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Ergonomia

Posturas de Trabalho

Informação relativa a Posturas de trabalho incorrectas - riscos para a segurança e saúde


dos trabalhadores e respectivas medidas de prevenção

Movimentação Manual de Cargas


Informação relativa a Movimentação Manual de Cargas - riscos para a segurança e
saúde dos trabalhadores e respectivas medidas de prevenção

Esforços Repetitivos
Informação relativa a Esforços Repetitivos - riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores e respectivas medidas de prevenção

Posturas de trabalho incorrectas – Introdução

A postura pode ser considerada como a posição relativa dos vários elementos do corpo de um
indivíduo em relação ao tipo de actividades que desenvolve.
As posturas adoptadas no desenrolar das tarefas (especialmente aquelas que envolvem grandes
pesos) constituem a principal causa de problemas de coluna. Isto acontece porque na maioria
dos casos, aquando do levantamento e transporte de cargas, os trabalhadores mantêm as
pernas rectas e “dobram” a coluna vertebral.
Pode ainda ocorrer outra situação ou movimento perigoso. A rotação excessiva do tronco,
aquando da movimentação, levantamento ou abaixamento da carga.
O corpo humano nunca adopta posturas perfeitamente estáticas – como corpo vivo que é, realiza
reajustamentos constantes que lhe permitem a manutenção de uma determinada postura
corporal.
A postura corporal poder-se-á então definir como sendo a capacidade que um determinado corpo
possui, para manter um certo alinhamento intersegmental (entre os diversos segmentos
corporais) sem consequências nocivas para a saúde ou segurança.

A postura corporal normalmente envolve duas variáveis distintas:


1. As características anatómicas e fisiológicas do indivíduo;
2. Tipo de actividade.

As posturas incorrectas resultam de diversos tipos de tarefas mais ou menos frequentes em


muitos sectores de actividade, desde a indústria pesada, passando pelo sector da saúde,
hotelaria, restauração, comércio e serviços.

Quando os trabalhadores executam permanentemente tarefas num posto de trabalho mal


dimensionado ou que os obrigue a adoptar posturas incorrectas, em muitos casos, começam a
surgir precocemente sintomas de fadiga física, lesões, ou outros traumatismos.
São exemplo de lesões dorso lombares: contusões, feridas, fracturas, cortes e sobretudo lesões
diversas de ordem músculo-esqueléticas.
As lesões dorso lombares podem originar hérnias discais, assim como fracturas vertebrais
devidas a esforços muito grandes associados a posturas incorrectas.
A OIT (organização internacional do trabalho) referiu que a movimentação manual de cargas
associadas às posturas inadequadas nos locais de trabalho é uma das causas mais frequentes
de acidentes de trabalho com uma percentagem de sensivelmente 20 a 25% do total dos
acidentes de trabalho.
As posturas são normalmente adoptadas em função de alguns parâmetros ou
exigências, tais como:
 Visuais;
 Precisão de movimentos;
 Força necessária para desenvolver a tarefa;
 Espaço onde actua o trabalhador;
 Ritmo de execução da tarefa.

É necessário termos sempre presente que quando se adopta uma postura ou realiza um simples
movimento, entram em acção um grande número de músculos, ligamentos e articulações em
simultâneo.
Para além das tensões musculares, alguns movimentos ou posturas incorrectos obrigam a um
dispêndio energético muscular excessivo e a uma sobrecarga pulmonar e cardíaca.
Para se analisarem e adoptarem posturas e movimentos adequados é importante o contributo de
outras áreas, tais como:

a) Fisiologia
Para entender as estruturas e as funções do corpo humano, estudaremos as ciências da
anatomia e da fisiologia. A anatomia (anatome = cortar em partes, separar) refere-se ao estudo
da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) é a ciência
que estuda a relação e funções das diferentes partes do corpo e o seu funcionamento. A função
não se pode dissociar da estrutura, por isso, a anatomia e a fisiologia têm que ser estudadas em
conjunto.

b) Antropometria
A antropometria e a ergonomia são indissociáveis. Estudam a interacção do homem com os
espaços, construções, instrumentos de controlo, utensílios e meio envolvente. A antropometria
estuda as medidas do corpo humano para posterior classificação antropológica (ex. sob a forma
de tabelas).
Os dados referentes às dimensões variam de pessoa para pessoa e de país para país. No geral,
as dimensões dos indivíduos variam também com o decorrer do tempo – variam ao longo das
diferentes idades, mas também cronologicamente (de geração para geração).
Os principais aspectos do binómio ergonomia – antropometria estão relacionados com as
medidas dos segmentos do corpo, forças musculares, posturas, movimentos e padrões motores
de manuseamento, uma vez que, interferem directamente com o conforto, a segurança e a
funcionalidade.

c) Biomecânica
Em termos de definição, é comum dividir-se a palavra biomecânica em duas partes. No prefixo
“bio”, de biologia, ou seja, relativo aos seres vivos e, mecânica. Logo, a partir da análise
morfológica da palavra, a biomecânica será a aplicação dos vários princípios da mecânica aos
seres vivos – mais concretamente ao corpo humano.
O objecto de estudo da Biomecânica é o movimento. Este estudo dos movimentos consiste na
análise da interacção do corpo, que realiza uma determinada acção, com o meio envolvente.
Com as análises e estudos realizados no âmbito da biomecânica pretende-se:
a) Aumentar a eficiência técnica dos indivíduos em diversas actividades e profissões; e
b) Diminuir a probabilidade de se verificarem lesões, do tipo crónico ou agudo, decorrentes da
actividade física realizada pelos indivíduos.

É importante que no decorrer das suas tarefas, os trabalhadores tentem manter os diferentes
músculos, ligamentos e articulações em posições confortáveis. Adicionalmente, as curvaturas
naturais da coluna devem ser “respeitadas” durante a execução do trabalho. Posturas anómalas
ou movimentos bruscos podem lesar os discos intervertebrais, as articulações, os ligamentos e
nervos, provocando dor ou outras perturbações.

Consequências das posturas incorrectas adoptadas no trabalho

Uma má postura ou postura incorrecta pode ser definida como sendo aquela que possibilita o
aparecimento de uma incapacidade, determinada dor ou patologia. É necessário ter em
consideração que os diferentes indivíduos possuem também diferentes susceptibilidades de
contrair as diferentes patologias.
A postura é determinada pelo sistema locomotor. Este é responsável pelo deslocamento e pelos
diferentes movimentos do corpo no espaço. Todo e qualquer movimento, por menor que seja,
requer a participação do sistema locomotor, mesmo em repouso ou numa posição estática.

Sintomatologia derivada das posturas e movimentos incorrectos ao longo do tempo:

Estádio 1
Sensação de peso, adormecimento (sensação de formigueiro) e desconforto em áreas
específicas. Podem ocorrer dores ocasionais, durante as actividades mais intensas (no trabalho
ou fora dele). Regra geral, este tipo de sintomas cessa após descanso de horas ou dias.

Estádio 2
Neste estágio a dor é mais persistente e localizada. Geralmente, a dor torna-se mais intensa
durante períodos de actividade mais intensos. Mesmo com períodos de descanso, a dor pode
permanecer ou reaparecer inesperadamente. Apesar disso, o quadro clínico ainda não é
considerado muito grave, exemplo: dores nos pulsos ou início de tendinites.

Estádio 3
O quadro clínico correspondente a este estádio é bastante grave. A doença pode prolongar-se
por vários meses ou até anos. Caracteriza-se pelas dores crónicas que por vezes não cessam
com o repouso ou através de medicamentos; a dor é espontânea e mais ou menos permanente.
Geralmente pode haver perturbação do sono. As dores sentidas pelos pacientes podem tornar-
se insuportáveis e provocar pontadas, choques, perdas de força, etc.

Estádio 4
Este estádio é caracterizado por dores agudas e constantes. Por vezes, as dores tornam-se
insuportáveis atingindo outras partes do corpo. Os trabalhadores perdem a força e o controlo de
determinados movimentos.

Localização das patologias no organismo humano de acordo com as diferentes posturas


inadequadas adoptadas:
Postura Localização da Patologia
Em pé Pés e pernas (varizes)
Sentado sem apoio da coluna Músculos extensores das costas
Assento alto Parte inferior das pernas (gémeos), joelhos e pés
Assento baixo Coluna vertebral e pescoço
Braços muito esticados Ombros e braços
Pegas inadequadas nas ferramentas e objectos Antebraços e mãos

Regras de boas práticas para melhorar a atitude postural (aspectos gerais):


 Fortalecimento da musculatura abdominal e dorsal através do exercício físico;
 Exercícios posturais;
 Adequação do peso atendendo ao índice de massa corporal recomendado para os
diferentes indivíduos;
 Formação e informação dos trabalhadores relativamente à movimentação manual de
cargas e tipos de movimentos adequados ao seu trabalho;
 Se necessário utilizar acessórios, como por exemplo, uma cinta de protecção lombar.

Regras de boas práticas para melhorar e corrigir determinadas posturas (diferentes


partes do corpo):
 Pés: são os principais responsáveis pela locomoção e equilíbrio do nosso organismo.
Deve procurar-se uma boa base de forma a obter-se o equilíbrio e consequentemente
maior segurança e firmeza na postura do corpo. Os trabalhadores (se possível) devem
procurar alternar entre as posições de sentados e de pé. Quando o tipo de trabalho
obrigar à permanência da posição de pé durante muito tempo, o ideal é variar a
sustentação do peso entre os dois pés, mas não de forma prolongada, para evitar fadiga
e tensão. Não se deve colocar o peso apenas sobre os calcanhares ou sobre os dedos.
 Pernas: são muito importantes para a ajudar a fixar e sustentar o corpo. As pernas
nunca sofrem um relaxamento completo. No entanto, elas devem ficar flexíveis, nunca
completamente “rígidas”, de modo a estarem constantemente prontas para o movimento.
Não se deve apoiar todo o peso do corpo somente numa perna, pois haverá uma forte
tendência para o desequilíbrio. Para ajudar a resolver a tensão nas pernas e pés,
podem-se fazer alguns exercícios, como por exemplo, pequenos alongamentos nesta
região.
 Quadris: devem estar equilibrados, evitando que um lado esteja mais elevado que o
outro. Porém, uma leve alternância ou movimentação ajuda a relaxar esta região, pois
não é desejável que esteja completamente rígida e estática.
 Abdómen: o abdómen deverá encontrar-se numa posição neutra (não deve estar
exageradamente projectado para dentro ou para fora). Devem-se evitar tensões
excessivas neste local, pois a musculatura desta região é de extrema importância para
controlar a respiração - imprescindível para o bom desempenho das tarefas.
 Costas: os trabalhadores deverão manter a coluna direita de forma não muito rígida
favorecendo a sua saúde e bom desempenho da estrutura óssea, tendões e
articulações. A manutenção de coluna numa posição vertical melhora ainda as condições
da expansão do tórax, e consequentemente, auxilia todo o processo de respiração.
Independentemente do tipo de actividades que são desenvolvidas, as costas devem
permanecer equilibradas, sem inclinações exageradas.
 Tórax: deve procurar-se manter o tórax numa posição relaxada, evitando-se assim,
qualquer contracção muscular excessiva de modo para facilitar a respiração e os
movimentos cardíacos.
 Ombros: os ombros devem estar descontraídos, isentos de fontes de tensão. Qualquer
rigidez nesta região pode comprometer a acção dos músculos do tórax e pescoço,
interferindo directamente na coluna e consequentemente na capacidade de movimentos
do trabalhador. Os ombros deverão encontrar-se numa posição neutra (nem voltados
para frente, nem para trás, nem para baixo e muito menos para cima). A rigidez local
pode comprometer toda a postura e provocar alguns distúrbios. Para se evitarem
algumas lesões (especialmente quando o trabalho envolve posturas estáticas) devem
ser feitos alguns exercícios de relaxamento para os ombros e coluna.
 Braços e Mãos: devem estar caídos livremente ao longo do corpo ou sobre a bancada
de trabalho (consoante o tipo de actividade) de forma natural e relaxada; deverão estar
tão livres quanto possível. Devem ser evitados movimentos desnecessários, como por
exemplo: colocar os braços atrás das costas, ou ainda movimentar as mãos torcendo-as.
Este tipo de movimentos causa uma grande tensão nos braços e no tórax acabando por
interferir na acção dos restantes músculos do corpo. Deve-se ter sempre o cuidado, de
manter os ombros e braços relaxados, para evitar tensões no pescoço e cabeça.

Na realidade, as mãos são essenciais em quase todos os tipos de trabalho. Desta forma há que
ter em conta ainda as seguintes recomendações:
 Reduzir ao máximo a distância entre a tarefa e o tronco do trabalhador;
 Remover obstáculos existentes na bancada/posto de trabalho que possam impossibilitar
o movimento normal das mãos dos trabalhadores no decorrer das diferentes tarefas;
 Colocar sempre os utensílios e ferramentas de trabalho numa posição bem acessível
para os trabalhadores de modo a evitar movimentos bruscos quando for necessário
alcançá-los;
 Disponibilizar aos trabalhadores ferramentas/utensílios ergonómicos e versáteis.

 Cabeça: deve estar centrada e em posição de equilíbrio (relativamente aos ombros e


coluna). O olhar do trabalhador deve fixar-se na direcção da tarefa que está a executar,
e o queixo deve estar em ângulo recto com a cabeça. Quando as pessoas “enterram” a
cabeça no tórax ou alongam o pescoço para cima, dificultam os movimentos da nuca e
pescoço, causando naturalmente tensões que se podem transmitir à coluna.

Factores de que depende a estabilidade de um corpo:


 Tamanho da base de apoio;
 Peso do corpo;
 Altura do CG (centro de gravidade) relativamente à base de apoio;
 Localização da linha de gravidade em relação aos limites da base do corpo.

Estudo do posto de trabalho e dos movimentos do trabalhador

O estudo do posto de trabalho e dos movimentos do trabalhador reveste-se de crucial


importância na medida em que se podem evitar alguns tipos de acidentes, patologias ou
doenças profissionais. Desta forma, convém ter em consideração os seguintes pontos:
 Estudar e comparar o desempenho dos trabalhadores mais produtivos com o
desempenho dos menos produtivos;
 Analisar e procurar compreender eventuais queixas apresentadas pelos trabalhadores
relativamente ao seu posto de trabalho.
 Analisar as técnicas de trabalho utilizadas à luz dos princípios fundamentais da
mecânica;
 Se possível, utilizar simulações computorizadas, no intuito de melhorar os
equipamentos, os materiais e o próprio “lay-out”.

Trabalhos realizados de pé

A posição parada de pé (parada de pé) é bastante fatigante porque exige muito trabalho estático
por parte dos músculos envolvidos para manter essa posição. O coração está sujeito a maiores
dificuldades para bombear o sangue para as diferentes extremidades do organismo. Os
indivíduos que executam trabalhos dinâmicos em pé, geralmente apresentam menores níveis de
fadiga relativamente aos que permanecem numa posição estática ou sujeitos a pouca
movimentação.
A postura bípede está intrinsecamente associada a trabalhos que exigem utilização de forças
consideráveis e ainda deslocamentos do corpo.
A manutenção desta postura implica a “utilização” constante dos músculos dorsais e do conjunto
de músculos que controlam a posição da bacia.
São várias as profissões e tipos de trabalhos que implicam a permanência dos trabalhadores em
pé, nomeadamente, linhas de montagem e embalagem de produtos, armazenamento,
metalomecânica e restauração. A permanência em pé durante períodos de tempo muito longos,
pode provocar diversas patologias, como por exemplo, dores nas costas, inflamações e inchaço
das pernas, diversos problemas de circulação sanguínea e cansaço muscular.
A seguir, apresentam-se algumas recomendações para evitar ou minorar os riscos derivados dos
trabalhos realizados em pé:
 O piso do local de trabalho deverá estar sempre limpo, desimpedido de obstáculos e
nivelado;
 Quando as características do trabalho ou tarefa especificamente obrigam o trabalhador à
permanência em pé, deve dotar-se o posto de trabalho de um tapete anti-fadiga;
 O corpo do trabalhador deve permanecer direito permitindo liberdade de movimentos;
 No horário de trabalho devem estar calendarizados pequenos intervalos ou pausas
durante as quais os trabalhadores possam descansar na posição de sentados;
 Colocação nos postos de trabalho de amparos verticais. Este tipo de apoio permitirá ao
trabalhador encostar-se ligeiramente ao longo da realização das suas tarefas e, em
simultâneo, reduzir a pressão exercida sobre as pernas e coluna vertebral (ainda que
por curtos períodos de tempo);
 O raio de acção dos movimentos executados pelos braços dos trabalhadores deve estar
próximo do seu tronco de modo a evitar que haja necessidade dos trabalhadores se
debruçarem e curvarem a coluna;
 O raio de acção das mãos deverá estar compreendido a sensivelmente entre 20 a 30 cm
do tronco.
 O calçado de trabalho reveste-se de grande importância. Este deverá ser extremamente
confortável e não possuir saltos.
 Será importante que a bancada de trabalho se possa ajustar às diferentes alturas dos
trabalhadores. Caso esta condição não se verifique (e caso haja necessidade), deve
facultar aos trabalhadores um estrado ou pedestal – para elevar o trabalhador ou a
bancada de trabalho (consoante a necessidade);
 A altura dos objectos e ferramentas deve também ser adaptada à tarefa que o
trabalhador realiza.

Quando se dimensiona a altura da bancada (superfície de trabalho) devem-se ter em


consideração os seguintes factores:

 A posição dos cotovelos relativamente à bancada de trabalho;


 Distância dos olhos à tarefa ou objecto de trabalho;
 Especificidade do tipo de trabalho ou tarefa;
 O tipo de ferramentas e utensílios utilizados;

Trabalhos realizados na posição sentado

Esta posição exige uma actividade muscular bastante intensa por parte da coluna vertebral e do
abdómen. O consumo energético nesta posição é inferior relativamente à posição de pé. A maior
parte do peso do corpo é suportado pelas nádegas e coxas. Os assentos e cadeiras devem por
isso possibilitar pequenas mudanças na postura adoptada de modo a retardar o aparecimento da
fadiga. Na posição de sentado, o peso das pernas deve ser transmitido à superfície de apoio no
solo através dos pés.
Hoje em dia são inúmeros os trabalhos que implicam o trabalho na posição sentado. Esta
posição de trabalho é normalmente adaptada em trabalhos que não necessitam de grande força
física e podem ser realizados numa área limitada (normalmente secretária, balcão ou bancada
de trabalho).

Regra geral, a posição de sentado é mais confortável e bastante menos cansativa para os
trabalhadores. No entanto, a permanência nesta posição por longos períodos de tempo também
não é benéfica para os trabalhadores, sobretudo para a coluna que sofre normalmente uma
ligeira curvatura e para as pernas que se encontram flectidas e isentas de movimento. Desta
forma, facilmente se conclui que, se possível os trabalhadores que habitualmente trabalham
sentados devem alterar de posição.
O layout, equipamento / ferramentas e mobiliário tem neste tipo de trabalhos um papel muito
importante na prevenção e minimização de riscos profissionais.
Projectos inadequados de máquinas, assentos ou bancadas de trabalho obrigam o trabalhador a
adoptar posturas inadequadas. Se estas forem mantidas ao longo do tempo, podem provocar
fortes dores localizadas em todo os conjunto de músculos solicitados na conservação dessas
posturas.
A concepção do posto de trabalho no respeitante aos trabalhos na posição de sentado, deve por
isso, obedecer a uma série de requisitos, nomeadamente:
 O trabalhador deve poder conseguir alcançar todos os objectos e ferramentas de que
necessita para executar as suas tarefas (do inicio até ao fim do ciclo de produção) sem
ter que efectuar movimentos bruscos ou efectuar grandes extensões dos braços ou
mãos;
 Os trabalhadores deverão adoptar uma posição que permita que a coluna vertebral se
mantenha numa posição recta relativamente às coxas;
 A mesa (bancada ou superfície de trabalho) deve ser concebida de modo a estar mais
ou menos nivelada pelos cotovelos e antebraços, de modo a evitar pressões
desnecessárias;
 Caso haja necessidade de utilização de electricidade, a mesa ou bancada de trabalho
devem possuir tomadas de modo a evitar a passagem de fios através do chão;
 A posição da cabeça deve ser neutra - erecta (a flexão ou extensão podem provocar
diversas lesões no pescoço, cabeça e coluna) enquanto o trabalhador está a olhar para
a tarefa que realiza;
 Os ombros não devem estar sujeitos a pressões;
 A cadeira deverá ser bastante confortável. Deverá permitir a regulação dos apoios dos
braços, costas e assento.
 Deve evitar-se uma postura incorrecta muito comum, ou seja, o deslizamento anterior da
bacia, que provoca uma curvatura na coluna, e consequentemente, aumento da tensão
nos ligamentos espinais posteriores.
 Evitar a concentração de pressões excessivas causadoras de desconforto nas zonas
apoiadas nas cadeiras (coluna vertebral, nádegas e coxas) – estas podem provocar
dificuldades ao fluxo sanguíneo e contracções musculares.

Movimentação Manual de Cargas


Introdução

A Directiva 90/269/CEE estabelece as prescrições mínimas de segurança e de saúde


respeitantes à movimentação manual de cargas que comportem riscos, nomeadamente dorso-
lombares, para os trabalhadores. Foi transcrita para o direito português, através do DL 330/93 de
25 de Setembro.
A “movimentação manual de cargas” pode ser definida como sendo: qualquer operação de
transporte ou sustentação de uma carga que, devido às suas características ou a condições
ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores.

A movimentação manual de cargas está intrinsecamente associada a todos os sectores de


actividade (desde as PME às grandes empresas) no entanto, há alguns onde assume um papel
de destaque, como por exemplo: armazenamento, metalomecânica, indústria têxtil, construção
civil, etc.
A movimentação manual de cargas pressupõe a utilização do corpo do trabalhador como próprio
“instrumento” de trabalho.
A movimentação manual de cargas é uma actividade susceptível de envolver vários riscos não
só adjacentes ao trabalho físico desenvolvido pelo trabalhador para movimentar as cargas, mas
também relacionados com a própria composição dessas mesmas cargas – muitas vezes
constituídas por diversificados materiais, nem sempre completamente inócuos.
Em termos biomecânicos, no processo de movimentação de cargas, o peso dos segmentos
corporais juntamente com a carga transportada correspondem à resistência e a força muscular
exercida para realizar o trabalho corresponde à força de potência.
Os trabalhos de transporte manual impõem a existência de uma carga estática a diversos
músculos das goteiras verticais.
Desta forma, os vasos sanguíneos são comprimidos em consequência da contracção dos
músculos pelo, o fluxo sanguíneo fica reduzido, com a correspondente falta de oxigénio para a
combustão do açúcar muscular.
Acontece, também, que na contracção muscular repetida ou duradoura a evacuação de produtos
ácidos do metabolismo, faz-se devido à compressão quase permanente dos vasos, com alguma
dificuldade. Esta dificuldade traduz-se posteriormente no aparecimento da sensação de fadiga.
Esta, por sua vez, pode desencadear uma redução nos reflexos dos trabalhadores, o que pode
estar na origem de alguns acidentes ou incidentes.

Consequências para a segurança e saúde, resultantes do desrespeito pelos princípios


ergonómicos na movimentação manual de cargas

Cerca de 25% de todas as lesões que ocorrem na indústria estão directamente relacionadas com
o levantamento, transporte e deslocação de materiais.
Dores nas costas, hérnias, lesões nos pés e mãos são consequências normais dos
levantamentos que estão para além da capacidade física dos trabalhadores ou ainda da
aplicação de métodos de trabalho impróprios.

Podem surgir ainda os seguintes problemas ou complicações:

 Aumento do número de acidentes e incidentes;


 Aumento do absentismo;
 Elevada incidência de traumatismos músculo-esqueléticos;
 Aparecimento de patologias, nomeadamente:
 Hérnias discais – uma hérnia discal consiste numa ruptura parcial do disco
intervertebral (a substância mole do seu interior escapa-se através de uma área débil da
camada exterior, que é dura), para fora do espaço entre as vértebras, podendo assim
exercer um efeito de compressão sobre as raízes nervosas adjacentes, provocando dor.
Geralmente, as hérnias discais surgem na zona inferior das costas (coluna lombar) e
costumam afectar somente uma perna. As hérnias discais na zona lombar costumam
também provocar debilidade nas pernas e, por isso, a pessoa pode ter muita dificuldade
em levantar a parte anterior do pé (pé pendente). Uma hérnia discal de grande dimensão
localizada no centro da coluna costuma afectar os nervos que controlam a função
intestinal e da bexiga urinária, alterando a capacidade de defecar ou de urinar.
 Lumbagos - situação dolorosa da região lombar
ocorrida após um esforço brusco. É muitas vezes considerada como a consequência do
deslocamento do núcleo do disco inter-vertebral. Trata-se do segundo estádio de
gravidade: à lombalgia junta-se uma noção de esforço deslocante assim como uma
noção de blocagem lombar, desencadeando uma atitude anti-dor (geralmente uma
inclinação para a frente).
 Ciática – regra geral, a dor ciática é caracterizada pelo
facto de ser muito intensa. Está situada ao longo do trajecto do nervo ciático e suas
ramificações. Encontra-se portanto, por trás da coxa, depois atrás da rótula ou sobre o
seu lado externo. A sua origem está na agressão do nervo ciático, geralmente por uma
hérnia do disco intervertebral, quer entre a 4ª e a 5ª vértebras lombares, quer entre a 5ª
lombar e a 1ª vértebra sagrada.
 Distracção e fadiga que podem desencadear vários erros. Isto acontece especialmente
quando para além da incumbência de movimentação manual de cargas os trabalhadores
também são solicitados para realizarem operações de comando de máquinas;

Regras de boas práticas


Quando numa empresa existe um ou mais trabalhadores responsáveis pela movimentação
manual de cargas, é necessário tomar algumas medidas, no intuito de salvaguardar a segurança
e saúde dos trabalhadores.
Assim sendo, é necessário ter em consideração os seguintes pontos:

a) Características e tipo de carga que é necessário movimentar / transportar:


 Constituição da carga (material, forma, volume, etc.);
 Localização da carga no contexto do espaço de trabalho;
 Intensidade (peso da carga).

b) Esforço físico exigido na tarefa:


 Intensidade das forças que é necessário exercer para vencer a resistência que a carga
oferece;
 Tipo de músculos e órgãos envolvidos na manipulação da carga;
 Frequência do número de elevações e outros movimentos efectuados.

c) Condições físicas dos trabalhadores:


 Sexo;
 Idade;
 Capacidade e condição física no momento;
 Outras características individuais.

d) Exigências específicas de cada actividade em particular:


 Condições ambientais do local / espaço de trabalho onde é efectuada a movimentação
das cargas;
 Duração e frequência dos ciclos de trabalho;
 Percurso e deslocamentos que os trabalhadores têm de percorrer.

Exemplos de procedimentos desadequados

Como já foi referido, a movimentação manual de cargas pode acarretar uma série de riscos e
patologias para os trabalhadores, caso as condições de trabalho não sejam as mais indicadas.
Para que se possa compreender melhor, as situações de perigo e risco associadas à
movimentação manual de cargas, apresentam-se a seguir, alguns exemplos de más práticas:
 Carga mal equilibrada ou com conteúdo sujeito a oscilações;
 Carga mal posicionada, de tal modo que tenha que ser mantida ou manipulada a grande
distância do tronco ou com flexão / torção do tronco;
 Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e/ou à sua consistência, de provocar
lesões no trabalhador, nomeadamente em caso de choque ou balanceamento;
 Carga demasiado pesada ou demasiado volumosa;
 Carga muito pesada (inadequada às características fisiológicas do trabalhador) ou difícil
de agarrar;
 Inexistência de espaço suficiente para o trabalhador se movimentar juntamente com a
carga;
 Movimentação da carga a alturas inapropriadas ou adoptando posturas incorrectas;
 Pavimento degradado com desníveis;
 Movimentação de cargas a diversos níveis (ex. ter que transportar cargas entre
diferentes pisos);
 Ponto de apoio instáveis – ex.: existência de tapetes ou carpetes não fixadas ao chão;
 Condições ambientais desfavoráveis (temperatura, humidade, velocidade do ar);
 Utilização de calçado inapropriado ex.: calçado com saltos altos;
 Realização de esforços que solicitem, a coluna vertebral por períodos demasiadamente
prolongados;
 Tempo insuficiente de descanso fisiológico ou de recuperação quando se realizam
tarefas que implicam esforços mais pesados;
 Necessidade de movimentos de abaixamento ou elevação das cargas demasiado
grandes;
 Ritmos de trabalho excessivo sem possibilidade de os trabalhadores efectuarem
pequenas pausas.

Caso alguma destas regras de más práticas seja identificada, convém que seja alvo de
correcção imediata. A sua continuidade ao longo do tempo pode provocar sérias lesões nos
trabalhadores atingidos, ou ainda, determinados tipos de acidentes ou incidentes.
A correcção das referidas não conformidades deve pautar-se pela correcta aplicação dos vários
princípios ergonómicos a fim de optimizar a compatibilidade entre o homem, as máquinas e o
ambiente físico de trabalho. Isto conseguir-se-á através do equilíbrio entre as exigências das
tarefas, das máquinas e as características anatómicas, fisiológicas, cognitivas e percepto-
motoras do homem.

“É necessário ter sempre em conta que se deve tentar sempre proceder à adequação
do trabalho ao Homem e não do Homem ao Trabalho.”

O conhecimento dos factores de risco é importante, visando a prevenção das lombalgias.


A seguir, serão referidos alguns factores intrinsecamente relacionados com os trabalhadores que
é necessário ter em consideração, uma vez que podem limitar ou mesmo impedir a realização de
trabalho – movimentação manual de cargas:

 Altura superior a 1,80 m no homem, e 1,70 m na mulher;


 Obesidade;
 gravidez;
 alterações da estática da coluna, nomeadamente as escolioses, as hipercifoses dorsais
e as hiperlordoses lombares. A hipercifose e a hiperlordose são exageros das curvas
normais da coluna vertebral. As escolioses são desvios laterais da coluna, e nem
sempre são patológicas.
 Malformações da coluna vertebral;
 Traumatismos diverso;
 Trabalhos com máquinas ou utilização de ferramentas susceptíveis de provocar
elevados níveis de vibrações;
 Desportos violentos ou actividades radicais.

Recomendações a adoptar na Movimentação Manual de Cargas

 Evitar manuseamento de cargas não adequadas em termos de volume ou peso – de


acordo o NIOSH (não superior a 23 Kg);
 Conceber embalagens com formas e tamanhos apropriados ao tipo de objecto a
manusear;
 Procurar adaptar pegas ergonómicas na carga manuseada para facilitar o levantamento
e transporte;
 Usar técnicas adequadas em função do tipo e especificidade da carga – evitar a
utilização do tronco como alavanca, mantendo-o na posição vertical e procurar utilizar os
membros inferiores como alavanca;
 Sempre que possível, colocar as cargas em planos elevados relativamente ao solo
(antes de proceder à elevação);
 Evitar ao máximo “dobrar” a coluna; esta deve servir como suporte;
 Aquando da movimentação e levantamento/abaixamento de cargas, o trabalhador deve
evitar rir, tossir, falar ou efectuar outros movimentos bruscos;
 Os movimentos de torção do tronco em torno do corpo devem ser sempre evitados;
 As cargas transportadas devem ser suportadas pela coluna e membros inferiores, sendo
a coluna apenas elemento estático de transmissão e nunca de articulação;
 Suspender cargas iguais em cada uma das mãos (quando possível);
 Ter em consideração os pesos a suspender, conforme a idade, constituição física e sexo
do trabalhador;
 Promover o exercício físico e o reforço muscular dos músculos que participam mais
activa na movimentação de cargas;
 A movimentação de cargas deve ser efectuada, em zonas, em que o pavimento se
encontre devidamente nivelado e desobstruído de obstáculos, entulho, cabos e fios
condutores de electricidade.
 Sempre que tecnicamente possível, utilizar meios auxiliares de elevação e transporte
para movimentar as cargas;
 As cargas a transportar devem estar devidamente acondicionadas e simetricamente
distribuídas de modo a evitar oscilações e sobre-esforços;
 Se possível, proceder à deslocação das cargas por rolamento, ex. deslocação de barris
de cerveja ou bidões;
 Os braços devem estar posicionados junto ao corpo de uma forma descontraída;
 Quando o tipo de trabalho implica movimentos muito repetitivos ou monótonos, deve-se
procurar efectuar pequenas pausas acompanhadas de alguns exercícios, de forma a
desentorpecer os músculos e articulações e melhorar a circulação.

É importante relembrar que apesar de todas estas recomendações, será necessário ter sempre
em consideração que o desempenho de todos trabalhadores, vai depender directamente da sua
aptidão física e psíquica paralelamente à qualidade da formação que lhes é ministrada.

Referência Internacional NIOSH ( National Institute for Occupational Safety and Health )
para a movimentação de cargas:
Equação de NIOSH relativa à carga máxima admissível para os trabalhadores:
Carga Máxima = 23 x CM x CH x CV x CF x CD x CA (Kg)
Variáveis referenciadas na equação:
 CM (coeficiente de manuseamento da carga);
 CV (cm) – distância vertical entre a carga e o corpo;
 CH (cm) – distância horizontal entre a carga e o corpo;
 CF – frequência do levantamento das cargas (quanto maior, menor será esta variável –
compreendida entre ]0,1]);
 CD (cm) – deslocamento da carga sobre a vertical;
 CA (graus) - rotação exercida pelo tronco.

Coeficiente a utilizar para o Manuseio da Carga – CM


Tipo de Manuseamento CV < 75 cm CV ≥ 75 cm
Fácil 1,00 1,00
Normal 0,95 1,00
Com dificuldade 0,90 0,90

Esforços Repetitivos - Introdução


A “expressão” Lesões por Esforços Repetitivos (LER) começou a ser utilizada no final da década
de 50, para designar um conjunto de patologias, síndromes e/ou sintomas músculo- esqueléticos
que afectam particularmente os membros superiores. O seu aparecimento está directamente
relacionado com o tipo de trabalho e com as componentes materiais do trabalho.

Entende-se por “Esforços Repetitivos”, o conjunto de movimentos contínuos mantidos com uma
determinada frequência durante um trabalho que implica a acção conjunta dos músculos, ossos,
articulações e ainda por parte dos nervos ligados a uma parte específica do corpo. Este tipo de
movimentos provocam fadiga muscular, sobre-esforços, dores e, em casos extremos doenças.
Muitas vezes as pessoas ignoram a relação existente entre as doenças a que estão sujeitas e os
esforços repetitivos que realizam reiteradamente durante o seu trabalho. No entanto, verifica-se
uma clara relação entre determinados problemas músculo-esqueléticos e as actividades que
obrigam a adoptar posturas incorrectas do corpo e membros superiores, realização de trabalho
repetitivo, ritmos de trabalho excessivos, manuseamento de cargas pesadas, uso de ferramentas
desadequadas, etc.

Regra geral, as LER (lesões derivadas de esforços repetitivos) atingem os trabalhadores no


auge de sua produtividade e experiência profissional. Existe maior incidência na faixa etária de
30 a 40 anos, sendo as mulheres são o sexo mais atingido.
Depois de diversos estudos e análises efectuadas à população afectada por lesões derivadas de
esforços repetitivos, verificou-se que este tipo de lesões afecta especialmente determinados
ramos de actividade, observando-se também uma maior incidência em determinados países do
mundo cujas profissões despoletam mais facilmente este tipo de patologias.

Estas formas de trabalho reflectem-se em diversos tipos de actividades, nomeadamente:


indústria têxtil (costureiras, bordadeiras, arrematadoras), operadores de caixas de
supermercados e no comércio em geral, montagem e reparação automóvel, indústria alimentar,
telefonistas, cabeleireiros, operadores de telemarketing, funcionários de caixas de bancos,
funcionários administrativos, etc.
O sector do comércio / serviços possui também um conjunto de trabalhos específicos que
originam esforços repetitivos, como por exemplo, dactilografar e utilizar repetidamente
computadores (empregados de escritório); limpeza durante muitas horas sucessivas,
permanecer muitas horas de pé ou sentado, etc.
A principal consequência das lesões derivadas a esforços repetitivos é a perda da capacidade
para realizar determinados movimentos. Como é lógico, esta situação interfere directamente na
condição social e psicológica dos trabalhadores. Isto verifica-se sobretudo quando a lesão ou
patologia impede temporária ou permanentemente o trabalhador de realizar o seu trabalho
habitual.

Seguidamente, apresentam-se alguns factores que podem despoletar lesões derivadas


de esforços repetitivos:

 Exigência de execução de movimentos repetitivos com os braços.


 Exigência de manutenção de uma posição fixa para os ombros e pescoço por tempo
prolongado.
 Padronização dos tempos em que cada etapa do trabalho deve ser concluída. Os
trabalhadores são submetidos a fluxos de trabalho predeterminados e com poucas
possibilidades de mudança.
 Exigência de cumprimento das diferentes etapas em momentos exactos e forma
preestabelecida, perdendo-se a autonomia no trabalho.
 A realização do trabalho em “série”, estando a etapa seguinte dependente das
anteriores.
 Ritmos de trabalho inadequados para os trabalhadores.
 Uso de máquinas ou equipamentos que exigem posturas ou movimentos forçados e/ou
repetitivos.
 Existência de mobiliário não adequado ou disposição incorrecta.
 Efectuar horas extraordinárias de trabalho com frequência.
 Pressões de ordem psicológica por parte da entidade patronal ou encarregado de
secção.
 Inexistência de possibilidade de os trabalhadores efectuarem pequenas pausas pontuais
para descansar.
 Existência de vibrações no posto de trabalho que podem gerar determinados
traumatismos.
 Existência de condições térmicas adversas que podem provocar vasoconstrição ou
vasodilatação;

Principais factores associados ao agravamento dos diferentes quadros clínicos:

 Factores biomecânicos, como contracções musculares prolongadas e posturas


inadequadas, frequência e força empregue no movimento repetitivo, inadequações do
posto de trabalho, desenho e manutenção dos equipamentos e tensão muscular
associada a stresse;
 Factores da organização do trabalho, como ausência de pausas, excessivos incentivos à
produtividade, falta de formação e treino e supervisão inadequada; e
 Outros aspectos agravantes, como pressões económicas, retardamento dos
diagnósticos de saúde e intervenções médicas inadequadas.

Patologias comuns derivadas de esforços repetitivos


Os problemas músculo-esqueléticos que originam os movimentos repetitivos afectam com mais
frequência os membros superiores.
As patologias mais frequentes são as seguintes:

 O síndrome do canal do Carpo:


Em geral, as pessoas atingidas por esta patologia sentem dor nos punhos, na mão e sensação
de formigueiro nos dedos, principalmente durante a execução de algumas actividades manuais.
Outro sintoma característico é acordar a meio da noite com formigueiro na mão. Isto, porque não
se repetiu a postura de flexão do punho durante o período de sono. Além disto, a falta de
movimentação dos dedos, pode formar edema, isto é, a acumulação de líquido dentro do canal
que vai aumentar a compressão do nervo.
Causas possíveis de compressão do nervo mediano no canal do carpo:
 Inflamação ou edema nos tendões e bainhas tendinosas no canal do carpo;
 Retenção de líquido;
 Lesões por esmagamento;
 Edema na mão e antebraço;
 Alargamento do nervo mediano;
 Condições sistémicas (ex. gravidez);
 Fracturas e luxação ao nível do punho;
 Artrite reumatóide;
 Alargamento do nervo mediano.
 Tendinite, tenossinovite
Inflamação de um tendão (tendinite) e da sua bainha (tenossinovite). Esta patologia é frequente
em trabalhadores que realizam frequentemente trabalhos manuais. Surge nos ombros, joelhos e
cotovelos, pulsos, polegares e tendão de Aquiles. Provoca uma contractura muscular muito
dolorosa e incapacidade funcional.

 Tendinites várias (inflamação de tendões – que muitas vezes provocam muitas dores e
chegam a impedir os movimentos).
Os factores de risco que é necessário ter em conta relativamente aos esforços repetitivos são: a
manutenção de posturas inadequadas (especialmente no respeitante à coluna e ombros); a
aplicação de força manual excessiva; ciclos de trabalho muito longos e repetitivos (em termos de
tarefas que são executadas) que originam consequentemente movimentos rápidos de pequenos
grupos musculares e tempos de descanso insuficientes.

 Síndrome de Quervain
Afecção caracterizada pelo espessamento fibroso da bainha dos tendões longo abdutor e curto
extensor do polegar, à sua passagem sobre a apófise estiloideia radial, que se traduz
clinicamente por tumefacção ao nível desta apófise e dores exacerbadas aos movimentos.
(Quervain, Fritz de; cirurgião suíço, 1868-1940).

 Epicondilite
Inflamação do epicôndilo ou dos tendões musculares que nele se inserem, caracterizada por
uma dor muito localizada à pressão (epicondialgia), que por vezes se propaga ao longo do bordo
radial do antebraço e é desencadeada pelos movimentos de extensão e de supinação.

 Bursite
Inflamação das bolsas serosas que existem nas articulações do nosso corpo.
As nossas articulações possuem pequenas bolsas serosas para diminuir o atrito causado nos
movimento. Porém, se solicitadas inadequadamente, ou constantemente, poderá ocorrer um
processo inflamatório nas mesmas.
A mais comum é a inflamação do ombro: bursite do ombro. A bursite pode tornar-se mais
dolorosa, conforme o problema se agrava. A dor é sempre sentida na mesma região, sempre que
a bolsa é fortemente contraída.

 Síndrome do radial
Este síndrome atinge o nervo radial na extensão do braço até ao cotovelo. Os trabalhadores
mais afectados por esta patologia são aqueles que pegam em pesos mais elevados.

 Osteonecroses
Esta patologia é caracterizada por falência do osso devido a um microtraumatismo. Ficam
particularmente sujeitas a esta doença os trabalhadores sujeitos a vibrações provocadas por
algumas ferramentas.
Regras de boas práticas para prevenir lesões provocadas por esforços repetitivos

 Investigar as causas prováveis que originam as LER nos locais de trabalho, tais como
queixas frequentes de dores por parte dos trabalhadores, trabalhos que exigem
movimentos repetitivos ou aplicação de grande força manual nas tarefas.
 Envolvimento e participação directa da administração das empresas, no intuito de
estabelecer um programa de prevenção das LER.
 Dar formação e sensibilizar os trabalhadores, incluindo a administração, sobre as LER
para que cada um, em particular, possa tornar-se consciente dos riscos a que está
exposto.
 Recolher dados, analisando directamente os postos de trabalho, para identificar as
situações mais críticas, incluindo a análise de estatísticas médicas da ocorrência de
problemas relativos a sintomas característicos de LER.
 Desenvolvimento de um programa de acompanhamento médico periódico, de forma a
poder detectar e tratar precocemente, e num estádio inicial, as patologias relacionadas
com LER. Desta forma, evita-se ou pelo menos diminui-se o agravamento da patologia e
a consequente incapacidade para o trabalho.
 Planear e conceber novos postos de trabalho, estabelecendo novas funções, operações
e processos, de forma a evitar condições de trabalho que exponham os trabalhadores ao
risco de desrespeito pelos princípios ergonómicos devido aos esforços repetitivos.
 Ter em consideração o desenho ergonómico do posto de trabalho. Adaptar o mobiliário
(mesa, cadeiras, estantes, armários etc.) a uma distância de fácil alcance e que permita
um fácil manuseamento aos trabalhadores. Os materiais utilizados (objectos e
ferramentas) devem ser adequados às características individuais de cada trabalhador
(altura, peso, idade, etc.), permitindo assim a realização do trabalho com comodidade e
sem necessidade de realizar esforços repetitivos.
 Possibilitar a realização das tarefas evitando posturas incorrectas (e consequentemente
incómodas para o corpo). Em trabalhos de escritório, deve procurar-se manter as mãos
alinhadas com o antebraço, assim como, manter coluna numa posição recta e os
ombros em posição de repouso.
 Devem ser evitados os esforços prolongados e a aplicação de “forças” manuais
excessivas, sobretudo em movimentos que obriguem à compressão de objectos,
extensão e rotação.
 Nos mais diversos trabalhos, devem ser utilizadas ferramentas manuais com um
desenho ergonómico, para que, quando utilizadas permitam que o pulso permaneça em
posição recta relativamente ao antebraço.
 Quando se manuseiam ferramentas que requeiram esforços manuais contínuos, como
por exemplo, os alicates ou martelos, é preferível distribuir a força de actuação pelos
vários dedos. Adicionalmente, as ferramentas deverão ser concebidas de modo a
permitir o uso alternativo das duas mãos.
 Deve-se tentar reduzir sempre ao mínimo a força aplicada em certas tarefas (ex.
carpintarias, restauração, indústria têxtil, etc.). Para o efeito, devem ser mantidas
devidamente afiadas e em bom estado de conservação, as ferramentas, facas e outros
objectos cortantes.
 Para cada tarefa em particular, devem ser sempre utilizadas ferramentas adequadas.
Estas devem ser conservadas em boas condições (isentas de defeitos) e substituídas
sempre que se justifique. Não se deve permitir que haja necessidade de empregar
esforços adicionais para compensar eventuais defeitos das ferramentas.
 Sempre que se justificar, utilizar luvas de protecção adequadas ao tipo de trabalho a que
se destinam. As luvas não devem diminuir a sensibilidade táctil do trabalhador pois há o
risco de se aplicar força em demasia ou por defeito.
 Devem evitar-se as tarefas repetitivas. Para o efeito, deve programar-se o trabalho de
modo a permitir, por exemplo, pausas para os trabalhadores ou a rotatividade dos
mesmos pelos diversos postos de trabalho. Deve evitar-se também a repetição do
mesmo movimento durante mais de 50 por cento da duração do ciclo de trabalho.

Nota: entende-se por ciclo de trabalho “a sucessão de operações necessárias para executar
uma determinada tarefa ou obter uma unidade de produção”.
 Vigiar a saúde dos trabalhadores efectuando exames médicos periódicos que facilitem a
detecção de possíveis lesões músculo-esqueléticas e possam adicionalmente controlar
factores extra-laborais que possam interferir no trabalho.
 Estabelecer pausas periódicas que permitam recuperar fisicamente e descansar
mentalmente (quando o trabalho é muito monótono e repetitivo). Favorecer a alternância
de tarefas para conseguir que se utilizem diferentes grupos musculares e, ao mesmo
tempo, se diminua a monotonia no trabalho.
 Dar formação e informação aos trabalhadores sobre relativamente aos movimentos
repetitivos e estabelecer programas de formação periódicos que permitam trabalhar sem
perdas de segurança e saúde.

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