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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS


Faculdade de Direito

Marco Fonseca Marino

PARADIGMA DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL:


Análise frente aos princípios Republicano e Democrático

BELO HORIZONTE
2019
1

Marco Fonseca Marino

PARADIGMA DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL:


Análise frente aos princípios Republicano e Democrático

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Programa de Graduação da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Professor Doutor Leandro Novais e Silva.

BELO HORIZONTE
2019
2

Marco Fonseca Marino

PARADIGMA DO SIGILO BANCÁRIO E FISCAL:


Análise frente aos princípios Republicano e Democrático

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Programa de Graduação da Faculdade de Direito da
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Professor Doutor Leandro Novais e Silva.

_______________________________________________________________
Professor Doutor Leandro Novais e Silva – UFMG (Orientador)

_______________________________________________________________
Professor Doutor Marcelo de Oliveira Milagres – UFMG (Banca Examinadora)

________________________________________________________________
Professor Doutor Vincenzo Demétrio Florenzano – Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (Banca Examinadora)

BELO HORIZONTE
2019
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RESUMO

Os sigilos bancário e fiscal visam a proteção da privacidade. Tal privacidade não apenas
protege o indivíduo como também cria um espaço seguro para a prática de atos prejudiciais a
sociedade. Este trabalho busca questionar esses sigilos e sua extensão às pessoas jurídicas que hoje
se aproveitam de um direito e garantia que se destina apenas ao indivíduo, pessoa física. Ao
mostrar que as pessoas jurídicas não deveriam ter esta proteção, sugere-se que se tenha uma
mudança de paradigma que busque, ao invés do sigilo, a transparência de todos os dados bancários
e fiscais das pessoas jurídicas. Com essa mudança de paradigma será possível uma transformação
das relações econômicas e fiscais, além o aperfeiçoamento do mercado.

Palavras-chave: Sigilo. Bancário. Fiscal. Privacidade. Transparência. Eficiência. Economia.


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ABSTRACT

Banking and tax secrecy aims to protect privacy. Such privacy not only protects the
individual but also creates a safe space for the practice of acts detrimental to society. This work
seeks to question these secrecies and their extension to legal entities that today take advantage of
a right and guarantee that is destined only to the individual, physical person. By showing that legal
persons should not have this protection, it is suggested that a paradigm shift be sought, rather than
secrecy, for the transparency of all banking and tax data of legal persons. This change of paradigma
will make possible a transformation of the economic and fiscal relations, besides the improvement
of the market.

Key words: Secrecy. Bank. Tax. Privacy. Transparency. Efficiency. Economy.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
2 AMPLIANDO HORIZONTES 9
3 PRIVACIDADE, INTIMIDADE E SIGILO 12
3.1 Distinção entre Privacidade, Intimidade e Sigilo 12
3.2 O Sigilo Bancário 13
3.3 Sigilo Fiscal 16
3.4 Evolução do Sigilo no Brasil e no Mundo 18
3.5 Sigilo para Pessoa Física e para Pessoa Jurídica 19
4 DINHEIRO, RES PUBLICA 21
4.1 Dinheiro na sociedade 21
4.2 Agentes Econômicos 22
4.3 O valor do conhecimento do mercado 23
4.4 O interesse público sob a ótica do mercado 24
5 O NOVO PARADIGMA DA TRANSPARÊNCIA 26
5.1 O caminho da transparência 26
5.2 O Estado Eficiente 29
5.3 O Mercado Eficiente 31
6 CONCLUSÃO 33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
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1 INTRODUÇÃO

O dinheiro é um bem público, a forma como um ou outro indivíduo o utiliza afeta a todos
os outros que utilizam o sistema financeiro, a escassez ou o excesso de oferta ou demanda de
dinheiro no mercado faz com que seu valor varie, e assim, indivíduos e instituições mais bem
informados ou em posições privilegiadas, como agentes e intermediários do sistema financeiro,
podem tirar vantagens sobre outros indivíduos e instituições. Além disso, o dinheiro pode ser
utilizado para fins ilícitos, de forma que o dinheiro pode vir como resultado de atividades ilícitas
ou podem ser utilizados para financiar ou adquirir atividades, serviços ou produtos ilícitos. A
transparência e publicidade na utilização do dinheiro possibilitaria uma melhor fiscalização de seu
uso e uma maior eficiência em suas transações, uma vez que iria diminuir a assimetria de
informação no mercado financeiro. Ainda assim, sua publicidade é vedada por violar os princípios
da intimidade e da privacidade. O sigilo fiscal e o sigilo bancário garantem essa proteção à
privacidade e à intimidade, mesmo que isso seja maléfico para o bem comum e uma afronta ao
princípio Republicano.
A inviolabilidade do sigilo fiscal e bancário são tipos de inviolabilidade de sigilo de dados,
protegidos pela Constituição Federal de 1988 no art. 5, XII e que têm relação com o direito
fundamental à privacidade art. 5, X, CF/88. Tais sigilos não são absolutamente invioláveis, uma
vez que são objetos da fiscalização do Estado. Tal fiscalização é restrita para evitar eventuais
ingerências e invasões ao espaço do indivíduo. Mas até que ponto a fiscalização do Estado é
suficiente? Com tantos casos de sonegação, corrupção e lavagem de dinheiro sendo divulgados a
todo instante pela mídia, é justamente a quebra dos sigilos de dados que permite se verificar o mal
feito. Contudo para que se quebre esses sigilos é necessário que um processo judicial ou uma
apuração fiscal já tenham sido instaurados, o que acarreta grande morosidade na descoberta de
crimes que poderiam ser evidenciados imediatamente caso não existisse tamanha burocracia para
se obter tais dados.
Com o advento de novas tecnologias de bancos de dados, Internet, Big Data, Blockchain,
aprendizagem de máquina e smartphones é virtualmente possível que qualquer pessoa tenha acesso
a tais tecnologias e tenha na palma de sua mão informações essenciais para a tomada de decisões.
Como o próprio direito à privacidade visa garantir a autonomia do sujeito e como tal autonomia
só pode ser exercida a partir de um ponto de vista esclarecido, uma vez que decisões desinformadas
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produzem resultados contrários ao pretendido, caracterizando uma real falta de autonomia, faz-se
mister que os indivíduos tenham o máximo de informações necessárias para se tomar decisões.
Neste ponto surge a necessidade de se quebrar todo e qualquer sigilo bancário e fiscal para
se saber como o dinheiro, res publica, é utilizado pela sociedade. Saber como o dinheiro é utilizado
permite entender o mercado e tomar decisões esclarecidas que favorecem não apenas o indivíduo
em si como também o próprio mercado, que passa então a se tornar transparente, já que, sabendo-
se como o dinheiro é transacionado, pode-se saber precisamente como e onde se pode interferir ou
se inserir no mercado.
Tal mudança de perspectiva modificaria a ideia de proteção do indivíduo, no tocante ao
que ele consome, produz e transaciona, para a proteção do interesse público, possibilitando a
instituição de uma nova forma de capitalismo, um capitalismo transparente e esclarecido. Essa
mudança seria essencial para a evolução do conceito de livre mercado para um mercado mais
transparente, eficiente e dinâmico, que hoje é controlado por uma “mão invisível”, que na verdade
tem por característica principal não o fato de ser invisível, mas sim de ser cega, uma vez que é
virtualmente impossível se saber como de fato o mercado funciona por não haver transparência.
Quando as informações econômicas se tornam transparentes e acessíveis a todos os agentes do
mercado, se tem um estímulo a uma maior eficiência do mercado, pois novas oportunidades de
negócios e empreendimentos seriam percebidas e uma análise de mercado mais bem informada
diminuiria os riscos do negócio e o aumento de investimentos. Assim, para se atingir um sistema
transparente e dinâmico de mercado é necessário rastrear o item primordial atualmente para a
existência do próprio mercado, qual seja, a moeda de troca, o dinheiro.
Uma vez que vivemos em uma democracia, todo indivíduo é sujeito de direito na tomada
de suas próprias decisões no que concerne não só a sua vida privada como também a sua vida
pública. Como dito anteriormente, só há autonomia quando esta é esclarecida. Contudo, a
exposição da movimentação econômica do indivíduo o fragiliza e o deixa exposto a abusos de
pessoas ou instituições, que agora teriam informações que antes lhes era inacessível. Com isso, a
proteção que o Estado garante ao indivíduo não pode se basear mais em garantir segredos e sigilos,
mas sim em garantir que independentemente da exposição sofrida pelo indivíduo, este não poderá
ser prejudicado. Isso exige uma mudança significativa de paradigma.
A fim de se criar meios para uma transição suave de paradigma, é necessário garantir a
proteção do indivíduo, mas quem seria este indivíduo a ser protegido? Seriam todos os agentes de
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mercado? Não. Apenas a pessoa natural é quem deve ser protegida. Os demais agentes do mercado,
como as empresas, fundações, instituições e o próprio Estado não necessitam de proteção ao seu
foro privado ou íntimo.
O cenário tecnológico mudou, novas possibilidades de tornar a democracia mais eficiente
e a coisa pública mais acessível e disponível surgem no horizonte. Surge também a necessidade
de identificar o prejuízo que o paradigma atual dos sigilos bancário e fiscal causam na sociedade,
e com isso abrir caminho para um novo paradigma, onde os agentes econômicos passam a ter o
poder de visualizar as transações econômicas e de fiscalizar o mercado. Para se evitar prejuízos às
pessoas naturais, também é necessário se diferenciar o sigilo que protege o indivíduo do sigilo que
protege os demais agentes do mercado, mantendo-se assim a proteção à intimidade da pessoa física
ao mesmo tempo em que se acaba com a injustificada proteção às pessoas jurídicas.
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2 AMPLIANDO HORIZONTES

O sigilo bancário e o sigilo fiscal são tipos de sigilo de dados. Esses sigilos visam a garantir
a privacidade. O direito à privacidade foi originalmente entendido como a busca de um privilégio
burguês de "ser deixado só" (WARREN e BRANDEIS, 1890). Esse direito, num sentido mais
estrito, buscava evitar as ingerências do Estado ou de terceiros na esfera individual do sujeito,
garantindo seu direito a personalidade e de decidir quais informações suas seriam disponibilizadas.
O conceito de privacidade acabou por se expandir, podendo ser dividido entre o terreno
social-privado, sob o domínio do princípio da diferenciação, visando o direito de ser diferente, e o
terreno da individualidade privativa, regido pelo princípio da exclusividade (FERRAZ, 1992).
Desse princípio, que passa pela subjetividade do indivíduo, tem-se que, segundo Ferraz (1992, p.
79) "O princípio da exclusividade comporta três atributos principais: a solidão (donde o desejo de
estar só), o segredo (donde a exigência de sigilo) e a autonomia (donde a liberdade de decidir sobre
si mesmo como centro emanador de informações)". Analisando a ideia de autonomia, não é
possível ser autônomo sem as informações necessárias para se exercer a autonomia. Daí tem-se
uma contradição, ser autônomo para decidir quais informações próprias devem ser
disponibilizadas, implica ter informações de outros, também disponibilizadas por outros, a partir
de sua percepção subjetiva do que deve ou não ser disponibilizado. Temos então um paradoxo
onde o sujeito nunca vai estar bem informado para tomar suas decisões a respeito do que pode ser
disponibilizado a seu próprio respeito justamente porque o outro também não tem informações
suficientes para se decidir o que deve ou não disponibilizar para o sujeito. Têm-se assim
estabelecida uma política de obscurantismo.
Para reforçar tal posição, existe ainda a figura do segredo, exigindo-se o sigilo. Ferraz
(1992) distingue o que pode ou não ser objeto de sigilo, identificando o sigilo que deve ser aberto
a todos, por ser de interesse público, daquele sigilo que só pode ser quebrado por ordem judicial,
depois de se ter estabelecido o devido processo. Este sigilo é o que visa garantir a privacidade ao
não expor, por exemplo os dados de clientela, que são dados sobre o que o sujeito compra, vende,
produz, bem como o lugar e o tempo onde isso acontece. Porém estas informações são essenciais
para o entendimento do mercado, e consequentemente para a vida em sociedade.
Atualmente, o desenvolvimento da tecnologia da informação possibilita cada vez mais que
uma maior quantidade de dados possa ser manipulada e mais informações possam ser extraídas
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destes dados (LIMBERGER, 2007). Disciplinas como mineração de dados, inteligência


competitiva, Big Data e inteligência artificial fazem com que estes dados tenham cada vez mais
valor. Contudo, se busca protegê-los cada vez mais. O questionamento que se faz é se realmente é
possível proteger os dados dos indivíduos ou se isso, além de ser utópico, ainda por cima,
restringiria o desenvolvimento tecnológico.
Como afirma Limberger (2007), ao ter seus dados econômicos publicados, o sujeito acaba
ficando exposto e se torna uma potencial vítima daquele que deseja fazer mal-uso da informação.
Porém, a forma que o Estado oferece para proteger o indivíduo é tentando garantir o sigilo e não
protegendo o indivíduo independente de sua exposição. Nesse cenário se torna importante
distinguir o que pode ser protegido pelo Estado independente de sigilo e o que só é possível
proteger através do sigilo.
Os dados bancários e fiscais são exemplos de dados que podem ser expostos e com isso
garantir uma segurança ainda maior para o indivíduo, pois a formalidade do registro destas
informações e a garantia de que toda transação dentro do sistema financeiro seja rastreável dificulta
a prática de diversos crimes, como fraudes e furtos. Com estes dados registrados e públicos, se
torna simples provar sua titularidade. Mas é importante mudar o ponto de vista aqui. Essa proteção
ao indivíduo não deve sobrepor a proteção do interesse coletivo, e é este ponto que mostra que o
fim do sigilo bancário e fiscal mais tem a oferecer a sociedade.
Tanto o sigilo bancário quanto o fiscal escondem dos cidadãos a forma como o dinheiro
está sendo utilizado. Esse obscurantismo garante a invisibilidade de malfeitos como a sonegação,
a corrupção, a lavagem de dinheiro, o capital especulativo, dentre outros (SPENCER, 1992). Esses
problemas são levantados cada vez em maior número, como o caso do banco HSBC e dos Panamá
Papers, que levam a Suíça a discutir o fim do sigilo bancário, assim como outras nações.
Movimentos neste sentido, conforme explanado por Spencer (1992), levam a necessidade
de o Brasil também acompanhá-los, para se ter uma maior transparência e acessibilidade da coisa
pública. Exemplo de que o Brasil segue esta tendência é sua adesão e assinatura na Convenção
sobre Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal que entrou em vigor em 1 de junho de
2011.
No interesse de se mudar o paradigma do sigilo bancário e fiscal, sem se perder as demais
proteções à privacidade, este trabalho visa demonstrar o prejuízo que tal paradigma causa na
sociedade e mostrar que, ao invés de proteger o cidadão comum, esses dispositivos acabam criando
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um espaço seguro para a prática de atos ilegais. Ao se evitar que estes espaços para a prática de
malfeitos sejam criados e ao deixar as pessoas cada vez mais informadas, possibilitamos que o
indivíduo tome decisões baseadas na transparência dos dados, permitindo assim que ele exerça a
sua autonomia de forma esclarecida, tanto para direcionar seus investimentos e ações no mercado,
quanto para fiscalizar os demais agentes do mercado, aperfeiçoando a livre iniciativa e a livre
concorrência, e atingindo ao mesmo tempo o interesse público e privado.
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3 PRIVACIDADE, INTIMIDADE E SIGILO

3.1 Distinção entre Privacidade, Intimidade e Sigilo

O objeto do direito à privacidade é, em poucas palavras, a integridade moral do sujeito


(FOLMAN, 2003). “Moral” aqui entendida como conjunto de hábitos julgados válidos para uma
pessoa determinada.
A Constituição de 1988 inovou, garantindo a inviolabilidade à intimidade, à vida privada,
etc. Seriam esses direitos citados, nas palavras de José Afonso (2005), manifestações da
privacidade - sentido genérico e amplo.
Partindo deste raciocínio, a diferença básica entre privacidade e intimidade está no grau de
exclusão. Esta seria espécie daquela. Enquanto a privacidade representa uma esfera de exclusão
em relação à vida pública, a intimidade, além da característica do seu gênero, representaria
exclusão também em relação à vida privada.
É importante tal distinção, pois há efeitos jurídicos decorrentes da mesma. O
compartilhamento, por exemplo, de uma informação de natureza privada entre as pessoas que
fazem parte de sua vida privada seria um ato lícito. Porém, o compartilhamento de informações
íntimas para este mesmo grupo de pessoas seria um ato ilícito.
Delimitar o objeto da privacidade é extremamente importante para delinear o objeto do
sigilo financeiro ou fiscal, ou seja, identificar quais dados bancários ou fiscais devem permanecer
em segredo, visando proteger a integridade moral da pessoa.
O sigilo compõe-se do direito de não revelar informações que sabe para terceiros, mantendo
essas em seu foro mais reservado, representando a liberdade de não emitir o pensamento para além
dos limites impostos por si mesmo ou por alguma coisa.
A atual Constituição da República, ao tratar dos Direitos e Garantias Fundamentais,
consagra, no artigo 5º, o direito ao sigilo:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas,


assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrentes da
sua violação;
[...]
XII - é inviolável o sigilo das correspondências e das comunicações telegráficas,
de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação
criminal ou instrução processual penal;
[...]
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e o resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional;
[...]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no
prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. (BRASIL, 1988)

Desta forma, não devemos confundir a privacidade, a intimidade e o sigilo. Se temos que
o sigilo serve à proteção à intimidade, devemos também ter em mente que a intimidade só se refere
ao indivíduo, pessoa natural, não sendo extensível àqueles que não são indivíduos, ou seja, não há
de se falar em intimidade das empresas, das organizações, das fundações e do Estado.

3.2 O Sigilo Bancário

Fazemos aqui um panorama da evolução histórica do sigilo bancário, assim no mundo,


como em especial no Brasil.
Em um valoroso trabalho acerca da história dos bancos desde suas origens, Cotelly (1956)
destaca que no século VII ac., na Babilônia, praticavam-se operações de natureza bancária, que
eram levadas a cabo pelos sacerdotes. Tal se prende à conotação mística que impregnou a origem
dos bancos, nascidos dentro dos templos, no exercício de uma atividade que emanava dos próprios
deuses, representados por seus sacerdotes.
A atividade bancária, como profissão especializada, surgiu na Grécia. Mas, ainda assim,
não inteiramente desligada dos umbrais dos templos, seus berços: os de Delfos, Samos e Éfeso
foram os principais. Os banqueiros, além de propiciar a guarda, seguravam os valores de seus
clientes, redigiam instrumentos negociais e orientavam a respeito de negócios, graças aos
conhecimentos que tinham dos textos legais.
Em Roma, a atividade bancária remonta ao século III ac., época em que os romanos
desenvolviam o que hoje são as nossas atuais práticas bancárias. O banqueiro romano –
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''argentarius'' – deveria possuir um livro secreto de ''dever e haver'', o Codex, conservado em


segredo e só exibível na justiça em caso de litígio com o próprio cliente (NELSON, 2016).
Todavia, foi somente na Idade Média e dentre os primeiros documentos que se haviam
conservado, os estatutos do banco Casa di San Georgio, do ano de 1408, que se estabelecia
expressamente o segredo bancário e ordenava-se a todos os funcionários jurar conservar o segredo
bancário concernente a toda atividade e documentos da casa bancária.
Posteriormente, o segredo bancário é amplamente reconhecido dentro do que se denominou
organização bancária moderna, que data dos fins do século XVI. Foi quando se contemplou os
textos normativos tal como conhecemos hoje.
Especificamente no Brasil, a Constituição de 1824, em seu art. 179, XXVII, garantia o
sigilo de cartas, que era inviolável. (BRASIL, 1824) É de se admitir que também estivessem
englobados os direitos civis e de segurança individual do cidadão e, por conseguinte, o direito ao
sigilo bancário.
A Constituição da República de 1891, art. 72 da Declaração de Direitos, dizia que era
assegurada aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade dos direitos
concernentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, disciplinando o § 18 que era
inviolável o sigilo da correspondência. (BRASIL, 1891) Esse dispositivo foi mantido na
Constituição de 1934, art. 113, VII, e sofreu algumas evoluções com as Cartas de 1937 e 1947.
Já a Constituição de 1967, em seu art. 150, § 9º, dizia que, além da correspondência, eram
também invioláveis os sigilos telegráficos e telefônicos. Esse texto foi mantido na íntegra pela
emenda constitucional 1, de 17 de outubro de 1969, nos termos do art. 153, § 9º. (BRASIL, 1967)
A Constituição Federal de 1988, por sua vez, elevou o sigilo à categoria de direito
fundamental, a teor do art. 5º, X e XII. (BRASIL, 1988) Após, veio a LC 105/01, a qual revogou
o art. 38 da lei 4.595/64 e permitiu a acesso das autoridades fiscais de forma direta aos dados
bancários, quer dizer, sem a necessidade da intervenção do Judiciário (BRASIL, 2001), e por isso
foi objeto das ADIs nº 2.386, 2.389, 2.390, 2.397 e 2406.
Pelo fato de que o direito ao sigilo bancário não estar presente de forma expressa na CF/88,
seu status constitucional depende necessariamente de interpretação. A jurisprudência pátria
defende que o instituto é um direito fundamental porque se trata de um desdobramento do direito
à privacidade, assegurado no art 5º, X, da Carta Magna, e nesse se acha implícito. Assim qualquer
violação iria atentar contra a própria dignidade da pessoa humana.
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Por outro lado, de forma contrária, há um entendimento minoritário que defende que os
dados econômicos não integram o objeto dos direitos da personalidade, dos quais o direito à
privacidade é um exemplo.
O direito à privacidade, num sentido amplo, abarca todas as formas de proteção da esfera
privada, da intimidade e da personalidade que o art. 5 º, inc. X, da CF/88 trouxe, isto é, o direito à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem. Em relação ao questionamento da proteção
constitucional dada ao sigilo bancário, pode-se asseverar que o STF entende ter status de direito
fundamental amparado nos incisos X e XII do art. 5º, CF/88.
Direitos admitem limitações, por conta das exigências sociais e em atenção ao bem comum.
Não há direito fundamental individual absoluto. Dessa forma, é pacífico o entendimento de que o
Judiciário pode requisitar informações às pessoas e instituições que impliquem na quebra do sigilo.
E para fazê-lo, deve observar as coordenadas jurídicas emitidas pelo devido processo legal em
sentido substancial e processual.
Em situações em que há choque de direitos ou princípios constitucionais que aparentemente
colidem é necessário realizar o chamado sopesamento ou avaliação ponderada dos fins, em outras
palavras, é preciso aplicar o princípio da proporcionalidade.
Outro postulado de suma importância nesta análise é o princípio da isonomia, que consiste
na assertiva de que quaisquer que sejam os contribuintes, independente da denominação jurídica
dos rendimentos, títulos ou direitos, o tratamento isonômico se impõe, vedada qualquer forma de
atuação discricionária. E possui, duas fases ou dimensões da igualdade: igualdade perante a lei e a
igualdade na lei.
Embora ligado ao princípio da isonomia, não se confunde com este, é o princípio da
capacidade contributiva que serve para a consecução de um efetivo ideal de justiça para o Direito
Tributário. Ele evidencia uma das dimensões da isonomia, a saber, igualdade na lei, ou seja, busca
o tratamento distinto de situações diversas.
Deduz-se da própria função do Poder Judiciário, a prerrogativa de excepcionar o sigilo
bancário mesmo não tendo expressa previsão na Constituição Federal de 1988. A quebra do sigilo
mediante determinação judicial está contida no art. 3° da LC 105/01.
Todavia, o ponto crucial a ser observado em análise de quebra do sigilo é a questão da
razoabilidade que decorre do direito ao devido processo legal consagrado no art. 5º, inc. LIV,
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CF/88 e ao princípio da proporcionalidade, este derivado do sistema constitucional de proteção


aos direitos fundamentais, fornecendo critérios para sua limitação.
Portanto, é pacífico na jurisprudência o entendimento de que o Poder Judiciário pode
ordenar a quebra do sigilo bancário, que está previsto na LC 105/01, e antes na Lei. 4.595/64.
Além da quebra do sigilo bancário pelo poder Judiciário, a Lei Complementar 105/2001
não trouxe muitas mudanças para o ordenamento jurídico, no que diz respeito a quebra do sigilo
bancário pelo Poder Legislativo. (BRASIL, 2001) A lei nº 4.595/64 permitiu somente ao Banco
Central do Brasil e às instituições financeiras públicas a apresentarem informações ao Poder
Legislativo, limitando os órgãos fornecedores de informação, e para isso, submeteu a condição de
aprovação ao plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. (BRASIL, 1964) Contudo,
a LC 105/01 dilatou as fontes de informação do Poder Legislativo ao incluir a Comissão de Valores
Mobiliários e as instituições financeiras privadas (lei usou o gênero instituições financeiras,
abarcando, portanto, as públicas e privadas).
Tem-se assim, que apesar do sigilo bancário estar inserido no rol dos direitos fundamentais,
que por sua vez, são cláusulas pétreas, ele pode ser relativizado, desde que por fiscalização
tributária, determinação judicial ou por inquérito parlamentar, pois não possui natureza de direito
absoluto, devendo ceder diante do interesse público. O levantamento do sigilo é medida
excepcional e o Poder Judiciário deve primar pela aplicação do princípio da proporcionalidade,
sopesando os direitos em jogo, e julgar no sentido de causar menor limitação possível ao direito
mitigado por conta da medida, almejando dar efetividade ao processo.
Assim, entender a evolução histórica do sigilo bancário é deveras importante, porque nos
leva a também entender o presente e, por conseguinte, melhor pensar em soluções para o futuro.
A partir daí é possível questionar qual o próximo passo da evolução do sistema bancário no que
concerne ao sigilo.

3.3 Sigilo Fiscal

Entende-se que o sigilo fiscal é a proteção às informações inerentes a dívidas, patrimônios


e rendimentos, informados pelas pessoas físicas ou jurídicas ao Governo. Esse sigilo é previsto
constitucionalmente, entrando no rol de direitos fundamentais, uma vez que tem por objetivo
proteger a intimidade e a vida privada do contribuinte.
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Semelhante às instituições financeiras, que devem observar sigilo sobre os negócios e


informações obtidas nas transações com seus clientes, a autoridade fiscal tem o dever de manter
em segredo as informações que obtém através do exercício das suas funções. Essa obrigação de
não revelar encontra-se expressa na Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional- CTN):

Art. 198. Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a divulgação,


para qualquer fim, por parte da Fazenda Pública ou de seus funcionários, de
qualquer informação, obtida em razão do ofício, sobre a situação econômica ou
financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza, e o estado
dos seus negócios ou atividades.
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo, unicamente, os casos
previstos no artigo seguinte e os de requisição regular da autoridade judiciária no
interesse da justiça. (BRASIL, 1966)

O dispositivo acima, além de ordenar à autoridade fiscal manter em segredo as informações


obtidas dos contribuintes, estabelece as situações em que ocorrerá a divulgação das mesmas. A
Administração Tributária deve proteger os dados fiscais do contribuinte, bem como os dados
bancários que porventura estiverem em sua posse, ficando impedidos de divulgar informações
como, por exemplo, aquelas que se referem aos hábitos de consumo de uma determinada pessoa.
Apesar da proteção imposta pela Magna Carta e pelo CTN, existem casos em que,
necessariamente, os dados fiscais serão acessados. Essas situações normalmente acontecem no
curso de investigações, em que os dados obtidos pelo fisco serão utilizados e confrontados com as
declarações dos investigados. Cruzando informações, os órgãos investigativos podem buscar a
verdade e levá-la ao processo.
Expressa no parágrafo único, a primeira das exceções ao sigilo fiscal ocorrerá quando se
realizar convênio entre as Fazendas da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
com o fim de obterem dados para melhor exercer a fiscalização dos tributos (GRECO, 2005). Um
fisco de um ente da federação brasileira pode trocar informações com outros fiscos, com
finalidades de fiscalização e controle. Entretanto, esses fiscos precisam ter acordos entre si para
realizar esta troca de informações. O acordo deve fazer com que o fisco que receba a informação
saiba do seu caráter confidencial e das penalidades no qual ele pode incorrer no caso de fazer mau
uso dessas informações. O acordo de troca de informações não pode permitir que outras pessoas,
além das pessoas autorizadas, possam ter acesso à informação.
A segunda hipótese de exceção ao sigilo fiscal é dirigida aos casos em que houver processo
judicial instaurado e o juiz entender necessário para a solução da lide a juntada ao processo de
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informações obtidas pelo Fisco. Nesse caso, será observado o interesse da justiça e não o interesse
particular de uma das partes. Ou seja, o juiz requisitará as informações se restar comprovada a
resistência de uma das partes em resolver o conflito. Assim, procederá ao exame de informações
úteis ao alcance da justiça (HAGSTROM, 79).
A Constituição Federal de 1988 através do art. 145, §1° autoriza à Administração Tributária
faculdades para a função fiscalizatória, com o fito de realizar o postulado da capacidade
contributiva, desde que respeitados os direitos individuais. (BRASIL, 1988)
Para que se determine a quebra do sigilo bancário são necessários alguns requisitos, como
uma ordem judicial bem fundamentada, existência de fundados elementos de suspeita,
individualização do investigado e do objeto da investigação, indispensável sigilo em relação às
pessoas estranhas ao procedimento investigatório e ainda a utilização dos dados obtidos somente
para a investigação que lhe deu causa.
É importante lembrar que a regra é o sigilo e que a quebra é exceção, devendo sempre haver
justa ponderação, uma vez que a violação do sigilo fiscal afronta uma garantia individual
constitucionalmente estabelecida sob à luz do princípio da inviolabilidade da intimidade; por
consequência, deve sempre ser antecedida de autorização do Poder Judiciário, pois este órgão tem
o dever de ser inseparável da imparcialidade.

3.4 Evolução do Sigilo no Brasil e no Mundo

Como as práticas ilícitas num mundo globalizado ultrapassam as fronteiras nacionais,


diversos países buscaram se unir para evitar tais práticas no âmbito do direito tributário. Trabalhou-
se então para o desenvolvimento de um padrão global para o intercâmbio automático de
informações financeiras para fins tributários – Standard for Automatic Exchange of Financial
Account Information in Tax Matters. Uma vez implementado, esse modelo irá aumentar a
transparência internacional ao ampliar o acesso do fisco às movimentações financeiras e ao
multiplicar a rede de administrações tributárias envolvidas no processo de intercâmbio de
informações.
Para que se possa ter uma ideia do impacto deste projeto, a partir de 2018, a Receita Federal
passaria a ter acesso a qualquer tipo de movimentação financeira realizada por cidadãos brasileiros,
em qualquer uma das setenta e sete jurisdições signatárias da Convenção Multilateral, inclusive
19

daquelas consideradas como centros financeiros e jurisdições com tributação favorecida. A


informação obtida de maneira automática e periódica assegurará a identificação de indícios de
evasão tributária, dentro de uma estratégia de avaliação de riscos.
Essas iniciativas, tomadas de maneira coordenada entre os 129 países membros do Fórum
Global, permitem vislumbrar o fim da era do sigilo bancário como instrumento para evitar o
pagamento dos tributos devidos, especialmente em relação a ativos mantidos no exterior.

3.5 Sigilo para Pessoa Física e para Pessoa Jurídica

É até razoável dizer que o fundamento do sigilo encontra-se no direito à privacidade.


Porém, não há como gozar da privacidade se não houver liberdade. A liberdade é o instrumento
assecuratório da privacidade. A privacidade é uma expressão da liberdade de negação (liberdade
de não se expor). O direito ao sigilo financeiro, por exemplo, protege os dados financeiros da
exposição da privacidade a terceiros da relação Banco e Cliente. Informações que abalam a
integridade moral do cliente, que revelam suas escolhas íntimas, seus hábitos, etc. A liberdade
negativa visa proteger a personalidade do indivíduo em meio à sociedade da massificação.
Há dois tipos de intimidade: o patrimonial e a extrapatrimonial. Na análise de uma conta
bancária, o primeiro se manifesta na quantificação do volume de recursos movimentados; o
segundo se manifesta na identificação da origem e destinação dos recursos movimentados.
Conforme a interpretação conjunta do dispositivo da Constituição Federal (Art. 5° X), e o
artigo 38 da Lei n° 4.595/64, a intimidade das pessoas deve ser protegida e, inserido neste contexto
de “intimidade” encontra-se entre outros aspectos a manutenção do sigilo das operações bancárias.
Podem, no entanto, ser quebrados em decorrência de ordem judicial embasada em investigação ou
processo judicial.
A quebra de sigilo bancário das empresas interessa sobremaneira à investigação das
Organizações Criminosas, pois elas são comumente utilizadas para de lavagem de dinheiro,
servindo como empresas de fachada ou mesmo sendo utilizada na mescla de dinheiro sujo com
outro licitamente obtido através da própria produção. Com a quebra sendo determinada
diretamente pelo Ministério Público proporciona-se uma agilização muitas vezes imprescindível e
que pode representar a maior virtude ao sucesso da investigação.
20

A intimidade protegida, inserida no âmbito do artigo 5° da Constituição Federal diz respeito


às pessoas físicas, como tudo o que a Constituição Federal protege no mesmo dispositivo. A
sistemática e lógica é evidentemente de proteger os direitos e garantias fundamentais – das pessoas
físicas, não alcançando, portanto, eventual intimidade de pessoas jurídicas. Não se quer aqui
sustentar que as pessoas jurídicas não possuam intimidade própria e inclusive decorrente das suas
próprias atividades, como por exemplo os segredos industriais (que são outros – e não referentes
às movimentações bancárias). Mas concluímos que referida intimidade – prevista no artigo 5° da
Constituição Federal não a alcança, restringindo-se tão somente às pessoas físicas.
Desta forma, ainda que se deva proteger o indivíduo, pessoa física natural, os mesmos
privilégios não devem ser garantidos para as pessoas jurídicas, pois não há uma ameaça a seus
direitos de personalidade. Muito pelo contrário, a transparência dos dados fiscais e bancários
permite a maior lisura nas relações econômicas, permitindo uma concorrência em que os agentes
conhecem uns aos outros e em que todos podem fiscalizar a todos, dificultando que algum deles
se utilize do sigilo para a prática de atos ilícitos, bem como de acordos entre agentes que visam
apenas criar barreiras de entrada para novos concorrentes. Desta forma, a quebra dos sigilos fiscais
e bancários é um viabilizador do exercício da livre iniciativa e livre concorrência, permitindo que
os agentes do mercado possam se desenvolver livremente sem serem prejudicados com acordos
ou ações executadas de forma obscura e protegidos por um direito à privacidade que não deveria
abarcá-los.
21

4 DINHEIRO, RES PUBLICA

4.1 Dinheiro na sociedade

O dinheiro é o meio usado na troca de bens, na forma de moedas, notas (cédulas) ou meios
eletrônicos, usado na compra de bens, serviços, força de trabalho, divisas estrangeiras ou nas
demais transações financeiras, emitido e controlado pelo governo de cada país, que é o único que
tem essa atribuição. É também a unidade contábil. Seu uso pode ser implícito ou explícito, livre
ou por coerção.
A emergência do dinheiro não depende de uma autoridade central ou governo. É um
fenômeno do mercado; na prática, entretanto, os tipos de moeda mais aceitas atualmente são
aquelas produzidas e sancionadas pelos governos. A maior parte dos países possuem um padrão
monetário específico — um dinheiro reconhecido oficialmente, possuindo monopólio sobre sua
emissão.
O dinheiro em si é um bem escasso. Em épocas de escassez de meio circulante, a sociedade
procura formas de contornar o problema (dinheiro de emergência), o importante é não perder o
poder de troca e compra.
O dinheiro é um dos tópicos de estudo centrais na economia e está numa ligação implícita
com o campo das finanças. A quantidade de dinheiro numa dada economia diretamente afeta
fenômenos como a inflação e a taxa de juros. Uma crise monetária pode ter efeitos significativos,
particularmente se ela levar a uma falência generalizada tal que resulte na adoção de economia de
trocas.
Ou seja, a forma como o dinheiro é utilizado e transacionado no mercado por seus agentes
econômicos afeta diretamente o valor do próprio dinheiro. Isso faz com que aqueles que possuem
um conhecimento da movimentação do dinheiro na economia tenham uma maior capacidade de
conhecimento e planejamento econômicos, o que reflete diretamente na segurança deste agente
econômico em atuar no mercado, permitindo uma melhor previsão de riscos e com isso impactando
diretamente nos investimentos realizados nesta economia.
22

4.2 Agentes Econômicos

O mercado é composto por diversos agentes econômicos, desde indivíduos, a empresas e


Estados. Esses agentes impactam diretamente o valor do dinheiro em circulação.
As empresas por meio da articulação dos fatores produtivos para a produção ou circulação
de bens ou de serviços são agentes econômicos que recebem e gastam dinheiro por diversos
motivos. Suas receitas financeiras são relacionadas aos fluxos da empresa de caráter monetário,
como os juros recebidos, rendimentos das aplicações financeiras, ou qualquer outro ganho que
venha desse meio. Já as despesas financeiras ocorrem de maneira contrária, principalmente através
dos juros que a empresa paga por empréstimos que ela realizou.
As receitas ou despesas, quando operacionais, são diretamente ligadas às atividades
principais da empresa e seu objetivo social. As receitas ou despesas são consideradas não
operacionais quando não apresentam relação com a atividade-fim, por exemplo, se uma empresa
receber uma indenização por um seguro.
As receitas e despesas, quando ocorrem, não estão diretamente ligadas aos recebimentos
ou pagamentos. Como no caso de um empréstimo feito, em que há entrada de dinheiro no caixa,
mas não houve uma receita. A diferença é melhor notada quando a transação feita só se liquida
após um prazo (compra ou venda a prazo), por exemplo, por uma compra de mercadorias para
pagamento posterior.
Uma entrada de caixa evidentemente corresponde a algo exatamente oposto ao parágrafo
anterior; isto é, qualquer transferência de dinheiro que vem para as mãos da empresa. Tipicamente,
a maioria das entradas de dinheiro de uma empresa provém de clientes, fornecedores de crédito
(como bancos ou acionistas) e investidores que adquirem uma participação societária na empresa.
Ocasionalmente entradas de caixa incluem acordos legais ou a venda de imóveis ou equipamentos
pertencentes à empresa.
Uma saída de caixa ocorre quando a empresa transfere fundos para um outro agente (seja
física ou eletronicamente). Tal transferência pode ser feita com o fim de pagar empregados,
fornecedores e credores, ou adquirir ativos e investimentos de longo termo, ou mesmo pagar por
despesas legais ou acordos relativos a processos judiciais. É importante notar que transferências
legais de valores através de débito – uma aquisição feita a crédito – não são registradas como uma
saída de caixa até que o dinheiro deixe efetivamente às mãos da empresa.
23

Já as instituições financeiras, têm a capacidade de ofertar créditos no mercado. Isso faz


com que quanto mais crédito disponível no mercado, maior a oferta de dinheiro e com isso a sua
desvalorização, que se dá através da inflação. É importante ressaltar que este não é o único motivo
para a inflação, mas é um dos mais comuns que vemos rotineiramente, além de estar diretamente
relacionado com a circulação de moeda.
Tem-se também a ação do Estado no mercado, que afeta a quantidade de dinheiro em
circulação diretamente através de suas políticas monetárias, pegando dinheiro emprestado de
instituições financeiras, controlando a taxa SELIC, realizando controle de câmbio ou fazendo
investimentos. O Estado também tem receita, que pode vir do pagamento de tributos ou outros
recursos extraordinários, e despesas, que são gastas remunerando os servidores públicas ou
adquirindo bens e serviços no mercado, por exemplo.
Por último, tem-se o agente econômico mais frágil, o indivíduo, que atua no mercado
ofertando sua força de trabalho, consumindo bens e serviços ou recebendo lucros e dividendos de
seus investimentos.

4.3 O valor do conhecimento do mercado

Conhecer o mercado representa uma grande vantagem competitiva para qualquer agente
do mercado. Saber sobre os concorrentes, os fornecedores, os produtos substitutos, a oferta de
crédito e os clientes possibilita que se construa um bom plano de negócio. Ter tais informações
diminui os riscos do negócio e facilita o acesso ao crédito. Conhecimento é poder.
Infelizmente, vivemos em uma época em que não há isonomia informacional. Grandes
empresas controlam o mercado da informação. Seja o Serasa ou o SPC que possuem informações
de crédito das pessoas, ou empresas como o Facebook e o Google que possuem informações sobre
seus usuários e seus padrões de comportamento e consumo, ou empresas de comunicação que
sabem com precisão por onde anda o cliente e com quem ele se comunica, ou grandes empresas
de varejo que sabem exatamente o que seus clientes estão comprando, ou até mesmo os bancos
que sabem os valores das transações de seus clientes, o fato é que a privacidade já não existe a
muito tempo. Essas informações são vendidas e utilizadas por alguns agentes de mercado
privilegiados, que possuem meios econômicos e muitas vezes fraudulentos de se utilizar destes
dados para ter vantagens no mercado. O tempo da privacidade já acabou. Tentativas de garanti-la
24

são anacrônicas e não enxergam o inevitável futuro. A informação vale ouro e deve ser explorada
em benefício da sociedade e não ficar restrita nas mãos de uns poucos privilegiados.
A circulação do dinheiro e os tributos pagos ou devidos são informações valiosíssimas para
os agentes do mercado. Através do conhecimento da circulação monetária é possível se prever o
consumo, os rendimentos, as ofertas e demandas. Através do conhecimento fiscal é possível se
conhecer as práticas dos concorrentes, bem como garantir a justiça tributária. Uma das coisas mais
nocivas para a livre concorrência é a prática de sonegação. Quando um dos agentes do mercado se
utiliza da sonegação de tributos enquanto os demais concorrentes não utilizam, este agente pode
diminuir seus preços sem diminuir sua margem de lucro. Isso faz com que os demais concorrentes
não tenham condição de competir e acaba estimulando que eles próprios soneguem para conseguir
permanecer no mercado. Assim têm-se um ciclo vicioso em que a prática de cumprimento de
obrigações tributárias é desestimulada pelas práticas econômicas de mercado.
Conhecer os dados bancários e fiscais dos concorrentes permite que eles possam fiscalizar
uns aos outros, fazendo com que o mercado funcione de forma mais lícita e eficiente. Isso também
facilita a atuação do fisco, que ao invés de ter que fazer investigações por si próprio, enfrentando
todas as burocracias inerentes à atividade de fiscalização, apenas receberiam as denúncias
fundamentadas em dados públicos e as processariam, economizando tempo e recursos.
Assim, caso o conhecimento dos dados bancários e fiscais das pessoas jurídicas fossem
públicos, teríamos um mercado mais eficiente que atingiria o interesse público. Visto por este
ângulo, os sigilos bancário e fiscal, ao invés de garantir a proteção e aumentar a confiança dos
agentes econômicos, acaba por impedir a evolução para um mercado otimizado e eficiente ao
mesmo tempo que inviabiliza a autofiscalização deste mercado.

4.4 O interesse público sob a ótica do mercado

A função social das atividades do mercado é produzir bens e serviços para a sociedade,
desta forma, o interesse público busca um melhor funcionamento deste mercado para se atingir
sua maior eficiência, esta por sua vez pode ser entendida como uma maior disponibilidade de
produtos e serviços de qualidade a preços acessíveis para a maioria da sociedade, ou de forma
ideal, à toda a sociedade.
25

No paradigma atual, o do sigilo, o mercado se comporta de forma escusa, onde os agentes


sabem muito pouco de suas práticas e onde a espionagem industrial tem grande valor para aqueles
que buscam levar vantagem sobre os demais. Acordos comerciais que visam excluir concorrentes
através de práticas de preços que representam verdadeiros dumps ou acordos entre concorrentes
que visam praticar preços acima do razoável em detrimento dos consumidores através de cartéis
são alguns dos exemplos de práticas possíveis no paradigma atual. A evasão de divisas é outra
prática proibida, mas viável atualmente. Todas elas ferem o interesse público.
Tendo em vista que o dinheiro é um bem público, que pertence a toda a sociedade, já que
o dinheiro só tem valor no momento em que os integrantes dessa sociedade reconhecem o seu
valor – de outra forma o dinheiro seria apenas pedaços de papel ou bits num computador – é de
interesse da sociedade que ele não seja utilizado de forma vil. Uma maior transparência e clareza
a respeito da utilização do dinheiro não apenas evitaria seu mal-uso, como também traria diversas
vantagens.
A partir do momento em que transparência começa a ser a regra e as empresas sabem da
utilização do dinheiro umas das outras é possível identificar mercados que não estão sendo
atendidos ou mercados que estão saturados. Assim será possível investir nos lugares que melhor
irão satisfazer as demandas da sociedade, que coincidem com os lugares onde terão maiores lucros
por serem mercados pouco explorados. Com este tipo de informação é possível diminuir os riscos
dos investimentos, pois assim se consegue ter uma maior previsibilidade dos resultados destes
investimentos. Com a publicidade dos dados bancários e fiscais é possível reconstruir o que
aconteceu na economia, o que por sua vez permite prever o que pode acontecer. Esse conhecimento
leva ao surgimento de novas teorias econômicas e a novas percepções do funcionamento dos
mercados e do comportamento econômico humano. Da mesma forma, novas soluções de políticas
públicas e econômicas poderiam ser encontradas para beneficiar a todos.
A transparência dos dados bancários e fiscais torna o mercado mais competitivo, com maior
paridade de armas e igualdade informacional, contribuindo para a sua otimização e aumento de
eficiência. Esse mercado transparente resultaria em grande crescimento econômico, já que
aumentaria aqueles valores mais caros para a economia, a confiança e a previsibilidade.
Com isso, para melhor atender o interesse público aprimorando o funcionamento do
mercado é necessário a mudança para um novo paradigma da transparência.
26

5 O NOVO PARADIGMA DA TRANSPARÊNCIA

5.1 O caminho da transparência

Existe um movimento mundial em busca de maior transparência dos Estados. O Brasil


também está acompanhando este movimento, dois exemplos disso são a Lei da Transparência -
Lei Complementar 131, de 27 de maio de 2009 – (BRASIL, 2009) e a Lei de Acesso à Informação
- Lei n° 12.527, de 18 de novembro de 2011 (BRASIL, 2011).
A Lei da Transparência (LC 131/2009) alterou a redação da Lei de Responsabilidade Fiscal
(LC 101/2000) no que se refere à transparência da gestão fiscal, inovando ao determinar a
disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária
e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Foi criada para divulgar
em tempo real a receita e despesas de toda entidade pública (com o prazo máximo de 24h) em um
site na internet. Mas só isso não basta, é necessário seguir algumas exigências técnicas que irão
validar se essas informações estão corretas perante as fiscalizações do ministério público. Abaixo
um exemplo de quais e como essas informações devem estar disponibilizadas na rede:

I. Quanto às despesas:

● o valor do empenho, liquidação e pagamento;


● o número do correspondente processo da execução, quando for o caso;
● a classificação orçamentária, especificando a unidade orçamentária, função, subfunção,
natureza da despesa e a fonte dos recursos que financiaram o gasto;
● a pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento, inclusive nos desembolsos de
operações independentes da execução orçamentária, exceto no caso de folha de pagamento de
pessoal e de benefícios previdenciários;
● o procedimento licitatório realizado, bem como à sua dispensa ou inexigibilidade,
quando for o caso, com o número do correspondente processo;
● o bem fornecido ou serviço prestado, quando for o caso.
27

II. Quanto à receita:

● Deve-se publicar os valores de todas as receitas da unidade gestora, compreendendo no


mínimo sua natureza, relativas a previsão;
● lançamento, quando for o caso;
● arrecadação, inclusive referente a recursos extraordinários.

Já a Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011) é uma lei ordinária federal que
regulamenta o art. 5°, XXXIII, art. 37, §3°, II e art. 216, §2° da Constituição Federal de 1988, que
asseguram o direito fundamental de acesso às informações produzidas ou armazenadas por órgãos
e entidades da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Ela diz respeito às informações
públicas e permite a qualquer pessoa que esteja interessada solicitar documentos ao órgão público
fazendo o pedido sem qualquer justificativa. Isso significa que todos órgãos precisam ter em seu
site um link que direcione o usuário a uma página onde ele poderá fazer suas solicitações.
Essa lei se baseia na noção de que o direito à informação pública está ligado diretamente à
noção de democracia. Ou seja, o direito está associado à ideia de que todo cidadão tem de pedir e
receber toda informação que está sob controle de entidades e órgãos públicos. Portanto, para que
o fluxo de ideias e informações sejam garantidos, é essencialmente importante que os órgãos
públicos facilitem aos cidadãos o acesso a dados de interesse público. O acesso às informações
públicas visa possibilitar uma participação ativa da sociedade nas ações governamentais e,
consequentemente, traz inúmeros ganhos, tais como:

● Prevenção da corrupção: com acesso às informações públicas os cidadãos têm mais


condições de monitorar as decisões de interesse público. O acompanhamento da gestão pública
pela sociedade é um complemento indispensável à fiscalização exercida pelos órgãos públicos;
● Melhoria da gestão pública: o acesso à informação pode contribuir para melhorar o
próprio dia a dia das instituições públicas, pois a partir das solicitações que recebe dos cidadãos,
os órgãos podem identificar necessidades de aprimoramentos em sua gestão documental, em seus
fluxos de trabalho, em seus sistemas informatizados, entre outros aspectos que tornarão a gestão
pública mais eficiente;
28

● Melhoria do processo decisório: quando o governo precisa tomar uma decisão, se o


assunto for aberto para a participação do público interessado e de especialistas nas questões que
estão sendo definidas, é possível obter contribuições que agreguem valor ao resultado;
● Fortalecimento da democracia: líderes políticos são mais propensos a agir de acordo
com os desejos do eleitorado se sabem que suas ações podem ser constantemente avaliadas pelo
público. Os eleitores têm condições de fazer uma escolha apropriada se tiverem informações sobre
as decisões tomadas pelos candidatos no desempenho de seus cargos públicos.

Essas duas leis são um bom começo para a construção de um paradigma transparente, mas
elas barram na questão do sigilo. Os dados bancários e fiscais continuam sendo sigilosos e por
mais que tenhamos informações sobre o Estado, ainda nos falta as informações sobre os demais
agentes econômicos. Caso a privacidade e o sigilo expressos no artigo 5º da Constituição da
República sejam entendidos como os Direitos e Garantias Fundamentais do indivíduo, não sendo
estendidos às pessoas jurídicas, seria possível uma abertura para que se tenha o mesmo
entendimento com relação ao Art. 198 da Lei nº 5.172/1966, referente ao sigilo fiscal, de forma
que o disposto neste artigo só seja válido para as pessoas físicas, não abarcando as pessoas
jurídicas.(BRASIL,1966) O fim do sigilo bancário das pessoas jurídicas, por outro lado,
dependeria de alteração da Lei Complementar 105/2001. Uma outra solução seria alterar a Lei nº
9.613, de 3 de março de 1998, que dispõe sobre: os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens,
direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta
Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF; além de outras providências,
tornando públicas as informações obtidas por este órgão no que tange às pessoas
jurídicas.(BRASIL, 1998)
Caso essa interpretação seja acolhida e as adequações nos dispositivos legais sejam
realizadas, a Lei de Acesso à informação, por si só, já seria suficiente para a publicidade dos dados
bancário e fiscal das pessoas jurídicas, uma vez que tanto o Banco Central do Brasil quanto o
COAF possuem dados bancários patrimoniais e extrapatrimoniais das pessoas jurídicas passados
pelas instituições financeiras, que a partir de então não teriam mais sigilo, podendo ser repassados
para a sociedade. Já os dados fiscais das pessoas jurídicas, não possuindo mais sigilo, seriam
passados pelas próprias administrações tributárias das esferas responsáveis por cada um dos
tributos.
29

O fim do sigilo bancário e fiscal das pessoas físicas, por mais que seja de interesse público,
barram em diversas questões de privacidade que devem ser melhor investigadas para que sejam
defendidas, uma vez que o sigilo de dados dos indivíduos é claramente protegido
constitucionalmente. O indivíduo, pessoa física, carece de proteção contra os demais entes, sejam
eles o Estado, pessoas ou agentes econômicos. Enquanto não houver uma alternativa para se
garantir essa proteção, talvez seja melhor que os sigilos bancários e fiscais destas pessoas sejam
mantidos. De toda forma, tendo em vista uma evolução gradual para uma sociedade com um
capitalismo transparente, seria interessante ver os resultados do fim dos sigilos bancário e fiscal
das pessoas jurídicas para a sociedade e só então analisar a questão do fim destes sigilos para as
pessoas físicas. Assim que os benefícios para a sociedade com o fim dos sigilos das pessoas
jurídicas fossem demonstrados, seria mais fácil fazer a transição para o fim dos sigilos bancário e
fiscal das pessoas físicas e garantir sua adequada proteção.

5.2 O Estado Eficiente

As ações de transparência pública permitem que desperdícios e o mal emprego de verbas


públicas possam ser verificados e, consequentemente, cobrados e submeter os responsáveis às
punições de seus erros. A Lei da Transparência (LC 131/2009) já foi de grande valor para essa
transparência, mas ela é só o começo para a construção de um Estado mais eficiente.
Num Estado eficiente, aqueles que prestam serviço ou fornecem produtos para o Estado
deveriam fazê-lo da forma mais rápida, barata e de maior qualidade possível, e não apenas isso,
essa prestação de serviço e fornecimento de produtos deveria se tornar cada vez melhor ao longo
dos anos. Para tanto, seria necessário não apenas saber quais empresas ganharam as licitações e os
valores que foram repassados para essas empresas, mas também saber como foi sua prestação, seus
custos e a utilização do dinheiro público aplicado nestes contratos. Sabendo estas informações, os
candidatos às próximas licitações teriam dados cada vez mais detalhados para que possam fazer
suas ofertas, uma vez que saberão quais foram os custos e lucros reais das prestações anteriores.
A análise destes dados possibilitaria identificar eventuais superfaturamentos, o que por sua vez
possibilitaria fazer ofertas mais justas e vantajosas para o Estado ao mesmo tempo em que
permitiria que os cálculos de margens de lucros dos interessados nas licitações fossem mais
realistas, evitando problemas relativos à capacidade de execução dos contratos. Informações sobre
30

quem comprou o quê, de quem e quando acabariam por refinar ainda mais a proposta, promovendo
uma melhora contínua da aquisição de produtos e serviços pelo Estado.
Segundo o Portal da Transparência, viabilizado pela Lei da Transparência (LC 131/2009),
em 2018 o valor total das contratações por meio de licitação, dispensa ou inexigibilidade da União
foi de R$ 69,39 bilhões. É de interesse público que este valor seja empregado da forma mais
eficiente e eficaz possível. Como defendido, o caminho da transparência é a melhor forma de se
atingir este fim.
Por se tratar evidentemente da coisa pública, quebrar os sigilos de dados bancários e fiscais
das empresas contratadas pelo Estado deveria ser mais simples, sem necessidade de grandes
mudanças legislativas. Supostamente, utilizando-se da Supremacia do Interesse Público, seria
possível incluir nos contratos com o Estado uma cláusula que obrigasse aqueles que querem
contratar com ele a tornar públicos seus dados bancários e fiscais no que concerne tal contrato. O
conhecimento da utilização do dinheiro público entregue ao contratado seria público. Se saberia
quais foram os gastos com mão-de-obra, aquisição de matéria prima ou outros insumos,
consultorias e lucro. Com isso, os próximos contratantes poderiam otimizar suas ofertas e tornar a
aquisição de produtos e serviços pelo Estado ainda mais eficiente.
Porém, melhor do que incluir uma cláusula de transparência no contrato, seria acabar com
o sigilo bancário e fiscal das pessoas jurídicas através de nova interpretação e alterações em leis
infraconstitucionais, pois não apenas o contratado teria seus dados bancários e fiscais revelados,
como também os dados de toda a cadeia produtiva também seriam revelados. Ter-se-ia assim o
completo rastro da utilização do dinheiro público até se chegar nas pessoas físicas. Isso, além de
tudo, facilitaria identificar empresas de fachada que servem apenas para emitir notas fiscais frias
com o intuito de enriquecimento ilícito. O potencial para tornar mais eficiente a execução do que
foi contratado pelo Estado é imenso.
Um outro aspecto a ser observado é que quando a carga tributária é muito alta e a
probabilidade de detectar a sonegação é baixa, é economicamente racional para pessoas físicas e
jurídicas sonegarem. Quando se tem um sistema em que os dados bancários e fiscais de pessoas
jurídicas são públicos, a probabilidade de se detectar a sonegação aumenta muito. Desta forma, a
publicidade dos dados bancários e fiscais acabaria por aumentar a arrecadação e tornar a
administração tributária ainda mais eficiente.
31

As vantagens de um sistema transparente são muitas para o Estado, mas podem ser ainda
maiores quando se vê as vantagens para o mercado que, ao ter sua produtividade otimizada, acaba
por aumentar a arrecadação do Estado.

5.3 O Mercado Eficiente

Um mercado transparente, onde todas as transações são registradas e públicas, permite que
os agentes econômicos ajam de forma bem informada. Uma empresa neste mercado pode conhecer
as práticas de seus concorrentes, seus fornecedores, seus clientes, sua área de atuação, seus serviços
e produtos, suas dívidas e seus investimentos, os subsídios recebidos e impostos pagos. Isso torna
mais fácil a sua análise deste mercado. Permite que essa empresa avalie o tamanho do mercado,
quem são seus concorrentes e todos os custos envolvidos nas operações destes concorrentes. A
partir daí ela poderá melhor analisar os riscos de um investimento, seu retorno, seu custo, sua
operação. À medida que esta empresa tem um maior conhecimento de todos esses aspectos do
funcionamento do mercado, a nível granular e objetivamente mensurável, os riscos do negócio
diminuem e com a diminuição dos riscos, os investimentos aumentam. Ao demonstrar de forma
segura os riscos do empreendimento e os potenciais ganhos da empresa, surgem investidores, os
bancos ganham maior confiança no negócio, fazem mais e maiores empréstimos. O maior nível de
segurança e confiança juntamente com a maior transparência faz com que os juros dos empréstimos
caiam. A empresa terá um incentivo para crescer e se expandir para suprir toda a demanda. Mas
terá que produzir mais rápido, com menor preço e com maior qualidade que o seu concorrente,
pois ele também terá as mesmas vantagens, os mesmos incentivos.
Mas essa não é a única alternativa, esta empresa também pode inovar, criar produtos e
serviços que não existem, explorar o oceano azul, encontrar novos clientes e fornecedores para
esses produtos e serviços, desenvolver novos mercado. Para isso, uma vez mais a transparência
seria útil, pois permitiria a esta empresa encontrar novas oportunidades, ver as falhas no mercado,
as oportunidades de inserção ou de criação de soluções de problemas no mercado que só passariam
a ser visíveis com a publicidade de dados bancários e fiscais de todos os agentes de mercado.
Esse duplo estímulo, o de tornar a produção mais eficiente e o de inovar, juntamente com
o aumento na confiança e previsibilidade do sistema transparente, tende a criar um mercado ótimo,
em que os indivíduos terão acesso a produtos e serviços cada vez mais baratos e de melhor
32

qualidade ao mesmo tempo em que novos produtos e serviços serão criados para atender às suas
diversas necessidades.
Através destas transformações proporcionadas pela transparência e publicidade dos dados
bancários e fiscais, teríamos um capitalismo transparente, um jogo econômico aberto e justo, onde
todos os agentes teriam uma posição mais igualitária e também mais poderosa. Mais poderosa
porque todos os players do mercado teriam informações que hoje são acessíveis a poucos. Hoje
este conhecimento que está disperso entre vários agentes do mercado, ao invés de ser consolidado
e disponibilizado para todos. A universalização do conhecimento objetivo e mensurável do
mercado cria uma maior igualdade entre os agentes do mercado, além de possibilitar o uso de
novas tecnologias como a Inteligência Artificial ou o Big Data para otimizar processos ou realizar
descobertas que jamais seriam possíveis no mercado obscuro e mal informado de hoje.
O mercado atual, com seus sigilos e falta de informação, é ideal para se esconder o mal
feito, seja ele a sonegação fiscal, a lavagem de dinheiro ou a corrupção, criando ineficiências no
mercado. A transparência dos dados bancários e fiscais dificulta a ocultação destes tipos de mal
feito, aumentando a eficiência do mercado.
Como dito anteriormente, a total transparência dos dados bancários e fiscais não seria
possível sem afetar diretamente Direitos e Garantias Fundamentais do indivíduo, pessoa física,
porém a transparência e publicidade dos dados bancários e fiscais das pessoas jurídicas não
afetariam tais direitos e garantias. Um mercado verdadeiramente transparente necessitaria que os
dados de todos fossem expostos, mas um mercado em que apenas os dados das pessoas jurídicas
sejam expostos já é o suficiente para estimular a construção de um mercado mais eficiente. Como
os dados de todas as pessoas jurídicas participantes de todas as cadeias produtivas seriam
publicados, todos os benefícios descritos anteriormente se aplicariam, com exceção dos
relacionados aos consumidores finais pessoas físicas.
Com as mudanças do paradigma atual para um paradigma mais transparente toda a
sociedade seria beneficiada, o Estado e os mercados ficariam mais eficientes, a proteção ao
indivíduo seria preservada e haveria um estímulo ao crescimento econômico.
33

6 CONCLUSÃO

As relações econômicas se baseiam tanto na confiança quanto na previsibilidade. O sistema


atual não consegue garantir níveis de confiança e previsibilidade suficientes para proporcionar um
grande aquecimento econômico. Os sigilos bancário e fiscal são entraves para se alcançar maiores
níveis de confiança e previsibilidade por se basearem em um paradigma em que o obscurantismo
é a melhor forma de proteção ao indivíduo. Porém esta proteção é indevidamente garantida àqueles
que não necessitam dela, mas que ao contrário, abusam desta proteção para fins ilícitos ou
simplesmente inserirem ineficiências na economia. São as pessoas jurídicas, que ao se esconderem
sob o véu da privacidade, impedem que tenhamos uma sociedade ciente do funcionamento e
dinâmica de sua própria economia e mercado. Corrigir este problema trará grandes ganhos para a
sociedade. O caminho é o da transparência, do fim dos sigilos bancário e fiscal para as pessoas
jurídicas.
Uma vez afastada a privacidade das pessoas jurídicas por não se enquadrar nos direitos e
garantias fundamentais elencados para os indivíduos no artigo 5º da Constituição Federal, abre-se
caminho para realizar alterações legislativas que permitam o fim dos sigilos bancário e fiscal para
as pessoas jurídicas. Com isso, num novo paradigma da transparência em que todos os dados
bancários e fiscais das pessoas jurídicas estarão disponibilizados em um registro público digital
acessível a todos, de forma a facilmente se provar a origem e o destino de todo e qualquer dinheiro
utilizado na aquisição de bens e serviço, será possível entrarmos numa nova era de crescimento
econômico estimulados pelo aumento da confiança e previsibilidade das relações econômicas.
A rastreabilidade do dinheiro e dos tributos levará consequentemente à rastreabilidade das
aquisições de bens e serviços, o que por sua vez permitirá o conhecimento objetivo e mensurável
do mercado, conhecendo todas as cadeias produtivas. Isso levará a uma otimização do mercado,
tornando-o mais eficiente e satisfatório no atingimento do interesse público, além de dificultar
enormemente que criminosos prejudiquem a sociedade.
O acesso aos dados bancários e fiscais das pessoas jurídicas nos dará acesso a um poderoso
conhecimento humano, difundido a todos, para que todos possam utilizá-lo da melhor forma que
considerarem possível. Isso fará com que se tenha uma percepção factual da economia
dinamicamente, sabendo o que está acontecendo, o que está sendo comprado e vendido, por
quanto, onde e até mesmo será possível deduzir quais foram os eventos que levaram a essa
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transferência de valores. Esse conhecimento permitirá uma maior assertividade nas tomadas de
decisão e nas avaliações de riscos e de retornos de investimento, produzindo resultados mais
próximos dos esperados. Finalmente será possível o exercício da autonomia esclarecida e bem
informada, pois não existe verdadeira autonomia se as escolhas produzirem resultados diferentes
dos almejados.
O sigilo foi criado para proteger o indivíduo, mas se tornou um empecilho para o avanço
das relações econômicas e o seu aprimoramento. Novas tecnologias da informação vêm surgindo
e possibilitando criar realidades jamais pensadas. O fim do sigilo permitirá a construção de um
mercado e uma sociedade mais cientes de si mesmos. A questão de se proteger o elo mais fraco, o
indivíduo, permanece e deve ser tratada com cautela, inclusive sendo objeto de novos estudos, mas
não deve ser um impedimento ao acesso deste conhecimento tão valioso que será capaz de mudar
a economia tal qual a conhecemos. A mudança para um paradigma de transparência da circulação
e utilização do dinheiro trará uma maior igualdade e eficiência nas relações econômicas,
beneficiando a toda sociedade.
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