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Uma pessoa que não folheia uma boa obra filosófica, histórica ou literária; não

se questiona de onde veio e qual o sentido das coisas; não aprecia uma boa
música e nem uma peça artística; não se propõe a exercitar seu intelecto e nem
seu corpo; não tenta produzir, por pouco que seja um poema, texto literário ou
filosófico; se o sujeito não conversa com singeleza com as pessoas que gosta,
este ser está cada vez mais estranhado.

As potencialidades peculiares do ser social, enquanto tal dissipa-se no ar como


feitiçaria e poeira. Contanto, sua raiz imanente subjaz na fábrica, no seu
trabalho nas moendas de esforços, suor e sonhos do capitalismo: quimera fugaz
e esfacelada, em sua “alma” comercializada.

Pensemos, aqui, o consumidor de lixo virtual, adulador de lixo artístico, o


retardo mental hollywoodiano cinematográfico, astrologia fajuta e livros de
autoajuda assinados por mercenários metidos a intelectuais. Nossos gostos, em
cultura, também são condicionados pelas relações materiais.

Rousseau era um homem crítico de seu tempo, um pensador que criticou e


denunciou as penúrias da vida e, em consequência, teve problemas. No seu
livreto intitulado Discurso sobre as Artes e a Ciência (1749), ele assinalou sobre
o caráter despótico da aristocracia acerca dos bens e das artes:

“As artes, a mecânica e a riqueza quando nas mãos de duques, baronetes,


comerciantes e do padre, só encorajam nossos vícios enquanto sociedade
criam as desigualdades e fomentam a propriedade, afastam-nos da perfeição e
da verdadeira essência humana que subjaz adormecida em nosso peito, que
consiste na vida simples, fraternal, igualitária e modesta”.

A cultura – musical e artística – é a expressão de modo de reprodução material


dos seres. A musicalidade torpe, idiotizada, com a subjetividade humana
despedaçada é o simbolismo da mercantilização da arte, em sua transferência de
capital acumulativo através da exploração e violência. Isso é parte da “arte”
burguesa, isto é, a “arte” medíocre para a venda e lucratividade (e não significa
negar que no mar de mediocridade saia alguma coisa razoável).

Consequentemente, a arte como expressão do real e do pensamento em certos


nichos sociais, torna o ser crente (embora nem se pense nisso) na produção que
ele chama de “cultura”. A imanente forma-mercadoria que se trata a
naturalização da violência sexual; a comercialização corpórea, não liberta e não
livra dos grilhões do mundo do trabalho assalariado; não dá voz ao oprimido,
mas oprime-o ainda mais. É a subserviência e conivência dos complexos
humanos no alto grau de alienação.

Parafraseando certo filosofo alemão: não é a arte – seja ela qual for – que faz a
realização da realidade, mas a realidade que se encontra submetida na
musicalidade. A nossa sociabilidade em “decadência ideológica burguesa”,
conforme desvela Lukács, por vaidades estéreis e condicionamentos alienantes
pela ideologia mercantil e mistificadora em sua generalidade, se torna a cada
momento mais fascista, mesquinha, egoísta, mistificada e violenta.

Acerca da chamada “indústria cultural”, vale lembrar-se de um trecho do livro


“A indústria cultural: o iluminismo como mistificação de massas.” de Max
Horkheimer e Theodor Adorno, em que dizem:

“Filme e rádio se autodefinem como indústrias, e as cifras publicadas dos


rendimentos de seus diretores-gerais tiram qualquer dúvida sobre a
necessidade social de seus produtos. Os interessados adoram explicar a
indústria cultural em termos tecnológicos. A participação de milhões em tal
indústria imporia métodos de reprodução que, por seu turno, fazem com que
inevitavelmente, em numerosos locais, necessidades iguais sejam satisfeitas
com produtos estandardizados.”.

O que eles estão a dizer? A constituição do público de fato favorece o sistema da


indústria cultural porque este público faz parte do sistema. Neste sentido, eles
prosseguem dizendo que “a tendência social objetiva da época se encarna nas
intenções subjetivas dos supremos dirigentes, são estes os que originalmente
integram os setores mais potentes da indústria. Os monopólios culturais são,
em confronto com eles, débeis e dependentes.”.

A indústria cultural não sublima, mas reprime e sufoca. Romantiza o amor de


tal forma ao retardamento social do sentimento; assim como à exaltação
reacionária da tristeza e a própria superficialidade. O divertimento que a
“cultura de massa” finge promover torna-se a resignação que procura se
esquecer.

A depravação da “cultura” do dinheiro joga-nos uns contra os outros. Os


“rolezinhos” e a “ostentação” advêm do fetichismo do consumo, a ideologia e
não o poder de consumir aquilo que não se precisa. O “ostentar” e o consumir
algo “top” para ser algum “descolado” ou encaixar-se “na galera”. O
esfacelamento, também, do playboy e da mocinha bancados pelos pais que usa
peças e acessórios espúrios que perdem simplesmente sua função social
primária que é apenas uma identificação ingênua de si mesmo.

Tornamos apenas “consumidores”, clientelas do que nos é dado como arte e


cultura no mundo do capital. Como clientes também nos tornaram mercadorias
vivas. A cultura industrializada nos ensina e infunde a condição em que a vida
desumana pode ser tolerada. O sujeito deve utilizar o seu desgosto geral como
impulso para abandonar-se ao poder coletivo do qual está cansado ou
estranhado.

A vida no capitalismo tardio coloca o sujeito como um ser ilusório não só pela
estandardização das técnicas de produção. Ele só é tolerado à medida que sua
identidade sem reservas com o universal permanece fora de contestação,
apaziguando-o de seus desejos e pulsões mais genuínas.
Portanto, se pensarmos que a expressão artística é algo “só para
ouvir/sentir/realizar”, melhor então sabermos também que a linguagem
artística, ou arte expressada, é a consciência em ação na sua característica mais
marcante.

Referências bibliográficas

HORKHEIMER, Max & ADORNO, Theodor. A indústria cultural: o


iluminismo como mistificação de massas. Pp. 169 a 214. In: LIMA, Luiz
Costa. Teoria da cultura de massa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 364p.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as Artes e a Ciência (1749)

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