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Muitas empresas reconhecem hoje que seus sistemas de custos são inadequados à acirrada
concorrência atual. Sistemas projetados essencialmente para a avaliação do estoque destinada
a demonstrativos financeiros e fiscais não estão fornecendo aos administradores as
informações acuradas e oportunas de que necessitam para promoverem eficiências
operacionais e medirem os custos dos produtos.
Em resposta, eles vêm tentando reprojetar seus presentes sistemas, mas os resultados têm sido
desapontadores:
* KAPLAN, R.S. One cost system isn't enough. Harvard Business Review, v. 66, n.1, p. 61-66, Jan./Feb.
1988.
novo sistema, porque eles agora só poderiam ver os custos padrão dos produtos. Eles
haviam perdido as informações sobre os custos reais fornecidas pelo antigo sistema.
Após vários anos de brigas, a empresa reformulou o novo sistema para recapturar o
produto final do antigo sistema.
Por que tantas empresas estão passando por estas dificuldades? Os projetistas de sistemas de
custo não reconhecem que seus sistemas precisam abordar três funções diferentes:
Muitas empresas conhecem bem as conseqüências deste dilema. Os custos operacionais são
reportados muito tarde e são demasiadamente agregados para que possam beneficiar os
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supervisores da produção. Os administradores devem utilizar as estimativas de custos dos
produtos que enfocam o componente dos custos menos importante - mão-de-obra direta - e
ignorar as despesas envolvidas no projeto, no marketing, na distribuição e na prestação de
assistência técnica a produtos.
As empresas já não podem mais arcar com sistemas de custos que só funcionam bem na
avaliação do estoque para relatórios financeiros. Nenhum sistema único pode cobrir
adequadamente as três funções. As demandas de cada uma diferem em termos da freqüência
dos relatórios, do grau de alocação, da natureza da variabilidade dos custos, do escopo do
sistema e do grau de objetividade (ver anexo).
A empresa de produtos químicos do primeiro exemplo saiu-se melhor que a maioria: ela pelo
menos possuía um sistema independente de seu método para a avaliação do estoque.
Inicialmente, o sistema estimava os custos dos produtos; subseqüentemente, a empresa
modificou para melhorar o controle operacional. De modo semelhante, a empresa de
máquinas pesadas possuía um bom sistema independente para controle operacional, muito
embora não tivesse condições de fazer uma boa estimativa dos custos dos produtos. Existem
muitas empresas cujos sistemas de custos não se adequam a nenhuma função. Os executivos
precisam compreender melhora as diferentes demandas das três funções do sistema de custos.
AVALIAÇÃO DO ESTOQUE
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fazem com relação aos recursos da empresa. Os auditores não irão questionar estimativas da
avaliação do estoque ou do custo das vendas meramente porque a empresa utilizou um
método simplista agregado para a atribuição de custo de despesas indiretas a produtos.
Contanto que a divisão de custos entre artigos vendidos e artigos ainda em estoque seja
razoavelmente precisa, no todo, as necessidades de relatórios terão sido atendidas.
O sistema de custos para relatórios externos não fornece, contudo, aos administradores
informações relevantes sobre os custos dos produtos e sobre a avaliação do desempenho.
CONTROLE OPERACIONAL
Obviamente, não ajuda muito a obtenção de relatórios sobre custos mensais para uma
operação que produz muitas peças por segundo. Um gerente que controla o trabalho por hora
e por dia não deseja receber um relatório de varianças agregadas no meio do mês
subseqüente. Igualmente óbvio, relatórios sobre custos diários ou semanais confundiriam
departamentos que levam vários meses para montarem uma máquina complexa ou para
realizarem pesquisa básica.
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Para operações controladas por computador, os dados digitais podem ser obtidos para o
registro do quê, de quando e de quanto foi produzido. As empresas não precisam mais coletar
dados sobre a produção com cronômetros, relógios de ponto e tabuletas. A leitura automática
de código de barras das peças combinada com redes de áreas locais permitem o
acompanhamento continuo de peças e operações. Sistemas de controle de custos podem
registrar estes dados e fornecer relatórios acurados freqüentes sobre a produção final e o
consumo de recursos reais.
Flutuações de Custos. O controle operacional efetivo exige uma compreensão dos custos
que são fixos dos custos que se modificam com variações a curto prazo na atividade. Esta
forma de separação de custos permite a preparação de orçamentos flexíveis que ajustam
mudanças nos níveis de atividade com base no consumo de mão-de-obra, materiais, tempo
das máquinas, energia e serviços de apoio.
Todavia, uma vez que uma empresa separa seu sistema para a avaliação do desempenho
operacional do sistema empregado na avaliação do estoque, ela não precisa alocar custos
comuns ou incontroláveis a centros de custos individuais. Apenas os custos diretamente
relacionados a ações adotadas dentro de um centro de custos, e cujo consumo pode ser
mantido com precisão ao nível do centro de custos, devem ser reportados periodicamente ao
gerente de unidade.
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Por exemplo, a demanda de um centro de custos medida em termos de KWH de eletricidade
deve ser atribuída a este centro. Mas, caso a medição seja difícil, uma empresa não irá
melhorar as atividades de controle de custos alocando uma despesa com energia ao âmbito da
fábrica como um todo a centros de custos.
Evitando alocações, o relatório das operações pode ser baseado em dados objetivos e
acurados sobre o consumo de recursos do centro de custos durante um período. Estimativas
aleatórias da quantidade de mão-de-obra, do tempo de máquinas e dos recursos de apoio
utilizados não ajudam os esforços dos gerentes no sentido de melhorarem a produtividade e a
eficiência. Além disso, os relatórios das operações preenchidos com custos estimados e
alocados desviam os gerentes de centros de custos de suas responsabilidades prioritárias para
a supervisão e o controle de eficiências de produção e para o aprimoramento da
produtividade. Se os escritórios centrais ocasionalmente precisarem que os gerentes de
unidades ajudem no controle dos custos incorridos pela divisão inteira ou pela companhia,
eles podem alocar custos comuns ao centro de custos - numa base de uma única vez
meramente com fins de informação.
No entanto, mesmo o sistema operacional mais bem projetado e implementado pode ser útil
para a avaliação dos custos dos produtos. Pegue a experiência de uma empresa na indústria
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de transportes: por volta do final da década de 60, a empresa desenvolveu uma extensa rede
para acumular e reportar custos em cada um de seus mais de cinco mil centros de custos; ela
os resumia por diferentes classificações, regiões geográficas e grau de autoridade para todos
os níveis de administração. Através de uma comparação dos custos operacionais com o
orçamento e com os mesmos períodos no ano anterior, o sistema fornecia um instrumento
excelente para o aprimoramento da produtividade e do controle do custo. Depois, a
eliminação dos controles regulatórios - e a concorrência de preços - atingiu a empresa. Os
executivos compreenderam que nenhuma das informações contidas em seu sistema
elaborado de relatórios poderia ajudá-los na estimativa dos custos dos produtos. Sem o
conhecimento dos custos dos produtos, a nova liberdade para a cotação de preços e para a
entrada ou para a saída de mercados poderia ter sido desastrosa. Felizmente, a empresa
desenvolveu sistemas inteiramente novos para estimativa dos custos dos produtos e para a
avaliação da rentabilidade dos produtos e das linhas de produtos. A empresa atualmente está
prosperando em seu meio desprovido de controles regulatórios.
Sistemas tradicionais de custos padrão em empresa de fabricação são projetados não para
avaliação precisa dos custos dos produtos, mas para a avaliação do estoque. Os custos padrão
geralmente não tem nenhuma relação com os recurso consumidos no projeto, na produção, na
comercialização e na entrega do produto. Existem casos em que um sistema mais preciso
revela que produtos gerando altos lucros de acordo com o sistema de custos padrão - com
margens indicadas de mais de 45% - estavam na verdade perdendo dinheiro. Assim, análises
criteriosas de despesas de marketing e de distribuição demonstraram que linhas de produtos,
anteriormente consideradas apenas no ponto de equilíbrio, estavam, na realidade, dentre as
mais rentáveis da empresa.
Custos de produtos seriamente distorcidos podem levar os gerentes a optarem por uma
estratégia competitiva perdedora, desenfatizando e cobrando preços excessivos por produtos
altamente rentáveis e expandindo compromissos com linhas complexas não rentáveis. A
empresa persiste na estratégia perdedora porque os executivos não possuem nenhuma fonte
alternativa de informações que sinalize quando os custos dos produtos estão distorcidos.
Somente após muitos anos de parcela de mercado declinante e rentabilidade reduzida, os
gerentes ficarão sabendo como custos de produtos errôneos resultem em decisões
insatisfatórias sobre fixação de preços e sobre o mix dos produtos.
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para os recursos nestas áreas, do custo da execução do trabalho e da quantidade de trabalho
exigida por produtos individuais.
Estimativas dos custos dos produtos não terão a precisão de cinco e seis dígitos reportada por
um sistema de custos padrão. Elas também serão mais subjetivas e menos precisas que as
avaliações em um sistema de controle operacional. Executivos de empresas com múltiplos
produtos terão sorte se o primeiro dígito em suas estimativas dos custos dos produtos for
válido, e eles podem fazer uma suposição razoavelmente satisfatória do segundo. Mas as
estimativas irão aproximar-se realisticamente das demandas a longo prazo que cada produto
faz com relação aos recursos da organização.
Variabilidade dos Custos. Uma empresa deve basear grande parte de suas decisões
importantes sobre produtos em estimativas dos custos variáveis a longo prazo de produtos
individuais1. Se os custos são fixos ou cariáveis depende, é claro, do horizonte de tempo do
observador. A curto prazo, virtualmente todos os custos são fixos: os materiais já foram
adquiridos, a energia já foi ligada e os operários já chegaram para mais um dia de trabalho. A
longo prazo, contudo, os custos tornam-se variáveis: as máquinas e as fábricas podem ser
vendidas ou desativadas, os supervisores podem ser transferidos.
2 Ver MILLER, J.; VOLLMAN, T. The hidden factory. Harvard Business Review, v. 63, n. 5, Sept./Oct.
1985, p. 142.
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Para refletir estes custos, o sistema deve incluir não somente medidas tradicionais
relacionadas ao volume para designar custos a produtos, como, por exemplo, horas de
máquinas de mão-de-obra ou quantidade de materiais, mas também medidas que contam
preparações, inspeções, recebimentos, peças, fornecedores e pedidos de mudanças técnicas. O
esquema deve terminar como os custos indiretos de produção variam a longo prazo, tanto
com relações ao volume de produção como com relação às atividades necessárias para a
produção de múltiplos itens na mesma instalação.
O sistema de custos dos produtos pode ignorar apenas duas classes de custos - despesas
incorridas que beneficiam produtos futuros, como pesquisa básica ou desenvolvimento, e as
despesas de capacidade ociosa ou não utilizada. Normas existentes de contabilidade
financeira exigem que a pesquisa básica e o desenvolvimento tenham suas despesas orçadas a
cada período. Mas com propósitos gerenciais, P&D devem ser considerados investimentos
em produtos futuros, e não custos de produtos atuais. A capacidade não utilizada é uma
despesa durante um período particular devido a declínios cíclicos nas vendas, ou um
investimento para um futuro crescimento do mercado. Seja como for, a alocação dos custos
da capacidade não utilizada distorce estimativas dos custos de produção variáveis a longo
prazo dos produtos de hoje.
Atualizações. Uma empresa não precisa realizar a análise e as entrevistas para o sistema de
custos dos produtos mais de uma vez por ano, a não ser que ela efetue mudanças importantes
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na tecnologia do processo, no mix de produtos ou na estrutura organizacional. Decisões
concernentes à introdução, ao abandono e aos preços dos produtos são assuntos estratégicos
que devem ser baseados nos custos marginais a longo prazo de cada produto.
O cálculo anual dos custos dos produtos não precisa fazer parte do sistema de contabilidade
financeira principal, nem exige muito tempo ou dinheiro para o seu desenvolvimento e para a
sua implementação. Diversas empresa desenvolveram sistemas protótipos de custos dos
produtos em computadores de uso pessoal. É claro que se uma empresa tem inúmeros
produtos que passam por processos complexos de produção e distribuição, seu sistema de
custos dos produtos terá uma construção e uma operação mais onerosas.
Mesmo com apenas atualizações anuais, os administradores podem utilizar o sistema durante
o ano todo para influenciarem decisões sobre um novo projeto do produto, sobre introduções
e sobre preços. Um bom sistema gera custos unitários para todas as atividades básicas (horas
de máquinas e de mão-de-obra, consumo de energia, materiais, apoio) e inclui os custos
unitários de transações como preparações, remessas, quantidades de peças e de fornecedores
e inspeções. Uma empresa pode estimar o custo de um novo produto especificando suas
exigências de atividades e transações.
A inclusão dos custos de transações, como preparações, nos custos dos produtos melhoras as
informações dadas aos projetistas de produtos. Eles podem entender melhor os custos de
demandas de produtos em potencial que exigem, por exemplo, novos componentes, um
grande número de peças, novos fornecedores, mais preparações para a produção em lotes
pequenos e um maior número de inspeções para certificar-se de tolerâncias rígidas. Eles
podem, então, fazer trade-offs entre estas particularidades versus o uso de projetos mais
simples que exploram fornecedores e peças existentes.
Não se pode generalizar com relação à facilidade do projeto de sistemas adequados de custos
dos produtos e de controle operacional. Empresas com apenas um único produto podem
estimar os custos deste produto com um sistema trivial. Acumulam todas as despesas durante
um período, subtraem montantes relativos a produtos futuros ou à capacidade excedente e
dividem o restante pelo número de unidades produzidas. Empresas com processos de
produção com fluxo contínuo que geram produções finais homogêneas podem contar com a
avaliação dos custos dos produtos em unidades, com, por exemplo, custo por tonelada ou
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custo por galão. Os custos dos produtos para grandes projetos, como uma construção civil de
grande escala, uma construção naval ou o projeto e a fabricação de uma máquina de grande
porte, também são bastante simples. Por outro lado, pode ser extremamente difícil estimar os
custos de itens produzidos por processos complexos de montagem e de produção em lotes.
O projeto e a instalação de sistemas de controle operacional são simples em meios com uma
produção altamente repetitiva, em especial naqueles governados por relações científicas bem
compreendidas entre insumos e produção final. O controle operacional também é mais fácil
em organizações funcionais onde cada unidade desempenha funções restritas. Além disso, um
sistema de controle operacional pode ser instalado sem grandes ônus quando os dados sobre a
produção podem ser facilmente obtidos. Quando a diversidade de produtos é alta, contudo,
em especial na produção de itens únicos ou com processos de produção em múltiplos
períodos (como em construção civil, na construção naval e no projeto e na montagem de
máquinas grandes exclusivas), será difícil desenvolver sistemas de controle operacional.
Um único sistema não consegue atender de uma forma adequada às demandas feitas pelas
diversas funções dos sistemas de custos. Embora as empresas possam empregar um método
para a coleta de todos os dados detalhados sobre as transações, o processamento destas
informações para diversos fins e audiências exige um desenvolvimento individualizado
independente. Empresas que procuraram satisfazer todas as necessidades de informações
sobre custos com um único sistema descobriram que não têm a mínima condição de
executarem de forma satisfatória, importantes funções gerenciais. Além disso, sistemas que
funcionam bem para um empresa podem falhar em um meio diferente. Cada empresa precisa
projetar métodos que façam sentido para seus processos e produtos particulares.
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desenvolver teorias unificadoras que oferecem esperança para tratamentos e curas mais
generalizados.
Da mesma forma, é demasiadamente cedo para a descoberta do sistema geral que irá atender
a todas as exigências de informações sobre custos da organização. Os projetistas devem, em
primeiro lugar, atacar as partes individuais e, depois, com um maior critério e um maior
discernimento, eventualmente, devem descobrir um sistema de custos geral que funcione para
todas as funções gerenciais. Contudo, as empresas que decidirem aguardar uma descoberta
unificadora, sofrerão neste ínterim as conseqüências do uso de informações inadequadas
sobre os custo dos produtos e sobre o desempenho operacional.
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Anexo
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Nota do autor: Eu agradeço as grandes contribuições para este artigo dadas por meu colega da
Harvard Business School, Professor Associado Robin Cooper. Anthony Atkinson da
Waterloo University e Ken Merchant da Harvard Business School também ajudaram a
melhorar a apresentação de idéias básicas.
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