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CURSO DE DIREITO
São Luís/MA
2012
MARCIUS WILSON BRÁS DA SILVA
São Luís/MA
2012
71 f.
Aprovada em: / /
BANCA EXAMINADORA
_________________________
Prof. (a)_______________________________________________
Prof. (a)_______________________________________________
São Luis/MA
2012
A minha mãe, maior incentivadora deste trabalho, sem a qual não teria toda esta formação,
agradeço, principalmente pelo exemplo de simplicidade, carinho, pureza e determinação.
Devo-lhes tudo o que sou...;
As minhas filhas e a minha esposa, pelos incentivos constantes e toda a torcida.
AGRADECIMENTOS
A Deus
Aos coordenadores.
Aos professores.
A minha orientadora
Aos funcionários.
Aos colegas.
Aos amigos.
À Faculdade.
Ao 12º Juizado Especial Cível e das Relações de Consumo
RESUMO
Este trabalho procura demonstrar as importantes mudanças trazida pela lei n.° 8.952/94,
com relação à concessão das astreintes. Tem como principais objetivos verificar as
diferenças existentes em relação aos artigos anteriores a mudança, e o procedimento a ser
utilizado, na concessão da referida liberdade provisória com o advento da lei 12.403/2011.
Para tanto, utilizou-se como base principal de estudo, o Código de Processo Penal
Brasileiro, com as alterações que modificaram sensivelmente o sistema de liberdade
provisória, primitivamente instituído no citado diploma legal. Igualmente, analisou-se a lei
que instituiu o Juizado Especial Criminal (Lei nº 9.099/95), a lei de crimes hediondos (Lei n.°
8.072/90), e a lei de Drogas (Lei n.° 11.343/06), em relação a polemica sobre a concessão
da liberdade provisória sem fiança para tais crimes.
This paper seeks to demonstrate the important changes brought about by Act No.
12.403/2011, regarding to articles prior to change, and the procedure to be used in granting
bail of with the advent of the law 12.403/2011. To this end, it was used as the masin basic of
study, the Brazilian Penal Code, with changes that significantly altered the system of bail,
originally set up in that statute. Furthermore, we analyzed the law stablishing the Special
Criminal Court (Law No 9.099/95), the heinous crimes law (Law No. 8.072/90), and Drug Law
(Law No 11.343/06) regarding the controversy over the granting of bail without bail for such
crimes.
Art. – Artigo
Arts. – Artigos
CC – Código civil
CF – Constituição Federal
DJ – Diário da Justiça
Inc. - Inciso
Min. - Ministro
P. – Página
§ - Parágrafo
2.1. Histórico
2.2. Conceito
A astreintes é uma sanção pecuniária que tem como objetivo ameaçar o devedor
a cumprir sua obrigação. Nesse sentido é o ensinamento do professor Guilherme Rizzo
Amaral: “A astreintes constituem técnica de tutela coercitiva e acessória, que visa a
pressionar o réu para que o mesmo cumpra mandamento judicial, pressão esta exercida
através de ameaça ao seu patrimônio.”1
2.3. Fundamento
As astreintes tem seu amparo legal em várias leis do nosso sistema jurídico, ou
seja, estão presentes no Código de Processo Civil, in verbis:
1
Guilherme Rizzo Amaral. As astreintes e o processo civil brasileiro. Multa do artigo 461 do CPC e outras. p. 85.
A evolução da jurisprudência na busca pela efetividade nas decisões judiciais e o papel da multa coercitiva.
2
Luiz Guilherme Marinoni. Tutela Inibitória (individual e coletiva). 2ª Edição. p. 173-174.
Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz,
ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da
obrigação.
3
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869compilada.htm
4
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078compilado.htm
obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do
preceito.
Deste modo, de acordo com os artigos acima elencados do código processo civil
e de outros microssistemas do direito pátrio, verifica-se uma evolução na busca da
efetividade nas decisões judiciais, de forma a funcionar como garantidor do direito. O
instituto das astreintes está fundamentado de forma a promover segurança jurídica para a
parte promovente e para o próprio judiciário, em vários artigos do nosso sistema jurídico,
demonstrando a importância de sua aplicação para a eficácia das decisões mandamentais.
“A multa diária não é pena para sancionar o devedor pelo fato de não
haver cumprido a obrigação. Também não tem natureza de
ressarcimento dos danos. É meio de coação, de simples ameaça, que
tem por escopo constranger o devedor a cumprir a ordem judicial,
com finalidade de obter o resultado ideal.”6
2.5. Finalidade
Tal instituto poderá ser utilizador em qualquer momento processual, bem como
em qualquer instância, basta existe uma decisão de fazer, não fazer ou de dar (desde que
não seja dinheiro).
7
Gilberto Antonio Medeiros. As “Astreintes” no direito brasileiro. p. 124.
8
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869compilada.htm
9
Idem.
Ademais, para a concessão das astreintes é necessário a presença do
periculum in mora10, da irreparabilidade do dano ou da “inocuidade do decisum” 11, pois as
astreintes tem como objetivo garantir a eficiência da decisão compelindo o réu ao
cumprimento da obrigação voluntariamente.
A astreintes é uma multa periódica aplicada pelo juiz da causa com o objetivo de
estimular o réu a cumprir a obrigação mandamental. Já a multa é uma clausula pena
presente nos contratos particulares com o objetivo de evitar o descumprimento de tal
contrato. Por fim, o dano é a forma de resolver judicialmente uma obrigação que não é mais
possível ser cumprida, ou seja, a obrigação será convertida em perdas e danos devida à
impossibilidade do cumprimento da obrigação de imediato.
3. LIMINAR
10
Significado: situação de fato que se caracteriza pela iminência de um dano decorrente de demora de providência que o
impeça.
11
Significado: fato de não ter ação prejudicial.
“Um adjetivo que atribui a algum substantivo a qualidade de inicial,
preambular, vale dizer, é tudo aquilo que se situa no início, na porta,
no limiar - in limine litis.”12(pag.
4. TUTELA ANTECIPADA
4.1. Conceito
Na realidade a Tutela Antecipada é o ato pelo qual o juiz, por meio de decisão
interlocutória, que antecipa ao autor total ou parcialmente os efeitos do julgamento de
mérito, quer em primeira instância, quer em sede de recurso.
4.2. Fundamentação
A introdução deste instituto no direito brasileiro foi através da lei 8.952/94, como
medida tutelar de urgência a dar satisfatividade imediata à parte que requereu, ainda que
antes de o Estado impulsionar o processo para além da fase postulatória ou de proferir sua
decisão definitiva de mérito. Já o Código de Processo Civil no artigo 273, efetiva o referido
instituto, de modo a dar celeridade, efetividade e eficácia as decisões judiciais.
4.3. Requisitos
12
THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Civil – Processo de Execução e Cumprimento da Sentença, Processo
Cautelar e Tutela de Urgência: Humberto Teodoro Junior – Rio de Janeiro: Forense, 2010.
13
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
4.3.1. A existência de prova inequívoca capaz de convencer o juiz
da verossimilhança das alegações da parte requerente.
O importante é que qualquer meio de prova típico ou atípico, desde que idôneo,
pode servir ao preenchimento do requisito legal. A verossimilhança, para ser mais
elucidativa, não está subordinada somente a existência de prova documental, mais a
qualquer tipo de prova que satisfaça ao convencimento do juiz.
Para poder o juiz ter segurança nas suas decisões interlocutórias, deve o mesmo
gozar do instituto de sua reversibilidade, pois está mais do que claro a possibilidade da
existência do risco do dano inverso. Logo nessa situação está claramente demonstrada a
possibilidade do “status quo antes”, ou seja, “in natura” de forma a poder se garantir a
possibilidade de se reverter ou reparar uma injustiça.
4.3.4. Aplicabilidade
A efetivação da tutela antecipada segue o rito dos artigos 461 e 461-A do Código
de Processo Civil.
Art. 461-A - CPC. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o
juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para cumprimento
da obrigação.”16
5. TUTELA CAUTELAR
14
http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/8624908/recurso-especial-resp-801600-ce-2005-0199552-8-stj
15
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869compilada.htm
16
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869compilada.htm
Esse instituto se destina a garantir um direito material, e não processual. Na
realidade sempre houve a necessidade de se garantir a proteção dos bens das pessoas, de
forma a não se deixar perder devido a demora diante dos procedimentos processuais.
Conforme preceitua o jurista Luiz Guilherme Marinone:
A tutela cautelar para a doutrina clássica é tida como provisória, mas na prática a
mesma não está fadada ao desaparecimento, como podemos presenciar na prática do
arresto. Para Ovídio Baptista da Silva, ao tomar em consideração este problema e ter
presente que o arresto não poder desaparecer ou ser consumido pela sentença
condenatória, evidenciou que a tutela cautelar tem natureza temporária e não provisória,
visto que, levando em consideração o arresto, se no processo for atribuída uma sentença
condenatória em favor do autor, o mesmo terá que justificar a penhora que será atribuída
aos bens depois da sentença, pondo uma evidência da existência do arresto como ação
garantidora do pleito até a penhora, que poderá ocorrer em lapso temporal bem depois da
sentença. Isto quer dizer que a tutela cautelar não se destina a resguardar o processo que
culmina na condenação, mas sim a garantir a frutuosidade da tutela do direito material que
depende da técnica condenatória.
5.1.1Perigo de dano
O autor deve convencer o juiz de que a tutela do direito provavelmente lhe será
concedida. Para Marinoni:
17
MARINONE, Luiz Guilherme, Arenhart, Sergio Cruz. 4. ed. ver. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
“A admissão de uma convicção de verosimilhança, como suficiente à
concessão da tutela cautelar, decorre do perigo de dano e da
conseqüente situação de urgência, a impor solução e tutela
jurisdicional imediatas.”18 (pag. 29)
O juiz deve se ater aos fatos iniciais de forma a garantir em sua convicção o
direito pleiteado, pois não se pode deduzir em se aprofundar sobre os fatos expostos pelo
autor no pedido da cautelar para não se perder o objeto da ação e arriscar em transformar a
ação em um processo de conhecimento.
A diferença básica inicial entre os dois institutos esta nos objetivos almejados
pelo requerente, de forma que na tutela antecipada procura-se garantir a efetividade de um
direito material no inicio do processo, de forma a gozar de imediato de seus benefícios, A
tutela cautelar procura garantir um direito material que esteja exposto ao perigo. A tutela
antecipada já garante o uso e gozo do direito pleiteado, antes da sentença de mérito,
enquanto na tutela cautelar procura resguardar e preservar um direito até a sentença.
18
MARINONE, Luiz Guilherme, Arenhart, Sergio Cruz. 4. ed. ver. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2012.
da causa se tornar incontroverso, por exemplo, quando o demandado reconhece
parcialmente a procedência do pedido do demandante, acontece que nos juizados
especiais, a resposta do requerido é oferecida na audiência de instrução e julgamento,
acontecendo de imediato a referida sentença. apor que pode acontecer de a demora do
processo gerar o perigo de que o direito material cuja tutela que se pretende sofra dano
grave, de difícil ou impossível reparação.
19
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10259.htm
20
MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil vol. II. São Paulo: Atlas, 2005.
Estaduais ou Federais - pois o que se pretende é alcançar a justiça e não impor obstáculos
à sua perpetuação, diante da omissão equivocada do legislador.
21
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm.
22
ANGHER, Anne Joyce. Vade Mecum Universitário de Direito Rideel. 7ª. Ed. São Paulo, 2009.
“Art. 14 – O processo instaurar-se-á com a apresentação do pedido,
escrito ou oral, à secretaria do juizado.
Na realidade o que houve foi uma decisão em juizado especial, na qual a sexta
turma de recursos de lajes no Estado de Santa Catarina ratificou entendimento do Juizado
de Bom Retiro, em que condenou uma empresa a pagar um determinado valor que corrigido
alcançaria o valor de 100.000,00 reais, a título de indenização por morte. Ao recorrer em
mandado de segurança para a terceira turma do STJ, a ministra Nancy andrighi negou
provimento, entendo que com exceção do art. 3º, inciso IV da lei 9.099/95, existe inteira
possibilidade no pagamento de indenizações de valores acima de quarenta salários
mínimos, no que tange determinada matéria, e que os tribunais estaduais são competentes
para julgar em sede de mandado de segurança no que tange ao controle de competência
nas decisões dos juizados especiais, mesmo tendo transitado em julgado, conforme decisão
abaixo citada por Rodrigo Soares da Silva:
26
SILVA, Rodrigo Soares. Ação de R$ 1 milhão nos Juizados especiais. Disponível em: <
http://jus.com.br/revista/texto/12989/acao-de-r-1-milhao-nos-juizados-especiais> Acesso em 08 de novembro de 2012.
Em nosso entendimento, o artigo 3º da Lei dos Juizados Especiais
traz um conceito objetivo sobre o que vem a ser uma “causa de
menor complexidade”, que coincide com as causas elencadas nos
incisos I a IV. Em nenhum momento, a norma supracitada determina
que os processos que envolvam prova pericial sejam
necessariamente complexos.
27
LOPES FILHO, Alexandre Pacheco. Juizado Especial pode julgar ação que envolve perícia. Disponível em: <
http://www.conjur.com.br/2010-nov-20/lei-nao-impede-realizacao-pericia-ambito-juizados-especiais> acesso em 10 de
novembro, 2012.
poderem reconhecer os outros, em qualquer seara social, como seres humanos. Sendo
assim, podemos perceber que a própria constituição federal traz com seus princípios uma
idéia de igualdade, como forma de equilíbrio social, no qual não se pode obter nenhum tipo
de ganho social de forma a causar um desequilíbrio orçamentário nas contas de terceiros.
Na realidade o código civil apenas demonstra que deve haver nas relações comerciais
dentro das sociedades, um equilíbrio econômico de forma a garantir uma determinada
igualdade entre os negócios jurídicos, não podendo uma das partes se prevalecer
financeiramente diante da outra. A vedação do código ao enriquecimento sem causa
demonstra que a liberdade econômica não pode existir de forma a trazer ilicitudes que
coloquem uns em desvantagens excessivas diante dos outros.
Ementa:
No microssistema dos Juizados Especiais Cíveis (JECs), existem uma gama de princípios
que norteiam sua organização funcional, de forma a garantir uma relativa independência e
autonomia diante dos outros órgãos jurisdicionais.
Esse princípio é o mais importante que foi inserido na lei 9.099/95, pelo fato de promover o
predomínio da palavra falada sobre a palavra escrita, de forma a haver uma simbiose entre
o falado e o escrito de forma a predominar a oralidade na busca da celeridade. No âmbito
dos Juizados Especiais esse princípio predomina na fase instrutória, se estendendo por toda
a fase cognitiva, conforme preceitua os arts. 14º, § 3º, 30º, 35º da lei 9.099/95.
Art. 35º - Quando a prova do fato exigir, o juiz poderá inquirir técnicos
de sua confiança, permitida as partes apresentação de parecer
técnico.
O referido principio é agregador de forma a ser seguido por diversos outros que estão
sucumbidos, como o da concentração dos atos processuais, que procura concentrar todos
os atos, em um único procedimento, ou em poucos, de forma a agregar a conciliação,
instrução e julgamento em um único ato dando celeridade processual, o princípio da
identidade física do juiz que preceitua que o juiz que colhe as provas deve ser o juiz
habilitado para promover seu julgamento, pelo fato de ter colhido pessoalmente os fatos e
de ter competência e segurança jurídica para decidir de acordo com a verdade dos fatos, o
da irrecorribilidade das decisões interlocutórias, que busca a não paralisação do processo,
em virtude de recursos protelatórios e finalmente do imediatismo que trás a
responsabilidade do juiz de colher diretamente as provas, de forma a garantir a verdade
sobre os fatos, entre outros.
O Princípio em questão busca trazer literalmente como próprio nome diz a simplicidade que
deve ser exposta entre o jurisdicionado e as partes, de forma a afastar a complexidade
lingüística do direito de modo a ser bem compreendida entre as partes. Como os Juizados
são considerados as portas do judiciário para a sociedade em geral, deve se voltar para o
jurisdicionado de forma a trazer compreensão lingüística em suas decisões jurídicas,
segundo o próprio art. 14º, § 1º da lei assim se pronuncia:
Literalmente falando estaríamos diante de um princípio que não exige formalidade para o
procedimento do processo no âmbito dos Juizados Especiais, mas não é bem assim, o que
esse princípio quer dizer é que os atos processuais devem ser realizados com o mínimo de
formalidade possível. Logo quando os atos são praticados de forma mais simples, temos
como resultado uma economia, efetividade e celeridade processual.
Na realidade, com esse principio se busca retirar os atos que não possuem necessidade de
existir, tornando o procedimento mais eficiente e melhor praticado. O princípio elencado
estar claramente exposto no art. 14º, § 1º que trata da estrutura da petição inicial, bem como
da citação (art. 18º, III), da intimação (art. 19º), da sentença (art. 38º), dentre outros, de
forma a garantir a celeridade processual.
Esse princípio busca a racionalidade nas atividades processuais, de forma a obter um maior
número de resultados com a realização de um menor número de atos. O importante nos
Juizados Especiais é a solução dos conflitos da forma mais rápida possível, ou seja, quanto
mais rápido se chegar a solução das lides, mais rápida será a satisfação das partes e
menos desgastante será a relação processual.
De acordo com a lei 9.099/95 esse principio está claramente exposto no art. 17º, parágrafo
único.
Talvez seja o princípio que mais se identifica com a vontade do legislador quando da criação
dos Juizados Especiais, pelo fato da busca na solução rápida dos conflitos de forma a
promover a paz social. Mas devemos fazer uma pequena observação sobre agilidade e
segurança jurídica, de forma a não deixar banalizar o processo que é uma segurança para o
jurisdicionado. Na realidade não podemos deixar de proceder com os atos fundamentais na
realização do processo, pois deixaríamos as garantias processuais de lado, no qual
ofenderia a própria Constituição Federal.
As demandas nos Juizados Especiais devem ser rápidas e simples, de forma a garantir uma
tramitação satisfatória para ambas às partes, resultando no menor custo possível na solução
dos conflitos, mas com segurança jurídica, de forma a garantir o devido processo legal.
Quanto menos tempo durar o processo, menos desgastante para as partes será seu
resultado, de forma que a solução dos conflitos em tempo razoável contempla o princípio
constitucional da celeridade e da paz social.
Esse princípio se enquadra muito bem na objetividade dos juizados que é a solução de
conflitos de forma menos desgastante para ambas as partes. A autocomposição está
claramente escrita nos arts. 7º, 17º, 21º a 26º, 53, § 2º da lei 9.099/95 de forma que na
própria conciliação as partes podem solucionar o litígio da melhor forma possível.
Conforme o art. 5º da lei 9.099/95, o juiz de acordo com o caso concreto deverá utilizar uma
decisão livre, mais justa e equânime de forma a proporcionar o bem comum e atingir os fins
sociais que a lei assim exigir. Quando o juiz pretender atingir os fins sociais da lei, deve
diminuir as formalidades diante desta, de forma a decidir não contra a lei, mas
acrescentando um caráter sociológico, dando um aspecto de comprometimento com o
âmbito social da questão.
De acordo com esse princípio o juiz deve se comprometer em resolver os litígios das partes,
de forma a garantir tranqüilidade diante dos interesses sociais em questão, deixando de lado
os interesses da coletividade, de forma a garantir uma solução pacificadora para o conflito
em questão.
De acordo com os princípios básicos elencados para funcionamento dos Juizados Especiais
Cíveis, observamos que juntos colidem para um só objetivo, que é a busca da celeridade
processual, de forma a buscar dentro do microssistema da lei 9.099/95, a satisfatividade das
partes de forma a garantir a efetividade do processo diante das demandas judiciais de
menor complexidade.
A partir desse princípio, o processo deixou de ser apenas burocrático, para se tornar
também efetivo, de forma que o cidadão deixou de ter direitos apenas para ingressar com
ação em juízo reivindicando seus direitos, e receber apenas suas beneficias no plano
jurídico, para também receber no plano do direito material, como forma de ver a efetividade
das determinações judiciais diante da realidade fática. A garantia na efetividade das
decisões judiciais traz ao cidadão a idéia de segurança jurídica, de forma a buscar os seus
direitos frente aos órgãos jurisdicionais.
O resultado prático a ser atingido diante da efetividade do processo é a busca da paz social,
de forma a tornar a sociedade mais justa, diante dos que vivem desamparados pelo poder
público.
Conclui-se, portanto, que através de medidas efetivas para cumprimento das ordens
judiciais, como a utilização das astreintes, o processo deixou de ser apenas mais um
instrumento de satisfação social, quando da falta de sua efetividade, de modo a ser um
garantidor no resguarde do direito invocado por aquele que necessita da tutela do Poder
Judiciário.
26
ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipação da tutela. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 2005, p. 65.
De acordo com a jurisprudência pátria, no que tange as decisões que envolvem obrigações,
a respeito do princípio da razoabilidade e proporcionalidade, o STJ assim se pronuncia:
Processo
AgRg no REsp 1124949 / RS
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL
2009/0033437-4
Relator(a)
Ministro CASTRO MEIRA (1125)
Órgão Julgador
T2 - SEGUNDA TURMA
Data do Julgamento
09/10/2012
Data da Publicação/Fonte
DJe 18/10/2012
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. OBRIGAÇÃO DE DAR. DESCUMPRIMENTO. ASTREINTES.
FAZENDA PÚBLICA. RAZOABILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. É cabível a cominação de multa diária contra a Fazenda Pública,
como meio coercitivo para cumprimento de obrigação de fazer ou para
entrega de coisa. Precedentes:
2. Cumpre à instância ordinária, mesmo após o trânsito em julgado,
alterar o valor da multa fixado na fase de conhecimento, quando este
se tornar insuficiente ou excessivo. Precedentes.
3. Agravo regimental não provido.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior
Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs.
Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin (Presidente), Mauro
Campbell Marques e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator.
Informações Complementares
Aguardando análise.
Processo
EDcl no REsp 865548 / SP
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL
2006/0104349-3
Relator(a)
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA (1123)
Órgão Julgador
T4 - QUARTA TURMA
Data do Julgamento
23/03/2010
Data da Publicação/Fonte
DJe 05/04/2010
Ementa
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS.
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL. OBRIGAÇÃO DE FAZER.
LIBERAÇÃO DE HIPOTECA DE BEM IMÓVEL. MULTA DIÁRIA. ART. 461, §§ 4º e
6º, DO CPC. VALOR EXORBITANTE. REDUÇÃO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE.
REEXAME DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA N. 7 DO STJ. DECISÃO
AGRAVADA MANTIDA.
1. Admitem-se como agravo regimental embargos de declaração opostos
a decisão monocrática proferida pelo relator, em nome dos princípios
da economia processual e da fungibilidade.
2. Ao tempo que o legislador concedeu ao juiz a prerrogativa de
impor multa diária ao réu com vista a assegurar o adimplemento da
obrigação de fazer, ateve-se também com acerto a atribuir-lhe, em
qualquer época e grau de jurisdição, a faculdade de rever a
importância arbitrada, de modo a preservar a essência do instituto e
a própria lógica da efetividade processual (art. 461, §§ 4º e 6º, do
CPC).
3. Consectariamente, a diretriz jurisprudencial do Superior Tribunal
de Justiça tem admitido, por força do princípio da razoabilidade,
que é possível a redução do valor de multa diária em decorrência do
descumprimento de decisão judicial, quando aquele se revelar
exorbitante.
4. Afastar a multa imposta com base no art. 461, § 4º, do CPC, sob o
argumento de que foram adotadas todas as providências com o fito de
cumprir a obrigação de fazer – liberação de hipoteca de bem imóvel
–, em nítido dissenso do entendimento fixado nas instâncias
ordinárias, implica o reexame do acervo fático-probatório dos autos,
medida que esbarra no óbice da Súmula n. 7 do STJ
5. Decisão agravada mantida por seus próprios fundamentos.
6. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao qual
se nega provimento.
Acórdão
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima
indicadas, acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal
de Justiça, por unanimidade, receber os embargos de declaração como
agravo regimental e negar-lhe provimento nos termos do voto do Sr.
Ministro Relator.
LEG:FED SUM:******
***** SUM(STJ) SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SUM:000007
Veja
(REDUÇÃO DA MULTA DIÁRIA)
STJ - RESP 700245-PE,
Apesar desse procedimento não estar expresso na lei 9.099/95, dos Juizados Especiais
Cíveis, essa modalidade está inteiramente em sintonia com a sua estrutura de
procedimentos, bem como com seus princípios fundamentais, visto que, o princípio da
celeridade processual, que é a base no procedimento dos Juizados Especiais Cíveis,
determina um menor espaço de tempo possível na solução dos litígios, de forma a garantir a
tutela jurisdicional.
Logo, inicialmente, verificamos que a própria Constituição Federal garante que os Juizados
Especiais Cíveis, como representante do Poder Judiciário, em legislação especial, proteja
ameaça a direito, de forma a garantir o exercício das liminares em suas ações.
No que tange o CPC, como lei subsidiária a aplicabilidade da lei 9.099/95, é perfeitamente
plausível sua utilização, como forma de preenchimento das lacunas dessa lei, já que se
garante a segurança processual, bem como a legalidade dos atos processuais, incluindo
entre esses, as liminares, que dão de imediato, efetividade ao direito devidamente
comprovado.
A experiência na utilização das medidas liminares em sede dos Juizados Especiais Cíveis,
mesmo não existindo previsão expressa na lei 9.099/95, demonstra sua imprescindibilidade
para a adequada prestação jurisdicional, de forma a garantir ao jurisdicionado a efetividade
do direito pleiteado, evitando dano grave ou de difícil, reparação.
Logo as liminares devem ser utilizadas no microssistema dos juizados especiais cíveis, de
forma a garantir a efetividade na prestação da tutela jurisdicional, desde que atendam aos
seus respectivos requisitos.
Não devemos fazer confusão entre pedido, como petição inicial em sede dos juizados, com
os pedidos que compõe tanto a petição inicial, como o documento de iniciação processual
(pedido) em sede dos Juizados Especiais Cíveis.
Inicia-se o processo em sede de Juizado Especial Cível, com uma petição inicial proposta
por advogado devidamente habilitado, ou do pedido, que deverá constar conforme preceitua
os princípios fundamentais, de simplicidade e linguagem acessível, identificação pessoal das
partes, bem como os respectivos endereços, fatos e fundamentos sucintos, objeto e valor da
causa, e se preciso for do pedido de tutela antecipada a termo, conforme necessidade e
apresentação dos requisitos necessários para sua concessão, utilizando claro o CPC de
forma subsidiária, tanto na construção do pedido, (art. 14º), como na elaboração da liminar
(tutela antecipada), utilizando-se para isso os artigos 273º, 282 e 283 do CPC.
O Pedido em sede de Juizado Especial Cível pode ser apresentado por escrito ou oralmente,
neste ultimo caso tendo a secretaria do Juizado que fazer a redução a termo, conforme o
artigo 14º, § 3º, da lei 9.099/95, mas que deve ser a interpretação do pedido feita de forma
mais elástica possível, de forma a não sucumbir direitos. Nesse ato a parte é limitada apenas
a um valor da causa de vinte (20) salários mínimos que se ultrapassado terá que ser
dispensada a sua diferença.
Art. 14º - Art. 14° - O processo instaurar-se-á com a apresentação do
pedido, escrito ou oral, à Secretaria do Juizado.
Mas existe três condições para a cumulação de pedidos, ou seja, primeiramente esses
precisão ter uma conexão, bem como as causas de pedir, que nos Juizados chamamos de
conexidade objetiva, isso significa dizer que não basta que o réu seja o mesmo para que o
autor possa cumular diferentes pedidos no mesmo processo, sendo necessário, ainda, que
exista relação entre os pedidos ou as causas destes. Em segundo lugar esses pedidos tem
que serem de causas admissíveis no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, e finalmente que
a soma desses pedidos não ultrapasse a alçada de quarenta(40) salários mínimos, como
critério de valor da causa.
Passada a fase de iniciação do processo através do pedido, que pode vir ou não cumulada
com liminar(tutela antecipada), entraremos no juízo de admissibilidade do pedido ou da
petição inicial. De logo observamos a diferença entre os ritos ordinários e dos Juizados
Especiais, pelo fato das fases de recebimento do pedido ou da petição inicial, da distribuição,
da autuação, da citação, da conciliação e da arbitragem serem feitas pelos funcionários da
secretaria do Juizado Especial, logo não poderá haver juízo de admissibilidade antes da
instrução e julgamento, momento em que o juiz se apresenta no processo, de forma a tomar
conhecimento dos autos e se manifestar. Mas existe a possibilidade do juízo de
admissibilidade aparecer antes da fase instrutória, ou seja, na fase inicial do pedido, quando
o Requerente solicita o instituto da liminar (tutela antecipada), momento em que a secretaria
faz conclusão direta do pedido, para a apreciação do juízo, que pode deferir ou indeferir a
liminar (tutela antecipada), se deferir a liminar logicamente que deferiu a inicial, e se indeferir
a liminar, pode deferir ou indeferir a inicial.
No momento em que o juiz apreciar a liminar (tutela antecipada), e a mesma for deferida,
arbitrará a astreinte, independentemente se for solicitada ou não, no pedido ou na petição
inicial, para dar efetividade no cumprimento das decisões judiciais. Nesse caso específico as
astreintes funcionam como uma ferramenta no cumprimento da determinação judicial, pois
apesar do juiz possuir outras maneiras de obrigar o Requerido para dar cumprimento as suas
determinações, ela se mostra mais eficiente e menos desgastante no momento inicial do
processo.
Existe uma condição necessária para se cobrar a multa em juízo, como forma de garantir
que o executado saiba a partir de quando começa a valer a cobrança das astreintes. Essa
condição é uma segurança jurídica, de forma a dar oportunidade à parte executada para
auferir quanto realmente deve cumprir a obrigação, e se não cumprir, pagar ou contestar a
referida cobrança.
O STJ almejando garantir esse direito ao executado editou a súmula 410, de forma a tornar
expressa a determinação de que o executado esteja ciente das astreintes para poder se
defender de todas as suas conseqüências, se não vejamos;
Dessa forma o STJ afastou toda e qualquer arbitrariedade no que tange a cobrança das
astreintes, tornando esse procedimento claro diante da ciência do executado pela intimação,
que no caso é pessoal e intransferível.
No que tange a execução das astreintes, é perfeitamente viável a sua execução em sede de
tutela antecipada, antes da sentença definitiva no processo, de acordo com o Enunciado nº
22º, do FONAJE. Sendo assim, nas ações de obrigação de fazer, não fazer e entregar, já de
imediato o Requerente pode pedir o levantamento do valor das astreintes, que foram
executadas, em virtude da desobediência do obrigado, de forma a causar-lhe prejuízo
econômico, de forma a obrig´´a-lo a cumprir a obrigação imputada pelo juízo.
ENUNCIADO nº. 22º - A multa cominatória é cabível desde o
descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e VI,
do art 52º, da Lei 9.099/1995.
Desse modo o Requerente não precisa mais esperar o fim do processo para proceder a
execução das astreintes, de forma que o juízo não fica mais inerte diante de uma
desobediência, colocando logo em ação as penalidades cabíveis de modo a força o obrigado
a se manifestar sobre pena de prejuízo financeiro que só vai cessar quando cumprir com a
sua obrigação dentro da ordem processual.
Conforme preceitua o art. 3º, inc. I, da lei 9.099/95, o valor máximo da causa é de quarenta
(40) vezes o salário mínimo vigente na época, para incidência das ações de menor
complexidade, no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.
Dessa forma observamos que as causas no âmbito dos juizados especiais cíveis tem um
parâmetro sobre valores, com exceção das causas em relação à matéria, de forma que a
princípio não se pode permitir que os valores atribuídos as astreintes ultrapassem o valor de
referência da causa no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis.
Hoje a maior discussão no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis em relação as astreintes
está relacionada com a limitação de seu valor, de forma que exista um teto nas execuções
das mesmas, como forma de parâmetro, para que a parte Requerente não receba aquilo
que é indevido, promovendo o enriquecimento sem causa, e a parte Requerida não sofra
perda de patrimônio material indevido, no qual levaria a uma injustiça social.
A princípio devemos observar qual o objetivo literal das astreintes, ou seja, qual seu objetivo
em relação ao processo? Como nós já falamos anteriormente, é forçar o obrigado a cumprir
uma decisão judicial, bem como garantir a dignidade da justiça em suas determinações
mandamentais.
10.3.1.1 Corrente que Defende que as Astreintes não devem se relacionar com
o Valor de Alçada de Quarenta (40) Salários Mínimos dos Juizados Especiais.
Essa primeira corrente defende que não existe relação entre o valor das astreintes com o
valor da causa, pelo fato da primeira se tratar de forçar a parte a cumprir uma obrigação,
enquanto que a outra se destina a satisfazer a obrigação principal.
Na realidade para alguns juristas, as astreintes não são consideradas nem obrigação, de
forma que só existem até o obrigado cumprir a determinação judicial, sendo que depois de
cumprida elas desaparecem automaticamente, de forma a não vincular nenhum tipo de
cumprimento judicial, ou seja parece que nunca existiram. Segundo essa corrente não se
pode confundir a obrigação principal, com uma determinação do juízo, pois quando a parte
deixa de cumprir determinação do juiz em relação as astreintes, ela estar ofendendo a
dignidade da justiça e prejudicando a parte requerente de alguma forma, de modo que, a
responsabilidade em sanar a obrigação é do obrigado, que no momento em que cumprir o
determinado, não fica sujeito a nenhum tipo de punição cominatória.
Se não existe relação entre a obrigação principal e as astreintes, não pode haver relação
entre os valores de alçada no âmbito dos Juizados especiais e o valor das astreintes, pelo
fato de não haver conexão, sendo que uma não existe em relação à outra, já que são
dispositivos que existem dentro do mesmo processo com objetivos diferentes.
O mais importante sobre o raciocínio dessa corrente, está na condição das astreintes só
existirem pela falta de descumprimento da obrigação imposta pelo juízo, sendo que a cada
dia que passa os valores atribuídos às mesmas vão só aumentando, de modo que quando
passam do valor da obrigação principal, sua geração foi de inteira responsabilidade do
próprio obrigado, sendo que se o mesmo cumprisse a obrigação dentro do prazo estipulado
pelo juiz estaria automaticamente dispensado da existência das mesmas.
O Enunciado 144 do FONAJE, de acordo com essa primeira corrente doutrinária sobre as
astreintes idealiza uma maneira bem conveniente, para se interpretar esse conflito entre as
astreintes e o valor da obrigação principal, se não vejamos;
Enunciado 144 do FONAJE – “A multa cominatória não fica limitada
ao valor de quarenta (40) salários-mínimos, embora deva ser
razoavelmente fixada pelo juiz, obedecendo ao valor da obrigação
principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas
do devedor.”
A princípio o enunciado diz que “as astreintes não ficam limitadas ao valor de quarenta (40)
salários mínimos,” até este momento esse enunciado diz que não existe lei que associe
valor das astreintes ao limite de quarenta(40) salários mínimos; em seguida, diz que
“obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e danos”, ora, se as astreintes
devem obedecer a obrigação principal, mais perdas e danos, já não existe uma limitação
sobre o valorr de alçada de quarenta (40) salários mínimos. Esse enunciado demonstra
também a condição econômica do obrigado de forma que as astreintes causem um efeito
em relação a dar prejuízo para o obrigado.
10.3.1.2 Corrente que Defende que as Astreintes Devem se Submeter,
Juntamente com a Obrigação Principal a Alçada de Quarenta (40) salários
Mínimos dos Juizados Especiais.
Essa segunda corrente defende um limite na cobrança das astreintes, de forma que o valor
da causa em sede dos Juizados Especiais Cíveis ou seja quarenta(40) salários mínimos
sejam o limite da soma entre a obrigação principal e as astreintes.
Na realidade essa corrente defende um teto no valor da atribuição das astreintes com o
valor da obrigação principal, de forma a se o valor exceder esse teto dos Juizados Especiais
se tornar uma causa complexa, devido aos altos valores envolvidos de forma a gerar
recursos inapropriados para solução da questão.
Essa corrente defende a utilização do teto do valor da causa em sede dos Juizados
Especiais Cíveis, para não banalizar o uso das astreintes, como forma de auferir ganhos
indevidos, pelo fato do valor da ação principal, se tornar irrisória frente aos valores auferidos
pelas astreintes. Desse modo se poderia inverter o sentido do processo diante da obrigação
principal, que se tornaria acessória frente ao valor econômico auferido pelas astreintes.
O juiz possui outros meios de buscar a efetividade processual, sendo assim as astreintes
não podem ser a única solução dos conflitos, de forma a ganhar uma dimensão mais
importante que a obrigação principal. No que tange a essa corrente, a solução dos conflitos
não possui um fim nas astreintes, mas sim um meio, de forma que na falta de sua
efetividade, o juiz procurará outros meios para solução da lide, de forma a buscar a paz
social.
De acordo com encontros dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, que aderiram a essa
Corrente doutrinária, observamos a preocupação na limitação do valor das astreintes, de
forma a não desmerecer o valor da obrigação principal.
Ementa 30 do ETRJECERJ – “Nas sanções pecuniárias fixadas em
sede dos Juizados Especiais, deve-se balizar o quantum fixado pelo
valor de alçada, estabelecido expressamente no texto da lei nº
9.099/95.
10.3.1.3 Corrente que defende que as astreintes embora não submetida ao teto
de quarenta (40) salários-mínimos, não poderia ultrapassar, per si, o valor da
obrigação que busca efetivar, por aplicação analógica do art. 412 do CC.
As astreintes existem para dar efetividade ao processo, na busca do cumprimento da
obrigação, de forma a garantir a dignidade da justiça e a efetividade do processo. Já o
cumprimento da obrigação principal busca a dar satisfatividade à parte, de forma a garantir o
resultado pretendido no que tange a reparação do dano sofrido. De acordo com a corrente
em questão, as astreintes não podem ter um valor maior do que o valor estimado para a
obrigação principal, de forma que a busca na reparação do dano, deve ser o foco principal
do processo, enquanto as astreintes devem ser analisadas apenas como instrumentos, para
efetivação da busca pela reparação desse dano.
Essa corrente utiliza como aplicação analógica, o art. 412 do Código Civil, no qual assim se
expressa, in verbis;
Art. 412 CC – O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode
exceder o da obrigação principal.
De forma que não se podem aplicar as astreintes valores maiores do que os existentes no
próprio pedido da obrigação principal, pois estaríamos desvirtuando o objetivo do processo,
com relação aos fins a serem alcançados.
A corrente em análise expõe claramente que embora as astreintes não estejam vinculadas
ao teto de cobrança dos valores das causas imprimidas nos Juizados Especiais Cíveis, que
é de quarenta (40) salários mínimos, devem obedecer ao limite de não exceder o valor da
obrigação principal, de forma que não entrem em contradição com o art. 412 do CC, que
limita claramente o valor das astreintes ao valor da obrigação principal, de forma a não
haver desvirtuamento nos fins almejados pelo processo.
No que tange o objetivo do legislador em relação a este artigo, ele procurou limitar a pena
imposta a parte com obrigação a cumprir, de forma a trazer uma coerência, no que tange a
obrigação principal, pois não seria razoável termos uma desincompatibilidade entre os fins
almejados pelo processo, e as condições impostas pelo juízo para atingiir os objetivos
jurisdicionais.
No entanto, entendo que essa corrente é descabida, no que tange a aplicabilidade do art.
412 do Código Civil, pelo fato de não se tratar as astreintes de cláusula penal, e sim
cominatória e de um instrumento do juízo, para efetividade das decisões judiciais, conforme
sua natureza jurídica; sendo que cumprida a obrigação, as astreintes deixam
automaticamente de existir.
10.3.1.4 Corrente que Defende que o Valor das astreintes Sozinha, não poderia
ser Superior a Quarenta (40) Salários Mínimos, de modo que faltaria
competência dos Juízes dos Juizados Especiais Cíveis, para Imposição de
Valores Maiores que este.
Essa corrente trata especificamente da competência no valor da causa no âmbito dos
Juizados especiais Cíveis, de forma a não se poder estipular no mesmo processo a
incidência de astreintes que ultrapassem valor máximo de quarenta (40) salários mínimos,
pela falta de competência dos juízes, diante da limitação no valor da causa no âmbito dos
Juizados Especiais Cíveis. As astreintes como obrigação acessória, ou como meio do juízo
para atingir os fins do processo, funciona como uma garantia para o cumprimento da
obrigação principal, de forma que os juízes não podem desvirtuar dos objetivos principais da
tutela jurisdicional.
Essa corrente entende que existe uma condição básica para validade do processo no
âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, que é a garantia de obediência a um valor de
referencia, de forma a não se cometer abusos diante da intenção na solução dos conflitos.
Para isso, as astreintes funcionam como uma das armas do juízo, de forma a garantir o
cumprimento da obrigação, mas não a única, de forma que o juízo não pode ficar inerte
diante do eventual descumprimento pela parte obrigada, desse modo a melhor solução seria
o acompanhamento do processo, pelo juízo, constatando a evolução na solução dos litígios,
trazendo segurança para o controle jurisdicional, de forma a mostrar a real efetividade nas
relações processuais.
Segundo entendimento do Encontro dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, o juiz deve
moderar o valor da cobrança nas astreintes, de acordo com o valor de alçada no âmbito dos
Juizados Especiais, de forma a trazer conformidade entre as determinações desse
microssistema;
Ementa 39 do ETRJECERJ: “Astreintes. Sua fixação pelo Juiz, a
contar do transito em julgado da sentença na fase de conhecimento,
como meio de compelir o devedor a satisfazer o julgado, atendo-se,
porém, aos limites de alçada da lei 9.099/95.”