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PODER JUDICIÁRIO
Voto nº 1190
Relator
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– Os que se dedicam exemplarmente à
profissão que abraçaram são dignos sempre
de louvor, com especialidade os que se
consagraram à Advocacia, cuja desmedida
grandeza Rui Barbosa celebrou num texto
sublime: “A defesa tem a sua religião, e há na
defesa momentos em que aquele que apela para
a Justiça está na presença de Deus” (Obras
Completas, vol. XXIII, t. V, p. 61).
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A egrégia Vice-Presidência do Tribunal, sob o argumento de
que a marca temporal de 81 dias é construção da Jurisprudência,
e sua inobservância não implica ilegalidade manifesta que desde
logo se deva resolver, denegou ao paciente a medida liminar
(fl. 51).
A mui digna autoridade indicada como coatora prestou
informações, nas quais consta haver decretado a prisão cautelar
do paciente, depois transformada em custódia preventiva.
Afirma ainda que os motivos ensejadores da prisão
cautelar, esclarecidos no ofício de informações do “Habeas Corpus”
nº 327.466/4, “subsistem até o presente momento”.
Diz mais que a prova oral, como já foi produzida, o
processo está na fase do art. 499 do Código de Processo Penal.
O Ministério Público fez requerimentos, aos quais já se
atendeu, à exceção de um, “referente a recortes de jornais” que,
apreendidos em poder do réu, “não foram encaminhados ao Juízo”.
A defesa também se manifestou nessa quadra e requereu a
juntada de fita de videocassete.
Acrescenta a digna autoridade apontada como coatora que
o Ministério Público encarece ao Juízo “assista às fitas de videocassete
gravadas pelo réu”, ora paciente, pedido ainda não apreciado.
“O caso é grave e complexo” — continua Sua Excelência —,
“principalmente pela forma probatória, pois envolve fitas de videocassete e
de gravações telefônicas” (fl. 72).
Arremata que “a prova oral foi concluída em tempo inferior a 81
dias, estando o Juízo procurando obter o encerramento de toda a instrução o
mais rápido possível” (ibidem).
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Acompanha o ofício de informações grande número de
peças do processo principal (fls. 73/162).
A ilustrada Procuradoria-Geral de Justiça, em esmerado e
sólido parecer do Dr. Luiz Cyrillo Ferreira Junior, opina pela
denegação da ordem (fls. 168/170).
É o relatório.
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Ao demais, as vítimas e testemunhas, em número
respeitável (13), também haveriam de conspirar para a alegada
demora na tramitação do feito.
Informou, contudo, o digno Magistrado que “a prova oral
foi concluída em tempo inferior a 81 dias” (fl. 72), o que bem
confirmam as extensas assentadas de fls. 111/150 destes autos
(ou fls. 263/305 dos da ação penal).
Delas se vê, igualmente, que Sua Excelência fez quanto lhe
estava nas mãos por evitar algum excesso de prazo na formação
da culpa do paciente, o qual, aliás, está sendo processado por
crime da última gravidade: rezam, com efeito, os autos que,
de posse de fotografias e fotocópias de imagens da vítima AOC,
a manter relações sexuais com ele e com a corré IMCSC, tê-la-ia
o paciente ameaçado, e também ao marido e às filhas, de
divulgá-las em sua roda social, caso não lhes entregassem
dinheiro (fls. 9/11).
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Ainda:
“O prazo para o encerramento da formação de culpa não é fatal,
peremptório, ficando, muitas vezes, sujeito a diligências e
formalidades indispensáveis que legitimam a sua dilatação; só o
excesso de prazo não justificado autoriza a concessão de habeas
corpus (Rev. Forense, vol. 191, p. 279).
Não está comprovado, portanto, o constrangimento ilegal
em que se funda a impetração; pelo que, não é caso de concessão
de “habeas corpus”.
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Como a parte final deste meu voto argui o sentido de elogio
a um membro da ínclita profissão, proponho se envie cópia desta
decisão e da petição inicial ao Excelentíssimo Senhor Presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo.
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Carlos Biasotti
Relator
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