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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações

laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela


penal da integridade moral?

O TRATAMENTO JURÍDICO DO ASSÉDIO MORAL NAS RELAÇÕES


LABORAIS: UM POSICIONAMENTO EM (DES)FAVOR DA TUTELA PENAL DA
INTEGRIDADE MORAL?
Revista dos Tribunais | vol. 942/2014 | p. 160 - 191 | Abr / 2014
DTR\2014\1023

Ítalo Moreira Reis


Especialização, em curso, em Direito e Processo do Trabalho, pela PUC-Minas. Membro
da Comissão de Direito Sindical da OAB/MG. Monitor da Disciplina de Processo do
Trabalho no ano de 2012. Extensionista do Núcleo de Prática Arbitral e do Grupo de
Estudo em Arbitragem - Gearb da PUC-Minas junto ao CNPQ, integrando a
Coordenadoria de Publicação e Pesquisa. Orientador do Nível Básico do Núcleo de Prática
Arbitral. Advogado.

Pedro Paulo da Cunha Ferreira


Especialista em Ciências Penais pela Faculdade Mineira de Direito da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG). Bacharel em Direito pela Faculdade de
Direito da Universidade Estadual de Maringá (UEM-PR). Mestrando em Direito Penal pela
Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do grupo
de estudo e pesquisa "Dogmática Penal e Política Criminal" (FD-UFMG), integrante do
grupo de pesquisa "Problemas fundamentais do Direito Penal contemporâneo (PPG-UEM)
e do grupo de pesquisa "A tutela jurídica dos direitos da personalidade"
(PPG-Unicesumar). Professor de Direito Penal.

Área do Direito: Penal; Trabalho


Resumo: O presente ensaio ocupa-se de um exame pontual, cuja sistematização coloca
em destaque a provecta problemática da autonomia científica dos ramos do saber
jurídico. Trata-se, pois do diagnóstico de um fenômeno, feito à luz da intersecção entre
dogmática que se constrói em torno do direito do trabalho e aquela que edifica e
sustenta o Direito Penal. Isso posto, resta claro que o fenômeno ora analisado em que
pese envolver aspectos psicológicos, sociológicos e éticos, circunda de forma imediata às
funções registradas ao chamado Direito Penal do trabalho, setor da normativa jurídica o
qual se consigna expectativas de eficácia diante da insuficiência de tutela apresentada
pelo direito do trabalho. Cuida-se, assim, do tratamento jurídico do assédio moral no
ambiente de trabalho, comportamento, que se caracteriza pelo molestamento contínuo
de um sujeito pelo outro, turbando com isso a tranquilidade do local, acarretando
outrossim, consequências diversas, a exemplo do sofrimento psicológico e de seus
desdobramentos para a saúde física e mental do assediado. Preocupa, nestes domínios a
variabilidade de doenças crônicas das quais possa ser acometido a vítima do assédio,
bem como das perpétuas sequelas que cultive doravante à submissão habitual das
investidas do autor do acosso. Cumpre dizer que no panorama legal, semelhante
situação, encontra disciplina e amparo na CLT, porém de maneira bastante incipiente e
lacunosa, posto que não responde com precisão às diferentes modalidades de condutas
desta natureza, e ainda, ignora as hipóteses de assedio moral, que acontecem nas
relações de trabalho não regulamentadas pelo referido diploma. Desta feita, em virtude
da repercussão que tais ações provoquem à integridade biopsíquica do vitimizado, - a
saber o perigo que gera para os aspectos integrantes da saúde humana -, é que se traz
à baila a necessidade de se discutir soluções para este fenômeno por outras vias, que
não se esgotem na simples indenização do assediado, mas sim que se encerre na
incriminação do desvalioso proceder do assediador.

Palavras-chave: Assédio moral - Tutela jurídica - Lacuna - Direito penal.


Resumen: El presente ensayo se ocupa de un examen puntual, cuya sistematización
pone en destaque la provecta problemática de la autonomía científica de los ramos del
saber jurídico. Se trata, pues del diagnóstico de un fenómeno, hecho a la luz de la
intersección entre dogmática que se construye alrededor del derecho del trabajo y
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aquella que edifica y sustenta el Derecho Penal. Eso puesto, resta claro que el fenómeno
ora analizado en que pese envolver aspectos psicológicos, sociológicos y éticos, circunda
de forma inmediata a las funciones registradas al llamado Derecho Penal del trabajo,
sector de la normativa jurídica lo cual se consigna expectativas de eficacia ante la
insuficiencia de tutela presentada por el derecho del trabajo. Se cuida, así, del
tratamiento jurídico del asedio moral en el ambiente de trabajo, comportamiento que se
caracteriza por el acoso continuo de un sujeto por el otro, turbando con eso la
tranquilidad del local, acarreando también, consecuencias diversas, a ejemplo del
sufrimiento psicológico y de sus desdoblamientos a la salud física y mental del asediado.
Preocupa, en estos dominios la variabilidad de enfermedades crónicas de las cuales
pueda ser acometida la victima del asedio, así como de las perpetuas secuelas que
cultive ante la sumisión habitual de las investidas del autor del acoso. Cumple decir que
en el panorama legal, semejante situación, encuentra disciplina y amparo en la CLT,
pero de manera bastante incipiente y lagunosa, puesto que no responde con precisión a
las diferentes modalidades de conductas de esta naturaleza, y todavía, ignora las
hipótesis de acoso moral, que ocurren en las relaciones de trabajo no reglamentadas por
el referido diploma. Esta vez, en virtud de la repercusión que tales acciones provoquen a
la integridad biopsíquica del victimizado, - a saber el peligro que genera para los
aspectos integrantes de la salud humana, - es que se pone en evidencia la necesidad de
si discutir soluciones para este fenómeno de otra manera, que no se agote en la simple
indemnización del asediado, mas sí que se encierre en la incriminación del desvalido
proceder del asediador.

Palabras claves: Acoso moral - Protección jurídica - Laguna - Derecho Penal.


Sumário:

1. Introdução - 2. Do comportamento degradante do assediador: a colocação do


problema - 3. O assédio moral no ambiente de trabalho (mobbing): uma contribuição à
sua delimitação conceitual - 4. Da atual tutela aos bens jurídicos atingidos pela conduta
do assediador: proposta de lege ferenda à legislação trabalhista ou necessidade de
criminalização? - 5. Conclusão à valoração crítica da incriminação do mobbing - 6.
Referências bibliográficas:

1. Introdução

A atual formatação social, – seja por sua configuração, seja pela predominância de
valores econômicos modulados pelo capitalismo crescente ou atomizado –, comporta
muitas questões de candente relevância, posto que permite evidênciar uma certa e
preocupante inversão axiológica na escala de valores sob a qual se constrói.

Assim se afirma, vez que, as diretrizes adotadas por aquele sistema de produção, estão
comprometidas amiúde com o objetivo de alcance permanente do lucro, ignorando, para
tanto, em certas ocasiões, outros interesses, que a princípio condicionaria a adotação de
quaisquer medidas para a consecução daquela meta. É justamente neste ponto, que
reside a histórica incompreensão de ideologias radicais e antagônicas em torno de
considerações que repercutem (i)mediatamente neste campo, notadamente, ao
considerar o trabalho (humano) como instrumento imprescindível àqueles fins.

Os recursos humanos divisados como meio de criação e manutenção do capital, dentro


da óptica capitalista, encontra resistência no materialismo histórico ao compreender
metodologicamente as atividades produtivas, encasteladas às custas de relações de
opressão, a exemplo da submissão do servo ao senhor no feudalismo e do capitalismo,
que propicia idêntica ótica, porém, representada nas figuras, respectivamente do
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proletáriado e da burguesia. Para Karl Marx, a mais valia, a saber a diferença entre o
valor produzido pelo trabalho e aquele que entregue ao trabalhador representa a base
de lucratividade do capitalismo.

As acepções marxistas, assim alinhavadas, em que pese encontrar frontais contradições


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em outras releituras do sistema político e econômico, no qual se edifica as últimas


organizações socias, auxilia na constatação de que, aquele valor, (jungido as demais
variáveis), e cultuado de forma desmedida, oferece supedâneo à degradação de
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interesses fundamentais de densa consagração histórica e cultural.

Na realidade, as primeiras das consequências nesse sentido são, a desvalorização do


trabalho humano, e o desprestígio à dignidade da pessoa em patrocínio de utilidades
exclusivamente econômicas, cujo incremento se acentua, a partir do enquadramento das
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relações de produção de bens e serviços na lógica da globalização.

Ressalta-se que o processo mais marcante, e notável do mundo globalizado, centra-se


exatamente na perspectiva ora assinalada, ou seja, aos consectários que a globalização
econômica acarreta à variabilidade das relações. Dentre seus resultados encontram-se
aqueles, que embora sejam visto como alguns de seus subprodutos, desempenham,
igualmente, a natureza de fundamentos mesmo de seu desenrolar. A dizer, a exploração
do trabalho humano com significativo desprezo pelas condições de subsistência das
gerações presentes e vindouras e, claro o aumento exponencial das desigualdades
sócio-culturais, manifestam-se, concomitantemente como causa e consequência da
globalização, acentuando-os, assim como alguns de seus elementos intrísecos de
aspecto negativo.

As polarizações que se infere deste desequilíbrio modula um cenário de dicotomias, que


pressupõe com frequência a divisão dos contatos sociais em dois setores, referíveis aos
sujeitos ativo e passivo dessas relações interpessoais. Posto isto, é comum reduzir,
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nesse quadrante, os indivíduos ou seus agrupamentos em globalizadores e globalizados
, em exploradores e explorados, e em contínuo desdobramento em que seja possível
situá-los, segundo a prática de comportamentos ativos de submissão (lato sensu) de um
indivíduo dirigido a outrem que suporte, com frequência semelhante opressão.

A hostilidade na coexistência pacífica dos seres humanos se torna exasperada na medida


em que algumas condições incrementam a tendência de autodefesa e/ou ataque, não
raro, experimentadas em situações de perigo ou ameaça para o sujeito ou para seus
interesses. Algumas variáveis insertas em determinados ambientes e contextos
multiplica as expectativas em torno de acontecimentos desse jaez.

O mercado de trabalho, por exemplo, tal qual o próprio local no qual se executa as
atividades laborais afiançados, pela escassez de vagas de emprego; subemprego
crescente; as condições desfavoráveis e precárias nas quais são oferecidos algumas
poucas oportunidades; a competitividade mercadológica e a disputa pelo cumprimento
de metas e alcance de prestígio profissional são todos, fatores que concorrem para a
desestabilização das relações laborativas e a habitual tensão entre seus envolvidos.

Associados a esse rol de circunstâncias exibe-se ainda, como elemento que, também
impulsiona a afetação dos vínculos traçados no ambiente de trabalho, – local que se
mostra manifestamente sensível às comunicações subjetivas –, a permanente sensação
de medo pela perda da função ou cargo exercído pelo trabalhador ou ainda, de certo
status que ostente ou mesmo a estagnação de sua ascensão profissional.

Trata-se, portanto, da multiplicação de um receio que se vivido – individual ou


coletivamente – por empregados e empregadores, mormente pelos primeiros, aduz
probabilidades efetivas, e hoje já mensuradas, de danos concretos a um sem-número de
interesses pessoais, ligados à higidez físico-psíquica do sujeito. Por indícios iniciais,
nessa direção e comprovações posteriores, dadas através de pesquisas realizadas pela
medicina e psicológia do trabalho, chamou-se a atenção de especialistas e estudiosos
para os efeitos que um ambiente de trabalho hostil possa repercutir para a saúde (física
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e mental) dos trabalhadores.

Com efeito da colocação em destaque dessa questão, ressalta-se a partir disso, as


ingentes considerações de terapeutas, médicos e juristas ao redor do assédio moral no
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ambiente de trabalho. Cabe mencionar, que o fenômeno denunciado não representa uma
manifestação original, tampouco recente.

O que se faz imprescindível registrar, é que o seu tratamento desde o ponto de vista
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médico-legal encontra espaço nos anos 1980 do século passado, em razão de ser a
partir daquele instante, que a fenomenologia ora em epígrafe, transcende, ou seja,
passa a ser percebida e posta em evidência. Assim sendo, resta claro que, a existência
do assédio (gênero) precede essenciamente à qualquer ângulo de constatação, sendo,
desta forma, tão imemorial quanto as mais primitivas relações humanas.

No particular aspecto das relações trabalhistas, o assédio de natureza moral, que em seu
âmbito se desenvolve passou a ser denominado tecnicamente, pela literatura
especializada de mobbing. Na semântica deste termo, compreende-se a permamente
pressão psicológica de cariz aviltante e humilhante, a qual uma pessoa ou um grupo de
indivíduos empreende habitualmente, contra outro(s) sujeito(s) no local de trabalho.
Demonstra-se como um fenômeno bilateral, estruturado por indivíduos, cujas posições
ocupadas no liame que as unem, tranformam-nas em assediador e assediado.

O primeiro ocupa o papel daquele que se empenha constantemente na corrosão das


sadias condições do local de trabalho, enquanto o segundo protagoniza a figura da
vítima, a quem é direcionado atos de degradação moral, plasmados por exemplo em
contínuos ataques de chacota, escárnio, zombaria, ultraje ou desqualificações
sistemáticas em torno de sua capacidade. Especialmente representativa, nestas
hipóteses é, outrossim, a designação – por parte do superior hierárquico –, de atividades
laborais excessivamente aquém ou além das aptidões ou condições do trabalhador.

Do exposto até aqui, fica clarevidente – em virtude até da própria tessitura da posição
que um e outro ocupam na relação de trabalho–, que é tão mais comum quanto
realizável, o assédio praticado pelo empregador em prejuízo do empregado, seja pelo
desnível de escala hierárquica, seja pela vulnerabilidade deste diante das investidas
daquele (assédio vertical descendente). Nessa trilha, aparentemente atípico, porém
factual é o mobbing vertical ascendente, caracterizado pelo assédio do funcionário ou
grupo de empregados contra o chefe, com vistas a v.g. descreditar sua competência
para o exercício de suas atividades de gestão.

Bastante recorrente mostra-se a prática do acosso entre os próprios colegas de trabalho,


cujas opugnações se dão pela satisfação egoísticas de seus interesses pessoais e
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profissionais, disputa por promoções e competitividade em geral, dando contorno, pois
ao chamado mobbing horizontal. Assim sendo, na proporção em que as relações em
geral e os elos trabalhistas em particular tornam-se, mais complexos, as comunicações
entre os participantes de tais vínculos, que se postos na condição de passividade
supra-apresentada recepcionam a médio e longo prazo um conjunto de malefícios,
também já assinalados, todos atinentes à colocação em risco de um dos direitos
fundamentais da pessoa humana.

Alude-se, à integridade moral, prerrogativa de expresso assento constitucional (art. 5.º,


III, CF/1988) que abarca uma pluralidade de direitos que assegurem ao sujeito a
proteção contra tratamentos desumanos e degrantes, que aflijam sua integridade física,
lhe cause sofrimento físico-mental e, que desfigure in totum os atributos essenciais de
sua dignidade. Essa fração e pressuposto de condição humana se revela periclitada ou
mesmo lesada em concreto, a partir do instante em que o empregado é submetido por
um período considerável e reiterado às humilhações e vexames do assediador, que
objetiva na grande parte das vezes, afastá-lo definitivamente do trabalho.

Todavia, em que pese a dimensão da problemática e das repercussões dela decorrentes,


insuficiente tem se revelado a tratativa jurídica em dirimir ou disciplinar questões
inseridas neste raio de exposição. Um pequeno número de países já avançou na
regulamentação deste especial tipo de assédio moral, merecendo destaque as legislações
da Suiça, Belgica, França e Noruega, dado este que explica o diminuto aprimoramento
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penal da integridade moral?

doutrinário sobre o assunto.

Já em sede de direito pátrio, constata-se um regimento pouco satisfatório dessa


questão, no tratamento que lhe confere a Consolidação das Leis do Trabalho, ao
disciplinar sobre a rescisão indireta do contrato de trabalho pelo empregado, em razão
do não cumprimento dos deveres legais e contratuais por parte do empregador (art.
483, d, CLT) ou pelo exagerado rigor e desarrazoadas exigências de atividades
incompatíveis com a força do trabalhador (art. 483, a e b, CLT). De contornos não
equitativos, – vez que, além dos assédios aos quais se vê submetido, o empregado
acaba, pela pressão se afastando de seu trabalho–, encerra-se tal resposta oferecida
pelo “direito obreiro” em um flagrante vácuo de eficácia jurídica, chancelador da
impunidade do assediador, e omissivo, assim com as condições infamantes de trabalho,
que afrontam a dignidade humana, violando, igualmente, a integridade moral do
trabalhador, princípios estes basilares do Estado de Direito.

2. Do comportamento degradante do assediador: a colocação do problema


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Viu-se à guisa de introdução o aspecto negativo no qual se compõe o mobbing. Sua
forma de manifestação, como dito alhures, se dá através do comportamento ativo e/ou
omissivo de consequências nocivas ao destinatário, consubstanciados em um conjuto
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heterogêneo de procederes. A forma de expressão do assédio acaba por caracterizá-lo,
seja em favor do modo como é praticado, seja contra a vítima a quem é dirigida, ou por
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fim, pelos seus efeitos danosos para o assediado.

Independente de suas feições, o acosso moral laboral sintetiza a humilhação do


trabalhador, abrangendo em sentido amplo, qualquer forma de constrangimento a si
direcionado, como a supervisão excessiva ostensiva, críticas infundadas ao trabalho
executado, sonegações de informações imprescindíveis ao desenvolvimento do mesmo,
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e ainda as perseguições em geral. No campo de tais atos enumera-se os seguintes:

a) Isolamento: o hostilizador realiza continuadas manobras que resultem precisas para


obstaculizar a frutífera convivência social do empregado no ambiente de trabalho. Esse
alijamento visa frequentemente impossibilitar um relacionamento entre os
trabalhadores, que pode, inclusive impedir certos contatos que lhe afaste de informações
com representantes sindicais junto aos quais, por ventura se busca algum apoio futuro.
O opressor tolhe os meios de comunicação direta da vítima, substituindo-as, comumente
por instrumentos indiretos, como gestos, mímicas e olhares, dificultando assim a
transmissão de mensagens essenciais ao desempenho dos encargos de que é
encarregado o empregado. A deformação da oralidade, a fim de que seu conteúdo
permaneça incompreensível pelo intercolutor, por meio da emissão de falas ambíguas,
vagas, imprecisas e contraditórias, igualmente, integra atitudes segregacionistas do
mobber.

b). Desqualificações: outra finalidade perseguida pelo agressor no assédio é a destruição


da reputação pessoal e profissional do empregado, ou seja, atos tendentes à denegrir a
honra objetiva e subjetiva do sujeito, ou sua aptidão para o exercícios de certas
atividades. Incluso nessa atitude está a atribuição de designações espúrias e ultrajantes
para desqualificar o indivíduo diante de sua outorgada e injusta incapacidade produtiva
e/ou criativa. Além do mais, o efeito ora em destaque, pode ser alcançado de modo
sutil, – não obstante tão sensível quanto se visado declaradamente –, quando se
manipula rumores, falsedades e maledicências acerca do mobbed, sustentadas na
justificante pejorativa de que seu baixo desempenho vincula-se à enfermidades mentais
ou físicas de que seja portador, sendo que tais deficiências são todas constatadas, a
partir da prognose parcial, viciada e imperita do assediador.

c) Violência: em algumas situações, como mencionado acima, o assédio se procede de


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forma velada ou refinada como prefere dizer Pinillo Diaz, o que dificulta até a
identificação imediata do acossador. Por outro lado, as vezes se presencia o mobbing por
meio de atitudes extremas e exageradas do agressor, deixando inequívoca sua
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agressividade. Os maus-tratos psicológicos de que padece o trabalhador, concorre em


casos particulares, com a violência verbal (coerção na forma de insultos, gritos,
xingamentos e ameaças explícitas) ou com reações mais lesivas, como a violência física
(vis absoluta) resultantes de investidas contra a integridade corporal do assediado,
provocando-lhe lesões mais ou menos graves.

d) Boicotes planejados: de ofensividade inferior à violência stricto sensu, contudo não


menos relevante para o delineamento do assédio laboral encontra-se a conduta daquele,
que calcula e premedita atentados contra a execução mesma do(s) trabalho(s) do
empregado. As sabotagens se realizam pela subtração de documentos, peças ou
informações essenciais a prática de determinada atividade atribuída ao trabalhador, ou
ainda sua alteração, defraudação ou destruição, cujo resultado seja o impedimento de
realização da tarefa na forma ou adequação técnica esperada. Geralmente essa turbação
tem sentido pelo embaraçamento que causa à feitura das tarefas propostas, para que
sua conclusão, ora não se dê ou se se fazendo, que o seja extemporanemente,
justificando putativamente, assim, alguma advertência ou admoestação pela “falta”
cometida.
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Desta feita, infere-se que se trata o assédio moral, nos termos apresentados, de um
fenômeno polifórmico e de nuances variadas, mas que converge a consequências
comuns. Alguns estudos tentam traçar, considerando o perfil do mobber e sua tendência
a provocar conflitos de pressão sobre o indivíduo, uma tipologia, que os enquadre em
uma taxonomia cuja descrição abranja as particularidades mais proeminentes de sua
conduta. Apesar da variedade de manifestações do assédio moral, o mobbing permite
agrupar seus autores na seguinte classificação, como didadicamente mostra Messias
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Carvalho:

a) o instigador: é aquele que procura apenas despertar na vítima o vexame ou em torno


dela a antipatia, visando pois, obter alguma vantagem no ambiente de trabalho
(promoções, comissões, etc), tendo como base disso o necessário prejuízo do assediado.

b) o megalômano: geralmente divisado naquele que ocupa um posto de superioridade ou


de direção, posto ser mais comezinho a estes sujeitos mobizar outros que de qualquer
modo ameace e/ou conteste sua autoridade.

c) o colérico: caracterizado pelo comportamento do acossador intolerante e imoral que


não controla seus impulsos e emoções, extravanzando-os em rompantes de raiva,
agindo com violência contra o acossado.

d) o frustrado: sintetiza a categoria do agressor, que projeta em terceiros seus


malogros, que por si só não consegue superar. É, também aquele, que ignora as
frustações profissionais pelas quais passa diante da não consecução de suas metas.
Diante desse quadro, o “frustrado” visa saciar aquelas falhas pessoais em outros
sujeitos, transformando-lhes em descargas de seu agressivo e crônico stress.

e) o narcisista: refere-se ao sujeito presunçoso e egoísta, que anseia a qualquer custo


ocupar posições de destaque e atenção, causando ao seu redor uma pressão emocional
com a extensão real ou imaginária da presunção de grandeza ditada pelo próprio ego.

Informa-se que qualquer classificação, por mais detalhada que o seja, sempre
representa um elenco exemplificativo de um objeto, especialmente aqueles de alta
complexidade como é o caso da materialização desta particular espécie de bullying. A
casuística demonstra e o têm feito com continuidade, que o mobbing se apresenta por
meio das mais diferentes condutas. Dentre aquelas aqui enunciadas e outras tantas
executáveis extraí-se dividendos que compõe um dado compartilhado a todas as
categorias de assédio, sendo alguns mais ou menos identificados com a forma com a
qual o acosso se realiza.
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Ou seja, os diferentes tipos de violência modulam efeitos correspondentes à vítima na
medida em que se referem à afetação de algum aspecto da higidez e integralidade das
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sadias e normais condições de trabalho. A violência psicológica ou espiritual orienta-se a


fatores que produzem estados crônicos e recorrentes de frustrações, estruturantes de
um quadro de síndrome de desgaste pessoal. Na lição de Rojas Chávez trata-se da
aparição de afetações psíquicas decorrentes do stress laboral, cujas causas são alheias
às relações interpessoais externas ao trabalho, sendo fundadas precisamente no assédio
que se sofre no ambiente laboral.

Os transtornos psiquiátricos são desencadeados pela submissão prolongada da vítima ao


assédio ou em virtude da maior magnitude das agressões que sofre, podendo também,
depender do grau de vulnerabilidade na qual o acossado se encontre. Esses consectários
assimilam a índole mais patológica da degradação mental do sujeito, dando azo a
distúrbios como depressão, esquizofrenia, melancolia, perda da capacidade emocional
(anedonia) e outras que sejam relacionadas ao psicoterror.

Nota-se, pois, que embora a causalidade destes resultados estejam atrelados a


elementos relacionados a relação de emprego, seus efeitos extrapolam esta barreira,
sendo agregados ao em torno familiar e comunitário da vítima, ocasionando a ruína de
suas relações familiar, matrimonial e social, dado que, integrará esses relacionamentos
em uma estado extremamente instável desde o ponto de vista psíquico, fragilizando e
corroendo os vínculos que se estabelece.

Por sua vez, a violência laboral ou intelectual apresenta como acima mencionado, o
conjunto de atitudes que atentem contra a pessoa e seu profissionalismo. Abrange,
assim desde a atribuição de encargos em desconformidade com a função desempenhada
pelo trabalhador, ou inadequada para suas aptidões, até a perturbação de seu
rendimento nos mais criativos atos de sabotagem. Os corolários nefastos, não
exaustivamente constatáveis nestes casos são a perda da expectativa de êxito em suas
criações e tarefas, hipersensibilidade à crítica e a vigilância, redução da capacidade de
concentração, pessimismo acerca de seu rendimento, a baixa perspectiva criadora,
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dentre outros tantos mais.

Nessa mesma seara, oportuno referendar à violência informática ou contra a propriedade


intelectual, como sendo as manobras fraudulentas em desfavor das obras do acossado,
quer alternado-as, quer retardando sua elaboração, o que se faz algumas vezes, por
força da ocultação ou destruição de seus projetos, planos, protótipos, ferramentas, ou
qualquer outro meio essencial à confecção do trabalho. Não se distingue
substancialmente da violência anteriormente tratada, todavia conceitua bem os ataques
contra a propriedade intelectual do trabalhador, realizáveis por exemplo através da
violação de sua intimidade, quando tal infração se põe como meio adequado ao dano à
informativos e documentos indispensáveis ao trabalho, assim como subtração de ideias e
criações do mesmo.

Já a opressão do sujeito, determinada em conta, de sua posição com relação ao local de


trabalho – e as condições nas quais se realiza-, bem como com relação às pessoas com
as quais convivem dá origem à chamada violência espacial. Essa violação reflete o
sucesso do assediador que persegue a segregação do assediado, afastando-o,
paulatinamente do convívio com seus pares. A alocação do empregado em um espaço
impróprio, a saber, de pequenas dimensões, insalubre, sem refrigeração, ou de qualquer
modo inadequado, também, ilustra semelhante tipo de violência, posto de manifesto,
que contém eficácia para alcançar o fim almejado pelo agressor, a dizer a sua saída do
trabalho.

Em conta disso imputam-se, não sem pouca razão, – como destaca Fernández Briceño –,
alguns diagnósticos de síndrome do pânico ou outras moléstias oriundas da exposição do
indivíduo àquelas circunstâncias, como dores musculares, desvios ósseos, lesões por
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esforços repetitivos e/ou inumados e as incontáveis doenças assim originadas. Desta
feita, acrescenta-se a tudo isso, a dificuldade com a qual se encontra a vítima, em
perceber o que se passa consigo, vez que não obstante, a gravidade das consequências
assinaladas, as vezes sua causa, a saber, o comportamento do assediador se mostra
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oculto, o que impede a identificação imediata do propósito ofensivo.

Ademais, uma outra implicação reflexa da atitude do acossador, geralmente esquecida,


porém determinante para a perpetuação do assédio é o alcance de seu temor,
ocasionado a terceiros, que diante disso, tendo em vista a consciência da agressão,
permanecem silentes e inertes, abstendo-se, assim de intervir, vedando as violações à
vítima, autenticando, pois um verdadeira conivência implícita para com intento do
opressor. A postura omissiva dos espectadores não se mostra desarrazoada, em vista de
sua posição assimétrica com relação ao sujeito ativo do assédio, o que lhes faz
representar acertadamente expectativas de converterem-se, igualmente em vítimas
imediatas do abuso.

Verifica-se, ainda, com não somenos importância, nesse caldo de cultivo, a necessidade
de uma averigação do comportamento do mobber, tal qual a afetação do destinatário do
assédio, nos seguros parâmetros oferecidos pela proprocionalidade. Somente a
submissão do ato agressivo in concreto aos postulados do princípio da razoabilidade é
possível aferir se o mesmo comporta em si, o condão de afigurar um genuíno mobbing,
tendo em vista que, uma ação isoladamente, nem mesmo uma sensibilidade ocasional
da vítima, podem ser reconduzidos à esfera de abrangência do assédio ora em comento.

Uma breve análise da fenomenologia deste singular tipo de bullying, já denota que a
preocupação em torno de si, refere-se às condutas que possam degradar e humilhar
consideravelmente alguns aspectos da dignidade do ser humano, e neste sentido,
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fragmentos estruturantes dos direitos da personalidade do homem. Com isso, as
estratégias de prevenção e medidas de repressão invocam-se, fundamentalmente,
contra esta classe de ações, cuja prática, precisa consolidar-se no local de trabalho, de
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forma tão habitual, a torná-lo um ambiente fértil e frutífero à realização do assédio.

3. O assédio moral no ambiente de trabalho (mobbing): uma contribuição à sua


delimitação conceitual

Após tracejados alguns elementos que individualizam a conduta do assediador, assim


como a enunciação não taxativa de algumas formas de manifestação do acosso, já é
possível delinear um conceito para o fenômeno ora em comento, que satisfaça a um só
tempo as exigências de sua definição tanto do ponto de vista sociológico, quanto da
perspectiva jurídica de seu tratamento.

Conforme assinalado introdutoriamente, trata-se o assédio laboral de uma realidade que


compõe o patrimônio cultural comum dos diversos países, não sendo, pois um produto
exclusivamente nacional ou de um restrito grupo de territórios nacionais.

Na grande maioria deles, como pontifica Lückemeyer, o assédio trabalhista é conhecido


e denominado pelo anglicismo mobbing, assim como se faz na Itália, Alemanha e países
escandinavos em geral. Não raras vezes, contudo, a mesma ideia é traduzida no termo
bullying como tem feito os estudiosos ingleses e norteamericanos. Em França
comumente referem-se ao harcèlement moral da mesma forma, em que no Japão
preferem tratá-lo por ijime. A literatura especializada dos países de lingua espanhola,
por outro lado, tem se mostrado bastante eclética em nomenclaturas, indentificando-o
sob as rúbricas psicoterror laboral, acoso moral, dentre outras. Os especialista de lingua
portuguesa, ora recepcionam os estrangeirismos acima colocados, ora se expressam nos
termos terror psicológico, tortura psicológica ou ainda humilhações no trabalho.

Superado isso, certo é, porém que em todas essas fórmulas ou quaisquer outras, assim
igualmente criadas, traduzem um fenômeno estruturado com base em três elementos
fundantes. São eles, caracteres imprescindíveis à constatação dessa peculiar categoria
de assédio nas mais diferentes realidades espaço temporal.

O primeiro deles é o elemento substancial, atinente, em síntese ao comportamento


20
agressivo do assediador, cuja violência (física ou moral) vincula-se, ao abuso de direito
e abuso de poder, em condutas que extrapolam os limites do aceitável para a coabitação
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

laboral, como p.ex a aplicação de advertências infundadas ou ainda aquelas que uma
vez fundamentadas, extravazam as fronteiras da finalidade disciplinar do ato ou ainda,
ultrapassam o exercício do direito de direção do empregador. Ante o exposto, outro
componente encerra-se no elemento temporal composto da exigência de que o assédio
se dê em obediência a um lapso temporal mais ou menos contínuo. Esse dado
cronológico de habitualidade do abuso é o conjunto reiterado de atitudes desvaliosas do
acossador, capaz de resultar em um impacto real de significativa perseguição a vítima.

E nesse sentido, calha salientar que as violações unitárias, a saber isoladas, não
perfazidas em meio a sua perpetuação e/ou contumácia do mobber desnatura de plano o
assédio nos termos aqui alinhavados, sendo reconduzido pela melhor técnica e
adequação a outros comportamentos, que se afinem mais à singularidade do ato. A
pontualidade das violações mais gravosoas desloca a conduta do sujeito para
expedientes jurídicos nos quais se ampara ofensas aos interesses assim lesados, como a
honra, a liberdade ambulatorial, a integridade física e psíquica dentre tantos outros.
Naturalmente que as investidas de menor monta são eficazmente, tratadas com o
manejo de indenizações de reparação dos eventuais e respectivos danos morais sofridos.

E por último, o terceiro pressuposto morfológico do mobbing é apresentado pelo


elemento teleológico, afigurado pela finalidade de exclusão definitiva da vítima do
ambiente de trabalho, seja forçando o pedido antecipado de aposentadoria dela, ou
pressionando-a de modo tal, a fim de que deliberadamente se demita. Segundo Kahale
Carrillo, o escopo de afastamento temporário do acossado se alcança, também, a partir
da criação de uma atmosfera de constrangimento no local de trabalho, que enseje a
necessidade por parte do vitimizado de ausentar-se, de suas ocupações habituais em
21
licença para tratamento médico. Nestes casos, o potencial destrutivo das investidas do
agressor, rompem com a acepção de simples perigo à integridade físico-psíquica do
sujeito, para atingir niveis mais profundos de lesividade material. Esse grau de
implicações permite destacar, como levantam González Trijueque e Delgado Marina, a
22
ocorrência de doenças crônicas e psicossomáticas ligadas em consequência com
alterações do sono, desânimo, quadros de insegurança e paranóia, elevação da pressão
arterial, disfunções alimentares, síndromes do pânico e quadros gradativos de apatia e
depressão. Em situações mais agudas e extremadas, esses distúrbios podem engendrar
no afetado, um estímulo de cooperação (instigação e/ou induzimento) ao suicídio, o que
torna os precedentes assédios morais, simples meios para a perseguição da finalidade
última e específica do assediador, qual seja a morte da vítima, cuja resultado doloso
imputa-se ao agente através da responsabilidade que se estabelece no art. 122 do CP.

Feitas essas considerações, subsiste, aqui, a ilação de que o assédio moral, pressupõe
um ato deliberado e consciênte do agente, a dizer de outro modo: reflete a manipulação
de processos causais dirigidos, a uma finalidade determinada, representada na extinção
23
ou discriminação do indivídio do ambiente de trabalho e do abandono forçado das
funções que nele desempenha.

Isso posto, e com ciência das informações lançadas, introduz-se um conceito de


mobbing que possibilite, como esclarece Gimeno Lahoz, preveni-lo, autocorrigi-lo,
legislá-lo e, em seu caso, sancioná-lo. Estabelecer essa definição não é uma tarefa fácil,
a um, pela complexidade com a qual se apresenta, e mais, pela incipiência com a qual
tem sido enfrentado; a dois, pelo risco, que qualquer precisão, nesse campo, pode
acarretar para a banalização desse problema social e das outras distintas formas de
assédio moral.

Assume-se ao revés disso, dois componentes importantes que obrigam ao exame desde
24
a perspectiva jurídica dessa ordem de assédio. Com razão adverte Martínez Escribano,
que se tratam de cofundamentos presentes no acosso praticado nas diferentes relações
de emprego, não só as laborais ordinárias, mas sim também, nas laborais especiais,
inclusive nos vínculos funcionais e estatutários, além é claro daquelas relativas à
25
integração de cargos e empregos junto as entidades político-administrativas
(funcionalismo público). Ademais, tendo em vista ambos os requisitos incorporados ao
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

conceito de mobbing, divisa-se, em um deles, o próprio bem da vida efetivamente


lesado diante do assédio reiterado. Trata-se, destarte e definitivamente de uma natureza
de conduta, cuja amplitude menoscaba simultaneamente aspectos da dignidade do
trabalhador, da mesma maneira, em que agride a integridade moral do mesmo.

O quesito descritivo do comportamento negativo somado ao bem jurídico lesionado


influem e corroboram, na estruturação normológica do tipo objetivo de um futuro injusto
penal a ser, eventualmente inserido na ordem jurídica brasileira, a exemplo do que já se
deu, em ordenamentos comparados como é o caso da Espanha, que após algumas
26
reformas empreendidas em seu Código Penal, a partir de 2010, inseriu uma figura
delitiva específica (art. 173.1) para o combate e sancionamento do mobbing.

O desvalor da ação, nesse panorama, ergue-se sob o propósito de humilhar, deprezar e


vexar a vítima assediada. No entanto, anterior a isso, é preciso avaliar em que medida,
o valor integridade moral do empregado resta desprestigiado pelo desamparo que sofre,
perante as soluções (insuficientes?) apresentadas pela legislação trabalhista vigente e,
também pela normativa penal em vigor, posto de manifesto, que o mesmo objeto
jurídico encontra autoridade penal já firmada, ao haver servido, outrora, de pressuposto
de incriminação de condutas outras, a exemplo daquelas presentes na legislação
extravagante.

4. Da atual tutela aos bens jurídicos atingidos pela conduta do assediador: proposta de
lege ferenda à legislação trabalhista ou necessidade de criminalização?

Conforme exposto, anteriormente, percebe-se como inequívoco, nos atos de mobbing


uma tendente influência a criação de um clima de inquietude, medo e precarização que
27
se estende por toda a sociedade . Por outro lado, diante de sintomas sociais com
consequências desta ordem, espera-se a contenção de seus efeitos, através dos
mecanismos formais e informais de segurança e de regulamentação. E neste quadrante,
não é sem menos razão, as expectativas consignadas ao direito e a suas propriedades de
28
instrumento de controle e disciplina social, ainda que opere em conconcurso com
outras instâncias de mesmo conteúdo teleológico, porém de díspar alcance valorativo.

Na peculiar questão no assédio moral trabalhista, um profundo exame da atual


legislação que se ocuparia desta questão, denota-se um tratamento de apoucada eficácia
resolutiva, dado o cariz da única e mais aproximada resposta que se encontra ao
problema levantado. O fato é que a CLT, oferece ao empregado assediado a
possibilidade de rescisão indireta do contrato de trabalho (art. 483), com fundamento
nas causas que ensejam a ruptura do pacto laborativo, nestes termos. Encontra-se,
nesse expediente, o elenco de razões que podem ser indentificadas à conduta agressiva
do assediador, o que faculta uma adequação – contudo relativa-, aos resultados
negativos provocados pelo assédio. Adverte-se, também, que o rol taxativo com o qual o
legislador celetista enumerou essas hipóteses, – desatendendo portanto, as ingentes
recomendações de generalidade e abstração de construção normativa –, não abrange
com sua técnica a pluralidade de casos a si análogos.

Assim sendo, depara-se com uma regulamentação precária, prenunciadora de um hiato


endônego, isto é, gestado no interior do próprio sistema de direito trabalhista.
Entende-se, nessa trilha, que o referido vácuo legal não se restringe a essas fronteiras,
exasperando-se para além daquela positivação, provocando fraturas significativas no
âmbito de cognição do justo e do equitativo ao imprimir ao assediador – e neste caso,
exclusivamente quando esse for o empregador –, uma obrigação indenizatória de traço
pecuniário. Além do mais, tal reação não obstaculiza, tampouco replica outro efeito do
comportamento assediador que se confunde com a fim, pretendido pelo agente, ou seja,
a instabilidade laboral da vítima.

Exterior a isso, porém conexo, resta a impunidade, em favor do assediador, que se


mantém no local de trabalho e afasta dele seu subordinado e/ou colega vitimizados
constantemente. É preciso dizer, que nem sempre a consequência do assédio redunte
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

em um dano concreto, ou seja, em uma lesão propriamente dita a integridade


físico-psíquica do assediado, o que não implica, pois na existência de uma ofensividade
insignificante para aqueles aspectos da saúde humana, dado a habilidade do mobbing
para a sua colocação em perigo. É justamente por esse fato, que se encontra mais uma
lacuna na legislação trabalhista no tratamento dessa matéria, na proporção em que, o
(mero) risco à saúde física e mental do trabalhador – a que é exposto pelo acosso –, não
deixar vestígios capazes de incluir, seus produtos, no alcance das doenças profissionais
ou aquelas perpetradas nas condições especiais de trabalho (art. 169, CLT), salvo
29
quando o perigo importar em um dano sensorialmente perceptível.

Quando se aventa profilaxias que atenuem e previnam o mobbing exsurgem dentre elas,
as propostas de criminalização, como é a postura aqui perfilhada. E neste jaez, alguns
30
segmentos da doutrina que interpretam essa questão preferem alocar o
comportamento assediador do mobber à tipicidade de injustos penais já existentes como
os delitos contra a honra (injúria – art. 140, CP e difamação – art. 139, CP), o crime de
lesão corporal (art. 129, CP), o de constrangimento ilegal (art. 146, CP), o de ameaça
31
(art. 147, CP) ou mesmo o crime de assédio sexual (art. 216-A, CP). Todavia,
nenhuma dessas figuras, a exceção desta última, contém a descrição de uma conduta
habitual de humilhação e constrangimento permanente em desfavor do sujeito
assediado, com uma finalidade específica, qual seja, o alijamento da vítima do ambiente
de trabalho. É preciso entender, que é perfeitamente possível que no local onde se
exerce as atividades laborativas, ocorram condutas pontuais que se subsumam àquelas
tipificações, mas que não se esgotariam em um provável tipo de assédio moral, dado a
incompatibilidade de bens jurídicos protegidos em um e em outro caso.

Nas tentativas de identificação do bem jurídico afetado em comportamentos de acosso,


cogitam-se aquele valor inscrito no art. 1.º, III, da CF/1988, a saber a dignidade da
pessoal humana, acepção esta, bastante equivocada, quando se invoca acertadamente
na teoria penal do bem jurídico, a necessidade de que os pressupostos de criminalização
deitem raízes em entes de densidade valorativa mais elevada, para além da lógica
essencia e fundamento de todo e qualquer direito fundamental. Em outras palavras, não
se reconhece na dignidade em si mesma um autêntico bem jurídico, já que seu sentido
reveste a toda a classe de valores tutelados pela ordem jurídica, o que lhe impede, a
priori, de ser uma entidade ínsita, privativamente, deste ou daquele objeto tutelado por
certa norma penal incriminadora.

A vinculação à dignidade não se afigura como apanágio apenas de uma determinada


categoria de bens jurídicos, mas de todos, indiscriminadamente, mesmo porque não se
divisa sua afetação primordialmente ao assediar-se trabalhadores, mas sim, a todas as
pessoas que forem postas nessa condição, ainda que fora do contexto laboral.
Assinala-se, nessa linha, como o faz Regis Prado, que a dignidade humana não pode ser
considerada desde uma perspectiva estritamente individual, mas a contrario sensu, sob
32
um ponto de vista relacional, como um direito de coexistência com os demais.

Sabendo desde logo, que o mobbing menoscaba interesses tão relevantes quanto a
integridade moral e física do homem, seria redundante separar essa lesão da
concomitante afetação de parcela de sua dignidade, já que tais valores constituem,
também, – assim como diversos outros–, base deste dado ontológico do ser. Ao mesmo
tempo, seria impensável, que ofensas a bens jurídicos de tamanha grandeza não
repercutissem em um atentado a algum dos aspectos da dignidade do homem. São
portanto, a dignidade humana e os bens jurídicos assinalados, vinculados pela relação de
conteúdo e contido, ao passo que àquela reveste todo o conjunto de direitos individuais
33
e fundamentais à existência humana.

Embora, como dito alhueres, o mobbing congregue uma heterogeineidade de


comportamentos que possam levar a uma ofensividade aos moldes do previsto em
certos delitos, – como o crime de lesão corporal –, a prática dos atos de humilhação, que
34
o caracteriza estão mais atrelados a violação do respeito à integridade moral do
trabalhador acossado que quaisquer outros objetos de proteção jurídica. Verifica-se
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

assim, na integridade moral o primeiro dos valores afrontados pela conduta do


assediador.

Acerca de seu conceito, como destaca Muñoz Sánchez é possível distinguir diferentes
interpretações. Um setor doutrinário realiza uma compreensão restritiva de sua
definição, ao identificá-la como fragmento integrante do significado mais geral da
integridade pessoal, referindo-se, pois ao direito da pessoa em não ser exposta à
situações que lhes acarrete sensações de dor, sofrimento físicopsíquico ou ainda
35
vexações de qualquer natureza . Outra opinião, ao revés, determina o conteúdo da
integridade moral de forma extensiva, posto encará-la como a própria incolumidade
pessoal, sendo assim, caracterizada pela ideia de inviolabilidade da personalidade
humana, identificando-se com as prerrogativas que o homem tem de ser tratado como si
mesmo, a saber como ser humano que o é.

Em efeito, oportuno salientar que não se confunde tais conceitos com a concepção que
se tem em torno da integridade física e muito menos da integridade psíquica, ainda que
a similitude dos vocábulos possam conduzir a uma redução de equivalência. A proteção
da integridade moral, como corretamente ensina Mario Coimbra, está atrelada a
proscrição de tratamentos deteriorantes e infamantes, bem como de humilhações as
quais possa ser sujeitado o homem, cujo assecuramento encontra-se esculpido
graficamente pelo legislador constituinte ao estabelecer, que “ninguém será submetido a
36
tortura nem a tratamento desumano ou degradante” (art. 5.º, III, CF/1988).

É notável em múltiplas condições, imaginar situações nas quais ocorra uma visível
afetação à integridade moral, sem que o comportamento causador da lesão subverta,
outrossim, os aspectos cofundamentadores da integridade físicopsíquica da vítima. À
guisa de exemplo, tem-se aqueles indivíduos altamente resistentes em sua saúde, mas
que expostos à vexações e/ou perseguições se vêem vitimizados desde o ponto de vista
da integridade moral, porém ilesos quanto aos componentes físico e psicológico de sua
incolumidade fisiológica.

De forma redutoramente simplista e assaz didática, sintetiza-se o seguinte: nem toda


afronta à integridade moral implica em idêntico resultado quanto a integridade
físicopsíquica, contudo, suas respectivas agressões resvalam em fraturas na
integralidade da dignidade do sujeito. Sob a perspectiva extensiva do conceito de
integridade moral, acima exposta, ergue-se uma definição afirmativa, atrelada à ideia de
que tal pressuposto adere-se à dignidade humana, enquanto o homem encontre um
sentido exclusivamente em si mesmo, livre portanto de funcionalizações para além de
37
seus próprios interesses.

A propósito, inolvidável é que a tutela da integridade moral responde à vedação de toda


conduta que ocasione padecimentos involuntários ao empregado, alterando de maneira
tal seu estado mental a ponto de fazê-lo tomar resoluções diferentes daquelas que teria,
se não estivesse submetido à pressão do assédio, como o caso de sua “deliberada”
demissão. Tudo quanto dito, põe em clara evidência a mens legis de um futuro amparo
penal da integridade moral, que uma vez posto nestes termos, serve, de modo reflexo, à
proteção da estabilidade laboral (permanência voluntária) do trabalhador, que se
encontrar na iminência de fragilização perante a ostensiva atitude do acossador, não
raro vazada na ruptura imotivada (sem justa causa) do pacto laborativo.

Deve-se, destarte afirmar, como o faz Lascuraín Sánchez que não se trata de converter
desnecessariamente uma conduta irregular em delito, mas sim da conformação de um
38
Direito Penal do trabalho de dimensões adequadas cuja legitimação, argumenta o
39
mesmo autor, passa pelo especial esforço de precisão e descrição das condutas
40
puníveis, com significativo avanço no prestígio de referenciais jurídicos de afirmação
constitucional, como a existência digna do trabalhador – mormente em seu ambiente de
trabalho –, consoante disposições firmadas junto aos ditames de justiça social.

Sabe-se que o contrato de trabalho, uma vez celebrado, contém alguns requisitos, como
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

recorda André Aguiar, quais sejam, a continuidade, a subordinação, a onerosidade, a


pessoalidade, e a alteridade, significando pragmaticamente a realização da atividade
laboral sob a dependência do contratante nos aspectos enconômico, técnico, jurídico e
41
social. Não obstante, doravante firmado o contrato, o trabalhador tem assegurado (art.
5.º, X, CF/1988) o seu direito à integridade moral com plena proteção à imagem, à
intimidade, à privacidade, ao segredo, à honra, à boa fama, à liberdade civil, política e
religiosa, direitos esses, todos passíveis de afetação com o assédio moral trabalhista,
42
como enfatiza Flávia Medeiros em sua tese doutoral sobre ao assunto, acentuando o
caráter pluriofensivo desta conduta.

Um exame apurado das disposições do Código Penal que cuidam dos “Crimes contra a
organização do Trabalho” (Título IV), permite inferir uma ausência de tutela penal destes
bens jurídicos diante do comportamento do autor do mobbing, embora tipifique ações
perpetradas no contexto laboral. A primeira dessas figuras encontra-se prevista no art.
197 do CP, que sob a rubrica “Atentado contra a liberdade de trabalho”, basicamente
incrimina uma específica forma derivada do crime de constrangimento ilegal. Assim
sendo, já se depara com a preliminar dificuldade de que essa previsão se adeque ao
assédio trabalhista, em virtude de que no tipo em comento, o bem jurídico tutelado
43
encontra identidade na liberdade do trabalhador e não em sua integridade moral. Além
do que, se refere ao menoscabo da liberdade enquanto capacidade de autodeterminação
do empregado em optar pelo trabalho que exercerá, não sendo, pois compelido por
violência ou ameaça a exercer atividades desconforme a sua vontade.

Salienta-se que, é evidente as chances da supressão da autonomia da vontade do


empregado no âmbito do acosso. Todavia, nem sempre isso ocorre, sendo bastante
provável hipóteses nas quais haja plena liberdade ao trabalhador na realização de suas
funções, fazendo-o em meio a uma atmosfera de humilhação que torne intolerável a
convivência na empresa.

Um outro delito em mesma posição topográfica do aludido crime, encontra-se presente


no art. 203 do CP, cujo nomen juris “Frustração de direito assegurado por lei trabalhista”
recrimina e pune com penas de detenção de um a dois anos e multa, além da pena
correspondente à violência, o patrão, que de qualquer forma, suprime, ou seja, prive ou
impeça – por fraude ou violência –, o legítimo titular (no caso o empregado), ao gozo ou
exercício de direitos renunciáveis e irreuniciáveis que lhe reconhece a legislação do
trabalho.

O apreciado tipo penal abarca, em sua determinação taxativa, a ação do empregador


que deturpa, subtrai ou de qualquer modo restringe os valores referentes ao salário
mínimo, o recolhimento do FGTS, o pagamento do 13.º salário, a concessão da jornada
de trabalho legalmente determinada, o oferecimento das férias e o descanso semanal e
suas devidas remunerações, a licença gestante e paternidade dentre tantos outros
direitos concretos do trabalhador, como bem relembra Cristiano Fragoso, ao incluir no rol
44
integrante do tipo objetivo desta figura delitiva, o direito constitucional de grave.
Nota-se de plano, um flagrante distanciamento do objeto de proteção deste injusto penal
com aquele que se construiria em favor da proteção da integridade moral, dado sê-lo, –
como lecionam Érika e Gisele Mendes de Carvalho –, compromissado substancialmente
com a salvaguarda da materialidade de direitos do trabalhador do que com a
preservação do mesmo, no que pertine à sua proteção econômica em reconhecimento à
45
posição de hipossuficiência que ocupa na relação de emprego.
46
Em comentários aos mesmo dispositivo, a última das citadas autoras recorda que o
inc. II do § 1.º do referido art. 203 do CP, prevê uma forma equiparada sancionando
com as mesmas penas cominadas no caput a quem “impede alguém de se desligar de
serviços de qualquer natureza, mediante coação ou por meio da retenção de seus
documentos pessoais ou contratuais”. Pois bem, em que pese a incontestável natureza
de assédio constante nessa incriminação, a mesma não reune exaustivamente, todos os
caracteres indispensáveis à constituição de um genuíno tipo de acosso laboral.
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

Insta relembrar, nesta trilha, que o desvalor da ação deste crime contra a organização
47
do trabalho difere-se sobremaneira, do conteúdo do tipo subjetivo estruturante de um
vindouro delito de mobbing, tendo em vista que a finalidade motivadora do agente à
realização das condutas do art. 203, § 1.º, II, CP é bem diferente (oposta, aliás) daquela
que impulsiona o acossador, a saber, a demissão forçada do assediado, já que naquela,
sua ação é dirigida no sentido de embaraçar a saída do trabalhador dos serviços que
exerce e que não mais deseja realizar.

Em definitivo, não parece realmente serem em tais figuras delitivas, o espaço apropriado
à inclusão do comportamento do assediador. Por isso, propugna-se a criação de um tipo
próprio, autônomo e que satisfaça plenamente às exigência de prevenção e punição do
mobbing, já que as respostas com as quais trabalha o Direito Penal contém – como
48
adverte com razão Susan Edwards –, um alcance não encontrado por sanções de
natureza civil. Todavia, observa com acerto De La Cuesta Arzamendi, não poder estas
vias, por outro lado, deixar de serem aperfeiçoadas em paralelo, quando se trata de
erradicar ou minimizar os efeitos do psicoterror laboral, além é claro da
instrumentalização de medidas de proteção das vítimas diante das expectativas de
49
perpetuação das agressões.

Um primeiro ponto de relevo na aproximação, ao tratamento penal desta forma de


assédio concentra-se, na própria localização sistemática, que essa nóvel incriminação
ocuparia na ordem jurídica. Cabe reconhecer em prestígio aos benefícios da codificação
que semelhante previsão integrasse o Código Penal, e não uma lei penal extravagante,
dado, assim, sua maior adesão ao sistema de direito positivo, somado a maior
possibilidade de cognição do conteúdo normativo por parte de seus destinatários. Outra
questão merecedora de atenção é que o novo tipo penal, não fosse inserto ao grupo dos
“Crimes contra a organização do trabalho” em razão de neste locus haver-se preocupado
o legislador em punir condutas que afetem direitos garantidos por outra normativa, e
não a proteção de interesses imediatamente referíveis à pessoa, como é o caso da
integridade moral.

Uma possibilidade para situar o idealizado dispositivo legal seria em um Título em


apartado, quiçá subsequente ao Título IV, posto o contexto laboral do tratamento legal
da matéria. Em contrapartida, a melhor técnica impede a inserção da proposta de lege
ferenda, imediatamente após o término do Capítulo III (Dos crimes contra a periclitação
à vida e da saúde), do CP, em um lugar diferente, denominado em inspiração ao CP
espanhol “Das torturas e outros delitos contra a integridade moral”, que poderia albergar
50 51
mediante a programada reforma penal, todos os delitos , que guardasse afinidade
metodologica com esta nomenclatura, e que se encontrem hoje, alocados em leis penais
especiais.

Outra vantagem sistemática desta configuração seria, o fato da proximidade geográfica


da incriminação com outros tipos penais construídos sob a técnica dos crimes de perigo,
já que seria esta, também, a melhor formatação do injusto penal em tela, tendo em
vista o que foi dito linhas atrás, a dizer, o reconhecimento de que o assédio, não precisa
necessariamente, deixar vestígios para se admitir sua aptidão à desfragmentar a higidez
da integridade moral do trabalhador, circunstância essa que lhe classificaria como um
verdadeiro delito de mera conduta. Ainda no concernente à categorização, o elemento
temporal característico do mobbing faria de sua incriminação um delito habitual.

A construção normológico-estrutural necessita observar a criação de um delito comum,


sob pena de omitir-se com relação aos prováveis casos de mobbing horizontal e vertical
descendente. Isso torna conveniênte a inserção de uma agravante fundamentada na
maior magnitude do injusto, incidente sempre que o agente, para a comissão do ato, se
prevalecer da condição de superioridade hierárquica a qual ocupa, bem como quando
praticá-lo com abuso de poder ou com violação ao dever inerente ao cargo, ofício ou
função. Não raras vezes, o constrangimento do assédio ao invés de realizado com lastro
nas situações que sustentariam as agravantes específicas, tem-se aquele motivado por
52
razões discriminatórias, estas inclusive, conciliáveis com a prática de outros tantos
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

delitos, razão pela qual a oportunidade político-criminal ensejaria a inclusão de uma


agravante genérica assim arrazoada e influente na extensão da culpabilidade do sujeito.

O problema disso contudo, como chama a atenção Gómez Aller, restaria na vinculação
de um plus sancionador com circunstância ligada ao foro íntimo da pessoa – motivos – e
que, em consequência apoiaria uma sanção (adicional) com um recurso próprio do
53
condenável Direito Penal de autor, o que exigiria um extraordinário esforço
54
interpretativo do julgador no sentido de compatibilizá-lo com o Direito Penal do fato,
perspicácia judicial essa com a qual nem sempre se pode levar em conta.

5. Conclusão à valoração crítica da incriminação do mobbing

Em consideração ao que foi exposto, conclui-se pela preocupante e insuficiente tratativa


jurídica no tocante aos atos de assédio moral no ambiente de trabalho. Propõe-se, assim
acolmatar semelhante lacuna em um sistema de direito, que responda com eficácia aos
reclames de prevenção e punição dessa conduta.

A proposta mais que os detalhes acima levantados, precisa cumprir fielmente as


diretrizes da legalidade penal, descrevendo com pormenores a ação incriminada.
Destaca-se que seu preceito primário necessita trazer uma redação que compreenda o
acosso como um desvalor praticado não só por comissão, – como é a mais comum –,
mas também, através de atitudes inativas, já que se perfaz, também, por intermédio
dos mais sublimes comportamentos, a exemplo das omissões do patrão em não
designar, ao empregado, qualquer atividade que desempenhar, deixando-o prostrado e
apático diante de um ócio improdutivo, com vistas a desacreditá-lo daquele trabalho,
impulsionando-lhe à sua futura evasão.

É preciso, ainda, que a tipicidade formal esteja consciênte de que o acosso se realiza em
todas as relações de emprego, expressão essa designativa de um possível elemento
normativo de valoração jurídica, a ser empregado na redação do tipo, que impediria a
descriminação do alcance da norma à restritas relações de laborais, amparando
portanto, inclusive o assédio realizado no âmbito do serviço público. Como
mencionou-se, a particularidade do comportamento, impulsiona esculpir a norma penal
incriminadora, outrossim, garantidora da estabilidade laboral do empregado, explicação
para que a composição do tipo contenha ao lado do dolo de assediar, uma intenção a
mais nutrida pelo agressor, plasmada no fim de que o assédio importe na saída do
assediado do trabalho que exerce.

No que diz respeito a isso, coloca-se ser despiciendo que esta finalidade seja
efetivamente alcançada para a consumação da infração penal, bastando para a
integralização do injusto as manobras de constrangimento moral. O delito de intenção,
nestes termos, serviria à delimitação das barreiras do punível, necessitando pois para a
responsabilidade do agente, a prova desse elemento subjetivo especial, posto que em
sendo outro o escopo do agente, afigurar um delito distinto, v.g o de assédio sexual (art.
216-A CP), quando sua finalidade for obter vantagens ou favorecimentos sexuais da
vítima.

Ademais, como sobejamente afirmado, o novo delito estaria a serviço imediatamente da


tutela da integridade moral do trabalhador assediado, além é claro, de modo reflexo em
proteção à sua permanência voluntária no ambiente de trabalho. Nota-se que, as
agressões do assediador podem ultrapassar a afetação destes interesses, atingindo
concomitantemente outros valores humanos, como por exemplo a honra e a integridade
física do trabalhador, o que, no caso concreto, conduziria a responsabilidade penal do
agente às regras de concurso de crimes, aplicando-se cumulativamente as penas do
nóvel tipo e aquelas – conforme o caso – cominadas aos crimes de difamação, injúria ou
lesão corporal.

No correspondente à sanção estabelecida, uma estratégia racional de exame da


legislação de países, que já regulamentaram essa questão, permite a assunção de
margens penais muito consentâneas ao desvalor do resultado expresso pelo mobbing.
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

Em uma períta sugestão e pioneira no trato da matéria, tem-se o modelo de redação


típica, e seu correspondente preceito secundário oferecido por um grupo de autores
nacionais atentos ao assunto. Eis a proposta in verbis:

“Assédio moral nas relações de trabalho

Assediar moralmente alguém, prevalecendo-se do contexto de uma relação laboral ou


funcional:

Pena – detenção, de 1(um) a 3(três) anos.

Parágrafo único. As penas aumentam-se de um terço até a metade, se o sujeito se


prevalece da sua condição de superior hierárquico para a comissão do delito,
praticando-o com abuso de poder, ou com a violação de dever inerente a cargo, ofício ou
55
profissão”.

Na Espanha, segundo os comentários de Mendoza Calderón e Martínez González, a


criação do delito de mobbing justifica-se, pela facilidade com a qual se encontra o
56
agressor para assediar a vítima. Observa-se que a salutar proposta faculta eliminar a
impunidade do sujeito, que com seu proceder atinja, isoladamente os interesses do
trabalhador através de manobras agressivas pontuais, permitindo – como salienta Pérez
Machío –, sua punição nos termos de crimes subsidiários ao provável delito de assédio
laboral, como o constrangimento ilegal (art. 146) ou a ameaça (art. 147), ambos do
57
Código Penal.

Data maxima vênia, um rectius construtivo poderia ser feito àquela proposta de lege
ferenda, mais precisamente no tocante ao quantum de sanção fixado na margem de
58
máximo da pena. Parece cediço que o fim de prevenção geral está menos ligado à
quantidade (gravidade) de pena, que com a certeza de sua aplicação ou a funcionalidade
do sistema de justiça criminal. Logo, importar literalmente as penas em abstrato da
similar incriminação do Código Penal espanhol – ao menos no concernente ao máximo
estabelecido –, cumpre satisfatoriamente os fins colimados pelos aspectos positivo e
negativo de prevenção, além do que, determinar a pena máxima em até dois anos,
otimizaria no direito brasileiro instrumentos importantes erigidos em prol de um Direito
Penal de garantias, como a concessão para tal incriminação do benefício da suspensão
condicional da pena (art. 77 do CP) e a transação penal (art. 76, Lei 9.099/1995).

Obtempera-se que mecanismos deste gênero precisam ser exercitados sempre que
possível em virtude de sua inclinação para com o programa de Política Criminal
encampado por um Estado que se pretenda democrático e social de direito.

Derradeiramente, infere-se que o desenvolvimento de um tipo penal específico que cuide


da incriminação do assédio moral trabalhista, encontra descritíveis vantagens de ser
inserido na ordem jurídico-penal brasileira. A primeira e mais destacada delas é, que se
realizado sob a boa técnica legislativa daria cumprimento aos postulados do princípio da
legalidade dos delitos e das penas, permitindo a compreensão exata do conteúdo
incriminado, bem como de sua penalidade correspondente.

Acompanhado dessa inovação é utilitário, o incremento concomitante das ocupações


legais que confere a essa questão a legislação trabalhista, fazendo previsões que
proclamem o a erradicação do mobbing no ambiente de trabalho, tanto das relações
estatutárias quanto aquelas estabelecidas segundo a disciplina da CLT.

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1 Vide, MARX, Karl; ENGELS, Friederich. Manifesto do partido comunista. São Paulo:
Martin Claret, 2006, p. 45 e 57.

2 Cf. COELHO, Edihermes Marques. Direitos humanos, globalização de mercados e o


garantismo como referência jurídica necessária. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003, p.
43. Segundo o autor, tais fatores propugna o reconhecimento do Estado como
organizador da economia, cabendo ao mesmo servir como “estimulador das atividades
privadas (singulares, associadas ou cooperativadas), monitorando as realidades de tal
maneira a qualificar o desenvolvimento de acordo com as potencialidades específicas” de
cada espaço e liame estabelecido.

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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

3 GIDDENS, Anthony. Runaway world: how the globalization is reshaping our lives. New
York: Routledge, 2000, p. 39-53.

4 Cf. GRACIA MARTÍN, Luis. Criminalidad de la globalización y Derecho Penal. In:


ROMEO CASABONA, Carlos-María (Dir.). Biotecnología, desarrollo y justicia. Granada:
Comares, 2008, p. 33.

5 Cf. MARTÍNEZ LEÓN, M; IRURTIA MUÑIZ, M. J.; CAMINO MARTÍNEZ LEÓN, C.; TORRES
MARTÍN, H.; QUEIPO BURÓN, D. El acoso psicológico en el trabajo o mobbing: patalogía
emergente. Valencia, Gaceta Internacional de Ciencias Forenses, n. 3, p. 9-11, abr.-jun.
2012.

6 Cf. ACOSTA FERNÁNDEZ, Martín; Aguilera Velasco, María de los Ángeles; POZOS
RADILLO, Blanca Elizabeth. Relación Entre el Acoso Moral en el Trabajo y el Estilo
Interpersonal en el Manejo de Conflictos. México, Ciencia e Trabajo, n. 11, año 31, p. 14,
ene.-mar. 2009.

7 O’DONNELL, Ken. Valores humanos no trabalho: da parede para a prática. São Paulo:
Gente, 2006, p. 72.

8 A palavra mobbing provém do inglês, do verbo “to mob” que significa “atacar em
tumulto”, “atropelar”, ou seja, atropelar por confusão, tumulto causado por uma
multidão de pessoas. Cf. GINER ALEGRÍA, César Augusto. Aproximación conceptual y
jurídica al término acoso laboral. Murcia, Anales de Derecho, n. 29. p. 229, 2011.

9 Cf. VICENTINE XAVIER, Alexandre. La respusta jurídica frente al acoso moral en el


trabajo (Tesis doctoral). León. Universidad de León – Departamento de Derecho Privado
y de la Empresa. 2011, p. 55.

10 Alguns mecanismos já são presentes para a constatação do assédio, além é claro da


mensuração do nível no qual se manifesta. Um estudo que tem se mostrado eficaz nessa
tarefa, – e com uma recente versão espanhola – encerra-se na pesquisa de campo
denominada NAQ-R (Negative Acts Questionnaire – Revised), cujos resultados obtidos se
dão através de um questionário sobre aspectos sociodemográficos e sociolaborais
elaborado ad hoc. O teor dos resultados auferidos em relação as propriedades
psicométricas do NAQ-R, tem permitido avaliar, com suficientes garantias, os distintos
graus de assédio laboral, inclusive identificando em percentagens precisas, o número de
vítimas do acosso em relação a variável tempo. Sobre detalhes desse estudo, vide
GRAÑA GÓMEZ, José Luis; GONZÁLEZ TRIJUEQUE, David. El acoso psicológico en el
lugar de trabajo: prevalencia y análisis descriptivo en una muestra multiocupacional.
Psicothema, vol. 21, n. 2, p. 288-293, Madrid, 2007.

11 Cf. FERNANDES, Maria de Fátima Prado; FREITAS, Genival Fernandes de; LUONGO,
Jussara. Caracterização do assédio moral nas relações de trabalho: uma revisão da
literatura. Valencia, Revista Cultura de los Cuidados, n. 30, ano 15, p. 73, 2011.

12 PINILLO DIAZ, José Luis. Psicología de la agresión. Santiago, Estudios Penales y


Criminológicos, n. 3, p. 175, 1978/1979.

13 Configura o assédio moral, o gênero que açambarca díspares espécies que se


especializam na proporção em que assumem elementos próprios. Tem-se, então o
assédio moral imobiliário (blockbusting) havido nas relações de vizinhança ou locatícias,
em que o assediador torna insustentável a existência do vizinho através de habituais
importunações. Ainda nessa seara, é comum o locador constranger permanentemente o
locatário para que desocupe seu imóvel, sem valer-se para tanto dos meios legais. Outra
forma se manifesta no chamado assédio moral escolar ou também denominado bullying
que se dá no contexto estudantil e se realiza comumente pelas humilhações e/ou
discriminações que sofre um estudante por parte de outro colega ou de um grupo deles.
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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

O assédio moral familiar é na lição de Boldova Pasamar e Rueda Martín, os maus-tratos


domésticos que se praticam por um dos membros da organização familiar em desfavor
do outro. O assédio doméstico nada mais é que o exercício frequente de violência física
ou psicológica sobre quem esteja ligado por relações de afetividade ou ainda de
convivência ou coabitação. Frisa-se que essa espécie de assédio já comporta no
ordenamento jurídico brasileiro um tratamento legal, doravante a entrada em vigor da
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e da inserção em 2004, através da Lei
10.886/2004, do delito de violência doméstica no hoje art. 129, § 9.º, do CP. Cf.
Boldova Pasamar, Miguel Ángel; Rueda Martín, María Ángeles. El nuevo tratamiento de la
violencia habitual en el ámbito familiar, afectivo o similar tras las reformas de 2003 del
Código Penal español. Madrid, Revista de Derecho Penal y Criminología, n. 14, p. 12,
2004.

14 CARVALHO, Messias. Assédio moral/mobbing. Disponível em


[www.otoc.pt/downloads/files/1155034857_40a49.pdf]. Acesso em: 03.03.2014.

15 É preciso anotar que a definição de vítima, encontra-se em um tortuoso terreno, dado


a própria dificuldade de alocação da disciplina que de seu conteúdo se ocupa. O fato é
que o conceito mais apropriado de vítima, exige uma compatibilidade com o conjunto de
características típicos da vida societária, além de uma justaposição da situação da qual
esse status deriva, a saber as condições de abuso de poder. Portanto, se reconhece
como vítima todo aquele indivíduo que direta ou indiretamente é atingido pela
delinquência, seja em sua pessoa, seja em seus interesses, suportando lesões físicas e
mentais como consequência, inclusive, de ações ou omissões que violem seus direitos
fundamentais. Cf. CÂMARA, Guilherme Costa. Programa de política criminal: orientado
para a vítima de crime. São Paulo: Ed. RT; Coimbra: Coimbra Ed., 2008, p. 77.

16 RODRÍGUEZ-NIEVES, Edgardo. El acoso moral (laboral) en el trabajo: consciencia y


desarrollo en Puerto Rico. Revista Empresarial Inter Metro, vol. 3, n. 1, p. 24 e ss.,
Puerto Rico, 2007.

17 Cf. FERNÁNDEZ BRICEÑO, Luis. El acoso moral en el trabajo: distinguir lo verdadero


de lo falso. Revista del Ministerio de Trabajo y Asutos Sociales, n. 41, p. 157, Madrid,
2003.

18 Cf. BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos de personalidade e autonomia


privada. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 118.

19 Enquanto se pretenda equiparar o tratamento jurídico (penal) do acosso laboral,


qualquer que seja o em torno onde se produza, não passa inadvertidas certas
especificidades como aquelas que se tem lugar no âmbito da função pública. O caso é
que as estratégias organizativas de prestação laboral havida em conta do regime
trabalhista dos funcionários públicos se alteram geralmente em razão de resoluções ou
atos administrativos. Assim sendo, oportunamente esclarece Pomares Cintas que tal
situação encontra dificuldades de se enquandrar em um tipo penal, cuja exigência é
“literalmente a da realização de atos (de forma reiterada), assim, quando o clima de
grave hostilidade que sofre o funcionário no desempenho de sua atividade se proceda
essencialmente de um único ato administrativo, isto é, não se formaliza em reiterados
atos (embora produza efeitos análogos), sem que deixe de identificar essa situação com
um episódio esporádico”. Cf. POMARES CINTAS, Esther. El Derecho Penal ante el acoso
en el trabajo: el Proyecto de Reforma Penal de 2009. Revista Andaluza de Trabajo y
Bienestar social, vol.105, p. 78, Andalucia, 2010. Para a autora, bem como outros
doutrinadores, o requisito da reiteração no tempo da conduta hostilizante se esfacela
visivelmente quando se trata do assédio no campo da administração pública, sendo, pois
conveniente substituí-lo pela “permanência de seus efeitos” que sejam precursores de
um grave processo de degradação do sujeito.

20 Entendido como o exercício de prerrogativas legais prescindindo dos marcos fixados


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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

pelo ordenamento jurídico em geral. Cf. MORTORELL, Ernesto. Indemnización del daño
moral por despido. 2. ed. Buenos Aires: Hammurabi, 1994, p. 82.

21 KAHALE CARRILLO, Djamil Tony. El acoso moral en el trabajo (mobbing): solución a


un antiguo problema desde una nueva perspectiva jurídica. Boletín de la Facultad de
Derecho, Madrid, Uned, n. 23, p. 214, 2003.

22 Cf. DELGADO MARINA, Sabino; GONZÁLEZ TRIJUEQUE, David. Acoso psicológico en


el lugar de trabajo, burnout y psicopatologia: un estudio piloto con el bsi y el mbi.
Boletín de Psicología, n. 94, p. 53, Valencia, nov. 2008.

23 Interessante a averbação que faz Samantha Ribeiro ao tratar sobre “discurso do ódio”
quando ensina, acertadamente que a discriminação possui um impacto maior que a
simples diferença, já que ela é empregada em um sentido pejorativo e tem por base
critérios ilegítimos, normalmente relacionados à ideia de superioridade de um grupo com
relação ao outro, o que amiúde acontece entre empregados e patrões. “A discriminação
sempre se dá em relação a membros de determinados grupos com o qual se identifica
um esteriótipo, um traço comum. Esse comportamento é acompanhado de um aspecto
negativo, de atos que visem a exclusão daquele grupo da sociedade”. Sobre o assunto,
vide com detalhes MAYER-PLUFG, Samantha Ribeiro. Liberdade de expressão e discurso
do ódio. São Paulo: Ed. RT, 2009, p. 109-110.

24 MARTÍNEZ ESCRIBANO, Alfonso. El acoso en el trabajo. Sevillha, La toga, p. 7 e ss.,


sep.-oct., 2001.

25 Cf. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 15. ed. São Paulo: Ed.
RT, 1971, p. 356.

26 A jurisprudência espanhola já tem sido pródiga em apreciações de casos práticos que


contribuíram em demanda, na ulterior regulamentação do assédio moral laboral. Assim
se apercebe pela seguinte compilação jurisprudencial: (AS 2004/631) TSJ Galicia,
S16-01-2004, rec.4556/2003 Pte: Yebra-Pimentel Vilar, Pilar /(JUR 2004/57674) TSJ
Galicia, S17-11-2003, rec.5248/2003. Pte: González Nieto, Antonio /(AS 2003/2227)
TSJ Aragón , S 30-06-2003, núm. 752/2003, rec. 107/2003. Pte: Mora Mateo, José
Enrique /(AS 2003/2512) TSJ Cataluña , S 30-05-2003, núm. 3500/2003, rec.
1296/2003. Pte: Rivas Vallejo, Mª del Pilar/(AS 2003/2512) TSJ Andalucía (Gra), sec.
2.ª, S 29-04-2003, núm. 1354/2003, rec. 2538/2002. Pte: López Delgado, Antonio / (AS
2003/3894) TSJ Canarias, S28-04-2003, rec. 1460/2002 Pte: García Hernández, María
Jesús /(AS 2003/1738) TSJ Cataluña , S 08-04-2003, núm. 2274/2003, rec. 513/2003.
Pte: Quintana Pellicer, José de/(JUR 2003/194124) TSJ Galicia , S 21-03-2003, rec.
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4396/2002. Pte: Vivas Larruy, Angeles/(AS 2002/2457) TSJ País Vasco, S14-05-2002,
rec.933/2002 Pte: Eguaras Mendiri, Florentino.

27 Cf. FERNÁNDEZ BRICEÑO, Luis. El acoso moral en el trabajo: distinguir lo verdadero


de lo falso. Revista del Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales, Madrid, n. 41., p. 157,
2001.

28 Para alguns autores esse controle é uma condição básica de vida social por meio do
qual se assegura o cumprimento das perspectivas de comportamentos e os interesses
compreendidos no conteúdo das normativas que regem a convivência comunitária,
confirmando, pois e establizando-as contrafaticamente. Cf. MUÑOZ CONDE, Francisco.
Derecho Pena y control social. Caracuel: Jerez, 1985, p. 36.

29 Ver DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Ed.
Página 22
O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

LTr, 2010, p. 999-1000.

30 Vide, por todos PELI, Paulo Robert; TEIXEIRA, Paulo Rodrigues. Assédio moral: uma
responsabilidade corporativa. São Paulo: ícone, 2006, p. 116-124.

31 Com mais detalhes, vide SANTOS, Aloysio. Assédio sexual nas relações trabalhistas e
estatutárias. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 23 e ss.

32 PRADO, Luiz Regis. Princípios da dignidade da pessoa e humanidade das penas na


Constituição Federal de 1988. In: MARTINS, Ives Gandra; Rezek, Francisco (coords.).
Constituição Federal: avanços, contribuições e modificações no processo democrático
brasileiro. São Paulo: Ed. RT, 2008, p. 212.

33 Cf. SARLET, Ingo Wolfgang. Os direitos sociais como direitos fundamentais: seu
conteúdo, eficácia e efetividade no atual marco jurídico brasileiro. In: ______; LEITE,
George Salomão (orgs.). Direitos fundamentais e Estado constitucional: estudos em
homenagem a J.J Gomes Canotilho. São Paulo: Ed. RT; Coimbra: Coimbra Ed., 2009, p.
223 e ss.

34 A integridade moral como direito fundamental viria a ser uma das expressões da
dignidade humana, no sentido da possibilidade de configurar, de forma autônoma, os
pensamentos, as ideias ou os sentimentos sem que ninguém possa alterar essa referida
formatação utilizando-se de mecanismos ou procederes opostos à vontade, entre os
quais, exemplificativamente, poder-se-ia citar os atos desumanos e degradantes. Cf.
DÍAZ PITA, María del Mar. El bien jurídico protegido en los nuevos delitos de tortura y
atentado contra la integridad moral. Estudios Penales y Criminológicos, n. 20, p. 59,
Santiago, 1997.

35 Cf. MUÑOZ SÁNCHEZ, Juan. Los delitos contra la integridad moral. Valencia: Tirant lo
Blanch, 1999, p. 21.

36 Cf. COIMBRA, Mário. Tratamento do injusto penal da tortura. São Paulo: Ed. RT,
2002, p. 165. Para o autor, essa fração da dignidade humana, impende tutela já que
também, se perfaz na garantia positiva, na direção de possibilitar ao homem o pleno
desenvolvimento de sua personalidade.

37 Cf. KANT, Immanuel. A metafísica dos costumes. Trad. Edson Bini. São Paulo: Edipro,
2003, p. 226 e ss.

38 No entanto, há quem condene o desenvolvimento deste subsistema de Direito Penal


ao defender uma indiscutível ineficácia da norma penal posta à tutela do trabalho. Cf. LA
CUTE, Giuseppe. Diritto Penale del lavoro. Napoli: Jovene, 1983, p. 30.

39 LASCURAÍN SÁNCHEZ, Juan Antonio. La prevención de los riesgos laborales: cinco


perguntas. In: CARBONELL MATEU, Juan Carlos (Dir.). Estudios penales em homenaje al
Profesor Cobo del Rosal. Madrid: Dykinson, 2005, p. 572.

40 Cf. LASCURAÍN SÁNCHEZ, Juan Antonio. Los delitos contra los derechos de los
trabajadores: lo que sobra y lo que falta. Anuario de Derecho Penal y Ciencias Penales,
vol. 57, p. 22, Madrid, 2004.

41 AGUIAR, André Luiz Souza. Assédio moral: o direito à indenização pelos maus-tratos
e humilhações sofridos no ambiente de trabalho. São Paulo: Ed. LTr, 2005, p. 74.

42 OLIVEIRA, Flávia de Paiva Medeiros de. El acoso laboral. Tesis (doctoral) – Universitat
de Valencia. Valencia, 2005, p. 197-240.

43 Cf. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte especial. São Paulo:
Página 23
O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

Saraiva, 2008, vol. 3, p. 359.

44 FRAGOSO, Cristiano. Repressão penal da greve: uma experiência antidemocrática.


São Paulo: Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, 2009, p. 451.

45 CARVALHO, Érika Mendes de; CARVALHO, Gisele Mendes de. O assédio moral no
ambiente de trabalho: uma proposta de criminalização. In: CONPEDI. (org.). Anais do
XVI Congresso Nacional do Conpedi. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2008, p. 2918.

46 CARVALHO, Gisele Mendes de. O assédio moral no trabalho e a tutela penal da


integridade moral. RT 901/408. São Paulo: Ed. RT, 2010.

47 Invoca-se aqui o prestigioso ensinamento de Alicia Gil para quem o elemento


subjetivo especial do injusto cumpre basicamente duas funções distintas e, ao mesmo
tempo antagônicas, quais sejam adiantar as barreiras de proteção antecipando o
momento da consumação e restringir o tipo mediante a concreção da conduta que se
quer punir em consideração aos aspectos anímicos do sujeito. Cf. GIL GIL, Alicia. La
ausencia del elemento subjetivo de justificación. Granada: Comares, 2002, p. 55.

48 EDWARDS, Susan. La función simbólica del derecho penal: violência doméstica. In:
BUSTOS RAMÍREZ, Juan (Dir.). Pena y Estado: función simbólica de la pena. Santiago de
Chile: Conosur, 1995, p. 88.

49 Cf. DE LA CUESTA ARZAMENDI, José Luis. Acoso y derecho penal. Eguzkilore, n. 25,
p. 46 e ss., San Sebastián, dic.2011.

50 Refere-se ao PLS 236/2012, alvo de polêmicas discussões acadêmicas durante os


meses subsequentes à sua propositura.

51 Como por exemplo, o crime de tortura (art. 1.º da Lei 9.455/1997) e o delito de
abuso de autoridade, com previsão no art. 4.º, b, da Lei 4.898/1965.

52 Assim procedeu o legislador espanhol ao erigir no art. 65, 4.º, de seu Código Penal,
uma agravante genérica aplicável, aquele que comete o crime por motivos “racistas,
antisemitistas ou outra classe de discriminação referente à ideologia, religião ou crenças
da vítima, a etnia, raça ou nacionalidade a que pertença, seu sexo ou orientação sexual,
a enfermidade de que sofra ou a sua falta de capacidade” (trad. livre).

53 Sobre vide, GRACIA MARTÍN, Luis. O horizonte do finalismo e o direito penal do


inimigo. Trad. Érika Mendes de Carvalho e Luiz Regis Prado. São Paulo: Ed. RT, 2007, p.
140 e ss.

54 Cf. GÓMEZ ALLER, Jacobo Dopico. Delitos cometidos por motivos discriminatorios:
una aproximación desde los criterios de legitimación de la pena. Anuario de Derecho
Penal y Ciencias Penales, vol. 57, p. 144, Madrid, 2004.

55 Cf. CARVALHO, Érika Mendes de; Carvalho, Gisele Mendes de; Machado, Isadora
Vier; SILVA, Leda Maria Messias. Assédio moral no ambiente de trabalho: uma proposta
de criminalização. Curitiba: JM, 2013, p. 134.

56 MENDOZA CALDERÓN, Silvia; MARTÍNEZ GONZÁLEZ, María Isabel. El acoso en


Derecho Penal: uma aproximación al tratamiento penal de las principales formas de
acoso. Revista Penal La Ley, n. 18, p. 189-190, Huelva, 2006.

57 Cf. PÉREZ MACHÍO, Ana I. Concreción del concepto jurídico de “mobbing”, bien
jurídico lesionado y su tutela jurídico-penal. Revista Electrónica de Ciencia Penal y
Criminología, vol. 6, p. 6-46. Granada, 2004.

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O tratamento jurídico do assédio moral nas relações
laborais: um posicionamento em (des)favor da tutela
penal da integridade moral?

58 MIR PUIG, Santiago. Función fundamentadora y función limitadora de la prevención


general positiva. In: BUSTOS RAMÍREZ, Juan Bustos (dir.). Prevención y teoría do la
pena. Santiago: Conosur, 1995, p. 49 e ss.

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