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As novas ameaças a agricultura brasileira e o relato de Amaranthus palmeri


(caruru) resistente ao herbicida glyphosate no Brasil. E agora José?

Conference Paper · September 2015

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Roberto Toledo
University of São Paulo
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As novas ameaças a agricultura brasileira e o relato de Amaranthus palmeri (caruru)
resistente ao herbicida glyphosate no Brasil. E agora José?

Nos últimos meses, especialistas estão discutindo as novas ameaças e os respectivos riscos
a agricultura brasileira. Dentro deste contexto, os esforços envolvendo as diferentes áreas
do setor agrícola são crescentes e tem apresentado resultados interessantes, desde a
discussão da importância da defesa fitossanitária no Brasil até a priorização na análise
dos processos de registro de novos agroquímicos.

O foco é identificar quais são estas ameaças, definir medidas preventivas e apontar
possíveis caminhos para a mitigação desses problemas com a implementação de práticas
de manejo integrado dessas novas pragas, doenças e plantas daninhas, que já causam
prejuízos aos produtores rurais em outros países e que estão sendo detectadas em várias
regiões do Brasil.

Dentre as ameaças, vários pesquisadores da Embrapa Soja e de outras Instituições


Oficiais e Privadas de Ensino e Pesquisa ressaltam as que mais tem preocupado até o
momento pelo fato de já terem sido identificadas no Brasil como:

1) A Mosca-da-haste-da-soja (Melanagromyza sp.) foi detectada nos Estados do Rio


Grande do Sul e do Paraná em julho deste ano em áreas com soja safrinha (segunda safra)
e com soja voluntária (tiguera ou guaxa).

Apesar de ainda ser considerada como uma praga esporádica e associada a soja tardia no
Brasil, pesquisadores da Embrapa Soja ressaltam a necessidade de maior atenção e de
monitoramento, pois a área de soja de safrinha ou de segunda safra tem aumentado e
nestes Estados ainda não há a obrigação de se realizar o vazio sanitário.
Além disso, o potencial de danos da mosca-da-haste-da-soja são significativos, pois na
Austrália a praga vem ocasionando perdas de até 30% na produção de soja e pelo fato de
já estar presente na Argentina e Paraguai.

Estes países preocupados com os danos desta praga, já estão pesquisando diferentes
agroquímicos para controlá-la, visto que a legislação local permite a realização de
pesquisas e registro de maneira mais simples e rápida, quando comparada ao Brasil.

Por outro lado, no Brasil este processo de desenvolvimento e registro de novos produtos
deverá ser um pouco mais lento, apesar dos esforços do MAPA em definir e estabelecer
critérios de priorização na análise do processo.

2) A Helicoverpa punctigera, lagarta do mesmo gênero da Helicoverpa armigera e tão


agressiva quanto a H. armigera que tem causado prejuízos significativos aos produtores
brasileiros, ao redor de bilhões U$. Há suspeitas da presença de Helicoverpa punctigera
em áreas do Norte e Nordeste do Brasil, e que os possíveis danos poderiam ser na ordem
de até 16 sacas de soja, 54 sacas de milho e de 76 sacas de algodão por hectare.

3) O Amaranthus palmeri que é uma espécie de caruru exótica, emque algumas vezes é
denominado de "caruru-do-diabo" pois é extremamente agressiva podendo reduzir a
produtividade de soja e de algodão em até 80% e, do milho em até 91%.

Além disso, é "caruru-do-diabo" é uma planta daninha de difícil controle que nas áreas
agrícolas dos EUA, principalmente em áreas de algodão nas quais foram detectadas
populações com resistência simples aos diversos herbicidas com diferentes mecanismos de
ação (MoA), como inibidores da EPSPS (glyphosate), inibidores de fotossíntese (FSII), da
enzima ALS, inibidores da HPPD e de inibidores de divisão celular, e até com resitência
múltipa aos herbicidas glyphosate e inibidores da ALS, sendo considerada uma das
maiores ameaças a agricultura.

O A. palmeri ("caruru-do-diabo") resistente confirmada ao herbicida glyphosate e com


suspeita de resistência aos herbicidas inibidores da ALS foi relatado no Brasil em áreas
agrícolas no Estado do Mato Grosso durante atividades de um projeto de extensão (2014-
15), realizado pelo Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) em parceria com a
UNIVAG e UFMT e com apoio financeiro do IBA, que monitora a ocorrência de plantas
daninhas resistentes à herbicidas na cultura do algodão.

O excelente trabalho que foi realizado pelos pesquisadores Édson R. Andrade Jr. (IMAmt),
Anderson L. Cavenaghi (UNIVAG), Sebastião Carneiro Guimarães (UFMT) e Saul J.P.
Carvalho (Instituto Federal do Sul de Minas - Machado) nos traz informações importantes
sobre a biologia dessa planta daninhas e algumas propostas de alternativas de manejo. A
circular técnica que reporta o caso pode ser ser acessado pelo link: http://www.hrac-
br.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2015/06/CircularTecnica19IMAmt.pdf.

E agora José? No caso do A. palmeri (caruru) resistente ao glyphosate no Brasil, é


mandatório a implementação imediata de um Programa de Tolerância Zero, a exemplo do
que está sendo realizado nos EUA em determinadas regiões, nas quais em resumo todos os
esforços consistem em eliminar qualquer planta ou foco de A. palmeri da área a qualquer
custo.

No Brasil, a Tolerância Zero deve contemplar desde a adoção de medidas de prevenção,


visando impedir a dispersão de sementes ou de plantas de "caruru-do-diabo" das fazendas
já infestadas para outras áreas agrícolas, monitoramento e isolamento das áreas com
histórico de infestação, a definição de protocolos específicos e total controle das ações de
pesquisa e desenvolvimento das diferentes instituições oficiais e privadas e a execução de
estratégias de manejo integrado envolvendo práticas como:

1. Estudo e implementação dos conceitos de Matologia:

 (a) identificação dos focos de infestação e quais são as diferentes espécies de


caruru presentes na área, como A. palmeri, A. hybridus, A. retroflexus, A. deflexus,
A. viridis e outras e os níveis de suscetibilidade aos diferentes herbicidas. Há
trabalhos científicos que relatam a possibilidade de fluxo gênico e o cruzamento do
A. palmeri com outras espécies de caruru, podendo aumentar assim o risco de
infestações e a disseminação de populações de caruru com diferentes níveis de
suscetibilidade, tolerância respostas de tolerância e até de resistência ao
glyphosate e a outros herbicidas, como os inibidores da ALS e de outros MoA;
 (b) o nível de infestação, a distribuição dessas plantas daninhas na área, para a
definição do (s) herbicida (s) a serem usado (s), o número de aplicações, das doses,
do momento correto de aplicação em pré-emegência e na pós-emergência (estádio
inicial do desenvolvimento vegetativo), bem como a tecnologia de aplicação;
 (c) o histórico dos herbicidas e as respectivas doses que foram utilizadas na área
nos últimos anos, buscando assim repetir os casos de sucesso e reduzir os erros
cometidos nos anos anteriores.

2. Estudo do ambiente de produção:

 (a) classificação do solo quanto a estrutura, textura, fertilidade e manejo;

 (b) identificação e rotação das culturas, variedades e dos "traits" presentes nas
áreas agrícolas, verificando a sensibilidade ou tolerância aos herbicidas (MoA)
que poderão ser aplicados nos diferentes sistemas produtivos;

 (c) análise e utilização de potenciais coberturas de solo, visando reduzir o banco


de sementes de plantas daninhas no solo, a exemplo do trigo que vem-se
trabalhando como cobertura de inverno para manejo de buva resistente ao
herbicida glyphosate.

 (d) condições climáticas, incluindo regime e distribuição de chuvas.

3. Seleção de herbicidas, doses e momentos de aplicação:


 (a) em função do histórico e das características físico-químicas e dos MoA dos
herbicidas, as culturas, variedades e traits utilizados, bem como possíveis efeitos de
carry over para culturas subsequentes ou em rotação;
 (b) seletividade, flexibilidade de uso, amplo espectro de controle, o uso de pré-
emergentes com residual e associações com herbicidas pós-emergentes com
diferentes MoA em aplicações em estádios iniciais de desenvolvimento vegetativo;
 (c) performance em áreas de plantio direto e/ou em coberturas vegetais (passagem
e residual na palha);
 (d) custo-benefífico.

4. Planejamento:

 (a) desenvolvimento de pessoas com bom nível de conhecimento quanto a biologia e


manejo de plantas daninhas, bem como treinamento contínuo
 (b) disponibilidade de máquinas em bom estado de conservação e manutenção,
além de perfeita limpeza visando a isenção de sementes de caruru e de outras
plantas daninhas, solo e restos culturais;
 (c) tecnologia de aplicação;
 (d) custos e outros fatores.

Dentre as ações, recomenda-se ainda realizar a implementação de ações governamentais


com barreiras fitossanitárias visando a prevenção, a definição de critérios e controle para
a realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento e a priorização de registros de
novos agroquímicos ou de extensão de uso dos herbicidas já registrados para outras
culturas com o objetivo de mitigar o problema.

Em resumo, estudos na área de biologia e manejo de pragas, doenças (patógenos) e de


plantas daninhas, bem como os possíveis reflexos destes manejos no sistema produtivo e na
agricultura brasileira são necessários e estão cada vez mais importantes.

Portanto, novamente ressalta-se que é Mantatório fomentar com simplicidade e agilidade


uma maior interação entre ás áreas do Governo (MAPA, ANVISA e IBAMA e Defesa
Fitossanitária) e as áreas de P&D das Empresas de Agroquímicos, bem como Instituições
Oficiais e Privadas de Ensino, Pesquisa e Extensão, Cooperativas Agrícolas, Revendas,
Distribuidores e os produtores rurais, visando promover a prevenção e mitigação dos
problemas de novas pragas, patógenos e de plantas daninhas resistentes nas culturas de
soja, milho, algodão e outras.

A definição e execução de estratégias de manejo integrado dessas ameaças como pragas,


patógenos (doenças) e as plantas daninhas resistentes de forma assertiva irá promover o
desenvolvimento de uma agricultura competitiva e sustentável, podendo no futuro
contribuir para atender as demandas de alimento em função do elevado crescimento
populacional e a expectativa de 9 bilhões de habitantes para 2025-2050.

Obrigado,

Roberto Toledo.

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