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PROCESSO Nº TST-RR-884-05.2010.5.05.

0005

A C Ó R D Ã O
(8ª Turma)
GMMEA/np/ccs  

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO


DE REVISTA - PROCESSO ELETRÔNICO –
DANO MORAL. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO. CANCELAMENTO DO PLANO DE
SAÚDE. Constatada divergência
jurisprudencial, merece provimento o
Agravo de Instrumento para
determinar-se o processamento do
Recurso de Revista. Agravo de
Instrumento conhecido e provido.
II – RECURSO DE REVISTA - PROCESSO
ELETRÔNICO – DANO MORAL. SUSPENSÃO DO
CONTRATO DE TRABALHO. CANCELAMENTO DO
PLANO DE SAÚDE. O cancelamento do
plano de saúde da Reclamante no
momento em que mais necessitava dele
deixou evidente a configuração do
dano moral. Precedentes. Recurso de
Revista conhecido e provido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Recurso   de   Revista   n°  TST­RR­884­05.2010.5.05.0005,   em   que   é
Recorrente  ELISSANDRA   DOS   SANTOS   MACEDO  e   são   Recorridos  TODACASA
MÓVEIS LTDA. E OUTROS.

A Reclamante interpõe Agravo de Instrumento às


fls. 487/499, contra o despacho de fls.481/482, que negou seguimento
ao seu Recurso de Revista.
Contraminuta às fls. 511/515.
Dispensada a remessa dos autos ao Ministério
Público do Trabalho, nos termos do Regimento Interno do TST.
É o relatório.

V O T O

1 - CONHECIMENTO
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da Lei nº 11.419/2006, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
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O   Agravo   de   Instrumento   é   tempestivo   (despacho


denegatório publicado em 07/08/2012, fls. 483), foi apresentado em
10/08/2012 (fls. 487), está subscrito por procurador habilitado nos
autos (procuração às fls. 23), inexigível o preparo.
Preenchidos, portanto, os pressupostos extrínsecos
de admissibilidade, conheço do presente Agravo de Instrumento.

2 – MÉRITO

DANO MORAL. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.


CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE

O Regional denegou seguimento ao Recurso de


Revista com base nas Súmulas 23, 126 e 221, I, do TST.
A Reclamante sustenta que tem direito à
indenização por dano moral, pois a Reclamada cancelou seu plano de
saúde indevidamente após ela ter sido afastada do trabalho em
decorrência de um acidente sofrido no ambiente de trabalho, quando
passou a receber auxílio-doença. Aduz que não há necessidade de
provar o prejuízo sofrido, pois o simples fato de o cancelamento ter
ocorrido quando estava em gozo de auxílio-doença já caracteriza ato
ilícito. Transcreve arestos para comprovação de divergência
jurisprudencial.
Com razão.
O Regional, por meio do acórdão de fls. 457/460,
consignou:

"O recurso do reclamado investe contra a sentença que julgou


procedente o pedido de danos morais em decorrência do cancelamento do
plano de saúde. Alega o recorrente que não há o que se falar em danos
morais, por absoluta falta de provas do prejuízo sofrido, já que a recorrida
não provou ter sofrido qualquer ‘dor moral’ como lhe incumbia (Actori
incubit jus probandi).
Prossegue afirmando que a ilustre Magistrada sentenciante indeferiu
os danos materiais por falta de prova, todavia, incoerentemente, deferiu o
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dano moral de forma subjetiva, já que não preenchidos os requisitos para o


recebimento do dano moral.
A reclamante, por sua vez, alega na inicial que o cancelamento do
plano agravou o seu processo depressivo, seja pelos prejuízos causados
pelos gastos com o tratamento ou mesmo pelo sofrimento resultante da
exclusão funcional e do sentimento de desvalia.
A autora, em contrarrazões, afirma que exigir prova da dor
psicológica da recorrida é fugir da razoabilidade e bom senso, haja vista
que é um sofrimento impossível de se quantificar, estando patente o
prejuízo pelo simples cancelamento do plano de saúde.
Entendeu a d. Juíza sentenciante que: ‘O cancelamento do plano de
saúde da reclamante no curso da suspensão do seu contrato de trabalho por
motivo de doença, sem qualquer providência no sentido de proporcionar à
autora, por qualquer meio, a assistência médica da qual dispunha e de que
tanto necessita, constituí ato ilícito do empregador e causador de violação a
direito da personalidade da empregada, que enseja reparação pecuniária.
Defiro a indenização para reparação dos danos morais, que ora fixo no
valor de R$10.000,00(dez mil reais), considerando a gravidade do dano -
período médio de suspensão do plano-, a capacidade econômica do agente,
o padrão salarial da autora e o caráter punitivo da condenação.’
Os efeitos da suspensão do contrato de trabalho em virtude de
acidente do trabalho se relacionam diretamente àqueles decorrentes da
própria prestação de serviços, a exemplo de pagamento de salários,
contagem do tempo de serviço, etc.
Depreende-se, portanto, que não obstante a ausência da prestação de
serviços pela empregada, o vínculo de emprego entre os litigantes
permanece intacto. Logo, correto o juiz sentenciante que concedeu ao à
Trabalhadora o direito de acesso ao plano de saúde mantido pelo
empregador, já que este não decorre da prestação do trabalho, mas sim da
relação de emprego mantida entre as partes.
Contudo, não ficou evidenciado nos autos mácula aos direitos da
personalidade da autora apta a ensejar o pagamento de danos morais.
Com efeito, para que se imponha a condenação por danos morais é
necessária a verificação inequívoca dos seguintes requisitos: comprovação
da materialidade do ato do empregador; prejuízo manifesto por parte do
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empregado; e nexo de causalidade entre o ato e o prejuízo sofrido, que não


restaram configurados na hipótese.
O desligamento da Autora do plano de saúde no momento em que se
encontra doente gera, sem dúvida, danos a reclamante. Mas, para que este
fato enseje condenação da empresa em pagamento de indenização por dano
moral, necessário estar provado o ato ilícito ou abuso do exercício de
direito, capaz de afetar a intimidade, a vida, a honra ou a imagem da vítima,
o que não foi robustamente provado pela reclamante.
Saliento que não podemos, neste caso, afirmar categoricamente que o
ato da empresa enseja dano moral à trabalhadora, eis que há na doutrina e
jurisprudência quem entenda que pode haver a suspensão do plano de saúde
quando afastada dos serviços, não sendo assim de entendimento unânime
sequer o fato em si, quanto mais sua conseqüência, o dano presumível."
(g.n.)

O entendimento adotado pelo Regional é no sentido


de que, apesar de o cancelamento do plano de saúde pela Reclamada
ser indevido, por ser direito da Reclamante que ele fosse mantido
durante seu afastamento, esta não faz jus à indenização por dano
moral por não ter ficado robustamente provados nos autos que a
Reclamada tenha cometido ato ilícito ou abuso de direito que tenha
afetado a intimidade, vida, honra ou imagem da Reclamante.
O apelo habilita-se ao conhecimento, tendo em
vista a especificidade do aresto de fls. 469, proveniente do TRT da
6ª Região, que adota a tese no sentido de que, sendo incontroversa a
supressão do plano de saúde da reclamante quando suspenso o contrato
de trabalho (auxílio-doença), impõe-se a condenação por danos
morais.
Portanto, evidenciada divergência jurisprudencial,
dá-se provimento ao Agravo de Instrumento para determinar o
processamento do Recurso de Revista e publicação da certidão, para
efeito de intimação das partes, dela constando que o julgamento do
recurso dar-se-á na primeira sessão ordinária subsequente à data da
publicação, nos termos da Resolução Administrativa 928/2003 do TST.

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II - RECURSO DE REVISTA

O Recurso de Revista é tempestivo (acórdão


regional publicado em 03/07/2012, considerando o teor de fls. 461 e
a Resolução Administrativa às fls. 471/475), foi protocolado em
11/07/2012 (fls. 465), está subscrito por procurador habilitado nos
autos (procuração às fls. 23), inexigível o preparo.

a) Conhecimento

DANO MORAL. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.


CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE

Conforme assentado no exame do Agravo de


Instrumento, a Recorrente logrou demonstrar divergência
jurisprudencial.
Desse   modo,   conheço   do   Recurso   de   Revista   por
divergência jurisprudencial.

b) Mérito

DANO MORAL. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO.


CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE

Cinge-se a controvérsia em definir se a suspensão


do plano de saúde em virtude do empregado estar afastado, com
percepção de auxílio-doença, acarreta dano moral.
O procedimento da Reclamada em cancelar o plano de
saúde caracteriza ato ilícito, a teor do artigo 186 do Código Civil,
e como tal deve ser reparado, nos exatos termos do art. 5º, X, da
Constituição Federal.
A Reclamada não estava autorizada a cancelar o
plano de saúde da Reclamante, tendo esta ficado desamparada, sem
assistência médica, justamente no momento de maior necessidade de
serviços médicos e hospitalares.
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Nesse sentido, a Súmula 440 do TST, segundo a qual


"assegura-se o direito à manutenção de plano de saúde ou de
assistência médica oferecido pela empresa ao empregado, não obstante
suspenso o contrato de trabalho em virtude de auxílio-doença
acidentário ou de aposentadoria por invalidez".
É impossível negar a ocorrência de angústia e
abalo moral experimentados pela Reclamante, não havendo falar em
necessidade de prova do dano moral.
Nesse sentido, citam-se os seguintes precedentes
desta Corte:

"RECURSO DE REVISTA. PROCESSO ELETRÔNICO -


CANCELAMENTO DE PLANO DE SAÚDE. AUXÍLIO-DOENÇA.
DANOS MORAIS E MATERIAIS. O cancelamento do plano de saúde da
Reclamante no momento em que mais necessitava dele deixou evidente a
configuração do dano moral. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e
provido." (TST- RR - 1906-95.2012.5.02.0463, 8ª Turma, Rel. Min. Márcio
Eurico Vitral Amaro, DEJT 24/06/2014)

"RECURSO DE REVISTA. 1 - DANO MORAL.


CANCELAMENTO PLANO DE SAÚDE. A ocorrência do dano moral
implica a aferição de violação de algum dos valores morais da pessoa
humana, como a honra, a imagem, o nome, a intimidade e a privacidade,
que englobam os chamados direitos da personalidade. Constatada a ofensa,
o dano se presume, pois é ínsito à própria natureza humana (dano in re
ipsa). Ademais, o agravo ocorre no plano imaterial, sendo essa a
característica fundamental que difere o dano moral do dano material. E,
exatamente por ser intangível, não se exige a prova da dor, do
constrangimento, da aflição, uma vez que o ato ilícito em si faz gerar,
inexoravelmente, a ofensa de ordem moral do indivíduo. Nesse passo, o
dano moral é aquele que atinge os direitos da personalidade, destituídos de
cunho econômico, causando efeitos no íntimo do indivíduo, tal qual no
presente caso, em que a conduta do empregador, referente à supressão do
plano de saúde após a aposentadoria por invalidez do empregado,
consubstancia alteração contratual unilateral lesiva e, consequentemente,
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constitui ato capaz de ensejar o pagamento de indenização por danos


morais. Não há dúvida que a aludida conduta não só expõe o trabalhador a
situação de desamparo, conforme consignado no acórdão regional, como
também causa-lhe dor e angústia. Por corolário, configura evento danoso à
moral do autor. Recurso de revista não conhecido. (...)" (TST-RR - 965400-
75.2004.5.09.0015, 7ª Turma, Rel.ª Min.ª Delaíde Miranda Arantes, DEJT
de 17/05/2013)

"RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. CANCELAMENTO DE PLANO DE SAÚDE. BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. A supressão
do plano de saúde garantido aos demais funcionários justamente no
momento em que o empregado se encontra afastado, em aposentadoria por
invalidez, momento em que mais necessita do benefício, acarreta
sentimento de angústia, pois inviabiliza os meios para tratar da sua saúde, a
denotar ato ilícito do empregador, a ser reparado. Recurso de revista
conhecido e provido." (TST-RR - 1970-07.2010.5.04.0662, 6ª Turma, Rel.
Min. Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT de 14/12/2012)

"(...) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM FACE DO


CANCELAMENTO DO PLANO DE SAÚDE. Verifica-se a ocorrência dos
requisitos configuradores da responsabilização civil, na medida em que a
reclamante teve seu plano de saúde cancelado quando mais precisou, pois
se encontrava afastada do trabalho por doença, com graves problemas de
saúde. A supressão dos benefícios do plano de saúde violou os direitos da
personalidade da autora e configurou conduta ilícita e causadora de dano
moral. Intacto, pois, o artigo 5º, incisos V e X, da Constituição Federal,
nessas circunstâncias. Divergência jurisprudencial inapta ao cotejo de teses.
Recurso de revista não conhecido." (TST-RR- 283500-41.2004.5.02.0201,
2ª Turma, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, DEJT de 16/11/2012)

Assim, dou provimento ao apelo para, reformando o


acórdão regional, restabelecer a sentença, no particular.

ISTO POSTO
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ACORDAM os Ministros da Oitava Turma do Tribunal


Superior do Trabalho, por unanimidade: I - dar provimento ao Agravo
de Instrumento para mandar processar o Recurso de Revista e
determinar seja publicada certidão, para efeito de intimação das
partes, dela constando que o julgamento do recurso dar-se-á na
primeira sessão ordinária subsequente à data da publicação, nos
termos da Resolução Administrativa 928/2003 do TST; II – conhecer do
Recurso de Revista, por divergência jurisprudencial, e, no mérito,
dar-lhe provimento para restabelecer a sentença, no particular.

Brasília, 10 de setembro de 2014.

Firmado por assinatura digital (Lei nº 11.419/2006)


MÁRCIO EURICO VITRAL AMARO
Ministro Relator

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