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CINEMA NORTE-AMERICANO:
uma análise das obras de ficção científica das décadas de 70 a 90
RESUMO:
O trabalho apresentado trata-se do relatório inicial de uma pesquisa sobre os
estereótipos que compõem a imagem do cientista nos filmes de ficção científica norte-
americanos, das décadas de 70, 80 e 90, com o objetivo de identificá-los, classificá-los e
analisar a relação da ciência no imaginário da opinião pública. Através da primeira
avaliação pode-se constatar que as produções cinematográficas apresentam estereótipos
em relação ao cientista, características que são absorvidas pela opinião pública e
fielmente disseminada na sociedade. Os filmes em sua maioria apresentam idéias de que
os cientistas são pessoas frias, calculistas, arrogantes, inconseqüentes e ambiciosas, que
passam por todos os valores sociais para adquirir notoriedade.
No primeiro contato com as produções foi realizada uma leitura superficial, assim
ao assistir os filmes termina-se com as impressões descritas:
Filme: Apex
Produzido em: 1993
Características do Cientista Sinopse do Filme
Um cientista que vive em 2073 tem a função de enviar ao
- Bom passado robôs que eliminem todo tipo de vírus que existiu,
- Corajoso mas durante o processo ocorre um erro que o transporta ao
- Determinado passado. Lá “vivendo” ele tenta mudar curso da história para
assim, salvar o planeta.
Filme: A Experiência
Produzido em: 1995
Características do Cientista Sinopse do Filme
Filme: Esfera
Produzido em: 1998
Características do Cientista Sinopse do Filme
Vida alienigena no fundo do mar invade os pensamentos de
- Ambicioso um cientista, transformando em realidade todos os seus
- Competidor sonhos, sentimentos, sensaçòes e medos, o que acaba
transformando em realidade uma destas sensações.
Essa primeira leitura dos filmes, deixa evidente que os cientistas são
caracterizados como pessoas ambiciosas, inconseqüentes, e determinadas em fazer
experiências que lhes concedam notoriedade e poder sobre a humanidade,
desconsiderando aspectos sociais, científicos, éticos e morais para a realização de seus
desejos.
As produções cinematográficas de ficção científica trabalham com a idéia de que
o pesquisador vive em um laboratório, alienado em seus estudos e criações, deixando o
convívio social em segundo plano, pois a única intenção é obter êxito no trabalho
desenvolvido. Essa “realidade” transmitida pela tela seria interessante e até ingênua, se
tais produções não tivessem o poder de agregar ao imaginário coletivo, as imagens
estereotipadas. No momento em que o telespectador assiste a um filme seu inconsciente
trabalha assimilando todas as informações adquiridas, sem o poder de discernir o certo
do errado, o verdadeiro do fictício, assim segundo Gérard Betton “o espectador
relaciona diretamente a si as imagens da tela, podendo assim identificar-se às
personagens e às instituições nas quais estão envolvidas”, em conseqüência,
descaracterizando o verdadeiro papel do cientista na construção do conhecimento, no
uso de novas tecnologias, em pesquisas científicas, logo, no desenvolvimento da nação.
Através destes filmes pode-se criar algumas categorias de características
constantes na produção dos filmes norte-americanos, nos quais sempre estará presente
um personagem com os seguintes traços:
- O cientista maluco – aquele que inventa produtos inúteis e/ ou descabidos; não
tendo local de trabalho estruturado; é desequilibrado emocionalmente; com
conhecimentos não aplicáveis e desordenados;
- O cientista ambicioso/inconseqüente – aquele que busca a fama e o reconhecimento
da sociedade científica através de pesquisas e experiências extraordinárias
(benéficas ou maléficas); desprovido de sentimentos; alta tecnologia à disposição
da pesquisa;
- O cientista estudioso – que vive num laboratório; não tem família e/ou amigos; vive
para a pesquisa; age em prol do benefício da sociedade;
Esse personagem apresentado por Hollywood causa uma ruptura com a realidade
do cientista enquanto profissional e cidadão., que são “peças” fundamentais ao
desenvolvimento humano, como afirma Donald Braben , em sua obra Ser cientista- O
Espírito de aventura em Ciência e Tecnologia, “a ciência e a tecnologia realmente
contribuíram bastante para a expansão da cultura e assim, para uma consciência cada
vezes maior de nós mesmos” o que acaba sendo banalizado pela imagem que é vendida
pelo cinema.
J.F. Regis de Morais também aborda a questão da imagem do cientista na
sociedade, ele garante que a falta de conhecimento sobre o real processo de produção
científica faz com que as pessoas aceitem os estereótipos que lhe são oferecidos pelo
cinema “(...) até hoje, quando a divulgação científica vai atingindo seu auge, é comum
em filmes cinematográficos, os cientistas serem apresentados como vultos milagrosos,
abnegados ou diabólicos, apóstolos que vivem trancados numa sala esquisita, onde
sons desconhecidos se misturam com luzes várias dos painéis indecifráveis’.
Essa é a atual situação do cientista no meio social, o que deve ser revertido,
trazendo á tona o reconhecimento que este pesquisador merece, como diz Boaventura de
Souza Santos, no livro Introdução a uma Ciência Pós Moderna “ é necessário que o
senso comum, o conhecimentos vulgar, a sociologia espontânea e todas as opinões de
conhecimento falso dêem lugar ao conhecimento científico, racional e válido”.
Para tanto esta pesquisa irá a fundo nas definições da opinião pública e do próprio
meio cientifico para investigar e disseminar os conhecimentos realmente relevantes.