Espanha: a Longa Ditadura Franquista, Portugal: a recusa da democratização
Espanha e Portugal foram os únicos países da Europa ocidental onde sobreviveram regimes ditatoriais, após o fim da II Guerra Mundial. Franco implantou em Espanha uma ditadura fascista, que duraria até à sua morte, em 1975. As potências ocidentais vencedoras da II Guerra Mundial, todavia, não tinham esquecido os apoios franquistas aos regimes vencidos. vencidos. Por isso, a Espanha seria votada ao isolamento político e económico até meados da década de 50. Em Portugal, depois de 1945, Salazar procurou criar, para o estrangeiro, a imagem de um regime respeitador dos direitos e liberdades individuais. O regime ditatorial fingia-se democrático só para efeitos de propaganda externa. Apesar da falta de liberdade e de democraticidade do regime salazarista, o anticomunismo do Estado Novo não desagradava às grandes potências ocidentais. Com o início da Guerra Fria, Salazar receberia mesmo um apoio discreto por parte dos Estados Unidos e do Reino Unido, tendo Portugal sido admitido, em 1949, como país fundador da NATO e, em 1955, como membro da ONU. Entretanto, o regime salazarista mantinha-se sustentado, internamente, sobretudo por dois instrumentos de controlo da população: a censura e a polícia política. Portugal : a oposição democrática A luta pela liberdade e pela democracia, O agudizar da contestação ao regime Do ponto de vista interno, o salazarismo contava com o apoio de algumas elites sociais: a grande burguesia e a maior parte do clero católico e dos oficiais superiores das Forças Armadas. Todavia, apesar desses apoios e da violenta repressão, o salazarísmo nunca deixou de ser contestado. A principal força política organizada, ainda que na clandestinidade, era o Partido Comunista (PCP). Nas eleições de 1945, as forças políticas oposicionistas, congregadas no MUD (Movimento de Unidade Democrática), reclamarama democratização do país. No entanto, perante o desrespeito do Governo pelas regras democráticas, o MUD acabaria por recomendar aos seus apoiantes a abstenção, tendo a União Nacional (o partido único salazarista) elegido todos os seus candidatos. Um novo momento de grande contestação ao regime surgiria com as eleições presidenciais de 1949. O candidato da oposição, general Norton de Matos, embora forçado a desistir da eleição, conseguiu grande adesão popular. O maior sobressalto para o salazarismo aconteceu com a candidatura do general Humberto Delgado à Presidência da República, em 1958. Delgado, suscitou um enorme entusiasmo popular e reuniu à sua volta todas as forças contrárias ao regime. Alcançaria a vitória, se o governo não tivesse manipulado os resultados. O presidente «eleito» foi o almirante Américo Tomás, que se manteve em funções até 1974. Estas eleições provocaram um verdadeiro abalo no regime. Pouco tempo depois, Salazar acabou com a eleição direta do Presidente da República. Por sua vez, o general Delgado foi obrigado a exilar-se no Brasil e, em 1965, foi assassinado em Espanha por elementos da PIDE. A atuação violenta e arbitrária da polícia política revelava um endurecimento do regime, que se sentia cada vez mais ameaçado e contestado. O dificil desenvolvimento económico Décadas de estagnação, A aposta na industrialização Em 1945, Portugal era um dos países menos desenvolvidos da Europa. Mais de metade da população trabalhava ainda no setor primário, o que revelava o atraso da economia portuguesa, nomeadamente da agricultura. No Sul do país, a escassa mecanização e o absentismo dos proprietários mantinham a produtividade muito baixa. No resto do país, continuava a praticar-se uma agricultura tradicional, pouco produtiva. Por isso, Portugal importava grandes quantidades de produtos agrícolas. As exportações de matérias-primas e de alguns produtos industriais durante a guerra tinham, apesar de tudo, permitido obter saldos positivos na balança comercial e acumular capitais, mas continuavam a faltar os incentivos ao investimento. A política salazarista permanecia dominada pela obsessão da estabilidade monetária e financeira e pelo ideal de um país rural e modesto. No entanto, desde 1945 que alguns economistas, futuros responsáveis governamentais, passaram a defender que o crescimento industrial deveria ser o motor da economia nacional. Foi então adotado um modelo de desenvolvimento que valorizava a industrialização ainda que submetida a importantes limitações. A fim de estabelecer as bases fundamentais desse desenvolvimento, o Governo passou a definir planos de fomento. Com os primeiros planos surgiram novas indústrias, em especial químicas e metalúrgicas, e o Estado apostou no lançamento de um ambicioso plano hidroelétrico nacional. Os efeitos deste novo modelo não tardariam a fazer-se sentir. O período entre 1968 e 1973, em que se aplicou o III Plano de Fomento, caracterizou-se pela concretização de grandes projetos. Por outro lado, a própria pressão dos interesses económicos estrangeiros conduziu Portugal a pôr fim ao anterior nacionalismo económico, integrando-se numa associação de comércio europeu, a EFTAG. A partir dos anos 60, aceitou-se a entrada de investimentos estrangeiros e abriu-se o país ao turismo, o que iria permitir uma significativa entrada de divisas. A QUESTÃO COLONIAL PORTUGUESA O Último Império, A população africana, A recusa da descolonização Em meados dos anos 60, Portugal possuía ainda um vasto Império colonial. Este império, embora territorialmente muito extenso, era constituído por regiões pouco desenvolvidas. Algumas das colónias eram ricas em matérias-primas, como Angola e Moçambique mas o atraso económico de Portugal e a política do regime não favoreceu o seu desenvolvimento. Até 1961, o Estatuto dos Indígenas não reconhecia à maior parte dos habitantes africanos da Guiné, de Angola e de Moçambique a condição de cidadãos nacionais. Poucos eram os que conheciam a língua portuguesa e só depois de aprenderem português, saberem ler e escrever e serem cristãos obtinham o estatuto de assimilados, primeiro, e a categoria de cidadãos portugueses, depois. Quando, em 1955, Portugal se tornou membro da ONU, foi-lhe exigido que concedesse a autonomia às suas colónias. O Governo português, no entanto, recusou-se a proceder à descolonização, argumentando que Portugal era um Estado pluricontinental e multirracial. As regiões dominadas passaram a ser designadas províncias ultramarinas e os seus habitantes foram apressadamente declarados cidadãos portugueses. A posição do governo de Salazar não foi aceite internacionalmente. A ONU aprovou sucessivas resoluções para pressionar Portugal a descolonizar. Mas o Governo português limitou-se a ignorar a posição das Nações Unidas, afirmando Salazar que os portugueses preferiam estar «orgulhosamente sós». Iniciou-se a luta pela independência das colónias portuguesas em África. A GUERRA COLONIAL Os movimentos de independência, Uma guerra em três frentes Em fevereiro-março de 1961 eclodiram, em Luanda e no norte de Angola, violentos levantamentos anticolonialistas. De então em diante, Angola tornou-se palco de uma luta de guerrilha contra a presença portuguesa. Essa luta veio a ser liderada por três movimentos de libertação: o MPLA (dirigido por Agostinho Neto) e a UPA, sob a direção de Holden Roberto que atuavam sobretudo no norte do território angolano; e, mais tarde, a UNITA (comandada por Jonas Savimbi) principalmente no interior leste. Em 1963 foi a vez de a luta anticolonialista se alargar à Guiné-Bissau, cujo movimento de libertação, o PAIGC, dirigido por Amílcar Cabral, reunia guineenses e cabo-verdianos. O PAIGC foi o único, de entre os movimentos nacionalistas em luta contra Portugal, que conseguiu efetivamente libertar uma parte do território. Em Moçambique, as lutas de libertação, iniciadas em 1964, foram encabeçadas pela FRELIMO. Estes movimentos receberam apoio político e material que lhes forneciam armamento e preparavam muitos dos seus membros. Eram apoios que se inseriam no âmbito da Guerra Fria, pois cada uma dessas potências ambicionava vir a controlar regiões de grande valor económico e estratégico. Salazar optou pela defesa intransigente das «províncias ultramarinas»l. Pouco a pouco, Portugal envolveu-se numa longa guerra colonial em três frentes (Angola, Guiné e Moçambique), que se prolongaria até 1974. A Guerra Colonial exigiu um enorme esforço humano e económico. A guerra acabou por ter um efeito estimulante sobre a economia das colónias: as cidades desenvolveram-se, surgiram novas indústrias, aumentou a extração de matérias-primas. Isto não impediu a intensificação das ações de guerrilha. A guerra ameaçava eternizar-se. A solução passava pela negociação política, mas Salazar continuava a apostar numa vitória militar, cada vez mais problemática. O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DA EUROPA OCIDENTAL A reconstrução económica, O arranque da unidade europeia, Da CEE à União Europeia Nos anos 50, a Europa ocidental, com o auxilio do Plano Marshall entrou numa fase d erápido crecsimento. A produção industrial duplicou na República Federeal da Alemanha, e a França, o Reino Unido e a Itália conhceream uma forte expansão. Para isso contribuíram: - o surto demográfico do após guerra (baby boom); - O papel do Estado-providência (O estado intervem ativamente na vida económica e institui sistemas de proteção social a nível da educação, saúde e habitação, de modo a favorecer o emprego e o poder de compra da população; - A mão-de-obra barata fornecida pelos emigrantes das colónias ou dos países pobres. Apesar dos progressos, a Europa Ocidental dividida dificilmente conseguia rivalizar com o poder dos EUA e da URSS. O passo decisivo para a integração da Europa Ocidental deu-se em 1951, com a iniciativa de Jean Monnet e Robert Schuman: A França, a República Federal da Alemanha, a Bélgica, Holanda e Luxemburgo (Benelux) e a Itália constituiram a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA). Em 1957, estes países assinaram o Tratado de Roma, que instituia a Comunidade Económica Europeia, com o objetivo de formar um mercado comum, aberto à livre circulação de mercadorias, pessoas e capitais. Face à expansão económica da CEE, em 1973, deu-se a adesão do Reino Unido à CEE, bem como da Irlanda e Dinamarca. Em 1981 entra a Grécia, em 1986 Portugal e Espanha. Em 1986 foi assinado o Ato Único Europeu e em 1992 o Tratado de Maastricht que consagrou a institucionalização da União Europeia. A EUROPA COMUNITÁRIA (I) A CEE, um poderoso espaço económico, Problemas e dificuldades O Tratado de Roma que instituiu a CEE visava a criação de um mercado comum, que era essencialmente uma união aduaneira. Graças à abolição das<taxas alfandegárias entre os países membros, a CEE foi-se tornando um amplo espaço aberto à circulação das mercadorias, o que levou a um grande desenvolvimento do comércio intracomunitário. O desenvolvimento agrícola era outro objetivo do Tratado de Roma, Por isso, em 1962, a CEE estabeleceu a política agrícola comum (PAC) para aumentar a produtividade e melhorar o nível de vida da população agrícola. Com isto, a indústria progrediu também e a CEE começou a rivalizar com os EUA e o Japão, tornando-se a partir dos anos 70 a 1.ª potência comercial do mundo. Contudo, a CEE tinha dificuldades: custo excessivo da PAC, carência de recursos energéticos, assimetrias regionais profundas. Estes problemas foram sendo resolvidos com base no princío de solidariedade, pelo qual os países mais ricos contribuíam para o orçamento europeu a fim de se constituírem fundos de apoio (FEDER, Fundo Social Europeu) aos países ou regiões mais pobres. O Ato Único Europeu fixou a data de 1992, para a realização completa do Mercado Único (livre circulação de mercadorias, pessoas, serviços e capitais) e o Tratado de Maastricht consolidou a unidade com a criação da moeda única – o euro, que conferiu à União Europeia uma projeção dominante na economia mundial. A EUROPA COMUNITÁRIA (II) A cidaddania europeia, As Instituições europeias O Tratado de Maastricht pretendia também aprofundar a dimensão política da União Europeia. O primeiro passo dado nesse sentido foi a instituição de uma cidadania europeia – qualquer cidadão da UE, mesmo residindo fora do seu país, passou a ter direito a votar e a ser eleito, nas eleiçõe municipais e nas eleições para o Parlamento Europeu. Acordos Schengen – os cidadãos podem livremente circular, residir, trabalhar e estudar em todo o espaço da UE. A livre circulação foi estimulada para os estudantes através do programa Erasmus, de forma a despertar nos jovens a consciência da identidade cultutal europeia. As instituições da UE que representam quer os interesses nacionais dos Estados-membros quer os interesses comunitários são: - Comissão Europeia: composta por comissários, prepara as propostas de diretivas e fiscaliza a sua execução. É o orgão preponderante. - Conselho da União Europeia – formada pelos ministros dos Estados-membros de uma área decide as diretivas a adotar; - Parlamento Europeu – eleito por sufrágio universal, dá pareceres e participa na elaboração das diretivas e na escolha dos embros da Comissão Europeia; - Conselho Europeu – formado pelos chefes de Estado ou de Governo, fixa as grandes linhas de orientação. PORTUGAL: ATRASO E EMIGRAÇÃO A pobreza rural e a atração das cidades, O grande surto de emigração dos anos 60 Em Portugal, o crescimento económico foi insuficiente para recuperar o atraso em relação aos países desenvolvidos. Isto afetava sobretudo as populações rurais, com condições de vida dificeis. A pobreza do campesinato deu origem a um excecional movimento migratório, quer para os centros urbanos portugueses quer para o estrangeiro. Por isso, nos anos 60 as periferias de Lisboa e Porto creceram rápida e desordenadamente, dando origem a cidades- satélite. Mas muitos não melhoraram as condições de vida indo viver em bairros de lata ou bairros clandestinos. A partir de 1960, houve um aumento dramático da emigração, pois os portugueses foram atraídos pelos melhores salários dos países industrializados. O destino proncipal foi França. Em consequência do surto migratório a população portuguesa estagnou. Certas regiões ficaram quase despovoadas o que levou à diminuição da produção agrícola e aumentou a importação de bens alimentares. Pelo lado positivo aumentaram as remessas das divisas estrangeiras que com as receitas do turismo equilibrou a balança comercial. O MARCELISMO A liberalização fracassada, A agonia do regime Em 1968, Salazar foi substituido por Marcelo Caetano e as pessoas acrediatarm que em Portugal se efetuaria a liberalização, ou seja a transição para um regime democrático. Marcelo Caetano condensou o seu programa político numa fórmula: renovação na continuidade de forma a obter um consenso nacional – aos conservaores prometia a continuidade e aos progressistas prometia a renovação. Numa primeira fase Marcelo Caetano procedeu a uma descompressão política: Abrandamento da censura e da PIDE; Autorização do regresso de alguns exilados políticos; Eleição legislativa de 1969. Com estas medidas o regime mostrou uma certa abertura, ficando este período conhecido como a “primavera marcelista”, mas lonnge de corresponder às expetativas a liberalização fracassava. Economicamente verificou-se um reforço da industrialização e abertura ao investimento estrangeiro. Em termos sociais, as 2 maiores realizações do marcelismo foram o alargamento da segurança social às populações rurais e o lançamento de uma reforma educativa – Reforma Veiga Simão. Apesar destas mudanças o regime continuava com problemas: A política de Marcello Caetano traduziu-se numa série de hesitações e de contradições As forças mais retrógradas e conservadoras continuavam a mandar no país; A guerra colonial continuava num impasse PORTUGAL: DEMCRATIZAR E DESCOLONIZAR Os objetivos da Revolução, A independência das colónias O 25 de Abril teve a adesão imediata das populações. O 1.º de Maio consagrou o apoio popular ao movimento revolucionário. O programa do MFA (Movimento das Forças Armadas) tinha 3 objetivos principais: democratizar, descolonizar e desenvolver. O fim do Antigo Regime começou logo no dia 25 de Abril: O presidente da República, o chefe do Governo e vários ministros foram presos e depois exilados. O MFA nomeou uma Junta de Salvação Nacional (JSN), onde estavam os generais Spínola e Costa Gomes,a quem foram entregues os poderes do Estado. A JSN tomou medidas imediatas de acordo com programa do MFA: extinção da policia politica, abolição da censura, libertação de todos os presos politicos e permissão do regresso dos exilados, autorização de partidos politicos e sindicatos livres. Nomeou-se um Governo Provisório que procurou uma solução para o problema colonial. Assim, em julho de 1974, O Presidente da República, António de Spínola, anunciou o reconhecimento do direito à autodetrminação e à independência das colónias portuguesas. A descolonização foi preparada através de negociações com os representantes dos movimentos de libertação. As colónias portuguesas tornaram-se independentes (Guiné-Bissau em 1974 e Moçambique, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Angola em 1975. Um dos efeitos da descolonização foi o regresso dos Portugueses que viviam nas antigas colónias. O PROCESSO REVOLUCIONÁRIO As principais forças partidárias, A agitação revolucionária e o Antes da revolução já existia o Partido Comunista, liderado por Álvaro Cunhal e o Partido Socialista – Mários Soares. Após a Revolução foram criados o Partido Popular Democrático (PPD) mais tarde Partido Social-Democrata (PSD) – primeiro dirigente Francisco Sá Carneiro e o Centro Democrátcio Social (CDS) – Primeiro líder Diogo Freitas do Amaral. Estas são até hoje as principais forças partidárias. A 25 de Abril de 1975 realizaram-se as 1.ªs eleições livres e democráticas em 50 anos para a escolha dos deputados à Assembleia Constituinte. A 11 de março, o general Spínola, descontente com os rumos da revolução, desencadeou um movimento armado apoiado por militares conservadores, O MFA dominou o golpe, mas a pratir dái Portugal entrou no chamado PREC – Processo Revolucionário em Curso, uma fase de grande agitação política. Um novo Governo, chefiado pelo coronel Vasco Gonçalves, decretou a nacionalização dos bancos e das grandes empresas. Através da reforma agrária a maior parte dos latifundios foram expropriados e transformados em unidades coletivas de produção. Perante a radicalização política um gripo de militares moderados, entre os quais estava o major Melo Antunes, subscreveu um manifesto – Documento dos Nove – que condenava os extremismos e apelava à construção de uma sociedade democrática, livre e tolerante. A 25 de novembro de 1975, um levantamento militar levou as forças moderadas a tomarem o poder, pondo termo à fase extremista do processo revolucionário. AS NOVAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS A Constituição de 1976, A organização do Estado Democrático, O poder local e as regiões autónomas A Constituição de 1976, elaborada pela Assembleia Constituinte, estabeleceu em Portugal um Estado Democrático baseado na soberania popular. Consagraram-se as liberdades individuais e coletivas, bem como o sufrágio univeral e alivre alternância das forças políticas no poder. A Constituição detrmina a seguinte distribuição dos poders do Estado: - Poder Executivo cabe ao Presidente da República, eleito por 5 anos, através de sufrágio universal, e ao Governo, por ele nomeado, de acordo com o resultado das eleições; - Poder legislativo – compete à Assembleia da República, eleita por sufrágio universal; - Poder Judicial – incumbe aos Tribunais, constituidos por magistrados independentes. A constituição de 1976 criou também um orgão fiscalizador que era o Conselho de Revolução, extinto pela revisão constitucional de 1982, tendo sido criado em sua substituição o Tribunal Constitucional. A Constituição, além do poder central, estabeleceu também a existência do poder local, pertencente às autarquias (freguesias e municipios). As autarquias são administradas por orgãos eleitos pelas populações (Junta de Freguesia, Assembleia de Freguesia, Câmara Municipal e Assembleia Municipal) a quem são atribuidos vastos poderes e importantes funções. O poder local transformou-se, assim, num importante fator de progresso. A Constituição de 1976 criou também a Região Autónoma da Madeira e a Região Autónoma dos Açores, com estatutos político-administrativos próprios. OS PROBLEMAS DO DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO As dificuldades económicas, A adesão á CEE O desenvolvimento económico do pais foi o problema mais dificil de resolver. A crise económica mundial dos anos 70, aliada às perturbações provocadas pela revolução, conduziu Portugal a uma situação de grande dependência externa. Só com empréstimos externos, concedidos após negociações de exigentes acordos de estabilização económica com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e da imposição de severas restrições aos sal´rios e ao consumo, foi possível evitar a rutura das finanças portuguesas. A subida da inflação acentuou- se a partir de 1975. A moeda portuguesa continuou a desvalorizar-se e o poder de compra da população degradou-se. Com a paragem da emigração e o regresso de muitos portugueses de África, o desemprego aumentou. Portugal parecia condenado a ser um dos países mais atrasados da Europa, sendo a única solução a adesão à CEE. O que só foi possível acontecer após Portugal se tornar um Estado Democrático, pois os regimes ditatoriais estavam proibidos de ser admitidos à CEE. O processo d enegociações com vista à entrada de Portugal na CEE iniciou-se durante a vigência do I Governo Constitucional (1976-1978) chefiado pro Mário Soares. Em Junho de 1985, Portugal assinou o Tratado de Adesão á Comunidade Económica Europeia (CEE), e a 1 de janeiro de 1986 foi formalmente admitido como mebbro da CEE. Ao mesmo tempo que a Espanha. Os progressos que Portugal conseguiu alcançar e consequência da adesão foram notáveis.