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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 14ª REGIÃO

PROCESSO: 0000122-06.2018.5.14.0151

CLASSE: RECURSO ORDINÁRIO

ÓRGÃO JULGADOR: 2ª TURMA

ORIGEM: VARA DO TRABALHO DE BURITIS

RECORRENTE: BANCO BRADESCO S.A.

ADVOGADO: JOÃO PAULO PEREIRA SILVA FILHO

RECORRENTE: VALDECI DA SILVA BARREIRA

ADVOGADOS: FLAVIANA LETÍCIA RAMOS MOREIRA E OUTROS

RECORRIDOS: OS MESMOS

RELATOR: DESEMBARGADOR ILSON ALVES PEQUENO JUNIOR

ASSÉDIO MORAL. FATOS CONSTITUTIVOS. COMPROVAÇÃO.


INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Consoante entendimento doutrinário e jurisprudencial,
o assédio moral consiste num processo reiterado e prolongado de condutas abusivas e
atentatórias à dignidade do trabalhador, de cunho psicológico, que se caracteriza por
abalar emocionalmente a vítima, sendo por isso conhecido também como terror
psicológico ou violência psicológica. Deste modo, ao postular indenização por danos
morais com base nesse fundamento, cumpre ao reclamante comprovar, consoante
disciplina dos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC, a sucessão de fatos, condutas ou
acontecimentos que configure assédio moral. Não tendo o autor se desincumbido de
seu ônus probatório, indevida a indenização por ele postulada. Recurso ordinário
obreiro conhecido e não provido.
DANO MORAL. TRANSPORTE DE VALORES IRREGULAR. DESVIO DE
FUNÇÃO. CONFIGURAÇÃO DO ILÍCITO. MAJORAÇÃO DO "QUANTUM"
INDENIZATÓRIO. Encontra-se pacificado na jurisprudência o entendimento de que
o empregador que exige o transporte de valores de empregado que não tenha essa
atividade como inerente à sua função, nem possua o treinamento e preparo adequados,
comete ato ilícito passível de indenização, uma vez que a situação sujeita
irregularmente o trabalhador a risco à vida e à integridade física e psicológica. Em
tais casos, tem-se, inclusive, como desnecessária a efetiva comprovação de dano
sofrido pelo obreiro, na medida em que a ilicitude da exigência patronal e o risco
envolvido na atividade de transporte de valores denotam, por si só, lesão à
personalidade do trabalhador. No caso em análise ficou comprovado pela prova oral a
realização de transporte de valores pelo recorrente, atividade essa que não fazia parte
de suas funções, sendo evidente, portanto, que não possuía treinamento específico
para tanto. Sendo assim, tem-se como configurado o ato ilícito patronal, o nexo e o
dano, este ínsito na própria ilicitude da conduta patronal de exigir irregularmente o
exercício de atividade de risco à integridade física e psíquica de empregado não
habilitado nem contratado para isso. Por conseguinte, verificado o ato ilícito patronal,
de submeter o reclamante a risco irregular e incompatível com sua função, o nexo de

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causalidade e sendo presumido o dano moral, tem-se como razoável e proporcional o


"quantum" indenizatório postulado pelo autor para reparação civil por danos morais, o
que impõe a reforma da sentença.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS. MAJORAÇÃO.
REFORMA TRABALHISTA. A presente demanda foi intentada após o advento da
Lei 13.467/2017, sob a égide da nova sistemática processual, na qual os honorários
advocatícios são fixados, nos termos do art. 791-A, da CLT, entre o mínimo de 5%
(cinco por cento) e o máximo de 15% (quinze por cento) sobre o valor que resultar da
liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou, ainda, do valor atualizado
da causa. Ao contrário do que alega o recorrente que requesta pela majoração dos
honorários, considerando a procedência parcial do recurso obreiro e a majoração
significativa da condenação da reclamada, em que, por consectário, eleva o valor dos
honorários advocatícios sucumbenciais, entende-se, nesse contexto, ser proporcional e
razoável sua fixação em 5% do valor bruto da condenação, tendo por base a
celeridade no trâmite do feito, bem como ausência de dilação probatória e de maior
complexidade jurídica da causa. Logo, o percentual fixado em sentença encontra-se
adequado, não merecendo reparo.

1 RELATÓRIO

Trata-se de recursos ordinários interpostos pelas partes, nos autos de reclamação trabalhista, movida
por VALDECI DA SILVA BARREIRA em face de BANCO BRADESCO S.A. contra sentença na qual foram
julgados parcialmente procedentes os pedidos formulados na inicial para a) declarar prescritos todos os
créditos trabalhistas anteriores a 03/08/2013; b)condenar a Reclamada a pagar ao Reclamante, no prazo de 8
(oito) dias, a importância de R$ 45.184,02 a título de indenização por danos morais decorrentes de riscos
resultantes de transporte pessoal de valores e de dobra das férias referentes aos períodos aquisitivos de
2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2015/16 por concessão extemporânea do direito trabalhista, tudo devidamente
limitada ao pedido.

Além disso, foram deferidos os benefícios da justiça gratuita ao autor e condenada a reclamada em
honorários advocatícios sucumbenciais em 5% do valor bruto da condenação, bem como o reclamante em
honorários sucumbenciais recíprocos na quantia de R$ 2.053,82, apurados estes sobre a parcela indeferida de
indenização por danos morais em razão de trabalho por estresse.

Inconformada, a instituição financeira reclamada, em seu arrazoado (Id 9435ece), pugna pela
reforma da decisão, argumentando que não há nenhuma orientação interna da empresa que instrua seus
empregados a realizarem transporte de numerários ou utilizem-se de carro próprio para tanto. Além disso,
defende que não agiu com culpa ou dolo e que não existe nos autos qualquer nexo de causalidade.

Em prosseguimento, aduz que, conforme documentos referentes à comunicação de férias que juntou
aos autos, restou demonstrado que as férias sempre foram concedidas dentro do prazo legal e que o obreiro
tinha a faculdade de converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário. Assevera, ainda, que não foi produzida
no feito prova quanto ao alegado pelo empregado.

Subsidiariamente pleiteia que, caso seja mantida a condenação ao pagamento de indenização por

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danos morais em decorrência do transporte de valores, deve ser essa minorada por não figurar razoável o
"quantum" indenizatório arbitrado.

Em contrarrazões, o reclamante alega que a instituição bancária é confessa ao afirmar que havia a
realização do transporte de valores por aquele, e que isso é suficiente para gerar o dano moral, visto que
aplica-se a teoria do dano moral "in re ipsa", afastando a necessidade de sua comprovação. Ademais, a prática
do transporte de valores era feita por imposição da empregadora aos seus empregados.

Na sequência, assere que, quanto às férias, cabia ao empregador o ônus de provar o seu efetivo gozo
pelo empregado, tratando-se de típica inversão do ônus da prova, não tendo a empregadora se desincumbido.

Em seu recurso ordinário (Id 3889e1f), por sua vez, o trabalhador pugna pela reforma da decisão,
aduzindo, preliminarmente, cerceamento do direito de defesa ante a recusa da oitiva por carta precatória da
sua testemunha, pelo que deveria ser declarada a nulidade da sentença e retornado os autos à fase de instrução
para a oitiva da referida testemunha, Sr. Eudes de Aguiar Barbalho.

No mérito, o obreiro afirma que há provas suficientes para demonstrar o excesso de metas, tanto
documentais quanto orais, comprovando o "psicoterrorismo" sofrido. Expõe que na agência em que
trabalhava sempre operava com uma quantidade de empregados abaixo do mínimo, acarretando um maior
número de metas a serem cumpridas pelos demais bancários, tornando-se impossível atingí-las. Além disso,
alega que, conforme as oitivas de testemunhas, restou caracterizado o dano suportado pelo trabalhador e o
nexo causal com a conduta ilícita da instituição.

Ademais, requesta pela majoração do "quantum" arbitrado a título de indenização por danos morais
em razão da realização irregular de transporte de valores para o importe de R$ 82.152,80 (oitenta e dois mil e
cento e cinquenta e dois reais e oitenta centavos). Fundamenta tal pedido na extensão do dano e na
capacidade econômica da empresa ré.

Do mesmo modo, requesta a majoração dos honorários advocatícios sucumbenciais de 5% para


15%, baseando-se na distância do local da prestação de serviços do empregado (Buritis/RO), a complexidade
da causa e o grau de zelo pelo procurador durante o processo.

Por derradeiro, requer a manifestação expressa sobre diversos dispositivos constitucionais e legais
para fins de prequestionamento, a fim de viabilizar o manejo de recursos às instâncias superiores.

Dispensável a manifestação do Ministério Público do Trabalho, conforme disciplinado no art. 89 do


Regimento Interno deste Egrégio Tribunal.

2 FUNDAMENTOS

2.1 DO CONHECIMENTO

Sentença proferida em 23-08-2018 (quinta-feira), publicada no diário eletrônico da justiça na mesma


data, ocasião em que as partes foram intimadas para fins de apresentação de recurso.

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Recurso ordinário aviado tempestivamente pela reclamada (Id 9435ece) em 03-09-2018 (segunda-
feira), com regular representação processual (Id 1797752) e preparo, tendo em vista o regular recolhimento
de custas (Id db09c2d) e depósito recursal (Id f41f945).

Contrarrazões a esse recurso apresentadas oportunamente pela reclamante (Id fb41eb1) em


19-09-2018, tendo tomado ciência da notificação da interposição do recurso ordinário em 06-09-2018, com
regular representação processual (Id a2885df).

Recurso ordinário apresentado pelo obreiro em 04-09-2018, isto é, dentro do prazo legal (Id
3889e1f). Peça subscrita por profissional regularmente habilitado (Id a2885df). Isento de custas por se tratar
de beneficiário da justiça gratuita recorrente.

Contrarrazões (Id 6c435a6) apresentadas tempestivamente pela reclamada em 19-09-2018, tendo em


vista que a ciência deu-se no dia 06-09-2018.

Requer o Banco Bradesco S.A, ao fim, que todas as publicações sejam feitas em nome de João Paulo
Pereira Silva Filho, OAB/RO6.145.

Dessarte, os recursos ordinários interpostos e as contrarrazões apresentadas merecem ser conhecidos


por estarem presentes todos os pressupostos de admissibilidade.

2.2 PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA

Em seu apelo (Id 3889e1f), o reclamante erige preliminar de nulidade processual por cerceamento de
defesa, ao argumento de que o Juízo "a quo" indeferiu a oitiva de uma testemunha arrolada pela autora, que
se apresenta de essencial importância para o deslinde do feito, violando o direito à ampla defesa e ao
contraditório, nos termos do art. 5º, LV, da Constituição Federal, causando prejuízo à parte reclamante em
relação à possibilidade de comprovação do assédio moral alegado na petição inicial.

Alega que requereu a oitiva de uma testemunha, Sr. Eudes de Aguiar Barbalho, por carta precatória,
tendo o juízo indeferido o pedido na audiência de instrução realizada no dia 16-08-2018, por considerar os
fatos suficientemente elucidados.

Assevera que a imprescindibilidade da referida testemunha pode ser atestada pelo fato de que a
testemunha mencionada havia participado de várias reuniões, nas quais eram feitas cobranças abusivas de
metas, comprovando o "psicoterrorismo" suportado pelo reclamante.

Em contrarrazões, a instituição bancária nada alegou.

Estabelece o art. 370 do CPC que ao juiz, inclusive de ofício, cabe determinar as provas necessárias
ao julgamento do mérito.

No mesmo sentido, o art. 765 da CLT e o art. 139, do CPC estatuem que os juízos e tribunais terão
ampla liberdade na direção do processo.

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Nessa esteira, pode o juiz indeferir as diligências que entender desnecessárias para formação de seu
convencimento. Observa-se que tal faculdade não conflita com o direito do reclamante ao contraditório e
ampla defesa garantidos às partes constitucionalmente, já que objetiva assegurar a solução do processo em
tempo razoável.

Nesse sentido, é o entendimento do colendo Tribunal Superior do Trabalho, conforme se observa das
seguintes ementas:

RECURSO DE REVISTA. RECLAMANTE. CERCEAMENTO DE DEFESA.


PRODUÇÃO DE PROVA TESTEMUNHAL. 1. CERCEAMENTO DO DIREITO
DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PROVA TESTEMUNHAL. 1 - A
jurisprudência predominante desta Corte Superior firmou-se no sentido de que o
indeferimento de depoimento de testemunha (art. 820 e 848 da CLT) não configura
cerceamento do direito de defesa (art. 5º, LV, da CF/88), quando o magistrado já tenha
encontrado elementos suficientes para decidir, tornando dispensável a produção de
outras provas (arts. 765 da CLT e 130 e 131 do CPC/73, correspondentes aos arts. 370
e 371 do CPC/2015). (RR - 815-57.2010.5.12.0011, Relatora Ministra: Kátia
Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 30/11/2016, 6ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 02/12/2016; grifo nosso).

No caso dos autos, não houve prejuízo ao reclamante já que foi ouvida outra testemunha, Paulo
Roberto Sanches, por ele apresentada, que também trabalhava na empresa e possuía conhecimento dos fatos
controvertidos, mormente a existência de um potencial ambiente de assédio que ocorreria nas reuniões, fato
que queria provar especificamente conforme pleito apresentado em audiência de id 17b524d por intermédio
da oitiva da testemunha, cujo depoimento, por carta precatória, foi indeferido, uma vez que a testigo ouvida
acompanhava o reclamante em reuniões para verificação do cumprimento de metas, como gerente
administrativo, e estando, portanto, apta a influir na composição do caderno de provas, e, por conseguinte, no
julgamento da causa.

Dessa forma, não há como se reconhecer a existência de cerceamento de defesa na decisão de


indeferimento de oitiva da testemunha, sequer a violação do art. 5º, LV, da Constituição Federal, porquanto
esta testemunha seria destinada à demonstração de fato que o Juízo já entendia suficientemente provado, vez
que a testemunha do reclamante ouvida no feito participou da maioria das reuniões com o reclamante, nas
quais esse alega ter havido cobranças excessivas, suprindo a oitiva da testemunha Eudes de Aguiar Barbalho.

Não obstante isso, indeferida a oitiva da testemunha acima mencionada, via precatória, a recorrente
não apresentou protestos, restando, preclusa a matéria.

Por todo o exposto, por não considerar a produção da prova testemunhal útil ao processo, e por ser a
direção do processo de competência do magistrado, que detém ampla liberdade para executá-la (CLT, 765),
bem como em razão da citada preclusão, rejeita-se a preliminar.

2.3 MÉRITO

2.3.1 DA ANÁLISE DE AMBOS OS RECURSOS

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2.3.1.1 DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELO TRANSPORTE DE VALORES

Insurgem as partes contra a sentença de primeiro grau que condenou a empresa ré ao pagamento de
R$ 12.322,92 (doze mil trezentos e vinte e dois reais e noventa e dois centavos) a título de indenização por
danos morais decorrentes de riscos resultantes do exercício de atividade de transporte pessoal de valores pelo
reclamante.

Pretende a reclamada o afastamento da condenação, alegando que não há nenhuma instrução interna
da empresa que imponha a realização de transporte de numerários pelos seus empregados ou a utilização de
seus veículos próprios para tanto. Assevera, ainda, que no curto período em que o empregado realizou
transporte de valores, não houve nenhum incidente à sua integridade física.

Ademais, defende a ausência de culpa ou dolo e intenção de causar prejuízo ao obreiro, afirmando
não restar provado o suposto dano moral sofrido, sequer o nexo de causalidade, visto que não sofreu nenhum
dano decorrente do transporte de valores. Assim, requesta a improcedência do referido pedido de
indenização, por serem inexistentes os requisitos caracterizadores do dever de indenização, nos termos dos
arts. 186 e 927, CPC.

Subsidiariamente pleiteia que, caso seja mantida a condenação, deve ser essa minorada por não
figurar razoável o "quantum" indenizatório arbitrado.

Por outro lado, o demandante pretende a majoração do valor fixado, considerando o risco manifesto
ao qual era submetido o trabalhador e com vista ao atingimento do caráter pedagógico da condenação, haja
vista tratar-se a reclamada de uma das maiores instituições financeiras do país. Tenciona, assim, o
recebimento de danos morais, no importe de R$ 82.152,80 (oitenta e dois mil e cento e cinquenta e dois reais
e oitenta centavos).

A Constituição, em seu título destinado aos direitos e garantias fundamentais, dispõe que a
intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis, sendo assegurado o direito a
indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação (art. 5º, V e X, CRFB). Tal direito, por
sua vez, é regulamentado pelo Código Civil, mais especificamente em seus artigos 186, 187 e 927.

Consoante os dispositivos acima, aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a
repará-lo, entendendo-se como ato ilícito tanto a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência que
violar direito alheio quanto o abuso de direito.

A partir da interpretação dessas regras, a doutrina e a jurisprudência convencionaram que, para a


configuração da responsabilidade civil subjetiva extracontratual e, consequentemente, o surgimento do dever
de indenizar, devem estar presentes os seguintes requisitos: a) ato ilícito; b) dano; c) nexo de causalidade.

Relativamente ao transporte de valores por instituição financeira, dispõe a Lei nº 7.102/1983, em seu
art. 3º, que tal atividade deve ser feita por meio de empresa especializada contratada ou pelo próprio
estabelecimento financeiro, desde que organizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio, aprovado em

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curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça e cujo sistema de segurança seja
aprovado pelo mesmo ente ministerial.

Desta feita, encontra-se pacificado na jurisprudência o entendimento de que o empregador que exige
o transporte de valores de empregado que não tenha essa atividade como inerente à função para a qual fora
contratado, nem possua o treinamento e o preparo adequados, comete ato ilícito passível de indenização, uma
vez que a situação sujeita irregularmente o trabalhador a risco à vida e à integridade física e psicológica, além
de configurar desvio funcional perpetrado pela empresa, que deixa de contratar pessoal especializado para
tanto.

Em tais casos, tem-se, inclusive, como desnecessária a efetiva comprovação de dano psíquico ou
físico sofrido pelo obreiro, na medida em que a ilicitude da exigência patronal e o risco envolvidos na
atividade de transporte de valores denotam, por si só, lesão à personalidade do trabalhador.

É como tem decidido o colendo Tribunal Superior do Trabalho (TST), conforme se observa dos
precedentes de todas as suas oito turmas abaixo colacionados:

[...] RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELA RECLAMANTE. BANCÁRIO.


TRANSPORTE DE VALORES. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. Na espécie,
conforme a jurisprudência deste Tribunal, decorre da própria conduta ofensiva do
empregador o dano moral infligido à empregada ("damnum in re ipsa"),
consubstanciado no inevitável abalo emocional e consequente desequilíbrio
psicológico, tendo em vista a atividade que lhe fora imposta (transporte de valores,
sem qualquer habilitação específica), sabidamente de alto risco à integridade física e à
vida do bancário, sem que lhe fosse assegurada a devida preparação, mediante a
adoção de sistema de segurança aprovado pelo Ministério da Justiça, nos termos da
Lei nº 7.102/83. Precedentes da SBDI-1 desta Corte Superior. Recurso de revista
parcialmente conhecido e provido. (RR - 109300-48.2008.5.15.0041, Relator
Ministro: Walmir Oliveira da Costa, Data de Julgamento: 25/10/2017, 1ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 27/10/2017)
[...] DANOS MORAIS. TRANSPORTE DE NUMERÁRIO A PÉ E SEM ESCOLTA.
EXPOSIÇÃO A RISCO DE ASSALTO. DANO IN RE IPSA. Conforme dispõe o
artigo 3º, incisos I e II, da Lei nº 7.102/83, com a redação dada pela Lei nº 9.017/95, a
atividade de transporte de valores deverá ser realizada por empresa especializada ou
por equipe do empregador, treinados especificamente para esse mister. Nesse
contexto, o fato de o trabalhador ter realizado o transporte de valores exposto ao risco
de assalto é circunstância suficiente para abalar o estado psicológico do obreiro. O
dano moral, no caso, é in re ipsa, ou seja, decorre da própria natureza da atividade
desempenhada, o que afasta a alegação de ofensa aos artigos 818 da CLT e 333 do
CPC/1973 (artigo 373 do CPC/2015). Recurso de revista não conhecido. [...] (ARR -
71700-61.2010.5.17.0010, Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de
Julgamento: 29/05/2018, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 08/06/2018).
[...] INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. TRANSPORTE IRREGULAR DE
VALORES. Nos termos da Lei nº 7.102/93, o transporte de valores deve ser efetuado
por empresa especializada ou pelo próprio estabelecimento financeiro, desde que
organizado e preparado para a execução desse tipo de atividade, por se tratar de
função potencialmente arriscada. Nessa linha, esta Corte tem reiteradamente decidido
que sofre dano moral o empregado que realiza transporte irregular de valores, uma
vez que é submetido a uma situação de risco, que é enfrentada sem o devido preparo e
proteção previstos na Lei nº 7.102/1983, submetendo-o a risco maior do que aquele
inerente à função para a qual foi contratado. Precedentes. Impende salientar que o

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dano moral é in re ipsa (pela força dos próprios atos), ou seja, independe da
demonstração do abalo psicológico sofrido pela vítima, exigindo-se apenas a prova
dos fatos que balizaram o pedido de indenização. No caso ora em apreço, concluiu o
Tribunal a quo que, "ao determinar que fizesse o transporte de somas consideráveis
em dinheiro, sem segurança, a ré colocou a autora em condição acentuada de risco,
provocando indubitável dano à sua vida privada" (pág. 1.067). Estando a decisão
regional em consonância com a jurisprudência desta colenda Corte Superior, incide o
óbice da Súmula nº 333/TST ao seguimento do apelo. Recurso de revista não
conhecido. [...] (RR - 1056-11.2013.5.12.0016, Relator Ministro: Alexandre de Souza
Agra Belmonte, Data de Julgamento: 23/05/2018, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 25/05/2018).
[...] TRANSPORTE DE VALORES. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL.
CONDUTA ILÍCITA NÃO CARACTERIZADA. 1. Pacificou-se, no âmbito do TST,
o entendimento de que a conduta do empregador de exigir do empregado o transporte
de valores, atividade para a qual não foi contratado tampouco capacitado, expondo-o
indevidamente a situação de risco e estresse, dá ensejo ao pagamento de indenização
por dano moral. 2. A jurisprudência desta Corte vem reiteradamente orientando que,
no caso de transporte de valores, a negligência do empregador em adotar as medidas
de segurança exigidas pela Lei n.º 7.102/83 acarreta exposição do trabalhador a
elevado grau de risco, sendo passível de reparação civil. 3. Nesse caso, o dano moral
é in re ipsa, ou seja, prescinde da demonstração da ocorrência de dano efetivo, em
razão da exposição ao risco de sofrer violência ou grave ameaça em face do ato ilícito
praticado pelo empregador, conforme previsto nos arts. 186 e 927 do Código Civil. 4.
Ocorre que a indenização por danos morais pressupõe a existência de todos os
elementos que justificam a reparação civil, a saber, o dano, o nexo causal e a prática
de ato ilícito por parte do ofensor. 5. Assim, sendo incontroverso, porque confessado
pelo próprio Autor, que este apenas "pegava carona" no veículo que transportava
valores da Cooperativa, do Município de Ponto Novo para o Município de Senhor do
Bonfim, não se caracteriza o ato ilícito passível de reparação civil, nos moldes dos
arts. 186 e 927 do CC. Recurso de Revista não conhecido. (RR -
486-76.2011.5.05.0311, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, Data de
Julgamento: 18/05/2016, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 20/05/2016).
[...] DANO MORAL. COMPENSAÇÃO. TRANSPORTE DE VALORES.
EXPOSIÇÃO INDEVIDA A SITUAÇÃO DE RISCO. DAMNUM IN RE IPSA.
PROVIMENTO. A atual jurisprudência desta Corte Superior inclina-se no sentido de
se considerar devido o pagamento de compensação por dano moral,
independentemente de prova do dano sofrido, ao empregado que desempenha
atividades de transporte de valores, sem que isso faça parte das suas atribuições e sem
o necessário treinamento, porque se trata de atividade típica de pessoal especializado
em vigilância, que expõe indevidamente o empregado a situação de risco. Precedentes
desta Corte Superior. Restabelecida, assim, a decisão de primeira instância, inclusive
no que tange ao valor compensatório, arbitrado em R$10.000,00 (dez mil reais).
Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. [...] (ARR -
10082-06.2012.5.12.0004, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data
de Julgamento: 18/10/2017, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 09/02/2018).
RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. TRANSPORTE DE VALORES. Esta
Corte entende que, uma vez reconhecida a exigência de transporte de valores do
empregado, sem qualquer tipo de treinamento para tanto ou desacompanhado de
aparato de segurança, em patente desvio de função, é devido o pagamento de
indenização por danos morais. Há precedentes. É importante salientar, ainda, que o
ilícito a que foi submetido o reclamante caracteriza-se in re ipsa, espécie de
constrangimento que prescinde de efetiva comprovação do dano (efetiva ocorrência
de roubo, por exemplo), dada a sua imaterialidade. Recurso de revista conhecido e
provido. [...] (RR - 180-02.2012.5.12.0013, Relator Ministro: Augusto César Leite de
Carvalho, Data de Julgamento: 16/12/2015, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
12/02/2016).

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RECURSO DE REVISTA - TRANSPORTE DE VALORES - EMPREGADO DE


INSTITUIÇÃO BANCÁRIA - DANO MORAL - DANO IN RE IPSA. No caso dos
autos, o Banco-reclamado, ao exigir do trabalhador o transporte de valores, sem que
ele possuísse treinamento ou aparato instrumental necessário ao desempenho seguro
de tal desiderato, infringiu a orientação constitucional quanto à prevenção de riscos
no trabalho - e, em específico, o art. 3º da Lei nº 7.102/83, acarretando ao obreiro
danos psicológicos caracterizados pela tensão e estresse que são inerentes à situação
de risco -, portanto a reparação civil por este dano se impõe. O dano moral decorre do
sofrimento psicológico advindo do alto nível de estresse a que é submetido o
empregado ao transportar valores sem proteção, com exposição a perigo real de
assalto e risco à vida e à integridade física. A conduta revela desprezo pela dignidade
da pessoa humana. Além disso, o dano moral é considerado in re ipsa, isto é, não se
faz necessária a prova objetiva do sofrimento ou do abalo psicológico, mesmo porque
é praticamente impossível a sua comprovação material na instrução processual. É
indevido perquirir acerca de prejuízos morais ou de sua comprovação judicial para
fins de configurar o dano moral. Esse reside na própria violação do direito da
personalidade praticado pelo ofensor, ou seja, o dano moral é presumido, pois decorre
do próprio fato e da experiência comum. Dessa forma, a configuração do dano moral,
no caso vertente, prescinde da demonstração de que o reclamante fora submetido a
situação concreta que lhe causou efetiva lesão, como por exemplo, ter sido vítima de
assalto, sendo bastante para lhe causar abalo moral a existência de desvio de função e
sua exposição a risco. Precedentes. Recurso de revista não conhecido. [...] (RR -
36300-96.2010.5.23.0081, Relator Ministro: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
Data de Julgamento: 04/06/2014, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 13/06/2014).
[...] 4. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. TRANSPORTE DE VALORES. Esta
Corte Superior tem se posicionado no sentido de que a conduta do empregador em
atribuir aos seus empregados, bancários ou não, a atividade de transporte de
numerário dá ensejo à compensação por danos morais, em virtude da exposição
indevida à situação de risco, configurando-se conduta patronal ilícita e nexo de
causalidade, sendo certo que, nessas situações, o dano se dá in re ipsa. Recursos de
revista não conhecidos, no particular. [...] (ARR - 60-65.2012.5.04.0664, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 20/05/2015, 8ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 22/05/2015).

No caso em apreço, o reclamante narrou na exordial que "durante o período em que trabalhou no
município de Buritis/RO, mais precisamente nos anos de 2016 e 2017 realizava, realizava transporte de
valores entre a agência da reclamada e as agências do Banco do Brasil, Sicoob e CrediSIS. Os valores
transportados variavam entre R$ 100.000,00 (cem mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) e ocorriam
em média 1 (uma) vez a cada 2(dois)/ 3(três) meses" (Id 0614f5d - Pág. 19). Isso sem que tenha recebido
qualquer treinamento ou equipamento de proteção, vez que informou ainda que realizava tal atividade "sem
que lhe fosse assegurada a devida preparação" (Id 0614f5d - Pág. 20).

Em sua contestação (Id 64ac902) o BANCO BRADESCO S/A assevera que a atividade exercida
pelo empregado era eminentemente de bancário, e nessa atividade jamais esteve em perigo, bem como se
limita, basicamente, a argumentar que não existem nos autos provas de que havia o transporte de valores e
que se o fez, foi de forma eventual, motivo pelo qual a circunstância de que o autor não era devidamente
treinado para exercer tal função restou incontroversa nos autos.

Ainda que essa questão específica não tivesse restado incontroversa, a existência de treinamento e de
habilitação do reclamante para o transporte de valores, bem como o fato de se encontrar este dentre as
atribuições precípuas para as quais fora contratado configura fato impeditivo do direito autoral, de modo que

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caberia ao banco réu comprová-los, a teor dos arts. 818 da CLT e 373, II, do CPC - ônus do qual não se
desincumbiu.

Não obstante a negativa de transporte de valores realizada na peça de defesa, durante a audiência de
instrução, observa-se que o preposto da reclamada não detém conhecimentos dos fatos, visto que afirma em
seu depoimento que "sua base de trabalho é em Porto Velho/RO, ativando-se invariavelmente em serviços
externos". Além disso, a testemunha da ré afirmou que "sabe informar que chegou a faltar dinheiro em caixas
eletrônicos, não sabendo informar como foi feita a reposição" (Id 17b524d - Pág. 4), o que corrobora com a
oitiva da testemunha do autor, que afirmou a ocorrência do efetivo transporte de valores pelo demandante, em
veículo próprio e a pé, para suprir extrema necessidade de reposição dos caixas, conforme segue:

[...] a reclamada tem empresa terceirizada para fazer o transporte de valores, com
utilização somente de carro-forte; quando havia extrema necessidade, ocorria
transporte de valores por funcionários da agência da reclamada, o que ocorria em
média 1 ou 2 vezes por mês; referido transporte de valor, nos casos mencionados
anteriormente era feito por si, ou pelo reclamante ou pelos dois conjuntamente; não é
possível quem mais fazia esse serviço; nesses casos, o transporte de valores
alcançavam aproximadamente R$100.000,00 a R$200.000,00; o dinheiro era
transportado em veículo particular do reclamante quando este realizava os serviços,
acomodado em uma maleta de mão; quando fazia o transporte de valor realizava o
deslocamento a pé; [...]

Desse modo, restou demonstrado o exercício de transporte de valores por trabalhador não contratado
para exercer tal função, apto a ensejar a indenização por danos morais, sendo irrelevante o valor transportado,
haja vista que a jurisprudência não condiciona a indenização ao transporte de valores de grande monta.

Restam, portanto, configurados os pressupostos necessários à responsabilização civil da reclamada


(arts. 186 e 927 do Código Civil), pois presente o ato ilícito patronal, de exigir tarefa que extrapolava as
atribuições ordinárias de seu empregado, submetendo-o a risco acentuado, inclusive de morte, bem como o
nexo de causalidade e o dano extrapatrimonial, ínsito na própria conduta ilícita praticada, isto é, considerado
"in re ipsa".

Por conseguinte, verificado o ato ilícito patronal, de submeter o reclamante a risco irregular e
incompatível com sua função, o nexo de causalidade e sendo presumido o dano moral, tem-se como razoável
e proporcional o "quantum" indenizatório postulado pelo autor, no importe de R$ 82.152,80 (oitenta e dois
mil e cento e cinquenta e dois reais e oitenta centavos) para reparação civil por danos morais, o que impõe a
reforma da sentença.

Isso, em vista: a) a extensão do dano sofrido pela reclamante (art. 944 do Código Civil), que
permaneceu durante cerca de 03 (três) anos exposta a riscos físicos e psicológicos com o transporte de
valores de numerários em torno de R$ 100.000,00 (cem mil) a R$ 200.000,00 (duzentos mil), realizados sem
escolta, em média, uma a duas vezes por mês, sem, no entanto, ter provado maiores consequências lesivas,
nem ter alegado a ocorrência de roubos ou ameaças a sua pessoa em função disso; b) o grau de culpa do réu,
que cometeu ato ilícito, ao exigir a realização de atividade arriscada para a qual o empregado não tinha
habilitação, nem tinha como dever contratual; c) o caráter pedagógico da indenização, a fim de se buscar

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evitar a reiteração de condutas semelhantes por parte do ofensor; e d) as condições econômicas e sociais da
vítima, trabalhadora bancária, e do ofensor, sem implicar em enriquecimento sem causa de uma parte sobre
outra, mormente por ser este último instituição que atua no ramo financeiro, de notória capacidade
econômica.

Registra-se que esse valor encontra-se em harmonia com os que vem sendo aplicados por esta E. 2ª
Turma no julgamento de demandas semelhantes em face de instituições bancárias, a exemplo das
indenizações arbitradas nos processos nº 0000019-64.2015.5.14.0131, julgado na sessão do dia 17-8-2017, e
nº 0000305-05.2015.5.14.0402, julgado na sessão do dia 13-12-2016, nos quais era réu o Banco Bradesco
S.A.

Verifica-se, de igual modo, os precedentes desta 2ª Turma de demandas em face de outras empresas
que realizam transporte de valores, dentre os quais cito os seguintes: nº 0000244-41.2013.5.14.0071, nº
0100700-18.2009.5.14.0401, nº 0000103-87.2010.5.14.0051, nº 0000193-61.2011.5.14.0051, nº
0010197-55.2014.5.14.0051, nº 0000103-58.2015.5.14.0004, com publicações no DETR de 18-12-2013,
7-10-2010, 15-10-2012 e 13-8-2012, 13-07-2015 e 07-10-2016, respectivamente.

Pelo exposto, nega-se provimento, quanto a esta matéria, ao recurso ordinário patronal e dá-se
provimento ao recurso ordinário obreiro a fim de que o valor da indenização arbitrada seja majorado de R$
12.322,92 (doze mil trezentos e vinte e dois reais e noventa e dois centavos) para R$ R$ 82.152,80 (oitenta e
dois mil e cento e cinquenta e dois reais e oitenta centavos).

2.3.2 DO RECURSO PATRONAL

2.3.2.1 DAS FÉRIAS EM DOBRO

Almeja a demandada a reforma da sentença que a condenou ao pagamento de férias em dobro


referente aos períodos aquisitivos de 2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2015/16, nos quais as férias teriam sido
gozadas fora do prazo concessivo, conforme alegado na exordial, no importe de R$ 32.861,10 (trinta e dois
mil oitocentos e sessenta e um reais e dez centavos), face a reclamada não ter se desincumbido do seu ônus
probatório.

Aduz que, conforme documentos referentes à comunicação de férias que juntou aos autos, restou
demonstrado que as férias sempre foram concedidas dentro do prazo legal e que o obreiro tinha a faculdade
de converter 1/3 de suas férias em abono pecuniário. Assevera, ainda, que não foi produzida no feito prova
quanto ao alegado pelo empregado.

Ao regulamentar o instituto das férias, a CLT estabelece, no caput de seu artigo 130, que, após cada
período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias -
denominado período aquisitivo. No caput de seu artigo 134, por sua vez, determina que as férias são
concedidas por ato do empregador nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver
adquirido o direito - denominado período concessivo.

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Caso as férias sejam concedidas apenas após o decurso do período concessivo, o empregador será
obrigado a pagar em dobro a respectiva remuneração, nos termos do art. 137, da norma celetista.

No caso ora em análise, registra-se que o autor afirmou em seu depoimento que "embora recebesse
os valores de férias, gozava o referido direito invariavelmente vencido o período concessivo", o qual foi
corroborado com a oitiva da testemunha, Sr. Paulo Roberto Sanches, que confirmou que "lembra-se somente
de um período em que o reclamante gozou férias após o período concessivo, referindo-se as férias gozadas
em março/2018".

Ademais, nos presentes autos, não foram apresentadas provas documentais referentes ao efetivo
gozo de férias pelo empregado nos períodos 2012/13, 2013/14, 2014/15 e 2015/16. Verifica-se, no entanto, o
pagamento das férias desses períodos, conforme afirmado pelo próprio autor e exibidos nos recibos de
pagamentos (Id 3852bf9).

Ao contrário do alegado pela instituição bancária, o ônus de comprovar o gozo de férias é do


empregador, por ser fato extintivo ao direito do autor, nos termos do art. 818, da CLT e art. 373, CPC.

Nessa senda, tem decidido o colendo Tribunal Superior do Trabalho, conforme se observa nas
seguintes ementas:

RECURSO DE REVISTA. 1 - DOBRA DAS FÉRIAS. ÔNUS DA PROVA. Não se


configura ofensa direta e literal ao artigo 818 da CLT quando consignado no acórdão
Regional que é do empregador o ônus de provar a concessão das férias, visto que
detém os documentos hábeis para comprovar o pagamento e o gozo (aviso e recibo).
Já o artigo 137 da CLT estabelece a obrigação de pagar em dobro as férias não
concedidas no período concessivo, fato que ficou demonstrado no caso concreto. A
divergência jurisprudencial colacionada se mostra inespecífica, porquanto nada refere
sobre o fato de o Município não ter juntado aos autos os documentos relativos à
concessão, fruição e pagamento das férias. Hipótese que atrai o óbice
consubstanciado na Súmula 296 desta Corte. Recurso não conhecido. 2 - ABONO
SALARIAL. INTEGRAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DA GRATIFICAÇÃO
NATALINA. São inservíveis para o confronto de teses arestos transcritos que não
indicam a fonte de publicação e oriundos do mesmo Regional prolator da decisão
recorrida. Incidência da Súmula nº 337, I, letra "a", do TST. Recurso de revista não
conhecido (RR - 78900-68.2004.5.12.0043 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa,
Data de Julgamento: 12/12/2007, 8ª Turma, Data de Publicação: DJ 08/02/2008; grifo
nosso)
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO
SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO NCPC - FÉRIAS - ÔNUS DA
PROVA Registrado pelo Tribunal Regional que a Reclamada não juntou os
documentos solicitados, que comprovariam o efetivo gozo das férias pelo
Reclamante, não se desvencilhando do seu ônus probatório, não há falar na violação
aos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC. RESPONSABILIDADE CIVIL POR
DANO MORAL EXISTENCIAL - PRIVAÇÃO DE FÉRIAS Vislumbrada ofensa ao
artigo 186 do Código Civil, dá-se provimento ao Agravo de Instrumento para mandar
processar o Recurso de Revista. II - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO SOB
A ÉGIDE DA LEI Nº 13.015/2014 E DO NCPC - RESPONSABILIDADE CIVIL
POR DANO MORAL EXISTENCIAL - PRIVAÇÃO DE FÉRIAS A privação de
férias, por si só, não configura conduta ilícita a justificar a condenação ao pagamento
de indenização por danos morais. Recurso de Revista conhecido e provido. (ARR -
11046-14.2015.5.15.0132 , Relatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data

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de Julgamento: 05/09/2018, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 10/09/2018; grifo


nosso)

Com efeito, pelo princípio da aptidão da prova, cabia ao BRADESCO S.A trazer à presente
demanda a documentação comprobatória do efetivo gozo de férias pelo reclamante. Entretanto, anote-se que
nenhum documento fora anexado pela reclamada.

Em razões recursais, embora a empresa ré alegue que juntou aos autos documentos referentes à
comunicação de férias, estando todas assinadas pelo reclamante, tais documentos não se encontram neste
feito, não se desincumbindo do seu encargo.

Desta feita, considerando a ausência de demonstração pela demandada, ora recorrente, de que as
férias foram usufruídas no prazo legal, nos termos do art. 134, CLT, impõe-se a manutenção da sentença no
particular, para indeferir o pleito reformista patronal.

2.3.3 DO RECURSO OBREIRO

2.3.3.1 DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PELO ASSÉDIO MORAL

Insurge o autor contra a improcedência do pedido de condenação da demandada ao pagamento de


indenização por danos morais em razão do assédio moral sofrido face a cobrança exagerada de metas, visto
que o juízo considerou que não restou comprovado o alegado na exordial.

Nas razões recursais, o autor, gerente geral, alega que o excesso de metas foi demonstrado através
dos documentos juntados aos autos, bem como a oitiva de testemunhas. Ademais, esclarece que a agência de
Buritis/RO sempre operou com uma quantidade de empregados inferiores ao mínimo recomendável, razão
pela qual sobrecarregava os demais empregados com a mesma quantidade de metas. E que o próprio obreiro é
responsável por todas as metas da referida agência, o que era cobrada de forma abusiva.

Aduz, ainda, que as metas exigidas pela reclamada eram impossíveis e que não consideravam a
realidade da agência de Buritis/RO, vez que estipulavam que fossem cumpridas metas nas mesmas exigências
que eram impostas para as demais agências.

A única meta que o autor apresentou no processo foi do mês de janeiro/2018, referente à produção
de crédito consignado, em que se exigiu, conforme alegado no recurso, a quantidade de 16 empréstimos
consignados, motivo pelo qual o empregado considera excessiva a meta, visto que a agência só possui 21
clientes em seu cadastro. No entanto, não se demonstra a existência de cobranças constantes pela
empregadora.

Em prosseguimento, o obreiro cita os depoimentos da testemunha da reclamada e da sua testemunha


alegando que ambos já o teriam visto em crises de choro e tremores, face ao estresse suportado com as
exageradas metas. Assim, requesta o importe de R$ R$ 41.076,40 (quarenta e um mil e setenta e seis reais e
quarenta centavos) a título de indenização por danos morais em razão do "psicoterrorismo".

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Em contrarrazões, a reclamada defende que o trabalhador não especificou as situações de angústias


ou quem foi o causador dos supostos constrangimentos, aludindo que jamais ocorreu nenhuma conduta
abusiva de forma repetitiva e prolongada de ordem psicológica e que não há provas do alegado.

Relativamente ao assédio moral, importa registrar como a doutrina delineia seu conceito. Para a
Juíza do Trabalho Márcia Novaes Guedes:

[...] significa todos aqueles atos e comportamentos provindos do patrão, gerente ou


superior hierárquico ou dos colegas, que traduzem uma atitude de contínua e
extensiva perseguição que possa acarretar danos relevantes às condições físicas,
psíquicas e morais da vítima. (in "Terror Psicológico no Trabalho", Editora LTr, 2003,
pg. 32).

Em acréscimo, e enfatizando a habitualidade da conduta agressiva como elemento intrínseco à


configuração do assédio moral, ensina Jorge Luiz de Oliveira:

[...] o assédio moral somente estará presente quando a conduta ofensiva estiver
revestida de continuidade e por tempo prolongado, de forma que desponte como um
verdadeiro "modus vivendi" do assediador em relação à vítima, caracterizando um
processo específico de agressões psicológicas. Deve estar caracterizada a
habitualidade da conduta ofensiva dirigida à vítima. Caso contrário, teremos meras
ofensas esparsas, mas que não possuem o potencial evidenciador do assédio moral.
(SILVA, Jorge Luiz de Oliveira da. Assédio moral no ambiente de trabalho. Rio de
Janeiro: Editora e livraria jurídica do Rio de Janeiro, 2005).

Nesse sentido é também o entendimento jurisprudencial, conforme o elucidativo precedente do


Tribunal Superior do Trabalho, abaixo transcrito, a respeito do assédio moral praticado no ambiente de
trabalho por superiores hierárquicos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. ASSÉDIO MORAL


VERTICAL DESCENDENTE. TRATAMENTO OFENSIVO. EMPREGADOR.
PODER DIRETIVO. ABUSO. DANO MORAL. CONFIGURAÇÃO 1. O assédio
moral exercido por superiores hierárquicos dá-se quando os chefes, gerentes,
encarregados -- pessoas que exercem função de liderança -- abusam da autoridade que
receberam, interferindo de forma negativa nas pessoas que lideram, expondo-as a
situações vexatórias e/ou humilhantes, de modo a afetar-lhes a dignidade e a
autoestima. 2. Não descaracteriza o assédio moral o fato de o empregador valer-se de
políticas agressivas e desmesuradas de gestão, genericamente praticadas e capazes de
reforçar a prática do terror psicológico junto aos empregados. 3. No assédio moral
vertical descendente institucional, todos os empregados podem figurar como
eventuais vítimas dos assediadores, que também são diversos e gozam de autorização
da própria instituição para afrontar direitos personalíssimos dos empregados. 4. Por
ofender direitos fundamentais e personalíssimos dos empregados, o assédio moral
institucional rende ensejo à obrigação de indenizar, decorrente da responsabilidade
civil subjetiva, que tem como pressupostos a conduta comissiva ou omissiva do
empregador, a existência de dano real à vítima e a relação de causalidade entre a
conduta do ofensor e os danos experimentados. 5. A razoabilidade em direito civil é
representada pelos valores do homem médio, ligada à congruência lógica entre as
situações concretas e os atos praticados, à luz de um padrão de avaliação geral. 6.
Extrapola a razoabilidade proferir ofensas verbais, atribuir a qualificação de
incompetentes e ameaçar os empregados de demissão. 7. Agravo de instrumento de
que se conhece e a que se nega provimento. (AIRR - 123000-94.2006.5.02.0018 ,
Relator Ministro: João Oreste Dalazen, Data de Julgamento: 20/08/2014, 4ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 29/08/2014).

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Desses conceitos, extrai-se que o assédio moral consiste num processo reiterado e prolongado de
condutas abusivas e atentatórias à dignidade do trabalhador, de cunho psicológico, que se caracteriza por
abalar emocionalmente a vítima, expondo-a a situações vexatórias e/ou humilhantes, sendo por isso
conhecido também como terror psicológico ou violência psicológica. Pode se manifestar por meio de
políticas agressivas de gestão, capazes de gerar grave perturbação psicológica aos trabalhadores vitimados,
no chamado assédio moral vertical descendente institucional. Ademais, a sua configuração pressupõe a
habitualidade da conduta lesiva, de forma a degradar o ambiente laboral.

Analisando-se o caderno de provas constante nos autos, converge-se com o posicionamento adotado
na sentença, de que não houve concretamente a prática de assédio moral pela recorrida ou por qualquer de
seus empregados contra o recorrente. Isso porque, como bem ressaltado pelo magistrado sentenciante, não
restou comprovada a gravidade no procedimento administrativo praticado pela empresa, sequer revelou
serem práticas reiteradas que abalariam o psicológico do autor.

Nos depoimentos das testemunhas, observa-se que não há afirmações quanto a ocorrências de
constrangimentos ou condutas desabonadoras contra o reclamante, registrando apenas episódios isolados de
que viram o autor em crise de choro e tremores no local de trabalho, porém sem imputar tal fato a algum
acontecimento.

É incontroverso o fato de ser o obreiro gerente geral da respectiva agência, sendo remunerado pela
sua função, dispondo de maior responsabilidade quanto aos demais bancários. Pontua-se que as constantes
pressões para o atingimento de metas é tanto comum quanto necessária a uma instituição bancária que se
dedica à atividade comercial.

Nesse viés, tem-se que o reclamante não se desincumbiu adequadamente do seu ônus processual
(arts. 818 da CLT e 373, I, do CPC) de comprovar a ocorrência de um processo reiterado e prolongado de
condutas abusivas e atentatórias à sua dignidade, fato constitutivo do direito à indenização pleiteada.

Desta feita, inexistindo prova de que tenha havido assédio moral por parte da reclamada, causa de
pedir da reparação civil vindicada, inviável responsabilizar a empresa ré pelo estresse que vem sofrendo o
trabalhador, encontrando-se correta a decisão de origem que julgou improcedente o referido pleito, motivo
pelo qual se nega provimento, no particular, ao recurso autoral.

2.3.3.2 DA MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS

Pretende o demandante a majoração dos honorários advocatícios sucumbenciais de 5% sobre o valor


da condenação para 15%, em razão do local da prestação de serviços, qual seja, a cidade de Buritis/RO, a
complexidade da causa e o grau de zelo do profissional, se baseando em outros processos semelhantes que
tramitaram neste Tribunal.

Em contrarrazões, a parte ré pugnou, também, pela majoração dos honorários advocatícios


sucumbenciais fixados no juízo de primeiro grau.

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Como se sabe, até o advento da Lei nº 13.467/2017, o entendimento jurisprudencial predominante, e


consolidado na Súmula nº 219/TST, era o de que, no processo justrabalhista, o pagamento de honorários
advocatícios nas relações empregatícias não decorria da mera sucumbência, sendo devido apenas quando a
parte não só estivesse assistida pelo sindicato da categoria profissional, como fosse beneficiária da gratuidade
de justiça, conforme art. 14 da Lei 5.584/70. E, ainda assim, cabível somente em favor do empregado.

Tal sistemática, contudo, foi sobremaneira alterada pela chamada reforma trabalhista (Lei nº
13.467/2017), cuja vigência se iniciou em 11 de novembro de 2017, que fez constar no art. 791-A do texto
consolidado expressa previsão de cabimento de honorários advocatícios sucumbenciais como regra também
nesta Justiça Especializada, inclusive de forma recíproca, "in verbis":

Art. 791-A. Ao advogado, ainda que atue em causa própria, serão devidos honorários
de sucumbência, fixados entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito
econômico obtido ou, não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da
causa.

O referido instituto, com efeito, embora previsto no contexto de normas tipicamente processuais,
reveste-se de natureza jurídica híbrida (processual-material), consubstanciando, a um só tempo, crédito
próprio em favor do patrono da parte - refletindo, por isso, na esfera patrimonial das partes e dos advogados -
e sanção processual àquele que deu causa, indevidamente, à ação.

É, portanto, um direito substantivo, de titularidade do advogado, cuja origem remete ao fato de a


parte responsável pelo seu pagamento ter causado a propositura da demanda (dano processual). Por isso,
aliás, embora, ordinariamente, esse dever recaia sobre o vencido, pode ocorrer de a parte vencer a ação, mas,
sendo ela a causadora do processo, ser condenada ao pagamento dos honorários.

É o que se denomina de princípio da causalidade, sobre o qual bem leciona Nelson Nery Junior:

A condenação pelas custas, despesas processuais e honorários advocatícios deve


recair sobre quem deu causa à ação. Se o réu deu causa à propositura da ação, mesmo
que o autor saia vencido, pode o réu ter de responder pelas verbas de sucumbência.
Aplica-se o princípio da causalidade para repartir as despesas e custas do processo
entre as partes. O processo não pode causar dano àquele que tinha razão para o
instaurar. Nesta matéria, o princípio da razoabilidade reza que tanto é vencido em
parte quem não ganhou parte do que pediu, quanto é vencedor em parte quem não foi
condenado no todo pedido. (NERY JUNIOR, Nelson. Código de processo civil
comentado (livro eletrônico). 2. ed. em e-book baseada na 16. ed. impressa. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016)

Assim é que a decisão acerca de honorários advocatícios possui natureza eminentemente


condenatória (e não constitutiva), concernente ao sancionamento da parte em virtude de um dano processual
específico, o qual se efetiva no momento da propositura da demanda, quando são estabelecidos os limites da
causalidade e os riscos de eventual sucumbência.

Nesse passo, a regra processual aplicável aos honorários advocatícios deve ser, não aquela em vigor

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ao tempo em que tal direito foi reconhecido judicialmente, mas aquela vigente à época em que o dano
processual potecialmente se efetivou, nascendo o direito material. Ou seja, quando da propositura da ação
indevidamente causada por uma das partes.

No caso em análise, a demanda foi intentada sob a égide da nova sistemática processual, em
03-08-2018. Logo, devem ser aplicadas as normas que regulam os honorários advocatícios, nos termos do art.
791-A, da CLT, no qual estabelece percentual entre o mínimo de 5% (cinco por cento) e o máximo de 15%
(quinze por cento) sobre o valor que resultar da liquidação da sentença, do proveito econômico obtido ou,
ainda, do valor atualizado da causa.

Nesse sentido, aplica-se o dispositivo celetista a ser observado quando da fixação dos honorários,
que dispõe os seguintes parâmetros:

Art. 791-A, §2º Ao fixar os honorários, o juízo observará:


I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

Com efeito, considerando a procedência parcial do recurso obreiro e a majoração considerável da


condenação da reclamada, em que, por consectário, eleva o valor dos honorários advocatícios sucumbenciais,
entende-se, nesse contexto, ser proporcional e razoável sua fixação em 5% do valor bruto da condenação,
tendo por base a celeridade no trâmite do feito, bem como ausência de dilação probatória e de maior
complexidade jurídica da causa. Logo, o percentual fixado em sentença encontra-se adequado, não
merecendo reparo.

Dessarte, nega-se provimento ao recurso ordinário interposto, mantendo-se inalterada a r. sentença.

2.3.3.3 PREQUESTIONAMENTO

Requer o reclamante, para fins de prequestionamento, a expressa manifestação deste E. Tribunal a


respeito de todas as disposições constitucionais e legais elencadas por ele em sua minuta.

A fundamentação constante na presente decisão, por si só, atende de forma clara o instituto do
prequestionamento, porquanto todos os fundamentos fáticos e jurídicos utilizados foram claros e
coerentemente expostos, sendo despicienda uma análise pormenorizada e individualizada de todos os
dispositivos e princípios invocados pela parte, nos termos da Súmula nº 297 do TST, que dispõe o seguinte:

Súmula nº 297 do c. TST:

I. Diz-se prequestionada a matéria ou questão quando na decisão impugnada haja sido


adotada, explicitamente, tese a respeito.

II. Incumbe à parte interessada, desde que a matéria haja sido invocada no recurso

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principal, opor embargos declaratórios objetivando o pronunciamento sobre o tema,


sob pena de preclusão.

III. Considera-se prequestionada a questão jurídica invocada no recurso principal


sobre a qual se omite o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos embargos
de declaração."

Dessarte, as matérias arguidas foram suficientemente tratadas, atendendo-se ao disposto na Súmula


nº 297 do TST, pelo que desnecessário pronunciamento expresso e literal acerca dos dispositivos e dos
princípios apontados, razão pela qual considera-se atendido o prequestionamento invocado pelo recorrente.

2.4 CONCLUSÃO

DESSA FORMA, conhece-se de ambos os recursos ordinários. No mérito, nega-se provimento ao


recurso patronal e dá-se parcial provimento ao recurso obreiro, majorando a indenização por danos morais em
razão do transporte de valores para o importe de R$ 82.152,80 (oitenta e dois mil e cento e cinquenta e dois
reais e oitenta centavos), conforme a fundamentação precedente.

Tendo em vista a majoração da condenação imposta à reclamada, as custas passam a ser de R$


2.400,00 (dois mil e quatrocentos reais), calculadas sobre o valor que provisoriamente se arbitra à
condenação, de R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais), nos termos do art. 789, I, da CLT.

Defere-se o requerimento da reclamada para que todas as intimações relativas à reclamatória sejam
feitas em nome do causídico João Paulo Pereira Silva Filho, OAB/RO6.145.

3 DECISÃO

ACORDAM os Magistrados integrantes da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª


Região, à unanimidade, conhecer dos recursos ordinários, no mérito, negar provimento ao recurso patronal e
dar parcial provimento ao recurso obreiro, nos termos do voto do Relator. Sessão de julgamento realizada no
dia 29 de novembro de 2018.

(Assinado eletronicamente)
ILSON ALVES PEQUENO JUNIOR
DESEMBARGADOR-RELATOR

Assinado eletronicamente. A
Certificação Digital pertence
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