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PROCESSO Nº TST-AIRR-1021-85.2016.5.11.

0012

A C Ó R D Ã O
3ª Turma
GMAAB/rsm/LP/ct/smf  

PROCESSO   POSTERIOR   ÀS   LEIS   Nº


13.015/2014 E 13.467/2017.
AGRAVO   DE   INSTRUMENTO   EM   RECURSO   DE
REVISTA. TRANSCENDÊNCIA. De plano, há
de se reconhecer a transcendência
econômica, nos termos do art. 896-A,
§1º, I, da CLT.
SEGURANÇA   DE   ESTABELECIMENTO   QUE
EXPLORA   ATIVIDADE   CLANDESTINA   DE
BINGO.  RECONHECIMENTO DO CONTRATO DE
TRABALHO.  Cinge-se a controvérsia
sobre o reconhecimento do vínculo de
emprego do trabalhador que exerce o
cargo de segurança em local que
explora atividade clandestina de
bingo. Em controvérsia semelhante a
respeito do "jogo do bicho", o
Tribunal Pleno desta Corte Superior,
reunido no dia 7/12/2006, julgou o
Incidente de Uniformização
Jurisprudencial (IUJ), suscitado nos
autos do processo nº TST-E-RR-
621145/2000, tendo decidido manter o
entendimento consubstanciado na
Orientação Jurisprudencial nº 199 da
Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, no sentido de que não há
contrato de trabalho, ante a
ilicitude do objeto. Há, porém, que
se identificar, primeiramente, se a
atividade do tomador de serviços é
ilícita e o serviço é igualmente
ilícito, porque inerente à atividade,
logo, o objeto do contrato é ilícito,
recaindo no art. 166 do CCB. Existem
casos em que a atividade é ilegal ou
ilícita, mas o serviço prestado não
diz respeito diretamente ao seu
desenvolvimento, cuida-se, não de
trabalho ilícito, mas sim de trabalho
vulgarmente chamado de proibido, são
serviços como segurança, faxineiros,
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garçons, ou seja, de pessoas que


casualmente estão trabalhando em
estabelecimento ilegal, mas que
poderiam perfeitamente executar o
mesmo trabalho em locais lícitos.
Negar a proteção do direito a esses
trabalhadores seria injusto perante a
ordem jurídica, porque corresponderia
a beneficiar o empresário que atua
ilegalmente, sonegando ao trabalhador
honesto seus direitos trabalhistas.
Assim, há de se reconhecer a validade
do contrato de trabalho do empregado
que, a despeito de prestar serviço em
local destinado a atividade ilícita,
não realiza atividade diretamente
vinculada à contravenção legal, como
é o caso dos autos, em que o autor
exercia a atividade de segurança.
Nesse esteio, estando o trabalho do
reclamante em conformidade com a lei,
dissociado da atividade fim do bingo,
é certo que o recorrente não pode se
favorecer da própria torpeza para não
arcar com as obrigações trabalhistas.
Portanto, correta a decisão do
Regional que reconheceu o vínculo de
emprego. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido.

Vistos,   relatados   e   discutidos   estes   autos   de


Agravo   de   Instrumento   em   Recurso   de   Revista   n°  TST­AIRR­1021­
85.2016.5.11.0012, em que é Agravante  FERNANDO CAMPOS DE AZEVEDO E
OUTRO  e   são   Agravados  SEBASTIÃO   RODRIGUES   BRAGA   e   AMAZOMATIC
COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA. GOLDEN PALACE.

Trata­se de agravo de instrumento interposto pelo
reclamado contra o r. despacho que denegou seguimento ao seu recurso
de revista.
Não   foram   apresentadas   contraminuta,   nem
contrarrazões (pág. 434).

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Dispensada,   na   forma   regimental,   a   remessa   dos


autos ao d. Ministério Público do Trabalho.
É o relatório.

V O T O

1 – CONHECIMENTO

O agravo de instrumento é tempestivo (págs. 3 e


413) e está subscrito por procurador regularmente habilitado.
Satisfeito o preparo (pág. 426).
CONHEÇO.

2 – MÉRITO

Quanto aos temas "horas intervalares", "adicional


noturno", "honorários advocatícios" e "horas extras", assevere-se
que o reclamado não renova a insurgência nas razões de agravo de
instrumento, com o que entendo que ele conformou-se com o despacho
denegatório, nesses aspectos, ocorrendo, portanto, a preclusão.

2.1 – ATIVIDADE DE BINGO – SEGURANÇA –


RECONHECIMENTO DO CONTRATO DE EMPREGO

Considerando que o acórdão do Tribunal Regional


foi publicado na vigência da Lei nº 13.467/2017, o recurso de
revista submete-se ao crivo da transcendência, que deve ser
analisada de ofício e previamente, independentemente de alegação
pela parte.
Há de se reconhecer a transcendência econômica,
nos termos do art. 896-A, §1º, I, da CLT, tendo em vista o elevado
valor da causa (R$ 123.470,49).
Nesse contexto, procedo ao exame.
Assim está fundamentado o r. despacho que denegou
seguimento ao recurso de revista do réu:
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PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS CONTRATO INDIVIDUAL DE


TRABALHO / RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO.
CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO /
RECONHECIMENTO DE RELAÇÃO DE EMPREGO / ATIVIDADE
ILÍCITA - JOGO DO BICHO.
DURAÇÃO DO TRABALHO / HORAS EXTRAS.
DURAÇÃO DO TRABALHO / INTERVALO INTRAJORNADA.
DURAÇÃO DO TRABALHO / ADICIONAL NOTURNO.
Alegação(ões):
- contrariedade à Orientação Jurisprudencial SBDI-I/TST, nº 199 da
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do colendo Tribunal
Superior do Trabalho.
- violação do(s) artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal.
- violação à legislação infraconstitucional: Código Civil, artigo 166;
artigo 104; artigo 185; Consolidação das Leis do Trabalho, artigo 818;
Código de Processo Civil 2015, artigo 373, inciso I.
- divergência jurisprudencial: folha 27 (1 aresto); folha 28 (1 aresto);
folha 31 (2 arestos); folha 33 (2 arestos); folha 34 (1 aresto); folha 35 (2
arestos); folha 39 (1 aresto); folha 40 (1 aresto).
- Decreto-Lei n. 6.259, de 10 de fevereiro de 1944 (alterado pela LEI
Nº 3.346/ 17.12.1957, LEI Nº 3.491/ 18.12.1958, DEC.LEI Nº 717/ 30.07.
1969, DEC.LEI Nº 1.285/ 6.09. 1973, LEI N° 8.522/ 11.12. 1992.
Art. 58 do Decreto-Lei n. 3.688/41
Sustenta que restou devidamente provado nos autos que a atividade
explorada pelos Reclamados/Recorrentes é de atividade de jogo do bingo,
tida pelo nosso ordenamento jurídico como contravenção penal e que o
Reclamante/Recorrido, por ser maior de idade e capaz, tinha do
conhecimento que a atividade é ilícita, desta forma não se pode falar que
restaram intactos os artigos 104 e 184 do Código Civil, uma vez que é nulo
o negócio jurídico quando for ilícito seu objeto.
Acrescenta o contrato de trabalho que tem por objeto a exploração do
jogo do bicho, aqui por analogia, o jogo do bingo, é nulo, em face da
ilicitude do objeto e, portanto, insuscetível de ensejar o reconhecimento do
contrato de emprego. Isto porque a validade do negócio jurídico depende da
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licitude do seu objeto, entendido como aquele permitido pelo ordenamento


jurídico, o que não se vislumbra no caso dos autos Aduz que o próprio
Tribunal reconhece a ilegalidade da atividade exercida pelos
reclamados/recorrentes, declara indiretamente a nulidade do contrato de
trabalho, e, mesmo assim, condena os recorrentes a pagar indenização ao
recorrido equivalente a uma rescisão de contrato válido, alegando que a
atividade exercida pelo recorrido é lícita.
Alega ainda, que a função de segurança do jogo do pingo está ligada a
atividade fim dos recorrentes, que é tida como ilícita, pois tal atividade
beneficiária diretamente a atividade ilícita, ou seja, a função do recorrido pe
justamente proteger, segurar o local em que está sendo praticado o ato ilegal
e, mais, o seu salário é oriundo de uma contravenção penal.
Assevera que a ilegalidade da atividade dos recorrentes atinge a todos
que dela participam Diz, ainda, que não podem ser condenados ao
pagamento de horas extras simplesmente por presunção e sem prova
robusta.
Por fim, considerando a improcedência dos pleitos, requerem a
condenação do recorrido ao pagamento de honorários de sucumbência no
percentual de 15% sobe o valor da causa, nos termos do art. 791-A da CLT.
Consta no v. acórdão (id. 52ad8b5):
"(...)
MÉRITO
RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE
a) RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO.
Inconformado, o Reclamante recorre ordinariamente (ID. 37c66f5)
sustentando ter comprovado nos autos que prestava labor em favor dos
Reclamados, os quais seriam os responsáveis pela exploração da atividade
do bingo.
Contrarrazões pelos Reclamados pugnando pela impossibilidade do
reconhecimento do vínculo de empregado ante a natureza ilícita da
atividade do bingo (D. 3f0778e).
Examina-se.
O Juízo recorrido julgou improcedente o pedido de reconhecimento
da relação empregatícia, pelos seguintes motivos (ID. efe7059 - Pág. 2):
(...) Mérito Pretende o reclamante o reconhecimento de vínculo
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empregatício e, consequentemente, a condenação à assinatura da CTPS e ao


pagamento das verbas rescisórias típicas desta relação jurídica, como férias,
13º salário, aviso prévio e FGTS com 40%, horas extras, adicional noturno,
horas intervalares, honorários advocatícios, além do benefício da justiça
gratuita.
As reclamadas sustentaram a ilegitimidade no polo passivo do Sr.
Marcelo Barreiro. Suscitaram as preliminares de carência de ação. No
mérito, argumentaram a ilicitude da atividade desempenhada, o que
afastaria o reconhecimento de vínculo empregatício por ser ilícito o objeto
do pedido. Por consequência, defenderam que os demais pedidos devem ser
julgados improcedentes.
Em seu depoimento, o reclamante narrou (Id c52a501): "... que o Sr.
Marcelo passou a ser o administrador das atividades a partir do ano de
2012; que antes o Sr. Fernando era o administrador da loja situada na Rua
São Luís, no Boulevard; que quando o sr. Marcelo assumiu a loja do centro,
em 2012, o depoente passou a trabalhar com este até o seu desligamento
[[...]".
O reclamado FERNANDO CAMPOS DE AZEVEDO informou o
seguinte (Id c52a501): "[[...] que confirma os termos da contestação; que
quando trabalhou para a empresa Interplay recebia ordens do Sr. Marcos
Silva; que as atividades através dessa empresa foram realizadas até por
volta de 2008, através de uma liminar, e quando esta foi cassada, as
atividades passaram a ser executadas sem empresa formal; que a loja da
Rua São Luís foi fechada em 2009 e o depoente passou 3 anos sem contatos
com o reclamante, visto que este foi transferido para uma loja situada no
centro da cidade; que o Sr. Marcos Silva permaneceu sendo o dono do
negócio até a saída do depoente em 30/11/2015;; [[...]".
Já o reclamado MARCELO DE OLIVEIRA BARREIRO relatou o
seguinte (Id c52a501): "[[...] que confirma os termos da contestação; que
sempre recebeu ordens do Sr. Marcos Silva; que o Sr.
Fernando chegou a transmitir algumas ordens do Sr. Marcos
Silva[[...]".
A testemunha convidada pelo reclamante declarou:: "...que trabalhou
primeiramente com o Sr. Fernando, a partir de 2005, e com o Sr. Marcelo,
nos últimos 3 ou 4 anos, em uma loja de jogo, situada no centro da cidade;
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que nesse local trabalhava das 9h às 17h, acompanhado de outro colega


segurança; que não portavam armas durante suas atividades; que
inicialmente ficava controlando o acesso dos clientes através da portaria e
depois passou a trabalhar em uma sala onde havia um monitor para controle
da área de jogos e também da área externa; que o reclamante trabalhava a
partir das 19h; que o reclamante também trabalhava acompanhado de outro
segurança e que havia um outro que tirava as suas folgas e que o depoente e
o reclamante após o encerramento da empresa, para a qual trabalhavam,
passaram a trabalhar diretamente para o Sr. Fernando".
Nesse contexto, extrai-se que o objeto da atividade do
estabelecimento no qual a reclamante laborava - bingo - é ilícito e que não
há prova robusta de que os reclamados fossem o empregador da reclamante,
existindo fortes indícios de que eram colegas de trabalho.
Ressalto que o fato de o reclamante trabalhar para empregador que
desenvolve atividade ilícita não é suficiente, por si só, para invalidar o
contrato de trabalho. A atividade ilícita desenvolvida pelo empregador não
impede o reconhecimento do vínculo de emprego com o trabalhador que lhe
presta serviços, sob pena de enriquecimento sem causa do destinatário dos
serviços prestados. Na realidade, se a atividade desempenhada não estiver
inserida no contexto principal do ilícito praticado, não haveria óbice para o
reconhecimento.
Nesse sentido:
VÍNCULO DE EMPREGO. ATIVIDADE ILÍCITA. CASA DE
PROSTITUIÇÃO. A ilicitude que diz respeito à finalidade do
estabelecimento, e não à atividade do trabalhador, que por aquela não pode
ser prejudicado, não obsta o reconhecimento do vínculo de emprego,
quando presentes os requisitos de que tratam os artigos 2º e 3º da CLT.
Entendimento prevalente na Turma, vencida a Relatora. (TRT da 04ª
Região, 6ª Turma, 0020273-43.2014.5.04.0302 RO, em 20/07/2015,
Desembargadora Maria Cristina Schaan Ferreira)
PORTEIRO DE CASA DE "JOGO DO BICHO". VÍNCULO DE
EMPREGO. CONFIGURAÇÃO. A ilicitude da atividade econômica
conhecida como "jogo do bicho" não desnatura a prestação de trabalho
subordinado. Hipótese em que a atividade exercida pelo reclamante - de
porteiro do estabelecimento onde acontecia a atividade ilícita - não obstão
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reconhecimento do vínculo de emprego porque presentes os elementos


caracterizadores de que trata o art. 3º da CLT.
Sentença confirmada, no aspecto. (TRT da 4ª Região, 10a. Turma,
0000373-09.2011.5.04.0002 RO, em 04/10/2012, Desembargador Emílio
Papaléo Zin - Relator. Participaram do julgamento: Desembargadora Denise
Pacheco, Desembargador Fernando Luiz de Moura Cassal) Vínculo de
emprego. Objeto ilícito. Trabalho prestado em estabelecimento que explora
a atividade de bingo. Sendo ilícito o objeto do contrato de trabalho do
reclamante, inviável o reconhecimento de contrato válido de emprego. Por
outro lado, a relação laboral estabelecida entre as partes gerou efeitos que
não podem ser desconstituídos. Não se pode deixar sem contraprestação o
trabalho que foi produzido, chancelando o enriquecimento ilícito do
empregador, que se beneficiou da força de trabalho do reclamante. Assim,
ante a impossibilidade fática de devolverem-se as partes ao status quo ante,
adota-se o princípio da não-retroação das nulidades, reconhecendo-seos
direitos decorrentes do pacto laboral (TRT da 4ª Região, 8a. Turma,
0001154-93.2010.5.04.0025 RO, em 30/08/2012, Desembargador Francisco
Rossal de Araújo - Relator. Participaram do julgamento: Desembargador
Juraci Galvão Júnior, Juíza Convocada Angela Rosi Almeida Chapper)
Casa de jogos (bingo). Vínculo de Emprego. Configuração. A tipificação
como contravenção penal da atividade desenvolvida pelo empregador não
pode alcançar o trabalho prestado de boa-fé, quando evidenciados os
requisitos da relação de emprego previstos nos artigos 2º e3º da CLT, sob
pena de enriquecimento sem causa daquele que se beneficiou da mão de
obra do trabalhador. Entendimento em sentido contrário implicaria
privilegiar tal empreendedor, sonegando-se de seus colaboradores
(empregados, na verdade) as garantias mínimas dos trabalhadores em geral.
(TRT da 4ª Região, 10a. Turma, 0120600-35.2009.5.04.0281 RO, em
17/04/2013, Desembargadora Denise Pacheco - Relatora. Participaram do
julgamento: Desembargador Wilson Carvalho Dias, Desembargador
Fernando Luiz de Moura Cassal)
No entanto, repiso que, no caso dos autos, não há prova robusta de
que os reclamados eram os responsáveis pela exploração do bingo e, nessa
condição, fossem os reais empregadores do autor. O conjunto probatório

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traz elementos a indicar que os demandados fossem colega de trabalho do


reclamante, e que o proprietário do empreendimento era o Sr. Marcos Silva.
Diante desse quadro, não há como acolher o pleito recursal da
demandante.
Ante o exposto, julgo improcedente o pedido de reconhecimento de
vínculo empregatício.
Prejudicados os demais pedidos. (...)
Em que pese os respeitáveis argumentos, a sentença merece
reforma.
Nesse aspecto, há de se averiguar os fatos sob a ótica do princípio da
primazia da realidade, ou seja, na seara trabalhista deve prevalecer a
realidade fática sobre os documentos. Inclusive, esse entendimento é
acolhido na jurisprudência, nos termos seguintes:
VÍNCULO DE EMPREGO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE SOBRE A FORMA. No Direito do Trabalho vige o
princípio da primazia da realidade sobre a forma, também chamado de
princípio do contrato realidade, que privilegia o que de fato ocorre em
detrimento do envoltório formal. (TRT-1 - RO: 00004064820145010302
RJ, Relator: Maria Aparecida Coutinho Magalhães, Data de Julgamento:
19/05/2015, Oitava Turma, Data de Publicação: 08/06/2015)
Com efeito, caso reste provado que o Reclamante exercia atividades
laborais em prol dos Reclamados, sob a sua fiscalização e controle, não há
outra conclusão, senão, reconhecer que o Autor era um genuíno empregado,
nos termos dos artigos 2º e 3º da CLT.
Como dito, o contrato de emprego é, por excelência, um contrato-
realidade e, como tal, a verificação do vínculo empregatício depende da
análise dos fatos e do modo como ocorreu a prestação de serviços pelo
trabalhador.
Em regra, o ônus da prova da existência da relação empregatícia é da
parte autora, por se tratar de fato constitutivo de seu direito (art. 818 da
CLT c/c art. 373, I, do CPC/15). Contudo, se a prestação de serviços for
confirmada pelo Réu - ainda que o vínculo de emprego seja negado - a este
caberá o ônus de provar que se trata de relação de trabalho diversa da
empregatícia, por ser fato impeditivo do direito autoral (art. 373, II, do
CPC/15).
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No caso em análise, os Reclamados atraíram para si o ônus probante,


pois confirmaram a prestação de serviços do Reclamante, argumentando,
todavia, que não poderia ser reconhecido vínculo por se tratar de atividade
ilícita (bingo) e por não serem os reais donos do estabelecimento.
Ademais, o próprio termo de conciliação firmado perante a Comissão
de Conciliação Prévia entre as partes (ID. 4ea4e68 - Pág. 1), por si só, já faz
prova da prestação de serviços do obreiro em prol dos Reclamados.
Dessa forma, resta averiguar se os réus lograram êxito em
desincumbir-se de seu ônus probatório.
A par disso, insta rememorar a prova oral produzida (ID. c52a501 -
Pág. 1) nos autos, a seguir:(...) INTERROGADO DECLAROU O
RECLAMANTE: que confirma os termos da inicial; que permanece
desempregado desde o seu desligamento da reclamada; que utilizava arma
de fogo de forma irregular no período em que trabalhou para os
demandados; que o Sr. Marcelo passou a ser o administrador das
atividades a partir do ano de 2012; que antes o Sr. Fernando era o
administrador da loja situada na Rua São Luís, no Boulevard; que
quando o Sr. Marcelo assumiu a loja do centro, em 2012, o depoente
passou a trabalhar com este até o seu desligamento; que possui carteira
nacional de habilitação, categoria AB, desde 13/03/1998; que prestou
serviços para os reclamados, na condição de vigilante, através das empresas
BMB e Metta; que nesta última empresa trabalhou por apenas 90 dias e que
foi convidado pelo sr. Fernando para comparecer perante a Comissão
de Conciliação prévia, onde formalizou o acordo. ÀS PERGUNTAS DA
PATRONA DOS RECLAMADOS, RESPONDEU: que nos locais onde
trabalhou para os reclamados, as atividades estavam voltadas para o jogo de
bingo; que recebeu R$ 21.000,00 mil reais, referente ao acordo formalizado
perante a Comissão de Conciliação Prévia. INTERROGADO DECLAROU
O RECLAMADO FERNANDO CAMPOS DE AZEVEDO: que confirma
os termos da contestação; que quando trabalhou para a empresa Interplay
recebia ordens do Sr. Marcos Silva; que as atividades através dessa empresa
foram realizadas até por volta de 2008, através de uma liminar, e quando
esta foi cassada, as atividades passaram a ser executadas sem empresa
formal; que a loja da Rua São Luís foi fechada em 2009 e o depoente
passou 3 anos sem contatos com o reclamante, visto que este foi transferido
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para uma loja situada no centro da cidade; que o Sr. Marcos Silva
permaneceu sendo o dono do negócio até a saída do depoente em
30/11/2015; que a loja no centro funcionava suas atividades por volta das
11h e encerrava por volta das 22h/24h de segunda à sábado; que aos
domingos a loja abria por volta das 17h; que a loja fechou por falta de
movimento. ÀS PERGUNTAS DO PATRONO DO RECLAMANTE,
RESPONDEU: que o reclamante ficava monitorando o movimento do local
através de um equipamento de controle instalado em uma sala, separada da
área dos jogos; que o reclamante não transportava valores para instituições
bancárias; que não voltou a trabalhar na atividade de bingos após
30/11/2015; que conhece o Sr. Raimundo Geraldo Ribeiro da Silva, que
indicou como preposto perante a Comissão de Conciliação Prévia.
INTERROGADO DECLAROU O RECLAMADO MARCELO DE
OLIVEIRA BARREIRO: que confirma os termos da contestação; que
sempre recebeu ordens do Sr. Marcos Silva; que o Sr. Fernando chegou
a transmitir algumas ordens do Sr. Marcos Silva; que o reclamante
iniciava as atividades às 19h e encerrava entre 22h/22h30, salvo uma vez a
cada 10 ou 15 dias, quando as atividades se prolongavam até às 24h ou 1h
do dia seguinte; que na loja situada no centro havia 3 porteiros no horário
mencionado, sendo que um deles era o reclamante, além dos Srs. Edvan e
Hermes; que nenhum dos senhores mencionados portavam arma durante o
serviço. SEM PERGUNTAS DO PATRONO DO RECLAMANTE.
CONVOCADA A ÚNICA TESTEMUNHA INDICADA PELO
RECLAMANTE, Sr. EDMILSON DA SILVA OLIVEIRA, brasileiro,
amazonense, solteiro, vigilante, RG n° 0729737-8 SSP/AM, residente e
domiciliado em Manaus, na Rua da Paz, nº 12, Bairro Crespo. Aos
costumes disse nada. Compromissada e advertida na forma da lei.
INTERROGADA, RESPONDEU: que trabalhou primeiramente com o
Sr. Fernando, a partir de 2005, e com o Sr. Marcelo, nos últimos 3 ou 4
anos, em uma loja de jogo, situada no centro da cidade; que nesse local
trabalhava das 9h às 17h, acompanhado de outro colega segurança; que
não portavam armas durante suas atividades; que inicialmente ficava
controlando o acesso dos clientes através da portaria e depois passou a
trabalhar em uma sala onde havia um monitor para controle da área
de jogos e também da área externa; que o reclamante trabalhava a
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partir das 19h; que o reclamante também trabalhava acompanhado de


outro segurança e que havia um outro que tirava as suas folgas e que o
depoente e o reclamante após o encerramento da empresa, para a qual
trabalhavam, passaram a trabalhar diretamente para o Sr. Fernando.
(...)
Diante da análise da prova testemunhal, resta claro que os
Reclamados Fernando e Marcelo eram os empregadores do Autor,
porquanto, o depoimento da testemunha é esclarecedor no sentido de
confirmar que eles eram os responsáveis pelo bingo (ID. c52a501 - Pág. 2),
a seguir:
(...) que trabalhou primeiramente com o Sr. Fernando, a partir de
2005, e com o Sr. Marcelo, nos últimos 3 ou 4 anos, em uma loja de
jogo, situada no centro da cidade; que nesse local trabalhava das 9h às
17h, acompanhado de outro colega segurança; (...)
Ora, a prova oral sinaliza que, inicialmente, o Sr. Marcelo era o
administrador das atividades, e, posteriormente, passou a ser o Sr. Marcelo,
motivo pelo qual, resta comprovado que os Reclamados eram, de fato, os
responsáveis pela exploração do empreendimento.
Em sequência, a testemunha (ID. c52a501 - Pág. 2) relatou ter
trabalhado juntamente com o Reclamante em prol dos Reclamados, tendo
descrito as seguintes atividades laborais de segurança:
(...) que inicialmente ficava controlando o acesso dos clientes
através da portaria e depois passou a trabalhar em uma sala onde
havia um monitor para controle da área de jogos e também da área
externa; que o reclamante trabalhava a partir das 19h; que o
reclamante também trabalhava acompanhado de outro segurança e
que havia um outro que tirava as suas folgas e que o depoente e o
reclamante após o encerramento da empresa, para a qual trabalhavam,
passaram a trabalhar diretamente para o Sr. Fernando. (...)
Tais relatos encontram-se em consonância com o depoimento pessoal
do Autor (ID. c52a501 - Pág. 1), a seguir:
(...) que o Sr. Marcelo passou a ser o administrador das atividades
a partir do ano de 2012; que antes o Sr. Fernando era o administrador da
loja situada na Rua São Luís, no Boulevard; que quando o Sr. Marcelo

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assumiu a loja do centro, em 2012, o depoente passou a trabalhar com


este até o seu desligamento; (...)
Reforçando os depoimentos acima descritos, tem-se o termo de
conciliação (ID. 4ea4e68) firmado perante a comissão intersindical de
conciliação prévia entabulado entre o Autor e os Reclamados, a título de
pagamento de verbas rescisórias.
No particular, vale destacar que a iniciativa da realização do
mencionado acordo partiu do próprio Sr. Fernando, conforme dito pelo
Autor, fato este a indicar que o referido senhor dirigia as atividades do
bingo, a saber:
(...) que foi convidado pelo Sr. Fernando para comparecer
perante a Comissão de Conciliação prévia, onde formalizou o acordo.
(...) (...) que nos locais onde trabalhou para os reclamados, as atividades
estavam voltadas para o jogo de bingo; que recebeu R$ 21.000,00 mil
reais, referente ao acordo formalizado perante a Comissão de
Conciliação Prévia. (...)
Desse modo, é inegável que o Autor laborou em prol dos
Reclamados, de forma habitual, subordinada e mediante remuneração, nos
termos dos artigos 2º e 3º da CLT, prestando serviços relacionados à
segurança do estabelecimento.
Ademais, cabe ressaltar que a exploração clandestina do jogo do
bingo não constitui óbice ao reconhecimento do vínculo de emprego entre o
Autor e os Reclamados, porquanto, o Reclamante não desempenhava as
atividades fins do empreendimento, mas, tão somente, prestava tarefas
lícitas relacionadas à segurança do estabelecimento.
No tocante ao período laborado, denota-se que o Reclamante laborou
no local, com carteira assinada pela empresa Interpaly - Jogos Eletrônicos
Ltda. ME, até o dia 01/10/2017, conforme extrato previdenciário do CNIS,
sendo, portanto, esse o marco inicial para se reconhecer o vínculo de
emprego com os Reclamados. O próprio Autor, em sua inicial (ID. d4e7307
- Pág. 2), confirmou tal fato:
(...) Num primeiro momento os Reclamados efetuaram o registro da
CTPS do Reclamante, no período de 02 de agosto de 2006 à 01 de outubro
de 2007, utilizando a pessoa jurídica denominada "INTERPLAY JOGOS
ELETRONICOS LTDA-ME", atualmente inativa (Doc. 12 - Certidão de
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baixa), permanecendo o Reclamante a laborar em mesmo local e para os


mesmos empregadores, sob subordinação direta dos Senhores Marcelo e
Fernando. (...)
E o último dia laborado em prol dos Reclamados, caiu no dia
05/09/2015, conforme consta no termo de reclamação apresentado na
comissão intersindical de conciliação prévia (ID. 4ea4e68 - Pág. 2).
Logo, impõe-se a reforma da sentença, para reconhecer o vínculo de
emprego, no período de 02/10/2007, conforme CNIS (ID. fb78505 - Pág.
1), o qual indica que o Autor laborou para a Empresa Interplay até o dia
01/10/2007, a 05/09/2015, com salário mensal de R$ 2.000,00, conforme
termo de conciliação (ID. 4ea4e68 - Pág. 2), na função de segurança.
Deverão os Reclamados realizar o registro do contrato de trabalho na
CTPS do Autor, com data de admissão no dia 02/10/2007, na função de
segurança, com a remuneração no valor de R$ 2.000,00 e demissão sem
justa causa no dia 05/09/2015, no prazo de 10 dias após o trânsito em
julgado desta decisão, na forma do art. 832, §1º da CLT, sob pena de ser
efetuada pela Secretaria da Vara, sem qualquer carimbo de identificação de
que tenha sido feita em Juízo.
Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao apelo do Reclamante
no tópico.
[...]
Consta, ainda, no v. acórdão dos embargos de declaração (id.
9ce6ed3):
MÉRITO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DOS RECLAMADOS
OMISSÃO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
Os Reclamados alegam (ID. 4975995) que o Acórdão embargado (ID.
52ad8b5), no tocante ao reconhecimento de vínculo de emprego, teria sido
omisso na análise da nulidade do contrato de trabalho, em razão da
exploração da atividade de bingo. Ato contínuo, pugnam pelo
prequestionamento da matéria ou a modificação do julgado.
Analisa-se.
Os Embargos de Declaração podem ser interpostos sempre que
houver, na sentença ou no acórdão, omissão, obscuridade, contradição, ou
para correção de erro material (art. 1.022 CPC/15), como também na
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hipótese de manifesto equívoco no exame dos pressupostos extrínsecos do


recurso (art. 897-A da CLT).
No caso, os Embargantes alegam omissão. Ocorre, todavia, que a
matéria ventilada nos aclaratórios foi expressamente analisada no Acórdão,
nos seguintes termos (ID. 52ad8b5 - Pág. 4 e ss.): (...) Conforme se infere
da simples leitura do julgado, restou devidamente analisada a questão
acerca da exploração clandestina do jogo de bingo, o qual, por si só, não
constituiu óbice ao reconhecimento do vínculo de emprego entre o Autor e
os Reclamados, porquanto, o Reclamante não desempenhava as atividades
fins do empreendimento, mas, tão somente, prestava tarefas lícitas
relacionadas à segurança do estabelecimento.
Com efeito, é despicienda a alegação dos Reclamados, de que o
Acórdão não teria levado em conta a atividade de bingo explorada pelos
Embargantes, tendo em vista que o reconhecimento de vínculo de emprego
ocorreu, exatamente, porque o Reclamante não desempenhava a atividade
ilícita mencionada, mas, sim, a função de segurança no estabelecimento, a
qual é plenamente legal.
A par disso, não há que se falar na aplicação analógica da OJ/SBDI-I
nº 199 do TST, a qual cuida da exploração direta e pessoal do jogo do
bicho, que, por ser atividade ilícita, não implica o reconhecimento de
vínculo de emprego, o que não é o caso do Autor.
Na verdade, verifica-se que os Embargantes pretendem, apenas,
provocar uma nova análise do mérito, impugnando as razões de decidir
expostas no Acórdão. Tal pretensão, contudo, não pode ser acolhida pela via
processual eleita.
Neste contexto, restam intactos artigos 2º e 3º, da CLT, 104, 185 do
Código Civil, e a OJ/SBDI-I nº 199 do TST.
Por conseguinte, não há que se falar em decisão omissa, vez que a
lide foi solucionada por completo à luz do entendimento desta Corte
Trabalhista, bem como foram enfrentados todos os argumentos deduzidos
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador
(art. 489, §1º, inciso IV do CPC/15).
Por outro lado, diga-se de passagem, que o Novo Diploma Processual
em vigor consagra o princípio do prequestionamento ficto (art. 1.025
CPC/15), em consonância com o item III da Súmula 297 do TST, segundo o
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qual "consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante


suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de
declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior
considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade".
A aplicação do supracitado dispositivo na esfera processual
trabalhista é declarada expressamente pela Superior Corte desta
Especializada, por meio do art.9º da Instrução Normativa nº 39/2016, que
dispõe:
(...) Art. 9º O cabimento dos embargos de declaração no Processo do
Trabalho, para impugnar qualquer decisão judicial, rege-se pelo art. 897-A
da CLT e, supletivamente, pelo Código de Processo Civil (arts. 1022 a
1025; §§ 2º, 3º e 4º do art. 1026), excetuada a garantia de prazo em dobro
para litisconsortes (§ 1º do art. 1023).
Parágrafo único. A omissão para fins do prequestionamento ficto a
que alude o art. 1025 do CPC dá-se no caso de o Tribunal Regional do
Trabalho, mesmo instado mediante embargos de declaração, recusar-se a
emitir tese sobre questão jurídica pertinente, na forma da Súmula nº 297,
item III, do Tribunal Superior do Trabalho. (...)
Por fim, adverte-se à parte que, no caso de Embargos de Declaração
que sejam tidos por manifestamente infundados, poderá haver a imposição
das seguintes penalidades: a) multa por litigância de má-fé, conforme artigo
79 e seguintes do CPC/2015; e b) multa por embargos protelatórios,
consoante artigo 1.025, §2º, do CPC/2015.
Considerando, portanto, que restaram afastadas as teses contrárias ao
entendimento do Julgador, e, havendo o pronunciamento sobre a questão
posta a exame, não há qualquer vício a ser sanado, tampouco existe a
necessidade de se prequestionar o tema, motivo pelo qual se NEGA
PROVIMENTO aos Embargos.
(...)
A Lei 13.015/2014 impõe a observância de requisitos específicos para
o conhecimento do recurso de revista.
No presente caso quanto ao tópico do Jogo do Bingo. Contrato de
Trabalho. Vínculo Empregatício. Nulidade. Objeto Ilícito. OJ 199 da SBDI-
1/TST, a parte recorrente não cumpriu com a regra contida no art. 896,§ 1º-
A, III da CLT e, desta forma, inviável a análise do presente recurso, uma
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vez que, ao expor as razões do pedido de reforma, não impugnou todos os


fundamentos jurídicos da decisão recorrida, a exemplo dos arts 2º e 3º da
CLT e 373, II, do CPC.
Também inviável a análise do presente recurso quanto aos tópicos das
horas intervalares, adicional noturno e honorários advocatícios
sucumbenciais uma vez que a parte recorrente não indicou o trecho da
decisão recorrida que consubstancia o prequestionamento da controvérsia
objeto do apelo, nos termos do art. 896,§ 1º-A, I, da CLT. Ressalto que o
texto transcrito às pags. 37/38 do recurso de revista refere-se às horas extras
Da mesma forma, inviável a análise do presente recurso quanto ao tema das
horas extras, por força do art.
896, § 1º-A, I, da CLT, uma vez que a parte recorrente transcreveu o
inteiro teor da decisão guerreada dentro do tópico recorrido, o que não
supre a exigência do referido dispositivo legal, que exige a indicação do
trecho específico da decisão que consubstancia o prequestionamento da
matéria.
Ademais, quanto aos honorários advocatícios de sucumbência, a
Turma não adotou tese sobre a matéria, à luz dos dispositivos invocados
pela parte recorrente. Ausente o prequestionamento, incide a Súmula 297
do TST.
CONCLUSÃO
DENEGO seguimento ao recurso de revista.

Em minuta de agravo de instrumento, o agravante


sustenta que destacou o trecho da decisão recorrida que
consubstancia a controvérsia objeto do apelo e impugnou todos os
fundamentos jurídicos da decisão recorrida suficientes para entender
o contexto da questão.
Argumenta que a atividade possui objeto ilícito,
que impossibilita o reconhecimento de relação empregatícia.
Indica afronta aos arts. 5º, II e III, da
Constituição Federal e 104, 166 e 185 do Código Civil, ao Decreto-
Lei nº 6.259/94 e contrariedade à Orientação Jurisprudencial nº 199
da SBDI-1 do TST.

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Para fins do art. 896, §1º-A, I, da CLT, eis os


termos do acórdão regional transcritos pelo reclamado em razões de
revista (págs. 290-291):

(...)
Conforme se infere da simples leitura do julgado, restou devidamente
analisada a questão acerca da exploração clandestina do jogo de bingo, o
qual, por si só, não constituiu óbice ao reconhecimento do vínculo de
emprego entre o Autor e os Reclamados, porquanto, o Reclamante não
desempenhava as atividades fins do empreendimento, mas, tão somente,
prestava tarefas lícitas relacionadas à segurança do estabelecimento.
Com efeito, é despicienda a alegação dos Reclamados, de que o
Acórdão não teria levado em conta a atividade de bingo explorada pelos
Embargantes, tendo em vista que o reconhecimento de vínculo de emprego
ocorreu, exatamente, porque o Reclamante não desempenhava a atividade
ilícita mencionada, mas, sim, a função de segurança no estabelecimento, a
qual é plenamente legal.
A par disso, não há que se falar na aplicação analógica da OJ/SBDI-I
nº 199 do TST, a qual cuida da exploração direta e pessoal do jogo do
bicho, que, por ser atividade ilícita, não implica o reconhecimento de
vínculo de emprego, o que não é o caso do Autor.
Na verdade, verifica-se que os Embargantes pretendem, apenas,
provocar uma nova análise do mérito, impugnando as razões de decidir
expostas no Acórdão. Tal pretensão, contudo, não pode ser acolhida pela via
processual eleita.
Neste contexto, restam intactos artigos 2º e 3º, da CLT, 104, 185 do
Código Civil, e a OJ/SBDI-I nº 199 do TST.
Por conseguinte, não há que se falar em decisão omissa, vez que a
lide foi solucionada por completo à luz do entendimento desta Corte
Trabalhista, bem como foram enfrentados todos os argumentos deduzidos
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador
(art. 489, §1º, inciso IV do CPC/15).

Vejamos.

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Cinge-se a controvérsia sobre o reconhecimento do


vínculo de emprego do trabalhador que exerce o cargo de segurança em
local que explora atividade clandestina de bingo .
Em controvérsia semelhante a respeito do "jogo do
bicho", o Tribunal Pleno desta Corte Superior, reunido no dia
7/12/2006, julgou o Incidente de Uniformização Jurisprudencial (IUJ)
suscitado nos autos do processo nº TST-E-RR-621145/2000, tendo
decidido manter o entendimento consubstanciado na Orientação
Jurisprudencial nº 199 da Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, no sentido de que não há contrato de trabalho, ante a
ilicitude do objeto.
Há que se identificar, primeiramente, se a
atividade do tomador de serviços é ilícita e o serviço é igualmente
ilícito, porque inerente à atividade, logo, o objeto do contrato é
ilícito, recaindo no art. 166 do CCB.
Existem casos, porém, em que a atividade é ilegal
ou ilícita, mas o serviço prestado não diz respeito diretamente ao
seu desenvolvimento, cuida-se, no caso, não de trabalho ilícito, mas
sim de trabalho vulgarmente chamado de proibido, são serviços como
segurança, faxineiros, garçons, ou seja, de pessoas que casualmente
estão trabalhando em estabelecimento ilegal, mas que poderiam
perfeitamente executar o mesmo trabalho em locais lícitos.
Negar a proteção do direito a esses trabalhadores
seria injusto perante a ordem jurídica, porque corresponderia a
beneficiar o empresário que atua ilegalmente, sonegando ao
trabalhador honesto seus direitos trabalhistas.
Assim, há de se reconhecer a validade do contrato
de trabalho do empregado que, a despeito de prestar serviço em local
destinado a atividade ilícita, não realiza atividade diretamente
vinculada à contravenção legal, como é o caso dos autos, em que o
autor é segurança.
Nesse esteio, estando o trabalho do reclamante em
conformidade com a lei, dissociado da atividade fim do bingo, é
certo que o recorrente não pode se favorecer da própria torpeza para
não arcar com as obrigações trabalhistas.
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PROCESSO Nº TST-AIRR-1021-85.2016.5.11.0012

Portanto, a decisão do Regional que reconheceu o


vínculo de emprego não contraria o disposto na O.J. 199 da SBDI-1 do
TST, tampouco viola os arts. 5º, II e III, da Constituição Federal e
104, 166 e 185 do Código Civil.
Ressalte-se que, quanto à alegada violação do
Decreto-Lei 6.259/94, o recorrente não menciona os artigos ou
incisos do referido diploma tidos por violados. Nos termos da Súmula
221   do   TST,   a   admissibilidade   do   recurso   de   revista   tem   como
pressuposto   a   indicação   expressa   do   dispositivo   de   lei   ou   da
Constituição Federal tido como violado.
Ante todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de
instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade, conhecer e negar provimento
ao agravo de instrumento.
Brasília, 28 de agosto de 2019.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)


ALEXANDRE AGRA BELMONTE
Ministro Relator

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