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LEI DE DROGAS (Lei nº 11.343/06)

01) ESTRUTURA DA LEI Nº 11.343/06

Podemos, didaticamente, dividir a Lei de Drogas em duas partes:

 A primeira parte da Lei de Drogas, que vai do art. 1º ao art.


26, trata de uma política de prevenção às drogas e da criação
de um sistema nacional anti-drogas.

Esses dispositivos não são muito cobrados em provas de concurso e


quando o são a cobrança é sempre “literal”, portanto, basta ao
candidato uma leitura atenta para garantir a pontuação máxima em
sua prova.

 A segunda parte da Lei de Drogas se inicia no art. 27. É a


parte criminal, que define crimes, comina penas e prevê um
procedimento especial de investigação e julgamento dos delitos
relacionados às drogas.

È nessa parte que concentraremos nosso estudo, tendo em vista que


a maioria esmagadora das questões de concurso aborda temas
relacionados aos aspectos criminais da Lei nº 11.343/06.

02) HISTÓRICO DE LEIS RELACIONADAS ÀS DROGAS


NO BRASIL

Lei nº 6.368/76 – Previa as condutas criminosas envolvendo armas


de fogo e o procedimento especial para persecução penal de tais
delitos.

Lei nº 10.409/02 – Revogou o procedimento especial de


persecução penal da lei anterior, mas os crimes continuavam
regulados pela Lei 9.368/76.

Lei nº 11.343/06 – Revogou o procedimento especial previsto na


Lei nº 10.409/02 e os crimes da Lei nº 6.368/76, passando a regular
inteiramente a matéria.

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 Questão de prova de concurso: A Lei nº 11.343/06 pode ser


aplicada ao tráfico de drogas praticado antes de sua vigência?

Sabemos que no Direito Penal vale o princípio da retroatividade da lei


penal benéfica. Por esse princípio, uma lei penal posterior à conduta
pode ser aplicada retroativamente se, de qualquer forma, beneficiar o
réu.

Dito isso, precisamos, para responder à pergunta, analisar se a Lei nº


11.343/06 foi benéfica ou não ao agente que praticou tráfico de
drogas antes de sua vigência. Para isso elaboramos a seguinte
tabela:

TRÁFICO DE DROGAS
LEI Nº 6.368/76 LEI Nº 11.343/06

PENA: 3 a 15 anos PENA: 5 a 15 anos

Há previsão de causa de
diminuição de pena para o réu
Não havia causa de diminuição primário, de bons antecedentes,
de pena. que não se dedica a atividades
criminosas e não integra
organização criminosa (tráfico
privilegiado).

Perceba, pela tabela acima, que a Lei nº 11.343/06 aumentou a pena


para o crime de tráfico de drogas. No entanto, passou a prever, para
uma situação específica, a possibilidade de redução dessa nova pena
de um a dois terços (o denominado “tráfico privilegiado”).

Diante disso, concluímos que, em regra, a Lei de Drogas foi


prejudicial a quem praticou o tráfico antes de sua vigência. No
entanto, especificamente para o acusado que faz jus à redução de
pena criada, a Lei nº 11.343/06 foi benéfica, pois permite que a pena
mínima fique inferior a 3 anos (patamar mínimo da Lei nº 6.368/76.
Com base nessa análise, o STJ fixou o seguinte entendimento:

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Súmula nº 501, STJ: É cabível a aplicação retroativa da


Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo
da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis.

03) CARACTERÍSTICAS DA LEI Nº 11.343/06

A) NOMENCLATURA: Os tipos penais não utilizam a


nomenclatura “substâncias entorpecentes”, mas sim a
terminologia “droga”. A nova terminologia é adotada pela
Organização Mundial da Saúde.

B) PROPORCIONALIDADE: A atual Lei de Drogas atende a um


critério de proporcionalidade. Prevê penas distintas para
condutas de reprovabilidade diversa, o que não acontecia na Lei
nº 6.368/76:

Lei nº 6.368/76 Lei nº 11.343/06


As condutas a seguir eram A lei previu penas diferentes para as
punidas com a mesma condutas listadas.
pena (3 a 15), a título de
tráfico de drogas: Tráfico de Drogas (5 a 15 anos)
Tráfico de Matéria Prima (5 a 15
Tráfico de Drogas anos)

Tráfico de Matéria Semeio, cultivo ou colheita de droga


Prima (5 a 15 anos)

Emprestar imóvel para Utilizar ou emprestar imóvel para o


o tráfico tráfico (5 a 15 anos))

Tráfico de Maquinários Tráfico de Maquinários (3 a 10 anos)

Financiamento ao Financiamento do tráfico (8 a 20


tráfico anos)

Colaboração como Colaboração como informante do


informante do tráfico tráfico (2 a 6 anos)

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C) INCREMENTO NAS PENAS DE MULTA: As penas de multa


foram aumentadas de sobremaneira, de forma a responsabilizar
financeiramente o envolvido nas condutas relativas às drogas e
desestimular economicamente tais crimes.

Na Lei de Drogas, não se aplica o limite máximo do Código Penal. No


Código Penal, a multa varia de 10 a 360 dias-multa. Já na Lei de
Drogas a multa pode chegar a 4.000 dias-multa.

Obs.: No Código Penal e na Lei de Drogas, o cálculo do “dia-multa”


considera a capacidade financeira do acusado e varia de um trinta
avos (1/30) a 5 vezes o valor do salário mínimo.

D) DESPENALIZAÇÃO DO USUÁRIO: O usuário de drogas, que


na Lei nº 6.368/76 era punido com pena privativa de liberdade,
passou a ser punido com penas alternativas (advertência,
medida educativa de comparecimento a programa ou curso
educativo e prestação de serviços à comunidade). Como não há
mais pena privativa de liberdade para a conduta do usuário de
drogas, o STF entende que a Lei nº 11.343/06 promoveu a
despenalização do delito.

04) CONCEITO DE DROGA

CONCEITO (art. 1º, parágrafo único): Drogas são substâncias ou


produtos capazes de causar dependência, assim especificadas em lei
ou relacionadas em listas atualizadas periodicamente pelo Poder
Executivo da União.

SUBSTÂNCIAS DEFINIDAS COMO DROGAS: Atualmente é a


Portaria SVS/MS 344/1998 que traz o rol taxativo de substâncias
consideradas drogas para fins de aplicação dos tipos penais da Lei de
Drogas.

Assim, a Lei de Drogas é uma NORMA PENAL EM BRANCO


HETEROGÊNEA (ou própria), pois o complemento aos preceitos
primários é dado por ato infralegal.

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 QUESTÃO DE PROVA DE CONCURSO: Qual a consequência


jurídica da retirada de uma substância do rol de
substâncias proscritas da Portaria da Anvisa?

A retirada de uma substância da Portaria da Anvisa conduz à abolitio


criminis das condutas relacionadas a ela, gerando, portanto, a
extinção da punibilidade dos fatos anteriores.

Foi o que ocorreu com o cloreto de etila (lança-perfume).

No dia 08/12/2000, o diretor presidente da Anvisa excluiu o


CLORETO DE ETILA do rol de Drogas.

No dia 15/12/2000 (uma semana depois), a Diretoria da Anvisa não


referendou o ato do Diretor e, assim, o CLORETO DE ETILA voltou ao
rol de drogas.

O STF entendeu que quando o CLORETO DE ETILA saiu do rol de


substâncias entorpecentes ocorreu a abolitio criminis das condutas
relacionadas ao lança-perfume.

A consequência da abolitio criminis é a extinção da punibilidade


de quem praticou a conduta, fazendo cessar a execução e todos os
efeitos penais da condenação.

# Em regra, as drogas são proibidas, mas existem exceções a


essa regra?

Sim! O art. 2º da Lei de Drogas permite que haja autorização legal ou


regulamentar para condutas relacionadas às drogas. O dispositivo
ainda prevê a possibilidade de autorização para condutas
relacionadas às drogas em duas situações específicas:

1. Para uso estritamente ritualístico-religioso;

2. Para fins medicinais ou científicos.

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05) STF: RECONHECIMENTO DE


INCONSTITUCIONALIDADE DE DISPOSITIVOS
RELACIONADOS ÀS CONDUTAS ENVOLVENDO DROGAS

1) Conversão em restritiva de direitos: A Lei de Drogas, em


seu art. 44, veda a conversão da pena privativa de liberdade
dos crimes de Tráfico de Drogas (art. 33) e condutas
equiparadas (§1º), Maquinários para o Tráfico (art. 34), do
crime de Associação para o Tráfico (art. 35), do crime de
Financiamento ao Tráfico (art. 36) e do crime de Colaboração
como informante para o tráfico (art. 37) em pena restritiva de
direitos. O STF reconheceu a inconstitucionalidade da
disposição legal, pois a aplicação do instituto cabe ao julgador
diante do caso concreto, e não ao legislador.

CONCLUSÃO: Assim, preenchidos os requisitos legais, é possível a


substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
aos crimes da Lei de Drogas.

2) Liberdade provisória: O art. 44 da Lei de Drogas prevê a


impossibilidade de concessão de liberdade provisória aos crimes
de Tráfico de Drogas (art. 33) e equiparados (§1º), e dos
crimes de maquinários para o tráfico (art. 34), associação para
o tráfico (art. 35), financiamento do tráfico (art. 36). O STF
decretou a inconstitucionalidade da vedação a concessão da
liberdade provisória, pois proibir a liberdade provisória seria
determinar a prisão preventiva como regra geral o que viola o
princípio da presunção de inocência.

CONCLUSÃO: Todos os crimes da Lei de Drogas admitem a


liberdade provisória.

3) A Lei de Crimes hediondos determina o cumprimento da pena


para o tráfico de drogas em regime inicial fechado. O STF
reconheceu a inconstitucionalidade do dispositivo, pois a fixação
do regime inicial cabe ao juiz, verificado o caso concreto, e não
ao legislador.

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CONCLUSÃO: É possível ao juiz fixar qualquer regime inicial de


cumprimento de pena a um condenado por crime da Lei de Drogas,
obsevados os parâmetros do Código Penal.

06) FIXAÇÃO DAS PENAS DOS CRIMES DA LEI DE


DROGAS

Art. 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com


preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.

Na fixação dos crimes da Lei de Drogas o juiz considerará:

 A natureza;
 A quantidade da substância ou do produto;
 A personalidade e a conduta social do agente.

Por serem circunstâncias específicas, devem ser observadas com


preponderância sobre as circunstâncias judiciais previstas no Código
Penal.

Informativo nº 818 do STF: O grau de pureza da droga é


irrelevante para fins de dosimetria da pena. De acordo com a Lei nº
11.343/2006, preponderam apenas a natureza e a quantidade da
droga apreendida para o cálculo da dosimetria da pena.

07) COLABORAÇÃO PREMIADA NA LEI DE DROGAS

Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a


investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um
terço a dois terços.

Natureza Jurídica: Causa de redução da pena.

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Requisitos para redução da pena:

 Ser o agente indiciado ou acusado por crime da Lei de Drogas;

 Voluntariedade da colaboração;

 Efetividade da colaboração na identificação dos demais co-


autores ou partícipes do delito ou na recuperação total ou
parcial do produto do crime.

08) INIMPUTABILIDADE E SEMI-IMPUTABILIDADE

Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência,


ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de
droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

Parágrafo único. Quando absolver o agente, reconhecendo, por força


pericial, que este apresentava, à época do fato previsto neste artigo,
as condições referidas no caput deste artigo, poderá determinar o
juiz, na sentença, o seu encaminhamento para tratamento médico
adequado.

 Inimputabilidade. Gera a isenção da pena, para qualquer


que tenha sido a infração, nas seguintes hipóteses:
o Quando o réu, em razão de dependência, era ao tempo
da ação ou da omissão inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.
o Quando o réu, por estar sob o efeito da droga,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento.

Obs.: Quando o juiz reconhecer a inimputabilidade encaminhará o


acusado ao tratamento médico adequado.

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Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se,
por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente
não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.

 Semi-imputabilidade. Gera a redução da pena, para


qualquer que tenha sido a infração, nas seguintes
hipóteses:

o Quando o réu, em razão de dependência, não possuía


ao tempo da ação ou da omissão a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
o Quando o réu, por estar sob o efeito da droga,
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía
ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

09) DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES ILÍCITAS E DE


DROGAS APREENDIDAS

Para destruir plantações ilícitas pela autoridade policial não é


necessária a autorização judicial.

O delegado de polícia deve destruir imediatamente as plantações


ilícitas, recolhendo quantidade suficiente para exame pericial, de tudo
lavrando auto de levantamento das condições encontradas, com a
delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a
preservação da prova (art. 32 da Lei de Drogas).

Em caso de ser utilizada a queimada para destruir a plantação,


observar-se-á, além das cautelas necessárias à proteção ao meio
ambiente, o disposto no Decreto no 2.661, de 8 de julho de 1998, no
que couber, dispensada a autorização prévia do órgão próprio do
Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama (art. 32, §3º da Lei de
Drogas).

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No entanto, para destruição de droga apreendida é necessária


autorização judicial.

No caso de apreensão de droga em prisão em flagrante, o juiz, no


prazo de 10 (dez) dias, certificará a regularidade formal do laudo de
constatação e determinará a destruição das drogas apreendidas,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo
(art. 50, §3º). A destruição das drogas será executada pelo delegado
de polícia competente no prazo de 15 (quinze) dias na presença do
Ministério Público e da autoridade sanitária (art. 50, §4º).

O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição das


drogas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo delegado de polícia,
certificando-se neste a destruição total delas (art. 50, §5º).

Já no caso de droga apreendida sem ocorrência de prisão em


flagrante, a destruição será feita por incineração, no prazo máximo
de 30 (trinta) dias contado da data da apreensão, guardando-se
amostra necessária à realização do laudo definitivo, aplicando-se, no
que couber, o procedimento descrito anteriormente (art. 50-A da Lei
de Drogas).

10) CRIMES EM ESPÉCIE DA LEI DE DROGAS

A) PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PESSOAL (art. 28,


Lei de Drogas)

Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou


trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso


educativo.

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Antes de adentrarmos na análise do texto do art. 28, devemos


responder à seguinte pergunta: “O porte de drogas para consumo
próprio é crime?”.

Apesar de haver doutrina entendendo que a atual Lei de Drogas


descriminalizou a conduta do usuário de drogas ao não cominar a ela
a pena de detenção ou de reclusão conforme determina a Lei de
Introdução ao Código Penal, prevalece o entendimento de que a
conduta não foi descriminalizada (por estar no Capítulo III, do
Título III, da Lei de Drogas, que trata dos crimes relacionados às
drogas).

O STF já se manifestou no sentido de que o porte de droga para


consumo pessoal É CRIME. De acordo com o Supremo Tribunal
Federal, o que ocorreu com a vigência da Lei nº 11.343/06 foi a
despenalização da conduta (por não haver pena privativa de
liberdade) e não a sua descriminalização (STF, 1ª Turma, RE 430.105
QO/RJ).

CONSEQUÊNCIAS DE O PORTE DE DROGA PARA


CONSUMO PESSOAL SER CRIME:

1) A condenação definitiva gera reincidência (STJ, 6ª Turma,


HC 275.126/SP e STJ, 5º Turma, HC 113.645/RJ); e

2) A prática da conduta pelo apenado constitui falta grave na


execução penal (STJ, 6ª Turma, HC 275.126/SP).

Outro ponto que merece a nossa atenção é a análise sobre a


constitucionalidade do porte de droga para consumo pessoal.

Há no Supremo Tribunal Federal uma ação em curso discutindo a (in)


constitucionalidade da criminalização do porte de droga para
consumo pessoal (RE 635.659, STF).

O argumento é que a criminalização da conduta violaria o princípio da


alteridade, de acordo com o qual não há crime na conduta que gera
apenas autolesão.

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No entanto, enquanto não houver decisão final, o entendimento que


deve ser levado para provas de concurso é no sentido de que a
criminalização da conduta não viola a Constituição.

NÚCLEOS DO TIPO: O porte de droga para consumo pessoal é um


tipo penal misto alternativo (também denominado crime de ação
múltipla ou crime de conteúdo variado). Isso porque são várias as
condutas que configuram o delito (há cinco verbos no tipo penal).

Nos tipos penais mistos alternativos, basta a prática de uma das


condutas para o crime se caracterizar. Todavia, a realização de mais
de um dos verbos, dentro de um mesmo contexto fático, configura a
prática de apenas um delito.

Pratica o delito do art. 28 da Lei de Drogas quem:


 Adquirir;
 Guardar;
DROGAS, PARA CONSUMO
 Tiver em depósito,
PESSOAL!
 Transportar;
 Trouxer consigo.

ATENÇÃO! A CONDUTA DE “USAR” NÃO É TIPIFICADA COMO


CRIME. O uso que não seja antecedido por uma das condutas
tipificadas no art. 28 da Lei nº 11.343/06 é fato atípico. Ex.:
Consentir que alguém lhe ministre a droga. CONSEQUÊNCIA: A
comprovação da materialidade do delito pressupõe a apreensão da
droga, que irá permitir a realização do exame químico-toxicológico.

ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO: É o dolo. Não se pune o porte de


droga para consumo próprio na modalidade culposa.

ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO (dolo específico): O crime


do art. 28 apenas se configura se o agente praticar umas das
condutas do tipo penal “... para consumo pessoal...”.

Não sendo essa a finalidade, a conduta irá configurar o tráfico de


drogas previsto no art. 33, caput.

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Para saber se a finalidade era o consumo pessoal devem ser


observadas diversas circunstâncias, são elas (art. 28, § 2º):

o A natureza;
o A quantidade da droga;
o O local e as condições em que se desenvolveu a ação;
o As circunstâncias sociais e pessoais;
o A conduta e os antecedentes do agente.

Não há uma quantidade de droga definida em lei que diferencia o


porte de droga para consumo pessoal (art. 28) do crime de tráfico de
drogas (art. 33). Deve-se analisar, no caso concreto, todas as
circunstâncias listadas acima para a correta adequação típica da
conduta.

Vale ressaltar que o ônus da prova de que a substância não se


destinava ao consumo pessoal é do Ministério Público. O acusado
não tem o dever de comprovar que a droga encontrada com
ele seria utilizada apenas para seu consumo próprio (STF, 1ª
Turma, HC 107.448/MG).

OBJETO MATERIAL: Droga.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: “... sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar...”.

OBJETO JURÍDICO TUTELADO: SAÚDE PÚBLICA. Não se pune o


porte de droga para uso próprio para proteger a saúde do agente.
Pune-se a conduta em razão do mal potencial à saúde pública.

O art. 28 é um crime de perigo abstrato, pois a lei presume que a


conduta expõe a perigo a saúde pública.

SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado


por qualquer pessoa (o dispositivo não exige nenhuma qualidade
especial do agente).

SUJEITOS PASSIVOS: É a coletividade (trata-se de crime vago).

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CONSUMAÇÃO: O crime se consuma com a prática de alguma das


condutas descritas no tipo.

Em alguns dos núcleos verbais há crimes permanentes, pois a


consumação se prolonga no tempo (ter em depósito, transportar,
trouxer consigo).

TENTATIVA: É possível, por exemplo, no verbo “adquirir” (tentar


adquirir). Todavia, não há como se aplicar a redução de pena prevista
no art. 14, II do Código Penal posto que não há pena privativa de
liberdade.

PENAS APLICADAS AO CRIME DE PORTE DE DROGA PARA


CONSUMO PRÓPRIO

São previstas 03 (três) penas possíveis:

 Advertência sobre os efeitos das drogas;

 Prestação de serviços à comunidade;

o Aqui não se trata da pena alternativa prevista no Código


Penal, mas sim uma pena principal.

o A pena de prestação de serviços à comunidade será


cumprida em estabelecimentos, públicos ou privados sem
fins lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da
prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e
dependentes de drogas.

 Medida educativa de comparecimento a programa ou


curso educativo.

IMPORTANTE! As penas podem ser impostas cumulativamente ou


isoladamente, bem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o
MP e o Defensor (art. 27 da Lei de Drogas).

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CONSEQUÊNCIA DO DESCUMPRIMENTO DAS PENAS

#Cabe prisão ao usuário de drogas que descumpra a pena


imposta?

NÃO! Em caso de recusa injustificada ao cumprimento da pena, não


é possível a prisão, o juiz pode submeter o condenado pelo delito,
sucessivamente, a uma admoestação verbal e à multa.

Tais medidas não são penas, mas sim sanções (medidas


sancionatórias) pelo descumprimento das penas. Assim, podemos
dizer que a multa não é uma sanção penal prevista ao usuário de
drogas, mas sim uma medida sancionatória ao condenado que
descumpre a sanção penal imposta.

Na imposição da multa pelo descumprimento injustificado da pena


imposta, o juiz, atendendo à reprovabilidade da conduta, fixará o
número de dias-multa, em quantidade nunca inferior a 40 (quarenta)
nem superior a 100 (cem), atribuindo depois a cada um, segundo a
capacidade econômica do agente, o valor de um trinta avos até 3
(três) vezes o valor do maior salário mínimo (art. 29 da Lei de
Drogas).

O cálculo do “dia-multa” no porte de droga para consumo não


é igual aos demais crimes (da Lei de Drogas e do Código
Penal).

CÁLCULO DO VALOR DO “DIA-MULTA”


Porte de droga para consumo Demais crimes
pessoal
Varia entre 1/30 a 3 vezes o Varia entre 1/30 a 5 vezes o
valor do salário mínimo, de valor do salário mínimo, de
acordo com a capacidade acordo com a capacidade
econômica do agente. econômica do agente.

Os valores decorrentes da imposição da multa pelo descumprimento


injustificado da pena imposta serão creditados à conta do Fundo
Nacional Antidrogas (art. 29, parágrafo único da Lei de Drogas).

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CONSEQUÊNCIA DA REINCIDÊNCIA NO PORTE PARA


CONSUMO

# Cabe prisão ao usuário de drogas reincidente? Ainda que o


agente seja reincidente não será possível a prisão. O que é ocorre
com o usuário reincidente é que a pena de prestação de serviços à
comunidade e a de medida educativa, que tinham o prazo máximo de
5 meses, passam a ter como prazo máximo 10 meses.

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AO ART. 28:


A jurisprudência dos tribunais superiores há muito tempo afasta a
aplicação do princípio da insignificância aos crimes de perigo
abstrato, pois nessas situações a lei presume forma absoluta a
exposição do bem jurídico a risco, não se admitindo prova de que a
conduta era insignificante e não poderia expor a risco a saúde
pública.

STJ, RHC 37094 / MG: Independentemente da quantidade de


drogas apreendidas, não se aplica o princípio da insignificância aos
delitos de porte de substância entorpecente para consumo próprio e
de tráfico de drogas, sob pena de se ter a própria revogação, “contra
legem”, da norma penal incriminadora.

Todavia, encontram-se julgados isolados em que o STF determinou a


absolvição de autores da conduta prevista no art. 28 da Lei de Drogas
aplicando o princípio da insignificância.

É POSSÍVEL A PRISÃO EM FLAGRANTE DO USUÁRIO DE


DROGAS?

Art. 48. § 2o Tratando-se da conduta prevista no art. 28 desta Lei,


não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste,
assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se termo
circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e
perícias necessários.

Não é possível a prisão em flagrante do agente que pratica


unicamente o art. 28 (porte para consumo estritamente pessoal).

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Isso significa que o usuário de drogas pode até ser capturado e


conduzido a uma Delegacia de Polícia (prisão captura), mas a
autoridade policial não poderá lavrar o Auto de Prisão em Flagrante
nem arbitrar fiança.

O agente deve ser imediatamente encaminhado ao juízo competente,


ou na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer.

Não será possível a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante nem


mesmo se o usuário de drogas se recusar a assinar o termo de
compromisso de comparecimento.

Agora, cuidado! Será possível a prisão em flagrante do agente que


oferece droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de
seu relacionamento, para juntos a consumirem (art. 33, §3º):

Art. 33, §3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro,


a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de


700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo
das penas previstas no art. 28.

 Questão de prova: cabe habeas corpus para discutir


processo criminal envolvendo unicamente o art. 28 da
Lei de Drogas?

Não! O art. 28 não prevê a possibilidade de o condenado


receber pena privativa de liberdade. Assim, não existe
possibilidade de que o indivíduo que responda processo por
este delito sofra restrição em sua liberdade de locomoção.
Diante disso, não é possível que a pessoa que responda
processo criminal envolvendo unicamente o crime do
art. 28 da Lei de Drogas impetre habeas corpus para
discutir a imputação. (STF, 1ª Turma, HC 127.834/MG).

PRESCRIÇÃO: De acordo com o Código Penal (art. 109) os crimes


com pena inferior a 1 ano prescrevem em 3 anos.

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No entanto, não se aplica o prazo de prescrição do Código Penal ao


crime de porte de drogas para consumo pessoal. Em relação ao crime
do art. 28 da Lei de Drogas, a prescrição tem um prazo específico.
Diz o art. 30, da Lei nº 11.343/06:

LEI DE DROGAS. Art. 30. Prescrevem em 02 (dois) anos a


imposição e a execução das penas, observado, no tocante à
interrupção do prazo, o disposto nos arts. 107 e seguintes do Código
Penal.

TRATAMENTO DO USUÁRIO DE DROGAS: De acordo com a Lei de


Drogas, o juiz determinará ao Poder Público que coloque à disposição
do autor do porte de drogas para consumo pessoal, gratuitamente,
estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para
tratamento especializado (art. 28, §7º da Lei de Drogas).

B) CULTIVO DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL (art. 28,


§1º)

§ 1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo


pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de
pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar
dependência física ou psíquica.

Trata-se de figura equiparada ao porte de droga para consumo


pessoal! Aplicam-se as mesmas penas previstas no art. 28, caput.

CONDUTA: Semear, cultivar ou colher, para consumo pessoal,


plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de droga.
 Semear: Significa espalhar sementes no solo para que possam
germinar;
 Cultivar: Significa propiciar condições para o desenvolvimento
da planta.
 Colher: Recolher aquilo que é produzido pela planta.

CULTIVO DE DROGA PARA CONSUMO PESSOAL (art. 28, §1º)


x
CULTIVO EQUIPARADO AO TRÁFICO (art. 33, §1º)

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Os delitos diferenciam-se em razão de dois elementos


especializantes:

 ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO: “... para consumo


pessoal...”.

 PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA: A pequena quantidade


diz respeito à quantidade de droga que pode ser produzida, não
à quantidade de planta.

CULTIVO DE DROGAS PARA CONSUMO COMPARTILHADO:


Apesar de o texto legal silenciar em relação ao cultivo de drogas para
uso compartilhado, prevalece o entendimento de que a conduta
configura por analogia o tipo penal que trata do compartilhamento do
uso da droga (art. 33, §3º da Lei de Drogas).

C) TRÁFICO DE DROGAS (art. 33)

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,


adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a
consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500


(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

NÚCLEOS DO TIPO: São 18 núcleos ao todo. Trata-se, portanto, de


um tipo penal misto alternativo, também chamado de crime de
ação múltipla ou crime de conteúdo variado.

Em consequência disso, a realização de mais de um dos verbos do


tipo penal, dentro de um mesmo contexto fático, configura a prática
de apenas um delito. A quantidade de núcleos vai ser considerada
apenas na fixação da pena base. Todavia, faltando proximidade
comportamental entre as várias condutas haverá concurso de crimes.

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 OFERECER DROGA

Oferecer droga, em regra, configura crime de tráfico de drogas (art.


33). No entanto, a conduta de oferecer droga, eventualmente e sem
o intuito de lucro, para pessoa de seu relacionamento para juntos
consumirem configura o crime previsto no art. 33, §3º da Lei de
Drogas (uso compartilhado de droga).

 ADQUIRIR DROGA

A conduta de adquirir droga é crime de tráfico de drogas (art. 33 da


Lei de Drogas), salvo se a finalidade da conduta for o consumo
próprio, hipótese em que teremos o crime de porte de droga para
consumo pessoal (art. 28 da Lei de Drogas).

Em relação ao verbo adquirir, é importante saber ainda que, de


acordo com a jurisprudência do STJ, a consumação do tráfico de
drogas nesta modalidade ocorre no momento do acordo/ajuste em
relação a preço e quantidade de droga. A consumação não depende
da efetiva tradição (entrega) da coisa. Nesse sentido:

A conduta consistente em negociar por telefone a aquisição


de droga e também disponibilizar o veículo que seria
utilizado para o transporte do entorpecente já configura o
crime de tráfico de drogas em sua forma consumada (e não
tentada), ainda que a polícia, com base em indícios obtidos
por interceptações telefônicas, tenha efetivado a apreensão
do material entorpecente antes que o investigado
efetivamente o recebesse. (STJ. 6ª Turma. HC 212.528-SC,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 1º/9/2015).

 IMPORTAR E EXPORTAR

A ocorrência desses verbos faz nascer a transnacionalidade do delito,


o que configura a causa de aumento de pena (majorante) prevista no
art. 40, I (tráfico internacional de drogas).

IMPORTANTE! Para a incidência da majorante do tráfico


internacional é desnecessária a efetiva transposição das fronteiras,

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bastando a intenção do agente em levar ou trazer a droga para outro


país.

 TRANSPORTAR e REMETER: Se o transporte ou a remessa for


entre estados da federação ou entre estes e o DF haverá a
incidência da causa de aumento de pena do art. 40, V (tráfico
interestadual).

IMPORTANTE! Para a incidência da majorante do tráfico


interestadual é desnecessária a efetiva transposição das fronteiras,
bastando a intenção do agente em levar ou trazer a droga para outro
estado. Nesse sentido:

Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no


artigo 40, inciso V, da lei 11.343/06 é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre Estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar
o tráfico interestadual.

OBJETO MATERIAL: É a droga.

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: “...sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar...”

ELEMENTO SUBJETIVO: Dolo (vontade consciente de praticar a


conduta descrita no tipo penal sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar).

IMPORTANTE! É desnecessário o intuito de lucro para a


configuração do tráfico de drogas.

Nos verbos prescrever e ministrar a forma culposa é prevista como


crime no art. 38 da Lei de Drogas (prescrição culposa de droga).

SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime comum, pois pode ser praticado


por qualquer pessoa (o dispositivo não exige nenhuma qualidade
especial do agente).

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Exceção: Em relação o verbo prescrever, entende-se que se


trata de crime próprio, pois somente o profissional da saúde
que pode prescrever substâncias pode praticá-lo.

BEM JURÍDICO:

 Bem jurídico primário: É a saúde pública.


 Bem jurídico secundário: Saúde individual das pessoas.

SUJEITOS PASSIVOS:

 Sujeito Passivo Primário: É a coletividade (trata-se de crime


vago).
 Sujeito Passivo Secundário: Crianças, adolescentes ou
pessoas sem capacidade de entendimento.

Obs.: A conduta de fornecer drogas a crianças e adolescentes


configura o tipo penal do art. 33 da Lei de Drogas. O art. 243 do ECA
consiste na conduta de fornecer qualquer outra substância, diferente
de droga, causadora de dependência física ou psíquica (cola de
sapateiro, por exemplo).

CONSUMAÇÃO: O crime se consuma com a prática de algum dos


núcleos do tipo penal.

Em alguns dos núcleos verbais há crimes permanentes, pois a


consumação se prolonga no tempo (ter em depósito, transportar,
trouxer consigo). CONSEQUÊNCIAS:

1. Nos crimes permanentes, entende-se o agente em


flagrante enquanto não cessar a permanência (art. 303
do CPP).
2. A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é
lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em
fundadas razões, devidamente justificadas “a posteriori”,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de
flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade
dos atos praticados (Informativo nº 806 do STF).

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3. Súmula nº 711, STF: Aplica-se a lei mais grave aos


crimes permanentes, se a sua vigência for anterior à
cessação da permanência.

TENTATIVA: Apesar de difícil ocorrência prática, em razão da grande


quantidade de núcleos, é possível, no verbo “adquirir”, por exemplo.

FLAGRANTE PREPARADO NO TRÁFICO DE DROGAS

Súmula nº 145, STF: Não há crime, quando a preparação do


flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

A Súmula trata dos delitos putativos por obra do agente provocador,


situação em que a polícia induz a prática do crime, mas se vale de
todos os meios necessários para evitar a consumação do delito.

Nessa situação, segundo o STF não haverá crime.

O flagrante preparado não se confunde com o flagrante esperado,


situação em que a polícia não induz a prática do delito, mas
simplesmente espera que ele aconteça. Ex.: Campana realizada
por policiais.

PECULIARIDADE: Em relação ao delito de tráfico de drogas,


entende-se que se a polícia tiver preparado o flagrante em relação a
umas das condutas, mas houver situação flagrancial preexistente em
relação a alguma das demais, será possível a prisão em flagrante.

ESTADO DE NECESSIDADE NO TRÁFICO DE DROGAS

A dificuldade do agente de manter a sua subsistência por meios


lícitos, ainda que decorrentes de doença grave, não justifica a prática
do crime de tráfico de drogas.

Para que se configure o ESTADO DE NECESSIDADE deve estar


presente o requisito da inevitabilidade do comportamento lesivo (o
comportamento lesivo deve ser o único meio capaz de salvar o bem
jurídico exposto a perigo).

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LAUDO PERICIAL PARA COMPROVAÇÃO DA MATERIALIDADE

A condenação por tráfico de drogas NÃO DEPENDE da apreensão da


droga. A ausência de apreensão da droga não torna a conduta atípica
se existirem outros meios de prova aptos a comprovarem o crime de
tráfico.

No entanto, se a droga for apreendida ela será submetida à perícia.


São duas espécies de perícia na Lei de Drogas.

 LAUDO CONSTATATÓRIO (ou laudo provisório): Para


efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e
estabelecimento da materialidade do delito no momento do
oferecimento da denúncia, é suficiente o laudo de constatação
da natureza e quantidade da droga, firmado por perito oficial
ou, na falta deste, por pessoa idônea (art. 50, §1º da Lei de
Drogas).

 EXAME QUÍMICO TOXICOLÓGICO (ou laudo definitivo):


Nos casos em que ocorre a apreensão da droga, o laudo
toxicológico definitivo é imprescindível à demonstração cabal da
materialidade delitiva e a consequente condenação do acusado.
Quando aos requisitos, observa-se a regra do CPP: Deve ser
realizado por perito oficial, portador de diploma de curso
superior. Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2
(duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso
superior preferencialmente na área específica, dentre as que
tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do
exame.

 QUESTÃO DE PROVA: o juiz pode condenar alguém


exclusivamente com base no laudo constatatório?

Como vimos, o laudo toxicológico definitivo é imprescindível à


demonstração cabal da materialidade delitiva e a consequente
condenação do acusado.

Todavia, o STJ entende que em situações excepcionais, a


comprovação da materialidade do crime possa ser feita pelo

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próprio laudo constatatório, quando ele permita grau de certeza


idêntico ao do laudo definitivo, pois elaborado por perito oficial, em
procedimento e com conclusões equivalentes (STJ, 3ª Seção, EREsp
1544057/RJ).

JURISPRUDÊNCIA:

 “A nulidade decorrente da juntada extemporânea do laudo


toxicológico definitivo somente pode ser reconhecida se ficar
comprovado prejuízo ao réu”. (STF, 1ª Turma, RHC
110429/MG).

 “Classifica-se como droga, para fins da Lei nº 11.343/06, a


substância apreendida que possua canabinoides (característica
da espécie vegetal Cannabis sativa), ainda que nela não haja
tetrahidrocanabidiol (THC)”.

D) CONDUTAS EQUIPARADAS AO TRÁFICO (art. 33, §1º)

Art. 33. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:

I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe


à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo
ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima,
insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;

O dispositivo prevê o TRÁFICO DE MATÉRIA-PRIMA, INSUMO OU


PRODUTO QUÍMICO DESTINADO À PREPARAÇÃO DE DROGA,
sem determinação ou em desacordo legal ou regulamentar.

a. Matéria-prima é a substância principal que se utiliza no


fabrico da droga. Ex.: Pasta base de cocaína.

b. Insumo é o elemento não necessariamente indispensável


para produzir droga. Ex.: Bicarbonato (somado aos
restos da cocaína dá origem ao crack).

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c. Produto químico é a substância resultante de uma


elaboração química. Ex.: Acetona (usada no refino da
cocaína).

É DISPENSÁVEL QUE POSSUA EFEITOS FARMACOLÓGICOS: Os


objetos materiais (matéria-prima, insumo ou produto químico) não
necessariamente precisam possuir efeitos entorpecentes, bastando
que sejam aptos a preparação de droga.

SUBSTÂNCIAS EVENTUALMENTE DESTINADAS À PRODUÇÃO


DA DROGA: A conduta compreende, além das substâncias
destinadas exclusivamente à preparação da droga, como as que
eventualmente são utilizadas com essa finalidade. Ex.: acetona.
Obs.: Deve haver comprovação de que as substâncias eram
destinadas a produção da droga.

NÃO SE EXIGE A FINALIDADE DE PRODUZIR A DROGA: O tipo


penal não exige a finalidade específica de produzir a droga, bastando
o conhecimento de que a pratica das condutas tem como finalidade
servir ao preparo da droga.

Questão de prova: a semente de maconha é matéria-prima para


produção de droga?

A 6ª Turma do STJ, no julgamento do REsp 1675709, alterou seu


posicionamento anterior e passou a entender que condutas
relacionadas a SEMENTES DE MACONHA não são crime.

O fundamento do entendimento foi a inexistência do princípio ativo


da maconha (THC) na semente e o entendimento jurídico de que não
a semente não seria matéria-prima, pela inviabilidade de produção da
droga diretamente com base na semente.

A 5ª Turma do STJ continua com o entendimento anterior no sentido


de que a conduta configura o crime do art. 33, §1º, I da Lei de
Drogas (tráfico de matéria-prima).

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Art. 33. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:

(...)

II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em


desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que
se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;

O dispositivo prevê o crime de CULTIVO DE DROGAS.

Resonde pelo delito quem semeia, cultiva ou faz colheita de plantas


que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.

Vale relembrar que se a finalidade for o consumo pessoal, a conduta


será equiparada ao porte de droga para consumo pessoal (art. 28,
§1º).

Além disso, se a finalidade da plantação for o uso compartilhado,


prevalece que se pode aplicar o art. 33, §3º da Lei de Drogas por
analogia.

EXPROPRIAÇÃO SANÇÃO: A CF/88 (art. 243) prevê a expropriação


como sanção para a conduta de utilizar glebas para a cultura ilegal de
plantas psicotrópicas.

Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região


do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas
psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da
lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a
programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao
proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei,
observado, no que couber, o disposto no art. 5º.

Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico


apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins e da exploração de trabalho escravo será
confiscado e reverterá a fundo especial com destinação
específica, na forma da lei.

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Art. 33. § 1o Nas mesmas penas incorre quem:

(...)

III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a


propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente
que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização
ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o
tráfico ilícito de drogas.

Responde por essa conduta equiparada ao tráfico de drogas quem


utiliza (ou consente que utilizem) local ou bem de que tem a posse,
administração, guarda ou vigilância para o tráfico ilícito de drogas.

Prevalece que é irrelevante a posse ser legítima ou ilegítima do local


ou bem.

É dispensável a finalidade de lucro, bastando que o agente saiba que


o local ou bem será utilizado para o tráfico.

JURISPRUDÊNCIA IMPORTANTE: É possível o confisco de todo e


qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do
tráfico de drogas, sem a necessidade de se perquirir a habitualidade,
reiteração do uso do bem para tal finalidade, a sua modificação para
dificultar a descoberta do local do acondicionamento da droga ou
qualquer outro requisito além daqueles previstos expressamente no
art. 243, parágrafo único da Constituição Federal (STF, Plenário, RE
638491/PR).

E) APOLOGIA DO CONSUMO DE DROGAS (art. 33, §2º)

§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de


droga: (Vide ADI nº 4.274)

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a


300 (trezentos) dias-multa.

Trata-se de crime autônomo.

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ELEMENTOS OBJETIVOS:

 Induzir: Criar uma ideia que não existia.


 Instigar: Reforçar ideia pré-existente.
 Auxiliar: É contribuir materialmente para o uso indevido da
drogas. Ex.: Fornecendo o dinheiro para a aquisição.
 Alguém ao uso indevido da droga: a consumação dispensa
o uso efetivo. Trata-se de crime formal.

IMPORTANTE! É NECESSÁRIO QUE A CONDUTA VISE PESSOA


CERTA E DETERMINADA. O incentivo genérico destinado a pessoas
genéricas e indeterminadas não configura o delito. Exemplo: vestir
camiseta com a folha da maconha não configura o delito.

ADI 4.274: O STF, no julgamento da ADI nº 4.274, decidiu, por


unanimidade, que deve ser dada ao dispositivo uma interpretação
conforme a constituição, para excluir qualquer significado que
enseje a proibição de manifestações e debates públicos acerca da
descriminalização ou legalização do uso de drogas ou de qualquer
substância que leve o ser humano ao entorpecimento episódico, ou
então viciado, das suas faculdades psico-físicas. A “marcha da
maconha” não configura crime, por exemplo.

F) USO COMPARTILHADO DE DROGAS (Art. 33, §3º)

Art. 33. § 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de


lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de


700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo
das penas previstas no art. 28.

A conduta de oferecer droga normalmente configura o crime de


tráfico de drogas. No entanto, havendo os elementos especializantes
do art. 33, §3º, esta norma deve ser aplicada em detrimento da
norma geral.

Trata-se de um tipo privilegiado de tráfico de drogas. ATENÇÃO! Não


se trata do chamado “tráfico privilegiado”, que é a causa de redução
da pena do art. 33, §4º, mas sim um tipo privilegiado de tráfico, pois

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é uma conduta que possui uma nova pena mínima e uma nova pena
máxima.

ELEMENTOS DO TIPO:

 Oferecer droga;

 Eventualmente: O oferecimento habitual configura o tráfico de


drogas.

 Sem objetivo de lucro (elemento subjetivo negativo do


tipo): Havendo finalidade lucrativa, direta ou indireta, haverá
tráfico (art. 33, caput).

 A pessoa de ser relacionamento: Não há necessidade de


parentesco, mas deve se tratar de pessoa conhecida do agente,
ligada a ele por meio de alguma relação, ao menos que de
coleguismo. Obs.: Oferecer a droga a pessoa recém-conhecida
é tráfico (art. 33, caput).

 Para juntos a consumirem (elemento subjetivo positivo).

OFERECIMENTO DE DROGA À INIMPUTÁVEL: Prevalece que


estará tipificado o crime ainda que o oferecimento seja à inimputável,
pois o tipo penal não restringe a conduta em relação aos imputáveis.
Todavia, há entendimento minoritário no sentido de que o
consentimento do inimputável não é válido e, portanto, a conduta iria
configurar o crime de tráfico de drogas (art. 33, caput).

G) “TRÁFICO PRIVILEGIADO” (Art. 33, §4º)

§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas


poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão
em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário,
de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa. (Vide Resolução nº 5, de 2012)

NATUREZA JURÍDICA: CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA.

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ÂMBITO DE APLICAÇÃO: Tráfico de drogas (art. 33) e condutas


equiparadas (art. 33, §1º).

REQUISITOS: O agente deve:


 Ser primário;
 Ter bons antecedentes;
 Não se dedicar a atividades criminosas;
 Não integrar organização criminosa.

Obs.: Tais requisitos são cumulativos e subjetivos.

DIREITO SUBJETIVO DO AGENTE: Preenchidos os requisitos, o juiz


deve conceder a redução da pena.

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO X TRÁFICO PRIVILEGIADO: O


delito de associação para o tráfico exige o ânimo de estabilidade e de
permanência, portanto, a condenação por esse crime evidencia a
dedicação do agente à atividade criminosa, inviabilizando, portanto, a
aplicação da causa de diminuição de pena inserta no § 4.º do art. 33
da Lei 11.343/2006 (STJ, HC nº 247.868 – RJ e STJ, 6ª Turma, REsp
1.199.671/MG).

MULA DO TRÁFICO: É a pessoa que faz o transporte da droga. O


próprio STF utiliza o termo “mula”. A atual jurisprudência dos
tribunais superiores tem prevalecido no sentido de que o simples fato
de o sujeito transportar a droga não gera a presunção de que ele
integra a organização criminosa ou que se dedique à atividade
criminosa, pois pode ter sido recrutado com a única finalidade o
transporte da droga (STF, HC 124107/SP e STJ, 5ª Turma, HC
387.077/SP).

Até mesmo porque, de acordo com o STJ, o juiz não pode deixar de
aplicar a causa de redução de pena do §4º do art. 33 da Lei de
Drogas se utilizando exclusivamente dos elementos descritos no
núcleo do referido tipo penal para concluir que o réu se dedicava à
atividade criminosa (STJ, 5ª Turma, HC 253.732/RJ).

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INCONSTITUCIONALIDADE DA VEDAÇÃO À SUBSTITUIÇÃO DA


PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA EM RESTRITIVA DE
DIREITOS: Em regra, cabe conversão da pena privativa de liberdade
em restritiva de direitos caso a pena aplicada na sentença seja de até
4 anos, praticado sem violência ou grave ameaça, desde que o
agente não seja reincidente em crime doloso e tenha boas
circunstâncias judiciais. Inicialmente, a Lei de Drogas vedou a
conversão para o crime de Tráfico de Drogas. No entanto o STF
decretou a inconstitucionalidade desse dispositivo, pois a análise da
possibilidade de conversão ou não cabe ao juiz, analisando o caso
concreto, e não ao legislador, sob pena de se ter violado o princípio
da individualização da pena.

O TRÁFICO PRIVILEGIADO (art. 33, §4º, Lei de Drogas) É


CRME EQUIPARADO A HEDIONDO? NÃO!

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: O Plenário do STF, em 2016,


decidiu por maioria de votos (8x3) que a causa de redução de pena
prevista no art. 33, §4º da Lei de Drogas (tráfico privilegiado) afasta
a hediondez do delito de tráfico de drogas (HC 118.533, STF).

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA: O STJ seguiu o entendimento


do STF e cancelou a Súmula nº 512, que trazia entendimento em
sentido contrário.

 PERGUNTA DE PROVA: A grande quantidade de droga,


isoladamente, impede a redução de pena prevista no art. 33,
§4º?

Prevalece o entendimento de que a quantidade de drogas encontrada


não constitui, isoladamente, fundamento idôneo para negar o
benefício da redução de pena previsto no art. 33, §4º da Lei de
Drogas. Nesse sentido: STF, 2ª Turma, RHC 138.715, julgado em
23/5/2017.

No entanto, a grande quantidade de drogas, a depender das


peculiaridades do caso concreto, é hábil a denotar a dedicação do
acusado a atividades criminosas e, consequentemente, a impedir a
aplicação da causa especial de diminuição de pena prevista no §4º do

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art. 33 da Lei de Drogas, porque indica maior envolvimento do


agente com o mundo das drogas (STJ, 6ª Turma, HC 351.976/SP).

JURISPRUDÊNCIA:

 O tráfico de drogas praticado por intermédio de adolescente


que, em troca da mercancia, recebia comissão, evidencia que o
acusado se dedicava a atividades criminosas, circunstância apta
a afastar a incidência da causa de diminuição de penal do art.
33, §4º.
 É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais
em curso para formação da convicção de que o réu se dedica a
atividades criminosas, de modo a afastar o benefício legal
previsto no art. 33, §4º.

H) TRÁFICO DE MAQUINÁRIOS (art. 34)

Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender,


distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar ou fornecer,
ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou
qualquer objeto destinado à fabricação, preparação, produção ou
transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 1.200


(mil e duzentos) a 2.000 (dois mil) dias-multa.

O crime do art. 34 da Lei de Drogas configura hipótese excepcional


de punição de ato preparatório. Basta possuir os petrechos para
fabricação, preparação, produção ou transformação de drogas para a
conduta ser punível.

CONDUTAS: Trata-se de tipo penal misto alternativo.

OBJETOS MATERIAIS:
 Maquinário; Destinados à fabricação,
 Aparelho; preparação, produção ou
 Instrumento; transformação de drogas.
 Qualquer objeto.

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IMPORTANTE! Não se exige que sejam maquinários destinados


exclusivamente a finalidade de preparação de drogas, qualquer
instrumento que no caso concreto se destine a ser utilizado para
tanto configura o delito. Ex.: Balança de precisão.

BEM JURÍDICO TUTELADO:

 Bem jurídico imediato: Saúde Pública.


 Bem jurídico mediato: Saúde individual das pessoas que
integram a sociedade.

SUJEITO ATIVO: Trata-se de crime comum.

SUJEITO PASSIVO: Coletividade.

QUESTÃO DE PROVA: o tráfico de drogas absorve o delito de


tráfico de maquinários?

O STJ analisou a situação em dois julgados distintos no ano de 2013.

 Informativo nº 531: “A prática do crime previsto no art. 33,


caput, da Lei de Drogas absorve o delito capitulado no art. 34
da mesma lei desde que não fique caracterizada a existência de
contextos autônomos e coexistentes aptos a vulnerar o bem
jurídico tutelado de forma distinta. Assim, responderá apenas
pelo crime do art. 33 (sem concurso com o art. 34), o agente
que, além de preparar para venda certa quantidade de drogas
ilícitas em sua residência, mantiver, no mesmo local, uma
balança de precisão e um alicate de unha utilizados na
preparação das substâncias. Isso porque, na situação em
análise, não há autonomia necessária a embasar a condenação
em ambos os tipos penais simultaneamente, sob pena de bis in
idem.

 Informativo nº 531: Responderá pelo crime de tráfico de


drogas (art. 33) em concurso com o art. 34 o agente que, além
de ter em depósito certa quantidade de drogas ilícitas em sua
residência para fins de mercancia, possuir, no mesmo local e
em grande escala, objetos, maquinários e utensílios que

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constituam laboratório utilizado para a produção, preparo,


fabricação e transformação de drogas ilícitas em grandes
quantidades. Não se pode aplica o princípio da consunção
porque nesse caso existe autonomia de condutas e os objetos
encontrados não seriam meios necessários nem constituíam
fase normal de execução daquele delito de tráfico de drogas,
possuindo lesividade autônoma para violar o bem jurídico.

CONCLUSÃO: O crime de tráfico de maquinários (art. 34 da Lei de


Drogas) é, em regra, subsidiário em relação ao crime de tráfico de
drogas. No entanto, se pela quantidade de petrechos destinados a
preparação de droga percebe-se que a conduta tem potencial para
lesionar o bem jurídico tutelado de forma autônoma, o art. 34 irá
configurar crime autônomo.

I) ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (art. 35)

Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,


reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33,
caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700


(setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre


quem se associa para a prática reiterada do crime definido no art. 36
desta Lei.

ELEMENTOS OBJETIVOS

 ASSOCIAREM-SE: A caracterização da associação para o


tráfico de drogas depende da demonstração do ânimo de
estabilidade e permanência entre duas ou mais pessoas. A
união ocasional e esporádica não configura o delito.

 DUAS OU MAIS PESSOAS: A associação de 2 pessoas já


configura o delito.

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O fato de uma das pessoas que integram a associação não ter sido
identificada não impede a caracterização do delito, caso haja prova
da efetiva associação.

 ELEMENTO SUBJETIVO ESPECÍFICO: COM O FIM DE


PRATICAR, REITERADAMENTE OU NÃO, O CRIME DE TRÁFICO
DE DROGAS, CONDUTA EQUIPARADA AO TRÁFICO, TRÁFICO
DE MAQUINÁRIOS E FINANCIAMENTO DO TRÁFICO: Deve
haver a finalidade específica de praticar os delitos acima
descritos.

Trata-se de crime autônomo: não é necessária a efetiva prática de


tais crimes para que se caracterize.

CONSUMAÇÃO: Trata-se de crime formal, pois se consuma com a


mera associação de duas ou mais pessoas com a finalidade da prática
dos delitos. A efetiva prática dos delitos é mero exaurimento do
crime.

Trata-se de crime permanente: enquanto as pessoas permanecerem


associadas o crime se considera em consumação.

NÃO HEDIONDEZ DA ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO (art. 35,


Lei de Drogas): Para os tribunais superiores, o crime de associação
para o tráfico não é equiparado a hediondo (STJ, 5ª Turma, HC
169.036/MS).

LIVRAMENTO CONDICIONAL NA ASSOCIAÇÃO PARA O


TRÁFICO: Apesar de a associação para o tráfico (art. 35 da Lei de
Drogas) não ser crime equiparado a hediondo, o prazo para obtenção
do livramento condicional é de 2/3 da pena, porque este requisito é
exigido pelo parágrafo único do art. 44 da Lei de Drogas.

ATENÇÃO! Não há previsão específica na Lei de Drogas quanto à


progressão de regime no crime de associação para o tráfico, razão
pela qual, não sendo o crime hediondo, o requisito para progressão
de regime no delito o cumprimento de 1/6 da pena.

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J) FINANCIAMENTO PARA O TRÁFICO (art. 36)

Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes


previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 20 (vinte) anos, e pagamento de 1.500


(mil e quinhentos) a 4.000 (quatro mil) dias-multa.

CONDUTA: Financiar ou custear a prática do crime de tráfico de


drogas, das condutas equiparadas ao tráfico ou do crime de
maquinários para o tráfico de drogas.

Importante! Verifica-se aqui exceção à aplicação da teoria monista


(todos que concorrem para o crime incidem na pena a ele cominada).
A intenção da Lei de Drogas foi aumentar a pena cominada à conduta
de quem financia ou custeia o tráfico de drogas.

CRIME HABITUAL: Prevalece o entendimento de que se trata de


crime habitual, que exige a reiteração da conduta para a consumação
(Nesse sentido o Rogério Sanches). Todavia há entendimento no
sentido de que se trata de crime instantâneo (Renato Brasileiro de
Lima).

AUTOFINANCIAMENTO: O financiamento ou custeio do crime de


tráfico praticado pelo próprio agente é crime meio para a prática do
tráfico e é, portanto, por ele absorvido (STJ, 6ª Turma, REsp
1.290.296/PR). Haverá, no entanto, a causa de aumento de pena do
financiamento ou custeio do tráfico.

K) COLABORAÇÃO COMO INFORMANTE PARA O TRÁFICO


(art. 37)

Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou


associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos nos
arts. 33, caput e § 1o, e 34 desta Lei:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e pagamento de 300
(trezentos) a 700 (setecentos) dias-multa.

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CONDUTA: Colaborar, como informante, com grupo, organização ou


associação destinados à prática dos crimes de Tráfico de Drogas,
Condutas Equiparadas e Tráfico de Maquinários.

Fogueteiro do tráfico é conduta típica, de informante (art. 37 da


Lei), houve readequação normativo-típica (HC 106.155/RJ, rel. Min.
Luiz Fux).

IMPORTANTE! A conduta do informante deve ser eventual. Se for


permanente e estável o agente integrará a associação para o tráfico e
responderá pelo crime de associação para o tráfico.

QUESTÃO DE PROVA: Considerando que o tipo fala em colaborar


com “grupo, organização ou associação”, se o indivíduo atua como
informante de um único traficante pratica o crime do art. 37?

SIM! Trata-se de analogia para beneficiar o réu (analogia in bonam


partem). Se o agente não respondesse pelo art. 37, responderia pelo
art. 33, na qualidade de partícipe. Ocorreria o seguinte: o informante
de uma organização teria uma pena muito menor do que o
informante de um único traficante.

L) PRESCRIÇÃO CULPOSA DE DROGAS (art. 38)

Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que


delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de


50 (cinquenta) a 200 (duzentos) dias-multa.

Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho


Federal da categoria profissional a que pertença o agente.

CONDUTA: Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas em três


situações:
1. Sem que delas necessite o paciente;
2. Em doses excessivas;
3. Em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

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ELEMENTO SUBJETIVO: Trata-se do único tipo culposo da Lei de


Drogas.

Trata-se de crime próprio, que somente pode ser praticado por


profissional da área da saúde que pode prescrever ou ministrar
drogas.

M)CONDUÇÃO DE EMBARCAÇÃO OU AERONAVE APÓS O


CONSUMO DE DROGA (art. 39)

Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de


drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, além da


apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição
de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade
aplicada, e pagamento de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) dias-
multa.

Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas


cumulativamente com as demais, serão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos
e de 400 (quatrocentos) a 600 (seiscentos) dias-multa, se o veículo
referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de
passageiros.

CONDUTA: Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de


drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem.

Trata-se de crime de perigo concreto.

SANÇÕES PENAIS:
 Detenção.
 Apreensão do veículo;
 Cassação da habilitação respectiva ou proibição de obtê-la pelo
mesmo prazo da pena privativa de liberdade.
 Multa.

FORMA QUALIFICADA: Incide uma qualificadora se o veículo for de


transporte coletivo de passageiros.

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11) CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (MAJORANTES)

Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são


aumentadas de um sexto a dois terços, se:

I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido


e as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do
delito;

Trata-se do tráfico transnacional de drogas.

Sendo um crime previsto em tratado internacional e havendo


transnacionalidade na conduta a competência para julgamento é da
Justiça Federal, nos termos do art. 109 da CF/88.

A atribuição investigativa é da Polícia Federal, pois se trata de


crime com repercussão internacional que exige repressão uniforme,
nos termos do art. 144, § 1º da CF/88.

Importante lembrar que para a incidência da majorante do tráfico


internacional é desnecessária a efetiva transposição das fronteiras,
bastando a intenção do agente em levar ou trazer a droga para outro
país.

II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou


no desempenho de missão de educação, poder familiar, guarda ou
vigilância;

Incide a causa de aumento de pena quando o agente praticar o crime


prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de
educação, poder familiar, guarda ou vigilância.

III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações


de estabelecimentos prisionais, de ensino ou hospitalares, de sedes
de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se
realizem espetáculos ou diversões de qualquer natureza, de serviços
de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de
unidades militares ou policiais ou em transportes públicos;

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 QUESTÃO DE PROVA: Se o agente leva a droga em


transporte público, mas não a comercializa dentro do meio
de transporte, incidirá a majorante do art. 40, III?

NÃO! A majorante do art. 40, III da Lei de Drogas somente deve ser
aplicada nos casos em que ficar demonstrada a comercialização
efetiva da droga em seu interior. É a posição pacífica do STF e STJ.

 QUESTÃO DE PROVA: Ocorrendo tráfico de drogas nas


imediações do estabelecimento prisional, incidirá a
majorante se o comprador não for detento nem pessoa que
frequentava o presídio?

SIM! A aplicação da causa de aumento de pena prevista no art. 40,


III da Lei de Drogas se justifica quando constatada a comercialização
de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimentos
prisionais, sendo irrelevante se o agente infrator visa ou não aos
frequentadores daquele local. Assim, se o tráfico de drogas ocorrer
nas imediações de um estabelecimento prisional, incidirá a causa de
aumento, não importando quem seja o comprador do entorpecente.

JURISPRUDÊNCIA RECENTE: A circunstância de o crime ter sido


cometido nas dependências de estabelecimento prisional não pode
ser utilizada como fator negativo para fundamentar uma pequena
redução da pena na aplicação da minorante prevista no §4º do art.
33 da Lei de Drogas e, ao mesmo tempo, ser empregada para
aumentar a pena como majorante do inciso III do art. 40.

Utilizar duas vezes essa circunstância configura indevido bis in idem.


Desse modo, neste caso, esta circunstância deverá ser utilizada
apenas como causa de aumento do art. 40, III, não sendo valorada
negativamente na análise do §4º do art. 33 (STJ, 5ª Turma, HC
313.677/RS).

IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça,


emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de intimidação
difusa ou coletiva;

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V - caracterizado o tráfico entre Estados da Federação ou entre estes


e o Distrito Federal;

Trata-se do tráfico interestadual de drogas.

Não havendo hipótese que leve a competência para a Justiça Federal,


a competência para julgamento é da Justiça Estadual.

A atribuição investigativa, todavia, é da Polícia Federal, pois se


trata de crime com repercussão interestadual que exige repressão
uniforme, nos termos do art. 144, § 1º da CF/88.

Súmula 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no


artigo 40, inciso V, da lei 11.343/06 é desnecessária a efetiva
transposição de fronteiras entre Estados da Federação, sendo
suficiente a demonstração inequívoca da intenção de realizar o tráfico
interestadual.

Interessante conhecer um julgado recente do STJ sobre o tráfico


interestadual (6ª Turma, HC 214.942/MT, julgado em 16/6/2016):

No tráfico ilícito de entorpecentes, é inadmissível a


aplicação simultânea das causas especiais de aumento
de pena relativas à transnacionalidade e à
interestadualidade do delito (art. 40, I e V, da Lei n.
11.343/2006), quando não comprovada a intenção do
importador da droga de difundi-la em mais de um estado
do território nacional, ainda que, para chegar ao destino
final pretendido, imperativos de ordem geográfica façam com
que o importador transporte a substância através de estados
do país. De fato, sem a existência de elementos concretos
acerca da intenção do importador dos entorpecentes de
pulverizar a droga em outros estados do território nacional,
não se vislumbra como subsistir a majorante prevista no inciso
V do art. 40 da Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) em
concomitância com a causa especial de aumento relativa à
transnacionalidade do delito (art. 40, I, da Lei de Drogas), sob
pena de bis in idem.

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VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou


a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída ou suprimida a
capacidade de entendimento e determinação;

A participação de menor pode ser considerada para configurar o


crime de associação para o tráfico (art. 35) e, ao mesmo tempo, para
agravar a pena como causa de aumento do art. 40, VI da Lei nº
11.343/06 (STJ, 6ª Turma, HC 250.455/RJ).

Além disso, a causa de aumento de pena do art. 40, VI pode ser


aplicada tanto para agravar o crime de tráfico de drogas (art. 33)
quanto para agravar o de associação para o tráfico (art. 35)
praticados no mesmo contexto. Não há bis in idem porque são delitos
diversos e totalmente autônomos, com motivação e finalidades
distintas (STJ, 6ª Turma, HC 250.455/RJ).

Quando o agente pratica algum dos crimes dos arts. 33 a 37 da Lei


de Drogas com menor de 18 anos, responderá pelo crime da Lei
nº 11.343/06 praticado com a majorante do art. 40, VI. Não
será punido por corrupção de menores do art. 244-B do ECA para
evitar bis in idem (STJ, 6ª Turma, REsp 1.622.781/MT).

VII - o agente financiar ou custear a prática do crime.

O crime de financiamento do tráfico (art. 36) é habitual, ou seja,


depende da reiteração da conduta. Se o financiamento for eventual o
agente responderá como partícipe do tráfico de drogas com a pena
majorada pelo art. 40, VII da Lei de Drogas.

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 Qual a consequência da presença de mais de uma


majorante?

Há duas correntes na doutrina:

 Para uma primeira corrente, deve ser aplicado por analogia in


bonam partem o art. 68, parágrafo único do Código Penal,
segundo o qual “No concurso de causas de aumento ou de
diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a
um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia,
a causa que mais aumente ou diminua”.

 Para a segunda corrente (majoritária), a quantidade de


causas de aumento na Lei de Drogas deve levar o juiz a fixar o
quantum de aumento mais próximo do máximo (2/3).

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ESTUDO DIRIGIDO

1) A Lei nº 11.343/06 pode ser aplicada ao tráfico de drogas


praticado antes de sua vigência?

2) A pena de multa na Lei de Drogas se sujeita ao limite máximo


da pena de multa previsto no Código Penal?

3) É correto afirmar que a Lei de Drogas é uma norma penal em


branco heterogênea? Por quê?

4) Qual a consequência jurídica da retirada de uma substância do


rol de substâncias proscritas da Portaria da Anvisa?

5) É possível a substituição da pena privativa de liberdade por


pena restritiva de direitos nos crimes da Lei de Drogas?

6) Quais crimes da Lei de Drogas admitem a liberdade provisória?

7) É possível ao juiz fixar o regime inicial semiaberto a um


condenado por crime de tráfico de drogas?

8) Quais são as circunstâncias que devem ser analisadas pelo juiz


na fixação das penas?

9) O grau de pureza da droga pode ser levado em consideração


pelo juiz na fixação da pena?

10) Qual a natureza jurídica da colaboração premiada na Lei


de Drogas? Quais são os seus requisitos?

11) Explique a inimputabilidade e a semi-imputabilidade


prevista na Lei de Drogas.

12) A destruição de plantações ilícitas pela autoridade policial


depende de autorização judicial? Qual o procedimento deve ser
seguido?

13) Para destruir drogas apreendidas é necessária a


autorização judicial? Qual o procedimento deve ser seguido?

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14) O porte de droga para consumo é crime?

15) A condenação de alguém por porte de droga para


consumo gera reincidência?

16) Quais são as condutas que configuram porte de droga


para consumo pessoal?

17) A quantidade de droga é sempre suficiente para


diferenciar o usuário do traficante?

18) De quem é o ônus de comprovar que a droga se destinava


ao consumo pessoal?

19) Quais são as penas do porte de drogas para consumo


pessoal?

20) Qual a consequência do descumprimento injustificado das


penas pelo usuário de drogas condenado?

21) Qual a consequência da reincidência no porte de drogas


para consumo pessoal?

22) É possível a aplicação do princípio da insignificância ao


porte de droga para consumo pessoal?

23) É possível a prisão em flagrante do usuário de drogas?

24) Cabe habeas corpus para discutir processo criminal


envolvendo unicamente o art. 28 da Lei de Drogas?

25) Qual o prazo prescricional do porte de droga para


consumo pessoal?

26) Quem cultiva droga para o consumo pessoal responde


criminalmente?

27) Oferecer droga é sempre tráfico de drogas?

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28) Quando se consuma o tráfico de drogas na modalidade


“adquirir” droga?

29) Para incidência da majorante do tráfico transnacional de


drogas é necessária a efetiva transposição da fronteira?

30) Para incidência da majorante do tráfico interestadual de


drogas é necessária a efetiva transposição da fronteira?

31) Para que se configure o crime de tráfico de drogas é


necessário que o agente tenha intuito de lucro?

32) Qual a diferença entre o crime de tráfico de drogas e o


crime do art. 243 do ECA?

33) Qual a jurisprudência do STF em relação à violação de


domicílio no caso de flagrante delito por tráfico de drogas
(Informativo nº 806, STF)?

34) Qual a peculiaridade do flagrante preparado no tráfico de


drogas?

35) É possível a alegação de estado de necessidade no tráfico


de drogas?

36) Quais são as espécies de perícias feitas em relação aos


crimes da Lei de Drogas?

37) O juiz pode condenar alguém exclusivamente com base


no laudo constatatório?

38) Quais são as condutas equiparadas ao tráfico de drogas?

39) A semente de maconha é matéria-prima para produção de


droga?

40) É possível o confisco de todo e qualquer bem de valor


econômico apreendido em decorrência do tráfico de drogas?

41) A marcha da maconha configura crime da Lei de Drogas?

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42) Quais são os requisitos do tráfico privilegiado?

43) O tráfico privilegiado é compatível com a associação para


o tráfico?

44) A mula do tráfico pode ser beneficiada com a redução de


pena do art. 33, §4º?

45) A causa de redução de pena prevista no art. 33, §4º da


Lei de Drogas (tráfico privilegiado) afasta a hediondez do delito
de tráfico de drogas?

46) A grande quantidade de droga, isoladamente, impede a


redução de pena prevista no art. 33, §4º?

47) É possível a utilização de inquéritos policiais e/ou ações


penais em curso para formação da convicção de que o réu se
dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o benefício
legal previsto no art. 33, §4º?

48) O tráfico de drogas absorve o delito de tráfico de


maquinários?

49) Qual conduta configura o crime de associação para o


tráfico?

50) O crime de associação para o tráfico é equiparado a


hediondo?

51) Qual o requisito para livramento condicional no crime de


associação para o tráfico?

52) Qual o requisito para progressão de regime no crime de


associação para o tráfico?

53) Qual a conduta configura o crime de financiamento do


tráfico?

54) Financiamento do tráfico é crime habitual?

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55) O agente que autofinancia o tráfico de drogas responde


por qual crime?

56) O fogueteiro do tráfico responde por qual crime?

57) Considerando que o tipo fala em colaborar com “grupo,


organização ou associação”, se o indivíduo atua como
informante de um único traficante pratica o crime do art. 37?

58) Se o agente leva a droga em transporte público, mas não


a comercializa dentro do meio de transporte, incidirá a
majorante do art. 40, III?

59) Ocorrendo tráfico de drogas nas imediações do


estabelecimento prisional, incidirá a majorante se o comprador
não for detento nem pessoa que frequentava o presídio?

60) Quando o agente pratica algum dos crimes dos arts. 33 a


37 da Lei de Drogas com menor de 18 anos responde por qual
crime?

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QUESTÕES ANTERIORES

1. (CESPE – 2018 – DPE/PE – DEFENSOR PÚBLICO) A


demonstração inequívoca da intenção do agente de realizar
tráfico entre estados da Federação é suficiente para a incidência
do aumento de um sexto a dois terços da pena para o crime de
tráfico de drogas, sendo desnecessária a efetiva transposição
da fronteira entre os estados.

2. (CESPE – 2018 – PCMA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA)


Indivíduo não reincidente que semeie, para consumo pessoal,
plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
produto capaz de causar dependência psíquica se sujeita à
penalidade imediata de
a) perda de bens e valores.
b) medida educativa de internação em unidade de tratamento.
c) advertência sobre os efeitos das drogas.
d) admoestação verbal pelo juiz.
e) prestação pecuniária.

3. (IESES – 2017 – IGP/SC – PERITO MÉSICO LEGISLTA) De


acordo com a Lei 11.343/06, que Institui o Sistema Nacional de
Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad, é correto afirmar que:

I. Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e


estabelecimento da materialidade do delito, é suficiente o laudo de
constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por perito
oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea.

II. O perito que subscrever o laudo de constatação da natureza e


quantidade da droga não ficará impedido de participar da elaboração
do laudo definitivo.

III. O local será vistoriado antes e depois de efetivada a destruição


das drogas apreendidas, sendo lavrado auto circunstanciado pelo
delegado de polícia, certificando-se neste a destruição total delas.

IV. A destruição de drogas apreendidas na ocorrência de prisão em


flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 (trinta)

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dias contado da data da apreensão, guardando-se amostra necessária


à realização do laudo definitivo.

Assinale a alternativa correta:

a) Apenas I, II e III estão corretas.


b) Apenas I e III estão corretas.
c) Todas estão corretas.
d) Apenas II e IV estão corretas.

4. (CESPE – 2017 – TRF 5ª REGIÃO – JUIZ FEDERAL


SUBSTITUTO) Ricardo, pai de família e esposo dedicado,
trabalhador empregado como serventuário da justiça à época
dos fatos, primário e de bons antecedentes, não integrante de
qualquer organização criminosa, foi surpreendido portando
cinquenta pinos de cocaína. Tendo Ricardo sido denunciado pela
prática de tráfico de drogas, a defesa requereu que fosse
aplicado o benefício da redução da pena previsto na legislação
especial, mas o juízo competente negou o pedido sob o
argumento de que o réu responde a outros inquéritos policiais e
ações penais, de forma que isso demonstraria que ele se dedica
a atividades criminosas. Durante o cumprimento da pena por
tráfico de drogas, Ricardo convenceu sua esposa, Adriana,
menor de idade, mãe dedicada, atendente de telemarketing,
primária e de bons antecedentes, não integrante de qualquer
organização criminosa, a receber, transportar e negociar trinta
quilos de maconha, a fim de saldar dívida do marido contraída
na prisão. Quando foi visitar o marido no presídio, Adriana
levou, ainda, alguns pinos de cocaína a um conhecido dele que
mora bem ao lado do estabelecimento prisional. Adriana foi
flagrada.

A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta à luz da


Lei Antidrogas.

a) A atuação de Adriana, por si só, induz à conclusão de que ela


integra a mesma organização criminosa que seu marido, sendo
prescindível a prova de seu envolvimento, estável e permanente, com

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o grupo criminoso, sendo suficiente para afastar a aplicação da


minorante prevista na legislação especial.
b) Como Adriana é adolescente, Ricardo responderá pelo crime de
tráfico de drogas em concurso com a corrupção de menores por tê-la
utilizado na prática do crime.
c) No que se refere à entrega da cocaína ao amigo de Ricardo
residente perto do presídio, não incide a causa de aumento prevista
na legislação especial, a qual só poderia ser aplicada se o comprador
do entorpecente fosse um dos detentos do estabelecimento.
d) A aplicação da causa de diminuição de pena prevista na
legislação especial não é capaz de afastar a hediondez do crime de
tráfico de drogas praticado por Ricardo.
e) Agiu corretamente o juízo ao negar o benefício de redução de
pena previsto na legislação especial, uma vez que é possível a
utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para a
formação da convicção do juiz, de modo a afastar o benefício legal.

5. (MPE/SP – 2017 – MPE/SP – PROMOTOR DE JUSTIÇA


SUBSTITUTO) Configurado o crime de tráfico de drogas
privilegiado (artigo 33, § 4°, da Lei n° 11.343/2006), a causa
de diminuição de pena será calculada segundo
a) as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu e a extensão de sua
confissão.
b) a extensão da organização criminosa integrada pelo réu.
c) o número de agentes implicados na conduta do réu.
d) a quantidade e a qualidade da droga apreendida.
e) a reincidência e os antecedentes do réu.

6. (CESPE – 2017 – PC/MT – DELEGADO DE POLÍCIA


SUBSTITUTO) Com referência aos parâmetros legais da
dosimetria da pena para os crimes elencados na Lei
n.°11.343/2006 — Lei Antidrogas — e ao entendimento dos
tribunais superiores sobre essa matéria, assinale a opção
correta.
a) A personalidade e a conduta social do agente não preponderam
sobre outras circunstâncias judiciais da parte geral do CP quando da
dosimetria da pena.
b) A natureza e a quantidade da droga são circunstâncias judiciais
previstas na parte geral do CP.

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c) A natureza e a quantidade da droga não preponderam sobre


outras circunstâncias judiciais da parte geral do CP quando da
dosimetria da pena.
d) A natureza e a quantidade da droga apreendida não podem ser
utilizadas, concomitantemente, na primeira e na terceira fase da
dosimetria da pena, sob pena de bis in idem.
e) As circunstâncias judiciais previstas na parte geral do CP podem
ser utilizadas para aumentar a pena base, mas a natureza e a
quantidade da droga não podem ser utilizadas na primeira fase da
dosimetria da pena.

7. (INSTITUTO AOCP – 2017 – SEJUS/CE – AGENTE


PENITENCIÁRIO) Analise as assertivas a seguir, de acordo
com o que estabelece a Lei n° 11.343/2006, e assinale a
alternativa que aponta a(s) correta(s).

I. Aquele que semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou


em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas
que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas
incorre nas mesmas penas do indivíduo que fabrica ou comercializa
drogas.

II. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer


consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido
às mesmas penas do indivíduo que fabrica ou comercializa drogas.

III. Conduzir embarcação ou aeronave, após o consumo de drogas,


expondo a dano potencial a incolumidade de outrem, constitui crime
punível com pena de detenção e aplicação de multa, sem prejuízo da
aplicação de outras sanções.

a) Apenas I e III.
b) Apenas II.
c) Apenas I.
d) Apenas II e III.

8. (CESPE – 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL)


Tendo como referência as disposições da Lei de Drogas (Lei n.º

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11.343/2006) e a jurisprudência pertinente, julgue o item


subsecutivo. Situação hipotética: Com o intuito de vender
maconha em bairro nobre da cidade onde mora, Mário utilizou o
transporte público para transportar 3 kg dessa droga. Antes de
chegar ao destino, Mário foi abordado por policiais militares,
que o prenderam em flagrante. Assertiva: Nessa situação,
Mário responderá por tentativa de tráfico, já que não chegou a
comercializar a droga.

9. (CESPE - 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL)


Tendo como referência as disposições da Lei de Drogas (Lei n.º
11.343/2006) e a jurisprudência pertinente, julgue o item
subsecutivo. Segundo o entendimento do STJ, em eventual
condenação, o juiz sentenciante não poderá aplicar ao réu a
causa de aumento de pena relativa ao tráfico de entorpecentes
em transporte público, se o acusado tiver feito uso desse
transporte apenas para conduzir, de forma oculta, droga para
comercialização em outro ambiente, diverso do transporte
público.

10. (CESPE - 2017 – DPU – DEFENSOR PÚBLICO


FEDERAL) Tendo como referência as disposições da Lei de
Drogas (Lei n.º 11.343/2006) e a jurisprudência pertinente,
julgue o item subsecutivo. Situação hipotética: José, ao
comercializar cocaína em espaço público, foi preso em
flagrante. Apesar de ele ser primário, o juiz sentenciante não
aplicou a causa de diminuição de pena referente ao
denominado tráfico privilegiado, sob o argumento de que o
réu se dedicava a atividades criminosas, conforme
evidenciado por inquéritos e ações penais em curso nos quais
José figurava como indiciado ou réu. Assertiva: Nessa
situação, de acordo com a jurisprudência do STJ, o juiz feriu
o princípio constitucional da presunção de inocência.

11. (FCC – 2017 – DPE/RS – ANALISTA PROCESSUAL)


Em relação ao chamado tráfico privilegiado, previsto no artigo
33, § 4° , da Lei n°11.343/2006, considerando-se também o
entendimento dos Tribunais Superiores, é correto afirmar que

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a) não admite a conversão da pena privativa de liberdade em


restritiva de direitos.
b) não admite suspensão condicional do processo.
c) admite transação penal.
d) não admite fiança.
e) exige cumprimento da pena em regime inicial fechado.

12. (CONSULPLAN – 2017 – TJMG – TITULAR DE


SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS) Sobre os crimes
previstos na Lei Antidrogas – Lei nº. 11.343/2006 , assinale a
alternativa correta:
a) O crime de associação para o tráfico, caracterizado pela
associação de duas ou mais pessoas para a prática de alguns dos
crimes previstos na Lei Antidrogas, é delito equiparado a crime
hediondo.
b) Segundo o disposto na Lei Antidrogas e na jurisprudência, o
crime de associação para o tráfico se consuma com a mera união dos
envolvidos, ainda que de forma individual e ocasional.
c) Aquele que colaborar, como informante, com grupo, organização
ou associação destinados à prática de qualquer dos crimes previstos
nos arts. 33,caput e § 1º, e 34 da Lei de Drogas, deverá responder
como partícipe do crime de tráfico de drogas.
d) O redutor de pena previsto no art. 46 da Lei nº. 11.343/2006 não
possui âmbito de incidência restrito aos crimes previstos na lei
antidrogas, podendo ser aplicado inclusive na hipótese de roubo,
desde que comprovada a semi-imputabilidade do agente.

13. (FCC – 2017 – POLITEC/AP - PERITO MÉDICO


LEGISTA) De acordo com a Lei Antidrogas, Lei n° 11.343/06:
a) Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, é crime punido
com detenção.
b) Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa
de seu relacionamento, para juntos consumirem, não é crime previsto
no ordenamento jurídico brasileiro.
c) Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o
médico atenderá à natureza e à quantidade da substância
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação,

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às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos


antecedentes do agente.
d) O usuário e o dependente de drogas que, em razão da prática de
infração penal, estiverem cumprindo pena privativa de liberdade ou
submetidos a medida de segurança, perderá os serviços de atenção à
sua saúde, definidos pelo respectivo sistema penitenciário.
e) Não é mais crime quem adquire ou traz consigo drogas para uso
pessoal.

14. (FCC – 2017 – PCAP – DELEGADO DE POLÍCIA) Com


relação ao sistema nacional de políticas públicas sobre drogas
e, ainda, com base na Lei n° 11.343/2006, considere:

I. A lei descriminalizou a conduta de quem adquire, guarda, tem em


depósito, transporta ou traz consigo, para consumo pessoal, drogas
em autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. Dessa forma, o usuário de drogas é isento de pena,
submetendo-se, apenas, a tratamento para recuperação.

II. Constitui causa de aumento de pena no crime de tráfico de drogas


o emprego de arma de fogo.

III. Equipara-se ao usuário de drogas, aquele que, eventualmente e


sem objetivo de obter lucro, oferece droga a pessoa de seu
relacionamento, para juntos a consumirem ou, ainda, quem induz,
instiga ou auxilia alguém ao uso indevido.

IV. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a


investigação policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do
produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um
terço a dois terços.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I, III e IV.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.

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e) I e II.

15. (FCC – 2017 – PCAP – DELEGADO DE POLÍCIA)


Sobre o crime de associação para fins de tráfico de drogas,
a) é necessária a estabilidade do vínculo entre 3 ou mais pessoas.
b) deverá se verificar, necessariamente, a finalidade de praticar
uma série indeterminada de crimes.
c) nas mesmas penas deste crime incorre quem se associa para a
prática reiterada do financiamento de tráfico de drogas.
d)incidirá na hipótese de concurso formal de crimes, a prática da
associação em conjunto com a do tráfico de drogas.
e) deverão os agentes, para sua configuração, praticar as infrações
para as quais se associaram.

16. (VUNESP – 2017 – DPE/RO – DEFENSOR PÚBLICO


SUBSTITUTO) Considere as duas descrições fáticas que
seguem: “induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido
de droga” e “oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de
lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem”. É correto afirmar que:
a) apesar de serem ambas criminalmente tipificadas, as respectivas
penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, desde que o
agente seja primário e não integre organização criminosa.
b) ambas são condutas criminalmente tipificadas, às quais não se
cominam penas restritivas de liberdade.
c) ambas são condutas criminalmente tipificadas e a primeira é mais
gravemente apenada que a segunda.
d) a primeira delas é conduta criminalmente tipificada, mas a
segunda não.
e) ambas são condutas equiparadas ao tráfico ilícito de
entorpecentes, inclusive no que concerne às penas.

17. (FAPEMS – 2017 – PCMS – DELEGADO DE POLÍCIA)


Analise o caso a seguir. Cumprindo mandados judiciais, o
Delegado Alcimor efetuou a prisão de Alceu, conhecido como
"Nariz" e considerado o líder de uma associação criminosa
voltada à prática de tráfico de drogas na região sul do país, e a
apreensão de seu primo Daniel, de dezessete anos, em quarto

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de hotel em que se hospedavam. Ambos, aliás, velhos


conhecidos da polícia pela prática de infrações pretéritas. No
local, a equipe tática encontrou drogas, dinheiro e celulares.
Com autorização judicial, o Delegado Alcimor acessou o
conteúdo de conversas, via WhatsApp, alcançando mais nomes
e os pontos da prática comercial ilícita. No total, seis pessoas
foram presas.

Com respaldo no caso e considerando o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça quanto ao crime do artigo 35 da Lei n°
11.343/2006, assinale a alternativa correta.

a) Por vedação expressa na Lei de Drogas, para o presente crime


não se admite a incidência de penas alternativas à prisão, não
obstante preenchidos os requisitos legais.
b) A associação para fins de tráfico de drogas é considerada crime
hediondo.
c) A prática criminosa pretendida não precisa ser reiterada, mas a
associação não pode ser eventual.
d) O envolvimento de um menor é indiferente para fins de
tipificação delitiva e não influencia no tocante à dosimetria da pena
do crime de associação criminosa.
e) Para a configuração do crime; exige-se efetivamente a prática do
tráfico de drogas.

18. (FCC – 2017 – PCAP – DELEGADO DE POLÍCIA)


Sobre o crime de associação para fins de tráfico de drogas,
a) é necessária a estabilidade do vínculo entre 3 ou mais pessoas.
b) deverá se verificar, necessariamente, a finalidade de praticar
uma série indeterminada de crimes.
c) nas mesmas penas deste crime incorre quem se associa para a
prática reiterada do financiamento de tráfico de drogas.
d) incidirá na hipótese de concurso formal de crimes, a prática da
associação em conjunto com a do tráfico de drogas.
e) deverão os agentes, para sua configuração, praticar as infrações
para as quais se associaram.

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19. FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – MA/ 2015) No delito de


tráfico de entorpecente a pena poderá ser reduzida de um sexto
a dois terços desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas e nem
integre organização criminosa.

20. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJPB/ 2015) O agente


reincidente pelo crime de porte de substâncias entorpecentes
sem autorização para consumo pessoal deve ser punido com as
penas de prestação de serviços à comunidade e medida
educativa de comparecimento a programa ou curso educativo,
cujo não cumprimento importará na conversão automática da
pena em privativa de liberdade.

21. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJPB/ 2015) Haverá


incidência de causa especial de aumento de pena sempre que
um dos crimes previstos na lei de entorpecentes for praticado
com emprego de arma de fogo.

22. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJDFT/ 2015) O crime


de associação para o tráfico, caracterizado pela associação de
duas ou mais pessoas para a prática de alguns dos crimes
previstos na Lei de Drogas, é delito equiparado a crime
hediondo.

23. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJDFT/ 2015) O crime


de porte de entorpecentes para consumo pessoal, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar, está sujeito aos prazos prescricionais do CP.

24. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJDFT/ 2015) Ao crime


de instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga, poderá
ser aplicada causa de redução de pena se o agente for primário,
tiver bons antecedentes e não se dedicar a atividades
criminosas ou integrar organização criminosa.

25. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJDFT/ 2015) Quanto


aos crimes previstos na Lei de Drogas, será isento de pena o
agente que, por ser dependente de drogas, for, ao tempo do

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fato, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito da ação


praticada.

26. (CESPE/ JUIZ SUBSTITUTO – TJDFT/ 2015) Os


crimes previstos na Lei de Drogas são insuscetíveis de anistia,
graça e indulto, sendo impossível, àqueles que os praticarem, a
concessão de liberdade provisória.

27. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJSC/ 2015) A


quantidade de droga apreendida não é um dos critérios legais
que norteiam a atividade do juiz em seu julgamento ao
tipificar determinada conduta no tráfico de entorpecentes.

28. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJSC/ 2015) O tráfico de


drogas, na modalidade de conduta guardar é considerado
crime permanente e com tipo misto alternativo, não havendo
necessidade de mandado judicial para prisão em flagrante no
interior de residência do traficante.

29. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJSC/ 2015) É isento de


pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o
efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga,
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha
sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.

30. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJSC/ 2015) O indiciado


ou acusado que colaborar voluntariamente com a
investigação policial e o processo criminal na identificação dos
demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação
total ou parcial do produto do crime, no caso de condenação,
terá pena reduzida de um terço a dois terços.

31. (FMP/ DEFENSOR PÚBLICO – PA/ 2015) Na aplicação


da pena deverão ser consideradas, com preponderância sobre
as circunstâncias previstas no art. 59 do Código Penal, a
natureza e a quantidade da substância ou do produto, a
personalidade e a conduta social do agente.

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32. (FMP/ DEFENSOR PÚBLICO – PA/ 2015) Conforme


entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal é
inconstitucional a vedação da liberdade provisória ao autor de
delito de tráfico de drogas.

33. (FMP/ DEFENSOR PÚBLICO – PA/ 2015) Não


caracteriza o crime de associação para o tráfico o fato de duas
ou mais pessoas se associarem para o fim de praticar o crime
de financiamento ou custeio do tráfico.

34. (FMP/ DEFENSOR PÚBLICO – PA/ 2015) Constituem


requisitos suficientes para a caracterização da forma
privilegiada do delito de tráfico de drogas, ser o agente
primário e não integrar organização criminosa.

35. (FMP/ DEFENSOR PÚBLICO – PA/ 2015) O indiciado


ou acusado que colabora voluntariamente com a investigação
policial e o processo criminal na identificação dos demais
coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou
parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena
reduzida de um terço a dois terços.

36. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRR/ 2015) É isento de


pena o agente que, em razão da dependência de droga, era, ao
tempo da ação ou omissão relacionada apenas aos crimes
previstos na própria lei, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

37. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRR/ 2015) Incide nas


penas do crime de associação para o tráfico quem se associa
para a prática reiterada de financiamento ou custeio do tráfico
de drogas.

38. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRR/ 2015) É de dois


anos o prazo de prescrição do crime de posse de droga para
consumo pessoal, não se observando as causas interruptivas
previstas no Código Penal.

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39. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRR/ 2015) O concurso


de agentes é causa de aumento da pena no crime de tráfico de
drogas.

40. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRR/ 2015) A aplicação


da causa de diminuição de pena prevista no art. 33, § 4°, da
Lei n° 11.343/06, conhecida como tráfico privilegiado, afasta a
hediondez do crime de tráfico de drogas, de acordo com
entendimento sumulado o Superior Tribunal de Justiça.

41. (FUNIVERSA/ AGENTE PENITENCIÁRIO - DF/ 2015)


Não há óbice legal à substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos aos condenados por crime de tráfico de
entorpecentes.

42. (FUNIVERSA/ AGENTE PENITENCIÁRIO - DF/ 2015)


De acordo com a jurisprudência do STJ, a quantidade e a
variedade de entorpecentes apreendidos em poder do acusado
de traficar drogas constituem circunstâncias hábeis a denotar a
dedicação às atividades criminosas, podendo impedir a
aplicação da causa de diminuição de pena prevista na lei de
combate às drogas.

43. (CESPE/ JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO/ 2015)


Caso um juiz considere condenar um réu que colaborou, como
informante, com uma organização voltada para o tráfico, como
consequência lógica, ele deverá condenar esse réu também
pela prática de associação para o tráfico.

44. (CESPE/ JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO/ 2015) Um


réu condenado por associação para o tráfico não pode ser
reconhecido como agente de tráfico privilegiado no mesmo
feito, haja vista a incompatibilidade de ordem objetiva
preconizada pela Lei Antidrogas.

45. (CESPE/ JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO/ 2015) No


que diz respeito a crime de tráfico internacional de drogas e
conforme entendimento sumulado de tribunal superior, o juiz,
ao reconhecer, em sua sentença, que a conduta do réu

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caracteriza tráfico privilegiado, não poderá impor a esse réu


pena abaixo do mínimo legal.

46. (CESPE/ JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO/ 2015) O


juiz pode aplicar causa majorante de pena de um sexto a dois
terços quando o crime de tráfico de drogas tiver sido
perpetrado com emprego ostensivo de arma de fogo para a
intimidação difusa ou coletiva. Se a arma tiver sido utilizada em
contexto diverso do de crime de tráfico, tratar-se-á de concurso
material de crimes.

47. (CESPE/ JUIZ FEDERAL – TRF 5ª REGIÃO/ 2015) O


ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas cometido
por adolescente, por si só, conduz obrigatoriamente à
imposição de medida socioeducativa de internação do jovem,
salvo na modalidade de tráfico privilegiado.

48. (FUNIVERSA/ PAPILOSCOPISTA – GO/ 2015) Terá a


pena reduzida o agente que, em razão da dependência, ou sob
o efeito, proveniente de caso fortuito ou força maior, de droga,
era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido
a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento.

49. (FUNIVERSA/ PAPILOSCOPISTA – GO/ 2015) Com a


entrada em vigor da Lei n.º 11.343/2006, houve
descriminalização (abolitio criminis) da conduta de porte de
substância entorpecente para consumo pessoal.

50. (FUNIVERSA/ PAPILOSCOPISTA – GO/ 2015) É


atípica a conduta de oferecer droga, eventualmente e sem
objetivo de lucro, à pessoa com quem se tem um
relacionamento, para juntos a consumirem.

51. (FUNIVERSA/ PAPILOSCOPISTA – GO/ 2015) Em se


tratando dos crimes previstos na Lei de Drogas, na fixação das
penas, deve-se considerar, entre outros, a natureza da
substância entorpecente, não fazendo a lei referência à
quantidade de droga apreendida.

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52. (FUNIVERSA/ PAPILOSCOPISTA – GO/ 2015) Caso o


acusado colabore voluntariamente com a investigação policial e
com o processo criminal na identificação dos demais coautores
do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime,
terá pena reduzida de um terço a dois terços, se for condenado.

53. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJGO/ 2015) A pena de


prestação de serviços à comunidade, no caso de condenação
por posse de droga para consumo pessoal, pode ser aplicada
pelo prazo máximo de dez meses, se reincidente o agente.

54. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJGO/ 2015) Configura


crime associarem-se mais de três pessoas, no mínimo, para o
fim de praticar, reiteradamente, o tráfico de drogas.

55. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJGO/ 2015) É de três


anos o prazo de prescrição no crime de posse de droga para
consumo pessoal, adotado o menor prazo previsto no Código
Penal.

56. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJGO/ 2015) Constitui


crime a organização de manifestação favorável à legalização do
uso de drogas.

57. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJGO/ 2015) É vedada a


substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de
direitos no caso de condenação por tráfico de drogas, ainda que
se trate da chamada figura privilegiada do delito.

58. (FUNIVERSA/ AGENTE PENITENCIÁRIO - GO/ 2015)


A Lei n.º 11.343/2006 fez referência genérica à expressão
“droga”, devendo por isso ser complementada por outra norma.
É correto afirmar que se trata de norma penal em branco
homogênea.

59. (FUNIVERSA/ AGENTE PENITENCIÁRIO - GO/ 2015)


Para determinar se a droga destina-se a consumo pessoal, o
juiz deverá atender à natureza, à quantidade da substância
apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a

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ação; a lei veda expressamente que as circunstâncias pessoais


e os antecedentes do agente sejam levados em consideração
para tais fins.

60. (FUNIVERSA/ AGENTE PENITENCIÁRIO - GO/ 2015)


Segundo a lei, quando imposta a pena de prestação de serviços
à comunidade, ela será cumprida em programas comunitários,
entidades educacionais ou assistenciais, hospitais,
estabelecimentos congêneres, públicos ou privados, sem fins
lucrativos, que se ocupem, preferencialmente, da prevenção do
consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de
drogas.

61. (CESPE/ DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO/ 2015)


Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com
Carla, sua parceira eventual, substância entorpecente que
traga consigo para uso pessoal, julgue o item que se
segue. Carlo responderá pela prática do crime de
oferecimento de substância entorpecente, sem prejuízo da
responsabilização pela posse ilegal de droga para consumo
pessoal.

62. (CESPE/ DEFENSOR PÚBLICO DA UNIÃO/ 2015)


Considerando que Carlo, maior e capaz, compartilhe com
Carla, sua parceira eventual, substância entorpecente que
traga consigo para uso pessoal, julgue o item que se
segue. A conduta de Carlo configura crime de menor
potencial ofensivo.

63. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015) O


artigo 28 dessa Lei não mais prevê pena corporal para o
usuário de drogas e não mais considera crime a conduta de
quem é surpreendido usando drogas.

64. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015) O


crime de associação para o tráfico de drogas exige a presença
de pelo menos quatro agentes, podendo haver, dentre eles,
menores de idade.

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65. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015) A


conduta daquele que semeia ou cultiva plantas que constituam
matéria prima para a preparação de drogas, sem autorização
legal, não caracteriza crime regulado por essa Lei, mas sim
crime ambiental.

66. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015) O


agente que oferece drogas de forma gratuita para terceiro
consumir, não pratica o crime do artigo 33 dessa Lei, o qual
exige lucro.

67. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015)


Agente primário, de bons antecedentes e que não integre
organizações criminosas e nem se dedique a atividades
criminosas, condenado por tráfico de drogas, poderá ter sua
pena reduzida até 2/3.

68. (VUNESP/ INSPETOR DE POLÍCIA – PCCE/ 2015)


Aquele que oferece droga, eventualmente e sem objetivo de
lucro, à pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem, pratica crime de menor potencial ofensivo.

69. (IBFC/ PAPILOSCOPISTA – PCRJ/ 2014) Segundo o


entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, a
aplicação da causa de diminuição de pena no crime de tráfico
ilícito de entorpecentes, pelo fato de o agente ser primário, de
bons antecedentes, não se dedicar a atividades criminosas e
não integrar organização criminosa, previsto no art. 33, § 4º,
da Lei n. 11.343/2006 não afasta a hediondez do crime de
tráfico de drogas.

70. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – PB/ 2014) O crime de


posse de drogas ilícitas para consumo pessoal tem prazo
prescricional ordinário de dois anos.

71. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – PB/ 2014) O crime de


associação para fins de tráfico reclama a composição mínima de
3 agentes.

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72. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – PB/ 2014) No tráfico de


drogas é vedada a conversão em penas restritivas de direitos,
mesmo se cabível à luz dos critérios da parte geral do Código
Penal.

73. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – PB/ 2014) A oferta


gratuita de drogas não caracteriza a traficância.

74. (CESPE/ ANALISTA – CÂMARA DOS DEPUTADOS/


2014) O delito de associação para o tráfico é considerado
crime hediondo na legislação penal brasileira.

75. (IESES/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJMS/ 2014) O cumprimento da pena no crime de Tráfico de
Drogas, por ser crime equiparado a hediondo, deverá iniciar-se
no regime fechado, vedada a conversão em penas restritivas de
direitos, segundo entendimento majoritário do Supremo
Tribunal Federal.

76. (IESES/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJMS/ 2014) Para ter a pena reduzida de 1/6 (um sexto) a
2/3 (dois terços), (art. 33, §4º da Lei 11.343/03) o agente que
pratica Tráfico de Drogas deverá ser primário, não se dedicar a
atividades criminosas, nem integrar organização criminosa e
não ser reincidente específico em tráfico de drogas.

77. (FCC/ PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-PA/ 2014)


Com relação ao controle penal das drogas, segundo o
entendimento hoje dominante no Superior Tribunal de Justiça,
todas as pessoas que foram condenadas por tráfico de drogas
tem que cumprir 3/5 (três quintos) da pena privativa de
liberdade respectiva, se reincidentes, para postularem sua
progressão de regime prisional.

78. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJSE/ 2014) Um agente pode ser processado e condenado por
tráfico privilegiado, em concurso material com associação para
o tráfico, por serem autônomos os crimes.

79. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJSE/ 2014) Em relação ao crime de tráfico de drogas, é

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necessária a efetiva transposição da fronteira estadual para a


incidência da causa de aumento de pena.

80. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJSE/ 2014) O juiz poderá conceder o perdão judicial ou
reduzir a pena pela delação premiada, se o réu colaborar de
forma efetiva e voluntária e a relevância da informação
prestada contribuir, de fato, com as investigações ou com o
processo, por meio da identificação dos corréus e partícipes do
crime de tráfico de drogas.

81. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJSE/ 2014) A segregação cautelar do preso acusado da
prática dos crimes atinentes ao tráfico ilícito de entorpecentes
não pode ser afastada, haja vista o impeditivo legal previsto na
referida lei, que veda a liberdade provisória.

82. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJSE/ 2014) Em caso de crime de tráfico de drogas, não se
admite a substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, ainda que o réu seja primário, com bons
antecedentes e não se dedique a atividade criminosa nem
integre organização criminosa.

83. (CESPE/ ANALISTA JUDICIÁRIO – TJSE/ 2014)


Ainda que presentes os requisitos subjetivos e objetivos
previstos no Código Penal, é vedado ao juiz substituir a pena
privativa de liberdade por pena restritiva de direitos na hipótese
de condenação por tráfico ilícito de drogas.

84. (FCC/ JUIZ SUBSTITUTO – TJAP/ 2014) Estritamente


em vista do advento da Lei nº 11.343/2006, precisamente no
seu artigo 28, surgiu o forte entendimento de que nosso
sistema normativo, desde então, teria descriminalizado a
conduta de trazer consigo drogas ilícitas destinadas
exclusivamente para consumo pessoal, eis que a Lei de
Introdução ao Código Penal dispõe expressamente que crime é
aquela conduta a que a lei comina pena de reclusão ou
detenção, o que não ocorre em relação à conduta em foco.

85. (CESPE/ ANALISTA – CÂMARA DOS DEPUTADOS/


2014) O comércio de substâncias entorpecentes sem
autorização ou em desacordo com determinação regulamentar,
praticado por bombeiro militar uniformizado, mediante o uso de
sua viatura para o transporte das substâncias e com uso

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ostensivo de arma de fogo, permite a majoração da pena-base


do delito de tráfico de um sexto a dois terços.

86. (CESPE/ ANALISTA JUDICIÁRIO – STF/ 2013)


Equipara-se à figura delitiva do tráfico ilícito de substância
entorpecente a conduta daquele que oferece droga, sem
objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento para juntos a
consumirem.

87. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – DPE-SP/ 2013) O


tráfico ilícito de entorpecentes é inafiançável, imprescritível e
insuscetível de graça, indulto e anistia por disposição
constitucional.

88. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – DPE-SP/ 2013) A


dependência de drogas não pode excluir a culpabilidade nos
crimes contra o patrimônio.

89. (FCC/ DEFENSOR PÚBLICO – DPE-SP/ 2013) O


descumprimento reiterado da pena do crime de porte de drogas
para uso pessoal acarreta sua conversão em pena privativa de
liberdade.

90. (CESPE/ AGENTE DE POLÍCIA – PRF/ 2013) Caso


uma pessoa injete em seu próprio organismo substância
entorpecente e, em seguida, seja encontrada por policiais,
ainda que os agentes não encontrem substâncias entorpecentes
em poder dessa pessoa, ela estará sujeita às penas de
advertência, prestação de serviço à comunidade ou medida
educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

91. (VUNESP/ JUIZ SUBSTITUTO – TJRJ/ 2013) A


respeito do agente que traz consigo drogas sem autorização ou
em desacordo com determinação legal ou regulamentar, é
correto afirmar que será isento de pena se, em razão da
dependência da droga, ao tempo da ação não possuía plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato.

92. (MPDFT/ PROMOTOR DE JUSTIÇA/ 2013) Na figura


privilegiada do tráfico de entorpecentes, em que o agente
oferece a substância, para uso compartilhado, à pessoa de seu
relacionamento, de forma esporádica e sem intuito de lucro, o
crime se consuma ainda que não haja efetivo uso do
entorpecente por quem quer que seja.

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93. (CESPE/ DELEGADO DE POLÍCIA – DPF/ 2013) Na


Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente que
oferte drogas, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa
do seu relacionamento, para juntos a consumirem, não sendo
estabelecida distinção entre a oferta dirigida a pessoa
imputável ou inimputável.

94. (CESPE/ DEFENSOR PÚBLICO – DPE-DF/ 2013) O


reincidente específico em tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins poderá pleitear o livramento condicional após
cumprir dois terços da sua pena privativa de liberdade.

95. (CESPE/ TITULAR DE SERVIÇOS NOTARIAIS –


TJRR/ 2013) Para a incidência da causa de aumento de pena
consistente no tráfico interestadual de entorpecente, basta que
haja evidências de que a substância entorpecente tenha como
destino qualquer ponto além das fronteiras estaduais, não
sendo necessária, portanto, a efetiva transposição da divisa
entre os estados.

96. (MPE-MS/ PROMOTOR DE JUSTIÇA/ 2013) Quem,


depois de consumir cocaína e sob efeito dessa substância,
pilota pequena aeronave de sua propriedade, colocando em
risco a incolumidade outrem, com manobras perigosas que
fazia, comete ilícito previsto na Lei Antidrogas.

97. (MPE-MS/ PROMOTOR DE JUSTIÇA/ 2013) Quem,


para consumo pessoal, semeia plantas destinadas à preparação
de pequena quantidade de substância capaz de causar
dependência psíquica pode ser submetido à medida educativa
de comparecimento a programa ou curso educativo.

98. (UEPA/ DELEGADO DE POLÍCIA – PCPA/ 2013)


Indivíduo que empresta dinheiro ao irmão traficante, uma única
vez, com o objetivo de completar a quantia necessária para
comprar certa quantidade de drogas, para revenda, deve
responder pelo crime de financiamento do tráfico.

99. (CESPE/ TÉCNICO JUDICIÁRIO – TJAC/ 2012)


Suponha que Manoel, penalmente capaz, em caráter eventual e
sem fins lucrativos, forneça droga ao amigo Carlos, também
imputável, e, juntos, sejam flagrados pela polícia no momento
do uso e que Manoel, de pronto, alegue a posse da substância,
afirmando tê-la fornecido ao amigo gratuitamente. Nessa

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situação, a conduta de Manoel configura o tipo penal


privilegiado do tráfico ilícito de entorpecentes, que tem por
finalidade abrandar a punição daquele que compartilha
substância entorpecente com amigos.

100. (CESPE/ DELEGADO DE POLÍCIA – PCAL/ 2012) Para


a materialidade do crime de tráfico ilícito de entorpecentes
pressupõe-se a apreensão da droga, todavia, o mesmo não
ocorre para o crime de associação para o tráfico, cuja
materialidade pode advir de outros meios de prova.

101. (CESPE/ DELEGADO DE POLÍCIA – PCAL/ 2012) O


comércio ilegal de drogas envolvendo mais de um estado faz
surgir o tráfico interestadual de entorpecentes, deslocando-se a
competência para apuração e atuação da Polícia Federal,
todavia, a competência para processar e julgar o criminoso
continua a ser da justiça estadual.

102. (FCC/ PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-AL/ 2012) No


caso de posse de drogas para consumo pessoal, a pena de
prestação de serviços pode ser aplicada pelo prazo máximo de
10 (dez) meses, se reincidente o agente.

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GABARITO

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
C C A E D D A E C E

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
B D A D C C C C C E

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
E E E E C E E C C C

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
C C C E C E C E E E

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
C C E E E C E E E E

51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
E C C E E E E E E C

61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
C C E E E E C C C C

71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
E E E E E E E E E E

81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
E E E C C E E E E E

91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
E C C E C C C E C C

101 102
C C

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