico anterior e, portanto, justificação
satisfatória. O desarranjo não está na mesclagem de duas linhas jurídicas distintas, mas
em quais condições são tomados tais precedentes.
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
- EMERJ -
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A
CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA FINAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVC2 2015
PROVA: 11/12/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)


Diferencie as três espécies de costumes: secundum legem, praeter legem e contra
legem.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)


Um dos fatos que corrobora a crise do Judiciário é o chamado consequencialismo
jurídico. Apresente seus pressupostos e críticas.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)


ADeclaração Universal dos Direitos do Homem tem caráter vinculativo em relação
aos ordenamentos internos? Neste sentido, é possível falar de uma ordem cosmopolita?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

CAyfCDT .
ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO EDA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA
PROVA FINAL - CP IV C - 2015.2

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) Diferencie as três espécies de costumes: secundum legem, praeter legem e contra


legem.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) O costume secundum legem presta-se a auxiliar a interpretação de conceitos jurídicos
indeterminados ou não definidos tecnicamente, previstos em textos legais;
b) O costumepraeter legem é o que se destina a complementar as lacunas da lei (art. 4o
da LINDB);
c) O costume contra legem tem o poder de revogar a lei, não sendo admitido nos
sistemas de tradição romanística como o brasileiro.

2) Um dos fatos que corrobora a crise do Judiciário é o chamado


consequencialismo jurídico. Apresente seus pressupostos e críticas.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) O consequencialismo jurídico representa uma análise feita pelos juizes e pelos
tribunais para antever as conseqüências de suas decisões no âmbito político, econômico
e social, tendo uma preocupação em balizar políticas públicas;
b) Seus pressupostos são: 1) a existência de uma infraestrutura e de aporte técnico e de
discussão adequada, na via processual, a permitir subsídios decisórios; 2) a oferta
tempo-espaço processual hábil a viabilizar a análise, em cada caso, desse impacto
decisório; 3) uma formação dos magistrados consistente no campo sociológico, político,
administrativo e filosófico (este foi o objetivo do CNJ ao editar a Resolução n°.
75/2009);
c) Críticas: 1) o não cumprimento dos pressupostos indicados; 2) a efetivação de tais
políticas (públicas) não cabe ao Judiciário, que assume papel de substituto face à
omissão dos demais poderes, em especial do Executivo; 3) a "padronização decisória",
que decorre do julgamento dos Tribunais sobre teses e não casos.

3) A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem caráter vinculativo em


relação aos ordenamentos internos? Neste sentido, é possível falar de uma ordem
cosmopolita?
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Há clássica discussão acerca da obrigatoriedade da referida Declaração, dividindo-se
os autores entre aqueles que defendem que ela vincula os ordenamentos internos e os
que entendem que se tata de mera diretiva, cabendo a cada Estado atingir sua própria
evolução política e jurídica;
b) Por outro lado, o sistema global do direito internacional, representado pela ONU,
vem se coordenando com sistemas regionais, que facilitam o acesso dos indivíduos à
tutela jurídica humanitária;
c) Segundo Habermas, há uma diferença, neste aspecto, entre o"primeiro" e"segundo"
mundos na compreensão da necessidade de atuação mútua (internacionalizada), já que
este último (segundo mundo) assume a herança política da força própria do
nacionalismo europeu, adotando uma postura expansionista para o exterior e calcando
sua estabilidade interna em uma dominação autoritária;
d) Neste sentido, a recepção dos direitos humanos pelas ordens jurídicas internas
significa o reconhecimento de sua importância e essencialidade, devendo o clássico
direito internacional público transformar-se em direito cosmopolita. Este é o único
capaz de conduzir à união entre os povos, pois tem o propósito de estabelecer leis
universais para o comércio entre eies.
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA FINAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVAB2 2015

PROVA: 11/12/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)


Os direitos subjetivos podem ser classificados em quatro categorias básicas:
absolutos e relativos; disponíveis e indisponíveis; públicos e privados; principais e
acessórios.
Conceitue e diferencie cada uma dessas categorias.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Indique como, no âmbito do Direito Penal, coexistem os princípios fundamentais da


irretroatividade da norma penal e da retroatividade da lei mais benéfica.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Tem-se consagrado em nosso país a ideologia de que há uma crise das instituições
públicas. A Constituição Federal elenca um rol de direitos imanentes à condição humana a
serem tutelados e, por sua vez, implementados pelo Executivo, o que, não obstante, não tem
se tornado efetivo.
Correlacione esta questão ao chamado ativismo judicial.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO EDA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA
PROVA FINAL - CP IV AB - 2015.2

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) Os direitos subjetivos podem ser classificados em quatro categorias básicas:


absolutos e relativos; disponíveis e indisponíveis; públicos e privados; principais e
acessórios. Conceitue e diferencie cada uma dessas categorias.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Um direito é relativo quando a obrigação correspondente incumbe a um ou vários
sujeitos, individualmente determinados; absoluto, quando o dever correlato é uma
obrigação universal a respeito do direito;
b) Disponíveis e indisponíveis: sobre estes últimos não se pode transigir ou abdicar;
c) Públicos e privados: esta distinção leva em consideração a qualidade do sujeito, se de
direito público ou privado, bem como o tipo de relação que se estabelece entre eles (se
de coordenação ou de subordinação) e o interesse protegido (se geral ou particular);
d) Os direitos subjetivos principais têm existência autônoma, e os acessórios são apenas
daqueles uma decorrência a eles aderindo em caráter secundário.

2) Indique como no âmbito do Direito Penal coexistem os princípios fundamentais


da irretroatividade da norma penal e o da retroatividade da lei mais benéfica.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Tal coexistência decorre do art. 5o, XL, da CRFB/88, que preleciona: "a lei penal não
retroagirá, salvo para beneficiar o réu";
b) Neste particular, o princípio da irretroatividade, ao restringir que a legislação penal
atinja apenas os fatos ocorridos no momento da vigência da lei, ratifica os preceitos
constitucionais da legalidade (art. 5o, II e XXXIX, CRFB/88) e da segurança jurídica;
c) Já o princípio da retroatividade da lei penal mais benigna encontra o seu fundamento
na própria natureza do Direito Penal, haja vista que este regula somente as situações
excepcionais, em que o Estado deve intervir para a punição e reeducação social do
delito;

d) A compreensão dessa flexibilização perpassa o ideário de justiça, haja vista que 'wa
pena mais leve da lei nova é justa e a mais severa da lei revogada é desnecessária"
(PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. São Paulo: RT, 2004, p. 189);
e) Nesta discussão inserem-se a abolido criminis e a novatio legis in mellius.

3) Tem-se consagrado em nosso país a ideologia de que há uma crise das


instituições públicas. A Constituição Federal elenca um rol de direitos imanentes à
condição humana a serem tutelados e9 por sua vez, implementados pelo Executivo,
o que, não obstante, não tem se tornado efetivo. Correlacione esta questão ao
chamado ativismo judicial.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) A perspectiva de socialização do processo, principalmente no pós-Segunda Guerra e
da estruturação de Tribunais Constitucionais contribuiu para delinear um magistrado
mais atuante, como uma espécie de "garantidor das promessas" (Theodoro Júnior);
b) É como se o juiz fosse responsável por comunicar os anseios sociais com as regras
jurídicas existentes no ordenamento jurídico, sejam estas satisfatórias em sua
normatividade abstrata ou não, sobretudo para assegurar o cumprimento dos direitos de
segunda dimensão;
c) Neste sentido, os Tribunais pátrios têm baseado seus julgamentos em decisões
anteriormente proferidas, fazendo o que se denominou bijuralismo no Canadá, isto é,
realiza-se uma mixagem de modelos jurídicos {civil law e common law);
d) A principal crítica é que os leading cases são invocados por aparente similitude sem
fundamentação compatível com o vetor hermenêutico anterior e, portanto, destituídos de
justificação satisfatória.
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CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVA2 2015

PROVA: 23/11/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem caráter vinculativo em relação


aos ordenamentos internos? Nesse sentido, é possível falar de uma ordem cosmopolita?

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Todas as Constituições brasileiras, desde 1824, trouxeram o princípio da


irretroatividade, à exceção da Constituição do Estado Novo, de 1937. É possível se utilizar
este princípio como limitação ao poder constituinte?

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Qual é o conceito de ideologia? O direito pode ser influenciado por uma específica
ideologia?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

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ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO E DA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA
PROVA REGULAR - CP IV A - 2015.2

Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem caráter vinculativo em


relação aos ordenamentos internos? Neste sentido, é possível falar de uma ordem
cosmopolita?
R.\ O aluno deverá indicar que:
a) Há clássica discussão acerca da obrigatoriedade da referida Declaração, dividindo-se
os autores entre aqueles que defendem que ela vincula os ordenamentos internos e os
que entendem que se tata de mera diretiva, cabendo a cada Estado atingir sua própria
evolução política e jurídica;
b) Por outro lado, o sistema global do direito internacional, representado pela ONU,
vem se coordenando com sistemas regionais, que facilitam o acesso dos indivíduos à
tutela jurídica humanitária;
c) Segundo Habermas, há uma diferença, neste aspecto, entre o "primeiro" e "segundo"
mundos na compreensão da necessidade de atuação mútua (internacionalizada), já que
este último (segundo mundo) assume a herança política da força própria do
nacionalismo europeu, adotando uma postura expansionista para o exterior e calcando
sua estabilidade interna em uma dominação autoritária;
d) Neste sentido, a recepção dos direitos humanos pelas ordens jurídicas internas
significa o reconhecimento de sua importância e essencialidade, devendo o clássico
direito internacional público transformar-se em direito cosmopolita. Este é o único
capaz de conduzir à união entre os povos, pois tem o propósito de estabelecer leis
universais para o comércio entre eles.

2) Todas as Constituições brasileiras, desde 1824, trouxeram o princípio da


irretroatividade, à exceção da Constituição do Estado Novo, de 1937. É possível se
utilizar este princípio como limitação ao poder constituinte?
R:. O aluno deverá indicar que:
a) O princípio da irretroatividade não condiciona o poder constituinte originário;
b) Apesar disso, a aplicação de uma nova Constituição é imediata, mas não retroativa,
não devendo alcançar situações jurídicas já aperfeiçoadas sob domínio do ordenamento
anterior;

c) A retroatividade é admitida se tiver sido expressamente declarada na nova


Constituição;
d) Deste modo, não se invoca direito adquirido contra nova ordem constitucional, desde
que prevista expressamente (não há retroatividade tácita) (art. 17 do ADCT/88).
3) Qual o conceito de ideologia? O direito pode serinfluenciado poruma específica
ideologia?
R:. O aluno deverá indicar que:
a) O conceito de ideologia nasce com Marx, que empregou o termo em duas acepções,
no singular e no plural. Ideologia no sentido geral como praticamente superestrutura ou
de cultura no sentido sociológico comum; e ideologias particulares, como idéias e
formas de pensar das diferentes classes sociais;
b) Wolkmer aduz que atualmente a palavra é tomada em duplo sentido: em um que
Bobbio denominou "fraco", "como conjunto de idéias, valores, maneiras de sentir e de
pensar de pessoas ou grupos"; em outro, como "falsa consciência das relações de
domínio entre as classes, como ilusão, mistificação, distorção e oposição ao
conhecimento verdadeiro";
c) Independente do sentido que se adote, por óbvio, o direito é influenciado pela
ideologia. Como exemplo, pode-se citar como a ideologia da igualdade e da certeza
influenciaram a nova ordem jurídica posta a partir da ruptura com o Ancien Regime e da
instituição de uma nova concepção de lei como norma geral e abstrata.
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CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV C 2 2015

PROVA: 18/11/2015

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Aborde a questão atinente à normatividade dos princípios como símbolo do pós-


positivismo jurídico.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Discorra sobre as regras fundamentais para a solução de antinomias de normas


jurídicas no tempo.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)


Miguel Reale afirmou que "quando Hans Kelsen, na segunda década do século
passado, desfraldou a bandeira da Teoria Pura do Direito, a Ciência Jurídica era uma
espécie de cidadela cercada por todos os lados, por psicólogos, economistas, políticos e
sociólogos. Cada qual procurava transpor os muros da Jurisprudência, para torná-la sua,
para incluí-la em seus domínios" (REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 1991, p. 455).
Por isso, Hans Kelsen empreendeu verdadeira empreitada para purificar o Direito.
Contudo, pergunta-se: é possível realizar-se uma separação plena entre Direito e Política?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Disciplina/Matéria: TEORIA GERALDO DIREITO E DA POLÍTICA


Professor: DANIEL QUEIROZ PEREIRA

"% Bibliografia:

BARROSO, Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito".


In: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007,
Salvador - Bahia - Brasil.

BROCHADO, Maria (Coord.). Magistratura: Noções Gerais de Direito e Formação


Humanística. Niterói: Impetus, 2012.

FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,


dominação. São Paulo: Atlas, 2003.

REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991.

Questões:

1) Aborde a questão atinente à normatividade dos princípios como símbolo do pós-


positivismo jurídico.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) A defesa da normatividade dos princípios já foi realizada por vários autores/juristas,
podendo-se destacar Boulanger, Crisafulli, Alexy e Dworkin;
b) Neste sentido, princípio pode ser definido como toda norma jurídica considerada
como determinante de outra ou outras que lhe são subordinadas, que a pressupõem,
desenvolvendo e especificando ulteriormente o preceito em direções mais particulares
(Crisafuíli);
c) No Brasil, Luiz Roberto Barroso, em Neoconstitucionalismo e Constitucionalização
do Direito, destaca a normatividade dos princípios como um dos traços marcantes do
pós-positivismo e vislumbra os princípios como "normas que veiculam determinados
valores ou indicam fins públicos a serem realizados por diferentes meios" (BARROSO,
Luiz Roberto. "Neoconstitucionalismo e Constitucionalização do Direito". In: Revista
Eletrônica sobre a Reforma do Estado. n°. 09. Março-abril-maio, 2007, Salvador -
Bahia- Brasil, p. 10).

2) Discorra sobre as regras fundamentais para a solução de antinomias de normas


jurídicas no tempo.
R:. O aluno deverá indicar que:
a) Existem três regras fundamentais: o critério cronológico, hierárquico e da
especialidade;
b) O cronológico {lex posterior derrogatpriori) impõe-se pela obviedade, até porque se
o legislador pretendia fazer prevalecer a norma precedente, a lei sucessiva seria um ato
inútil e sem finalidade;
c) O critério hierárquico {lex superior derrogat inferiorí) decorre da hierarquia das
normas, sendo aquele pelo qual, entre duas normas incompatíveis, prevalece a
hierarquicamente superior;
d) O critério da especialidade {lex specialis derrogat generali) expressa a relação entre
.-â*

normas gerais e especiais, sendo que estas subtraem daquelas uma parcela de sua
matéria para submetê-la a diversa (contrária ou contraditória).

3) Miguel Reale afirmou que "quando Hans Kelsen, na segunda década do século
passado, desfraldou a bandeira da Teoria Pura do Direito, a Ciência Jurídica era
uma espécie de cidadela cercada por todos os lados, por psicólogos, economistas,
políticos e sociólogos. Cada qual procurava transpor os muros da Jurisprudência,
para torná-la sua, para incluí-la em seus domínios" (REALE, Miguel. Filosofia do
Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991, p. 455).
Por isso, Hans Kelsen empreendeu verdadeira empreitada para purificar o Direito.
Contudo, pergunta-se: é possível realizar-se uma separação plena entre Direito e
Política?
1:. O aluno deverá indicar que:
a) a Teoria Geral do Direito tradicional sempre se omitiu, com poucas ressalvas, a
enfrentar as discussões sobre as relações entre direito e política, buscado o fundamento
do primeiro na moralidade ou em uma perspectiva filosófica;
b) Não sendo possível separar direito e política, odireito entendido na perspectiva da
política caracteriza aordem jurídica em função dos objetivos políticos que aprecedem e
sustentam. Nessa perspectiva de análise, a criação e aplicação de normas jurídicas
permitem aos detentores do poder limitar econtrolar aatuação de indivíduos egrupos, o
que leva àidéia de que odireito seja produto, finalidade einstrumento da política;
c) Já a política analisada na perspectiva jurídica entende o direito como uma forma
x particular de política, por tentar controlar e coibir outras expressões políticas que
passam a ser consideradas ilegais. Aqui, ao invés de o ordenamento jurídico estar
sujeito à política, esta é que se sujeita àquele.
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- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA DE 2a CHAMADA DE TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV ABC 12017
PROVA: 14/06/2017

1a QUESTÃO: (Valor -3,5 pontos)


rf«c*mJÍ;"J un\relance de olh°s sobre a ciência jurídica tradicional tal como se
SS^eSSÍSS
™n?!Sí d°S SéCA-De X'X
ex,gencia da pureza. 6XX' inteiramente
um modo m°Stra C,aramente
acrítico,<uao 'onge e,a^áSdee
a jurisprudência tem Z
nnl nl° T 3PS'?0l09Ía easociol°9ia' com aética eateoria ^«SS^STS>ÍaSS?
Sfhi£?TntUía^eXp,,Car-Se pel° fat0 de estas ciên^as se referir^a^JS^qu?
de1,m^m,enH t6m uTa?StreÍta COnexao com °Direit0- Quando aTeoía Pura empreende
múS Innf eC'ment0 d° Direit0 em face destas disciplinas, fá-lo não por ign^orar oU
müSiriSISf' P°r Knegar eSSa conexâ0' mas P°rc?ue intenta evitar um sincre«smo
imn^l9 ? qU! obscurece a essência da ciência jurídica e dilui os limites que héTão
.mpostos pela natureza do seu objeto» (KELSEN, Hans. Teoria pura do direito traduclo
João Baptista Machado. 6ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998 p01) traduçao
JuríriimZ íTn^ te*° ac,ma> aP°nte °s principais aspectos concernentes ao Normativismo
Jurídico. q med'da ^ DersPectiva sob^ aCiência do Direito se aparta do Reaíiímo

2a QUESTÃO: (Valor -3,5 pontos)

americano Arthu^^inni0' mencionado Pela Primeira vez em 1947, pelo jornalista norte-
E^^n^p^^T^-JT3 meressante ^Portagem sobre aSuprima Corte dos
^^^^^í^^iã'9"^^
oor S«Lnt Ürf? Constituição no sentido ?ivismo judicial
de garantir quand0
direitos °Juizjá prevê
que ela se considera
como
P^edeZésVS (G0MES'
precedentes? Fonte. OEstado de São Paulo, 2009, espaçoLUÍZaberto,
F,ávioSTF
p.A2). "ativismo sTm
consequendalism^dec^ío39"^0 3CÍma' dhCOra "^ d° ativism0 Íudicia« *
3a QUESTÃO: (Valor -3 pontos)

con^p^eTi^ ~ « d~cias
ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

EMERJ -
PROVA DE 2a CHAMADA - CPIV ABC-TEORIA GERAL -14/06/2017-EMERJ

TEMA 01- PROFESSOR DANIEL QUEIROZ PEREIRA (a ser corrigido pelo


próprio Professor)
1) "[...] um relance de olhos sobre a ciência jurídica tradicional, tal como se
desenvolveu no decurso dos sécs. XIX e XX, mostra claramente quão longe ela está de
satisfazer à exigência da pureza. De um modo inteiramente acrítico, a jurisprudência
tem-se confundido com a psicologia e a sociologia, com a ética e a teoria política. Esta
confusão pode porventura explicar-se pelo fato de estas ciências se referirem a objetos
que indubitavelmente têm uma estreita conexão com o Direito. Quando a Teoria Pura
empreende delimitar o conhecimento do Direito em face destas disciplinas, fá-lo não
por ignorar ou, muito menos, por negar essa conexão, mas porque intenta evitar um
sincretismo metodológico que obscurece a essência da ciência jurídica e dilui os limites
que lhe são impostos pela natureza do seu objeto" (KELSEN, Hans. Teoria pura do
direito, tradução João Baptista Machado. 6ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 01).
Apartir do texto acima, aponte os principais aspectos concernentes ao Normativismo
Jurídico e em que medida esta perspectiva sobre a Ciência do Direito se aparta do
Realismo Jurídico.

GABARITO: O aluno deverá indicar que:


a) Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito, publicada originalmente em Viena, em
1934, buscou promover uma autonomia epistemológica rigorosa desta área do saber.
Sua pretensão era purificar a Ciência do Direito, retirando de suas reflexões quaisquer
resíduos conceituais da Sociologia, Politologia, Psicologia etc;
b) Sob sua perspectiva, o obieto da Ciência Jurídica é a norma, que a tudo atribui
significado próprio, sob o prisma especificamente jurídico;
c) Recebe influência do positivismo, mas rompe com ele, por não considerar o direito
um fato (situado no mundo do ser), mas um coniunto de normas (mundo do deverser).
d) Ao dividir todas a possibilidade de conhecimento válido em dois grandes grupos - o
das ciências naturais (conhecimento empírico) e o das ciências formais hipotético-
dedutivas (matemática e lógica) - Kelsen parte para uma apreciação das normas em si
mesmas, desconsiderando os fatos que as põem e a eficácia delas sobre a realidade,
caracterizando a Ciência Jurídica como uma ciência formal hipotético-dedutiva.
e) A Ciência do Direito é uma "espectadora" não de fatos sociais, como queria o
positivismo, mas de normas, tomadas como arcabouços lógicos autorizados
objetivamente e unificados numa norma não autorizada pela vontade, mas deduzida pelo
intelecto (norma fundamental);
f) Já a corrente jusfílosófica do Realismo Jurídico centra sua análise na eficácia social
do Direito. Deste modo, "Direito não é a norma justa (por certa ética filosófica) ou a
norma válida (segundo um dado ordenamento), mas sim a regra eficaz que emerge da
vida vivida pelos homens" (REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da
Filosofia, vol. I. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1990, p. 907).
g) Hermann Kantorowicz defendia a existência de um "direito livre", ao lado do direito
estatal e com o mesmo valor daquele impresso nas leis. Tal direito é produzido pela
opinião jurídica dos membros da sociedade, pelas sentenças dos juizes e pela ciência
jurídica, ele vive independentemente do direito estatal.
h) O Realismo Jurídico tem versões diversas, entre o escandinavo e o norte-americano,
mas o fio condutor desta compreensão do Direito é a tomada do sistema normativo no
plano da eficácia, ou do que realmente é o Direito, como ele se perfaz, se manifesta, se
constrói na realidade.

TEMA 06- PROFESSOR DANIEL QUEIROZ PEREIRA (a ser corrigido pelo


próprio Professor)
2) "O ativismo judicial foi mencionado pela primeira vez em 1947, pelo jornalista norte-
americano Arthur Schlesinger, numa interessante reportagem sobre a Suprema Corte
dos Estados Unidos. Para o jornalista, caracteriza-se ativismo judicial quando o juiz se
considera no dever de interpretar a Constituição no sentido de garantir direitos que ela já
prevê, como, por exemplo, direitos sociais ou econômicos" (GOMES, Luiz Flávio. STF
- ativismo sem precedentes? Fonte: O Estado de São Paulo, 2009, espaço aberto,
p.A2). .
Com base no fragmento acima, discorra acerca do ativismo judicial e
consequencialismo decisório.
GABARITO: O aluno deverá indicar que:
a) A CRFB/88 elenca um rol de direitos inerentes à condição humana a serem tutelados
e, por sua vez, implementados pelo Executivo, o que, não obstante, não tem se tornado
efetivo;
b) Assim, na impossibilidade de os poderes competentes atuarem na previsão e
implementação das políticas públicas, o Judiciário se envolve, tomando para si "causas"
alheias, ao tentar compensar os déficits existentes dos demais institutos;
c) O plano da aplicação para o reconhecimento de direitos subjetivos vem
substituindo o da elaboração do direito objetivo, que reconheça com densidade
normativa satisfatória direitos fundamentais exigíveis, em especial aqueles de fomento
imediato e imprescindível: os direitos de segunda geração. A isto se denomina ativismo
judicial;

d) O consequencialismo decisório, por sua vez, consiste em uma análise feita pelos
juizes e pelos tribunais para antever as conseqüências de suas decisões no âmbito
político, econômico e social, tendo umapreocupação em balizar políticas públicas;
e) Tem como pressupostos:
1) a existência de uma infraestrutura e de aporte técnico e de discussão adequada, na via
processual, a permitir subsídios decisórios;
2) a oferta tempo-espaço processual hábil a viabilizar a análise, em cada caso, desse
impacto decisório;
3) uma formação dos magistrados consistente no campo sociológico, político,
administrativo e filosófico (este foi o objetivo do CNJ ao editar a Resolução n°.
75/2009);
f) Em contrapartida, apresentam-se as seguintes críticas:
1) o não cumprimento dos pressupostos indicados;
2) a efetivação de tais políticas (públicas) não cabe ao Judiciário, que assume papel de
substituto face à omissão dos demais poderes, em especial do Executivo;
3) a "padronização decisória", que decorre do julgamento dos Tribunais sobre teses e
não casos.

TEMA 09 - PROFESSOR JUAN POSADA (a ser corrigido pelo próprio


Professor)
3) Qual o papel político que o Poder judiciário assume nas democracias
contemporâneas, e como deve evitar o ativismo judicial?

GABARITO: a resposta deve abordar que o papel político do poder judiciário nas
atuais democracias passa pela defesa dos direitos e garantias fundamentais e pela
imposição de limites ao poder dos governos, na sua função contra-majoritária e muitas
vezes por uma atuação de substituição dos outros poderes quando permanecem inertes
na implementação de políticas públicas que derivam de mandamentos constitucionais;
mas deve sempre o Poder judiciário fazer um exercício de auto contenção em respeito
ao princípio da independência e harmonia dos poderes, para legitimar sempre sua
atuação.
EMERJ-DGEIVIERJ-SECGE-DENSE-DIACD

De:
Daniel Queiroz <danielqueiroz.unirio@gmail.com>
?ado em:
segunda-feira, 8 de maio de 2017 22:40
Para:
EMEIU-DGEMERJ-SECGE-DENSE-DIACD
Assunto:
Re: SOLICITAÇÃO DE QUESTÕES - PROVA 2a CHAMADA - CPIV ABC - TEORIA
GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
Anexos:
Questões - 2a chamada - Teoria Geral do Direito e da Política.docx

Prezada Sr3. Vera Oliveira,

Seguem as questões solicitadas acompanhadas do respectivo gabarito. Elas se referem, respectivamente aos
temas 01-0 conceito de Direito e06 -Ateoria política eateoriajurídica. Legitimidade elegalidade. '
Atenciosamente,

Daniel Queiroz.

Em 8de maio de 2017 16:11, EMERJ-DGEMERJ-SECGE-DENSE-DIACD <emeridiacdra)tiri ins hr>


escreveu: ^ '—!—

Prezado Professor,

™^t0. li ' °2 <iuestões> com urgência, para aprova de segunda chamada -


CPIV ABC - TEORIA GERAL DO DIREITO EDA POLÍTICA, com orespectivo
gabarito, pontuação eotema, tendo em vista que tenho 01 questão do banco.

Atenciosamente,

Vera Oliveira

Divisão Acadêmica (DIACD)

Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ)


Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (PJERJ)
Tel: + 55(21) 31.13-1 <»l

e_mail: emeri-dgemeri-secge-dense-diacd@tiri.jm.hr

^rasr^^^^ entre Serventias, Secretarias de Órgãos Julgadores e


ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
- EMERJ -

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARAA


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV B 1 2017

PROVA: 12/06/2017

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Na reflexão política de Maquiavel, qual é o fim que deve orientar a ação de um


governante?

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

No exercício de seu papel contramajoritário, onde o Poder Judiciário encontra sua


legitimidade democrática?

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

O que se entende pela noção de Soberania no pensamento político moderno?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

T~'\ ,fT?r» T
PROVA REGULAR - CPIV B- TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA - 12/06/2017

TEMAf- Professor Juan Posada - ( a ser corrigido pelo próprio Professor)

1) Na reflexão política de Maquiavel, qual o fim que deve orientar a ação de um governante?

GABARITO: a resposta deve abordar a idéia de que o a finalidade da ação de um governante


deve ser a ordem, a paz e a manutenção do poder.

TEMAtà- Professor Juan Posada - ( a ser corrigido pelo próprio Professor)

2) No exercício de seu papel contra-majoritário, onde encontra o Poder judiciário sua


legitimidade democrática?

GABARITO: a resposta deve abordar que a legitimidade do Poder judiciário é constitucional


na defesa dos direitos e garantias fundamentais, quando ameaçados por ações
governamentais ou maiorias parlamentares.

TEMAS- Professor Juan Posada - ( a ser corrigido pelo próprio Professor)

3) O que se entende pela noção de Soberania no pensamento político moderno?

GABARITO: a resposta deve abordar a noção da constituição de um Estado que, como poder
acima de qualquer outro poder, submeta os demais poderes sociais de modo absoluto.
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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO PARA A


CARREIRA DA MAGISTRATURA

PROVA FINAL DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIVAB 12017

PROVA: 23/06/2017

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

O Direito e o Poder (político) normalmente andam juntos ao longo do pensamento


humano. A história demonstra que essa relação passou por grandes transformações, com
modificações de classes dominantes, com modificações na relação com o poder religioso etc.
Comente a modificação da evolução do Poder Político desde o pensamento grego
até o pensamento moderno.

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

A chamada virada kantiana, apesar de não ser um movimento organizado


propriamente dito, é comumente denominado assim por aqueles jusfilósofos que
questionaram de alguma forma os ditames do positivismo (em especial o normativismo
kelseniano) e propuseram um novo sistema para servir à teoria do Direito.
A partir dessa idéia, mencione quais são as principais críticas ao positivismo jurídico
formuladas pelos adeptos da teoria citada, procurando ainda enfocar o sistema proposto por
Dworkin e pelo Realismo Jurídico para substituir o modelo positivista.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

A essência da lei humana é a lei divina (entretanto, com a participação da razão


humana). É o que S.Tomás de Aquino nos ensina em sua Suma Teológica (Questão 94 e
95). Nesse sentido, S. Tomás de Aquino não defendia a separação entre a Igreja e o Estado,
pois via o Estado como instrumento de realização do bem comum. E como a lei era regra e
medida da conduta humana, toda ação humana deveria ser pautada para racionalidade,
porque o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, poderia também, pela lei natural,
corrigir as perversões praticadas pelos homens.
Explique como funcionava o Direito das Gentes e o Direito dos Cidadãos, à luz do
contexto narrado acima.

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

T?* /TT^r» T
PROVA FINAL - CPIV AB - TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA - 23/06/2017

(QUESTÕES RETIRADAS DE PROVAS APLICADAS NO SEGUNDO SEMESTRE DE2015)

TEMA 05 - (PROFESSOR DANIEL QUEIROZ PEREIRA)


1) O Direito e o Poder (político) normalmente andam juntos ao longo do pensamento
humano. A história demonstra que essa relação passou por grandes transformações, com
modificações de classes dominantes, com modificações na relação com o poder
religioso etc.
Comente a modificação da evolução do Poder Político desde o pensamento grego até o
pensamento moderno.

GABARITO: Nessa questão o aluno deverá abordar as modificações por que passou o
Poder político e, consequentemente, enfocar as diversas concepções de Estado ao longo
da história.
a) Concepção natural-organicista:
- Segundo Aristóteles, a família seria a associação natural e responsável por
necessidades cotidianas do homem, que consiste em um animal político por natureza.
- Famílias se unem e constituem aldeias. Várias aldeias unidas em uma comunidade
suficientemente grande para ser quase independente ou autossuficiente, assegurando o
bemviver, proporcionam o surgimento da cidade ou Estado.
- O Estado é uma forma natural de associação cuja natureza é a sua finalidade, ou seja, a
perfeição e a autossuficiência.

b) Concepções contratualistas:
- Hobbes: o ser humano é individualista e sua liberdade no estado natural impede o
convívio, que só se estabelece a partirde um contrato social, para o qual se entrega a um
governo absoluto o poder de estabelecer uma ordemjurídica.
- Locke: vislumbra um processo histórico constituído por três fases: o estado de
natureza ideal (onde nascem os direitos fundamentais, como a liberdade, a igualdade e a
propriedade); o estado de natureza real (representado tanto pela guerra como pelo
arbítrio, no qual os direitos naturais não são garantidos) e o estado civil (no qual o
estado de natureza não é suprimido, mas recuperado em sua forma atual).
- Rousseau: O contrato social é concebido como um vetor da razão. Neste sentido,
combate o absolutismo e defende a predominância da bondade humana no estado de
natureza, o poderequilibrado, a defesa dos direitos naturais da pessoae a igualdade.

c) Concepção formal:
- Hans Kelsen elabora uma teoria normativista de Estado, na qual o fundamento deste
situa-se no conjunto normativo que o constitui.
- O Estado é criado pela ordem jurídica, sendo a personificação da comunidade
subordinadaà ordem jurídica o que constitui a própria comunidade.
- A vontade coletiva não serve como fundamento para o Estado, uma vez que não existe
uma ordem que expresse esta vontade coletiva, na medida em que pressuporia a
existência de estados mentais idênticos, o que não ocorre.
- A dominação que caracterizaria o Estado pretende a legitimidade e deve ser
considerada por governantes e governados como legítima se realizada segundo o
prescrito em uma ordem jurídica pressuposta como válida por "dominantes" e
"dominados".
d) Concepção ético-material:
- Hermann Heller critica a concepção normativista ao afirmar que esta ignora a
realidade a qual o Estado está submetido diariamente ao tratar a legitimidade como
legalidade.
- O "Estado vive da suajustificação", sendo esta específica para cada contexto histórico,
segundo as necessidades de cada geração.
- O Estado não pode ser justificado exclusivamente por normas e seus sentidos
objetivos, demandando para sua fundamentação valores socialmente compartilhados.
- O Estado justifica-se quando se corporifica na organização necessária que garanta os
princípios morais do Direito, entendidos estes simultaneamente como realidade e
norma, ou seja, gozando da aquiescência voluntária da sociedade e da imperatividade
heterônoma do direito positivo, ambos fundam-se em um direito suprapositivo e ético.
O Estado de Direito

e) Estado de Direito:
- Comumente traduzido por conceitos que incorporam os seguintes elementos:
a) garantia dos direitos individuais;
b) limitação dos poderes políticos, ambas por meio do Direito.
- A norma jurídica, no Estado de Direito, realiza, a partir de sua supremacia, a sujeição
isonômica de todos os membros da sociedade. Assim, as características do Estado de
Direito, em si, correlacionam-se, não por acaso, com os movimentos do
constitucionalismo.
- Concepções do Estado de Direito:
a) Estado "legal" ou de direito alemão;
b) État de droit francês;
c) Rule of law norte-americano.
- O Estado de Direito (rule of law) norte-americano construiu mecanismos institucionais
limitadores do exercício do poder por maiorias, objetivando evitar que a maioria,
representada pelo Legislativo, viesse a configurar-se como tirânica.
- Configurado pela junção do mecanismo de freios e contrapesos ao federalismo,
inovou, a partir do caso Marbury versus Madison (1803), quando passou a admitir a
revisão judicial de atos do Poder Legislativo, transformando a Constituição no limite
para o exercício dos poderes do Estado e do povo, através da maioria legislativa.
- O Estado de Direito é concebido para limitar o poder soberano, seja do monarca ou do
povo. A adjetivação do Estado como de direito é derivada diretamente da forma
limitadora do poder soberano, ou seja, da Constituição e da lei, assumindo, também, a
denominação Estado Constitucional.

TEMA 04 - PROFESSOR DANIEL QUEIROZ

2) A chamada virada kantiana, apesar de não ser um movimento organizado


propriamente dito, é comumente denominado assim por aqueles jusfilósofos que
questionaram de alguma forma os ditames do positivismo (em especial o normativismo
kelseniano) e propuseram um novo sistema para servir à teoriado Direito.
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CARREIRA DA MAGISTRATURA
PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA
QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV A 1 2017

PROVA: 28/03/2017

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Qual é o conceito de ideologia? O direito pode ser influenciado por uma ideologia
específica?

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Miguel Reale afirmou que, "quando Hans Kelsen, na segunda década do século
passado, desfraldou a bandeira da Teoria Pura do Direito, a Ciência Jurídica era uma
espécie de cidadela cercada por todos os lados, por psicólogos, economistas, políticos e
sociólogos. Cada qual procurava transpor os muros da Jurisprudência, para torná-la sua,
para incluí-la em seus domínios" (REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo:
Saraiva, 1991, p. 455).
Por isso, Hans Kelsen empreendeu verdadeira empreitada para purificar o Direito.
Contudo, pergunta-se: é possível realizar-se uma separação plena entre Direito e Política?

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)

Todas as Constituições brasileiras, desde 1824, trouxeram o princípio da


irretroatividade, à exceção da Constituição do Estado Novo, de 1937. É possível se utilizar
este princípio como limitação ao poder constituinte?

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.


PROVA REGULAR TEORIA GERAL DO DIREITO E PA POLÍTICA CP IV A 28/03/17

TEMA 01 O conceito de direito

DANIEL QUEIROZ PEREIRA (a ser corrigida pelo próprio Professor)

1) Qual é o conceito de ideologia? O direito pode ser influenciado por uma específica
ideologia? (3,5)

GABARITO:

O aluno deverá indicar que:


a) O conceito de ideologia nasce com Marx, que empregou o termo em duas acepções, no
singular e no plural. Ideologia no sentido geral como praticamente superestrutura ou de
cultura no sentido sociológico comum; e ideologias particulares, como idéias e formas de
pensar das diferentes classes sociais;
b) Wolkmer aduz que atualmente a palavra é tomada em duplo sentido: em um que
Bobbio denominou "fraco", "como conjunto de idéias, valores, maneiras de sentir e de
pensar de pessoas ou grupos"; em outro, como "falsa consciência das relações de domínio
entre as classes, como ilusão, mistificação, distorção e oposição ao conhecimento
verdadeiro";
c) Independente do sentido que se adote, por óbvio, o direito é influenciado pela
ideologia. Como exemplo, pode-se citar como a ideologia da igualdade e da certeza
influenciaram a nova ordem jurídica posta a partir da ruptura com o Ancien Regime e da
instituição de uma nova concepção de lei como norma geral e abstrata.

TEMA 05 Direito e Poder. A teoria jurídica e a teoria política

DANIEL QUEIROZ PEREIRA (a ser corrigida pelo próprio Professor)

2) Miguel Reale afirmou que "quando Hans Kelsen, na segunda década do século passado,
desfraldou a bandeira da Teoria Pura do Direito, a Ciência Jurídica era uma espécie de
cidadela cercada por todos os lados, por psicólogos, economistas, políticos e sociólogos.
Cada qual procurava transpor os muros da Jurisprudência, para torná-la sua, para incluí-la
em seus domínios" (REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 14 ed. São Paulo: Saraiva, 1991, p.
455).

Por isso, Hans Kelsen empreendeu verdadeira empreitada para purificar o Direito. Contudo,
pergunta-se: é possível realizar-se uma separação plena entre Direito e Política? (3,5)

GABARITO:

O aluno deverá indicar que:


a) A Teoria Geral do Direito tradicional sempre se omitiu, com poucas ressalvas, a enfrentar as
discussões sobre as relações entre direito e política, buscado o fundamento do primeiro na
moralidade ou em uma perspectiva filosófica;

b) Não sendo possível separar direito e política, o direito entendido na perspectiva da política
caracteriza a ordem jurídica em função dos objetivos políticos que a precedem e sustentam. Nessa
perspectiva de análise, a criação e aplicação de normas jurídicas permitem aos detentores do
poder limitar e controlar a atuação de indivíduos e grupos, o que leva à idéia de que o direito seja
produto, finalidade e instrumento da política;

c) Já a política analisada na perspectiva jurídica entende o direito como uma forma particular de
política, por tentar controlar e coibir outras expressões políticas que passam a ser consideradas
ilegais. Aqui, ao invés de o ordenamento jurídico estar sujeito à política, esta é que se sujeita
àquele.

TEMA 09 Democracia e Estado de Direito.

DANIEL QUEIROZ PEREIRA ( a ser corrigida pelo Professor JUAN DAVID POSADA)

3) Todas as Constituições brasileiras, desde 1824, trouxeram o princípio da irretroatividade, à exceção da


Constituição do Estado Novo, de 1937. É possível se utilizar este princípio como limitação ao poder
constituinte? (3,0)

GABARITO:

O aluno deverá indicar que:

a) O princípio da irretroatividade não condiciona o poder constituinte originário;

b) Apesar disso, a aplicação de uma nova Constituição é imediata, mas não retroativa, não
devendo alcançar situações jurídicas já aperfeiçoadas sob domínio do ordenamento anterior;

c) A retroatividade é admitida se tiver sido expressamente declarada na nova Constituição;

d) Deste modo, não se invoca direito adquirido contra nova ordem constitucional, desde que
prevista expressamente (não há retroatividade tácita) (art. 17 do ADCT/88).
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PROVA REGULAR DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA


QUESTÕES DISCURSIVAS
CPIV C 12017 !
PROVA: 19/05/2017

1a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Pode o juiz definir a realização de uma política pública ou viola o principio


constitucional da separação dos poderes?

2a QUESTÃO: (Valor - 3,5 pontos)

Que se entende por democracia procedimental e por democracia substancia?


Encontre exemplos de cada uma das formas na Constituição Federal.

3a QUESTÃO: (Valor - 3 pontos)


í
Que se entende por função representativa do Poder Judiciário e quando se pode
identificar o ativismo judiciário?

í i

ATENÇÃO: Responda uma única questão em cada folha.

c » <r?r> i
GABARITO PROVA DE TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA - CPIV - C - DATA:
19/05/2017

QUESTÃO 1

GABARITO: De acordo com decisão no RE 592.581/RS, é possível o judiciário impor à


Administração Pública realização de política publica para dar efetividade a um princípio
constitucional.

QUESTÃO 2

GABARITO: Democracia procedimental é a da tradição liberal, de garantia das regras do jogo


democrático, como regras que garantam os direitos políticos, como as que se encontram no
art 14,15 e 16 da Constituição Federal. Ademocracia substantiva esta ligada à idéia de Estado
de bem estar social, e à promoção dos direitos individuais e sociais, pode ser encontrada no
art 3 da Constituição Federal.

QUESTÃO 3

GABARITO:. Podemos identificar o ativismo judicial quando a atuação do Poder Judiciário


interfere com espaço de atuação dos outros poderes. Mas se o Poder Legislativo não cumpre
sua função representativa, pode, em tese, o Judiciário suprir essa atuação.
A partir dessa idéia, mencione quais são as principais críticas ao positivismo jurídico
formuladas pelos adeptos da teoria citada, procurando ainda enfocar o sistema proposto
por Dworkin e pelo Realismo Jurídico para substituir o modelo positivista.

GABARITO: A crítica principal desse movimento é justamente no fato de inexistir


analise de legitimidade da norma jurídica em relação a questões axiológicas e não
apenas com base em questões procedimentais de elaboração legislativa. Alguns adeptos
da virada kantiana também irão questionar a forma pela qual se deve julgar casos onde
inexiste norma expressa regulando o tema, pois acaba o magistrado decidindo de forma
completamente livre e arbitrária, sem nenhum grau de segurança jurídica e normalmente
carecendo de uma fundamentação mais segura. Para evitar discricionariedade Dworkin
propõe sua teoria do juiz Hércules, onde o magistrado será o grande artífice das
modificações sociais, mas não qualquer magistrado, e muito menos o magistrado do
modelo positivista. O magistrado para Dworkin será aquele capaz de encontrar em um
caso concreto aquela resposta correta, ou nos dizeres de Lenio Streck, aquela resposta
constitucionalmente mais adequada para aquele caso naquele momento. Nesta esteira, o
Realismo Jurídico centra sua análise na eficácia social do Direito. Deste modo, "Direito
não é a norma justa (por certa ética filosófica) ou a norma válida (segundo um dado
ordenamento), mas sim a regra eficaz que emerge da vida vivida pelos homens"
(REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia, vol. I. 4 ed. São Paulo:
Paulus, 1990, p. 907). Hermann Kantorowicz defendia a existência de um "direito
livre", ao lado do direito estatal e com o mesmo valor daquele impresso nas leis. Tal
direito é produzido pela opinião jurídica dos membros da sociedade, pelas sentenças dos
juizes e pela ciência jurídica, ele vive independentemente do direito estatal. O Realismo
Jurídico tem versões diversas, entre o escandinavo e o norte-americano, mas o fio
condutor desta compreensão do Direito é a tomada do sistema normativo no plano da
eficácia, ou do que realmente é o Direito, como ele se perfaz, se manifesta, se constrói
na realidade.

TEMA 03 - PROFESSOR LÚCIO GUIMARÃES

3)A essência da lei humana é a lei divina (entretanto,com a participação da razão


humana). É o que S.Tomás de Aquino nos ensina em sua Suma Teológica
(Questão 94 e 95). Nesse sentido, S. Tomás de Aquino, não defendia a
separação entre a Igreja e o Estado, pois via o Estado como instrumento de
realização do bem comum. E como a lei era regra e medida da conduta humana,
toda ação humana deveria ser pautada para racionalidade, porque o homem,
criado à imagem e semelhança de Deus, poderia também pela lei natural, corrigir
as perversões praticadas pelos homens.

Explique como funcionava o Direito das Gentes e o Direito dos Cidadãos, à luz do
contexto narrado acima.(3,5)

GABARITO: O princípio da separação entre Igreja e Estado é vital para


carcarterizar que o Estado é laico em matéria de credo religioso.Ele deve garantir
a liberdade religiosa.No caso focalizado,S.Tomás acreditava que a razão não
podia ser separada das emoções,dos desejos.O que poderia ser feito,era o
reconhecimento do homem diante de tamanho desafio,onde razão deveria
compreender os limites e as tenções entre fé e razão.Esse princípio regraria o
homem em suas atitudes.Compreender que a natureza do homem não pode ser
domada.Mas disciplinada e contida através das leis que se constitui regra e
medida de sua existência.

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